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Avaliação da integridade anatômica por exame de ultrassom e funcional pelo índice de Constant & Murley do manguito rotador após reparo artroscópico.

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Academic year: 2017

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1 – Chefe do Grupo do Ombro do Hospital Ortopédico e Hospital Belo Horizonte, Mestre e Doutor em Ortopedia. 2 – Cirurgião Assistente do Grupo de Ombro do Hospital Ortopédico e Hospital da Polícia Militar de Minas Gerais. 3 – Cirurgião Assistente do Grupo de Ombro do Hospital Ortopédico e Hospital Belo Horizonte.

4 – Residentes do Grupo de Ombro do Hospital Ortopédico e Hospital Belo Horizonte.

Trabalho realizado pelo Núcleo do Grupo do Ombro do Hospital Ortopédico e Hospital Belo Horizonte.

Correspondência:Rua Prof. Otávio Coelho de Magalhães, 111 – Mangabeiras – 30210-300 – Belo Horizonte, MG – E-mail: ggodinho@terra.com.br

Declaramos inexistência de conflito de interesses neste artigo

avaliação Da integriDaDe anatômica por exame De

ultrassom e Funcional pelo ínDice De constant & murley

Do manguito rotaDor após reparo artroscópico

EVALUATION OF ANATOMICAL INTEGRITY USING ULTRASOUND IMAGES,

AND FUNCTIONAL INTEGRITY BY THE CONSTANT & MURLEY SCORE,

OF THE ROTATOR CUFF FOLLOWING ARTHROSCOPIC REPAIR

Glaydson Gomes Godinho1, Flavio de Oliveira França2, José Marcio Alves Freitas3, Fábio Nagato Watanabe4, Leonardo Oliveira Nobre4, Manoel Augusto de Almeida Neto4, Marcos André Mendes da Silva4

rESUMO

Objetivo: Avaliar os resultados funcionais e anatômicos do tratamento cirúrgico via artroscópica nas roturas completas do manguito rotador usando imagens de ultrassom e o índice funcio-nal de Constant e Murley, investigando a correlação entre eles. Métodos: Avaliados 100 pacientes (110 ombros). Seguimento médio de 48,8 ± 33,28 (12 a 141) meses. Média de idade de 60,25 ± 10,09 (36 a 81) anos. Rotura isolada do tendão supra-espinal esteve presente em 85 casos (77%); em associação com o infraespinal, em 20 (18%), e associado ao subescapular, em quatro ombros (4%). A associação de lesões supra-espinal, in-fraespinal e subescapular foi encontrada em um ombro (1%). De acordo com DeOrio e Cofield, as lesões foram classificadas em pequenas/médias em 85 ombros (77%) e, grandes/extensas em 25 (23%). Avaliação clínica de resultados realizada de acordo com critérios de Constant e Murley. Resultados do ultrassom (US) se referem aos laudos emitidos por diferentes radiologistas. Análise estatística de acordo com os métodos Qui-quadrado, teste exato de Fisher, teste t de Student, correlação de Pearson, Kruscall-Wallis e regressão logística (significância p < 0,05). Resultados: Média da avaliação de Constant de 85,3 ± 10,06 nos ombros normais e 83,96 ± 8,67 nos operados (p = 0,224). Excelentes e bons resultados observados em 74 ombros (67%), satisfatórios e regulares em 32 (29%) e maus em quatro (4%). Avaliação por ultrassonografia evidenciou 38 ombros com re-rotura (35%) e integridade em 71 (65%). Nos 74 (67%) ombros com excelentes/bons resultados, 22 (30%) apresentaram lau-do ultrassonográfico de re-rotura (p = 0,294). Nos quatro (4%) ombros com maus resultados, dois (50%) apresentaram laudos

abSTraCT

(2)

175

iNTrODUçãO

As roturas do manguito rotador (MR) são frequentes na população acima dos 50 anos de idade, sendo uma doença de etiologia multifatorial, com característica de lesão degenerativa na maioria dos casos, incidindo em 10 a 90% da população(1,2). O diagnóstico está

funda-mentado na avaliação clínica e por métodos de imagem. Fatores como idade fisiológica e demanda funcional de-terminarão se o tratamento será conservador ou cirúrgico (reparo aberto ou artroscópico). A avaliação funcional e estrutural pós-operatória tem sido objeto de discussão(3,4),

sendo a maioria dos estudos com seguimento pequeno e com baixa casuística. Muitas dificuldades são encon-tradas na avaliação pós-operatória do manguito rotador por ultrassonografia, dentre elas, a compreensão da va-riação anatômica. Embora esse exame de imagem tenha elevados índices de sensibilidade e especificidade pré-operatória, o mesmo não é evidenciado em avaliações pós-cirúrgicas. Apesar de impreciso(5-7), é empregado

frequentemente como exame de imagem para o diagnós-tico de re-roturas do manguito rotador, por ser um exame de baixo custo, não invasivo, de fácil acesso à população, e, ainda, permitir a avaliação do ombro contralateral(8).

Esse método pode identificar os tendões envolvidos e a extensão da lesão(6), porém, a qualidade da imagem é

fundamental para o diagnóstico(9).

O reparo artroscópico das lesões do manguito rota-dor apresenta elevados índices de bons e excelentes re-sultados clínicos(1,4,5,10,11), ainda que, em muitos casos,

não ocorra uma cicatrização adequada do tendão(3). A

re-rotura é uma das complicações encontradas. Estudos utilizando escores funcionais e exames de imagem de-monstram correlações incoerentes entre função e laudos de re-rotura. Em razão disso, não existe um padrão bem

definido que correlacione capacidade funcional e integri-dade anatômica dos tendões(3). As imagens de re-rotura

ainda são um desafio para o radiologista. Há necessidade de se padronizar o que é uma imagem de re-rotura, por-que as definições desta lesão e de sua extensão variam significativamente na literatura(3). Contudo, o alto custo

da ressonância nuclear magnética (RNM), o grau de di-ficuldade para compreender a anatomia pós-cirúrgica do manguito rotador através deste exame e a inviabilidade de realizar artroscopia (padrão ouro) em todos os pacientes em acompanhamento pós-operatório, tornam o US uma opção viável. Por ser um exame de imagem examinador dependente, o US deveria ser realizado por um mesmo radiologista. Infelizmente, esta não é a realidade do nosso país, e muitas vezes por motivos que fogem às demandas do médico, o exame é feito de forma aleatória.

O objetivo deste estudo foi avaliar a integridade ana-tômica e funcional após reparo artroscópico das lesões completas do manguito rotador, utilizando imagens de ultrassom e escore funcional de Constant e Murley(12),

investigando o índice de concordância entre eles.

CaSUíSTiCa E MÉTODOS

Foi realizado um estudo prospectivo com avaliação funcional e de US. Foram realizadas 1.531 cirurgias no período de setembro de 1996 a maio de 2007, nos Hos-pitais Ortopédico e Belo Horizonte, em Belo Horizonte, Minas Gerais.

Foram incluídos no estudo pacientes em pós-operató-rio de reparo artroscópico de lesão completa do mangui-to rotador, com seguimenmangui-to mínimo de um ano. Todos os pacientes foram submetidos ao escore funcional de Constant e Murley e ultrassom (US) pós-cirúrgico (Fi-guras 1A e 1B).

de tendões íntegros (p = 0,294). Conclusão: Não há correlação estatisticamente válida entre o diagnóstico ultrassonográfico e o método clínico de avaliação de resultados de pacientes subme-tidos ao reparo artroscópico de roturas completas do manguito rotador. Os resultados clínicos nos reparos das roturas completas do manguito rotador por via artroscópica apresentam alto nível de recuperação funcional (Constant 83,96) quando comparado com o ombro contralateral. Os laudos de ultrassom pós-opera-tórios apresentam alta porcentagem de re-rotura (35%). A força pós-operatória é maior nos pacientes com menos de 60 anos de idade (p = 0,002) e em casos de lesões menores ou iguais a 3cm (p = 0,003).

Descritores – Bainha rotadora; Artroscopia; Ultrassonografia

(4%) with poor results, two (50%) presented intact tendons (p = 0.294). Conclusion: There is no statistically valid correlation between the ultrasound diagnosis and the clinical evaluation of results in patients who underwent arthroscopic repair to treat full tear lesions of the rotator cuff. The clinical results in complete rotator cuff repairs under arthroscopy present a high level of functional recovery (Constant 83.96) when compared with the contralateral shoulder. The postoperative ultrasound image reports present a high percentage of re-rupture (35%); The postoperative strength is higher in patients aged under 60 years (p = 0.002) and in cases of lesions less than or equal to 3 cm. (p = 0.003).

(3)

Os critérios de exclusão foram o tempo de segui-mento menor que um ano, artrose glenoumeral com degeneração articular avançada, tendinite calcária, ar-trite reumatoide, capsulite adesiva, sequelas de fratu-ras, pacientes não localizados ou com documentação insuficiente.

Selecionados 147 pacientes (159 ombros), dos quais foram excluídos 47 pacientes (49 ombros) por falta de exame de US pós-operatório, avaliação funcional incom-pleta ou ambos. Restaram 100 pacientes (110 ombros), 36 (33%) do sexo masculino e 74 (67%) femininos. Seguimento médio de 48,8 ± 33,28 meses (variando de 12 a 141 meses). A média de idade do grupo estudado foi 60,25 ± 10,09 anos (variando de 36 a 81) (Figura 2). O lado direito foi acometido em 86 ombros (78%), e o esquerdo em 24 ombros (22%). Dez pacientes (10%) ti-nham lesões bilaterais. O lado dominante correspondeu a 88 ombros (80%), e não dominantes 22 ombros (20%). Trinta e quatro por cento dos pacientes eram praticantes de esportes e 66 (66%), não.

dos tendões envolvidos, o supra-espinal esteve presen-te em 110 ombros (100% dos casos). A rotura isolada do tendão supra-espinal esteve presente em 85 ombros (77%), em associação com o infraespinal (lesão poste-rossuperior) em 20 ombros (18%), e associado ao su-bescapular (lesão anterossuperior) em quatro ombros (4%). A associação de lesão do tendão supra-espinal com o infraespinal e o subescapular foi encontrada em um ombro (1%) (Figura 3).

F

requência

18 16 14 12 10 8 6 4 2 0

37,5 45,0 52,5 60,0 67,5 75,0 82,5

figura 2 – A) Distribuição populacional conforme a idade. B) Caracterização populacional conforme a idade

N 110,00

Média 60,25

Desvio Padrão 10,09 Mínimo 36,00

Mediana 61,00

Máximo 81,00

A B

1 50 100

77%

18%

4% 1%

SE (85) SE + IE (20) SE + SS (4) SE + IE + SS (1)

figura 3 – Tendões acometidos

A extensão das lesões no sentido anteroposterior, medida durante o procedimento artroscópico, após seu desbridamento, variou de 0,5cm a 5,4cm. De acordo com DeOrio e Cofield(13), foram classificadas em

pe-quenas (≤ 1cm), presentes em 14 (13%) ombros, médias (1-3cm) em 71 (65%), grandes (3-5cm) em 23 (21%) e extensas (> 5cm) presentes em dois (2%) ombros (Figura 4).

77%

33%

� 3 cm � 3 cm

figura 4 – Extensão da lesão no sentido anteroposterior após o desbridamento tendíneo

(4)

177

A avaliação do tendão da cabeça longa do bíceps no intraoperatório demonstrou 63 (57%) tendões normais e cinco (5%) rotos. Os demais apresentavam algum grau de degeneração, e foi realizada tenólise em dois (2%), tenotomia em 31 (28%) e tenodese em nove (8%).

Foi realizada descompressão subacromial (acromio-plastia anteroinferior) em 108 (98%) ombros.

A avaliação clínica de resultados foi realizada de acordo com os critérios de Constant e Murley(12), que

utilizam dois parâmetros subjetivos (dor e atividades de vida diária) e dois objetivos (amplitude de movimento e força) totalizando 100 pontos (ombro assintomáti-co, com função completa e força de aproximadamente 11kg). A dor pode estar ausente (15 pontos), leve (10 pontos), moderada (5 pontos) e intensa (0). As ativida-des da vida diária somam 20 pontos. Trabalho integral sem limitação (4 pontos), atividade recreativa sem limi-tação (4 pontos), sem perturbação do sono pela dor (2 pontos) e posicionamento da mão no espaço (10 pontos quando atinge o nível acima da cabeça). A função é avaliada segundo a amplitude de movimento (ADM), sendo 10 pontos para cada avaliação integral (rotação medial, rotação lateral, abdução e flexão), somando 40 pontos. A força é fornecida em “pounds” (força em kg multiplicada por uma constante de 2,2). Assim, o padrão normal se refere a um indivíduo de 25 anos, assinto-mático, com força de 25 “pounds” (aproximadamente 11kg). Para tal, foi utilizada uma balança doméstica de ponto fixo (Figuras 5A e 5B), com marcação limitada a 12kg, registrando o valor mensurado através do teste de Jobe(12,14). Segundo Boehm(15), os resultados

encon-trados com o método de Constant podem ser: excelentes (91-100), bons (81-90), satisfatórios (71-80), regulares (61-70) ou maus (< 60).

Os resultados da ultrassonografia se referem a laudos emitidos por diferentes radiologistas e equipamentos com transdutores de potências variadas (7,5 a 15MHz).

Os exames foram realizados no pós-operatório, com intervalos entre um e dois anos em 52 ombros (47%); entre dois e cinco anos em 31 ombros (28%); mais de cinco anos, 27 ombros (25%).

A análise estatística foi feita de acordo com os méto-dos Qui-quadrado, teste exato de Fisher, teste t de Stu-dent, correlação de Pearson, Kruscall-Wallis e regressão logística (valor de significância p < 0,05).

rESULTaDOS

A média da avaliação de Constant encontrada foi de 85,3 ± 10,06 (46 a 99) nos ombros normais e 83,96 ± 8,67 (59 a 99) nos ombros operados (p = 0,224). Exce-lentes e bons resultados foram observados em 74 om-bros (67%), satisfatórios e regulares em 32 (29%) e maus resultados em quatro (4%).

Excluindo os casos bilaterais, a média da força pós-operatória ipsilateral foi 5,53kg ± 2,34 (2 a 11) e a con-tralateral foi 5,88kg ± 2,45 (0,6 a 11) (p = 0,091). A força pós-operatória média foi 6,38kg ± 2,53 nos pa-cientes com faixa etária entre 41-60 anos, e 4,78kg ± 2,23 nos pacientes acima dos 60 anos (p = 0,002). Nas lesões menores ou iguais a 3cm, 85 ombros (77%) apre-sentaram força pós-operatória média de 5,64kg ± 2,41. Nas maiores que 3cm, 25 ombros (23%) demonstraram 4,00kg ± 2,03 (p = 0,003).

Não houve diferença estatisticamente significativa da média das forças pós-operatórias entre os pacientes que apresentaram laudos ultrassonográficos de re-rotura e os que apresentaram integridade anatômica (p = 0,256) (Figura 6).

figura 5 – A) Posicionamento para a medida da força segundo Constant e Fisher. B) Dispositivo com dinamômetro convencional de ponto fixo limitado a 12kg

A B

figura 6 – Estatística descritiva evidenciando a diferença sem significância, entre as médias das forças pós-operatórias com e sem re-rotura tendínea ao US. (p = 0,256). Não: ausência de re-rotura; Sim: presença de re-rotura

12

10

8

6

4

2

0

Não

F

o

a

H

o

m

o

la

te

ra

l

Sim

Boxplot da Força Homolateral

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foi realizada a tenodese da cabeça longa do bíceps, foi 86,73 ± 9,42 e, 78,10 ± 10,60 nos casos com tenotomia (p = 0,035).

Em 81 pacientes (74%) avaliados não houve nenhu-ma queixa de dor enquanto que 29 (26%) apresentaram algum grau de dor residual. Destes, 20 (17%) queixavam dor leve, cinco (5%) dor moderada e quatro (4%) dor severa. Nos pacientes com excelentes e bons resultados, oito (11%), apresentaram queixa de dor.

A avaliação por ultrassonografia evidenciou 38 om-bros (35%) com re-rotura, ausência de rotura em 71 ombros (65%) e um diagnóstico inconclusivo que foi excluído.

A ocorrência simultânea dos resultados segundo a classificação de Constant e os laudos ultrassono-gráfico estão representados no Quadro 1 (P = 0,294) (Quadro 1).

Quadro 1 – Correlação entre a avaliação funcional de Constant (categorizado por Bohem)(15) e os resultados da ultrassonografia

Constant

Ultrassonografia

Total

Re-rotura Íntegros

Excelente

Bom 22 51 73

Satisfatório

Regular 14 18 32

Mau 2 2 4

Total 38 71 109

A correlação entre os achados do ultrassom e o tempo de seguimento está representada no Quadro 2 (P = 0,133).

A ocorrência de re-roturas (ultrassonografia) de acor-do com a extensão das lesões está representada na Qua-dro 3 (P = 0,531).

Quadro 2 – Correlação entre o tempo de seguimento e os re-sultados da ultrassonografia

Seguimento

Ultrassonografia

Total

Re-rotura Íntegros

1 a 2 anos 14 (27%) 38 (73%) 52 (100%)

2 a 5 anos 11 (35%) 20 (65%) 31 (100%)

> 5 anos 13 (50%) 13 (50%) 26 (100%)

rotador e os resultados da ultrassonografia

Extensão da lesão

Ultrassonografia

Total

Re-rotura Íntegros

≤ 3cm 30 (35%) 55 (65%) 85 (100%)

> 3cm 8 (33%) 16 (67%) 24 (100%)

DiSCUSSãO

A ultrassonografia é utilizada amplamente para diag-nóstico das lesões do manguito rotado(9,16). Entretanto,

seus resultados ficam comprometidos quando se ana-lisa um ombro operado(16,17). Alguns autores afirmam

que este método diagnóstico pode apresentar altos ín-dices de sensibilidade, especificidade e precisão, mes-mo nestas condições, quando feitos por profissionais experientes(5-7,18,19). Através deste estudo, não

eviden-ciamos correlação coerente entre a análise estrutural dos tendões (US) e o resultado funcional (Constant). Obser-vamos valores de até 20% de re-rotura em pacientes com excelentes e bons resultados funcionais, o que é também citado na literatura(1,3,4,17). A avaliação funcional e

estru-tural pós-operatória tem sido objeto de discussão(3,4,17).

Observa-se que os estudos de reparos por via artroscó-pica apresentam resultados de seguimentos e casuísticas pequenas(3,6,7,20). A inadequada compreensão e a falta

de padronização dos achados ultrassonográficos pós-cirúrgicos(21) podem justificar, mesmo que parcialmente,

nossos achados incoerentes. Crass et al(21) descreveram a distorção anatômica decorrente das aderências entre o músculo deltoide e o manguito rotador, a presença de tecido de granulação e a mudança no sentido das fibras como obstáculos verdadeiros para o diagnóstico preciso (aquilo que realmente representa re-rotura), sugerindo a necessidade de um método mais eficaz de avaliação por imagens. Características semelhantes foram citadas em outros trabalhos(16,20). Furtschegger e Resch(16) diante

de tais limitações, delinearam um estudo na tentativa de definir critérios ultrassonográficos pós-cirúrgicos para as lesões do manguito rotador. Eles enfatizaram a não visualização do tendão e a sua descontinuidade eco-gênica como fatores determinantes para o diagnóstico de lesão.

A padronização do equipamento e da técnica ul-trassonográfica é recomendado por vários autores(3,5,6).

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do exercício clínico. Nem sempre, paciente e médico podem confiar seus exames a apenas poucos profis-sionais muito experientes ou, a centros de excelência, com equipamentos de última geração. Assim, os estu-dos realizaestu-dos em condições especiais supervalorizam o método, de forma genérica e distante da realidade. O US diagnóstico tem sofrido avanços significativos a serem reconsiderados.

Adotamos o protocolo funcional de Constant e Murley(12) e agrupamos nossos resultados conforme

sugerido por Boehm(15), ao contrário de alguns autores

que utilizam protocolos que enfatizam critérios mais subjetivos(3,8,17,22). Na soma deste protocolo, 25 pontos

são atribuídos à força, o que corresponde a uma corre-lação direta com a integridade anatômica do tendão(4,23).

Na presente série, encontramos uma média absoluta do escore de Constant e Murley(12) nos ombros operados

de 83,96 ± 8,67. Gartsman et al(23) encontraram valor semelhante (83,6) em seu estudo, avaliando 73 pacien-tes com um seguimento de dois anos. Eles também compararam a força média pré-operatória com a força média pós-operatória, encontrando um aumento médio de 2,9kg, com significância estatística.

No presente estudo, comparamos a média da força pós-operatória ipsilateral (5,53kg ± 2,34) com a contra-lateral (5,88kg ± 2,45) e não encontramos significân-cia estatística (p = 0,091), demonstrando equivalênsignificân-cia entre as mesmas. Também não foi observada diferença significativa entre a média da força pós-operatória nos pacientes que apresentavam laudos ultrassonográficos de re-rotura (4,77kg ± 2,45), com aqueles que apre-sentavam laudos de tendões íntegros (5,50kg ± 2,39) (p = 0,126).

Avaliamos a correlação entre a extensão das lesões e a força pós-operatória, encontrando melhores resultados nas lesões menores ou iguais a 3cm. A média de força observada nestes pacientes foi de 5,64kg ± 2,03, contra 4,0kg ± 2,41 para aqueles com lesões maiores que 3cm (p = 0,003).

Em 39 pacientes (41 ombros) documentamos a for-ça pré-operatória com o objetivo da realização de um estudo prospectivo. Neste grupo, a variação entre as médias das forças pré e pós-cirúrgicas, foi de 3,82kg para 5,05kg (p < 0,0001), respectivamente.

Mack et al(20) encontraram dor como sintoma re-sidual em 26% dos pacientes com excelentes e bons resultados submetidos à cirurgia via aberta. Observamos a presença de dor em graus variáveis, em 26% dos casos

por nós estudados. Entre os 74 ombros (67%) com exce-lentes e bons resultados funcionais, oito ombros (11%) apresentavam dor, porém, de leve intensidade.

A artroscopia para as lesões do manguito rota-dor apresenta elevados índices de bons e excelentes resultados(1,4,5,10,11). A re-rotura é uma das complicações

relatadas em uma frequência de 20-65% dos casos(1,4,17).

Através de uma avaliação com ultrassonografia com dois anos de pós-operatório, utilizando reparo aberto do manguito rotador em lesões grandes e extensas, Galatz

et al(17) encontraram 94% de novas lesões. DeFranco

et al(3) encontraram 40% de re-roturas em três anos de

seguimento pós-reparo artroscópico de lesões menores que 3cm, utilizando o US. Harryman et al(8) afirmaram que o US foi capaz de diagnosticar 65% dos tendões com integridade, após cinco anos da cirurgia. Sugaya et al(22) encontraram 13% de re-rotura nas lesões médias e 44% nas grandes e extensas, utilizando a RNM como análise estrutural pós-cirúrgica.

Verificamos 35% de laudos ultrassonográficos de re-rotura em nossa casuística.

Existem na literatura trabalhos que mostram não ocorrer relação entre a função e integridade da repa-ração do manguito rotador no pós-operatório(3,24).

Har-ryman et al(8) relataram melhora da força, função e das atividades com o membro superior acima do nível da cabeça nos pacientes que apresentavam integridade estrutural dos tendões reparados. Também descreve-ram que em 87% dos pacientes que apresentavam re-rotura através de imagem ultrassonográfica, não foi possível observar qualquer alteração no exame clínico, afirmando ser o US impreciso para a avaliação isolada de re-rotura. DeFranco et al(3) afirmam que a melhora funcional foi mais significativa quando a integridade anatômica era totalmente restaurada, mas que lesões parciais ou re-roturas não repercutiam, necessaria-mente, em resultados funcionais insatisfatórios. Não encontramos significância estatística na ocorrência si-multânea de resultados funcionais excelentes e bons e laudos de ultrassonografia com integridade estrutural (p = 0,294). A mesma não foi encontrada nas ocorrên-cias incoerentes de resultados funcionais excelentes/ bons com laudo de ultrassonografia demonstrando re-rotura (p = 0,294).

(7)

tanto, a idade foi fator preditivo negativo de excelente/ bom resultado funcional (p = 0,008).

Discrepância significativa foi observada na relação entre força pós-operatória e idade, observando-se que os pacientes com idade inferior a 60 anos apresentavam média de força maior (5,90kg ± 2,49) que aqueles com mais de 60 anos (4,70kg ± 2,23), (p = 0,009).

Observou-se que pacientes com tempo médio pós-operatório mais extenso (4,29 anos ± 2,77), apresenta-ram maior incidência de laudos ultrassonográficos de re-roturas que pacientes com tempo de seguimento mais curto (3,13 anos ± 2,48) (p = 0,034).

1 – Não há correlação estatisticamente válida entre o resultado funcional e a imagem de ultrassom (p = 0,294).

2 – O resultado clínico nos reparos das roturas completas do manguito rotador por via artroscópica apresenta alto percentual de recuperação funcional (Constant 83,96) quando comparado com o lado contralateral. 3 – A avaliação por imagens de ultrassom apresenta altos

índices de re-rotura (35%).

4 – A força pós-operatória é maior em pacientes abaixo dos 60 anos (p = 0,002) e em lesões menores ou iguais a 3cm (p = 0,003).

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Referências

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