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Avaliação de métodos de análises para determinação da contagem de células somáticas no leite cru, mantido em tanque de resfriamento

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Academic year: 2017

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(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS CAMPUS DE MACAÍBA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL UFRN/UFERSA

MANOEL PEREIRA NETO

AVALIAÇÃO DE MÉTODOS DE ANÁLISES PARA DETERMINAÇÃO DA

CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS NO LEITE CRU, MANTIDO EM

TANQUE DE RESFRIAMENTO

(2)

Manoel Pereira Neto

AVALIAÇÃO DE MÉTODOS DE ANÁLISES PARA DETERMINAÇÃO DA CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS NO LEITE CRU, MANTIDO EM

TANQUE DE RESFRIAMENTO

Dissertação apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Campus de Macaíba, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Produção Animal.

Orientador: Adriano Henrique do Nascimento Rangel, D. Sc.

(3)

Divisão de Serviços Técnicos Catalogação da Publicação na Fonte.

Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias Campus Macaíba Biblioteca Setorial Professor Rodolfo Helinski

Catalogação da Publicação

P 436a Pereira Neto, Manoel.

Avaliação de métodos de análises para determinação da contagem de células somáticas no leite cru, mantido em tanque de resfriamento / Manoel Pereira Neto. - Macaíba, RN, 2011.

51 f

Orientador (a): Prof. Dr. Adriano Henrique do Nascimento Rangel.

Dissertação (Mestrado) . Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias Campus Macaíba. Programa de Pós- Graduação em Produção Animal UFRN/UFERSA.

1. Leite Bovino – Produção - Dissertação. . 2. Pecuária Leiteira - Dissertação. 3. Leite Cru – Células Somáticas.- Tanques de Resfriamentos – Dissertação. I. Rangel, Adriano Henrique do Nascimento. II.Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias Campus Macaíba. IV. Título.

(4)

AVALIAÇÃO DE MÉTODOS DE ANÁLISES PARA DETERMINAÇÃO DA CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS NO LEITE CRU, MANTIDO EM

TANQUE DE RESFRIAMENTO

por

MANOEL PEREIRA NETO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SUBMETIDA AO

PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL (PPGPA) UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE

MESTRE

JUNHO, 2011

© MANOEL PEREIRA NETO

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

O autor aqui designado concede ao curso de Pós-Graduação em Produção Animal da Universidade Federal do Rio Grande do Norte permissão para reproduzir, distribuir, comunicar ao público, em papel ou meio eletrônico, esta obra, no todo ou em parte, nos

termos da Lei.

Assinatura do Autor:__________________________________________________________

APROVADA POR:___________________________________________________________

___________________________________________________________________________ Prof. Dr. Adriano Henrique do Nascimento Rangel

___________________________________________________________________________ Prof. Dr. Henrique Rocha de Medeiros

___________________________________________________________________________ Prof. Dr. Aurino Alves Simplício

(5)

Manoel Pereira Neto

AVALIAÇÃO DE MÉTODOS DE ANÁLISES PARA DETERMINAÇÃO DA CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS NO LEITE CRU, MANTIDO EM

TANQUE DE RESFRIAMENTO

Dissertação apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Campus de Macaíba, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Produção Animal.

Aprovada em: ___/___/___

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________ Prof. Dr. Adriano Henrique do Nascimento Rangel, UFRN

Orientador

_________________________________________________________ Prof. Dr. Henrique Rocha de Medeiros, UFRN

Primeiro Conselheiro

_________________________________________________________ Prof. Dr. Aurino Alves Simplício, UFRN

Segundo Conselheiro

_________________________________________________________ Prof. Dr. Jean Berg Alves da Silva, UFERSA

(6)

DADOS DO AUTOR

MANOEL PEREIRA NETO – Nascido na cidade de São Tomé, RN, em 24 de janeiro de

(7)

AGRADECIMENTOS A Deus pela inspiração nos momentos mais difíceis dessa jornada;

À minha esposa Dalria Katharina e meus filhos (Milena Katharina, Danilo Ramon e Ana Ariel), pela compreensão durante o período de curso;

À equipe do SAPI-RN, em especial a Viviane Araújo, pela disponibilidade e presteza no apoio das ações de campo;

Ao CNPQ, pelo financiamento do projeto que originou os dados trabalhados nessa dissertação; Ao Orientador Dr. Adriano Rangel, que soube encaminhar soluções para as dificuldades que se apresentavam, e pelo apoio e compreensão durante todo o período do curso;

Ao Professor Henrique Rocha, pela orientação durante as análises estatísticas;

Aos demais membros da banca examinadora, em especial ao Dr. Aurino Simplício, pelas importantes sugestões neste trabalho;

Ao Professor Emerson Aguiar, pela luta em tornar realidade o curso de Pós-Graduação em Produção Animal – PGPA, o que me oportunizou realizar o sonho de concluir um mestrado na área de produção animal;

Aos Diretores da EMATER-RN, Henderson Magalhães Abreu e Mario Varela Amorim, pelo apoio e oportunidade para que eu pudesse concluir este curso;

Aos colegas de turma, por termos enfrentado de forma conjunta os desafios de sermos a primeira turma deste curso;

À colega Fátima Barreto, funcionária da EMPARN pela presteza em fazer a correção linguística;

À bibliotecária da EMATER-RN Cláudia Simone, pelas orientações nas referências bibliográficas, durante todo o período do curso;

A todos que de alguma forma contribuíram para que eu pudesse concluir este curso.

(8)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO... 13

OBJETIVOS... 15

CAPÍTULO I - REVISÃO DE LITERATURA... 16

1. Características da Pecuária Leiteira no Brasil... 16

2. Cadeia Produtiva do Leite no Nordeste... 18

3. Monitoramento da Qualidade do Leite no Brasil... 23

4. Mastite... 24

4.1. Principais Tipos de Mastite... 24

5. Contagem de Células Somáticas... 25

6. Métodos para determinar a contagem de células somáticas... 26

7. Perdas Causadas pela Mastite Subclínica... 28

REFERÊNCIAS... 30

CAPÍTULO II - Avaliação de dois métodos de análises para determinação da contagem de células somáticas no leite cru, mantido em tanque de resfriamento... 35

Resumo... 36

Abstract... 36

Introdução... 37

Material e Métodos... 38

Resultados e Discussão... 43

Conclusão... 48

(9)

LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO I

Figura 1 - Evolução da produção de leite bovino no Brasil em bilhões de litros, no período de 1995 a 2009... 16

Figura 2 - Produção de leite bovino no Brasil em bilhões de litros, nos anos de 1995 e 2009... 18

Figura 3 - Evolução da produção no Brasil e na Região Nordeste no período de 2000 a 2009... 19

Figura 4 - Produção de leite nos estados da Região Nordeste nos anos de 1995 e 2009... 19

Figura 5 - Maior produção, média e número de rebanhos, por estado, dos cem maiores produtores de leite do Brasil... 20

Figura 6 - Quantidade de leite produzido e de leite inspecionado, por estado, no ano de 2009... 21

Figura 7 - Quantidades de leite em milhões de litros, adquiridos por laticínios e pelo PAA Leite, nos estados do Nordeste do Brasil... 22

Figura 8 - Valor líquido em R$ pago ao produtor pelo programa PAA Leite no Brasil... 23

CAPÍTULO II

Figura 1 - Localização das Propriedades... 37

Figura 2 - Procedimento de coleta e acondicionamento das amostras. ... 37

Figura 3 - Sequência de procedimentos para realização do teste Somaticell®... 39

Figura 4 - Tubo graduado do Somaticell®... 39

Figura 5 - Procedimento de análise com o DCC... 40

Figura 6 - Comparação dos resultados das médias de CCS, obtidos pelos MilkoScanTM FT+, DCC e Somaticell® com as exigências da IN 51/2002... 42

Figura 7 - Valores médios do ECS (log CCS) por método e por propriedade... 43

(10)

Figura 9 - Comparação entre os resultados do Log (CCS) do DCC e MilkoScan TM FT+... 45

(11)

LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO I

Tabela 1- Estados com maiores crescimentos na produção de leite no período de 1995 a 2009... 17

Tabela 2- Produção de leite, rebanho e produtividade por vaca nos estados, na Região Nordeste e no Brasil... 21

Tabela 3- Limites máximos de CCS no leite no Brasil, de acordo com a Instrução Normativa No 51/2002 (MAPA, 2002)... 26

Tabela 4- Relação entre CCS do tanque, porcentagem de quartos infectados e porcentagem de perdas de produção de leite... 28

CAPÍTULO II

Tabela 1- Características gerais e índices zootécnicos das propriedades trabalhadas... 38

Tabela 2 -

Composição média do leite nas oito propriedades... 38

Tabela 3 -

Valores médio, mínimo, máximo, e desvio padrão da contagem de células somáticas (CCS*1000)... 41

Tabela 4 -

Número de amostras, valores médio, mínimo, máximo, e desvio padrão do ECS log (CCS) obtidos nos três métodos... 42

Tabela 5 -

Valores médios de contagem de células somáticas (CCS*1000) e do ECS log (CCS) obtidos pelos três métodos... 43

Tabela 6 -

(12)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CBT Contagem bacteriana total CCS Contagem de células somáticas

CCS/µl Contagem de células somáticas por microlitro Cel/mL Células por mililitro

CMT Califórnia Mastitis Test

CO Centro-Oeste

ECS Escore de células somáticas

FAO Food and Agriculture Organization Log

(CCS) Contagem de células somáticas convertida ao logaritmo MAPA Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento MDS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

N Número de amostras

N Norte

NE Nordeste

P Nível de significância

PAA Programa de Aquisição de Alimentos r Coeficiente de correlação de Pearson

R$ Reais

S Sul

SAS Statystical Analysis System

SE Sudeste

SUDENE Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste USDA United States Departament of Agriculture

(13)

LISTA DE SÍMBOLOS

(14)

INTRODUÇÃO

O leite bovino ocupa lugar de destaque na economia brasileira, com o país ocupando a quinta colocação entre os maiores produtores mundiais, com uma produção no ano de 2009 de 29,1 bilhões de litros (EMBRAPA, 2010) e uma projeção para 2011 da ordem de 30,8 bilhões de litros (USDA, 2010). O Brasil tem apresentado taxa de crescimento da produção leiteira superior à de seus competidores e deve, nos próximos anos, ganhar novas posições de países tradicionais em pecuária leiteira. Em menos de trinta anos, o crescimento da produção de leite no Brasil foi superior a 160%. Em parte, esse aumento foi vinculado à expansão da área explorada, principalmente nos Cerrados de Goiás, no Triângulo e na região do Alto Paranaíba em Minas Gerais. Além disso, novas fronteiras nas regiões Norte e Centro-Oeste deverão somar-se ao crescimento em área para a produção leiteira no país (SANTOS et al., 2005; CARVALHO et al., 2007; CARVALHO, 2008).

No entanto, o aumento da competitividade do setor leiteiro no Brasil exige que se ultrapassem fortes desafios quanto à apropriação de conhecimentos e à adoção de tecnologias com foco na qualidade do leite e seus derivados, o que dá suporte à conquista e manutenção de mercados, interno e externo. Para tanto, deve-se priorizar a eficiência do processo produtivo, o bem estar animal, a ética e a rastreabilidade, dentre outros aspectos, sem, negligenciar o equilíbrio agro-ecológico, o impacto social e o retorno econômico (RANGEL et. al, 2010).

(15)

O aumento da produção de leite no Brasil e a importância da melhoria da qualidade do leite desencadearam uma série de ações, como, o aumento da granelização e a instalação de tanques de resfriamento, individuais e coletivos. Estes têm como público alvo, principalmente, os agricultores familiares (IBGE, 2007).

Uma forma de se medir a qualidade do leite em tanques é por meio dos resultados da contagem de células somáticas (CCS), que pode ser feita por métodos que expressam os resultados de forma qualitativa ou quantitativa. Para efeito de controle da qualidade do leite acondicionado em tanques de resfriamento, os métodos quantitativos são os mais indicados, por expressarem os resultados em número de células somáticas por quantidade de leite. O Brasil possui uma rede de oito (08) laboratórios de referência para análise de leite, para onde amostras do produto são enviadas e as análises são pagas pelo requerente. Apesar dos resultados desses laboratórios servirem de referência, por atender a legislação em vigor no país, isto é, a IN 51/2002, os procedimentos de colheita, armazenamento, envio das amostras, análises e remessa dos resultados demandam ações que levam tempo. Dessa forma, dificulta ao produtor o acesso rápido aos resultados o que favorecea tomada de decisões com relação a possíveis mudanças nas práticas de manejo, particularmente, da promoção da saúde com foco na melhoria da qualidade do leite. Neste contexto, duas alternativas para se proceder a contagem de células somáticas foram testadas com o objetivo de facilitar o acesso aos resultados. Dessa forma o presente trabalho teve o objetivo de avaliar métodos de análise de contagem de células somáticas (CCS), obtidos a partir de amostras do leite cru mantido em tanques de resfriamento.

(16)

OBJETIVOS

Geral

Avaliar métodos de análises para determinação da contagem de células somáticas (CCS), em amostras de leite cru mantido em tanques de resfriamento.

Específicos:

Comparar os métodos para contagem de células somáticas, calculando o coeficiente de correlação para os resultados de análises de CCS entre os métodos:

 Somaticell® e MilkoScanTM FT+;

(17)

CAPÍTULO I – REVISÃO DE LITERATURA

1 Características da Pecuária Leiteira no Brasil

A pecuária leiteira no Brasil é praticada em todas as regiões do território nacional, sendo muita heterogênea, não havendo um padrão de produção (ZOCCAL et al. 2007). Segundo Wrigth e Spers (2007), no Brasil há uma diversidade de sistemas de produção, não havendo padronização nem mesmo regional, faltando informação consolidada sobre a rentabilidade desses sistemas nas mais diversas situações de preços e custos e nas políticas de aquisição de matéria-prima no que se refere à qualidade, permitindo a expressão de diversos sistemas em uma mesma região. A realidade brasileira segundo o IBGE (2009), é que existem 1.349.326 propriedades rurais que produzem leite; desse total, 1.002.653 possuem um rebanho que varia de 2 a 49 cabeças. Do total de propriedades, 145.595 possuem tanques de resfriamento de leite, sendo 115.297 com capacidade de 1.000 litros. Segundo Zoccal, et al. (2007), estima-se que 2,3% das propriedades leiterias são especializadas e atuam como empresa rural eficiente, por outro lado, 90% dos produtores são considerados pequenos, com baixo volume de produção diário, baixa produtividade por animal e pouco uso de tecnologia. Evidencia-se que a agricultura familiar responde por 50,0% da produção brasileira de leite bovino (IBGE 2007).

(18)

Figura 1. Evolução da produção de leite bovino no Brasil em bilhões de litros, no período de 1995 a 2009.

Fonte: IBGE, (2009).

Acompanhando essa transformação, observa-se que a produção de leite no Brasil vem sofrendo alterações na sua geografia. Estados tradicionalmente produtores vêm reduzindo sua produção, como São Paulo, que reduziu a produção anual de leite em 20% no período de 1995 a 2009, passando de 1,98 bilhões de litros para 1,58 bilhões de litros, enquanto estados sem tradição na produção de leite tiveram sua produção aumentada no mesmo período, Tabela 1.

Tabela 1. Estados com maiores crescimentos na produção de leite no período de 1995 a 2009.

Estados Produção, em mil litros 1995 2009 Mil litros Variação %

Sergipe 66.013 286.568 220.555 334,11%

Pernambuco 212.709 788.250 575.541 270,58%

Rondônia 202.189 746.873 544.684 269,39%

Santa Catarina 815.379 2.237.800 1.422.421 174,45%

Amapá 2.710 6.706 3.996 147,45%

Maranhão 145.109 355.082 209.973 144,70%

Tocantins 103.731 233.022 129.291 124,64%

Rio Grande do Norte 105.608 235.986 130.378 123,45%

Mato Grosso 307.426 680.589 373.163 121,38%

Paraná 1.576.541 3.339.306 1.762.765 111,81%

Goiás 1.450.158 3.003.182 1.553.024 107,09%

Fonte: Dados adaptados a partir de informações publicadas pelo IBGE, 2009.

No ano de 2009, destacaram-se com as maiores produções as regiões Sudeste e Sul, sendo responsáveis por 35,07% e 30,22% da produção brasileira, respectivamente. No período de 10 anos compreendidos entre 2000 e 2009, destacaram-se com os maiores crescimentos as regiões Sul com 83,05%, Nordeste com 76,61% e Norte com 60,74%. Enquanto, as regiões

16,5 18,5 18,7 18,7 19,1 19,8

20,5 21,6 22,3 23,5

24,6 25,4 26,1 27,6 29,1

(19)

Centro-Oeste e Sudeste apresentaram crescimento de 37,08% e de 21,53%, respectivamente (IBGE, 2009).

Figura 2. Produção de leite bovino no Brasil em bilhões de litros, nos anos de 1995 e 2009. Fonte: IBGE, 2009.

A aquisição de leite por estabelecimentos industriais sob algum tipo de inspeção sanitária seja ela, federal, estadual ou municipal também vem apresentando crescimento. Na comparação entre os anos de 2009 e 2010 o crescimento foi de 7%, sendo que do total da produção de leite do país em 2010, 70% foi adquirido por indústrias com inspeção (IBGE, 2010).

Do total de leite adquirido no Brasil 26% vêm do Estado de Minas Gerais e 14,3%, do Rio Grande do Sul. A região Nordeste com 5,6% da produção, a Norte com 6,0%, a Centro-Oeste com 14,7%, a Sul com 33,4% e a Sudeste com 40,3%, (IBGE, 2011).

O crescimento da produção de leite no Brasil criou condições para que o país se tornasse exportador. No ano de 2008 o país exportou (US$) 540.880 dólares, sendo os principais produtos o leite em pó e o condensado, tendo importado (US$) 213.145 dólares, sendo os principais produtos o leite em pó e o soro de leite (BRASIL, 2009). O país apresenta competitividade em custos de produção e uma oferta em expansão, mas com nível de produtividade muito aquém do padrão internacional (CARVALHO e VIEIRA, 2007).

1 Cadeia Produtiva do Leite no Nordeste

No Brasil durante as últimas décadas, ocorreram grandes mudanças na produção de leite. No período de 2000 a 2009, a produção nacional cresceu 43,24% passando de 18,61

Nordeste Norte Sul Sudeste Centro-Oeste 1,89

0,40

4,10

7,54

2,24 3,81

1,08

8,98

10,42

4,22 1995

(20)

bilhões de litros para 29,1 bilhões de litros. No Nordeste as mudanças estão ocorrendo de forma mais acentuada. A produção cresceu 64,70%, passando de 2,16 bilhões de litros para 3,81 bilhões de litros (IBGE, 2009). Na Figura 3 encontra-se a evolução da produção de leite no Nordeste e no Brasil.

Figura 3. Evolução da produção no Brasil e na Região Nordeste no período de 2000 a 2009. Fonte: IBGE, 2009.

O principal estado produtor da região é a Bahia com uma produção no ano de 2009 de 1,18 bilhões de litros, representando 31% da produção. Os estados que mais aumentaram sua produção no período de 1995 a 2009 foram Sergipe (334,1%), Pernambuco (270,5%) e Maranhão (144,7%). Considerando-se o valor absoluto, o estado que teve o maior crescimento foi Pernambuco com um aumento no período de 1995 a 2009 de 575,5 milhões de litros (IBGE, 2009).

Figura 4. Produção de leite nos estados da Região Nordeste nos anos de 1995 e 2009. Fonte: IBGE, 2009.

5,75% 4,95% 4,27% 6,13% 7,86% 9,88% 7,60% 4,40% 3,48% 10,38% 3,66% 3,76% 5,52% 2,82% 5,49% 4,88% 3,16% 2,91% 5,54% 5,51% 0,00% 2,00% 4,00% 6,00% 8,00% 10,00% 12,00%

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Nordeste Brasil

201

668

292

145 140 213 56 106 66 232 1182 433 355 214 788 87 236 287 0 200 400 600 800 1000 1200 1400

AL BA CE MA PB PE PI RN SE

M ilhõ es de Lit ro s

(21)

O número de grandes produtores também cresce no Nordeste. Os cem maiores produtores do Brasil estão localizados em dez estados, destacando-se Minas Gerais com 45 produtores, São Paulo com o maior produtor com uma produção média de 61.917 kg de leite/dia e o Paraná com 13, todos localizados no Município de Castro. A região Nordeste destaca-se pela maior participação de estados, contando com quatro (04) entre os dez (10) maiores produtores (MILKPOINT, 2011). Na Figura 5 encontram-se a maior produção, a média e o número de rebanhos por estado dos cem maiores produtores de leite bovino do Brasil.

Figura 5. Maior produção, média e número de rebanhos, por estado, dos cem maiores produtores de leite do Brasil.

Fonte: Milkpoint, 2011.

O crescimento da produção de leite na região Nordeste se deu pelo aumento do número de vacas ordenhadas e pelo aumento da produtividade, no entanto, ao se considerar a produção por vaca/ano, a produtividade da região ainda é muito baixa. Apesar de a região possuir 20,65% do total de vacas ordenhadas no país, só detém 12,8% da produção nacional com uma média de 804 litros/vaca/ano, bem abaixo da média nacional que é de 1.297 litros/vaca/ano. Esta é baixa para os padrões internacionais, pois a média mundial no ano de 2009 foi de 2,35 ton/vaca/ano, com os Estados Unidos obtendo a média de 9,34 ton/vaca/ano (EMBRAPA, 2010). Apenas três (03) estados do Nordeste possuem média superior à nacional, Alagoas com 1.533 litros/vaca.ano, Pernambuco com 1.391 litros/vaca/ano e Sergipe com 1.320 litros/vaca/ano. O Estado da Bahia apesar de ter a maior produção da

12,6

24,0 23,4

34,7

18,4 19,0

7,5

61,9

9,3

14,3 12,7

10,2 10,0 11,6

7,5

20,1

3 4 6

45

24

7

1

10

AL CE GO MG PR RS SE SP

(22)

região, possui a segunda menor produtividade que é de 555 litros/vaca/ano, ficando à frente apenas do Piauí que produz 544 litros/vaca/ano.

Tabela 2. Produção de leite, rebanho e produtividade por vaca nos estados, na região Nordeste e no Brasil.

Locais Vacas ordenhadas Produção de leite Produtividade Quantidade %* mil litros %* litros/cabeça.ano %*

Piauí 160.324 0,71% 87.165 0,30% 544 41,94%

Paraíba 233.698 1,04% 213.857 0,73% 915 70,55% Alagoas 151.344 0,67% 231.991 0,80% 1.533 118,20% Rio Grande do Norte 267.755 1,19% 235.986 0,81% 881 67,93% Sergipe 217.091 0,97% 286.568 0,98% 1.320 101,77% Maranhão 542.415 2,42% 355.082 1,22% 655 50,50%

Ceará 524.314 2,34% 432.537 1,49% 825 63,61%

Pernambuco 566.563 2,53% 788.250 2,71% 1.391 107,25% Bahia 2.130.735 9,50% 1.182.019 4,06% 555 42,79% Nordeste 4.633.915 20,65% 3.726.290 12,80% 804 62,00% Brasil 22.435.289 100,00% 29.105.495 100,00% 1.297 100,00%

* Valores percentuais em relação ao Brasil

Fonte: Dados adaptados a partir de informações publicadas pelo IBGE, 2009.

Na região Nordeste a quantidade de leite inspecionado vem aumentando a cada ano, no entanto ainda é baixa. No ano de 2009 o Brasil teve 67,34% do leite produzido adquirido por laticínio com inspeção, enquanto no Nordeste esse valor foi de 28,42%. Os estados do Ceará com 45,75%, Alagoas com 43,7%, Rio Grande do Norte com 32,0% e Bahia com 29,1% ficaram acima da média regional, mesmo assim, todos os estados da região ficaram abaixo da média nacional (IBGE, 2009).

Figura 6. Quantidades de leite produzido e de leite inspecionado, por estado, no ano de 2009. Fonte: IBGE, 2010.

232 1182 433 355 214 788 87 236 287 101 344 198

51 46 162 13 76 68

0 200 400 600 800 1000 1200 1400

AL BA CE MA PB PE PI RN SE

Miilh ões d e litro s de leite

(23)

O mercado tem forte influência no crescimento da produção de leite na região Nordeste, merecendo destaque a entrada de grandes empresas de laticínios nos estados, como é o caso da Danone no Ceará, da Betânia em Sergipe e da Batavo, Bom Gosto e Nestlé em Pernambuco.

O mercado institucional também faz a diferença na região, sendo o caso do Programa de Aquisição de Alimentos, modalidade Leite – PPA Leite, coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS, que faz a aquisição de leite a agricultores familiares para distribuição à população carente. Esse programa funciona na área de abrangência da SUDENE, o que compreende todos os estados do Nordeste mais o norte de Minas Gerais. Ao se fazer a análise do impacto sobre a quantidade de leite adquirido por laticínios, verifica-se que três estados têm no programa o seu maior destino para o leite adquirido por laticínios inspecionados, como é o caso do Rio Grande do Norte, que até 2009,

bancava todo o programa com recurso do próprio estado. O volume médio de leite inspecionado destinado ao PAA Leite no Nordeste é de 17,9%, destacando-se os estados do Rio Grande do Norte com 70,1%, Paraíba com 62,2% e Piauí com 61,3% do volume total de leite adquirido em 2009. Os estados de Alagoas e Pernambuco também apresentam um significativo volume de leite destinado ao PAA Leite com 18,5% e 20,0%, respectivamente, valores estes superiores à média da região (BRASIL, 2009).

* Volume adquirido com recurso estadual.

Figura 7. Quantidades de leite em milhões de litros, adquiridos por laticínios e pelo PAA Leite, nos Estados do Nordeste do Brasil.

Fontes: IBGE, 2010 e MDS, 2009. 101 344 198 51 46 162 13 76 68

19 17 16 8 29 32 8

53 9 0 50 100 150 200 250 300 350

AL BA CE MA PB PE PI RN* SE

Miilh ões d e litro s de leite

(24)

O preço médio incluindo frete e funrural (2,3%) pago ao produtor no Brasil no período de março de 2010 a abril de 2011 foi de R$ 0,67 e R$ 0,79 por litro respectivamente. Os preços líquidos pagos ao produtor pelo PAA Leite são um diferencial, pois não apresentam variação durante o ano e geralmente são mais altos quando comparados aos praticados no Brasil. Na Figura 8 encontram-se os preços líquidos pagos aos produtores pelo PAA Leite nos Estados atendidos (BRASIL 2009).

Figura 8. Valor líquido em R$ pago ao produtor pelo programa PAA Leite no Brasil. Fonte: MDS, 2010.

2 Monitoramento da Qualidade do Leite no Brasil

O Brasil criou o Programa Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite (PNQL) a partir da necessidade de implantar medidas para melhorar a qualidade do leite no país (DURR , 2004).

Considerando a necessidade de aperfeiçoamento e modernização da legislação sanitária federal, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) publicou a Instrução Normativa 51/2002 em 18 de setembro de 2002, que aprova os regulamentos técnicos de produção, identidade e qualidade do leite tipo A, do leite tipo B, do leite tipo C, do leite pasteurizado, do leite cru refrigerado e o regulamento técnico de coleta de leite cru refrigerado e seu transporte a granel (BRASIL, 2002).

O leite cru refrigerado produzido nas fazendas leiteiras do Brasil deve atender a requisitos físicos, químicos, microbiológicos, de contagem de células somáticas e de resíduos químicos (BRASIL, 2002). A verificação dos requisitos é feita por meio de amostras de leite coletadas mensalmente em tanques de refrigeração individuais e coletivos e enviadas para

0,64 0,68 0,70 0,70

0,74 0,75 0,76 0,77 0,80 0,89

0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00

(25)

uma das oito (08) Unidades Operacionais integrantes da Rede Brasileira de Laboratórios de Controle da Qualidade do Leite, que fazem as análises usando metodologia analítica aceita pelo MAPA.

Dentre os requisitos a serem atendidos, merece destaque a contagem de células somáticas (CCS), por avaliar a presença ou não de mastite subclínica; fornecer dados de estimativa das perdas de produção e como indicativo da qualidade do leite produzido na fazenda (FONSECA e SANTOS, 2000). A determinação da CCS no leite do tanque de expansão é vinculada, principalmente, à idéia de qualidade do leite em termos de consumo e processamento, sendo a análise do leite parte do controle da mastite em termos de presença da doença subclínica, evolução das infecções novas e crônicas, e perdas da produção de leite (RODRIGUES, 2008).

Uma forma dos produtores terem acesso a dados de CCS de forma mais rápida, é por meiodo uso rotineiro de testes na fazenda que possibilitem acesso aos resultados da contagem de células somáticas do tanque, por animal ou quarto mamário, oportunizando com isso a tomada de decisão mais rápida, já que o processo de envio das amostras para o laboratório apesar de fornecer resultados precisos demanda tempo para que o produtor tenha acesso aos resultados.

3 Mastite

A inflamação da glândula mamária é denominada de mastite ou mamite sendo o

principal problema dos rebanhos leiteiros. É causada por microrganismos, tais como bactérias sendo estes considerados os agentes mais importantes, fungos, leveduras e algas (SANTOS e FONSECA, 2007). Estudos realizados em diversos rebanhos do Brasil identificaram como os principais agentes patogênicos causadores de mastite: Corynebacterium sp., Staphylococcus

aureus, Staphylococcus sp., Streptococcus sp., Streptococcus agalactiae. (LARANJA e

MACHADO, 1994; BRITO et al., 1999; BARBALHO e MOTA, 2001; MARTINS et al., 2010).

4.1. Principais Tipos de Mastite

A mastite, dependendo de sua forma de manifestação, é classificada em dois tipos principais, a mastite clínica que são os casos em que os sintomas são evidenciados, como

(26)

apresentar grumos, pus ou características diferentes no leite (SANTOS e FONSECA, 2007). Esses sintomas são facilmentedetectados por quem lida com animais rotineiramente. O outro tipo é a mastite subclínica que tem como característica não apresentar alterações visíveis na

glândula mamária nem no leite. Segundo alguns autores, essa forma de mastite merece atenção, pois causa maiores prejuízos devido à redução da produção e alteração da composição do leite. Para Peleja et al. (2006), causa grandes perdas na produção e na composição do leite, já para Nielsen et al. (2010) a mastite é geralmente considerada a doença mais importante na produção leiteira, principalmente devido à sua alta prevalência e impacto negativo sobre o rendimento e composição do leite.

Segundo Santos e Fonseca (2007), a mastite subclínica tem uma prevalência em rebanhos leiteiros 15 a 40 vezes maior do que a mastite clínica. Martins et al. (2010), encontraramprevalência de 5,8% e 65,0% de mastite clínica e subclínica, respectivamente no Mato Grosso. O principal indicador da mastite subclínica é o aumento da contagem de células somáticas (CCS) no leite (FONSECA e SANTOS, 2000).

4 Contagem de Células Somáticas

Quando a glândula mamária é invadida por um agente patogênico, o organismo reage, mandando para o local, células de defesa (leucócitos), para tentar reverter o processo infeccioso. Estas, somadas às células de descamação do epitélio secretor de leite dos alvéolos são chamadas de Células Somáticas do Leite (CCS) (FONSECA e SANTOS, 2000).

(27)

leite. Resultado superior a 200.000 cel/mL são indicativos de infecção subclínica (LANGONI, 2007).

A CCS é uma ferramenta importante para o diagnóstico da mastite subclínica, sendo aceita internacionalmente como a medida padrão para determinar a qualidade do leite cru, e consequentemente para monitorar a sanidade da glândula mamária (SMITH e HOGAN, 1998), sendo usada por produtores, indústrias e entidades governamentais. Os resultados da CCS podem ser obtidos a partir de amostras de quartos mamários individualmente, principalmente em trabalhos de pesquisa, amostras compostas oriundas dos quatro quartos, em especial para monitoramento de rebanho e de amostras do tanque visando monitorar a qualidade do leite (SANTOS 2006). A CCS do leite de tanques de resfriamento indica a incidência média de mastite no rebanho (MACHADO, et al. 2000), sendo a correlação entre a CCS média no tanque e a ocorrência de mastite de 0,50 a 0,96 (EMANUELSON e FUNKE, 1991).

A contagem de células somáticas (CCS), além de revelar o estado de saúde da glândula mamária, vem sendo usada há muito tempo por diferentes países como indicador da qualidade higiênica do leite. Na Austrália, União Europeia, Nova Zelândia, Suíça e Noruega o limite máximo de células somáticas admitido no leite é de 400.000 cel/mL (GIGANTE, 2004). No Canadá e Estados Unidos da América, os limites fixados são, respectivamente, 500.000 e 750.000 (SANTOS, 2006).

No Brasil a IN 51/2002, estabelece os limites máximos de CCS para o leite medido por propriedade rural ou por tanque comunitário, Tabela 3.

Tabela 3. Limites máximos de CCS no leite no Brasil, de acordo com a Instrução Normativa No 51/2002

(MAPA, 2002).

Regiões S, SE, CO N, NE S, SE, CO N, NE S, SE, CO N, NE

Período De 01.07.2005 até 01.07.2008 De 01.07.2007 até 01.07.2010 De 01.07.2008 até 01.07.2011 De 01.07.2010 até 01.07.2012

A partir de 01.07.2011

A partir de 01.07.2012

Valor Máximo de

CCS (Cel/mL) 1.000.000 750.000 400.000

Fonte: Brasil, 2002.

5 Métodos para determinar a contagem de células somáticas

(28)

amostras em um curto período de tempo. Como exemplo dos métodos indiretos, tem-se: o California Mastistis Test (CMT) que é bastante simples, possível de ser realizado na fazenda sendo considerado um dos primeiros métodos indiretos para determinação da CCS (RODRIGUES, 2008). Consiste em estimar a CCS por meio da reação de um detergente aniônico neutro que atua rompendo a membrana das células presentes na amostra de leite liberando o material nucleico, resultando em uma mistura de alta viscosidade. Os resultados são avaliados em função do grau de gelatinização sendo expressos em escores (FONSECA e SANTOS, 2000). O aprimoramento do CMT resultou no Wisconsin Mastitis Test (WMT) que usa o mesmo reagente do CMT diluído em 1:1 em água destilada, e tem o resultado expresso em milímetros, que está correlacionado com a contagem de células somáticas. O Somaticell® é uma adaptação do Winsconsin Mastitis Test (WMT), sendo um teste qualitativo por essência, mas apresenta a conversão do volume restante da mistura leite e reagente para valores quantitativos em ccs/mL. É comercializado na forma de kit, em que cada kit contém: 100 pipetas brancas para amostra de leite, 100 tubos de análise, 100 tampas com orifícios calibrados, 100 canudos para homogeneização e 5 frascos de reagente com bico dosador (CAP-LAB, 200-?).

Contudo, a microscopia direta com o uso de um microscópico óptico é o método de referência para a contagem de células somáticas em leite cru. Esse método apresenta o inconveniente de demandar muito trabalho, estando sujeito a variabilidade de interpretação entre os observadores. Ainda, segundo Silveira et al (2005) essa metodologia demanda muito tempo para ser realizada, não sendo o método mais recomendado para monitorar a qualidade do leite de rebanhos com grande número de animais. Por não ter sido criado para realizar análises de amostras em série, seu emprego fica prejudicado pelo uso excessivo de mão-de-obra tornando elevado o custo da análise (LEITE, 2006).

(29)

(FOSS Denmark), a técnica da espectometria no infravermelho com transformada de fourier usada no equipamento MilkoScanTM FT+ (FOSS Denmark). A leitura óptica por meio de equipamento eletrônico portátil também vem sendo usada, o exemplo é o Direct Cell Counter(3) (DCC), que é um aparelho movido a bateria capaz de determinar a contagem de células somáticas de uma amostra de leite cru em, aproximadamente, quarenta e cinco segundos (DELAVAL, 2003). O DCC por ser portátil e de fácil uso é passível de ser usado na unidade produtiva.

6 Perdas Causadas pela Mastite Subclínica

O processo inflamatório na mastite provoca mudança na composição do leite elevando a contagem de células somáticas (CCS), causando impacto na qualidade e produção do leite.

As estimativas mais precisas de perdas de produção de leite causadas pela mastite são aquelas baseadas na CCS. Alguns estudos determinaram que existe forte relação entre a CCS do tanque e a porcentagem de quartos infectados no rebanho, e que o aumento da CCS no tanque é um reflexo direto do aumento do número de quartos infectados, o que leva a aumento nas perdas de produção (FONSECA e SANTOS, 2000).

Tabela 4. Relação entre CCS do tanque, porcentagem de quartos infectados e porcentagem de perdas de produção de leite.

CCS do tanque % de quartos infectados % de perdas de produção

200.000 6 0

500.000 16 6

1.000.000 32 18

1.500.000 48 29

Fonte: NMC, 1996

A indústria de laticínios cada vez mais vem implantando o pagamento do leite pela sua qualidade e composição. Segundo Ribas et al. (2004) a implantação de sistemas de pagamento por qualidade, com base nos resultados das análises de gordura, proteína, lactose e/ou de sólidos totais, e da contagem de células somáticas, possibilitará ao país se enquadrar nos padrões internacionais de qualidade, necessários à manutenção e conquista de oportunidades de mercado.

Estudos indicam que uma maior CCS no leite provoca a diminuição no teor de lactose (AULDIST, et al., 1995; MACHADO et al., 2000; FERNANDES, et al., 2004; EL-TAHAWY e EL-FAR, 2010; MOSLEHISHAD, 2010).

(30)

redução da produção de leite ser mais acentuada que o decréscimo da produção de gordura, ocorrendo concentração desse componente (MACHADO, et al., 2000; FERNANDES, et al., 2004; RIBAS, et al., 2004).

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CAPÍTULO II

AVALIAÇÃO DE MÉTODOS DE ANÁLISES PARA DETERMINAÇÃO DA CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS NO LEITE CRU, MANTIDO EM TANQUE

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Avaliação de métodos de análises para determinação da contagem de células somáticas no leite cru, mantido em tanque de resfriamento

Resumo - A qualidade do leite cru mantido em tanque de resfriamento de oito propriedades do Rio Grande do Norte foi analisada, com o objetivo de avaliar métodos para determinação da contagem de células somáticas (CCS). Foram usados o kit Somaticell® e o equipamento portátil Direct Cell Counter (DCC), sendo comparados entre si e com o MilkoScanTM FT+ (FOSS Denmark) que usa a metodologia do Infravermelho com Transformada de Fourier (IVTF). Os dados de CCS foram transformados para escore de células somáticas ECS log (CCS) e analisados pelo pacote estatístico SAS® Statical Analisys System, (SAS, INSTITUTE, 1998). Foram feitas a comparação das médias e a correlação dos escores de células somáticas por meiodo coeficiente de correlação de Pearson, sendo aplicado o Teste de Tukey a 1%. Não foi observada diferença significativa para a comparação das médias. A correlação entre os escores de células somáticas foi significativa, sendo de 0,907 e 0,876 entre o MilkoScanTM FT+ e o kit Somaticell® e o Direct Cell Count (DCC) respectivamente, e de 0,943 entre o kit Somaticell® e o Direct Cell Count (DCC). Os métodos avaliados podem ser recomendados para o monitoramento da qualidade do leite cru refrigerado mantido em tanque de resfriamento em nível de unidade produtiva.

Palvras-chave: ccs, escore de células somáticas, mastite, qualidade do leite.

Evaluation of methods of analysis to determine the somatic cell count in raw milk, kept in the cooling tank

Abstract – We analyzed the quality of raw milk from eight dairy farms in Rio Grande do Norte stored in a cooling tank , in order to evaluate methods for determining somatic cell counts (SCC). The Somaticell® kit and a portable Direct Cell Counter (DCC) were compared with each other and with the MilkoScanTM FT+ (FOSS Denmark), which uses Fourier Transform Infrared (FTIR) spectroscopy). Direct cell counter data were processed for somatic cell scores (log-transformed somatic cell count) and analyzed with the SAS®, statistical package , Statistical Analysis System, (SAS, INSTITUTE, 1998). Comparison of means and correlation of somatic cell scores were conducted using Pearson’s correlation

coefficient and the Tukey Test at 1 %. No significant difference was observed for comparison of means. The correlation between somatic cell scores was significant, that is, 0.907 and 0.876 between the MilkoScanTM FT+ and the Somaticell® kit and Direct Cell Count (DCC) respectively, and 0.943 between the Somaticell® kit and Direct Cell Count (DCC). The methods can be recommended for monitoring the quality of raw milk kept in a cooling tank in the production unit.

(38)

Introdução

O leite bovino é um alimento importante para a sobrevivência e o desenvolvimento da cria e a alimentação e nutrição humana, sendo um produto relevante para a economia brasileira e mundial. Segundo a USDA (2010), os principais países produtores mundiais de leite encerraram o ano de 2010 com uma produção de 437.901 mil toneladas. Destacando-se a União Europeia com uma produção de 134.200 mil toneladas, os Estados Unidos da América com 87.450 mil toneladas, a Índia com 50.300 mil toneladas, a Rússia com 31.400 mil toneladas, o Brasil com 29.948 mil toneladas e a China com 29.100 mil toneladas. Ressalta-se que o Brasil figura junto com a China, Rússia, Índia e Ucrânia entre os maiores produtores agrícolas da próxima década. Ainda, tanto na produção quanto no consumo, as maiores taxas de crescimento ocorrerão nos produtos e derivados de origem animal. O setor lácteo deve ter um dos maiores crescimentos dentre as commodities, ocorrendo o incremento da popularidade dos derivados lácteos entre os consumidores dos países em desenvolvimento. Também, ocorrerá a expansão da demanda, particularmente devido ao aumento da riqueza. A retomada do crescimento econômico e o aumento da população humana globais devem impulsionar o comércio internacional de produtos lácteos e os preços (SIQUEIRA e ALMEIDA, 2010).

O Brasil criou o Programa Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite (PNQL) pela necessidade de se implantar medidas com foco na melhoria da qualidade do produto e de seus derivados. No ano de 2002 foi publicada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) a Instrução Normativa No 51 que aprova os regulamentos técnicos de produção, identidade e qualidade do leite tipos A, B e C, do leite pasteurizado e do leite cru refrigerado, bem como, a regulamentação técnica para a coleta do leite cru refrigerado e seu transporte a granel (BRASIL, 2002).

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leite parte do controle da mastite em termos de prevalência da doença subclínica, evolução das infecções aguda e crônica e perdas da produção de leite (RODRIGUES, 2008).

A situação atual da pecuária leiteira brasileira orienta para a necessidade de se ter informações rápidas e confiáveis quanto ao número de CCS no leite em nível de unidade produtiva, daí a importância da avaliação do número de CCS no tanque de resfriamento, o que favorece a tomada de decisão rapidamente para correção de possíveis ocorrências. O envio de amostras para uma das unidades operacionais integrantes da Rede Brasileira de Laboratórios de Controle da Qualidade do Leite, apesar de atender a legislação, tem como principal inconveniente, o período de tempo transcorrido entre a coleta do leite e o acesso aos resultados, que a depender da região geográfica pode ser longo, além dos custos com o envio e a análise.

Objetivou-se neste trabalho avaliar métodos de análise para determinação da contagem de células somáticas (CCS) em leite bovino cru, mantido em tanques de resfriamento, por meiode equipamentos passíveis de determinarem a CCS em nível de unidades produtivas.

Material e Métodos

Coleta das amostras

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Figura 1. Localização das Propriedades Fonte: Google Earth, 2010.

Em cada propriedade foram coletadas oito amostras em frascos com capacidade para 40 mL, sendo quatro delas sem adição de conservante e nas outras quatro foi acrescentado o conservante Bronopol®. Os frascos eram acondicionados em caixa térmica contendo gelo, sendo as quatro amostras sem conservante analisadas pelo Somaticell® e pelo Direct Cell Counter (DCC), e as quatro amostras contendo o conservante eram encaminhados para o laboratório da Clínica do Leite (ESALQ/USP) para análise eletrônica da contagem de células somáticas por Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de Fourier (IVTF), com o equipamento MilkoScanTM FT+ (FOSS, Denmark). O procedimento de coleta (Figura 2) foi realizado segundo recomendações do “Manual de instruções para coleta e envio de amostras

de leite para análise” (CASSOLI e MACHADO, 2006).

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Na Tabela 1, apresentam-se as características gerais e índices zootécnicos das propriedades.

Tabela 1. Características gerais e índices zootécnicos das propriedades trabalhadas.

Propriedade Município Regime de manejo Genótipo N

o de animais em lactação N

o de ordenhas/dia

Média vaca/dia

(litro)

Produção/dia (litro)

1 Alegre Monte Semiconfinado Jersey 48 2 15 720

2 Marinho Ielmo Confinado acima de 7/8 Girolando 281 3 17,89 5.026

3 São Pedro Semiconfinado Girolando 125 2 13,2 1.650

4 Macaíba Semiconfinado Girolando e P. suiço 99 2 16,16 1.600

5 Brejinho Semiconfinado Girolando 105 2 11,43 1.200

6 Goianinha Semiconfinado Girolando e holandez 177 2 11,86 2.100

7 São José de Mipibu Semiconfinado Girolando e holandez 166 2 11,75 1.950

8 Extremoz Semiconfinado Giroalndo 75 2 12 900 Dados de jan/2010

A composição média do leite das oito fazendas encontra-se na Tabela 2 apresenta-se em conformidade com as características físico-químicas do leite bovino para a região Nordeste (BARBOSA, et al., 2006).

Tabela 2. Composição média do leite nas oito propriedades.

Propriedade Gordura,% Proteína, % Lactose, % Totais % Sólidos Desengordurado, % Extrato Seco Uréico, mg/dL Nitrogênio

1 4,25 3,65 4,22 13,09 8,84 11,51

2 3,07 3,19 4,47 11,65 8,59 17,09

3 3,07 3,17 4,53 11,77 8,69 14,95

4 3,33 3,25 4,53 12,09 8,76 13,23

5 3,38 3,29 4,30 11,95 8,57 12,47

6 3,54 3,37 4,40 12,26 8,71 12,56

7 3,53 3,40 4,42 12,26 8,73 15,73

8 3,52 3,20 4,47 12,17 8,64 10,08

Análises das Amostras de Leite Análise com o Somaticell®

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homogeneização o tubo foi fechado com tampa própria até o seu travamento e virado, deixando a tampa voltada para baixo por 30 segundos. Transcorrido esse período o tubo era virado novamente, aguardava-se 5 segundos e procedia-se a leitura do líquido remanescente na escala graduada no próprio tubo, Figura 4.

Figura 3. Sequência de procedimentos para realização do teste Somaticell®.

Figura 4. Tubo graduado do Somaticell®

Análise com o Direct Cell Counter Delaval – DCC

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Figura 5. Procedimento de análise com o DCC

MilkoScanTM FT+ (FOSS, Denmark)

Os resultados das análises feitas pelo laboratório durante o período de janeiro de 2010 a janeiro de 2011 foram usados como referência para a comparação com os resultados obtidos pelo Somaticell® e pelo Direct Cell Counter. Os frascos contendo amostras de leite foram acondicionados em caixas térmicas com gelo reciclável e enviados, na manhã seguinte, ao dia da coleta para o Laboratório da Clínica do Leite (ESALQ-USP). Os resultados da CCS foram determinados por Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de Fourier (IVTF), usando o equipamento MilkoScanTM FT+ (FOSS, Denmark).

Análise Estatística

Os dados coletados nesta pesquisa foram organizados e avaliados utilizando-se estatística descritiva, análise de variância (ANAVA) e análise de correlação. Para isto foram testados a homogeneidade das variâncias e a normalidade dos dados. Esses testes demonstraram a necessidade de se realizar transformação matemática da variável CCS para que fosse possível alcançar a normalidade e homogeneidade das variâncias (ALI e SHOOK,

1980; SHOOK, 1982; SHOOK e RUEGG, 1999). Foi utilizado o logaritmo (LOG) de (x+1)

na base 10, onde o “x” corresponde ao valor medido da variável CCS. Os dados de CCS

(44)

Resultados e Discussão

Os valores máximos, mínimos e médios da contagem de células somáticas (CCS), o número de amostras e o desvio padrão são apresentados na Tabela 3.

Tabela 3. Valores médio, mínimo, máximo, e desvio padrão da contagem de células somáticas (CCS*1000).

Variável N Média Desvio

Padrão

Valor

Mínimo Máximo

MilkoScanTM FT+ 97 525,40 321,19 100,00 1963,75

DCC 67 580,28 316,60 112,50 1759,00

Somaticell® 82 597,39 257,96 136,00 1478,00

Ao se observar a Tabela 3 verifica-se que a média de CCS está em conformidade com dados encontrados em diversas regiões do país. Machado et al. (2000) em 4.785 amostras oriundas de tanques no Estado de São Paulo e do norte de Minas Gerais encontraram média de 505.000 cels/mL e desvio de padrão de 593.000 cels/mL. Silva et al. (2009) em tanques do sudoeste goiano descrevem valores de CCS para os períodos seco e chuvoso de 524.000 e 529.000 cels/mL respectivamente. Souza et al. (2006) ao analisarem 91.618 amostras da

região Sudeste do Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro no período de 01.07.2005 a 30.06.2006 encontraram 510.000 cels/mL e desvio padrão de 522.000 cels/mL.

Apesar da média de CCS estar em conformidade com médias encontradas outras regiões produtoras do país, observa-se que os valores máximos registrados em todos os três métodos estão em desconformidade com a IN 51/2002 (Tabela 3). No entanto, ao se observar as médias da CCS obtidas, registra-se a conformidade para o período inerente ao estudo, mas não para a data final estabelecida pelo MAPA para a implantação da Instrução Normativa 51/2002(Figura 6).

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Figura 6. Comparação dos resultados das médias de CCS, obtidos pelos MilkoScanTM FT+, DCC

e Somaticell® com as exigências da IN 51/2002.

O número de amostras, os valores médio, mínimo e máximo, e desvio padrão do escore de células somáticas ECS são apresentados na Tabela 5.

Tabela 4. Número de amostras, valores médio, mínimo, máximo, e desvio padrão do ECS log (CCS+1) obtidos nos três métodos.

Variável N Média Desvio

Padrão

Valor

Mínimo Máximo

MilkoScanTM FT+ 97 6,10 0,59 4,62 7,58

DCC 67 6,23 0,53 4,73 7,47

Somaticell® 82 6,29 0,49 4,92 7,30

A comparação dos dados do ECS,por métodoe propriedade pode ser vista na figura 7.

0 150 300 450 600 750 900 1050 1200 1350

1 2 3 4 5 6 7 8

C C S ( *1 00 0 ce l/m L ) Propriedade MilkoScan DCC Somaticell Valor atual de CCS 750.000, até:

01.07.2011 S, SE e CO 01.07.2012 N e NE

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Figura 7. Valores médios do ECS (log CCS) por método e por propriedade.

A comparação das médias do resultado da CCS, para os três métodos, considerando os resultados da CCS em cel/mL e ECS são apresentados na Tabela 6.

Tabela 5. Valores médios de contagem de células somáticas (CCS*1000) e do ECS [log (CCS+1)] obtidos pelos três métodos.

Variável Valor Médio

CCS (*1000 cel/mL) ECS

MilkoScanTM FT+ 525,396 6,099a

DCC 580,283 6,23a

Somaticell® 597,390 6,291a

Valores seguidos de letras iguais, na mesma coluna, não apresentam diferença siginificativa (P>0,01).

Comparação do Somaticell® com o MilkoScanTM FT+

A contagem de células somáticas determinada pelo método indireto com o Kit Somaticell® não apresentou diferença significativa (P>0,01) quando comparada aos resultados obtidos pelo método direto com o uso da metodologia Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de Fourier (IVTF) com o uso do equipamento MilkoScanTM FT+, da FOSS (Tabela 6). Rodrigues (2008), descreveu haver correlação significativa (P<0,001) de 0,92 quando comparou os resultados de CCS do Somaticell® com os resultados do equipamento Fossomatic. A comparação dos resultados transformados para log de CCS do Somaticell® com o MilkoScanTMFT+ apresentou correlação de r = 0,91; P<0,0001; e encontra-se na Figura 8. 0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00

1 2 3 4 5 6 7 8

(47)

Figura 8. Comparação entre os resultados do ECS log (CCS) do Somaticell® e MilkoScanTM FT+

Comparação do Direct Cell Counter, DeLaval – DCC com o MilkoScanTM FT+

A contagem de células somáticas determinada pelo método direto com o equipamento portátil Direct Cell Counter (DCC) da Delaval, que usa a leitura óptica não apresentou diferença significativa (P>0,01) quando comparada aos resultados obtidos pelo método direto com o uso da metodologia Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de Fourier (ITF) com o uso do equipamento MilkoScanTM FT+ da FOSS. A comparação dos resultados transformados para log (CCS) mostrou correlação significativa, com r = 0,88; P<0,0001 (Figura 9), corroborando os achados de Ruegg et al. (2005) ao analisarem 800 amostras de leite com o DCC e com um equipamento automatizado. Os resultados da avaliação pelo DCC foram comparados com aqueles da miscroscopia direta para determinar a CCS em leite de cabra apresentando correlação positiva (BERRY & BROUGHAN, 2007). Estando de acordo, também, com as correlações para leite de ovelhas (GONZALO et al., 2006).

5,00 5,50 6,00 6,50 7,00 7,50

5,00 5,50 6,00 6,50 7,00 7,50

L

og

(

C

C

S)

So

m

atice

ll

®

(48)

Figura 9. Comparação entre os resultados do Log (CCS) do DCC e MilkoScan TM FT+

Comparação do Somaticell® com o Direct Cell Counter, DeLaval – DCC

A comparação das médias de CCS entre o Somaticell® e o Direct Cell Counter não apresentou diferença significativa (P>0,01) (Tabela 6). A comparação das médias transformadas para log (CCS) apresentou correlação positiva com r = 0,94 (P < 0,0001) (Figura 10).

Figura 10. Comparação entre os resultados do Log (CCS) do Somaticell e do Log (CCS) do DCC 5,00

5,50 6,00 6,50 7,00 7,50

5,00 6,00 7,00 8,00

L

og

(

C

C

S)

DC

C

Log (CCS) Milkoscan TM FT+

5,00 5,50 6,00 6,50 7,00 7,50

5,00 5,50 6,00 6,50 7,00 7,50

L

og

(

C

C

S)

So

m

atice

ll

®

(49)

Tabela 6. Número de amostras, coeficientes de correlação de Pearson (r) para o MilkoScan em relação ao Somaticell® e ao DCC e do Somaticell® em relação ao DCC.

Variável N r Valor de P

Milkoscan x DCC 67 0,88 < 0,0001

Milkoscan x Somaticell® 82 0,91 < 0,0001

DCC x Somaticell 52 0,94 < 0,0001

Conclusão

Imagem

Figura 1 -  Evolução da produção de leite bovino no Brasil em bilhões de litros,  no período de 1995 a 2009.....................................................................
Figura 1. Evolução da produção de leite bovino no Brasil em bilhões de litros, no período de 1995 a  2009
Figura 2. Produção de leite bovino no Brasil em bilhões de litros, nos anos de 1995 e 2009
Figura 4. Produção de leite nos estados da Região Nordeste nos anos de 1995 e 2009.  Fonte: IBGE, 2009
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