1 Endereço:UniversidadeFederaldaParaíba,DepartamentodePsicolo-gia,CidadeUniversitária,JoãoPessoa,PB,Brasil58059-900.E-mail: frajoba@uol.com.br
UmaAproximaçãoSemânticaaos
ConceitosdeUrbano,RuraleCooperativa
FranciscoJoséBatistadeAlbuquerque1
CarlosEduardoPimentel
UniversidadeFederaldaParaíba
RESUMO–Noplanejamentodepolíticaspúblicasvinculadasaodesenvolvimentorural,adefiniçãodealgunsconceitos,como osdeambienterural,urbanoecooperativasãosumamenteimportantes.ConsiderandoqueaPsicologiapoucocontribuiuno desenvolvimentorural,objetivou-seconhecerossignificadosquesãosocialmenteatribuídosaosconceitosderural,urbanoe cooperativa.Atravésdaparticipaçãode318estudantesdoensinomédio,doestadodaParaíba(Brasil),pôde-severificarque oruraléentendidocomoessencialmenterurícola;oambienteurbano,poroutrolado,éconcebidocomoopostoaoruraleo conceitodecooperativa,temumasignificaçãoeminentementepositiva,queenglobapalavrascomoajudaeunião.Destaca-sea necessidadedeserefletircriticamenteacercadaspolíticasparaodesenvolvimentoruraledepesquisasnaáreaquecontribuam paraaclararquestõesrelacionadasaodesenvolvimentodepropostasquecontemplemoruralnasuatotalidade,proporcionando reverconceitoseavaliarpráticasdeaçõesgovernamentais.
Palavras-chave:políticaspúblicas;conceitos;rural;urbano;cooperativa.
ASemanticApproachtothe
ConceptsofUrban,RuralandCooperative
ABSTRACT–Whenitcomestotheplanningofpublicpolicieslinkedtotheruraldevelopment,findingadefinitionofconcepts ofruralandurbanenvironmentsandalsoofcooperativebecomesessentiallyimportant.Consideringthatpsychologyhas barelylittlecontributedtotheruraldevelopment,thisstudyaimedatidentifyingthemeaningswhicharesociallygiventothe mentionedconcepts.Withasampleof318highschoolstudentsfromParaíba(Brazil),itwasobservedthattheruralconstruct conveyedmeaningsessentiallyrelatedtotheruralatmosphere;theurbanenvironmentwasconceivedasbeingtheopposite ofruralandtheconceptofcooperativecarriedapositivemeaning,havingwithinitwordslike‘help’and‘union’.Critical thoughtsoverthepoliciesfortheruraldevelopmentareurgedandsoarefurtherstudiesintheareawhichmaycontributeto clarifyaspectsrelatedtothedevelopmentofproposalsfortheruralenvironmentinitstotality.Thereviewofsomeconcepts isprovidedandalsotheevaluationofsomegovernmentactionsthroughpublicpolicies.
Keywords:publicpolicies;concepts;rural;urban;cooperative.
interna da realidade, refletindo o conjunto de emoções, lembranças, pensamentos, sentimentos e sensações. Além disso, atua como mediador entre os objetos sociais e as condutasemrelaçãoaeles.Esteprocessosetornacomplexo edálugaràsredesdesignificações,oucomosetrataráno presentetrabalho,àsredessemânticas.Taisredesconstituem osignificadoquetem,paraosatoressociais,qualquerobjeto doseuentorno(Figueroa,Gonzáles&Solis,1981).
Ainvestigaçãoatualempsicologiaconfereênfaseespe-cialaoestudodosprocessoscognitivos,aformacomque seestruturaainformaçãoapreendidaesuautilização.Para oModelodeRedesSemânticasNaturais(Figueroa&cols., 1981),ainformaçãoarmazenadaseorganizaemformade redesassociativas,nasquaisaspalavras,eventosourepre-sentações, formam relações que em conjunto constituem significados. Estes significados são desenvolvidos desde o conjunto de informações que desenvolvemos e que nos auxiliamaconhecereaparticipardarealidade.Aformação dos conceitos que temos sobre qualquer coisa segue este processodeassociaçãodesignificados,queéconsiderada umatendêncianaturaldacognição,daacumulaçãodeco-nhecimentossobreomundo(Gardner,1996).
Alinguagemexerceumpapelrelevanteeindispensável nasocio-gênesedasinteraçõeshumanas.Asocializaçãodo indivíduodá-seprincipalmenteemfunçãodessaferramenta enãohádúvidasdequesuaexistênciapossibilitaainven-çãoeadifusãodoconhecimento.Osignificadoéumadas partesfundamentaisdalinguagem.Anecessidadequetem ohomemdecomunicar-seedeintercambiarinformações constituiumdosfatoresmaisimportantesdesuaexistência edesuaatividadevital.Oproblemaprincipaldapalavrae da linguagem, ou seja, a determinação do seu significado edesuaimportâncianoprocessodecomunicaçãotemum valoringenteparaapsicologiasocial(Howitt&cols.,1992; Pariguin,1972).
Neste sentido, conhecer estes significados resulta per-tinenteparaaanálisedaspolíticaspúblicas,porquepodem refletiramaneiracomoosagentesgovernamentais,respon-sáveis pelos seus planejamentos, compreendem conceitos doobjetosocialenvolvido.NoBrasil,considera-sequeo Estadoexerceumpapelcrucialnaeconomiaenapolíticade redistribuiçãoderendasedediversificaçãodocrescimento regional.Sendoumpaísdeeconomiacomplexa,noqualos serviçoscorrespondemaproximadamentea2/3daformação doProdutoNacionalBruto(PNB),oquedemonstraumaeco-nomiamodernaeaomesmotempocomcercade18%desua populaçãoresidindonaárearural(IBGE,2002),asdecisões sobreondeequandoalocarrecursos,queemúltimaanálise constituemoâmagodaspolíticaspúblicas,jogamumpapel fundamentalnodesenvolvimentosócio-econômico.
Apesardestamodernidade,quetambémchegouaointe-riordopaís,postoqueaseconomiasdaspequenascidades brasileiras, hoje em dia, não dependem exclusivamente da agricultura, e sim dos serviços (Albuquerque, Lôbo & Raymundo,1999),aindaseconfundeoruralcomoagrário, comosefossemsinônimos.Podemsercitados,porexem-plo, setores como as pequenas empresas, o comércio, os grupos culturais, os setores de serviços e os aposentados, que constituem, atualmente, novas fontes de renda dos pequenos municípios brasileiros. Assim, quando se fala em desenvolvimento rural, muitas vezes se está falando emdesenvolvimentoagrário,napartedoruralmaisligada à agricultura e pecuária, e não ao conjunto da economia produtiva da região (Albuquerque, 2001). Como mostrou Albuquerque(1994,1997,1999)ascooperativastêmsido utilizadasparaincrementarodesenvolvimentoagrário,mas se apresentam como organizações complexas, difíceis de administrar e conseqüentemente de obter êxito, servindo muitasvezesainteressespersonalísticos,emdetrimentoda coletividadeemnomedaqualforamdestinadososbenefícios. Em função disso, buscou-se conhecer qual o conjunto de significadosquesãoatribuídosatermoscruciaisnoprocesso decisório,equerepresentam,provavelmente,oapoiosocial àsdecisõespolíticas.Portanto,estetrabalhoseinteressou, fundamentalmente, em efetuar uma análise semântica de conceitosimplicadosnaimplementaçãodepolíticaspúblicas; precisamente,intentoudesvelarossignificadospsicossociais dosconceitosdecooperativa,ruraleurbano.
Cogniçãoeredessemânticas
Turner(1994)afirmaque,nosúltimosanos,apsicologia socialteminvestigadoasestruturaseprocessospelosquais ossujeitosconhecemomundo,poisseverifica,depoisdos anosde1970,aatençãodospesquisadoresorientadaparaa compreensãodosprocessoscognitivos.Acercadestaativida-de,Thagard(1998)mencionaqueointeressedapsicologia,e tambémdaciênciacomputacional,emrelaçãoànaturezados conceitos,foiincrementadovelozmentenametadedadécada de1970,quandoospesquisadoresintroduziramtermoscomo “estrutura”e“esquema”,nadescriçãodenovasformasde avaliaçãodanaturezadosconceitos.
Porém,FiskeeTaylor(1991)assinalamque,desdeos temposdeLewin,ospsicólogossociaismantêmqueocom-portamentosocialdeveserentendidocomoumafunçãoda
percepçãoqueaspessoastêmdomundo,sustentandoquetal percepçãodeve-seàsinterpretaçõesdosestímulosoriundos domeio.Atualmente,evidencia-seainfluêncialewinianana orientaçãosócio-cognitiva,cujaspesquisastêm-sededicado amplaeprofundamenteàinvestigaçãoecompreensãodos mecanismosmentaiseminteraçãocomosocial,aoanali-sar os processos psicossociais pelos quais selecionamos, interpretamoseusamoscomtantafacilidadeainformação provenientedomeio(Jacinto&Ortiz,1997).Defato,nota-se uma forte tendência, nos autores, para considerarem a perspectiva cognitivista como o ponto de vista preponde-rantenaspesquisasatuaisnapsicologiae,especificamente, napsicologiasocial(Echebarría,1991;Estramiana,1995; Morales&cols.,1994;Roazzi,1999;Rodrigues,Assmar& Jablonski,2000;Sabucedo,D’Adamo&Beaudoux,1997; Smith&Mackie,1995;Zajonc,1968).Napsicologiasocial, ateoriadoequilíbrio,ateoriadadissonânciacognitiva,e demaisteoriasdeconsistênciacognitiva,entreoutras,são exemplosdessatendência(Zajonc,1968).
Tulving(1972)explicaqueatécnicaderedessemânticas derivadosestudosdamemóriaemlongoprazonocampoda psicologiacognitiva,emqueváriosautores(Vera-Noriega, Laga-Castro&Hernández-Loya,1998)situamamemória semântica.Amemóriaéconsideradaocernedacognição (Mussen,Conger,Kagan&Huston,1995),porquantoquese nãoexistissememóriaaatividadecognitivaseriainútil.
Coerente com a concepção de memória adotada no presente estudo, Allan Collins e Ross Quillian, em 1969, publicamosresultadosdoseuestudoseminal,oqualsugere amemóriasemânticacomoorganizadanumaestruturahie-rárquica(Sternberg,2000).DeacordocomTulving(1972), queconcebeummodeloparaamemóriasegundooconteúdo aserprocessado,sejanamemóriaepisódica,semânticaou procedural, a memória semântica é a memória necessária paraousodalinguagem,poisorganizaoconhecimentoque aspessoaspossuemsobreaspalavraseoutrossímbolosver-bais,seussignificadosereferentesacercadasrelaçõesentre eleseasregras,fórmulasealgoritmosparaamanipulação dos símbolos, conceitos e relações. Lachman, Lachman e Butterfield(1979)concluemqueamemóriasemânticaleva emcontaacapacidadehumanaparaconstruirarealidade, numainterpretaçãointerna,eéatravésdestaqueseinter-pretam as experiências passadas, realizam-se predições e atribuições de causalidades e também se conectam idéias velhasdentrodecombinaçõesnovas.Bracham(1979)afirma queaidéiaderedessemânticaséaidéiamodernadame-móriahumana.SegundoMoralesecols.(1994),amemória semânticaéconstituídaporrepresentaçõesdeconceitosou conhecimentos gerais. Coerentemente, Sternberg (2000) assinalaqueamemóriasemânticatrabalhacomconceitos, característicaseidéiasassociadas.GrzibeBriales(1996), porsuavez,ressaltamqueénamemóriasemânticaqueos signos lingüísticos estão armazenados. A importância de todoesteprocessoresidenofatodequeoconhecimentose organizasobaformaderedesdesignificados(Abdounur, 2002).Segundoaspalavrasdoautor:
estamosnosmovendoemdireçãoàmetáforadoconhecimento comoumarede,umtecidoondetodososelementosencontram-seconectados”.(Abdounur,2002,pp.102-103)
Portanto,atécnicaderedessemânticasofereceummeio empíricodeacessoàorganizaçãomentaldoconhecimento. Dessaforma,podeproporcionardadosreferentesàorgani-zaçãoeinterpretaçãointernadosambientesruraleurbano, assim como ao significado e à representação interna do cooperativismo. Também, indica como a informação foi percebidaindividualmentenocursodacomposiçãodafor-maçãodosconceitoseforneceindíciosfundamentaisacerca datendênciaaatuarcombasenesse“universocognitivo”. NosentidoempregadoporKrech,CrutchfieldeBallachey (1975),sendotantooambientefísicoquantoosocial,apreen-didopeloindivíduo,demodoqueascogniçõesrefletemesses ambientes,agindocomoestruturadasmentaisquefacilitamo entendimentodomundosocialeoenfrentamentodosproble-mas.Sendoassim,conclui-sequeexistemproblemassociais queprovocamnecessidadescomunsàspessoas,levando-as aorganizaroconhecimentoangariadoempiricamentecom ofimdeatuar,eficazmente,frenteaestassituações.
Limitesconceituais:ruralxurbano
Segue-se,dosargumentosprecedentes,arelevânciadese estudarossignificadoscomosquaislidaopesquisadorsocial, aoconsideraradificuldadeproporcionadapelasdefinições deruraleurbano(Albuquerque,2001).Tendoissoemvista, Berry,Markee,FowlereGiewat(2000)chamamaatenção para a influência da definição desses conceitos na imple-mentaçãodeprojetosdepolíticasnaeducação,nasdecisões jurídicas,nosserviçosdesaúdepúblicaenodesenvolvimento daprópriaregião.Desafortunadamente,porém,“ ossignifica-dosdeurbanoeruralfreqüentementepermanecemvagose imprecisos”(Slack,1990;Flora&cols.,1992;Andranovich &Riposa,1994,conformecitadosporBerry&cols.2000, p.94).Umaexplicaçãoparatalpodeserconcebida,pois, sobretudonosgrandescentros,oambienteruralépercebido como um todo homogêneo e subdesenvolvido, refletindo informações distorcidas que não correspondem aos fatos. Adite-seaissoasdefiniçõesapresentadasemdicionários, emqueseconcebeoruralusualmenteapartirdesteângulo, tendosinônimosdepreciativos,comoatrasado,rústico,rude ouagrário(Albuquerque,2001).
AlbuquerqueeCirino(2001)destacamqueapsicologia deveepodeaportarconhecimentosqueajudemaspessoas, habitantesdorural,arelacionar-semelhornoambienteem quevivem.Acontribuiçãodapsicologiasocialpodeserde grandeimportânciaparaafacilitaçãoeodesenvolvimento domeiorural,quevivehojeumrápidoprocessodetrans-formação,apartirdasmudançassócio-culturaisdomundo moderno.Osautoressalientamaindaque,partindodoenten-dimentodarealidaderural,estasetornariaumvastocampo de trabalho para as pessoas, inclusive para o profissional depsicologia.Realmente,apsicologiaécapazdeoferecer diversosserviçosnecessárioseespecíficosdaáreamental, comotrabalhossobreavaliaçãodepolíticaspúblicas,sobre cooperativismo e associacionismo, nas cooperativas, nos assentamentos agrários e na agroindústria, entre outros.
Taisserviçospodembeneficiaralimitaçãodocaosquese contemplanasgrandescidadesbrasileirasdehoje,namedida emquesejamofertadasmelhorescondiçõesdevidanospe-quenosmunicípios,atraindodevoltaosquepornecessidade partiram,efixandoaliaquelesquenãodesejampartir.
Cooperativas:valorsemânticoouvalorprático?
Estas empresas ou organizações, apesar da crescente expansãoemtodosospaísesdomundo,carecemdeestudos queenfoquemaspectospsicossociaisindispensáveisparao seuêxito.Assimcomoaconteceucomoambienterural,a psicologiapoucofezparaacompreensãodascooperativas, dasuadinâmicagrupaledasforçaspsicológicasatuantes entre os seus membros (Albuquerque, 1994). Entretanto, algunsestudos,antesmencionados,colocaramquestõesin-teressantesqueservemdepontodepartidaparaumaanálise críticadosincentivosgovernamentaisedamaneiracomoé formadoesseempreendimento.
Tal análise inicia-se pelo fato de que as organizações cooperativassãogeralmentepercebidas,pelosensocomum, comomuitodistintasdasdemaisorganizações,eporcarrega-remumaimagempositivaporgrandeparceladapopulação edosagentesgovernamentaisdedesenvolvimento.Podem serencontradosalgunsexemplosdecooperativasquetêm demonstrado bom desenvolvimento econômico. Em geral estascooperativasatuamcomoprestadorasdeserviçosnas áreasdesaúde,comércioecrédito.Aproveitam-sedosincen-tivoslegaisque,porexemplo,lhesdispensaopagamentodo impostosobrearenda,oquegeraumdiferencialfinanceiro importantefrenteàsoutrasempresasqueprestamomesmo serviçoequenãodispõemdesseapoio.Entretanto,àparte desseaspectofinanceiro,chamaaatençãoofatodestasco-operativasnãoexercitaremtrabalhosemconjuntoentreos seussócios;ouseja,atãoesperadacooperaçãoouatividade cooperativa.Elassededicam,poroutrolado,aintermediar relaçõesdeprestaçãodeserviçossemqueossóciostenham o menor contato entre si, muitas vezes competindo pelos mesmosclientes.Aquestãoquesecolocaéseestasempresas correspondemaomodeloemnomedoqualideologicamente foramconstruídasequeemseunomerecebemosincentivos governamentais.Retirem-seosincentivoseestascoopera-tivas aparecem iguais, sem distinção das outras empresas doramo.
1999;Albuquerque&Cirino,2001).Estasituaçãoacontece apesar dos incentivos estratégicos governamentais e, por conseguinte,dosfortesapoiosfinanceirosporpartedoEs-tado,destinando-lhesrecursosquepoderiamsermaisbem aproveitados se fossem destinados à educação, saúde ou segurançapública,porexemplo.
Emresumo,seanalisarproblemassociaisfazparteda agendapráticadocientistasocialeseascooperativassão organizaçõesquedeixamadesejaremtermosdeêxitoem-presarialousocial,cumpreindagarporque,apesardetodas asevidênciasdefracassosedificuldadesadministrativasque geram,estasorganizaçõesaindaconseguemcaptarrecursos estatais,comforteapoiodegrandepartedapopulação.Pensa-mosquepartedaexplicaçãoradicanaprópriapalavra.Como ditoantes,cooperarévistocomoalgopositivo,associando-seaestapalavrasignificadosmuitovaloradossocialmente. Assim,ocorreumtraspasseentreovalordapalavraeotipo deempresaouorganização,deformaalienada,desvinculando osignificadodoobjeto,epermitindoquedestaseparaçãose aproveitem,emnomedosdeserdadossociais,aqueles,mais avisados,quebempoderiamdeixarosbenefíciosdoEstado paraosquerealmentedelesnecessitam.Portanto,analisaro queaspessoaspensamequerelaçõesestabelecementreas palavrascooperativismo,ruraleurbano,podeajudaraenten-dercomoasdecisõespolíticassãotomadas,quemecanismos mentaisestãoenvolvidasnosprocessosdecisóriosqueafetam atodosnós,edosquais,muitasvezes,nosomitimos,ounão nosapercebemosdesuaimportância.
Método
Participantes
Escolheu-seinvestigarasredessemânticasdesenvolvidas por estudantes de nível médio, tanto de ambiente urbano quantorural,porseconsiderarqueessesparticipantescons-tituemumaamostraleiga,nãocontaminadacominformações decunhotécnico,sobreostemaspesquisados,representando, assim,característicassimilaresàsdapopulaçãobrasileira, emgeral,noquetangeaosconceitos.
Estaamostra,não-probabilística,compôs-sede318es-tudantessecundaristasdoestadodaParaíba(Brasil),quese submeteramvoluntariamenteàaplicaçãodosinstrumentos. Paraefeitodecomparaçãodedados,dividiu-seessaamostra totalemdoisgruposnaturais.OGrupoIconstituiuaamostra urbana,com165alunosdecolégiospúblicos,situadosna cidadedeJoãoPessoa.Amédiadeidadedosparticipantesfoi de23anos(DP=4,87).OGrupoIIformouaamostrarural, com153alunosdecolégiospúblicos,decomunidadesrurais próximasdacidadedeAreia(dista120Kmdacapital).A médiadeidadedessesalunosfoide17anos(DP=2,41).
Instrumento
Aconstruçãodoinstrumentobaseou-senoModelode RedesSemânticasNaturais,propostoporFigueroaecols. (1981).Oinstrumentoconstadequatropáginas,aprimeira informando ao respondente sobre a pesquisa e exemplifi-candooprocedimentoesperadoeastrêspáginasseguintes contendoaspalavras-estímulo:rural,urbanoecooperativa.
Cada uma dessas palavras ou estímulos foi apresentada impressanapartesuperior(vertical)deumafolhadepapel tamanhoofício.Optou-sepordeixarumespaçoembranco nafolha,paraoparticipanteescrevercadaumadaspalavras associadas livremente com o estímulo. A quarta e última páginavisaramcolherdadospessoaisdoparticipante(idade, localderesidênciaesériequecursava)efinalizandocom agradecimentospelacolaboraçãonapesquisa.
Procedimentos
Em ambos os grupos, foram efetuadas aplicações dos instrumentoscoletivamente,emsaladeaula,possibilitando umnúmerovariadodeparticipantesporcadaaplicação.Ini-cialmente,seguindoumprocedimentopadrão,apresentou-se oobjetivodavisitadospesquisadorese,emseguida,foram transmitidas oralmente as instruções para o procedimento dorespondente,apresentando-seumexemplodecomoos participantesdeveriamprocedercomafolha,ondeconsta-vaoconceito.Explicou-sequeosconceitosdeveriamser definidospormeiode“palavrassoltas”(substantivos,adje-tivoseverbos),masnuncapormeiodeartigos,pronomes, preposições ou qualquer outra partícula. Quando havia a necessidadedemaioresesclarecimentosutilizava-seoquadro negroeumoutroexemploerademonstrado.Foisolicitado queosparticipantesdessemummáximodedezdefinidoras (palavras)porconceito,paraissotinhamtrêsminutospara aassociaçãolivreemaisumminutoparaahierarquização daspalavras.
Análisedosdados
Osdadosforamprocessadosdeacordocomoprocedi- mentoparaseobterosparâmetrosdatécnicadeRedesSe-mânticasNaturais,asaber:TamanhodaRede(TR),Núcleo daRede(NR),PesoSemântico(PS)eDistânciaSemântica Quantitativa(DSQ).OTRéobtidoatravésdonúmerototal dedefinidoras(nocaso,palavrasutilizadasparadefiniros conceitosdeUrbano,RuraleCooperativismo).OPSdecada definidoraseobtémsomandoaponderaçãodasfreqüências pelahierarquização,emqueseassinalaonúmeroumàpa-lavraoudefinidoramaispróximaesemultiplicapordez,o númerodoisàsegundapalavramaispróximaesemultiplica pornove,trêsparaaterceiramaispróximaesemultiplica poroitoatéchegaraonúmerodez,queémultiplicadopor um.ONRseconseguemedianteasdezdefinidorascompeso semânticomaisalto.Estasdefinidoras,queconformamoNR, sãoasquemelhorrepresentamoconceito.ADSQseobtém através das definidoras do NR, assinalando à definidora, compesosemânticomaisalto,ovalor100%,easdemais porcentagens sendo obtidas através de uma regra de três simples(Reyes-Lagunes,1993).
Resultados
oquecompreendeasdefinidorasquenasuainter-relação formariamosignificadodoconceito.Opesosemântico(PS) é especialmente útil na comparação dos totais absolutos queogrupoatribuiaosconceitoseserveparaaapreciação davariabilidadeintergrupos.Quantoàdistânciasemântica quantitativa(DSQ),trata-sedeumindicadordavariabilidade intragrupo.Finalmente,afaltadecorrespondênciaconceitual éoparâmetromaissimplesquesepodeobservar,servindo tambémpararealizarcomparaçõesentreosgrupos.
Oconceitodecooperativafoidefinido,deformageral, comconceitostidoscomosocialmentevalorizados.Adefi-nidoracommaiorpesosemânticofoiajuda,masapareceram tambémdefinidorasaelarelacionadasfortemente,comoé ocasodecooperaçãoecompanheirismo.Surgiram,ainda, outrasdefinidorasassociadasàpalavracooperativismo,como união,grupo,trabalho,organização,reuniãoeassociaçãoque conformaramonúcleodaredeurbanaerural(Tabela1).
Tabela1.Resultadosdasredessemânticasparaoconceitodecooperativa
Urbano Rural
NR PS DSQ NR OS DSQ
Ajuda 498 100% Ajuda 617 100%
Grupo 477 95,78% União 497 80,55%
Trabalho 454 91,16% Cooperação 446 72,30%
União 445 89,36% Trabalho 301 48,80%
Cooperação 408 81,93% Grupo 296 48,00% Organização 161 32,33% Reunião 291 47,20% Companheirismo 154 30,92% Associação 258 41,81%
Notas: NR=Núcleo da Rede; PS=Peso Semântico; DSQ= Distância SemânticaQuantitativa.
Noqueconcerneaoconceitoderural,apalavracampo foi majoritariamente utilizada como definidora principal. Associaram-se, ainda, conceitos inter-relacionados como plantações, ar puro, fazendas, animais, sítios, agricultura, rios, natureza e vegetação, conformando, assim, o núcleo da rede do conceito tanto pelos respondentes do Grupo I (Urbano),quantopelosdoGrupoII(Rural).Percebe-se,por ambososgrupos,umconteúdodevaloraçãopositivapara esteambiente,noqueserefereaosaspectosmaisligadosà próprianatureza,conformepodeservistonaTabela2
Tabela2.Resultadosdasredessemânticasparaoconceitoderural
Urbano Rural
NR PS DSQ NR OS DSQ
Campo 495 100% Campo 454 100%
Plantações 445 89,90% Arpuro 382 84,14% Fazendas 400 80,80% Animais 364 80,20% Sítios 294 59,40% Agricultura 273 60,13%
Rios 278 56,20% Natureza 228 50,22%
Agricultura 201 40,60% Rios 211 46,47%
Vegetação 170 34,34% -
-Notas: NR=Núcleo da Rede; PS=Peso Semântico; DSQ= Distância SemânticaQuantitativa.
Emrelaçãoaoconceitodeurbano,pode-seobservarna Tabela3,queapalavracidade foieleitacomoamaisim-portante,istoé,comosendoaquemelhorrepresentaesse
conceito.Nonúcleodaredeaindafiguramasdefinidoras: população,poluição,industrialização,barulho,ruas,violên-cia,pessoas,trânsitoeagitação.Chamaaatençãoofatode que,diferentementedoquepodeserpercebidonaTabelaII, aquiaparecematribuiçõesdeconteúdonegativoemambos osgrupos,sendoque,commaiorênfasenogrupoconstituído pelosquehabitamoambienterural,paraoqual,excetono queconcerneàdefinidoracidade,todasasdemaisdefinidoras apresentamaspectosnegativos.
Tabela3.Resultadosdaredesemânticaparaoconceitodeurbano
Urbano Rural
NR PS DSQ NR OS DSQ
Cidade 794 100% Cidade 813 100%
População 490 62,22% Poluição 364 44,77% Industrialização 271 34,13% Barulho 345 42,43%
Ruas 252 31,74% Violência 201 24,72%
Pessoas 249 31,40% Trânsito 190 23,40%
Agitação 229 28,84% -
-Notas: NR=Núcleo da Rede; PS=Peso Semântico; DSQ= Distância SemânticaQuantitativa.
Discussão
Oconceitodecooperativa,comosuposto(Albuquerque, 1999),gozadeumaconotaçãofavorável,poisfoiconstatado queagregaumvalorsemânticoatrativo.Corrobora-seisto quandoverificadososnúcleosdasredesdeambososgru-pos,ruraleurbano.Estesgruposcompartem,semgrandes diferenças,palavrasvaloradassocialmente.Veja-se,como exemplo,adefinidoraajuda,quefoiatribuídacomoamais representativatantoparaoGI–Urbano,quantoparaoGII –Rural,poisteveomaiorpesononúcleodasredesrurais eurbanas.Emtornodoconceitodecooperativagiramsig-nificadospositivos,quelhedãoumaatratividadesemântica definidaporpalavrascomogrupo,união,cooperação,soli-dariedade,companheirismo.
Comodito,desdecedoosagentessocializadoresimpri-memàscrianças,adolescentesejovensovalordotrabalho emgrupo,comosendoumsolosobreoqualsefomentariam sentimentosdesolidariedade,união,ajudamútuaecompa-nheirismo.Essefenômenoseobservaemváriosâmbitosde socialização, como nas escolas, através dos trabalhos em equipe,nasuniversidades,comosgruposdepesquisa,nos esportes,nasfamíliaseigrejas.Emtodasessasinstâncias,a cooperaçãoétidacomoumvalorasepreservareatémesmo umanormaparaoseubomfuncionamento.Dessaforma, conjugarforçasparaasoluçãodeproblemascomuns,como odesempregonocampoeoinchaçonasgrandescidades, revela-secomoumaatividadeassazatraente.
desseconceitoemformadeinstituição.Ora,dissodecorre oproblema.Estapassagem,deumvalorsocialparaasua operacionalização,temdeixadoumadistânciamuitoelevada entreosprincípiosquenorteiamacooperaçãoeasuaefeti-vaçãoatravésdocooperativismo.
Emestudosanteriores,citadosnestetexto,temosana-lisado várias experiências cooperativas e demonstrado o quãodifíciléumdessesempreendimentosquefuncionede modopróprio.TodosrecorremàsburrasdoEstadooude algumoutroagentefinanciadorexternoparasemanterem atuando.Então,torna-selegítimoinvestigarosporquêsnão sódapropensãoaofracassodessasorganizações,enquanto entidadesprodutivasefinanceiras,mastambémdamanu-tençãodesuaauradepositividade,quevaideencontroa todasasevidências.
Aquientramosemumterrenomaissutil,queéodaper-cepçãosocial.Ouseja,depoisdetantasanálisessobreestas organizações,emqueseconstatamasfragilidadesnaapli-caçãodosseusnobresprincípios,asdificuldadesemmanter umprocessoadministrativocoerentecomseusideárioseo fracassofinanceirodasuagrandemaioria,pode-sepergun-tarcomoaindamantêmasuapopularidade.Asexplicações variamemdiversostons,porémtodosformamumconjunto compreensível.
Em primeiro lugar, deve-se entender que este tipo de organizaçãonãoestáisentadeconteúdoideológico.Osque defendemocooperativismocomoumasoluçãoparaacrise econômica,odesempregoeoutrosproblemas,esposamprin- cípioscomosquaistodosconcordamoseque,emúltimains-tânciapostulamodesenvolvimentosocialjustoeeqüitativo, demodoapossibilitaratodosoacessoàqualidadedevida ecidadania.Oproblemaéqueentreodesejoearealização seencontraumfosso.Masestadiscussãonãoénova.Não foiàtoaquesecunhoudesocialistasutópicosautorescomo Fourrier,Proudhom,Orwelleoutros,quedefendiamocoope-rativismocomomolapropulsoradasmudançasnasestruturas sociais.Eramcontestadoscomosendoutópicos,porqueseas cooperativasseassentavamsobreumabasehistoricamente determinada,estavamdestinadasaseguiroseucaudalenão poderiammudarseurumo.Entãooprimeiropontoaabordar éocaráterideológicodocooperativismo.Sobreesteaspecto, Rios(1989)chamaaatençãoparaarecuperaçãodotermo “cooperativa”,paraserviraosinteressesdasclassesdomi-nantesedasuautilizaçãocomoinstrumentodecontrole,no lugardemudançasocial.Hoje,vemosaindafortesreflexos dessaposturaideológica,quandomuitosdefendemocoope-rativismocomoalavancademudançasdasestruturassociais, eemseunomearrancamempréstimosesubvenções,para depoisoEstadocobrirosprejuízos.Istoaconteceporque, emgeral,osbancosprivadosnãoemprestamaestetipode organização.Geralmente,aesquerdaentracomodiscurso eadireitaseaproveitadosrecursos.Aesterespeito,muitos argumentamutilizando-sedeumatipologiaentreasfalsas easverdadeirascooperativas,umargumentoadhocpara justificarumasituaçãoemquetodospagamparapoucos, quenemsãonecessariamenteosmaispobres.
Esteaspectoideológicodesustentaçãodocooperativismo justificaapresençadoEstadocomofinanciadordiretoou indiretodestasorganizações,quersejapormeiodeemprés-timossubvencionados,quersejapormeiodedaisençãode
impostos, gerando uma concorrência privilegiada com as organizações não subvencionadas. Mas tudo isto poderia serapenasumadisputaporverbaspúblicas,emqueapopu-laçãoestivessealheia,comoemtantasoutrasocasiõestem ocorrido.Entretanto,eesteéodadoreveladordapesquisa, existe arraigada na população uma percepção de que as cooperativaseocooperativismosãoinstrumentoslegítimos deatuaçãosubvencionada,porquesãopalavrasagregadasde valoressocialmentepositivos,demaneiraquesuplantamas evidênciasdefracasso,dandorespaldoelegitimidadetantoao discursoideológico,quantoàpráticaqueabsorvedoEstado, recursosquepoderiamseraplicadosemoutrasinstânciase commelhoresresultados.
Contudo, também existem fatores de ordem psicosso-cialquepodeminfluenciarnofracassoounasdificuldades em administrar este tipo de organização, pois se referem à produtividade grupal. Neste sentido, os conhecimentos desenvolvidos no campo da facilitação social; os estudos sobreoimpactoquepodemteros“outros”,mesmosendoa merapresença,naproduçãoesoluçãodetarefasnogrupo, delongatradiçãonapsicologiasocialexperimental,podem seradequadamenteutilizadosnasoluçãodeproblemasna produtividadedascooperativas.
Aesserespeito,podem-secitartrêsaspectoscríticos:a distribuiçãodosresultados,adistribuiçãodasinformaçõese adistribuiçãodasrespostas(Kelley&Thibaut,1968).Sobre estaúltimavariável,nota-sefacilmenteseuefeitonoproces-sodetomadadedecisõespelogrupo,pelosmembrosque oconstituem.Comoossócioscompreendemacooperativa comodetodos,comdireitoseresponsabilidadesiguais,pode darlugaràocorrênciadofenômenodedifusãoderesponsa-bilidades(Darley&Latané,1968),emquetodosesperam queopróximosejaquemdevatomaradecisãoemassumir oônusdotrabalhooudaorganização.Provavelmente,esta variávelestáportrásdemuitasqueixasefracassosdecoo-perativas.Nessesentido,ostrabalhosempreendidosnalinha dafacilitaçãosocial,porDarleyeLatané(1968)eLatané (1981),emtornodoconceitode“preguiçasocial”,podem subsidiararesoluçãodeproblemasnascooperativas.Ainda é importante destacar que nem sempre o comportamento cooperativo resulta num nível de resultados satisfatórios paraogrupo,vistoquedependedograuqueatarefaexige de atividade coordenada (Gahagan, 1976). Além disso, pode-se verificar que nem sempre as pessoas são procli-vesacooperar.Algunsexperimentosnapsicologiasocial, acercadestavariável,mostraramquemesmoemsituações nas quais a cooperação produzia mais benefícios para os grupos, os seus membros preferiam competir ao invés de cooperar (Freedman, Carlsmith & Sears, 1970). O estudo sistemáticodestasvariáveis,comefeito,podejogarluzpara oentendimentodosprocessosgrupaisnascooperativas,ao mesmotempoemqueabremumaavenidaparaarealização depesquisasquetestemasrelaçõesdeimportantesfatores paraoimpactosocial,quevisemcompreendervariáveisque facilitemaprodutividadeeque,concomitantemente,detec-temaquelasqueestariamgerandoinibiçãodaprodutividade nogrupo.Esteéumfortecampodepesquisafundamentale deaplicaçãoparaapsicologiasocial.
umacompreensãodesseambientecomosefosseumbloco monolíticoecompreendendoelementosprópriosdoagrário, comocomentadoemtrabalhoanterior(Albuquerque,2001). Istopodeserratificadoquandoseobservaonúcleodarededo conceitodeurbano.Nota-seatendênciaadicotomizaresses ambientescomosefossemtotalmenteopostosecomosefosse inconcebível a interseção de alguns elementos. Reflete-se, assim,osensocomumqueaindanãoconseguevisualizarum ambienteruralnoqualaindustrializaçãojáchegou,mesmo queaindadeformatímida,pormeiodapresençadefábricas, pequenasempresaseserviçosmais“sofisticados”,entreoutros avanços.Nãoseconsegueaindapensá-locomoumambiente capazdelidarcomoutrostiposdeatividadesquenãosejam aagriculturae/oupecuária.Percebeu-sequeaimagemque osestudantestêmdoruralaindaéeminentementecampestre oururícola.Possivelmenteelesrefletemaimagemquetodos têm,inclusiveosagentesresponsáveisemdeliberarpolíticas públicas,oquesignificaqueosplanosdedesenvolvimento ruraltendemadestinarmaisincentivosparaestaparteagrária doqueparaatividadesvoltadasparaossetoresdeindústria oudeserviços.Ouseja,aoinvésdeseincentivaratividades comoacriaçãodepequenasindústriasdetransformaçãooua formaçãodeserviços,aindasepensanapartemaisprimária daprodução,justamenteaquelaquetemmaisdificuldadede desenvolver-se,talvezporseraquemenosvaloragregaaos produtos.Dissoseaproveitam,muitasvezes,latifundiáriosou gruposempresariais,emdetrimentodaquelesquerealmente necessitamdessassubvenções.Reputa-sequefinanciarum hectare de cana-de-açúcar é tão importante para o desen-volvimentolocalquantoumabandaderockoudeforró.O querealmenteimportaéageraçãodeempregoerenda,de maneiraquepermitaaoscidadãos,principalmenteaosjovens, a permanência em seus ambientes com qualidade de vida. Comoefeitorealmentebenéfico,istopodegeraradiminuição doafluxoparaosgrandescentros,porsisósuperlotadosde suasprópriasmazelasepelofatodesepodercontarcomuma políticaadequada,trazerdevoltaaquelesquepornecessidade partirameque,semopção,alipermanecem.
Conclusão
Conforme se verificou nesta pesquisa, a técnica de redes semânticas naturais pode figurar em estudos sobre ferramentasmetodológicasdeinvestigaçãonomeiorural, podendoinstigarnovasinvestigaçõessobreconceitosvin-culadosaodesenvolvimentorural.Estesestudos,emquese averiguaoprocessodeformaçãodeconceitos,tomamparte nosprincipaisinteressesdoscientistascognitivos(Gardner, 1996;Thagard,1998).Ademais,osresultadosdasredesdos conceitostratadostambémpodemauxiliarnaconstruçãode instrumentosdemedidaparasurvey,emquesepretenda,por exemplo, mensurar atitudes frente ao ambiente rural e/ou aosmoradoresdesseambiente.Paramaioresdetalhessobre aconstruçãodeescalaspsicométricas,apoiadanatécnicade redessemânticas,pode-seconsultarReyes-Lagunes(1993) ouMedina(1993),que,numaperspectivaetnopsicológica, serve-sedessatécnicaparaaconstruçãodeumaescalade autoconceitoparamexicanos.
Essetipodepesquisa,queobjetivaumaaproximaçãocon-ceitual,deveserestimuladoquandoseconhecepoucodeum
temanapsicologiasocial,comoéocasodoambienterural edasorganizaçõescooperativas.Apesardeseapresentarem resultadosqueindicampossibilidadesdepesquisasfuturas, deve-seassinalar,todavia,queessetipodeinvestigaçãoainda émuitoincipientenoBrasil.Porconseguinte,carece-sede ummaiornúmerodecomparaçõesquepossamestabelecer resultadosmaisrepresentativosefidedignos.
Deacordocomosdadoscoligidos,sugerem-sepesqui-sasdeavaliaçãoacercadascooperativas,pois,comosugere Albuquerque(2002),elasestãomaispropensasaofracassodo queaoêxito.Autoresquedefendemestetipodeorganização não apresentam dados empíricos que a suportem (Singer, 1998),demodoqueosfinanciamentosquesãodirigidosaes-sasorganizaçõespoderiamestarcumprindomelhorseupapel sefossemdestinadosaoutrossetores,comosaúde,educação públicaeserviçosparaatendimentoaocidadão,incentivando, porexemplo,novosvetoresdaeconomianomundorural, desdepequenoscomérciosatégruposculturaisoumusicais. Dissopoderiaresultarumduplobenefício,quesetraduzem melhorescondiçõesparaafixaçãodetrabalhadoresengajados nodesenvolvimentodomeiorurale,conseqüentemente,na diminuição da super concentração nas médias e grandes cidades,comocaossocialqueistoacarreta.
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Recebidoem06.06.2003 Primeiradecisãoeditorialem16.06.2004 Versãofinalem15.07.2004 Aceitoem25.07.2004