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Sistemática e taxonomia de Rudgea Salisb. (Palicoureeae, Rubiaceae)

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(1)

CARLA POLESELLI BRUNIERA

Sistemática e taxonomia de Rudgea Salisb.

(Palicoureeae, Rubiaceae)

SÃO PAULO

(2)

CARLA POLESELLI BRUNIERA

Sistemática e taxonomia de Rudgea Salisb.

(Palicoureeae, Rubiaceae)

Tese apresentada ao Instituto de Biociências

da Universidade de São Paulo, para a

obtenção de Título de Doutor em Ciências, na

Área de Botânica.

Orientador: Prof. Dr. Milton Groppo Jr

Co-orientadora: Dra. Daniela Cristina Zappi

SÃO PAULO

(3)

 

Bruniera, Carla Poleselli

Sistemática e taxonomia de

Rudgea

Salisb.

(Palicoureeae, Rubiaceae)

273 páginas

Tese (Doutorado) - Instituto de Biociências da

Universidade de São Paulo. Departamento de Botânica.

2015.

1.

Rudgea

2.Rubiaceae 3.Palicoureeae 4.Filogenia

I.Universidade de São Paulo. Instituto de Biociências.

Departamento de Botânica.

Comissão Julgadora:

Prof(a). Dr(a)

.

Prof(a). Dr(a).

Prof(a). Dr(a). Prof(a). Dr(a).

(4)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ao Mateus e à Lara, que chegaram no meio do

caminho e viraram minha vida de ponta cabeça,

obrigada por bagunçarem tudo e fazerem dessa nossa

bagunça o melhor lugar para viver. Hoje vivo para

(5)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“O sucesso nasce do querer, da

determinação e persistência em se chegar

a um objetivo. Mesmo não atingindo o

alvo, quem busca e vence obstáculos, no

mínimo fará coisas admiráveis”

José de Alencar

(6)

Agradecimentos 

 

 A  presente  tese  é  produto  de  muito  empenho  e  esforço  individual  e  conjunto.  Por  isso,  gostaria  de  agradecer  a  todos  que  contribuíram  de  alguma  forma  para  que  este  trabalho pudesse ser realizado, em especial: 

Ao  Programa  de  Pós‐Graduação  em  Botânica,  do  Departamento  de  Botânica,  Instituto  de  Biociências  da  Universidade  de  São  Paulo  pelo  Curso  de  Pós‐Graduação  e  aos  membros  da  Secretaria  dos  respectivos  Departamento  e  Instituto,  por  estarem  sempre  dispostos a auxiliar quando necessário; 

Ao Departamento de Biologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão  Preto,  por  disponibilizar  as  instalações,  equipamentos,  materiais  e  técnicos  de  seus  laboratórios para o desenvolvimento deste estudo; 

À Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (FAPESP), pela concessão  da  bolsa  de  doutorado  (Processo  2010/18172‐4)  e  do  Auxílio  à  Pesquisa  (Processo  2011/10446‐0), sem o qual não teria sido possível desenvolver este trabalho; 

À  Coordenação  de  Aperfeiçoamento  de  Pessoal  de  Nível  Superior  (CAPES)  e  ao  Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela concessão das  bolsas  de  doutorado  através  do  Programa  de  Pós‐Graduação  em  Botânica  (IB‐USP)  no  primeiro ano do doutorado; 

Ao  Prof.  Dr.  Milton  Groppo,  por  aceitar  a  orientação  dos  meus  projetos  desde  a  graduação,  pela  confiança  no  desenvolvimento  deste  trabalho,  pelas  oportunidades  concedidas que têm contribuído para minha formação profissional e pela amizade; 

À  Dra.  Daniela  Cristina  Zappi,  co‐orientadora  deste  trabalho,  por  ter  confiado  na  minha capacidade de desenvolver este projeto e por ter aceitado compartilhar seu grupo de  estudo, seus conhecimentos, materiais, literaturas de difícil acesso e ilustrações, por ter sido  uma  orientadora  e  colaboradora  essencial  para  o  desenvolvimento  deste  trabalho,  e  pela  amizade durante estes anos; 

(7)

discutir e auxiliar nas questões taxonômicas e pelas oportunidades concedidas durante estes  anos; 

Ao  Missouri  Botanical  Garden,  pela  concessão  da  Bolsa  “Elizabeth  E.  Bascom”,  concedida  anualmente  à  latinas‐americanas,  propiciando  a  visita  e  permanência  por  um  período de ca. 40 dias no herbário do Missouri Botanical Garden, no qual grande parte dos  dados  deste  trabalho  foram  coletados,  propiciando  também  uma  grande  experiência  em  trabalhar  em  uma  Instituição  Estrangeira  de  Excelência  em  Pesquisa  com  Sistemática  e  Taxonomia de Plantas; 

Às  pessoas  que  foram  essenciais  durante  minha  estadia  no  Missouri  Botanical  Garden:  a  Dra.  Charlotte  Taylor,  que  me  supervisionou  e  orientou  durante  este  período,  e  também  pelo  passeio  na  cidade  de  Saint‐Louis,  idas  às  hamburguerias,  e  pelo  jantar  de  Thanksgiving;  à  Kathy  Hurlbert,  por  ter  auxiliado  no  planejamento  da  viagem;  à  Alba  Arbelaez, pela amizade e pela auxílio sempre que necessário; às funcionárias da Biblioteca  Peter  Raven,  que  estavam  sempre  disponíveis  para  auxiliar;  aos  demais  pesquisadores  e  funcionários, principalmente à Rosa Ortiz‐Gentry, Carmen Ulloa e John Pruski pela amizade e  assistência  durante  o  período;  e  também  à  Sarah  Souza  e  à  Nállarett  Dávilla,  pelo  companheirismo durante o período, que construiu uma boa amizade entre nós; 

Ao Laboratório de Sistemática de Plantas, do Departamento de Biologia da FFCLRP; à  sua  técnica  Maria  Helena  Pires,  pela  disponibilidade  e  auxílio  em  todos  os  momentos  necessários;  aos  estagiários  e  pós‐graduandos  deste  laboratório  pelo  apoio,  sugestões,  discussões e amizade: Anelize Barbosa, Camila Dias, Carimi Cortez, Carolina Ferreira, Luciano  Margalho, Luisa Lemos, Paola de Lima Ferreira e Milton Henrique Ferreira, especialmente à  Camila Dias e Paola de Lima Ferreira, pela ajuda na obtenção de dados moleculares, como  bolsistas de treinamento técnico vinculadas a este trabalho; 

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Aos membros da banca de qualificação, Prof. Dr. José Rubens Pirani, Dr. Pedro Fiaschi  e Dra. Maria Fernanda Calió, pelas valiosas opiniões e sugestões a este trabalho durante seu  andamento.  E  também  à  Profa.  Dra.  Lúcia  Garcez  Lohmann,  pelas  sugestões  na  banca  de  ingresso, que foram muito importantes na delimitação do projeto inicial; 

Aos queridos amigos botânicos que me acompanharam em campo, ou que coletaram  amostras de Rudgea contribuindo com o trabalho, especialmente à Adriana Lobão, Juliana El  Ottra, Mariana Saavedra, Mateus Fortes dos Santos, Pablo Viany e Pedro Fiaschi. E aos guias  e  auxiliares  de  campo  que  foram  essenciais  nas  coletas,  principalmente  nas  expedições  na  Amazônia e no Peru; 

Aos  herbários  e  seus  respectivos  curadores,  pelos  empréstimos  e  doações  de  exsicatas  concedidas  ao  herbário  SPFR,  indispensáveis  para  este  estudo:  BHCB,  ESA,  GB,  HRCB, HUEFS, INPA, K, MBML, MO, OUPR, P, RB, SP, SPF, UEC and UPCB. Em especial à Dra.  Rafaela Forzza, curadora do herbário RB e ao Dr. André Amorim, curador do herbário CEPEC,  por  incentivarem  e  possibilitarem  o  uso  das  dependências  dos  respectivos  herbários  para  coletas de campo; 

Ao Laboratório de Biologia Molecular de Plantas (Dep. de Biologia, FFLCRP – USP) e  ao Laboratório de Bioquímica e Biologia Molecular (Dep. de Tecnologia, UNESP Jaboticabal)  pelas  centenas  de  sequências  geradas  para  este  trabalho  e  às  respectivas  técnicas  destes  laboratórios, Dra. Andréa Quiapim e Dra. Agda Paula Facincani; 

Aos  botânicos  que  disponibilizaram  e  autorizaram  o  uso  de  fotos  de  suas  autorias  nesta tese: Alex Popovkin, Ana Magalhães C. Teixeira, Denise Sasaki, Eliana Gressler, Felipe  Amorim, Henrique R. Magalhães, Júlio L. Campbell, Luiz Funez e Milton Groppo; 

Ao  grupo  de  discussão  em  Sistemática,  coordenado  pelo  Prof.  Dr.  Eduardo  Almeida  (FFCLRP,  USP),  pelas  discussões  sempre  proveitosas  e  enriquecedoras  a  respeito  dos  Conceitos e Metodologias em Sistemática; 

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Às minhas amigas Sarah Leandrini, Carolina Laurini e Juliana Rando, e à minha prima  Fernanda Poliselli, por concederem hospedagem em São Paulo sempre que foi preciso; 

Às irmãs que a vida me deu, Graziele Ferreira, Giovana da Silva Leandro e Priscilla de  Campos, que são peças fundamentais na minha história e nunca me negaram apoio, mesmo  nos momentos mais complicados. À “Terra do Nunca” e a todas às amigas que passaram por  ela, pois se existia um lugar onde me sentia em casa, desde os tempos de agregada até virar  moradora, era ali. 

À  minha  família,  que  além  de  todo  o  amor  e  carinho,  me  concedem  apoio  total  e  constante na minha vida acadêmica. Em especial aos meus pais por me lembrarem sempre  dos meus objetivos e de nunca desviar o olhar daquilo que realmente queremos no futuro.  

À minha mãe Maria Aparecida Bruniera, à minha sogra Vera Lúcia Lopes e à minha  irmã Carina Bruniera Duarte, por não medirem esforços para cuidarem da Lara enquanto eu  trabalhava nesta tese, não tenho como mensurar minha gratidão à vocês.  

Ao  meu  companheiro  Mateus  Lopes,  por  ter  ajudado  e  colaborado  em  diversos  aspectos da tese, e por ter sido tão parceiro nos plantões de finais de semana e feriados no  Herbário e na USP. Obrigada também por todo o amor e carinho que me fazem ser tão feliz  e por ter me dado o melhor presente de todos, nossa pequena Lara. 

A todas às pessoas que não foram citadas, mas que ajudaram em viagens de coleta,  nas visitas aos herbários, durante os processos experimentais, na discussão de metodologias  e  de  resultados,  nas  questões  burocráticas,  ou  em  qualquer  outro  aspecto  deste  trabalho.  Muito obrigada! 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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ÍNDICE 

LISTA DE TABELAS, FIGURAS E APÊNDICES ... 1 

RESUMO ... 6 

ABSTRACT ... 7 

INTRODUÇÃO GERAL ... 9 

1. RUBIACEAE ... 9 

2. RUDGEA ... 12 

3. OBJETIVOS ... 14 

4. ORGANIZAÇÃO DA TESE ... 15 

REFERÊNCIAS ... 15 

CAPÍTULO 1 ‐ DELIMITATION OF RUDGEA SALISB. (PALICOUREEAE, RUBIACEAE) BASED IN  PHYLOGENETIC INFERENCE FROM MOLECULAR DATA AND IN MORPHOLOGICAL EVOLUTION  ANALYSES. ... 23 

ABSTRACT ... 23 

RESUMO ... 24 

INTRODUCTION ... 25 

MATERIALS AND METHODS ... 30 

RESULTS ... 42 

DISCUSSION ... 62 

CONCLUSION ... 75 

LITERATURE CITED ... 76 

CAPÍTULO 2 ‐ SYNOPSIS OF RUDGEA SALISB. (PALICOUREEAE, RUBIACEAE) FOR BRAZIL ... 94 

ABSTRACT ... 94 

RESUMO ... 94 

INTRODUCTION ... 95 

MATERIAL AND METHODS ... 97 

RESULTS AND DISCUSSION ... 98 

CONCLUSION ... 198 

REFERENCES ... 198 

CAPÍTULO 3 ‐ RUDGEA AGRESTEOPHILA AND R. HILEIABAIANA (PALICOUREEAE, RUBIACEAE): TWO  NEW SPECIES FROM EASTERN BAHIA, BRAZIL  ... 244 

CAPÍTULO 4 ‐ TAXONOMIC TRANSFERS IN  NEOTROPICAL PALICOUREEAE: NEW COMBINATIONS IN  RUDGEA AND PALICOUREA ... 258 

CONCLUSÃO GERAL E CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 272   

 

 

 

 

 

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Lista de Tabelas, Figuras e Apêndices 

Capítulo 1 

Table 1. Voucher information about sequences produced in the present work………..………..34  Table 2. GenBank acession numbers of sequences used in molecular analyses……….40  Table  3. Characteristics  of  the  markers/data  sets  used,  including  statistics  of  alignments  and  evolutionary  models suggested by jModelTest v.0.1.1 (Posada, 2008)……….………...43  Table 4. Summary of the distribution of the four morphological characters analysed in the five minor groups of  Rudgea………..……….….……69 

 

Figure.  1.  Majority‐rule  consensus  tree  from  the  106  most  parsimonious  trees  (CI=0.45,  RI=0.77)  from  combined datasets of rps16trnL‐trnF and ITS. The numbers above branches refers to bootstrap values. Taxa in  red  correspond  to  species  of  Rudgea.  The  clade  Rudgea  sensu  stricto  is  detailed  in  Fig.  2……….………46  Figure. 2. Clade Rudgea sensu stricto from majority‐rule consensus tree from the 106 most parsimonious trees  (CI=0.45,  RI=0.77)  from  combined  datasets  of rps16trnL‐trnF  and  ITS.  (Fig.  1).  The  numbers  above  branches  refers to bootstrap values………...47  Figure. 3. Majority‐rule consensus tree from the Bayesian analysis of the combined datasets of rps16trnL‐trnF  and ITS. The numbers above or on the side of the nodes refers to posterior probabilities. Taxa in red correspond  to species of Rudgea. The clade Rudgea sensu stricto is detailed in Fig. 4………48  Figure.  4.  Clade Rudgea  sensu  stricto  from  majority‐rule  consensus  tree  from  the  Bayesian  analysis  of  the  combined datasets of rps16trnL‐trnF and ITS (Fig. 3). The numbers above or on the side of the nodes refers to 

posterior probabilities.………..…49 

Figure. 5. Maximum Likelihood ancestral state reconstruction of morphological characters on the clade Rudgea  sensu  lato of the parsimony majority‐rule consensus tree of combined data, with reduced taxa. Pie diagrams  indicate ancestral state probabilities for each state of character at a given node……….53  Figure. 6. Maximum Likelihood ancestral state reconstruction of morphological characters traced on the clade 

Rudgea  sensu  lato  of  the  parsimony  majority‐rule  consensus  tree  of  combined  data,  with  reduced  taxa.  The  color of the branches indicates the most probable ancestral state for a given character……….54  Figure. 7. Maximum Likelihood ancestral state reconstruction of morphological characters on the clade Rudgea  sensu  lato of the parsimony majority‐rule consensus tree of combined data, with reduced taxa. Pie diagrams  indicate ancestral state probabilities for each state of character at a given node……….56  Figure. 8. Maximum Likelihood ancestral state reconstruction of morphological characters traced on the clade 

Rudgea  sensu  lato  of  the  parsimony  majority‐rule  consensus  tree  of  combined  data,  with  reduced  taxa.  The  color of the branches indicates the most probable ancestral state for a given character……….57  Figure. 9. Maximum Likelihood ancestral state reconstruction of morphological characters on the clade Rudgea  sensu  lato of the parsimony majority‐rule consensus tree of combined data, with reduced taxa. Pie diagrams  indicate ancestral state probabilities for each state of character at a given node……….58  Figure. 10. Maximum Likelihood ancestral state reconstruction of morphological characters traced on the clade 

Rudgea  sensu  lato  of  the  parsimony  majority‐rule  consensus  tree  of  combined  data,  with  reduced  taxa.  The  color of the branches indicates the most probable ancestral state for a given character……….59  Figure.  11.  Maximum  Likelihood  ancestral  state  reconstruction  of  morphological  characters  on  the  clade 

Rudgea  sensu  lato  of  the  parsimony  majority‐rule  consensus  tree  of  combined  data,  with  reduced  taxa.  Pie  diagrams indicate ancestral state probabilities for each state of character at a given node………..60  Figure. 12. Maximum Likelihood ancestral state reconstruction of morphological characters traced on the clade 

(12)

Figure. 13. Examples of stipules found in Rudgea. A. Bilobed‐fimbriate stipule of R. woronovii. B. Entire stipule  of R. stipulacea. C. Fimbriate stipule of R. sessilis subsp. sessilis. D. Dorsally keeled stipule of R. macrophylla. E.  Dorsally keeled stipule of R. nobilis. Photos by C.P. Bruniera………...66   

Appendix  1.  Characters  and  the  respective  states  used  in  the  evolution  analyses  of  morphological  characters………84  Appendix 2. Matrix of morphological data………..………..85  Appendix 3. Majority‐rule consensus tree from the parsimony analysis of rps16. The numbers above branches  refers to bootstrap values.……….………….…..87  Appendix  4. Majority‐rule consensus tree from the Bayesian analysis of rps16. The numbers above or on the  side of the nodes refers to posterior probabilities. ………..………..………88  Appendix  5.  Majority‐rule  consensus  tree  from  the  parsimony  analysis  of trnLtrnF.  The  numbers  above  branches refers to bootstrap values.………..………...89  Appendix 6. Majority‐rule consensus tree from the Bayesian analysis of trnLtrnF. The numbers above or on the  side of the nodes refers to posterior probabilities.………..……….…..90  Appendix  7.  Majority‐rule  consensus  tree  from  the  parsimony  analysis  of  ITS.  The  numbers  above  branches  refers to bootstrap values.………..………..91  Appendix 8. Majority‐rule consensus tree from the Bayesian analysis of ITS. The numbers above or on the side  of the nodes refers to posterior probabilities.………..………..92    Capítulo 2   

(13)
(14)

of  inflorescence.  [A: Noblick  1738  (HUEFS);  B,  C: Jardim  4635  (HUEFS);  D: Grogan  558  (INPA);  E: Grogan  397  (INPA); F: Grogan 583 (INPA); G, H: Pohl 805 (K, type)]. Drawn by Maíra Clasen Massarani...228  Figure 27. A‐B. Rudgea francavillana. A. Inflorescence. B. Detail of inflorescence. C‐G. Rudgea gardenioides. C.  Branch with inflorescence. D. Stipule. E. Flowerbud. F. Corolla and stamens. G. Calyx, longitudinal section. [A‐B:  Taken from Zappi (2003: 558); C‐G: Taken from Zappi (2003: 581)]. Drawn by Daniela C. Zappi...229  Figure  28.  A‐C.  Rudgea  graciliflora.  A.  Branch  with  infrutescence.  B.  Stipules.  C.  Flower.  D‐J. Rudgea  hileiabaiana. D. Branch with inflorescence. E. Stipule. F. Flowerbud. G. Flower. H. Fruit. I. Seed, dorsal view. J.  Seed, ventral view. [A: Rodrigues 8302 (INPA); B: Jardim 4521 (HUEFS); C: Assunção & Pereira 393 (INPA); D, F,  G: Santos  3882  (SP);  E: Fiaschi  1880  (SPF);  H: Thomas  11917  (SP);  I,  J: Fiaschi  2121  (SPF)].  Drawn  by  Maíra  Clasen Massarani...230  Figure 29. A‐C. Rudgea hostmanniana. A. Branch with infrutescence. B. Stipule. C. Fruit. D‐F. Rudgea ilheotica.  D. Branch with old inflorescence. E. Stipule. F. Fruit. [A‐C: Prévost & Sabatier 4154 (MO); D‐F: Sobral & Toscano  6800 (SP)]. Drawn by Maíra Clasen Massarani...231  Figure  30.  A‐D. Rudgea  insignis.  A.  Branch  with  solitary  flower.  B.  Stipule.  C.  Flower.  D.  Calyx,  longitudinal  section.  E‐I.  Rudgea  irregularis.  E.  Branch  with  infrutescence.  F.  Stipule.  G.  Corolla.  H.  Calyx.  I.  Fruit.  [A,  B: 

Duarte  1500  (SPFR);  C,  D:  Taken  from  Zappi  (2003:  541);  E,  F: Lughadha  &  Queiroz  53337 (SPFR);  G‐I:  Taken  from Zappi (2003: 581)]. Drawn by Maíra Clasen Massarani (A, B, E, F) and Daniela C. Zappi (C, D, G‐I)...232  Figure 31. A‐C. Rudgea jacobinensis. A. Branch with infrutescence. B. Stipule. C. Flower. D‐F. Rudgea japurensis.  D. Stipule. E. Inflorescence. F. Fruit. G‐J. Rudgea jasminoides subsp. corniculata. G. Branch with inflorescence.  H. Fragment of inflorescence. I. Flowerbud. J. Flower. [A: Amorim 3008 (SP); B: França 3181 (HUEFS); C: Mori  11167 (RB); D, F: Romaniuc Neto 495 (SPFR); E: Delprete 8016 (MO); G‐J: Taken from Zappi (2003: 522)]. Drawn  by Maíra Clasen Massarani (A‐F) and Daniela C. Zappi (G‐J)...233  Figure  32.  A. Rudgea  lanceifolia.  Flower.  B‐E. Rudgea  longiflora.  B.  Branch  with  inflorescence.  C.  Stipule.  D.  Flower. E. Fruit. F. Rudgea longipes. Branch with inflorescence. G‐I. Rudgea macrophylla. G. Calyx. H. Corolla. I.  Fruit.  [A: Van  der  Werff  10024  (MO);  B‐D: Grogan  399  (INPA);  E: Sasaki  1200  (INPA);  F: Saint‐Hilaire  s.n.  (P,  type); G‐I: Taken from Zappi (2003: 534)]. Drawn by Maíra Clasen Massarani (A‐F) and Daniela C. Zappi (G‐I)...  ...234  Figure 33. A‐E. Rudgea minor subsp. minor. A. Branch with infrutescence. B. Detail of Inflorescence. C. Flower.  D. Fruit. E. Pyrene, ventral view. F‐I. Rudgea minor subsp. calycina. F. Branch with infrutescence. G. Flowerbud.  H.  Flower.  I.  Fruit.  [A‐E,  G:  Taken  from  Zappi  (2003:  562);  F,  I: Fiaschi  3504  (SPFR);  H: Brade  14983 (SPFR)].  Drawn by Daniela C. Zappi (A‐E, G) and Maíra Clasen Massarani (F, H, I)...235  Figure 34. A. Rudgea mucronata. Branch with infrutescence. B‐G. Rudgea nodosa. B. Branch with inflorescence.  C.  Inflorescence.  D.  Flower.  E.  Fruit.  F.  Pyrene,  dorsal  view.  G.  Pyrene,  ventral  view.  H‐J.  Rudgea  obtusa.  H.  Branch with inflorescence. I. Stipule. J. Flower. [A: Assis & Cribari 2677 (K); B: Jardim & Lopes 3940 (HUEFS); C‐ G: Taken from Zappi (2003: 562); H: Sidney & Onishi 1334 (RB); I: Thomas 4532 (SPF); J. Prance & Silva 59489 

(MO)]. Drawn by Maíra Clasen Massarani (A, B, H‐J) and Daniela C. Zappi (C‐G)...236  Figure  35.  A‐C. Rudgea  pachyphylla.  A.  Branch  with  inflorescence.  B.  Flowerbud.  C.  Corolla.  D.  Rudgea  palmarum.  Branch  with  inflorescence.  E‐G.  Rudgea  panurensis. E.  Branch  with  infrutescence.  F.  Stipule.  G.  Inflorescence. [A‐C: Costa 498 (RB); D: Krukoff 8561 (BR); E, F: Vásquez & Jaramillo 16124 (MO); G: Revilla 1447 

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Daniela C. Zappi...239  Figure  38.  A‐E.  Rudgea  reticulata.  A.  Branch  with  infrutescence.  B.  Corolla.  C.  Calyx.  D.  Calyx,  longitudinal  section.  E.  Fruit.  F‐H.  Rudgea  sessilis subsp.  sessilis.  F.  Inflorescence.  G.  Corolla.  H.  Calyx.  I. Rudgea  sessilis 

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RESUMO 

 

  A  sistemática  da  família  Rubiaceae  passou  por  grandes  mudanças  nas  últimas  duas  décadas.  O  uso  de  dados  moleculares  levou  a  revisões  significativas  na  classificação  intra‐ familiar, principalmente a nível genérico. As relações entre alguns dos gêneros neotropicais  mais diversos de Rubiaceae (e.g. PsychotriaPalicourea e Rudgea) estão sendo investigadas.  O gênero neotropical Rudgea possui c. 130 espécies, distribuídas do México ao nordeste da  Argentina, com dois centros de diversidade, um no noroeste da América do Sul, e outro no  sudeste do Brasil. As espécies são caracterizadas pelas estípulas inteiras ou fimbriadas, com  apêndices  glandulares,  presença  de  domácias  nas  folhas,  inflorescência  terminal,  lobos  da  corola  corniculados  e  sementes  profundamente  sulcadas  na  face  adaxial.  Trabalhos  filogenéticos anteriores incluíram uma amostragem limitada de espécies do gênero Rudgea.  Nossas análises moleculares mostram Rudgea como um gênero monofilético com a exclusão  de R.  woronovii,  uma  espécie  mais  próxima  de Palicourea  sensu  lato.  Por  outro  lado, R. 

stipulacea  emergiu  como  grupo‐irmão  das  demais  espécies  de  Rudgea,  sendo  o  grupo  formado  por  estas  espécies  altamente  sustentado  e  denominado  “Rudgea sensu  stricto”.  Mudanças  taxonômicas  serão  necessárias  para  acomodar  Rudgea  stipulacea,  e  uma  classificação infragenérica de Rudgea será proposta, com suporte molecular e morfológico.  Além  da  análises  filogenéticas,  também  foi  realizado  um  tratamento  taxonômico  para  as  espécies brasileiras de Rudgea, com 64 espécies aceitas e 26 sinônimos novos. Informações  nomenclaturais  completas  foram  fornecidas  e  36  lectótipos  foram  designados.  Chaves  de  identificação  para  as  espécies  e  subespécies  (quando  apropriado)  também  foram  apresentadas.  Informações  sobre  distribuição  geográfica,  habitat,  fenologia,  discussões  taxonômicas, material examinado e figuras também foram apresentadas. Este é o primeiro  tratamento  de Rudgea  para  o  Brasil  desde  a  monografia  de  Mueller  Argoviensis  em  1881  para a Flora Brasiliensis. Como parte dos estudos taxonômicos em Rudgea, o manuscrito que  compreende  as  descrições  de  duas  novas  espécies  da  Bahia  (Brasil)  e  o  manuscrito  com  novas combinações em Rudgea e Palicourea sensu lato também foram incluídos nesta tese.   

 

 

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ABSTRACT 

 

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INTRODUÇÃO

GERAL

  Rudgea insignis

 

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INTRODUÇÃO GERAL 

 

1. Rubiaceae   

Rubiaceae  Juss.  é  a  quarta  maior  família  entre  as  Angiospermas,  com  aproximadamente  611  gêneros  e  13100  espécies  (Govaerts et  al.  2015),  classificadas  em  mais  de  40  tribos  (Bremer  &  Eriksson  2009).  A  família  possui  distribuição  cosmopolita  e  predominantemente  pantropical,  e  estão  presentes  nos  mais  diversos  habitats,  dos  “páramos” aos ambientes desérticos e áridos. Praticamente metade das espécies e um terço  dos  gêneros  ocorrem  no  neotrópico  (Delprete  2004,  Delprete  &  Jardim  2012).  No  Brasil  ocorrem 125 gêneros (17 endêmicos) e ca. 1400 espécies, das quais ca. 732 são endêmicas,  sendo  especialmente  diversa  nos  biomas  da  Amazônia,  Cerrado  e  na  Mata  Atlântica  (Barbosa et al. 2015). 

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esquizocárpicos,  bacáceos  ou  drupáceos.  Os  pirênios,  compostos  da  semente  e  do  endocarpo  coriáceo  ou  lenhoso,  são  encontrados  em  diversos  representantes  com  frutos  drupáceos.  As  sementes  são  livres,  imersas  em  tecido  placentário,  aladas  ou  excepcionalmente  com  um  tufo  de  pêlos,  1‐muitas  por  cada  lóculo,  com  endosperma  presente,  albúmen  abundante,  raramente  escasso  ou  ausente;  o  embrião  é  reto  ou  curvo,  com  radícula  superior  ou  inferior  (Robbrecht  1988;  Delprete  2004,  2010;  Delprete et  al.  2004; Jung‐Mendaçolli 2007). 

Apesar dessa grande variação morfológica, a família é reconhecida pela associação de  algumas  características:  folhas  opostas  (a  verticiladas),  com  lâmina  simples  e  inteira;  presença  de  estípulas  interpeciolares,  raro  intrapeciolares,  inteiras,  bífidas  ou  multifimbriadas;  corola  gamopétala;  estames  isostêmones  e  ovário  ínfero  (Delprete  2010).  Apesar  de  algumas  exceções,  estas  características  diagnósticas  estão  presentes  em  praticamente todos os gêneros e espécies da família. 

Alguns  representantes  da  família  são  utilizados  comercialmente,  sendo  de  maior  importância  econômica  o  gênero  Coffea,  que  atualmente  envolve  cultivares  de Coffea 

arabica L., C.  canephora Pierre ex A. Froehner e C.  liberica W. Bull ex Hiern, originários da  África e cultivados em regiões tropicais do mundo inteiro. A família também possui espécies  produtoras  de    alcalóides,  sendo  uma  das  principais  fontes  de  remédios  naturais  (e.g.  CinchonaLadenbergiaPogonopusUncaria),  alucinógenos  (e.g. Psychotria  viridis  Ruiz  &  Pav.)  e  venenos  (e.g.  Palicourea  e  Psychotria).  Muitos  gêneros  arbóreos  (e.g.  SimiraChimarrhisCalycophyllumParachimarrhisCapirona) são utilizados como fonte de madeira  para a construção de móveis, casas e barcos, enquanto outros produzem frutos comestíveis,  como  o  “jenipapo”  (Genipa  americana L.)  e  o  “puruí”  (Borojoa  sorbilis (Ducke)  Cuatrec.).  Muitas  espécies  de MussaendaPentas, Ixora  e Gardenia,  nativas  da  Ásia  tropical,  e  de  gêneros  neotropicais  como  Bouvardia,  Hamelia,  Ixora,  Manettia,  Pogonopus,  Randia,  Rondeletia  e Warszewiczia  são  cultivadas  como  ornamentais  na  América  tropical  (mais  informações em Delprete 2004).  

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Apesar da família ser atualmente considerada um grupo monofilético, a classificação  intrafamiliar  das  Rubiaceae  ainda  está  em  discussão.  Robbrecht  (1988)  propôs  uma  classificação  com  quatro  subfamílias  (Rubioideae,  Antirrheoideae,  Ixoroideae  e  Cinchonoideae) e 44 tribos. Estudos filogenéticos utilizando dados moleculares (e.g. Bremer  & Jansen 1991; Bremer & Eriksson 1992, 2009; Bremer et al. 1995; Bremer 1996; Bremer &  Manen  2000;  Rova et  al.  2002)  contrastaram  com  a  classificação  proposta  por  Robbrecht  (1988), indicando que a família deveria ser dividida preferencialmente em três subfamílias:  Rubioideae,  Ixoroideae  e  Cinchonoideae.  Em  todos  os  estudos  filogenéticos  Rubioideae  aparece como grupo monofilético e irmão das outras duas subfamílias. Apesar de rearranjos  consideráveis  estarem  sendo  propostos  nos  níveis  de  subfamília  e  tribo,  a  classificação  de  Robbrecht ainda é utilizada nos tratamentos florísticos em todo o mundo (Delprete 2004).  Além dos estudos de filogenia molecular já citados, outros estudos que contribuíram para a  sistemática  da  família  são:  Bremer  (1987),  Manen et  al.  (1994),  Natali et  al.  (1995,  1996),  Delprete (1996), Andersson & Rova (1999), Andreasen et al. (1999), Nepokroeff et al. (1999),  Persson (2000), Delprete & Motley (2001), Delprete & Cortés (2004), Andersson & Antonelli  (2005), Motley et al. (2005), Davis et al. (2007), Barrabé et al. (2012), Razafimandimbison et 

al.  (2014)  e  muitos  outros  envolvendo  diferentes  níveis  taxonômicos,  e  aumentando  consideravelmente o conhecimento a respeito da sistemática da família. 

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continuamente atualizada, de espécies brasileiras de criptógamas e fanerógamas, na qual a  família Rubiaceae é coordenada por Maria Regina Barbosa e Daniela Cristina Zappi (Barbosa 

et al. 2015).   

2. Rudgea   

O gênero Rudgea é exclusivamente neotropical, com ca. 130 espécies (Govaerts et al.  2015),  distribuídas  do  México  até  o  nordeste  da  Argentina,  com  dois  principais  centros  de  diversidade, um no Oeste da América do Sul (Peru, Equador, Colômbia) e outro no Sudeste  do  Brasil  (Espírito  Santo,  Rio  de  Janeiro)  (Zappi  2003).  Os  principais  ambientes  ocupados  pelas  espécies  deste  gênero  são  as  florestas  úmidas  da  Amazônia  e  da  Mata  Atlântica,  porém  diversos  representantes  ocorrem  também  em  ambientes  florestais  associados  ao  Cerrado  e  à  Caatinga,  como  matas  de  galeria,  matas  nebulares  e  florestas  semi‐deciduais  (Zappi 2003, 2006, 2007; Delprete et al. 2005a). 

As  espécies  de  Rudgea  são  caracterizadas  pelas  estípulas  inteiras  a  fimbriadas  com  apêndices  glandulares,  folhas  geralmente  com  domácias,  inflorescência  terminal,  flores  brancas,  cremes  ou  amareladas,  usualmente  com  lobos  corniculados  e  pirênios  adaxialmente  sulcados  (Zappi  2003,  Bruniera et  al.  in  press,  Taylor et  al.  submitted).  Além  disso, de acordo com Robbrecht (1989) e Piesschaert (1999), Rudgea pode ser definido por  seu  padrão  de  fendas  na  pré‐germinação  encontrado  nos  pirênios.  O  trabalho  de  Zappi  (2003) confirmou que a presença de duas fendas longas basais e marginais e uma a três (até  cinco) fendas longas basais abaxiais é um padrão constante encontrado nos representantes  do  gênero.  As  espécies  de  Rudgea  podem  ser  confundidas  com  espécies  dos  gêneros  CoussareaMargaritopsisPalicourea  ou  Psychotria,  no  entanto  além  das  estípulas  apendiculadas, não divididas de Rudgea, que é a característica mais utilizada para distinguir  o  gênero,  outras  características  podem  ser  úteis  na  diferenciação,  como  os  ramos  mais  lenhosos  e  menos  ramificados  e  as  flores,  que  são  maiores,  enquanto  em Margaritopsis  e 

Psychotria  os  ramos  são  menos  lenhosos  e  mais  ramificados.  Os  frutos  de Rudgea  são  consideravelmente maiores do que os encontrados em Psychotria e Palicourea. Além disso,  diferentemente de Faramea e Coussarea, onde apenas um óvulo se desenvolve, os frutos de 

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semente,  e  sua  ocorrência  é  correlacionada  com  o  aumento  no  tamanho  do  fruto  (Zappi  2003).  

Segundo  Zappi  (2003),  com  a  fragmentação  das  florestas  da  Serra  do  Mar  (nos  estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo), as coletas de espécies de Rudgea são  cada  vez  mais  escassas  já  que  os  distúrbios  provocados  pela  ação  humana  não  favorecem  plantas  como  espécies  de Rudgea,  que  são  lenhosas  e  com  crescimento  mais  lento  e  com  populações menores e com indivíduos mais esparsos do que outros gêneros de Rubiaceae,  como Psychotria e Palicourea. Ao contrário de Rudgea, estes dois últimos gêneros parecem  tornar‐se mais comuns em ambientes degradados. 

Em  relação  ao  seu  posicionamento  filogenético, Rudgea  está  inserida  na  subfamília  Rubioideae,  tribo  Palicoureeae  (Robbrecht  &  Manen  2006,  Barrabé  et  al.  2012,  Razafimandimbison et  al. 2014). Nestes dois últimos trabalhos foi constatado também que  Rudgea  é  filogeneticamente  mais  próximo  do  gênero  neotropical  Notopleura  (Benth.)  Bremek.  em  relação  aos  demais  gêneros  de  Palicoureeae  (e.g. Chassalia Comm.  ex  Poir., 

Geophila D.  Don, Margaritopsis C.  Wright, Palicourea  Aubl.  sensu  lato).  Apesar  de  vários  trabalhos envolvendo filogenias com a família Rubiaceae terem sido publicados nas últimas  décadas,  como  os  citados  anteriormente,  ainda  não  havia  sido  realizado  um  estudo  filogenético  com  o  gênero Rudgea  que  tivesse  incluído  uma  amostragem  adequada  deste  gênero para inferir as relações entre as espécies e até mesmo o monofiletismo do gênero.  Como Rudgea é um gênero com ca. 130 espécies, sua divisão em subgêneros ou seções foi  avaliada  neste  trabalho,  pois  a  subdivisão  pode  auxiliar  na  identificação  das  espécies  e  direcionar estudos mais aprofundados e monografias de partes do gênero. 

  Em relação aos trabalhos taxonômicos, a única revisão compreensiva das espécies de  Rudgea no Brasil foi publicada por Mueller Argoviensis (1881), incluída na primeira parte das  rubiáceas para a Flora Brasiliensis. Entre os principais estudos taxonômicos mais atuais com  o gênero destacam‐se os de: Zappi & Nunes (2000) para o norte do Brasil, Zappi (2003) para  o Sul e Sudeste do Brasil, Zappi & Steyermark (2004) para a Guiana Venezuelana, Delprete et 

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preparar uma sinopse do gênero para o Brasil, integrando os dados presentes na literatura e  os dados inéditos do presente trabalho.  

Com  a  análise  cladística  e  o  estudo  taxonômico  foi  possível  identificar  prováveis  sinapomorfias morfológicas que sustentem grupos monofiléticos dentro do gênero (aliados  ao estudo de evolução de caracteres). Assim, filogenias moleculares aliadas à identificação  de possíveis sinapomorfias morfológicas é de suma importância na delimitação do gênero e  de grupos infragenéricos.  Os estudos filogenéticos são de grande importância aos estudos  taxonômicos, pois grupos bem delimitados direcionam e otimizam estes trabalhos, além de  proporcionar  classificações  teoricamente  mais  estáveis.  Por  outro  lado,  um  estudo  filogenético é dependente do conhecimento taxonômico de um grupo, evidenciando que  a  abordagem taxonômica e filogenética são complementares. 

  3. Objetivos 

 

Dadas  as  considerações  expostas  acima,  essa  Tese  de  Doutorado  teve  os  seguintes  objetivos: 

1. Reconstruir a filogenia de Rudgea a partir de seqüências de DNA para investigar as  relações entre as espécies do gênero e com os gêneros próximos; 

2.  Investigar  o  padrão  de  evolução  de  características  morfológicas  selecionadas  ao  longo  da  diversificação  de Rudgea,  testando  se  haveria  suporte  morfológico  para  grupos  infragenéricos; 

3. Produzir uma sinopse do gênero para o Brasil, incluindo a delimitação do número  de  espécies,  chave  de  identificação,  lista  de  sinônimos,  distribuição  geográfica,  notas  taxonômicas e ilustrações; 

4.  Promover  o  intercâmbio  entre  a  doutoranda  e  pesquisadoras  de  Instituições  estrangeiras,  uma  vez  que  o  trabalho  contou  com  a  participação  das  especialistas  em  Rubiaceae, Dra. Charlotte Taylor (Missouri Botanical Garden, Saint‐Louis/EUA) e Dra. Daniela  Zappi (Royal Botanic Gardens, Kew/Inglaterra), co‐orientadora da doutoranda. 

 

 

 

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4. Organização da Tese   

  Além  da  Introdução  Geral,  a  Tese  foi  organizada  em  4  capítulos,  sendo  que  os  Capítulos 3 e 4 são manuscritos de artigos científicos, resultantes do desenvolvimento desta  tese. O capítulo 3 compreende a descrição de duas espécies novas de Rudgea para a Bahia, e  é um manuscrito já aceito e em vias de ser publicado (Bruniera et al. in press) pela Revista 

Phytotaxa. O Capítulo 4 compreende um artigo sobre transferência de nomes em Rudgea e  Palicourea sensu lato. Este trabalho resultou da viagem da doutoranda ao Missouri Botanical  Garden,  que  propociou  discussões  com  a  especialista  Dra.  Charlotte  Taylor  sobre  a  delimitação  de  espécies  originalmente  descritas  em Rudgea  ou  em Psychotria  subgênero 

Heteropsychotria  (hoje  inserido  em  Palicourea  sensu  lato).  Essas  discussões  unidas  à  colaboração da Dra. Daniela Zappi, co‐orientadora da doutoranda, resultaram na produção e  envio de um artigo à Revista Kew Bulletin em 2014 (Taylor et al. submitted).1 

  Os  Capítulos  1  e  2  compreendem  os  maiores  resultados  da  tese,  sendo  que  o  Capítulo 1 apresenta os resultados filogenéticos baseados em dados moleculares, e também  as análises de evolução de caracteres morfológicos dando suporte  molecular e morfológico  na delimitação do gênero Rudgea e de grupos infragenéricos. Este capítulo está previamente  formatado  para  ser  enviado  à  Revista Táxon.  O  capítulo  2  compreende  um  tratamento  taxonômico no formato de uma sinopse para as 64 espécies aceitas de Rudgea para o Brasil.  O  tratamento  inclui  chave  de  identificação  para  as  espécies  e  subespécies  quando  necessário, citação de tipos e sinônimos, designação de sinônimos novos e lectotipificações,  dados de distribuição, habitat e fenologia, lista de materiais examinados e figuras com fotos  e ilustrações. Este capítulo está formatado para ser enviado à Revista Phytotaxa

   

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1As  espécies  e  combinações  novas  encontradas  nesta  tese  não  são  validamente  publicadas.  Estes  nomes  serão 

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(32)

CAPÍTULO 1

 

Rudgea coriacea 

Delimitação de

Rudgea

Salisb. (Palicoureeae, Rubiaceae)

baseada em inferência filogenética a partir de dados

moleculares e em análises de evolução morfológica.

(33)

CAPÍTULO 1 

 

Delimitation of Rudgea Salisb. (Palicoureeae, Rubiaceae) based in phylogenetic inference  from molecular data and in morphological evolution analyses2. 

 

Abstract 

Systematics  of  Rubiaceae  has  undergone  major  changes  during  the  last  two  decades.  The  use  of  molecular  data  has  lead  to  a  profound  revision  in  the  intra‐familiar  classification,  mainly  at  generic  level.  It  has  become  clear  that  the  relationships  between  some  of  the  largest genera of Neotropical Rubiaceae (e.g. PsychotriaPalicourea and Rudgea) had to be  investigated.  The  neotropical  genus Rudgea encompasses  c.  130  species  distributed  from  Mexico  to  northeastern  Argentina  with  two  main  centers  of  diversity,  one  in  the  western  portion  of  South  America  and  another  in  southeastern  Brazil.  Previous  Rubiaceae  phylogenies  have  included  a  limited  sample  of Rudgea  species.  The  present  study  used  sequences of plastidial rps16 intron, trnL‐trnF region and the nuclear ITS region to verify the  monophyly of the genus and check for possible internal groupings. A total of 57 species of  Rudgea  and  85  species  of  other  genera  of  Rubiaceae  were  analysed,  with  268  new  sequences produced. Individual and combined analyses were performed using PAUP 4.0b10  under the parsimony criterion and MrBayes 3.1.2 for Bayesian analysis. Results corroborate  the  circumscription  of  Psychotriae  as  a  monogeneric  tribe  besides  a  Palicoureeae  tribe  comprising nine genera and also the recent generic classifications within Palicoureeae. The  analyses  have  shown Rudgea  as  a  monophyletic  genus  with  the  exclusion  of R.  woronovii  Standl.,  a  species  more  closely  related  to Palicourea  sensu  lato.  On  the  other  hand, R. 

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“ciliata” and “lanceifolia”, and two in clade 2, named as “coronata” and “cornifolia” groups.  An  infrageneric  classification  of Rudgea  will  be  further  proposed,  aiming  to  facilitate  the  production of future monographs for this large and complex genus. 

 

Keywords:  Bayesian  analysis,  ITS,  NotopleuraPalicourea,  parsimony,  Psychotria,  Psychotrieae, rps16, Rubioideae, trnLtrnF. 

 

Resumo 

A sistemática da família Rubiaceae passou por grandes mudanças nas últimas duas décadas.  O  uso  de  dados  moleculares  levou  a  revisões  significantes  na  classificação  intra‐familiar,  principalmente  em  nível  genérico.  As  relações  entre  alguns  dos  gêneros  neotropicais  mais  diversos  de  Rubiaceae  (e.g. PsychotriaPalicourea  e Rudgea)  devem  ser  investigadas.  O  gênero neotropical Rudgea possui ca. 130 espécies, distribuídas do México ao nordeste da  Argentina, com dois centros de diversidade, um no noroeste da América do Sul, e outro no  sudeste do Brasil. Trabalhos filogenéticos anteriores incluíram uma amostragem limitada de  espécies  do  gênero Rudgea.  O  presente  estudo  utilizou  sequências  do  íntron rps16,  da 

região trnL‐trnF e da região nuclear ITS para verificar a monofilia do gênero e a possibilidade  da  formação  de  grupos  internos.  No  total,  57  espécies  de Rudgea  e  85  espécies  de  outros  gêneros de Rubiaceae foram analisadas, com a produção de 268 novas sequências. Análises  individuais  e  combinadas  foram  realizadas,  utilizando  PAUP  4.0b10  sob  critério  da  parsimônia  e  MrBayes  3.1.2  para  as  análises  bayesianas.  Os  resultados  corroboram  a  circunscrição de Psychotrieae como uma tribo monogenérica, assim como a de Palicoureeae  compreendendo nove gêneros, além das recentes classificações genéricas em Palicoureeae.  As  análises  mostraram  Rudgea  como  um  gênero  monofilético  com  a  exclusão  de  R.  woronovii  Standl.,  uma  espécie  mais  próxima  de Palicourea  sensu  lato.  Por  outro  lado, R.  stipulacea (DC.) Steyerm. emergiu como grupo‐irmão das demais espécies de Rudgea, sendo  o  grupo  formado  por  estas  espécies  altamente  sustentado  e  denominado  “Rudgea sensu 

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Table 1. Voucher information about sequences produced in the present work. Herbarium acronyms follow Thiers (2011 and onwards). 
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