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Infusão intraoperatória de esmolol reduz o consumo pós-operatório de analgésicos e o uso de anestésico durante a septorrinoplastia: estudo randômico.

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REVISTA

BRASILEIRA

DE

ANESTESIOLOGIA

PublicaçãoOficialdaSociedadeBrasileiradeAnestesiologia

www.sba.com.br

ARTIGO

CIENTÍFICO

Infusão

intraoperatória

de

esmolol

reduz

o

consumo

pós-operatório

de

analgésicos

e

o

uso

de

anestésico

durante

a

septorrinoplastia:

estudo

randômico

Nalan

Celebi,

Elif

A.

Cizmeci

e

Ozgur

Canbay

DepartamentodeAnestesiologiaeReanimac¸ão,HacettepeUniversityFacultyofMedicine,Ankara,Turquia

Recebidoem17deagostode2013;aceitoem31deoutubrode2013 DisponívelnaInternetem21dejunhode2014

PALAVRAS-CHAVE Analgesia;

Índicebispectral; Esmolol;

Morfina

Resumo

Justificativaeobjetivos: Esmololéconhecidopornãoteratividadeanalgésicaepropriedades

anestésicas;porém,podepotenciarareduc¸ãodanecessidadedeanestésicosereduzirouso deanalgésicos nopós-operatório.Oobjetivodesteestudofoiavaliaroefeitodainfusãode esmololporviaintravenosasobreoconsumodeanalgésicoduranteosperíodosintraoperatório epós-operatório,bemcomoseuefeitosobreaprofundidadedaanestesia.

Métodos: Esteestudorandômico,controladoeduplo-cegofoiconduzidoemumhospital

terciá-rioentremarc¸oejunhode2010.Foramrandomicamentedivididosemdoisgrupos60pacientes programadosparaseremsubmetidosàseptorrinoplastia.Históriadealergiaaosmedicamentos usadosnoestudo,isquemiacardíaca,bloqueiocardíaco,asmabrônquica,insuficiência hepá-ticaourenal,obesidadeehistóriadeusocrônicodeanalgésicosou␤-bloqueadoresforamos critériosdeexclusão.Trintapacientesreceberamesmololeremifentanil(grupoesmolol)e30 receberam sorofisiológicoeremifentanil(grupocontrole)viaperfusãointravenosa.Pressão arterialmédia, frequência cardíacae valoresdo índice bispectralforam registradosacada 10minutos.Consumototalderemifentanil,escoresdaescalavisualanalógica,tempoparaa primeiraanalgesiaeconsumototaldemorfinanopós-operatórioforamregistrados.

Resultados: Oconsumototalderemifentanil,osescoresdaescalavisualanalógicanos

minu-tos0,20e60,oconsumototaldemorfina,otempoparaaprimeiraanalgesiaeonúmerode pacientesqueprecisaramdemorfinaintravenosaforammenoresnogrupoesmolol.

Conclusões: Esmolol em infusão intravenosa reduziu o consumo de analgésicos tanto no

intraoperatórioquantonopós-operatório,reduziuosescoresdaescalaanalógicavisualno pós--operatórioimediatoeprolongouotempoparaaprimeiraanalgesia;contudo,nãoinfluenciou aprofundidadedaanestesia.

©2014SociedadeBrasileira deAnestesiologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todosos direitosreservados.

Autorparacorrespondência.

E-mail:elifcizmeci@hotmail.com(E.A.Cizmeci).

0034-7094/$–seefrontmatter©2014SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todososdireitosreservados.

(2)

KEYWORDS Analgesia; Bispectralindex; Esmolol;

Morphine

Intraoperativeesmololinfusionreducespostoperativeanalgesicconsumptionand anaestheticuseduringseptorhinoplasty:arandomizedtrial

Abstract

Backgroundandobjectives: Esmololisknowntohavenoanalgesicactivityandnoanaesthetic

properties;however,itcouldpotentiatethereductioninanaestheticrequirementsandreduce postoperativeanalgesicuse.Theobjectiveofthisstudyistoevaluatetheeffectofintravenous esmololinfusiononintraoperativeandpostoperativeanalgesicconsumptionsaswellasitseffect ondepthofanaesthesia.

Method: Thisrandomized-controlleddoubleblindstudywasconductedinatertiarycare

hospi-talbetweenMarchandJune2010.Sixtypatientsundergoingseptorhinoplastywererandomized intotwogroups.Historyofallergytodrugsusedinthestudy,ischaemicheartdisease,heart block,bronchialasthma,hepaticorrenaldysfunction,obesityandahistoryofchronicuseof analgesic or␤-blockers wereconsideredcausefor exclusionfromthestudy.Thirty patients receivedesmololandremifentanil(esmololgroup)and30patientsreceivednormalsalineand remifentanil(control group)asanintravenous infusionduringthe procedure.Meanarterial pressure,heartrate,andbispectralindexvalueswererecordedevery10min.Total remifen-tanilconsumption,visualanaloguescalescores,timetofirstanalgesiaandtotalpostoperative morphineconsumptionwererecorded.

Results:Thetotalremifentanilconsumption,visualanaloguescalescoresat0,20and60min,

totalmorphineconsumption,timetofirstanalgesiaandthenumberofpatientswhoneededan intravenousmorphinewerelowerintheesmololgroup.

Conclusions:Intravenous infusion ofesmolol reduced the intraoperative and postoperative

analgesicconsumption,reducedvisualanaloguescalescoresintheearlypostoperativeperiod andprolongedthetimetofirstanalgesia;howeveritdidnotinfluencethedepthofanaesthesia. ©2014SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublishedbyElsevier EditoraLtda.Allrights reserved.

Introduc

¸ão

Esmolol é um antagonista cardiosseletivo do receptor ␤1 deac¸ão ultracurta. É eficaz no embotamentodas respos-tas aos estímulos adrenérgicos perioperatórios, incluindo intubac¸ão traqueal,1 eventos intraoperatórios causados

peladiminuic¸ão daprofundidade anestésica2 e extubac¸ão

traqueal.3 É conhecido por não ter atividade analgésica

e propriedades anestésicas.4 Porém, estudos anteriores

relataram que pode potenciar a reduc¸ão das necessida-des de anestésicos durante a anestesia com propofol5 ou

inalatória.6 Em umestudoanterior,sugeriu-se quea

infu-sãode esmolol reduziu o uso intraoperatóriode fentanil, diminuiuasrespostashemodinâmicasereduziuoconsumo demorfinanoperíodopós-operatório.7Diminuiutambéma

nociceptividade em vários cenários experimentais e suge-riu o potencial parareduzir a necessidadede anestésicos nointraoperatório.8 Emanimais,proporcionouanalgesiae

reduc¸ãodasrespostascardiovascularesàdornaausênciade anestesia.9Contudo,opapeldesempenhadonamodulac¸ão

dadoraindaprecisaserestabelecido.

Este estudoprospectivo,randômico, duplo-cegoe con-trolado com placebo foi desenhado para avaliar o efeito deesmololnoperíodo perioperatóriosobreo consumode analgésicoseaprofundidadedaanestesiaempacientes sub-metidosàseptorrinoplastia.

Métodos

Pacientes

Apósaaprovac¸ãodoComitêdeÉticadainstituic¸ão, obtive-mosostermosdeconsentimentoinformadoassinadospelos pacientes.O estudo foiconduzido em umhospital terciá-rio, entre marc¸o e junho de 2010. Ospacientes incluídos no estudo apresentavam estadofísico ASA I-II (de acordo com a Sociedade Americana de Anestesiologistas [ASA]), tinhamentre18-65anoseseriamsubmetidosà septorrino-plastia.Ospacientesforamselecionadoserandomicamente divididos em dois grupos (esmolol vs. controle) por meio de números aleatórios gerados por computador. Os cri-térios de exclusão incluíram história alérgica a qualquer dos medicamentos usados no estudo, isquemia cardíaca, bloqueiocardíaco, asmabrônquica,disfunc¸ão hepáticaou renaleobesidade(índicedemassacorporal≥30)ehistória

(3)

Anestesia

Antesdacirurgia,todosospacientesreceberaminstruc¸ões sobre o uso da escala visual analógica (EVA; 0=sem dor, 10=pior dor imaginável), da escala de classificac¸ão ver-bal(ECV;0=semdor,1=dorleve,2=dormoderada,3=dor intensa,4=dorinsuportável)edodispositivoparaanalgesia intravenosa(IV)controladapelopaciente(ACP).Nãoforam medicadosantesdacirurgia.Todosforammonitoradoscom o uso do índice bispectral (BIS), além do monitoramento padrão.

Ospacientesdogrupo esmololreceberamumadose de carga de 0,5mgkg−1 em 30mL de soro fisiológico normal

seguidadeumainfusãode0,05mgkg−1min−1,enquantoos

pacientesdogrupocontrolereceberamomesmovolumede sorofisiológiconormalparadose decargaeinfusão contí-nua.

Aanestesiageralfoiinduzidacompropofol(2,5mgkg−1)

e umamistura deoxigênio ear (50-50%).Apósa induc¸ão, uma infusão de remifentanil (0,05-0,5␮gkg−1min−1) foi

iniciada em ambos os grupos. Brometo de vecurônio (0,1mgkg−1) foiadministrado paramanter o relaxamento

musculareparaaintubac¸ãotraqueal.Sevofluranoemuma concentrac¸ão expiratória final de2 CAMna mistura dear eoxigêniofoiusadoparaamanutenc¸ãodaanestesia.Para determinaraprofundidadedaanestesia,omonitoramento doBISfoiusadoemassociac¸ãocomossinaiseasalterac¸ões autonômicasousomáticasdapressão arterialmédia(PAM) oufrequênciacardíaca(FC).UmvalordeBISentre40e60foi oalvo,poiséaceitocomoumníveladequadodeanestesia doqualnãosepoderecordar.10

A profundidade da anestesia foi avaliada da seguinte forma:1) aumento de PAM e FC superior a 20% dos valo-res basais por mais de umminuto; 2) sinais autonômicos (por exemplo, midríase, rubor,lacrimejamento); 3) sinais somáticos (por exemplo, movimento proposital dosolhos, contrac¸ãofacial,deglutic¸ão)e4)valoresdeBISsuperiores a60foramconsideradoscomoprofundidadeinadequadade anestesia.Adosederemifentanilfoitituladaparaaumentar aprofundidadedaanestesianapresenc¸adepelomenosum desses sinais.Osdadosforamregistradosumminutoantes dainduc¸ão,imediatamenteapósainduc¸ão,nosminutosum, trêsecincoapósaintubac¸ãoeemintervalosde10minutos durante a cirurgia. Durante a cirurgia, a qualidade do campocirúrgicofoiavaliadaacada10minutospelomesmo cirurgião,que desconheciaosgruposdoestudo, comuma escaladeavaliac¸ãoparaosangramentodocampocirúrgico (tabela1).Aotérminodacirurgia,todasasinfusõesforam interrompidas.Obloqueioneuromuscularfoiantagonizado com neostigmina(0,05mgkg−1) e atropina(0,01mgkg−1).

Ostempos dereversão daanestesia (extubac¸ão, abertura dosolhoserespostaaestímulosverbaissimples),adurac¸ão dacirurgiaeoconsumo totalderemifentanilforam regis-trados.Umanestesiologistaque desconheciaosgrupos de estudo conduziutodo o cursoda anestesia. Bradicardiae hipotensãonointraoperatórioforamdefinidascomoFC infe-riora45bpmePAMinferiora50mmHg,respectivamente. Ospacientescombradicardiaouhipotensãoforamtratados comatropina(0,5mg)ouefedrinaintermitente(5mg).

O caráter cego do estudo foi obtidocom a solicitac¸ão aumanestesiologistanãoenvolvidonoestudo que prepa-rasseassoluc¸õesdeinfusãoparacadapaciente,deacordo

Tabela1 Escaladeavaliac¸ãoparasangramentodecampo cirúrgico

0=Semsangramento

1=Sangramentoleve---semnecessidadedeaspirac¸ão dosangue

2=Sangramentoleve---aspirac¸ãoocasionalnecessária. Campocirúrgiconãoameac¸ado

3=Sangramentoleve--- aspirac¸ãofrequentenecessária. Sangramentoameac¸acampocirúrgicopoucossegundos apósaaspirac¸ão

4=Sangramentomoderado---aspirac¸ãofrequente necessária.Sangramentoameac¸acampocirúrgicologo apósaaspirac¸ão

5=Sangramentograve---aspirac¸ãoconstantenecessária. Sangramentoaparececommaisrapidezdoquepodeser removidoporaspirac¸ão.Campocirúrgicoseriamente ameac¸adoecirurgiaimpossível

comosnúmerosaleatóriosgeradosporcomputadoreos gru-pos determinados no início do estudo. As soluc¸ões foram rotuladasapenascomosnomesdospacientes.Onomedo paciente,onúmeroeasoluc¸ãopreparadaforamregistrados poresseanestesiologista.Assoluc¸õesforam,então, entre-guesaoanestesiologistaqueadministravaaanestesia.

Manejoeavaliac¸õesnopós-operatório

(4)

Tabela2 Característicasdopacienteedacirurgia

Grupocontrole(n=30) Grupoesmolol(n=30) p

Idade(anos) 29,1(9,5) 27,4(7,9) 0,445

Gênero(F/M) 19/11 21/9 0,584

Peso(kg) 61,8(11,8) 60,7(8,7) 0,691

Altura(cm) 169(8,9) 167(6,6) 0,328

ASA(I/II) 27/3 29/1 0,612

Durac¸ãodacirugia(min) 109(35,1) 97(27,8) 0,148

Durac¸ãodaanestesia(min) 126,6(36,9) 111(29) 0,093

Consumototalderemifentanil(mg) 1,6(1,3) 0,8(0,5) 0,004a

Temposdereversão(min)

Extubac¸ão 4,5(2,3) 5,3(2) 0,568

Abrirosolhos 5,3(2,4) 6(2,1) 0,602

Respostaaoscomandos 6(2,4) 6,3(2) 0,856

Valoresexpressosemmédia(DP)ounúmero.

ap<0,05;estatisticamentesignificante.

avaliaraintensidadedadoreanecessidadedeanalgésicos apósaalta.

Análiseestatística

FoifeitacomoprogramaStatisticalPackageforSocial Scien-ces(SPSS)versão11.5(SPSSInc.,Chicago,IL,EUA).Oteste deShapiro-Wilks foi usadopara determinar adistribuic¸ão normal das variáveis contínuas. Todas as variáveis contí-nuas foram expressas como média e desvio padrão. As variáveis ordinais foram expressas como mediana (inter-valointerquartil)e ascategóricascomoporcentagem(%). Os valores médios dos grupos foram comparados com os testestdeStudentouUdeMann-Whitney.Osvalores repe-tidos de pressão arterial sistólica (PAS), pressão arterial diastólica (PAD), pressão arterial média (PAM), saturac¸ão dooxigênionosangue(SpO2)eFCforamcomparadospelo

teste de comparac¸ões múltiplas de Bonferroni intragrupo e entre os grupos. A análise de variância foi usada para medidasrepetidas.Comoasvariáveisrepetidasmostraram alterac¸ãosignificativa,otempodemensurac¸ãoquecausou essaalterac¸ãofoideterminadoparaascomparac¸ões cate-góricas com ostestes do qui-quadradoe exatode Fisher. O teste de Mann-Whitney foi usado para comparar as variáveis não paramétricas. A significância estatística foi estabelecidaemp<0,05.

Resultados

Todosos60pacientesincluídos noestudo foramavaliados paraanáliseestatísticaetodasasanálisesforamfeitasde acordocom osgrupos originais. Todosospacientes foram avaliadosparaosefeitosanalgésicoseanestésicosde esmo-lol e nenhumpaciente foiexcluído após a randomizac¸ão. As características dos pacientes, a durac¸ão da cirurgia e daanestesia,oconsumototalderemifentanileostempos dereversão apartir dofimdaanestesiapara osdois gru-posestãoapresentadosnatabela2.Ousoderemifentanil duranteaanestesiafoisignificativamentemenor nogrupo esmolol(p=0,004).Nãohouvediferenc¸asentreosdois gru-posnascaracterísticasdopaciente,nadurac¸ãodaanestesia

e dacirurgiae nostemposdereversão apartir dofimda anestesia.

Afigura1mostraaPAMduranteaanestesia.Nãohouve diferenc¸a significativa entre os dois grupos em relac¸ão à PAM. Em ambos os grupos houve flutuac¸ões nos valores daPAMemrelac¸ãoaosvaloresbasais.

A figura 2 mostra a FC durante a anestesia. A FC nos minutos 70,80 e 90 após a intubac¸ão foi maiorno grupo esmolol(p=0,035,p=0,027ep=0,017,respectivamente).

120

100

80

60

PAM (mmHg) 40

20

pré-indpós-indint+1 ' int+3

' int+5

'

10 20 30 40 50 60 70 80 90 100110 120130 140 150 160 170 180 190 200 0

Controle Esmolol

Figura1 PAM(mmHg)duranteaanestesia.

90

80

70

60

Frequência cardíaca (bpm)

50

40

30

20

10

pré-indpós-indint+1 ' int+3

' int+5

'

10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120130 140 150 160 170 180 190200 0

Controle Esmolol

Figura 2 FC (bpm−1) durante a anestesia. *p<0,05;

(5)

100

80

60

Índice bispectral

40

20

0

pré-indpós-indint+1 ' int+3

' int+5

'

10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120130 140 150 160 170 180 190 200 Controle Esmolol

Figura3 ValoresdoBISduranteaanestesia.

A FC foi geralmente mais elevada durante a cirurgia no grupoesmolol,masnãofoiestatisticamentesignificante.A FCmostrouflutuac¸õesemrelac¸ãoaovalorbasalemambos osgrupos.

Afigura3mostraosvaloresdoBIS.Nãohouvediferenc¸as significativas entreos dois grupos em relac¸ãoaos valores doBISduranteaanestesia.Tambémnãohouvediferenc¸as significativas em relac¸ão aos valores basais em ambos os grupos.

As figuras4 e 5 mostramos escoresdas escalas EVAe ECV,respectivamente.Osescoresdessasescalasforam sig-nificativamentemenoresnogrupoesmololnosminutosum e 20 e umahora após a anestesia (p=0,001, p=0,034 e p=0,016,respectivamente,paraEVAep=0,033,p=0,016 ep=0,022,respectivamente,paraosECV).

Atabela 3mostra otempoparaaprimeiraanalgesiae altadaSRPA,osescoresdeAldrete,aquantidadeea per-centagemadministradasdemorfinaIVeanalgésicoapós a altaeaincidênciadeefeitoscolateraisemambososgrupos. O tempo para a primeira analgesia foi significativamente maior no grupo esmolol (p=0,001). O consumo total de morfina e o número de pacientes que receberam mor-finaIVforamsignificativamentemenoresnogrupoesmolol (p=0,011ep=0,005,respectivamente).

Discussão

Neste estudo, descobrimos que esmolol apresenta efeito analgésicopós-operatórioquandoadministradonoperíodo intraoperatório a pacientes de septorrinoplastia. Esmolol

0 2 4 6

48h 24h 12h 3h 2h 1h 20' 0'

Escores EVA

Controle Esmolol

∗ ∗

Figura4 EscoresEVAnopós-operatório.*p<0,05; estatisti-camentesignificante.

0 1 2 3

48h 24h 12h 3h 2h 1h 20' 0'

Escores ECV

∗ ∗

Controle Esmolol

Figura5 EscoresECVnopós-operatório.*p<0,05; estatisti-camentesignificante.

Tabela3 Dadosdospacientesnopós-operatório

Grupocontrole(n=30) Grupoesmolol(n=30) p

Tempoparaaprimeiraanalgesia(min) 43,8(60,8) 108(81,6) 0,001a

Consumodemorfina(mg) 12,9(8,7) 7,1(8,4) 0,011a

Usodemorfina(%) 86,7 53,3 0,005a

Tempoparaalta(min) 202,8(38) 189,5(11,5) 0,071

EscoredeAldrete(9/10) 4/26 3/27 0,688

Analgésicoemcasa(comprimidos) 3,6(2,5) 2,6(2,2) 0,92

Analgésicoemcasa(%) 80 73,3 0,542

Efeitoscolaterais

Náusea 8 6 0,542

Vômito 4 4 1,000

Escoresdesedac¸ão(0/1) 4/26 2/28 0,389

Valoresexpressosemmédia(DP)ounúmero.

(6)

reduziuosescoresEVAeECVnopós-operatório,juntamente comoprolongamentodotempoparaaprimeiraanalgesia ea reduc¸ãotanto doconsumo totaldemorfinaIVquanto donúmerodepacientesqueprecisaramdemorfina.Além disso,aquantidadeadministradaderemifentanildurantea anestesiafoisignificativamentemenornogrupoesmolol.

Estudos anteriores que avaliaram o efeito do uso de ␤-bloqueadores sobre a anestesia e controle da dor no pós-operatório sugeriram que os ␤-antagonistas redu-zem a necessidade de anestésicos durante a anestesia5

e a concentrac¸ão alveolar mínima (CAM) de anestésico inalatório6 e melhoram a recuperac¸ão no pós-operatório

imediato.11

Omecanismoespecíficopeloqualobloqueio-␤potencia oefeitoanalgésicodeumopiáceopermanececontroverso. OsagonistasdosreceptoresacopladosàproteínaG inibitó-riaatuamsobreainibic¸ãopós-sinápticapormeiodoscanais depotássio acopladosà proteína oupormeio dainibic¸ão pré-sinápticadaliberac¸ãodeneurotransmissorespormeio daregulac¸ãodoscanaisdeCa2+ dependentesdevoltagem;

talviaestásubjacenteaoefeitonociceptivodaclonidina.12

Hageluken et al. demonstraram que os antagonistas ␤ --adrenérgicos ativaram as proteínas G em membranas de célulasisoladase sugeriramque esseeraomecanismo da analgesiacentral.13

Postula-seemestudosexperimentaisvariadosque esmo-lol reduz a necessidade de anestésicos por meio de uma propriedade antinociceptiva direta, o que sugere o potencial para diminuir a necessidade de anestésicos no intraoperatório.8,14Emanimais,esmololproporcionou

anal-gesia e reduc¸ão das respostas cardiovasculares à dor na ausênciadeanestesia.9

Outromecanismo que podecontribuirdeforma signifi-cativaparaareduc¸ãodeanestésicosenvolveadiminuic¸ão daestimulac¸ão excitatória dos sítios efetores de hipnose e resposta somática do sistema nervoso central. Nesse caso, a interrupc¸ão periférica das vias autonômicas dos

␤-adrenérgicosdiminui aentrada deaferentes e a neces-sidadedeanestésicos.15 Autilidadeclínicadesseefeitofoi

demonstrada por Zaugg et al.11 em um estudo com

paci-entescirúrgicosidosossubmetidosacirurgianãocardíaca. Atenololnopré-enopós-operatórioealtasdosesde ateno-lolnointraoperatóriodiminuíramanecessidadedefentanil emorfinanointraoperatório.Chia etal.7 sugeriramquea

administrac¸ãodeesmolol noperioperatório reduziuo uso de isoflurano e fentanil no intraoperatório, bem como o consumo de morfina durante três dias de pós-operatório em pacientes submetidos à histerectomia total abdomi-nal.

Vários estudos sugerem que as drogas simpatolíticas podemseropcionaisparaopiáceosnotratamentode respos-tas hemodinâmicas agudas no intraoperatório. Relatou-se que em pacientes idosos submetidos a cirurgia não car-díacaobloqueio-␤comatenololnoperioperatóriomelhorou a estabilidade hemodinâmica, reduziu a necessidade de analgésico opiáceo e contribuiu para uma recuperac¸ão mais rápida.11 Em um estudo anterior, sugeriu-se que a

administrac¸ãode␤-antagonista noperioperatóriofoi uma opc¸ãoaoremifentanilparamanteraestabilidade hemodinâ-micanointraoperatóriocomefeitos colateraissimilares.16

Essetambémfoiocasodenossoestudo,semdiferenc¸a esta-tisticamentesignificanteentreosgruposemrelac¸ãoàFCe

PAM,oquedemonstraqueesmololsubstituiucomsucessoo papelclassicamentedesempenhadoporremifentanil.

Algunsestudossugeriramqueaadministrac¸ãodeesmolol atenuou arespostacardiovascularaosestímulos no perio-peratório.Milleretal.1 sugeriramqueumadoseem bolus

de esmolol combinada com uma dose baixa de narcótico resultou no controle efetivo da respostahemodinâmica à intubac¸ãotraqueal.Emdiferentesestudos,demonstrou-se

que uma dose em bolus único de esmolol efetivamente

atenuouaFC eosaumentosdaPASproduzidospela larin-goscopiaeintubac¸ãotraqueal.17,18

Semelhantementea esses estudos,esmolol atenuouas respostashemodinâmicasaestímulosnoperioperatório,tais comointubac¸ãotraqueal,incisãoeextubac¸ão,enãohouve diferenc¸a entre os grupos de nosso estudo em relac¸ão à respostahemodinâmica.

Aprofundidade adequada daanestesia, como indicado peloBIS,foiobtidaemumgrupodepacientesidososcomo uso de atenolol em dose alta e umaquantidade limitada de anestesia 11. Paralelamente a esse estudo, apesar de

a necessidadede remifentanilser significativamentemais baixa,aanestesiaaindafoiadequada,comoindicadopelo BIS,nogrupoesmololenenhumalembranc¸afoiobservada emambososgruposdenossoestudo.Alémdisso,os estímu-losnocivosduranteaanestesiageralprovocamumaumento do BIS, bem como da taquicardia, da hipertensão e do movimento.19,20Estudosanterioresqueavaliaramaeficácia

deesmololnoembotamentodasrespostashemodinâmicas induzidaspelaintubac¸ãotraquealnãomonitorarama ativi-dadeelétricadocérebro.Apenaspoucosestudosavaliaram oefeitodainterac¸ãoentreosantagonistas␤-adrenérgicose anestésicossobreoBIS11,16.Em2001,Johansensugeriuque

ainfusãodeesmololnointraoperatóriodiminuiuosvalores deBISeaumentouarazãodesupressãodesurto.21Em2002,

Menigauxetal.sugeriramqueesmololatenuouasrespostas hemodinâmicas e somáticasà laringoscopia e àintubac¸ão orotraquealetambémimpediuasreac¸õesdeexcitac¸ãodo BIS em pacientes anestesiados com propofol.22 Em nosso

estudo, esmolol impediu aumentos do BIS em resposta a estímulos nocivos, incluindointubac¸ão traqueal, incisãoe extubac¸ão traqueal, bem como embotamento das respos-tas hemodinâmicas em relac¸ão a esses estímulos. Apenas umpaciente em ambos os grupos demonstroutaquicardia e hipertensãosignificativasassociadasaoaumentodoBIS. Aimportânciaclínicadesseachadoéqueesmololpodetero potencialparasubstituirdrogasanestésicasquesão adminis-tradascomoúnicopropósitodeembotamentodasrespostas hemodinâmicas.

A titulac¸ão de anestésicos para FC e pressão arte-rial sem a administrac¸ão de antagonistas ␤-adrenérgicos pode levar à recuperac¸ão prolongada daanestesia, como resultado de ‘‘relativa overdose’’ de anestésicos e/ou analgésicos administrados. Uma recuperac¸ão mais rápida da anestesia foi relatada em pacientes que receberam propranolol.23Demonstrou-sequeostemposdeextubac¸ão

e de recuperac¸ão na SRPA foram significativamente mais curtos em pacientes tratados com atenolol nos períodos intraoperatórioouperioperatório.11Emcontrastecomesses

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pré-operatório ou dose alta de atenolol foi administrada no intraoperatório. Entretanto, em nosso estudo nenhum dos pacientes recebia antagonistas ␤-adrenérgicos croni-camente e dose alta de esmolol não foi administrada, o que sugere uma relac¸ão entre a cronicidade do uso de antagonistas␤-adrenérgicoseotempoparaarecuperac¸ão daanestesia.

Existem algumas limitac¸ões em nosso estudo. Os paci-entes do grupo esmolol receberam remifentanil como analgésico durante a operac¸ão. Os valores do BIS foram registrados para determinar o estado de consciência dos pacientes. Embora os valores do BIS tenham sido seme-lhantesentre osgrupos durante a cirurgia, oconceito de analgesiaédiferentedaqueledeanestesia.Aadministrac¸ão deesmololapacientespodetermascaradoparcialmenteas respostasclássicasdehipertensãoe taquicardiaqueestão associadas àdor. No entanto, a administrac¸ãode analgé-siconãofoi omitidanogrupoesmolol, embora tenha sido consumidoemumadosemaisbaixa.

Esmololreduziuoconsumodemorfinanopós-operatório e deremifentanilnointraoperatório,masnãoteveefeito sobreaprofundidadedaanestesia.Sugerimosqueesmolol podeterpropriedadesanalgésicase,como podecontrolar eficazmente a taquicardia e hipertensão durante a cirur-gia,tambémpodeoferecerobenefíciodeproporcionaruma recuperac¸ãomaisrápida commenosefeitos colateraisem pacientessubmetidosacirurgiaambulatorial.

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

Referências

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