MOVIMENTO DE
TRANSLAÇÃO: A PARTÍCULA
EM UMA CAIXA
Prof. Harley P. Martins Filho
• Partícula livre movendo-se em uma dimensão
Não há restrições às soluções da equação de Schrödinger A e B podem assumir qualquer valor, assim como k energia não é quantizada.
m
k
E
Be
Ae
ikx ikx2
2 2
o Partícula em uma caixa
Partícula confinada entre duas paredes a uma distância L uma da outra. Além das paredes a energia potencial é infinita. Entre as paredes: V(x) = 0
Translação de moléculas em recipientes fechados Elétrons de valência em peça de metal
Elétrons do sistema de ligações de moléculas conjugadas Dentro da caixa, a equação de Schrödinger tem a mesma forma que a da partícula livre. Solução:
Mas agora as soluções devem satisfazer as condições de
contorno, que definem o sistema:
Fora da caixa (x < 0 e x > L) a partícula não existe = 0.
A função de onda deve ser contínua (0) = 0 e (L) = 0 kx D kx C kx B A i kx B A kx kx B kx kx A Be Ae x ikx ikx k cos sen sen ) ( cos ) ( ) isen (cos ) isen (cos ) (
m
k
E
2
2 2
Para x = 0, (0) = Csen(k·0) + Dcos(k·0) = D = 0
Para x = L, (L) = CsenkL = 0
Se C = 0 = 0 para todo x (inaceitável) Se senkL = 0, kL = n n = 1, 2, 3, ...
n = 0 implicaria novamente em = 0 para todo x (inaceitável). Valores de n negativos apenas mudam o sinal da função de onda em relação aos valores negativos, gerando os mesmos estados.
kx C x k( ) sen L x n C x n
sen ) ( 2 2 2 2 2 2 2 2 28
2
2
mL
h
n
mL
n
m
k
E
Soluções são compatíveis com a hipótese da partícula ser uma onda estacionária com nós (amplitude zero) nas paredes:
De acordo com a relação de de Broglie, L nh h p 2
A energia da partícula é toda cinética e pela relação desta energia com o momento,
2 2 2 2
8
2
mL
h
n
m
p
E
K
n L n L k 2 2 2 2 2 28mL
h
n
E
n
Para n = 1, energia da partícula é mínima (energia do ponto zero):
Origem física:
Posição da partícula não é totalmente indefinida momento tem incerteza correspondente (não pode ser nulo).
deve ser diferente de zero na caixa mas nula nas paredes como é contínua, tem que ter curvatura ao longo da caixa tem que haver energia cinética.
2 2 1
8mL
h
E
Separação de energia entre dois níveis de energia adjacentes:
Átomos e moléculas deslocando-se em recipientes de laboratório L grande demais variações de energia praticamente não-quantizadas.
Elétron confinado em caixa de 1,0 nm E1 = 6,010-20 J (60 zJ ou 0,37 eV). Energia de excitação mínima (n = 1 na equação acima): (2·1 + 1)E1 = 3E1 =1,8102 zJ (1,1 eV)
1 2 2 2 2 2 2 2 2 1 1 2 8 1 2 8 8 1 E n mL h n mL h n mL h n E En n • Normalização
Constante C será ajustada para que
1
2 2 2 *
d
L
x
n
sen
C
d
d
x x cos2 2 1 2 1 sen2 2 / 1 22
1
2
L
C
L
C
L
x
n
L
x
n
sen
2
)
(
2 / 1• Energia cinética
Com o aumento de n, aumenta a curvatura média da função aumento da energia cinética. Quanto maior n, maior o número de nós (pontos onde a função passa por zero) Em geral, quanto maior o número de nós, maior a energia. Número de nós = n -1.
• Momento linear
Função senkx não é autofunção do momento linear, mas pode ser expressa alternativamente como
Superposição de estados com p = kℏ e –kℏ . Em metade do tempo a partícula move-se para a direita e na outra metade para a esquerda.
L
n
k
e
e
L
i
L
x
n
L
x
ikx ikx n
2
2
1
sen
2
)
(
2 / 1 2 / 1• Densidade de probabilidade:
L x n L x n
2 2 sen 2 ) ( Para n pequeno, densidade de probabilidade varia muito dentro da caixa, mas para n elevado ela vai se tornando uniforme (comportamento clássico) princípio da
correspondência (resultados da mecânica clássica surgem dos da mecânica quântica em números quânticos elevados)
• Ortogonalidade e a notação de Dirac
Como em qualquer sistema quântico, as funções de onda da partícula na caixa são ortogonais, ou seja n*
n’d = 0 para quaisquer n e n’ diferentes.
Exemplo: 1 e 3 área Sob a curva verde é nula Notação de Dirac:
Bra < n∣ = n*
Ket ∣n > = n
A reunião de um bra com um
ket significa a integração do
produto das funções em todo o espaço:
d
n
n
n*
n Condição de ortogonalidade:Se as funções de onda são normalizadas,
As duas condições podem ser expressas conjuntamente através da equação
onde nn é o delta de Kronecker, igual a 1 quando n = n e zero
quando n n.
Conjuntos de funções que são normalizadas e mutuamente ortogonais são chamadas de ortonormais.
0
n
n
1
n
n
n nn
n
•
Movimento em duas ou mais dimensões
Partícula em superfície retangular de comprimento L1 na direção x e L2 na direção y. V(x,y) = 0 dentro da caixa e além das paredes.
Equação de Schrödinger: para cada dimensão de movimento deve haver um operador de energia cinética.
E y x m y m x m 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 Separação de variáveis
Suponhamos que a função de onda possa ser expressa como um produto de funções, cada qual função apenas de x ou y:
Precisamos das derivadas parciais de na equação de Schrödinger: ) ( ) ( ) , (x y X xY y E y Y XY X x X XY Y m EXY y Y X x X Y m y Y X y XY y x X Y x XY x 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 d d d d 2 d d d d 2 d d d d
E
y
Y
Y
x
X
X
m
2 2 2 22d
d
1
d
d
1
2
Para um dado valor de x, valor do primeiro termo à esquerda assume um valor constante, assim como o segundo termo em relação a um valor de y. Mas como os dois termos são
independentes, a sua soma só pode resultar constante se os dois termos forem constantes. Chamamos estas constantes de Ex e Ey:
Uma equação análoga se aplica à função Y Equação de Schrödinger foi separada em duas equações diferenciais
ordinárias. Energia do sistema: E = EX + EY. Como cada equação tem a forma da equação para a partícula na caixa unidimensional, podemos adaptar os resultados já conhecidos:
X
E
x
X
m
E
x
X
X
m
X
X
2 2 2 2 2 2d
d
2
d
d
1
2
2
sen sen ( , ) ) , ( sen 2 ) ( sen 2 ) ( 2 1 2 2 1 1 2 / 1 2 1 , 2 2 2 / 1 2 1 1 2 / 1 1 2 1 2 1 n n L y n L x n L L y x L y n L y Y L x n L x X n n n n m
h
L
n
L
n
mL
h
n
mL
h
n
E
E
E
n n X Y8
8
8
2 2 2 2 2 2 1 2 1 2 2 2 2 2 2 1 2 2 1 ,2 1
Extensão para três dimensões:
3 3 2 2 1 1 1/2 3 2 1 ,
, sen sen sen
8 ) , , ( 3 2 1 L z n L y n L x n L L L z y x n n n
Funções de onda da partícula na caixa bidimensional: a) n1 = 1 e n2 = 1 b) n1 = 2 e n2 = 1 c) n1 = 2 e n2 = 2 •
Degenerescência
Se L1 = L2 = L (caixa quadrada),Soluções para os casos n1 = 1, n2 = 2 e n1 = 2, n2 = 1:
Funções são diferentes mas degeneradas, ou seja, correspondem à mesma energia. L y n L x n L y x n n 2 1 , sen sen 2 ) , ( 2 1
2 2 2 2 2 1 ,8
2 1mL
h
n
n
E
n n
L y L x L y x L y L x L y x
sen 2 sen 2 ) , ( 2 sen sen 2 ) , ( 1 , 2 2 , 1 2 2 1 , 2 2 2 2 , 18
5
8
5
mL
h
E
mL
h
E
Estados degenerados estão relacionados por simetria. Os estados ∣1,2〉 e ∣2,1〉, por exemplo, podem ser interconvertidos por uma rotação de 90º:
Em uma caixa cúbica, estados ∣1,1,2〉, ∣1,2,1〉 e ∣2,1,1〉 são degenerados nível de energia 6(h2/8mL2) é triplamente degenerado.
•
Tunelamento
Se energia potencial das paredes não é infinita, partícula pode existir dentro das paredes e até atravessá-las mesmo que E < Vparede Tunelamento.
À esquerda da barreira,
Equação de Schrödinger dentro da barreira (energia potencial constante V):
1/22
k
mE
Be
Ae
ikx
ikx
2
2 2 2E
V
dx
d
m
Solução:
Exponenciais reais. À direita da barreira, soluções são do mesmo tipo que a partícula livre:
Condição de continuidade da função de onda no início da barreira (x = 0) e no fim (x = L):
Condição de continuidade das primeiras derivadas no ínício e no fim da barreira:
1/2)
(
2
m
V
E
De
Ce
x
x
1/22
k
mE
e
B
e
A
ikx
ikx
ikL ikL L Le
B
e
A
De
Ce
D
C
B
A
ikL ikL L Le
B
ik
e
A
ik
De
Ce
D
C
ikB
ikA
Quatro equações com seis coeficientes.Se não há partícula movendo-se para a esquerda fora da barreira, B’ = 0. A razão entre as probabilidades da partícula estar se deslocando para a direita depois da barreira (∣A’∣2) e antes da barreira (∣A∣2) é a
probabilidade de transmissão T: onde = E/V e
2 1 2 2 ) 1 ( 16 1 L e L e T A APara barreiras altas e largas (L >> 1),
L
e
T
16
(
1
)
2Gráficos de T contra , para < 1 e > 1.
Valores indicados são de
1/2 ) ( 2mVE
2mV
1/2/ L T diminui exponencialmente com L e m1/2 (efeito é muito importante para elétrons, mas não tanto para prótons)
Tunelamento de elétrons determina velocidade de transferência de elétrons em eletrodos e em sistemas biológicos.
Reações de transferência de prótons entre ácidos e bases têm equilíbrio muito rápido devido ao tunelamento.
Microscopia de varredura por tunelamento
Agulha muito fina (platina-ródio ou tungstênio) varre superfície de um condutor, com corrente determinada por tunelamento passando da agulha para a superfície. Corrente constante: agulha afasta-se e aproxima-se da superfície para manter corrente constante.
z constante: agulha mantém altura constante e a corrente varia conforme distância da superfície.