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POPULAÇÃO 9

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(1)

POPULAÇÃO

9

DA VILA

DE CURITIBA

SEGUNDO MARIZA BUDANT SCHAAF

AS LISTAS NOMINATIVAS DE HABITANTES 1786-1799

SERTACAO

TRADO

CURITIBA-1974

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

Curso de Pós-Graduação em Historia

(2)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

1.0 CURITIBA E'SUA POPULAÇÃO

2.0 AS FONTES E A METODOLOGIA

2.1. As Listas Nominativas de Habitantes 2.2. Métodos e técnicas de pesquisa

3.0 A ESTRUTURA DA POPULAÇÃO

3.1 A Composição da População Curitibana em fins do século XVIII

3.2 Estrutura dos Domicílios Curitibanos de 1786 - 1799.

CONCLUSÃO Anexos

Bibliografia

(3)

LISTA DE GRÁFICOS Pag.

1 - Razao de masculinidade por grupos etários - livres.

laf Companhias 1786, 1792 e 1798. 7 0

2 - Razão de masculinidade por grupos etários - livres.

2a? Companhias 1786, 1792 e 1798. 7 1

3 - Razão de masculinidade por grupos etários - escravos.

Ia e 2? Companhias de 1798. 72

4 - Celibato definitivo - livres.

Ia? Companhias 1786, 1792 e 1798. Sexo masculino. 8 0

5 - Celibato definitivo - livres.

2a? Companhias 1786, 1792 e 1798. Sexo masculino. 81 6 - Celibato definitivo - livres.

'Ia? Companhias 1786, 1792 e 1798. Sexo feminino. 82 7 - Celibato definitivo - livres.

2a? Companhias 1786, 1792 e 1798. Sexo feminino. 83 8 - Celibato definitivo - escravos.

if e 2f Companhias 1798. Sexo masculino. 84 9 - Celibato definitivo - escravos.

3 cl

1. e 2. Companhias 1798. Sexo feminino. 85 10 - Pirâmide de idades - livres.

if e 2a Companhias 1786. 87

11 - Pirâmide de idades. - livres.

if e 2f Companhias 1792. 88 12 - Pirâmide de idades - livres.

if e 2a Companhias 1798. • 89

1 3 - Pirâmide de idades - escravos.

1? e 2a Companhias 1798. 90

14 Proporção de celibatários - livres.

Ia? Companhias 1786, 1792 e 1798. Sexo masculino. 93 15 - Proporção de celibatários - livres.

2a? Companhias 1786, 1792 e 1798. Sexo masculino. 94

(4)

16 - Proporção de celibatãrios - livres.

Ia? Companhias 1786, 1792 e 1798 - Sexo feminino. 95 17 - Proporção de celibatãrios - livres.

2a? Companhias 1786, 1792 e 1798. Sexo feminino. 96 18 - Proporção de celibatãrios - escravos.

cl cl

1. e 2. Companhias 1798. Sexo masculino. 97 19 - Proporção de celibatãrios - escravos.

cl 3.

1. e 2. Companhias 1798. Sexo feminino. 98

(5)

LISTA DE TABELAS pág.

1 - População livre segundo sexo, idade e estado

matrimonial. 1. Companhia 1786. 60 cl

2 - População livre segundo sexo, idade e estado

matrimonial. 2f Companhia 1786. 61 3 .- População livre segundo sexo, idade e estado

matrimonial, lf Companhia 1792. 62 4 - População livre segundo sexo, idade e estado

matrimonial. 2. Companhia 17 92. 63 cl

5 - População livre segundo sexo, idade e estado

matrimonial, lf Companhia 1798. 64 6 - População livre segundo sexo, idade e estado

matrimonial. 2f Companhia 1798. 65 7 - População escrava segundo sexo, idade e estado

matrimonial, lf Companhia 17 98. 66 8 - População escrava segundo sexo, idade e estado

matrimonial. 2? Companhia 1798. 67 9 - Distribuição da população livre segundo sexo. 68

10 - Distribuição da população escrava segundo sexo. 68 11 - Repartição da população por grandes grupos de

idades-livres Ia? Companhias 1786, 1792 e 1798. 78 12 - Repartição da população por grandes grupos de

idades-livres 2a? Companhias 1786, 1792 e 1798. 78 13 - Repartição da população por grandes grupos de

idades-escravos. if e 2f Companhias 1798. 79 14 - A evolução dos domicílios da vila de Curitiba-livres

e escravos. 102 15 - A evolução dos domicílios da vila de Curitiba, seu

conjunto e número médio - livres e escravos. 104 16 - Composição dos domicílios if e 2f Companhias 1786. 106

17 - Composição dos domicílios if e 2f Companhias 1792. 107

~ cl cl

18 - Composição dos domicilios 1. e 2. Companhias 1798. 108

(6)

Pág.

1 9 - 0 tipo de domicílio em relação ao seu tamanho.

1? Companhia 1786. 110 20 - 0 tipo de domicílio em relação ao seu tamanho.

2a Companhia 1786. 1 1 1

21 - O tipo de domicílio em relação ao seu tamanho.1

a 112 1. Companhia 1792.

22 - 0 tipo de domicílio em relação ao seu tamanho.

2? Companhia 1792. 1 1 3

2 3 - 0 tipo de domicílio em relação ao seu tamanho.

if Companhia 1798. 1 1 4

24 - O tipo de domicílio em relação ao seu tamanho.

2a Companhia 17 98. 1 1 5

25 - Estrutura dos domicílios - classificação do conjunto da população segundo as relações de seus membros com o chefe do domicílio.

26 - Composição de família - lf Companhia 1786. ^ ^ 27 - Composição de família - 2^ Companhia 1786. ^ ^ 28 - Composição de família - Ia Companhia 1792. ^ ^ 29 - Composição de família - 2f Companhia 1792.

30 -- Composição de família - 1? Companhia 17 98. ^2 3 31 - -Composição de família - 2^ Companhia 1798.

— cl 19 7 32 •• Numero de filhos por família - 1. Companhia 1786. x ' 33 - Número de filhos por família - 2? Companhia 1786 128 34 - Número de filhos por família - lf Companhia 1792.

35 - Número de filhos por família - 2a Companhia 1792.

36 - Número de filhos por família - lf Companhia 1798. 1 3 1

< ci 1 o O

37 - Número de filhos por família - 2. Companhia 1798. 1,3

38 - Composição dos domicílios por número de chefes segundo presença de agregados - 1786.

(7)

40 - Composição dos domicílios por número de chefes segundo

presença de agregados - 1798. 137 41 - Composição dos domicílios por numero de chefes segundo

presença de escravos. 1786. 139 42 - Composição dos domicílios por número,de chefes segundo

presença de escravos - 17 92. 14 0 43 - Composição dos domicílios por número de chefes segundo

presença de escravos 1798. 141

(8)

INTRODUÇÃO

(9)

O presente trabalho visa a reconstituição da popula- ção da vila de Curitiba, nos fins do século XVIII, utilizan- do como fonte principal de pesquisa, as primeiras listas no- minativas de habitantes da Vila realizadas de acordo com as Companhias requisitadas pela Capitania de São Paulo.

Constituem as listas rica fonte documentária, sendo também inéditas para estudos da população curitibana,pois só foram utilizadas em estudo semelhante para a Cidade de São Paulo, no período de 1750 a 1850, por Maria Luiza Marcilio^]

Os resultados de seu trabalho, não divergem muito dos obti- dos para a vila de Curitiba, aliás ambas, cidade e vila, per tenciam ã mesma Capitania até meados do-Século XIX.

O período abrangido por esta pesquisa é de quinze anos, localizado nos últimos anos do século XVIII, precisa- mente de 1786 a 1799.

Para o levantamento exaustivo dos dados foram esco- lhidos três censos básicos: 1786 que é o primeiro, 1792 por- que está em bom estado de preservação e possuir informações mais completas e 1793 por ser o último referente a este pe- ríodo.

MARCÍLIO, Maria Luiza. Tendências e estruturas dos domicílios na Capitania de São Paulo (1765-1828) segundo as listas nominativas de habitantes. Revista dos Estudos Econô- micos. São Paulo, 2 (6) 131-43.. dez. 1972.

9

(10)

Dentre as cinco Companhias de Ordenanças pertencen- tes a vila de Curitiba, e que são: Freguesia da vila de Curi- tiba com duas companhias, Freguesia de São José dos Pinhais, Freguesia de Santo Antonio da Lapa e Freguesia de Santa Anna do Yapó, foram levantadas somente as duas primeiras compa- nhias referentes à Curitiba, ficando as demais para um estu- do a ser realizado posteriormente, e no qual se objetivará o conhecimento de toda a população pertencente ao território da Vila.

A metodologia empregada nos estudos da população por sexo, idade e estado matrimonial, e que dá visão global do conjunto populacional livre e escravo, foi baseado em mode-

( 2 )

los de Louis Henry , enquanto as analises da estrutura das famílias e dos domicílios, apoiöu-se em modelos de Peter

(3)

Laslett , bem como nas adaptações feitas por Maria: Luiza Marcílio da metodologia de Henry.

0 uso de tais modelos deu maior operacionalidade ao estudo.

Os conjuntos de população livre e escrava foram ana- lisados separadamente em virtude das diferenças sociais e econômicas que comportam.

2

HENRY, Louis. Manuel de demographie historique. Pa- ris, Droz, 1967. 146 p.

3

LASLETT, Peter. Household and family in Past Time.

(11)

As listas trazem diversas indicações: da constitui- ção dos domicílios e o número de famílias que os compõem, bem como as características de sexo, cor, idade e estado ci- vil, porém, face as dificuldades com que foram elaboradas, tais como: a distância dos domicílios, a falta de comunica- ção e, sobretudo, a desconfiança da população com referência a estes recenseamentos primitivos, muitas vezes dando infor- mações não verdadeiras aos recenseadores, entre outras, fa-

zem com que haja um grande número de sub-registros.

0 estudo das atividades profissionais da população não foi realizado por falta de dados mais concretos e cons- tantes nos três censos elaborados.

»

Embora se tratando de pequena amostragem de uma po- pulação antiga, espera-se ter contribuído, através do estudo da população de Curitiba no final do século XVIII, para a reconstituição da estrutura populacional e social do Paraná Tradicional, conforme os objetivos do projeto n? 3 do De-

- (4) partamento de Historia da Universidade Federal do Parana

Ao ser apresentada esta Dissertação, são apresenta- dos agradecimentos ã contribuição dos Professores do Curso de Mestrado em História do Brasil, em especial, ã Professora Oksana Boruszenko, como orientadora, bem como ã Professora Altiva Pilatti Balhana, pelo estímulo e pelas sugestões.

4 -

BALHANA, Altiva Pilatti. Historia demográfica do Pa- raná. Boletim da Universidade Federal, do Paraná. Curitiba, 10 : 27-36, 1970.

11

(12)

9

-7

1.0 - CURITIBA E SUA POPULAÇÃO

(13)

A antiga povoação de Nossa Senhora da Luz tem sua vi da registrada desde os meados do século XVII.

A expansão das atividades mineradoras no litoral, atraiu muita gente de S. Vicente, Iguape e Cananëia, avolu- mando-se a população no trabalho da extração do ouro das faisqueiras que segundo Lourenço Ribeiro de Andrade "foram- se descobrindo, adquirirão pa. pouca roupa que- Se Contenta- vão vivendo quazi Como o Gentiu comque Se m i z t u r a v ã o . " ^

A produção do ouro não atendeu as expectativas, con- tudo a fixação de alguns, permitiu em 1693, que o Capitão Matheus Leme regularizasse a situação do povoado, como Vila de Nossa Senhora da Luz.

Os habitantes viviam em condições precárias, dedi- cando-se exclusivamente a uma agricultura de subsistência,em bora a região oferecesse condições favoráveis ã criação de animais domésticos, não existiam grandes rebanhos.

Até fins do século XVIII, Curitiba, único centro de população do planalto era insignificante e isolada das demais vilas paulistas por enormes distâncias e por falta de vias de comunicação, a não ser os trilhos dos índios cheios de pe-

( 2 )

rigos.

1CARTA de Lourenço Ribeiro de Andrade ao Coronel Luiz Antônio Neves de Carvalho. 30 de novembro de 1797. Curitiba, Arquivo do Museu Paranaense, Seção de Documentação Histórica

(Documento n? 915).

2 -

MARTINS, Romário. Historia do Parana. Curitiba, Em- presa Gráfica,Paranaense, 1937. p. 314.

(14)

Nessa condição miserável de não ter como fazer con-

sumir sua produção agrícola, contentou-se a população em trabalhar para o sustento de suas famílias, vivendo alguns de trocas realizadas em Paranaguá, de congonha por sal, algodão e farinha, não sendo estimulados pára uma atividade econômi- ca mais lucrativa .

Impulsionado pelas necessidades de mineração nas Ge- rais inicia-se o ciclo de criação de gado e a conseqüente-a- bertura de estradas para este tipo de trânsito, como afirma

(4) -

Capistrano de Abreu "... Curitiba: esta ultima aparente- mente, atraiu pouca população e medrou precariamente enquan- to não lhe deu vida o comércio de trânsito, principalmentede muarés, procedentes do Sul."

A fim de dar condições a este comércio de trânsito, foram abertos vários caminhos que ligavam as cidades e as fazendas e também estradas propriamente ditas como a do Via- mão que era a mais antiga e a qual Lourenço Ribeiro de Andra d e ^ refere-se:

"já neste Ceculo pellos anos de 1728 ou 30, go vernando esta Cap? o Em? Sor Ant? Caldeira Pi-' mentel, Com promeSsas dé m 9e s e grdez Vili-

lid.ez, persuadiu aq1 este Povo rompeSse o grd.e Sertam de matos, Serras e rios perigozos abrin do Cam.o p. a Sima da Serra do Riu Grd.e de S.

Pedro do Sul por onde athé hoje estão vindo an nualmente as indiziveis tropas que tem dado tanta utilid. e a real fazd.a nos quintos q' pagão."

3 -

Termo de Vereança - 14-5-1777 - Boletim do Arquivo Mu-

(15)

Ainda com referência a abertura desta estrada refe- re-se a Certidão do capitão-mor; regente e juiz ordinário da vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba,Leão de Melo e Vasconcelos, e mais oficiais da Câmara da mesma vila em 18-8-1744/ atestando que: "sendo governador e capitão-ge- neral da capitania de São Paulo, Antonio da Silva Caldeira Pimentel, mandara abrir, pelo sertão, o caminho do Rio Grande de São Pedro (do Sul), mas não tinha sido possível a sua utilização até que Cristóvão Pereira dé Abreu o arranjara ã sua custa e de tal modo que os seus direitos tinham ultra- passado dez mil cruzados."

No planalto a pecuária sofreu uma desvalorização no que se refere ao abastecimento das minas locais, como consta da carta já citada de Lourenço Ribeiro de Andrade em que os Criadores que vendiam seus potros a 25$000 e os bois a 8$000 passaram a vender os potros a 4$000 e os bois a 2$000 prefe- rindo por isso abastecer as ricas minas dé Goiás e Minas Ge- rais, ativando dessa maneira a criação de gado e o comércio de trânsito que vem dar a vila de Curitiba uma fase de pros- peridade e aumento populacional.

Rafael Pires Pardinho em carta ao Rei datada de 30- (7) ~

8-1721 diz que: " a povoaçao de Curitiba começou a ser

Certidão do capitão-mor Leão de Melo Vasconcelos.

Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro; Ca- talogo de Documentos da Historia de S.Paulo. Rio de Janeiro, Departamento Nacional, 1957.-V. 4. p. 195.

7

Consulta do Conselho Ultramarino sobre a conta que dá o ex-ouvidor geral da Capitania de São Paulo, Rafael Pi- res Pardinho. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro ; Catálogo de Documentos da Historia de Sao Paulo.

Rio de Janeiro, Departamento Imprensa Nacional, 19 56. T. 1,

p. 271. 1 5

(16)

formada por alguns moradores de Paranaguá, que subiram a ser- ra e se fixaram naquele local, levando consigo algumas ca- beças de gado e a viver nas mais precárias e primitivas con- dições até 1704, em que na parte que fica junto à estrada que segue para S. Paulo, se começaram a construir alguns cur- rais. A multiplicação desse gado tem sido sua principal fon- te de rendimento."

Mais adiante menciona o fato de alguns moradores já se terem aventurado pelos sertões, e julgarem ser fácil a abertura de caminhos para o Sul, donde possam trazer o gado.

É essa portanto, a origem do gado no planalto curi- tibano, pois através da Certidão de 29-8-1749 do escrivão das tropas que iam do Rio. Grande de São Pedro do Sul para a vila de Curitiba, atestando que vira nos livros que serviam ao registro, que desde a saída de Cristóvão Pereira de Abreu,com as primeiras tropas em 10-6-1734 até 1749, tinham entrado na vila 12.575 cavalos, 4.319 mulas, 673 éguas e 629 cabeças de

. (8)

gado vacum

A exportação do gado, entretanto, era dirigida prin-

~ ci S

cipalmente para Sao Paulo, como demonstra a "Listadas Fazd.

decriar que ceachão neste destricto e os donos Habitantes em

8 ~ ~

Certidão do escrivão das tropas que iam do Rio Gran

de de São Pedro do Sul para a vila de Curitiba, Domingos' Gonçalves Padilha. Revista do Instituto Histórico e Geográ-

fico Brasileiro; Catalogo de Documentos da Historia de Sao Paulo. Rio de Janeiro, Departamento Imprensa Nacional, 1957.

(17)

(9 )

diferentes Parochias para o ano de 1798" em que aparecem 16 fazendas, das quais 7 exportam bois para São Paulo num total de 337 cabeças e somente 1 para o Rio de Janeiro num total de 110 cabeças.

Apesar do desenvolvimento da pecuária, a agricultura permanecia menosprezada, e ligada somente a subsistência das famílias, e à produção do essencial para a troca de gêneros que necessitavam e em especial o sal.

Aliás mais tarde Saint-Hilaire observava querem Curi tiba não ê o calor excessivo que leva os homens ã preguiça, eles são indolentes porque necessitam de pouca coisa para viver, não conhecem o luxo e tanto a fecundidade do solo co- mo a doçura do clima não os obriga a despender grandes es-

(10)

forços.

Surgem, assim, lideradas pelas autoridades centrais, campanhas de incentivo ao desenvolvimento agrícola, que bas- tante temerosas com uma crise de abastecimento taxam preços dos "feyjons, milhos, toucinho, trigo em grão e farinha de trigo", além de pregar também o não desperdício de mantimen-

• * (11) tos para a milicia nao passar fome.

DEPARTAMENTO DO ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Caixa 206, T.C. 1794-1798. Populaçao de Curitiba - Pa- raná.

10SAINT^HILAIRE, Auguste de. Viagem ã Comarca de Curi- tiba (1820). São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1964. p.

122.

11TERMO' de Vereança de 10-2-1798 e de 26-3-1798. Bo- letim. do Arquivo Municipal de Curytiba. 35(33-39) 1927/28.

17

(18)

Das diferentes campanhas cita-se a Carta Supra de S.

Mag? ^2^ d o s fins do século XVIII em que ordena:

"promover geralmente a Agricultura, e com es- pecialidades as produções próprias do Pãíz que os são de primeira necessidade para a subsis- tência dos moradores ou tem huma infalível ex portação para fora, como hé o Trigo,a Farinha de Mandioca, Arroz, Café, Algodão, etc. Pro- mover o uzo do Arado e Charrúa parara cultura das terras, fazendo ver aos lavradores a uti- lid? que destes Instrumentos lhe rezulta, e para mais os animar avizarão por esta Secre- taria dos primeiros que adoptarem este métho- do, os quaes serão favorecidos, e recompença- dos como merecem." ,

A nova atividade com base na agricultura trouxe fi- nalmente à Vila certa estabilidade econômica, como se pode ver através do "Mapa da Exportação de Produtos da Parochia de

(13)

Coritiba no Anno de 1798" em que agrupando as duas compa- nhias que compunham a parochia aparecem os seguintes produtos:

para o Porto de Paranaguá: "Feijão, Toucinho, Fumo e Congonha perfazendo um valor de 571 cruzados, e para São Paulo : Bestas, Potros e Bois num valor de 11.812 cruzados."

Não se compara, entretanto ao montante das exporta- ções realizadas pelo Porto de Paranaguá, principal núcleo co- mercial do Paraná Tradicional, neste mesmo ano de acordo com o "Quadro Geral da Exportação da Vila de Paranaguá, no ano de

(14)

1798" e que compunha-se dos seguintes generös: Farinha de

1 2 ~

OFICIOS do Capitao General Antonio Manuel de Melo Castro e Mendonça. 1797-1801. Documentos Interessantes. São Paulo, Departamento do Arquivo Público do Estado de São Paulo, 1963, v. 87, p. 95.

13

Departamento do Arquivo do Estado de Sao Paulo,Cai- xa 206.

(19)

Mandioca, Arroz pilado, Madeiras, Arroz Casca, Peixes, Bêtas e Café totalizando 7.692.334 cruzados.

Através do "Mappa Comparativo das Produçoens da Pa- rochia dé Coritiba com a Especificação do que se conSumio na

(15 )

mesma, e delia se exportou no ano de 1798" podem ser nota- dos os seguintes produtos: "Oiro em pó, Feijão, Trigo, Milho, Fumo, Congonha, Farinha, Toucinho, Bois, Bestas, Potros, Fa- rinha de trigo, Arros, Tañados, Azeite, Coxonilhos de lan, Queijos, num valor de 23.791 cruzados, agrupando também as duas companhias de Curitiba.

Com o "Mappa dos Preços Correntes na Parochia de Co- (16)

ritiba no mez de fevereiro do anno de 1799" , nota-se o grau de participação da Vila, na economia de mercado brasileira nos fins do século XVIII, demonstrando os preços médios dos pro- dutos correntes na Vila:

Generös vinho

agurd!"e do reino vinagre

agurdt"e de cana linhos ordinários baetas

chapeos ordinários panos de lan

panos de algodão

Preço Médio em Ré i s

8 00

1.440 720 480 560 720 1.120 1.280 20.000

Unidade medida medida medida medida vara

covado cada hú covado peça 15 Departamento do Arquivo do Estado de Sao Paulo, Cai- xa 206.

Ibid.

19

(20)

Generös asucar sal bestas

Preço Médio em Réis

2.560 4.000 15.000

Unidade arroba alquelire cada húa

Gêneros feijão toucinho fumo congonha bestas potros bois

GÊNEROS DE EXPORTAÇÃO Preço Médio

em Réis 400 1.280 1. 280 140 9.000 4.000 1.600

Unidade alqueire arroba arroba alqueire cada húa cada hú cada hú

GÊNEROS CONSUMIDOS NA PAROCHIA

Gêneros feijão trigo milho fumo congonha

farinha de milho toucinho

bois

oiro em pó

farinha de trigo arros

tañados

azeite de mamona coxunilhos

Preço Médio em Reis

400 640

200 1.200

140 480 1. 280 2.400 1.120 900

1.200 600

400 12.000

Unidade alqueire alqueire alqueire arroba alqueire alqueire arroba cada hú oitava arroba alqueire cada hú medida

cada hú

(21)

Comprova-se através dessas cifras que em fins do sé- culo XVIII,. Curitiba já mantinha relações comerciais signi- ficativas, apoiada num contingente populacional crescente, baseado no comércio e na criação do gado, bem como no desen- volvimento recente da agricultura.

A composição étnica da população curitibana, no pe- ríodo estudado é aquela do Brasil Colonial: o índio, o ne- -•

gro e o branco.

Assim na época da mineração, da pecuária, das indús- trias extrativas e da agricultura de subsistência,estão pre- sentes além dos três elementos principais, toda a variada ga ma de mestiços que caracterizam o quadro demográfico de gran de parte dos países americanos e da maioria das regiões bra-

., • (17) sileiras .

As atividades econômicas desenvolvidas fora dos do- micílios, bem como os recrutamentos realizados pela Capita- nia com a finalidade de defesa do território, o que é lugar comum em toda a História Colonial Brasileira e que no caso do planalto paranaense, expressa-se também em virtude dos ata- ques de bugres, ou sobretudo das expedições de conquista co- mo no caso da Expedição do Tibagi e para os Campos de Gua- rapuava, reflete não só a instabilidade em que vivia a Vila como também explica o grande êxodo da população curitibana para os campos.

17 ~ BALHANA, Altiva Pilatti. Formaçao da populaçao pa-

ranaense. Boletim do Instituto Histórico, Geográfico e Etno- gráfico Paranaense. Curitiba, 10:40-51. 1969. p. 43.

21

(22)

Em contrapartida, há uma preocupação das autoridades pela multiplicação da população da Vila e seu bem-estar, co- mo demonstra o auto de provimento datado de 2 de novembro de

1787. ( 1 8 )

"Proveo mais que daqui em diante se não deem chaons nesta Villa, sem ser com a condição de se edeficar nelles cazas dentro aos primeiros seis mezes, fazendose as de oitão inteiro, e calcandose logo as testadas na frente sobre- dita e que não estando as cazas dentro do di- to tempo ao menos cubertas, e com as paredes alevantadas e acabadas, fiquem logo os chaons devolutos, e se deem a outras pessoas, q'os pedirem, pagando por sua avaliação alguma bem feitoria q'nellas se tiver feito; sem que em nehum tempo os que pedirão chaons, e lhes fo- rão c o n s e d Q s de graça os possão vender a ou- tras q1nelles queirão fazer cazas na fr^ do provim^0 4 2 do D?r Raphael Pires Pardinho."

(19) Também Antonio Manoel de Mello GastroeMendonça , s ' Capitão General da Capitania de São Paulo, a partir de junho de 1797, no capítulo segundo de sua "Memória Econômico-Polí- tica de São Paulo", expõe quais os meios mais adequados para o aumento da povoação da Capitania, enumerando a facilitação dos casamentos, gerado pelo desenvolvimento da agricultura através do uso do arado, a diminuição das avultadas despesas relativas ã cerimônia do casamento cobrada pela Igreja no caso dos nubentes possuírem grau de parentesco, a escolha de situações locais propícias ao estabelecimento de povoações,

] O _ .

PROVIMENTOS de Correiçoes, 1724-1812.Boletim do Ar- chivo Municipal de Curityba. V.87. p. 114-15.

19 -MENDONÇA, Antonio Manoel de Mello Castro e. Memoria económico-política da Capitania de São Paulo em 1800. Anais

(23)

e o benefício em se importar casais dos Açores para ensinar novas técnicas agrícolas, fazer crescer a povoação, dando não só maior número de filhos, como também mais vigorosos e ro-

bustos . . Para uma idéia do grande desenvolvimento alcançado

pela Vila de Curitiba em fins do século XVIII, foram extraí- dos os dados dos dois mapas das "Occupaçõens dós Habitantes da Parochia de Curitiba em o Anno de 1798" ^ ^ somando as duas companhias estudadas de Curitiba:

Magistratura e Empregos Civis Clero Secular

Clero Regular Agricultores Negociantes Mineiros Artistas Arrieiros Jornaleiros

Solicitador.de Cauzas Pessoas Assalariadas Caiadores

Escravos Escravas

Vadios e Mendigos

12 07 01 541 43 03 53 86 10 02

39 10 602

635

20 (21)

20 xa 206.

Departamento do Arquivo do Estado de São Paulo. Cai-

21

Preferiu-se nao somar o resultado das duas compa- nhias, como nas demais, nas ocupações de jornaleiros e pes- soas assalariadas, uma vez que os jornaleiros exerciam ati- vidade por diária, enquanto os assalariados possivelmente por quinzena ou por mês.

23

(24)

Comprova-se através desses mapas o declínio das ati- vidades mineradoras em prol das agrícolas, uma vez que exis- tem só 3 mineiros para 541 agricultores, sendo lamentável contudo que não haja refèrência às pessoas ligadas â criação e ao transporte de gado, a fim de que se pudesse realizar a- nálise comparativa mais completa das atividades econômicas preponderantes no período.

A fim de apresentar um quadro geral do número de ha- bitantes da vila de Curitiba nos fins do século. XVIII, para as duas companhias, foram utilizados os recursos das Listas Nominativas de Habitantes para o levantamento exaustivo em três anos base: 1786, 1792 e 1798 dos quais são apresentados os totais da população.

Para os demais anos os dados foram fornecidos pelos Mapas Gerais do Povo da Vila de Curitiba, que eram confeccio

nados com os resultados das Listas Nominativas.

Para a elaboração deste quadro foram utilizadas so- mente as duas listas referentes a Freguesia da Vila propria- mente dita, nos anos que se seguem:

(25)

POPULAÇÃO TOTAL DA V I L A D E CURITIBA NOS FINS DO SÉCULO X V I I I

TOTAT

A N O S TOTAL HOMENS TOTAL M U L H E R E S TOTAL E S C R A V O S poPUL

1786 1.731 1.766 1.018 4.515 (22)

1787 1.671 1.727 941 4.339 (23)

1788 1.671 1.707 944 4.322 (24)

1789 1.798 1.911 961 4.670 (25)

1790 1.883 1.999 990 4.872 (26)

1791 1.978 2.054 1.006 5.038 (27)

1792 2.093 2.231 1.045 5.369 (28)

1793 2.024 2.159 1.044 5.227 (29)

1795 2.317 2.469 1.120 5.906 (30)

1796 2.424 2.465 1.120 6.009 (31)

1798 2.575 2.818 1.172 6.565 (32)

Foi impossível calcular os totais de população para o ano de 1797, pelo fato dos mapas trazerem o global das po- pulações referentes às companhias reunidas e 1794 pela ine- xistencia do mapa.

É esse o panorama populacional curitibano até fins do século XVIII, sob o qual baseiá-se esta pesquisa demográ- fica-.

2 2 ~

Departamento do Arquivo do Estado de Sao Paulo.Cai- xa 204 - extraído das Listas Nominativas.

23 Ibid, caixa 205 24 Ibid

2 5 Ibid 26 Ibid 27 Ibid

28 Ibid - extraído das Listas Nominativas 29 Ibid

30 Ibid, caixa 206 31 Ibid

32 Ibid - extraído das Listas Nominativas.

25

(26)

2.0 - AS FONTES E A METODOLOGIA

2.1 - AS LISTAS NOMINATIVAS DE HABITANTES

(27)

São muito escassas as referências e as informações existentes ã respeito do contingente populacional paranaen- se do final no século XVII e no século XVIII.

Das principais fontes encontradas e que dão, apesar da forma indireta, alguma notícia sobre população do final do século XVIII, podem seir indicadas, as informações conti- das no "Requerimento para a Creação das Justiças"^^, que os habitantes de Curitiba encaminharam ao Capitão-Povoador, em 1693, e que permite avaliar a população do planalto curiti- bano naquela época: "Os moradores todos assistentes nesta po voação de Nossa Senhora da Luz e Bon Jisus dos Pinhais que atendendo ao serviço de Déos e o de Sua Magestade, que Deos Guarde, pas quietasão e bem comum deste povo, e por ser jã oje mui crecido por passarem de noventa homes, e quanto mais crese a gente se vão fazendo mores desaforos, e ben se vio esta festa andarmos todos com as armas na mão... seja servi- do promitir que aja justiça nesta vila pois nela a gente bas- tante para eyxerser os cargos da dita Justiça que faz nomero de tres povos. E pela ordenação ordena Sua Magestade que a- vendo 30 homens se eleja Justiça."

"'"BALHANA, Altiva Pilatti. Formaçao da população pa- ranaense. p. 41.

27

(28)

Segundo Altiva Pilatti Balhana, com este Requerimen- to, torna-se possível estimar a população curitibana, que requeria a criação da justiça, pois havendo em Curitiba 90 homens ou tres povos, deveria existir uma população de apro- ximadamente 540 pessoas.

Outra estimativa de população foi realizada no iní- cio do.século XVIII pelo Ouvidor Raphael Pires Pardinho (2), afirmando que: "Haverá nas duas frequezias, 200 cazaes, e mais de 1.400 pessoas de confissões."

As duas freguesias a que ele se refere são as de São José e Senhor Bom Jesus do Perdão e a de Nossa Senhora da Luz de Curitiba.

Outras possíveis maneiras de contagem e estudo da po- pulação curitibana a partir do século XVIII é a de explora- ção de fontes primárias como a de registros paroquiais e a de listas nominativas de habitantes, constituindo estas úl- timas o objetivo do presente trabalho.

As- listas nominativas estudadas fazem parte do acer- vo do Arquivo Público do Estado de São Paulo, pois até a me- tade do século XIX o atual Estado do Paraná integrava a en- tão Província de São Paulo.

2 -

MARCONDES, Moyses. Documentos para a historia do Pa- raná . Rio de Janeiro, Typografia do Anuario do Brasil, 1923.

p. 20.

(29)

O mais antigo recenseamento da Capitania, data de 1765, por força da ordem recebida de Portugal por D.Luis An-

~ ~ (3)

tonio de Souza Botelho Mourao de organizar as forças mi- litares da Capitania, conforme o seguinte documento: "Vmce., logo que receber esta sem perda de tempo na conformidade que dispõe o § 9 do Regimento dos Capitães Mores fará huma Lista de toda a gente da Sua Companhia com os nomes dos Cabeças de Cazaes e sua idade , os nomes de suas molheres o valor de seus bens destinguindo Seus filhos Cada hum pelo Seu nome, e ida- des, tudo na forma do Exemplar que remeto da qual Lista Vm.ce., remeterá huma Cópia a esta Secretaria."

A partir desta data foram realizados sistematicamen- te esses recenseamentos com finalidade militar de defesa da Capitania, mas que eram também uma contagem de população, uma vez que arrolavam não só dados relativos aos chefes de domi- cílios, mas também de toda a sua família, agregados e escra- vos, sem exceção de condição social, atividade profissional ou cor:

"É que já oito anos antes dessa data (1777) , por ordem de Pombal, em São Paulo e no Para- ná, as autoridades alistavam todos os mora- dores que se achassem em estado de servirem nos terços e auxiliares, sem exceção de no- bres, plebeus, brancos, mestiços, pretos,in- gênuos ou libertos".(4 )

3 - ~ MARCILIO, Maria Luiza. La ville de Sao Paulo; peu- plement et population 1750-1780. Rouen, Universite de Rouen,

1968. p. 98.

4

• BALHANA, Altiva Pilatti et alii. Historia do Para- ná . Curitiba, Grafipar, 1969. v. 1, p. 76.

29

(30)

Todavia essas tentativas de recenseamentos foram mui to deficitárias devido a vários fatores, entre os quais: a dificuldade de comunicação entre os afastados povoados da Ca- pitania e o próprio caráter do empreendimento que ainda desu sado provocava a fuga de moradores como demonstra o relato de 1776: "muitos moradores da vila de Curitiba atendendo as conveniências de sua acomodação e por servir ao serviço de S. Majestade, se tem ausentado de suas habitações, desertan- do delas para os matos, mas mesmo aí não teriam segurança, se riam prêsos, a todo o tempo que aparecerem, e remetidos em correntes a esta praça (Santos) e serão castigados rigorosa- mente." ( 5 )

Tais dificuldades com o correr do tempo foram supe- rados e transformadas em atencioso zelo da parte dos Capitaes

s-

Gera:is, devido a responsabilidade da remessa ã Portugal de um Mapa Geral da Capitania que era realizado através dos resul-

tados resumidos das listas nominativas também chamadas de Mapas Gerais do Povo existente no termo da Vila e que consta para a vila de Curitiba de quatro freguesias: Freguesia da Vila, composta de duas listas, Freguesia de São José, Fre-

guesia de Santo Antonio da Lapa e Santa Anna do Iapó.

Os mapas possuem os seguintes elementos: divisão por sexo, idades por classes e suas respectivas somas, totais de nascimentos e óbitos e assinaturas dos Capitães-gerais. Para

Ibid.

(31)

o ano de 1797 começam a surgir algumas modificações, como no caso da cor onde aparecem tres categorias: dos brancos, par- dos e pretos, porém para o ano de 1798, há também uma com- plementação em que aparecem, além dos dados dos anos prece- dentes, a divisão por estado civil, as ocupações dos habitan tes, o mapa dos casamentos anuais, nascimentos, mortes, lis- ta das fazendas de criar e seus donos, importação dos produ- tos e manufaturas do Reino e de outros Portos do Brasil, das exportações, das produções e dos preços correntes na Paróquia de Curitiba e nas Freguesias de São José dos Pinhais e Santo Antônio da Lapa. (6)

1 ••"" " 9

^ P9 o Cap1? Mõr da vf de Curytiba - Lourenço Ribeyro de Andrade de Antônio Manoel de Mello Castro e Mendonça.

Sendo da maior importância que as listas particula- res dos habitantes de cada destricto, anualmente remetidas a esta Secretaria se fação com a devida exaptidão e clareza não só p? a organização do Mappa geral que délias se forma, como para por elle ser a Sua Mag? prezente o número das pessoas que existem nesta Capitania: ordeno por tanto a vm9e q. logo que esta lhe for entregue destribua sem perda de tempo as competentes ordens aos Capitães do seu Comando, para q. cada hum delles no seu respectivo destrito, passe a fazer hum alis tamento geral e methõdico de' todos os moradores que nelles houver, na conformid? do Plano, e Instrucções que vão juntas com esta notadas debaixo da Letra A. A Lista de cada huma das companhias deve afinal vir seguida de hum Mappa semilhante ao modelo que vai marcado com a Letra B no qual se veja pellas classes especificadas o numero dos individuos que lhe per- tencem. Isto assim executado formará vm9e depois outro Mappa igual, rezumindo nelle, e debaixo de hum ponto de vista oque em todas as ditas companhias se compreende. Para os cazamen- tos, mortos e nascidos, deve vm?e recorrer aos Parochos das Freguesias, os quaes promptamt-e hão de cooperar da sua parte' com os seus assentos e clarezas, na forma das ordens de Sua Mag?, e recomendações do seu R1?0 Prelado.

'São Paulo a 14 de agosto de 1798.

OFICIOS do Capitão General Antonio Manoel de Mello Castro e Mendonça (Governardor da Capitania) 1797-1801. Do- cumentos Interessantes.São Paulo, Departamento do Arquivo de Estado de Sao Paulo, 1963. v.87, p. 96-97.

31

(32)

A coleta de dados e a confecção das listas nominati- vas propriamente ditas estava a cargo dos Capitães-mores das Vilas ajudados pelos funcionários da justiça e principalmen- te pelos párocos que também ofereciam os totais de batismos, casamentos e óbitos ocorridos nas diferentes vila e que cons tavam como elementos dos Mapas Gerais da População.

Através do estudo mais aprofundado das listas é pos- sível notar certa negligência dos Capitães-mores em não atua lizá-las anualmente como pode ser verificado no comentáriofei to por Antônio Manoel de Mello Castro e Mendonça, quando da redação de sua Memória Económico-Política da Capitania de São Paulo para as listas dos habitantes da Capitania no ano de 1799: "entrando no trabalho desta reducção achei tantas in- coherencias, tantas faltas de proporção nas idades que vi- nhão notadas nas mesmas Listas, que justamente duvidei da sua.

veracidade; pois não correspondiam de modo algum aos Cálculos Políticos de que nos servimos. Passei a examinar as listas anteriores, e mesmo as do tempo de meu Antecessor, e então conheci que quazi todos os deffeitos délias vinhão transmi- tidos e communicados daquele tempo, e alguns de mais longe, e que seria sempre impossível poder tirar alguns resultados verdadeiros dos meus Cálculos, não sendo elles fundados em

•<• ( 7 )

princípios da mesma natureza."

7MENDONÇA, Memória, p. 93.

(33)

O problema relativo à precaria confecção das listas nominativas, está ligado principalmente â irregularidade das idades e ao aparecimento e desaparecimento dos filhos de al- guns casais. Tais fatos conduzem as seguintes hipóteses: na hora do recenseamento alguns filhos poderiam estar fora de casa, morando temporariamente em outros domicílios e só apa- recerem novamente no domicílio de origem, no censo seguinte.

Para o mesmo caso é possível que o desaparecimento de algum filho seja em conseqüência de sua própria morte ou a consti- tuição de um novo domicílio por motivo de casamento, ou ain- da o desaparecimento e o conseqüente aparecimento em alguns recenseamentos posteriores com idade inferior â antiga, seja ocasionado pelo costume antigo de dar ao filho que nasceu o nome de algum outro que tenha morrido precocemente. Esta úl- tima ocorrência é muito comum em estudos de reconstituição de famílias, que não é o caso presente mas que pode alucidar o problema acima proposto. • >

Para positivar ainda a referência acima, foram cole- tados exemplificativamente os dados correspondentes a algu- mas famílias nas tres lista de 1786, 1792 e 1798, e que são os seguintes:

Na 1. Companhia de 1786 Bairro do Rocio A família de José Miz 28 anos

Isabel m. 20 anos er

Antonio F9 1 ano Na 1? Companhia de 17 9,2

José Miz. C. 27 anos 3. ö 3T

Isabel Cordr. m. 26 anos

33

(34)

Na 1. Companhia de 179 8 d.

José Miz ... 32 anos ra. sr

Isabel Córd. m. ... 25 anos

Filhos • Antonio 11 anos

Joaquim 9 anos Francisco ... 4 anos José ... 2 anos Na 2? Companhia de 17 86 Bairro da Conceição

A família de Gonsalo da S/ 57 anos er

Margarida sua m. ... 45 anos Isebio filho 21 anos Pedro filho ... 13 anos Francisco filho 11 anos Vitorianna filha 8 anos

de Urumbebas 120 Na 2. Companhia de 1792 £

Gonzalo da sf Caz 60 anos er

Margarida Roiz m. 45 anos Pedro filho ... 20 anos Francisco filho 18 anos Vitorianna filha 12 anos Na 2? Companhia de 179 8

Gonçalo da Silva pardo caz. 61 anos er

Margarida m. parda 51 anos Filhos

Pedro pardo 21 anos Francisco pardo 13 anos Filha

(35)

Com relação ainda ao problema dos sub-registros for- necidos pelas listas, verifica-se baixo índice de natalidade demonstrado no estudo da estrutura da população por sexo e idade, o que não se encontra via de regra numa população pré- malthusiana.

No estudo da mesma população, realizado por Ana Ma-\

( o \

ria de Oliveira Burmester , através dos registros da Paró- quia de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba, para idêntico período, verifica-se que nas últimas décadas do sé-

t

culo XVIII, os batismos de crianças 'legítimas atingem uma média de 137 batizados por ano, para o período de 1781-1790, e de 167 batizados por ano para o decênio posterior de 1791- 1800.

Porém, tais resultados não coincidem com aquele a que se chegou através do estudo com base nas listas nomina-

tivas, pois permanece bem significativa, a diferença verifi- cada nos levantamentos dos registros paroquiais e nas listas nominativas, os quais oferecem exemplo bem nítido na forma- ção das pirâmides etárias, estudadas na parte referente â composição da população.

Com o rigor científico observado neste trabalho,sur- gem claramente todos os problemas de sub-registro ou não, en-

8 ~ BURMESTER, Ana Maria de Oliveira. A população da Vi-

la de Curitiba na segunda metade do século XVIII 1751-1800- segundo os registros paroquiais.Dissertação de mestrado.Curi tiba, 1974. 107 paginas datilografadas.

35

(36)

contràdos nas listas nominativas de habitantes, não as inva- lidando em seu conteúdo, por vários motivos, entre os quais a-dificuldade com que foram coletados na época os dados para sua elaboração, o zelo e interesse das autoridades centrais em sua fidelidade como demonstra ainda a "Memória Econômico-

(9) ^

Política de Castro e Mendonça" : "...so por ocasiao de hum objeto, como o da presente Memória me podia encarregar d'el- le; fiz logo passar novas Ordens pelas quaes determinei: 19 que se procedesse na Factura de novas listas, com toda aexac ção, declarando-se por Ordem numérica todos os fogos de ca- da destricto; e em cada hum a quantidade d'habitantes, seu estado, condição, idade e emprego, e assim a respeito de to- das as pessoas, ou pertencentes,, ou agregadas ã sua família;

29 que toda a pessoa que.figurar como Cabeça ou Chefe de Fa- mília, supposta a primeira lista exacta, e bem circunstan- ciada, como espero que seja nos annos subsequentes declarará as alteraçõens que houverem no antecedente sobre os nasci- mentos, casamentos e óbitos acontecidos na sua Caza, assim

como também, as compras, ou vendas de escravos que tiver fei to no decurso do mesmo anno, fazendo menção da pessoa,ou pes soas a quem forão comprados ou vendidos. Feita desta sorte huma Lista Geral e todos os annos corrigida pelas cazualida- des, que se exposerem os ditos Chefes de Família, que serão ratificadas pelos assentos das Parochias, e pelas correspon- dencias das outras Listas da Capitania, se evita toda a con-

9 : 3

• MENDONÇA, Memoria, p. 9 4

(37)

fusão para ofuturo, e se fez este trabalho político de hum modo, que delle se tirem as utilidades, que se tem em vista, quando se mandão fazer semilhantes observações."

Apesar da crítica feita, resta ainda lembrar o gran- de valor das listas nominativas de habitantes por se consti- tuírem no único documento no gênero, relativo ã população do século XVIII, o qual permite fazer a reconstituição de uma"

população de séculos passados com técnicas recentes.

Na realização deste estudo optou-se pelas listas no- minativas em lugar dos mapas, por tratar-se de documentação inédita, e que não apresenta muita divergência dos mapas,pois para os dois censos correspondentes: o de 1792 apresenta um total de 5.376 habitantes nos mapas, enquanto as listas apre sentam um total de 5.369 habitantes, o de 1798 apresenta um total de 6.478 habitantes nos mapas, para um total de 6.565 habitantes nas listas nominativas, o que no computo geral não é muito significativo.

Porém, o valor principal das listas nominativas está no constituírem fonte original, que está fundamentado este trabalho.

37

(38)

»

2.2 - MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA

(39)

O estudo visa examinar a composição demográfica da população curitibana e a estrutura dos seus domicílios nos fins do século XVIII. Como este período ê pré-censitário,fo- ram utilizadas as Listas Nominativas de Habitantes, pois a- lêm de inéditas são as que melhor se enquadram ao propósito de estudar o número, a composição e a distribuição dos domi- cílios em estudos precisos, prevalecendo o estado de dispo- nibilidade dos recursos oferecidos pelos documentos.

A coleta dos dados foi realizada na Seção de Micro- filmes do Departamento de História da Universidade Federal do Paraná, a qual possui cópia das Listas Nominativas de Ha- bitantes de Curitiba, extraída do Arquivo de São Paulo, das caixas de número: 204, 205 e 206 de População de Curitiba-Pa ranã, compreendendo o período de 1782 a 1798.

Como já foi dito, os recenseamentos referentes ã Po- pulação Paranaense neste período são compostos por cinco com panhias de milícias incluindo: duas companhias de milícias para Curitiba, uma companhia para a Freguesia de São José dos Pinhais, uma companhia para a Freguesia de Santo Antônio da Lapa e uma companhia para a Freguesia de Santa Anna do Yapó que compreende atualmente o município de Castro, e que somen

39

(40)

te no ano de 1789 foi desmembrado, sendo elevado ã categoria de Vila, conforme mostra a petição de Francisco Leandro de To-

ledo Rendon e que tem data provável de 1788.^"^

3. '

"Representa a V.Ex. o actual Ouvidor da Co- marca de Parnagua Francisco Lendro de Toledo Rendon, q? naquela-d? sua Comarca, notr9 de Curitiba seacha, huma Freguezia denominada do Yapó, a qual necessita de ser erecta em Villa, não só pela utili4e q® dahi pode resul tar ã população como também aobem comum deto- da a Capitania. Acha-se a da Fregf entre a V?

de Curitiba daquela ComÇa, e a Va da Faxina desta Com?a de S.Paulo, na estrada geral q?

vai pa osul: Tem povo bastante, e gente sufi- ciente p. servir em Camera: ha no seu destric to mattos ecampos iguaes aos de Curitiba de- modo q<? empouco tempo podessé fazer huma Va

tão florescente como aquela."

Com o desmembramento de Santa Anna do Yapó, a Comar- ca de Curitiba ficou reduzida simplesmente a quatro compa- nhias de ordenanças: duas de Curitiba, uma de São José dos Pinhais e outra de Santo Antonio da Lapa.

Foram utilizadas para este estudo somente as duas companhias de ordenanças referentes a Curitiba, nas cuais constam os seguintes elementos:

3. cl

Para 1. e 2. Companhias de 1786

nome e preñóme do chefe de familia e seu estado civil nome e preñóme de sua mulher

nome dos filhos e seu estado civil nome e preñóme dos expostos

Correspondência recebida e expedida pelo Gen. Ber- nardo José de Lorena, Governador da Capitania de São Paulo, durante o seu governo 1788-1797. Documentos Interessantes.

Archivo do Estado de São Paulo. v.45. p. 331.

(41)

nome e preñóme dos agregados e seu estado civil número de escravos

número de urumbebas

As listas estão organizadas por bairros, trazem tam- bém as idades divididas em quatro grandes classes: de 0 a 7 anos, de 7 a 15 anos, de 15 a 60 anos, e de 60 a 90 anos pa- ra o sexo masculino; e de 0 a 7 anos, de 7 a 14, de 14 a 4 0 anos, e de 40 a 90 anos para o sexo feminino. São assinadas pelos Capitães-mores ou Capitães de ordenanças.

Exemplo de um registro de 1786

H O M E I N S M U L H E R E S ES- IJRUM ATHE ATHE ATHE A T H E ATHE ATHE A T H E • A T H E CRA BEBAS

7 15 60 90 7 14 40 90 VOS Casa SeBastiao

CordrQ da Sí 41 Maria.dos Santos

Sua m ?r 32

Nazario Filho 7 Antonio Filho 2

Anna Filha 6 Maria Filha 4 Roza Filha 3 Quitéria Filha 1

FranÇa 18

F r a n ?a Agr. .. , 10

Josepha Agr. 50

Escravos 2

de urumbebas 100

As listas de 1792 oferecem os mesmos elemntos do re- censeamento de 1786., com exceção dos urumbebas que deixam de aparecer.

41

(42)

Exemplo de um registro de 1792

HOMEINS M U L H E R E S ES- ATHE

7

ATHE ATHE 15 60

ATHE 90

ATHE 7

ATHE ATHE 14 40

ATHE 90

CRA- VOS

£ Caza Bernarda de Almd.

v.

Antonio f9 Joze f9 Joaq1? f9 Felizardo f9 Miguel f9 Roberto f9 3.

Vitoriana f.

Anna ff Escravo

. 3 4 27 24 21 19 17

15 6

53

1

As listas de 1798 trazem algumas modificações que as tornam mais completas e organizadas que as anteriores,per manecendo entretanto a classificação por bairros, contudo não

trazem as idades divididas em classes e nem a classificação de urumbebas. Elas se compõem da seguinte maneira:

nome e preñóme do chefe de família e seu estado civil preñóme da mulher

preñóme dos filhos e seu estado civil nome e preñóme dos expostos

nome e preñóme dos agregados, seu estado civil e sua cor preñóme dos escravos, seu estado civil e sua cor.

(43)

Exemplo de um registro de 1798

FOGOS PESSOAS IDADES OCUPAÇOENS

N? 26 ~ es

Manoel João Dom. casado 29 Vive de conduzir tropas Ursula Maria m. er 27 do Sul para esta que ga

Filhos nhou este anno 64$000 e

Maria 8 planta m a n t i m ?S para o

Gertrudes 7 gasto de sua Caza.

Belinda 2

Joaquina 1

Escravos

Joaquim pardo 4

A n n a parda « 9

Quitéria parda 8

Escolástica parda 9

Joaquina preta 17

Agregados

Feliciano da S. pardo cazado ci 25 Maria m. parda er 24 Filho

Maximiano pardo 1

Filha

A n n a parda 7

Vê-se através dos exemplos dados que todas as lis- tas são encabeçadas pelo chefe do domicílio ou fogo, e sua família propriamente dita, a m u l h e r e o s filhos, viúvo e viú- va com os filhos, para aparecer posteriormente a classifica- ções dos agregados, escravos e urumbebas.

(44)

Normalmente o termo agregado adquire a significação de pessoas livres que habitam com a família principal num mes- mo domicílio, sendo correta portanto a afirmação de que:"não apenas escravos e senhores compunham o grupo social da fa-'

/

zenda. Havia como em todo o Brasil, uma camada intermediária, a que já se consagrou a denominação de "agregados". Eram ho- mens juridicamente livres, mas subordinados à classe senho- rial. Eram camaradas, conforme a denominação que se dava ao seu trabalho de jornaleiros. Residiam em terras da fazenda, em pontos mais distantes da sede, como vigilantes das inver- nadas mais longínquas; eram feitores, capatazes, capangas, compadres, formando uma rudimentar clientela dós donos de fa zendas."^ ^

Porém, para o presente estudo a classificação de agre gados adquire um sentido mais amplo, estendendo-se também aos parentes, no caso de: ascendentes e descendentes (pais dos chefes de família ou filhos casados), parentes colate- rais (irmãos), agregados dos agregados (empregados dos pró- prios agregados pertencentes ao chefe do Domicílio) e final- mente agregados dos escravos (caso dos domicílios formados

só de escravos e que possuem um ou mais agregados livres).

A classificação dos escravos segue a denominação co- mum da época, porém considerou-se neste estudo os escravos:

2 -BALHANA, Altiva Pilatti et alii. Historia do Parana.

p. 87 . .

(45)

pertencentes ao chefe do domicílio, os quais constituem a quase totalidade dos casos encontrados nos recenseamentos e os escravos pertencentes aos agregados que só aparecem em casos esporádicos, não se considerando portanto elemento siç[

nificativo para esta pesquisa.

Nas duas companhias, pertencentes ao censo de 1786

~ (3)

aparece a denominaçao de Urumbebas , registrada no corpo da lista, em vários domicílios e em número significativo.

A importância dos urumbebas reside no fato de abri- gar um certo tipo de parasita, chamada a cochonilha, que em sua espécie útil, realiza a secreção abundante da cera ou la- ca, bem como, contém no seu corpo'o carmim v e r d a d e i r o . ^

De acordo com os mapas de exportações da vila de Curi tiba na época, aparece como produto de comércio a cochonilha, o que vem dar significado ao termo urumbeba.

A cultura da cochonilha foi bastante incentivada na época, como atesta o Relatório do Marques do Lavradio • em

(5)

1779 em que afirma se tratar esta de gênero preciosíssimo;

o que vem' corroborar com alguns registros encontrados, como o

ci S

que se segue: "Achaosse neste Bairro Urub. plantadaz p. to- 3 -

URUMBEBA, na gramatica tupi significa "cactus",cujo nome científico é "opuntia". TASTEVIN, Constantis. Gramatica da Língua Tupi. Revista do Museu Paulista. São Paulo, 1923.

t. 23. p. 60.

4

.COSTA LIMA, A. da. Insetos do Brasil. Rio de Janei- ro, Escola Nacional de Agronomia, 1942. t.3. p. 197-8.

LAVRADIO, Marques do. Relatório do Marques de La- vradio; Vice-Rei do Rio de Janeiro; entregando o Governo a Luiz de Vasconcellos e Souza, que o sucedeu no Vice-Reinado.

Revista triraensal de História e Geografia. Rio de Janeiro, 4 (16) : 409-486. jan.1843. p. 473 .

45

(46)

dos ... 584", o que atesta a importancia econômica do produ- to.

Os bairros constantes dás listas foram agrupados con forme pertencessem ãs primeiras ou segundas companhiasecuja localização geográfica é a seguinte : leste e nordeste da ci- dade pertencem ã primeira companhia, e oeste e noroeste a se gunda companhia com exceção de Tatuquara que se localiza ao

sul da cidade e pertence ã primeira companhia, conforme ma- ( 6 )

pa elaborado por Jayme Antonio Cardoso.

Os bairros constantes da primeira companhia são os seguintes: Cidade, Bairro do Rocio, Bairro do Palmital, Bair-

• -

ro do Arraial Queimado, Bairro da Borda do Campo, Bairro do Tatuquara, Bairro do Atuba, Bairros Circunvizinhos. Os bair- ros da segunda companhia são: Cidade, Bairro do Butiatuba, Bairro da Conceição, Bairro do Descuberto do Cardoso, Bairro do Juruqui, Barigüi, Bairro do Tinguiquera, Bairro do Campo Largo, Bairro do Rodeyo, Capella de Nossa Senhora da Concei- ção de Tamandúa, Bairro de Santa Quitéria, Bairro dos Papa- gaios Novos, Bairro do Itaperussu, Povoação Nova de Nossa Se nhora do Amparo, Bairro do Passauna, Bairro do Rio Verde, Bairro do Itambé, Campo Magro e Bairro de Santa Cruz.

No que se référé ã metodologia empregada nesta pes- quisa, foram observados primordialmente os métodos científi-

^CARDOSO, Jayme Antonio. A população votante de Curi- tiba 1853-1881. Dissertação de Mestrado. Curitiba, 1974. 221 páginas datilografadas.

(47)

co e histórico, e que tiveram sua complementação através dos métodos de análise da Demografía Científica Moderna preconi-

zados por Luis Henry e Peter Laslett, além do concurso de outras técnicas auxiliares.

A técnica operacional básica utilizada na análise do cumentária foi a quantitativa, visando através das informa- ções numéricas dar análises precisas para as avaliações qua-

litativas.

A célula principal deste estudo com base nas Listas Nominativas é constituída pelo fogo ou domicílio, terminolo-

( 7 )

gia esta encarada por Peter Laslett como: "Os indivíduos são reagrupados: primeiro de acordo com os que dormem habi- tualmente sob o mesmo.teto, seja um critério geográfico; se- gundo de acordo com os que partilham um certo-número de ati- vidades, seja um critério funcional; enfim de acordo com la- ços de parentesco, pelo sangue ou por aliança, seja um cri- tério familiar."

( 8 ) T ~

Para Adolphe Landry : "o domicílio não compreende somente os membros da família que vivem sob o mesmo teto que o chefe; ao contrário ele compreende os netos, os ascenden- tes, outros parentes, os domésticos ou os hóspedes." Essa de- finição coincide com a de Louis Henry^^ para o qual domicí-7 LASLETT, Peter. Household and family in Past Time.

p. 31.

8

LANDRY, Adolphe. Traité de demographie.Paris,Payot, 1.949. p. 167.

9 HENRY, Louis. Manuel de demographie historique. p.

4 4.

47

(48)

lio é: "um grupo de pessoas vivendo em comum, seja sob a au- toridade de um mesmo chefe, ou seja sob um mesmo teto."

Foi utilizada como definição básica para o estudo dos domicílios, neste trabalho, a de Louis Henry, por melhor se adaptar às condições dos documentos.

Para a classificação e composição dos domicílios foi seguido o método preconizado por Laslett ^ , por melhor se aproximar do conteúdo das listas nominativas que, com as de- vidas adaptações ajustou-se perfeitamente à realidade da do- cumentação explorada.

A classificação original segue o seguinte modelo:

Categorias Sub-Categorias 1 - Solitários a) viúvos

b) celibatários ou de esta- do civil indeterminado.

2 - Domicílios sem estru tura familiar

3 - Domicílios simples a) casal

b) casal com filhos c) viúvo com filhos d) viúva com filhos 4 - Famílias extensas a) ascendente

b) descendente c) colateral

d) ascendente e colateral a) co-residentes aparenta-

dos

b) co-residentes com outras ligações de parentesco c) co-residentes sem liga-

ções de parentesco.

(49)

5 - Domicílios Múltiplos a) núcleos secundários as- cendentes

- b) núcleos secundários des- cendentes

c) núcleos colaterais d) fraternidades

e) outros 6 - Domicílios com estru-

tura indeterminada com portando certas liga-

, (11)

çoes de parentesco.

- famílias 5b 5b + 5a

5b + 5a + 4a - fraternidades 5d

5d + 5c 5a + 5c

5d + 5 c + 4c

5a + 5c + 4c + 2a.

Dentro desta classificação entende-se por Solitários os domicílios constituidos por pessoas que habitam sozinhas.

Os domicílios sem estrutura familiar, são aqueles que não possuem uma liderança familiar definida.

Os domicílios simples são constituídos pela família nuclear propriamente dita, ou seja, do casal com filhos, ou de um viúvo ou viúva com filhos.

Os domicílios formados por famílias extensas são os que além de abrigar o núcleo familiar, abrigam outros mem-

1 1N a categoria n9 6 - As Sub-Categorias estão repre- sentadas por números e letras, que representam: o número, a categoria ã qual pertence o Domicílio, e a Letra,, a Sub-Ca- tegoria. Exemplo: 5b + 5a + 4a ou seja num mesmo Domicilio, reside uma familia com um núcleo secundário descendente, -um núcleo secundário ascendente e mais um parente colateral.

A a

(50)

bros aparentados, como filhos casados, pais, irmãos ou so- brinhos .

Os domicílios múltiplos são constituidos por vários núcleos conjugáis sob um mesmo teto, onde as ligações são de parentesco ou aliança.

As alterações realizadas nesta classificação tiveram como preocupação maior uma melhor adaptação aos domicílios estudados, e são as seguintes:

Na categoria dos Solitários foi desmembrada a última sub-categoria em:

- celibatários

- estado civil indeterminado

Na categoria dos Domicílios sem estrutura familiar nenhuma modificação foi realizada por enquadrar-se perfeita- mente ao levantamento realizado.

Na categoria dos Domicílios simples foram acrescen- tadas ao modelo original mais duas sub-categorias:

- a de mãe solteira com filhos - a de pai solteiro com filhos

Na categoria das Famílias extensas foi incluída uma nova sub-categoria, atendendo os casos de

- parentes colaterais e descendentes.

Para a categoria dos Domicílios com estrutura inde- terminada comportando certos laços de parentesco, julgou-se

(51)

mais válido para o caso da análise da população de Curitiba, adaptá-la à categoria dos Domicílios múltiplos, substituin- do então a sub-categoria de outros, para as pessoas ou agre- gados que possuem laços de amizade com o chefe do domicilio.

Essa modificação feita tem por justificativa o fato de não se ter encontrado nas listas estudadas, casos específicos de pessoas vivendo num mesmo domicílio, podendo ter laços de fa mília entre si, mas onde a estrutura de conjunto permanece indeterminada, uma vez que as cinco outras categorias compor tam todos os casos dos domicílios estudados.

Ainda na categoria dos Domicílios múltiplos foram a- crescentadas mais três sub-categorias:

De acordo com as modificações realizadas na classi- ficação original dos domicílios preconizadas por Peter Las-

dos núcleos secundários ascendentes

dos núcleos secundários ascendente e colateral dos núcleos secundários descendente e colateral

lett, a composição dos domicílios curitibanos ficou estru- tura da seguinte maneira:

Categorias

A - Solitários a) viúvo, viúva b) celibatários

c) estado civil indeterminado Sub-Categorias

B - Domicílios sem estrutura fa- miliar

a) co-residentes aparentados (irmãos)

b) co-residentes em outras liga- ções de parentesco

c) co-residentes sem ligações de parentesco

(52)

C - Domicílios simples a b c d e f

D - Famílias Extensas a b

c d e

E - Domicílios Múlti- a pios

b c d e f

g

h

casai

casal com filhos viúvo com filhos viúva com filhos

mãe solteira com filhos pai solteiro, com filhos

ascendente direto ou indireto descendente

colateral

colateral e ascendente colateral e descendente

núcleos secundários ascenden- tes

núcleos secundários descenden- tes

»

núcleos colaterais fraternidades

núcelos co-residentes não apa- rentados

núcleos secundários ascendente e descendente

núcleos secundários ascendente e colateral

núcleos secundários descenden- te e colateral

Os trabalhos realizados com base nesta classificaçao ofereceram subsídios para o estudo da estrutura dos domicí-

lios curitibanos compreendendo: a composição dos domicílios, os tipos em telação ao seu tamanho, e o desdobramento pos- terior em estudos das relações dos membros do domicílio com o chefe do fogo, a composição por número de chefes segundo a presença de escravos ou de agregados, a relação da idade do

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Dentro do estudo da composição da população para o mesmo período, foi possível estudar com as listas nominativas de habitantes o sexo, e idade e o estado civil, podendo atra- vés desses três variáveis dar uma visão global da população tanto livre como escrava, e ainda demonstrar a razão e a taxa de masculinidade, a proporção de solteiros e de celibato défi nitivo com base em métodos de Louis Henry.

Com os resultados alcançados fundamentados nos méto- dos e técnicas acima propostos, espera-se ter chegado a uma análise precisa e clara da composição da população e a estru- tura dos domicílios da vila de Curitiba no final do século XVIII.

53

(54)

3.0 - A ESTRUTURA DA POPULAÇÃO

3.1 - A COMPOSIÇÃO DA POPULAÇÃO

CURITIBANA EM FINS DO SËCULO XVIII

Referências

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