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ESTÁTUA DE SAL

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Academic year: 2022

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Texto

(1)

ESTÁTUA DE SAL

JOÃO BARROS

(2)

Mas a mulher de Ló olhou para trás

e ficou convertida em uma estátua de sal.

Gênesis 19.26

(3)

Lambari é peixe ou Coisa que o valha?

Como dantes (DANTE?) Ferindo o lamaçal a

Mente Memória

Paisagem

(4)

Em conformidade com o discurso

Procurei nas entrelinhas os vestígios

Da minha voz Mas

Ouvisomente o silêncio Pelos

corredores

(5)

O que ela vestia era pura seda Rasgava-se inteira no meio da ruaAbaixo do sol na chuva

Do lado de fora Havia imagens E poesia

(6)

Manhãs, promessas Meretrizes

Em forma de flor E tudo

É sonho

Penumbra E dor

(7)

Parlamentares Discutem

Para lamentares O discurso

Liquidares os vãos Que se abrem

Na tua alma

(Barulho, barulho) E calma

(8)

Panfletos jogados na rua

Tornam místicos os ascetas E sacralizam os poetas

Com suas roupas de algodão Macio

Nocio

O rio está totalmente seco Comotudo

Mais

(9)

Porventura se discute sob Aplausos ou vaias

O comprimento das saias Que circulam no salão?

(10)

Por certo que a loucura Dissimula a descrença Disfarça a caricatura

De uma mula que não pensa

(11)

Discretamente fui deixando

De lado a velha mania De me apegar a manias Velhas

(12)

De propósito arrumei as malas E fui morar em um depósito

Longe dos vícios que me Arrastam sem propósito

(13)

Frioé o fim da noite

É o começo do dia É o olhar da

musa É a cor da blusa É essa mágoa

Mágica

Fantasma

que crava

Em mim o punhal

Uma

facaFria

(14)

Depois de constantes pesadelos

Parei de me olhar no espelho Mas as vitrines

Assumiram o papel do crime Absurdo do nada

Do tudo

Que silencia a própria VozAlgoz da decrepitude que se Espalha pelo tempo

Sobre a palha e o Vento

(15)

És a finitude sem graça A virtude degradada

A falta de tudo o que Faz falta no mundo Que passa

(16)

Não há nada de bonito Na ideia do escrito

Sem razão de infinito E nobre requisito

De uma ideia pobre:

Plebiscito.

(17)

A imagem do rio é assombrosa

É

como um poema em prosa Que

se insere numa imensa Folha estendida na

planície

(18)

Voltemos

à essência das coisas

(Dascoisas não-essenciais):

Comoo velho instinto dos homens Ea primavera do conhecimento Eo fogo que queima qualquer

Palavra

ou qualquer silêncio Enfim,

eterna só a vontade.

(19)

Nocomeço a única certeza era o fimNo

fim só era certeza o começo Masnada de tão definitivo

Aconteceu

nesse meio tempo

(20)

O gosto convence o pássaro

O pouso sobre o muro A visão da rua deserta Incide com a marcha A guerrilha os

pormenores

O leve pulso o engate Das horas na dura

paisagem

(21)

Soba blusa fina e branca Opeito arfava como se Quisesse

sair. Minhas mãos Apertaram-no

e um gemido

Sefez ouvir. Seus olhos Brilharam

mais do que as Luzes

dos postes. Estava frio

Eo silêncio acordou. Tarde Danoite e ela ainda

Cheirava

a amanhecer.

(22)

Só não quero

Ter que alimentar Teus filhos

Nem se fossem

Jovens o suficiente Para um assalto

Ou um crime Mais brutal.

(23)

Umhomem velho deve Saber

a cor de cada Coisa

como um novo

Ovalor de sua dama

(24)

Umamulher de juízo

Nãose entrega a qualquer Umsem pagamento

Adiantado

(25)

Opichador não seria Aquele

com o spray Namão?

(26)

Apoesia já morreu

Faztempo, mas o velório Continua.

(27)

A moça chegou e disse

Meu marido desapareceu.

O policial perguntou Quando o viu pela

última vez?

Ela respondeu

Antes dele desaparecer.

(28)

Com o pensamento em paralelepípedos

Fui calçando a minha rua. Bastou uma

Chuva para a lama

reequilibrar as forças

E minha memória voltar ao campo das

Ideias infundadas.

(29)

As nuvens formam

desenhos sem formas.

Ou não são desenhos que elas formam,

Mas apenas formas sem desenhos?

(30)

O deserto é um campo sem estações.

(31)

Não sei onde tudo começa

Se do fim da saia pra baixo

Ou do fim da saia pra cimaA total nudez

responderia.

(32)

A paz é um vazio no olhar

Umolhar vazio

Umanoite sem chuva Umachuva no rio

Apresença do bem Aausência do mal Umvestígio implícito Umaficção real.

(33)

Quando

cruzei com ela na rua percebi que a lua brilhava em seus

olhos.

Eladisse oi Eudisse oi Eufiquei Elafoi.

(34)

Nossa

casa não tinha tamanho certo projeções

Nosso

humor dizia o quanto estávamos bemE

o que era de cada um.

Àsvezes a cama era minha Comtudo que havia em cima.

Àsvezes, só o sofá da sala.

Umasentença indicava mais ou menos Oporquê do castigo.

Um dia ela pegou Minhas coisas e

Colocou numa Mala e disse pra Eu ir embora.

Atéhoje ela me procura pelos cantos silenciosos e escuros

Comos olhos vidrados e as mãos crispadas

Nummisto de tristeza e raiva

Quea faz lembrar que ainda não estava pronta.

(35)

“O pensamento não é

coisa da mente, ele tem sua origem no tempo, nas folhas que caem levemente, sem

ruído, sem dor no meio da tarde. A memória é uma

cicatriz em que se passa a mão e lembra-se do corte.”

Referências

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