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Implicações biopsicossociais da presbifonia nos sujeitos idosos

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Academic year: 2017

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Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Stricto Sensu em Gerontologia

IMPLICAÇÕES BIOPSICOSSOCIAIS DA PRESBIFONIA

NOS SUJEITOS IDOSOS

Brasília - DF

2010

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FABIANE REGINA GERALDES MOREIRA MARQUES

IMPLICAÇÕES BIOPSICOSSOCIAIS DA PRESBIFONIA NOS SUJEITOS IDOSOS.

Dissertação apresentado ao Programa de Pós – Graduação de Mestrado “Stricto-Sensu” em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília como requisito para a obtenção do Título de Mestre em Gerontologia

Orientadora: Profª. Drª. Carmen Jansen de Cárdenas

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Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB

Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB M357i Marques, Fabiane Regina Geraldes Moreira

Implicações biopsicossociais da presbifonia nos sujeitos idosos. / Fabiane Regina Geraldes Moreira Marques. – 2010.

155f.; il.: 30 cm

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2010. Orientação: Carmen Jansen de Cárdenas

1. Voz. 2. Envelhecimento. 3. Qualidade de vida. I4. Comunicação oral. Cárdenas, Carmen Jansen de, orient. II. ítulo.

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Agradeço a Deus pois sem Ele certamente este sonho não seria real. A Ele seja dada toda honra e glória!

A meu marido, Wesley, que de forma muito humana e única tem sido meu AMOR, em toda dimensão da palavra. Esta conquista também é sua! Te amo do tantão do céu!!!!!

Aos meus filhos, Yago e Yanko, pela compreensão e carinho. Pois souberam me dividir com o computador nesses meses e

tanto me ajudaram nos afazeres do nosso dia-a-dia.

Aos meus pais, Washington e Valquiria, embora não tivessem tanto ... quiseram que eu tivesse e fosse muito, para ser quem sou.

A minha sogra, Maria Calaça, que sempre me socorreu com os meninos, e tem cuidado de mim com tanto amor.

Com ela também tenho aprendido a ser guerreira e destemida.

Ao meu sogro, Romero, que embora já não esteja mais aqui,

me ensinou a entender que o ser humano não é só uma cabeça ou um pescoço para ser “tratado”, mas sim um humano imerso nas mais diversas dimensões.

A minha querida orientadora, Profª Drª Carmen Jansen de Cárdenas, tão terna, tão doce, tão acolhedora, tão rica ...

e com um humor fantástico nos momentos mais difíceis!

A querida profª Drª Cristina Massot Madeira Coelho,

com ela aprendi que olhar para a Fonoaudiologia de uma “outra maneira” valia a pena. Obrigada por sempre me desafiar a ir mais ...

A querida profª Altair Macedo Lahud Loureiro, pela forma tão carinhosa que sempre me acolheu. Sua presbifonia foi à inspiração da minha dissertação!

Profª. Drª. Alessandra da Rocha Arrais aprendi a admirar pela profissional que é.

Ao querido profª Drº Demétrio Antônio Gonçalves da Silva Gomes, que de uma forma muito tranqüila e cortês foi

nosso professor orientador da bolsa de estudos da CAPES.

Ao profª Drº Adriano Bueno Tavares,

Presidente da Comissão de Bolsas e Coordenador do Programa de Pós- graduação Stricto Sensu em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília (UCB)

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por sua disposição e paciência de me ensinar e me ceder seus dados de volumes e medidas respiratórias.

A Fisioterapeuta profª Erika Baptista Gomes, que tão desconhecidamente me cedeu seus dados.

Ao Profº Dr. Gustavo Azevedo Carvalho

que nos ajudou com a interpretação dos dados respiratórios

A minha querida tia Profª Margareth Morais Moreira,

que tão carinhosamente fez a correção ortográfica da minha dissertação. Mestra sem igual! Você sempre foi meu modelo profissional pela competência,

profissionalismo, dedicação e paixão por ensinar.

A Fátima Medeiros, bibliotecária da pós-graduação da UCB que tão prontamente me socorria nos momentos de aflição.

Suas orientações foram riquíssimas...

Ao “primo” Ricardo Pires Cesar que me ajudou na correção do abstract.

As idosas do Projeto de Promoção da Saúde do Idoso da Universidade Católica de Brasília (UCB)

que participaram com tanta alegria e disposição

da coleta de dados sobre a presbifonia. Foram momentos divertidíssimos... “Minha filha esse nome é esquisito, né... mas eu acho que tô com isso mesmo...

(entrevistada nº 5)

Aos idosos da comunidade do bairro de Águas Claras

que espontaneamente abriram as portas de suas casas para me receber e falar um pouquinho de vocês.

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RESUMO

MARQUES, Fabiane Regina Geraldes Moreira. Implicações Biopsicossociais da Presbifonia em Sujeitos Idosos. Dissertação de Programa de Pós – graduação Stricto-Sensu

em Gerontologia – Universidade Católica de Brasília, 2010.

Envelhecer pode acarretar problemas com consequências nas diferentes dimensões da vida física, psíquica e social podendo interferir negativamente nas relações e no ajuste social do indivíduo, impossibilitando o exercício da individualidade, autonomia e cidadania. A voz é evidenciada como indicador de qualidade de vida. Envelhecemos desde a nossa concepção e apresentamos particularidades. Mas, e a voz? Quais as implicações do envelhecimento vocal nas dimensões biológica, psicológica e social? A Fonoaudiologia vem desempenhando importante papel na Gerontologia, desenvolvendo pesquisas em diversas áreas e, sobretudo na senilidade vocal ou presbifonia. A fonação é afetada pela idade devido às alterações que o envelhecimento provoca nas estruturas implicadas na fala. Voz presbifônica (prebys, do grego = homem velho; phoneo, do grego = vocalizar ou emitir sons), caracteriza-se pela redução significativa do tempo máximo de fonação para ambos os sexos. Literaturas têm apontado para um foco unicamente anátomo - fisiológico da presbifonia, havendo escassez de publicações a respeito deste assunto, principalmente sob a ótica do impacto da presbifonia na qualidade de vida nas dimensões biológica, psicológica e social. Objetivo: Detalhar as implicações da presbifonia nas dimensões: biológica, psicológica e social. Material e Métodos: 15 idosos (acima de 60 anos), voluntários, divididos em 2 grupos (M e H). Grupo M, 10 idosas participantes do Projeto de Promoção da Saúde do Idoso da Universidade Católica de Brasília (UCB) e grupo H, 5 idosos, escolhidos aleatoriamente no bairro de Águas Claras / Taguatinga (região administrativa do DF). Estudo de caráter transversal, natureza mista, qualitativa e quantitativa exploratória, amostra por conveniência. Resultados: Na dimensão biológica, o envelhecimento vocal acontece de forma natural e gradual igualmente as outras funções do corpo, nos dois grupos. Apresentaram alterações que correlacionam as características inerentes à presbifonia. Na dimensão psicológica, conseguem perceber o envelhecimento do corpo, mas o vocal não. O que de fato sabem é que estão sendo restringidos socialmente por não serem entendidos, estereotipados de velhos com discurso prolixo, repetitivo, voltado para as memórias do já vivido, diminuindo assim sua auto-estima. Na dimensão social, as mulheres são mais conscientes do envelhecimento e do que é envelhecer, em relação aos homens. Ambos os grupos, sabem que a voz pode limitá-los, mas o que é significante para eles é a comunicação. O ato comunicativo ultrapassa as alterações vocais. É o que os mantêm vivos, ativos, interagindo, se apropriando de ser social. Conclusão: Os dados obtidos nos permitem aprofundar o conhecimento a respeito da presbifonia, pois muitas das alterações vocais são inevitáveis (podendo ser prevenidas/tratadas). Torna-se necessário buscar uma melhor qualidade de vida no processo de envelhecimento, reintegrando este idoso à convivência com seus pares e com a sua própria auto-estima. Bem como sensibilização e conscientização da mudança da conduta profissional fonoaudiológica.

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ABSTRACT

Age can cause problems with grave consequences in the different dimensions of the social, psychological, and physical life being able to interfere negatively in the relation with the individuals, in the social settlement, incapacitating the exercise of its individuality, autonomy and citizenship. The voice is shown up like life quality indicator. We age since the day in that we were conceived and we present particularities. But, and the voice? Which the implications of the vocal ageing in the social, psychological, and biological dimensions? The speech therapy develop researches in diverse areas and, especially in the vocal senility or presbyphonia. The fonation is a function like the other, affected by the age must alterations that the ageing provokes in the structures implied in the speaks. Presbyphonic voice (prebys, of the Greek = old man; phoneo, of the Greek =emit sounds), characterizes-itself by the significant reduction of the maximum time of fonation for both the sexes. Literatures has aimed for a focus merely anatomy - physiological of the presbyphonia, having scarcity of publications as to this matter in the in the other dimensions: psychological and social. Objective: detail and analyze implications of the presbyphonia in the dimensions: biological, psychological, social. Stuff and Approach: 15 elders (more than 60 years), voluntary, divided in 2 groups Group M, 10 elderly participants of the Project of Promotion of the Health of the Elder of the Catholic University of Brasilia (UCB) and group H, 5 elders, chosen at random in the neighborhood of Águas Claras (Taguatinga/Federal District). Study of cross character, exploratory qualitative and quantitative nature, from sample of convenience. Results: in the biological dimension, the vocal ageing comes happening of gradual and natural form equally the other functions of the body, in the two groups. They presented alterations that correlate the inherent characteristics to presbyphonia. In the psychological dimension, perceive the ageing of the body but, the vocal one not. What of fact knowledges is that are being restrained socially by will not be expert, stereotypical of old with verbose talk, come back for the memories of the already lived, diminishing self-esteem. In the social dimension, the women are more conscious of the ageing, than is going to age, regarding the men. Both the groups, know that the voice limit-them, arriving the deprivations in some social, but significant situations for the elder is the communication. Conclusion: The facts obtained are going to deepen knowledge as to the presbyphonia, therefore many of those vocal alterations are inevitable (being able to prevented/treaties). Becomes-itself necessary seek a better quality of life in the trial of ageing, reinstating this elderly the company with his pair and with the its own self-esteem. As well as awareness of the change of the professional phonological conduct.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Vista de conjunto dos órgãos da voz e da fala.

Gráfico 1 – Valores de TMF das vogais /a/, /i/, /u/.

Gráfico 2 – Valores de Relação s/z.

Gráfico 3 - Correlação entre o Tempo Máximo de Fonação dos fonemas /a/, /i/, /u/, /s/ e /z/ e PImax, PEmax e VVM – índice de correlação (r).

Gráfico 4- Correlação entre o Tempo Máximo de Fonação dos fonemas /a/, /i/, /u/, /s/ e /z/ e PImax, PEmax e VVM – índice de significância (p).

Gráfico 5 – Minha saúde ...

Gráfico 6: Percepção Vocal.

Gráfico 7: Com a idade a voz está...

Gráfico 8: Ao falar fico ...

Gráfico 9: Percepção vocal nos últimos 15 dias

.

Gráfico 10: Ao falar bastante, a voz fica...

Gráfico 11: Ao falar, a movimentação da minha boca está ...

Gráfico 12: O fôlego pra falar fica ...

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Gráfico 15 - A minha voz representa pra mim ...

Gráfico 16: Gostaria que minha voz fosse ...

Gráfico 17: O que deve fazer para rejuvenescer a voz?

Gráfico 18: Avaliando minha voz, posso dizer que ...

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1– Dados Pessoais.

Tabela 2 – Tipo de Moradia.

Tabela 3– Avaliação Vocal.

Tabela 4 – Tempo máximo de fonação – Grupo M.

Tabela 5 – Tempo máximo de fonação – Grupo H.

Tabela 6 – Valores de /s/, /z/ e relação s/z – Grupo M.

Tabela 7 – Valores de /s/, /z/ e relação s/z – Grupo H.

Tabela 8 – Tempo Máximo de Fonação X Volumes Respiratórios – Grupo M.

Tabela 9 - Correlação entre o Tempo Máximo de Fonação dos fonemas /a/, /i/, /u/, /s/ e /z/ e a PImax, PEmax e VVM. – Grupo M

Tabela 10 – Padrão de Fala.

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SUMÁRIO

I. INTRODUÇÃO...16

II. JUSTIFICATIVA...19

III. OBJETIVOS...23

1 OBJETIVO GERAL...23

2 OBJETIVO ESPECÍFICO...23

IV. REVISÃO DE LITERATURA...24

Capítulo 1. COMUNICAÇÃO...30

1.1. Linguagem ...34

Capítulo 2. A VOZ...37

2.1. Respiração...40

2.1.1. Estruturas da Respiração...41

2.1.2.Ciclo Respiratório...43

2.1.3.Mecanismo da Respiração...43

2.1.4.Tipos de Respiração...45

2.1.5.Volumes, capacidades pulmonares...46

2.2. Vocalização...48

2.2.1. Dinâmica Vocal...49

2.2.2. Sinais Perceptuais da Voz...50

2.2.3. Sinais Acústicos da Voz...52

Capítulo 3. PRESBIFONIA...57

3.1.Implicação da Presbifonia em sujeitos idosos na dimensão biológica...59

3.2.Implicações da Presbifonia em sujeitos idosos na dimensão psicológica...63

3.3. Implicações da Presbifonia em sujeitos idosos na dimensão social...68

V. MATERIAIS E MÉTODOS...71

(15)

2. AMBIENTE DO ESTUDO...75

3. CASUÍSTICA...75

3.1.Critérios de Inclusão...75

3.2.Critérios de Exclusão...76

4. INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS...77

5. PROCEDIMENTO DE ANÁLISE DOS DADOS...79

VI – RESULTADOS E ANÁLISE ...81

1. RESULTADOS E ANÁLISE REFERENTE AO PROTOCOLO DE DADOS SÓCIO-DEMOGRÁFICOS...81

2. RESULTADOS E ANÁLISE REFERENTE AO PROTOCOLO DE ANAMNESE E AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA:...87

3. RESULTADOS E ANÁLISE AO QUESTIONÁRIO...102

VII– DISCUSSÃO DOS RESULTADOS...122

1. QUANTO À DIMENSÃO BIOLÓGICA...122

2. QUANTO À DIMENSÃO PSICOLÓGICA...127

3. QUANTO À DIMENSÃO SOCIAL 129

VIII – CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES...135

IX – REFERÊNCIAS...138

ANEXOS O1 - CARTA DE APROVAÇÃO DO CEP...149

APÊNDICE 01 – CAPA PESQUISA...150

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APÊNDICE 04 – DADOS SÓCIO-DEMOGRÁFICOS...153

APÊNDICE 05 – PROTOCOLO DE ANAMNESE E AVALIAÇÃO...154

(17)

I - INTRODUÇÃO

O acelerado envelhecimento populacional é reconhecido como fenômeno universal e irreversível. Projeções realizadas há duas décadas estimavam a ultrapassagem dos 72 anos como a esperança de vida para os brasileiros nascidos apenas no ano 2020; as atuais avaliam em 72,4 anos a expectativa de vida dos já nascidos em 2006 (GORZONI; JACOB FILHO, 2008).

No Brasil, o crescimento tem sido exponencial cuja projeção para o ano de 2020 mostra que o número de indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos será de 30,9 milhões (LIMA-COSTA; CAMARANO, 2008).

Segundo Camarano (2006, p.88):

em quase todo o mundo e, também no Brasil as taxas de mortalidade da população idosa são, recentemente, as que têm experimentado a maior queda, o que tem levado ao envelhecimento da população idosa. É a população “muito idosa”, ou seja, com mais de 80 anos, que tem apresentado maiores índices de crescimento. Levando a uma maior heterogeneidade do grupo idoso.

Este aumento do número de idosos em todo mundo exerceu pressão passiva sobre o desenvolvimento desse campo, uma vez que o século XXI tem sido marcado pela importância do estudo da velhice e os grandes avanços da ciência do envelhecimento. Trouxe também algumas conseqüências para a sociedade e, obviamente, para os indivíduos que compõem este grupo etário. Faz-se necessário buscar os determinantes das atuais condições de saúde e de vida dos idosos e conhecer as múltiplas facetas que envolvem a velhice e o processo de envelhecimento para que esse desafio seja enfrentado por meio de planejamento adequado. (PAPALÉO NETTO, 2006).

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Segundo Cassol (2006), a Fonoaudiologia tem desempenhado um importante papel na Gerontologia, desenvolvendo pesquisas nas áreas de deglutição, linguagem, audição e, sobretudo em relação aos estudos da voz no indivíduo idoso.

A presbifonia ou o envelhecimento vocal deve ser entendido como parte do processo de envelhecimento normal do indivíduo (BEHLAU, 2004). Não se pode assegurar que a voz evolua para um modelo deficitário, porém trata-se de evitar que as possibilidades e habilidades comunicativas dos idosos em seus contextos vivenciais, ou seja, familiar e sócio-cultural, comprometam ou limitem suas oportunidades e a qualidade de integração social.

A presente dissertação teve como objetivo geral o detalhamento do conhecimento a respeito das implicações da presbifonia no processo do envelhecimento vocal em sujeitos idosos e como objetivos específicos, a explicitação das implicações da presbifonia nas dimensões: biológica, psicológica e social nos sujeitos idosos.

Este estudo foi de caráter transversal de natureza mista, sendo quantitativa e qualitativa exploratória, a partir de uma amostra por conveniência, composta por quinze participantes (grupo M e H). Sendo o grupo M composto por dez idosas (sexo feminino) participantes do Projeto de Promoção da Saúde do Idoso da Universidade Católica de Brasília (UCB) e o grupo H composto por cinco idosos (sexo masculino) escolhidos na comunidade do bairro de Águas Claras, situado na região administrativa do Distrito Federal em Taguatinga. Como instrumentos de pesquisa foram utilizados: levantamento sócio-demográfico, anamnese e avaliação fonoaudiológica e entrevistas semi-estruturadas compondo os variados aspectos relativos à presbifonia.

Ainda que os achados da presente dissertação viessem ao encontro da problemática biológica levantada pela presbifonia, procuramos tratar aqui o idoso holonomicamente, onde as dimensões sociais e psicológicas se inserem também na problemática. Pode-se concluir que embora este sujeito esteja com sua prega vocal envelhecida e degradada (o que é pouco percebida por ele), o mais importante para o idoso é a sua comunicação, pois é a comunicação que o insere e o faz sujeito participante no meio da sua comunidade.

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(20)

II – JUSTIFICATIVA:

Envelhecer gera demandas complexas que exigem cuidados diferenciados. Não seria justo afirmar que estas demandas específicas, derivadas das modificações biológicas e funcionais típicas da senescência, evoluam para a construção de um modelo deficitário do envelhecimento nos contextos familiar e sociocultural, comprometendo as possibilidades e habilidades comunicativas dos idosos e limitando suas chances de integração social (BERTACHINI, 2007).

Segundo Loureiro (2000, p. 37), para o idoso

“viver muito, ou mais, não é o que importa; o que interessa é viver bem. A degenerescência física é inexorável, ainda que controlável e postergável, por mais tempo, para alguns; mas o intelecto é vivo e pode estar ainda pleno em um corpo já corroído pela decrepitude natural do passar do tempo”.

Envelhecer não indica doença, mas sim, um processo biológico benigno, universal e individual dos seres vivos. No homem, o envelhecimento, chamado de senescência, vem acompanhado da diminuição das capacidades e reservas biológicas, aumentando a vulnerabilidade às alterações orgânicas e funcionais. A voz tem destaque fundamental nesse contexto como instrumento de comunicação, integração e indicador da qualidade de vida, propiciando caminhos de equilíbrio psicossocial necessários ao idoso, possibilitando-o exercer sua individualidade, autonomia e cidadania (BRITO FILHO, 1999).

É necessário investigar o processo do envelhecimento vocal em si e suas consequências para que os profissionais que trabalham com o idoso reconheçam os efeitos causados pelo envelhecimento, sejam eles funcionais ou psicossociais, e aprendam a lidar com os desafios, melhorando e mantendo a qualidade de vida (NICOLAU, 2005).

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Considerando a dimensão comunicativa do idoso, podemos compreender e interpretar diferentes recursos comunicativos que são sinais importantes para estabelecermos relação com o idoso, causando bom “feedback” para aperfeiçoar e qualificar a abordagem interdisciplinar no “cuidado gerontológico”. Este cuidado está relacionado à Fonoaudiologia que é um campo de conhecimento das áreas de comunicação e saúde que agrega aos seus conhecimentos específicos, aqueles especializados relacionados ao processo de envelhecimento, para estabelecer, junto ao idoso e ao seu entorno, as condições que permitam, entre outras a adoção de recursos comunicativos que sejam apropriados e melhor adaptados às suas necessidades, e também para maximizar sua autonomia, preservando pelo maior tempo possível sua independência por meio do resgate das “reservas funcionais”, que são essenciais para uma melhor qualidade de vida no envelhecimento (BERTACHINI, 2007).

A contribuição da Fonoaudiologia nesta dissertação é a possibilidade de compreender os fenômenos e transformações que ocorrem na voz ou através dela, nesta fase da vida, tendo por alicerce as prováveis implicações que a presbifonia traz ao sujeito idoso em sua habilidade comunicacional. Na senescência, as mudanças vocais podem interferir negativamente na relação com os indivíduos e no ajuste social do idoso.

Para Mansur e Viúde (2002, p.284), a linguagem é “a possibilidade de se estabelecer relacionamentos produtivos, manter e negociar a identidade social e, em última instância, determinar rumos da própria vida que está intimamente relacionado à habilidade de se comunicar”. A linguagem não é somente um instrumento de comunicação, é também um instrumento socializador, mediador das relações do ser humano com o mundo (BOCK, 2003).

Na opinião de Moreira (1997 apud CAMARANO, 2006), estudos mais recentes feitos na área da Gerontologia estão ligados às condições de saúde, aposentadoria, direitos e arranjos familiares para o suporte de idosos, buscando conhecimento sobre os aspectos biológicos, sociais, psíquicos e legais desta fase da vida. Sendo que, a grande maioria destes estudos pesquisados predomina uma visão negativa do envelhecimento populacional.

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Para que os profissionais que trabalham com o idoso reconheçam os efeitos causados pelo envelhecimento, sejam eles funcionais ou psicossociais, e aprendam a lidar com os desafios, melhorando e mantendo a qualidade de vida, se faz necessário uma investigação sobre o processo em si e suas consequências (NICOLAU, 2005).

Praticamente todas as áreas do saber se interessam e muito avançam no conhecimento sobre o idoso e suas características multidisciplinares (JACOB FILHO; GORZONI, 2008).

A experiência fonoaudiológica em equipe multidisciplinar demonstra que é possível obter resultados na reabilitação de idosos, quando a ação terapêutica é bem-elaborada e adequada à fase de evolução clínica do paciente (BERTACHINI, 2008).

A Gerontologia desenvolve um trabalho multidisciplinar em sua própria gênese, nos fundamentos da produção do saber, e das ações interventivas, atendendo às necessidades científicas atuais (BERTACHINI, 2007).

Sendo de natureza interdisciplinar, abriga ainda dois grandes desafios: a interação entre diferentes linguagens científicas para a construção de uma linguagem partilhada sobre o envelhecimento e a construção de uma linguagem acessível para levar o conhecimento até a população (SOUZA, 2002).

Essa interdisciplinaridade constitutiva e emergente permite o deslocamento de sistemas construídos para o outro, existindo uma relação de mão dupla, fazendo jus ao “inter”. Se o profissional sai do seu modo de pensar e agir, vertendo o seu constructo para outro contexto, o gerontólogo, ao servir-se de uma fonte rica de contribuições, ao retornar, apresenta um conhecimento mais completo, com novas descobertas, nova visão e novas possibilidades de ação, inclusive quanto à comunicação neste contexto de descobertas. (BERTACHINI, 2007).

(23)

Diversas literaturas fonoaudiológicas têm apontado unicamente para o foco anátomo - fisiológico da presbifonia como podemos citar: Raming, et al (2001), no artigo “The aging voice: A review, treatment data and familial and genetic perspectives”, Soyama, et al (2005), no artigo “Qualidade vocal na terceira idade: parâmetros acústicos de longo termo de vozes masculinas e femininas”; Polido, et al (2005), no artigo “Percepção do envelhecimento vocal na terceira idade” e outras tantas; sabendo que os cuidados que os idosos necessitam não se reduzem somente à assistência biológico-técnica.

Como cita Nicolau (2005):

com o crescente aumento da população idosa brasileira, vem ocorrendo uma intensificação do interesse em atingir a longevidade com qualidade de vida, visando dar atenção holística aos idosos. Pôr holística, neste estudo, compreende-se o entendimento do ser humano de forma integral, em suas dimensões biológica, psicológica, social e espiritual.

(24)

III – OBJETIVOS:

1. OBJETIVO GERAL:

Detalhar as implicações da presbifonia no processo do envelhecimento vocal em sujeitos idosos.

2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

A. Explicitar as implicações da presbifonia em sujeitos idosos na dimensão biológica; B. Explicitar as implicações da presbifonia em sujeitos idosos na dimensão

psicológica;

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IV - REVISÃO DE LITERATURA:

O envelhecimento populacional (aumento da proporção de idosos numa população) é uma vitória. É resultado do desenvolvimento das sociedades (PASCHOAL, 2006).

O Brasil dobrou o nível de esperança de vida ao nascer em relativamente poucas décadas, numa velocidade muito maior que os países europeus, os quais levaram cerca de 140 anos para envelhecer. Esse fenômeno, inicialmente observado de forma lenta e progressiva em países desenvolvidos, passa a ocorrer com enorme velocidade em países em desenvolvimento (LIMA-COSTA; CAMARANO, 2008).

Um país é considerado ‘velho’ quando 7% da sua população são constituídos de idosos (MINAYO; COIMBRA JR, 2002). Foram as reduções das taxas de fecundidade e da mortalidade da população idosa, juntamente com relevantes avanços da biotecnologia, que trouxeram como consequência a elevação do número de idosos em quase todo o mundo, e inclusive no Brasil (CAMARANO, 2006).

No geral, as condições necessárias para alcançar uma vida mais longeva melhoraram no mundo inteiro. No Brasil, a despeito de todas as dificuldades sociais e econômicas, a expectativa de vida aumentou quase 35 anos desde 1900. Segundo Camarano (2006), as projeções para 2020 indicam que 15% da população brasileira será constituída por pessoas idosas, ou seja, para Minayo e Coimbra Jr (2002), 34 milhões de brasileiros estarão acima dos 60 anos. Essas alterações colocarão o Brasil na condição de portador da sexta maior população de idosos do mundo, em termos absolutos, ficando para trás apenas de alguns países europeus, Japão e da América do Norte.

Segundo Loureiro (2000, p. 21),

(26)

de suas fases. Segundo alguns estudiosos, é por volta dos 60 anos de vida, a possível faixa etária do ingresso do homem na velhice.

Para os países desenvolvidos o limite de idade entre o indivíduo adulto e o idoso é de 65 anos e nos países em desenvolvimento é de 60 anos. Este critério cronológico é adotado, pois a maioria das instituições busca atender à saúde física, psicológica e social. Sob alguns aspectos legais em nosso país, o limite é de 65 anos. (PAPALÉO NETTO, 2006).

O envelhecimento é um processo e a velhice é vista como fase da vida e o velho ou o idoso é o resultado final que compõem este conjunto estando intimamente relacionados. Mesmo o envelhecimento sendo um fenômeno comum a todos os seres vivos, este é um assunto instigante, pois perduram pontos que ainda são obscuros quanto à dinâmica e à natureza desse processo. Sabe-se que é uma fase de todo um continuum que é a vida, iniciando na concepção e terminando com a morte. Ao longo desse continuum observam-se fases de desenvolvimento, puberdade e maturidade, que podem ser identificados como marcadores biofisiológicos que representam limite de transição entre as mesmas. Temos a menarca, como exemplo de marcador do início da puberdade na mulher. Mas o envelhecimento não possui um marcador biofisiológico de seu início, o diferenciando das demais fases da vida (PAPALÉO NETTO, 2006).

Segundo Moraes e Silva (2008, p.21), “o envelhecimento representa a consequência ou os efeitos da passagem do tempo. Esses efeitos podem ser positivos ou negativos e são observadas nas diversas dimensões do indivíduo: organismo (envelhecimento biológico) e psiquismo (envelhecimento psíquico). Todas as dimensões são igualmente importantes, na medida em que são coadjuvantes para a manutenção da autonomia e independência”.

Para Paschoal (2006, p. 145), “a longevidade tem implicações importantes para a qualidade de vida, podendo trazer consequências nas diferentes dimensões da vida humana, física, psíquica e social”.

(27)

A dificuldade por categorizar a velhice, pauta-se por ela não ser um estado, mas uma constante e sempre inacabado processo de subjetivação. Assim, podemos dizer que na maior parte do tempo não existe um “ser velho”, mas um “ser envelhecendo” (GOLDFARB, 1998).

Ao focalizar o idoso com os mais variados tipos de lentes, poderíamos ver além das luzes, sombras e cores o que as aparências revelam. Poderíamos ver que o que fica das imagens é a evidência dos sinais de desgaste dos corpos, os vincos nas faces, a voz mais cadenciada, o andar mais vagaroso ou até trôpego, a queda implacável dos músculos e a fragilidade dos movimentos. Esse retrato, que é feio em relação aos padrões de beleza que adotam o jovem como símbolo, costuma receber um veredicto de quem o produz e de quem o contempla. É o veredicto que assinala a velhice como problema e como doença (MINAYO; COIMBRA JR, 2002).

No Brasil há um aumento da participação da população de idosos com 60 anos ou mais de idade do total da população nacional: de 4% em 1940 para 8,6% em 2000. Nos últimos 60 anos, o número absoluto de idosos aumentou nove vezes. Ou seja, em 1940 eram 1,7 milhões e em 2000, 14,5 milhões. Estima-se que em 2020, sejam 30,9 milhões de idosos no Brasil (LIMA-COSTA; CAMARANO, 2008).

Estes são pessoas que têm como panorama menores possibilidades de uma vida digna, dada não apenas à imagem social da velhice vista como época de perdas, incapacidades, decrepitude, impotência, dependência, mas, também, por situações de analfabetismo, aposentadoria insuficiente, oportunidades negadas, desqualificação tecnológica, exclusão social. Há uma grande necessidade de propiciar à pessoa idosa, atenção abrangente à saúde, buscando não somente o controle das doenças, mas também, bem-estar físico, psíquico e social, ou seja, a melhoria da qualidade de vida, aliada a uma sobrevida cada vez maior para que os anos vividos em idade avançada sejam plenos de significados e dignidade (PASCHOAL, 2006).

A não-valorização do idoso, marcada pela idéia estereotipada que se faz da velhice, aumenta o sentimento de inutilidade e pode acentuar o declínio de suas competências relacionadas com as condições de autonomia e independência (BERTACHINI, 2007).

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aparecimento da velhice aconteceria por ocasião de uma ruptura brutal do equilíbrio entre perdas e ganhos".

O envelhecimento é um processo, mas a velhice não tem limites para acontecer por falta de nitidez. Aspectos individuais fazem com que cada um apresente particularidades ao longo de sua vida e uma condição distinta nos anos finais de sua existência. O desenvolvimento individual é multidimensional, ocorrendo nas dimensões biológica, psicológica e social. Desenvolvem-se em múltiplas esferas, tais como: família, trabalho, educação, lazer e outras tantas. São candidatos ao ”envelhecimento bem sucedido” aqueles que simultaneamente, registram ganhos (crescimento) e perdas (declínio), ou seja, aqueles têm ganhos maximizados e as perdas minimizadas. Construímos nosso próprio “curso de vida” pelas escolhas e ações que assumimos, de acordo com as oportunidades e as restrições de história e das circunstâncias sociais (GUIMARÃES, 2006).

É importante ressaltar que todos os problemas dos idosos, sejam médicos, sociais, econômicos e psicológicos, representam desafios que deverão ser enfrentados com a finalidade de tornar menos penosa à caminhada ao longo do terceiro milênio. Há, portanto, necessidade de se buscar as causas determinantes das atuais condições de saúde e de vida dos idosos e de se conhecer as múltiplas facetas que envolvem o processo de envelhecimento para que esse desafio seja enfrentado por meio de planejamento adequado (PAPALÉO NETTO, 2007).

No ano de 2008, a Organização Pan-americana de Saúde, divisão regional da Organização Mundial de Saúde (OMS), reafirmou a necessidade da promoção da saúde entre os idosos, definindo-a como: “conjunto de ações que provoquem mudanças no estilo de vida, objetivando a diminuição do risco de adoecer e morrer, estabilizando ou melhorando a saúde dos indivíduos em sua totalidade, aliado à saúde física a sua complexidade social”. Este relatório mapeia as estratégias adequadas para atingir esses objetivos, considera que, “quais- quer que sejam as atividades de promoção de saúde planejadas, deverão incluir atuações no campo biológico, psico - social, político e legal” enfatizando que “a promoção de saúde dos idosos deve estar a cargo de uma equipe interdisciplinar” (JACOB FILHO; GORZONI, 2008, p.273).

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de fatores de risco e adoção de hábitos saudáveis são importantes determinantes do envelhecimento bem sucedido (LIMA-COSTA; CAMARANO, 2008).

As principais condições associadas à velhice bem-sucedida, segundo Papaléo Netto (2006) seriam: baixo risco de doenças e de incapacidades funcionais relacionadas às doenças; funcionamento mental e físico excelentes; e envolvimento ativo com a vida.

Uma velhice bem-sucedida não é um atributo do indivíduo biológico, psicológico ou social, mas resulta da qualidade da interação entre pessoas em mudanças, vivendo numa sociedade em mudanças (NERI, 1993). Uma velhice bem-sucedida é largamente medida pela subjetividade, e referenciada ao sistema de valores que vigora num período histórico determinado, para uma dada unidade sociocultural (NERI, 1993).

Deste modo, qualidade de vida se associa a velhice bem-sucedida quando há baixo risco de doenças e de incapacidades a elas relacionadas e com saúde mental, incluindo auto-aceitação, a interação construtiva com os outros e com o ambiente, a autonomia, a expectativa de valorização e produção e a satisfação com a vida (SOUZA, 2002). Identificar as condições que permitem envelhecer bem, com boa qualidade de vida e senso pessoal de bem-estar, é tarefa de várias disciplinas no âmbito das ciências biológicas, da psicologia e das ciências sociais (NERI, 2007).

A gerontologia é um amplo campo disciplinar e profissional que abrigam numerosos temas, interesses e questões relacionadas ao idoso, à velhice e ao envelhecimento (PAPALÉO NETTO, 2006).

Ela é o ramo da ciência que se propõe a estudar o processo de envelhecimento e os múltiplos problemas que envolvem a pessoa idosa. É uma disciplina científica multi e interdisciplinar, cujas finalidades são o estudo das pessoas idosas, as características da velhice enquanto fase final do ciclo da vida, o processo de envelhecimento e seus determinantes biopsicossociais (LEME, 2007).

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Torna-se muito importante ouvir a “lógica interna desse grupo societário” e contar com os idosos para a realização de seus anseios e para a construção de um padrão de vida que lhes seja adequado, observando-lhes suas necessidades, uma vez que nosso país está deixando de ser “um país de jovens” e o envelhecimento já tem sido uma questão para as políticas públicas (IBGE, 2000).

Políticas públicas de saúde que sejam baseadas na promoção da saúde ao longo da vida e políticas de integração social e de conscientização da necessidade de um estilo de vida condizente com uma melhor saúde devem fazer parte de um “pacote de saúde” para a população idosa (LIMA-COSTA; CAMARANO, 2008).

O impacto do envelhecimento altera hábitos e o próprio cotidiano do idoso, principalmente na sua interação com seu meio familiar e/ou social. Estereótipos da velhice fazem-no sentir “velho”, ultrapassado perante os mais jovens trazendo como consequência sua exclusão com isso a falta de comunicação e interação social. A comunicação constitui um dos aspectos fundamentais da vida do homem, abrindo a possibilidade de se estabelecer relacionamentos produtivos, manter e negociar sua identidade social.

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A capacidade de comunicação é o instrumento de interação social por excelência e se desenvolve ao longo da vida através de múltiplas relações em contínua transformação. O envelhecimento origina um declínio da capacidade comunicativa, do mesmo modo como o faz, nos outros aspectos da vida e da saúde. É um campo de interesse, pesquisa e atuação de grande número de especialidades (GAMBURGO, 2002).

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Ela vem buscando compreender o homem enquanto sujeito comunicante e define – se em um campo inter e multidisciplinar que interagem e dialogam tanto com as ciências biológicas quanto com as ciências humano-sociais (PANHOCA, 2006).

CAPÍTULO 1 – COMUNICAÇÃO:

A comunicação representa a capacidade de transmissão de informações. Os seres humanos transmitem informações de natureza diversa e através de diferentes sistemas (CASANOVA, 1992).

O processo da comunicação ocorre quando há interação entre um falante e um ouvinte. A comunicação oral pode ser transmitida de várias formas. São carregadas de conteúdo semântico pelos sons, palavras e estruturas gramaticais e são acrescidos dos elementos supra-segmentares são acrescidos de significados e sentimentos pela velocidade, ritmo e prosódia. A voz é essencial para a comunicação humana. É importante para exercer atividades corriqueiras, expressar sentimentos, idéias, manter relacionamentos sociais e afetivos, exercer a profissão, ou seja, a voz está presente em todas as nossas atividades. Mas, sua presença é tão essencial que não percebemos o quanto sua ausência pode ser incapacitável (CARIOLA; BEHLAU, 2001).

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Comunicar é partilhar com alguém um conteúdo de informações, pensamentos, idéias e desejos, por meio de códigos comuns, sendo a linguagem falada a mais utilizada universalmente. É o comunicar que vai responder à necessidade de integração social do homem, na busca constante e infinita de experiências e conquistas. Esta capacidade, presente ao longo de toda a vida, é inerente ao ser humano, o diferencia de outras espécies, e é essencial à sua vida em sociedade. O processo de comunicação é dinâmico e enriquecido pela heterogeneidade de suas manifestações verbais e não-verbais (BERTACHINI, 2007).

Podemos citar alguns aspectos que constituem a base para se falar bem, são eles: boa administração da voz, clareza na articulação, falar sem cansaço vocal, controle da respiração, postura corporal correta, uso de gestos, forma de olhar, ou seja, todos esses elementos são fundamentais para o desenvolvimento da comunicação. Uma alteração significativa em um desses aspectos pode desviar a atenção do ouvinte do conteúdo que se quer transmitir (GONÇALVES, 2000).

Segundo Mansur e Viúde (2002), alguns aspectos também podem determinar e interferir na maneira que irá ocorrer a interação durante a comunicação e como os interlocutores se coloca, são eles: idade, sexo, características de personalidade, classe social, etnia. A linguagem no envelhecer postula que a comunicação efetiva ou o sucesso comunicativo não depende apenas da habilidade individual, mas, também, dos contextos interpessoal, ambiental ou situacional, nos quais a comunicação deve fluir com naturalidade (BERTACHINI, 2007).

A comunicação é a atividade primordial do ser humano. A possibilidade de estabelecer um relacionamento produtivo com o meio, trocar informações, manifestar desejos, idéias e sentimentos estão intimamente relacionados à habilidade de se comunicar. É por meio dela que o indivíduo compreende e expressa seu mundo (COUTO; FELIPE; MORAES, 2008).

É muito comum o idoso sentir-se uma “pessoa marginal” à sociedade, que, em geral, está voltada para interesses diferentes. A dificuldade de inserção grupal leva o idoso a se fechar em seus pares ou isolar-se socialmente, evitando conflitos que possam surgir desta diversidade de interesses e hábitos entre eles e as gerações mais novas (VIEIRA, 2004).

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isso que cria a coerência entre o grupo e os vínculos que se estabelecem dentro dele. A maneira particular com que cada um se relaciona com seu objeto é que vai definir que tipo de vínculo que será estruturado, ou seja, a qualidade da relação e do vínculo entre as pessoas vai se basear na confiança que temos (como depositante) no outro, que será o depositário das nossas expectativas e desejos que serão depositados (VIEIRA, 2004).

Quando o idoso se isola, parece distante, desinteressado dos fatos e alheio às pessoas, tem muita dificuldade de estabelecer contatos e fazer planos; demonstra ser incapaz de se comunicar espontaneamente, de trocar experiências com outras pessoas e, mesmo no grupo, sua atuação não é cooperativa. O afastamento de uma vida de relação interpessoal acaba por atrofiar funções psíquicas, por desestimular o desempenho de papéis sociais, por gerar sensação de desesperança, falta de perspectiva e fracasso social. O idoso, muitas vezes, apresenta-se com uma gama de experiências desfavoráveis, desagradáveis e excludentes, que podem deixá-lo fragilizado e inseguro para ultrapassar o medo de uma tentativa de inserção social frustrada, preferindo suprir qualquer desejo nesse sentido. Além disso, a intolerância social em aceitar o ritmo diferente do idoso, a aposentadoria compulsória, a perda de amigos desfazendo-se os grupos de referência social, o futuro incerto e a hostilidade familiar são situações suficientes para levar o idoso a isolar-se (VIEIRA, 2004).

O envelhecer da comunicação apresenta um caráter difícil de ser identificado por suas sutilezas como também pela diversidade com que se apresentam os indivíduos. O que muitas vezes temos é uma percepção da sociedade cristalizada em atitudes predeterminadas e preconceituosas sobre a comunicação dos idosos, pois enxergam tendências características peculiares à sua comunicação, tais como: “é egocêntrico”; “só fala do passado”; “é distraído”; “é confuso”; “é esquecido” (MANSUR; VIÚDE, 2002). Essas atitudes trazem reflexos diretos a sua comunicação, muitas vezes condenando-os ao silêncio (BERTACHINI, 2007).

O conhecimento a respeito da linguagem de idosos é ainda provisório. Há muito que pesquisar, e os dados existentes são marcados por contradições. Respondem por elas aspectos já parcialmente apontados como heterogeneidade de populações, de métodos, de visões da própria linguagem, etc. (MANSUR; VIÚDE, 2002).

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apresentam histórico de doenças (neurológicas, pulmonares, cardiovasculares, entubação prolongada, comprometimentos psicológicos, bem como uso de medicamentos) apresentam em geral uma limitação maior nas habilidades de comunicação (FERREIRA, 1998).

Problemas de comunicação podem acarretar em perda da independência e sentimento de desconexão com o mundo, sendo um dos mais frustrantes aspectos dos problemas causados pela idade. Cerca de um quinto da população com mais de 65 anos apresenta problemas de comunicação (COUTO; FELIPE; MORAES, 2008).

Para que o idoso possa ter um envelhecimento saudável, é necessário desenvolver sua capacidade de adaptação. Pois será melhor sucedido se o indivíduo não sofrer tantas pressões sociais para que desempenhe papéis compatíveis com suas habilidades, capacidades e funcionalidade. É necessário encontrar motivos em seu meio ambiente para relacionar-se, sentir que desperta um real interesse nas pessoas e perceber que um suporte sócio-comunitário e familiar que possa auxiliá-lo a continuar sua história de vida. E é nessa história que se encontram as causas do isolamento e a forma de resgatar o indivíduo para a vida (VIEIRA, 2004).

As habilidades comunicativas compreendem quatro áreas distintas: linguagem, audição, motricidade oral e voz (fala). Incluindo a visão (quinta função comunicativa), pois passa a ser uma função compensatória na ausência das outras habilidades da comunicação oral-verbal. Pode ser considerada incapacidade comunicativa, quando há perda ou restrição da participação social (funcionalidade), comprometendo a capacidade de execução das decisões tomadas, afetando diretamente a independência do sujeito idoso (COUTO; FELIPE; MORAES, 2008).

É preciso avançar na compreensão da linguagem e da comunicação na velhice e em suas implicações sociais buscando enriquecer o conhecimento sobre a identidade existencial do idoso e sobre suas mediações sociais e culturais à luz dos conhecimentos teóricos e práticos dos profissionais da Gerontologia e despertar uma visibilidade renovadora do envelhecimento e da velhice.

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compreendida dando vida e significado às novas adaptações que serão necessárias para uma vida longeva, saudável e feliz.

1.1. Linguagem:

A linguagem humana, para Saussure (1972) é uma abstração, incidindo na capacidade que o homem tem de comunicar com seus semelhantes através dos signos verbais. Abrange: fatores físicos, fisiológicos e psíquicos. Saussurre constituía a “língua” como sendo o conjunto de regras (fonológica, morfológica, sintática e semântica) que determinava o emprego dos sons, das formas e relações sintáticas, necessárias para a produção dos significados, ou seja, a língua como um conceito social de natureza supra-individual, sendo definida pelo grupo social a qual o indivíduo se insere e não pela sua individualidade. A língua preexiste e subsiste a cada falante. Ao nascermos já temos a língua que devemos falar, pois nos é imposto pela sociedade o seu código (a língua) o qual deverá ser seguido obrigatoriamente se quisermos entender e nos fazer entendido pelo nosso par. Em suma, para Saussurre, a linguagem é a soma da língua e do discurso e a língua é a linguagem menos o discurso (LOPES, 1991).

A linguagem humana (verbal) como função simbólica ou semiótica é o “resultado de uma atividade nervosa complexa que permite a comunicação interindividual (emissor-receptor) de estados psíquicos através da materialização de signos multimodais que simbolizam estes estados de acordo com uma convenção inerente a uma comunidade Lingüística”. A linguagem do adulto pode ser considerada uma atividade plenamente desenvolvida (CASANOVA, 1992).

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desenvolve em contato com outros membros da comunidade e que tem como função prioritária a comunicação, não podendo ser independente do contexto o qual se desenvolve e a compreensão deste desenvolvimento passa pelo estudo do contexto em que se produz (DEL RIO; VILASECA, 1992).

Lev Semenivich Vygotsky dedicou particular atenção à questão da linguagem. Entendia como sendo um sistema simbólico fundamental em todos os grupos humanos, elaborado no curso da história social, que organiza os signos em estruturas complexas e desempenha papel imprescindível na formação das características psicológicas humanas. Segundo ele, por intermédio da linguagem é possível nomear os objetos do mundo exterior, ações, qualidade dos objetos e também mencionam as relações entre os objetos. Ou seja, é um signo mediador por excelência, pois ela carrega em si os conceitos generalizados e elaborados da cultura humana. (REGO, 1995).

A linguagem tem papel de destaque no processo de pensamento. O surgimento da linguagem nos comunica três mudanças essenciais nos processos psíquicos do homem. Primeiro, a linguagem permite lidar com objetos do mundo exterior mesmo quando eles estejam ausentes (exemplo, a frase “a casa desmoronou”, permite a compreensão do evento mesmo sem tê-lo presenciado). O segundo, refere ao processo de abstração e generalização que a linguagem possibilita, pois, através da linguagem é possível analisar, abstrair e generalizar as características dos objetos, eventos, situações presentes na realidade (por exemplo, a palavra “casa”, designa qualquer tipo de casa, independente do modelo, tamanho, etc.) E o terceiro, está associado à função de comunicação entre os homens que garante, a preservação, transmissão e assimilação de informações e experiências acumuladas pela humanidade ao longo da história. A linguagem é um sistema de signos que possibilita o intercâmbio social entre indivíduos que compartilhem desse sistema de representação da realidade. É justamente por fornecer significados precisos que a linguagem permite a comunicação entre os homens (REGO, 1995).

Fala versus Linguagem, tradicionalmente, a formulação e a execução têm sido vistas como processos distintos, o primeiro “superior” ou mais cognitivo e o segundo “inferior” ou mais motor (PAUL, 1996).

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linguagem. Através dela o sujeito se constitui como tal num processo, que se desenvolve ao longo de toda a sua vida. Vincula-se de modo inseparável ao homem, que faz uso dela para interagir e comunicar-se nos diversos contextos sociais. Sendo totalmente social, a linguagem se materializa de forma singular nos diálogos, sendo (re) criada nesse contexto, nessa interação por um sujeito. Participamos de diálogos, manifestando opiniões, crenças, em nosso embate, nas nossas “falas”, ressoam outras vozes sociais, que são por nós assimiladas de forma singular. A linguagem permite a transmissão dos conhecimentos que o homem adquiriu ao longo de sua história. Através dela as pessoas resolvem seus problemas, expressam suas idéias, pensamentos e sentimentos. Possibilita o crescimento e o desenvolvimento do potencial que existem em cada um, ativado e intensificado através das relações humanas (GAMBURGO, 2002).

A linguagem tem papel fundamental na estruturação psíquica do indivíduo. Ao mesmo tempo em que exerce uma função interna de orientar o pensamento, apresenta também uma função externa de comunicar esses pensamentos a outras pessoas. Daí sua importância na expressão dos significados e desejos pessoais como na manutenção de vínculos sociais. Sabe-se que qualquer comprometimento na capacidade de expressão do indivíduo, Sabe-seja ele por déficit mental, auditivo, vocal, lesões cerebrais, transtornos psiquiátricos, ou mesmo por fatores extrínsecos, como a falta de estimulação, por exemplo, vai prejudicar a vida de relação desse indivíduo (VIEIRA, 2004).

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O ser humano constitui sua linguagem ao longo da vida por meio de experiências, vivências, aprendizados, relações, emoções, sentimentos e conhecimentos, entre outras “aprendizagens de desenvolvimento humano”, que somam à biografia do idoso, a experiência de novas habilidades comunicativas que são descobertas no próprio processo de envelhecimento. Entretanto, para que aconteça uma comunicação efetiva, não depende apenas da habilidade individual, mas, também, dos contextos interpessoal, ambiental ou situacional, nos quais a comunicação deve fluir com naturalidade (BERTACHINI, 2007).

É a linguagem que nos permite fazer descobertas de meios pessoais de comunicação com o outro. Sem isso nos desumanizamos reciprocamente. Sem a linguagem (seja ela oral, gestual ou escrita), não há humanização. A humanização depende da nossa capacidade de nos comunicar; depende das diferentes formas de diálogo com nosso semelhante (BERTACHINI, 2007).

A senescência traz em si várias modificações para as habilidades lingüísticas, tais como: a dificuldade de nomeação, o discurso prolixo, redundante, com pouca informação, a tangencialidade, a dificuldade para entender mensagens complexas (principalmente as orais), dificuldade para reter informações. Podem estar associadas a outros fatores como afasias, depressão e doenças neurológicas degenerativas. A afasia é caracterizada por uma alteração na linguagem oral e escrita, resultante de lesão neurológica focal em áreas cerebrais responsáveis pela linguagem (geralmente hemisfério esquerdo). Nos quadros demenciais, independente do tipo e da etiologia, as alterações de comunicação se caracterizam por uma alteração no conteúdo e no uso da linguagem, enquanto que a forma fica preservada, ou seja, o indivíduo não terá dificuldades para escolher e pensar o que dizer e quando fazê-lo. As alterações de linguagem estão relacionadas às alterações das funções cognitivas, principalmente atenção e memória (BILTON; COUTO, 2006).

As habilidades linguísticas podem estar afetadas diferentemente no envelhecimento (normal e doentio), juntamente com o declínio gradual das acuidades auditivas e visuais, que poderão também comprometer a comunicação (COUTO; FELIPE; MORAES, 2008).

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A origem do uso da voz se confunde com as origens da humanidade. Há milhões de anos, o homem primitivo vocalizava através de ruídos, gritos estridentes e berros para exprimir suas necessidades tais como: proteção, acasalamento, sentimentos. Com a evolução da espécie humana, o intelecto passa a atuar no mesmo plano psíquico, mas as emoções continuam a influenciar, nos mais diversos aspectos que a voz possui.

Segundo Behlau e Pontes (1995, p.39), “o desenvolvimento da voz acompanha e representa o desenvolvimento do indivíduo, tanto do ponto de vista físico, como psicológico e social”.

Ao nascer, é o choro a primeira manifestação vocal, apresentada pelo bebê. Através do choro, o bebê expressa suas necessidades e sentimentos, estabelecendo comunicação com sua mãe (PAES, 2000).

A voz conta com uma série de dados inerentes a três dimensões do indivíduo: a biológica, psicológica e socioeducacional. As informações contidas no âmbito biológico dizem respeito aos dados físicos básicos tais como: o sexo, a idade e condições gerais de saúde, estrutura física global e específica dos órgãos que compõem o aparelho fonador; as informações contidas no âmbito psicológico correspondem às características básicas da personalidade e do estado emocional do indivíduo durante o momento da emissão; já a dimensão sócio-educacional oferece dados sobre os grupos a que pertencemos, quer sejam sociais ou profissionais (BEHLAU; PONTES, 1995).

Na literatura, autores referem que é importante numa avaliação fonoaudiológica, solicitar ao paciente que avalie o impacto da alteração vocal em sua vida particular, profissional e social (BEHLAU et al., 1988).

É a voz o reflexo da personalidade do indivíduo. Serve como válvula de escape emocional. Ela pode revelar ainda o estado físico de uma pessoa, bem como o estado físico da laringe (COLTON; CASPER, 1996).

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Pela voz, nos é concebida nossa identidade, podemos expressar nossa emoção e motivação, consente-nos aproximarmos de nosso semelhante, integrando-nos na sociedade em que vivemos (FERREIRA, 1998).

A voz é o complemento musical da fala, fazendo com que ela se torne melódica, agradável, audível e coerente, sendo essencial para a comunicação eficiente. Representa nossa identidade, expressa nossa emoção e motivação permitindo a aproximação com o outro. Acontece através da fala nas palavras pronunciadas, escritas, lidas e cantadas, manifesta toda sua riqueza emocional em seu tom, inflexão e musicalidade das frases, revelando todo tempo os sentimentos que acreditamos estar secretos, que por sua vez traçam o perfil de uma imagem vocal desenvolvida e estabelecida em cima de padrões, valores e cultura vividos ao longo de sua existência (BRITO FILHO, 1999). Assim, a voz é o veículo de nossa inter-relação, de comunicação, um meio de atingir o outro (BEHLAU; ZIEMER, 1988).

A emissão vocal é um feito que permite grandes variantes. Além das consideráveis diferenças individuais, a voz se apresenta em um mesmo indivíduo sob multíplices aspectos. As manifestações vocais podem ser classificadas de acordo com quatro pontos: 1. Instrumento vocal, as modalidades de funcionamento e as características individuais permitem distinguir dentre outras categorias como, por exemplo, voz falada, cantada, sussurrada, alta, feminina, masculina, infantil, etc. Essa categoria corresponde à fisiologia da voz, que procura classificar as manifestações vocais com base em dados acústicos (distingue auditivamente uma voz de outra), utilizando dados mecânicos como referência (ou seja, “que função”, “qual órgão” corresponde uma determinada emissão vocal); 2. Expressividade da voz permite conferir à voz uma tonalidade afetiva especifica, como por exemplo: voz tímida, trêmula, entrecortada, insinuante, persuasiva, falsa, melosa, agressiva, etc.; 3. Circunstâncias de sua utilização, em que situações são produzidas a voz e o papel desempenhado pelo sujeito, como por exemplo: voz de leitura, voz de discurso, voz de recitação, voz de professor, voz de camelô, etc.; 4.

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pontos não são excludentes entre si, ainda que uma determinada produção vocal possa ser analisada sucessivamente de acordo com cada um deles (LE HUCHE; ALLALI, 1999).

É nomeado de qualidade vocal, o conjunto de características que identificam uma voz humana. Relaciona-se ao arranjo dos harmônicos da onda sonora, ou seja, a impressão total constituída por uma voz. É a referência mais completa dos atributos da emissão de um indivíduo, podendo ser capaz de fornecer informações quanto às características físicas até dados da formação educacional. Embora a qualidade vocal possa variar de acordo com o contexto da fala e com condições físicas e psicológicas do individuo, há um padrão básico de emissão que o identifica (BEHLAU; ZIEMER, 1988).

Os parâmetros mais flexíveis da qualidade vocal são: respiração, altura e extensão vocal; intensidade, ressonância, ataque vocal; e ainda, articulação, velocidade, entonação e ritmo de fala. A respiração é um apontador do ritmo de vida; a altura vocal tem relação direta com a finalidade do discurso; a extensão vocal relaciona-se ao estilo do falante e ao seu controle emocional; a intensidade traduz como o indivíduo suporta o próprio limite e do outro; a ressonância sugere o conteúdo emocional do discurso e a intenção emocional do falante; a articulação pronuncia o cuidado em ser compreendido e à qualidade das informações que se quer passar. Por fim, a velocidade e o ritmo da fala relacionam-se psicologicamente à noção de tempo interior e, indicam também, características de coordenação motora do falante. A qualidade vocal de uma pessoa é ainda considerada pelos parâmetros de tipo de voz; sistema de ressonância; características da emissão; articulação e pronúncia; ritmo e velocidade de fala, além da resistência vocal, bem como a sensação psicoacústica de frequência (pitch) e a sensação psicoacústica de intensidade (loudness) (BRITO FILHO, 1999).

2.1. Respiração:

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um dos mais importantes reflexos da dinâmica emocional de um indivíduo, a pulsação básica da vida: adentramos neste mundo pela primeira respiração e dele partimos através do “último suspiro” (BEHLAU; ZIEMER, 1988).

A principal finalidade da respiração é a de promover o metabolismo das células e remover o produto residual, ou seja, levar o oxigênio as células do corpo. Deve-se renovar o ar continuamente nos pulmões, para que a troca de gases possa acontecer renovando o sangue (QUINTEIRO, 1989).

Sob o aspecto fisiológico, a respiração tem por função efetuar trocas gasosas entre o ambiente e o organismo e sob o aspecto psicológico, a respiração indica os ritmos da vida, sendo o processo mais flexível do nosso organismo, o primeiro a se distorcer em resposta a qualquer estímulo seja ele externo ou interno (BEHLAU; PONTES, 1995).

No processo de envelhecimento natural e normal, o aparelho respiratório pode sofrer alterações anatômicas e funcionais. Vários fatores podem afetar a função pulmonar, sendo, repetidamente, agravantes do processo de envelhecimento, tais como tabagismo, poluição ambiental, exposição profissional, doenças pregressas pulmonares ou não, diferenças socioeconômicas, constitucionais e raciais. Os idosos apresentem maior comprometimento da função pulmonar, devido à associação com outras enfermidades, principalmente de caráter crônico-degenerativas (GORZONI; RUSSO, 2006).

2.1.1. Estruturas da Respiração:

O aparelho respiratório envolve um conjunto de órgãos tubulares e alveolares localizados na cabeça (nariz e seios paranasais), no pescoço (faringe, laringe, traquéia) e na cavidade torácica (pulmões, brônquios, alvéolos e o músculo diafragmático) (QUINTEIRO, 1989).

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Figura 1. Vista de conjunto dos órgãos da voz e da fala

O ar inspirado entra pelo nariz, passa pelas cavidades nasais (onde é filtrado, aquecido e umidificado) para a nasofaringe através do pórtico velofaringiano aberto para a orofaringe. Para quem respira pela boca, o ar entra e passa pela cavidade oral, através da superfície da língua até a orofaringe, indo para a hipofaringe. De lá a inspiração flui para a laringe, passa entre as pregas ventriculares ou falsas pregas vocais e passa entre as verdadeiras pregas vocais para baixo, rumo à traquéia. Na traquéia, a via aérea se divide em dois tubos bronquiais, que se ramifica adicionalmente em divisões conhecidas como bronquíolos, que terminam nos pulmões em pequenos sacos de ar conhecidos como sacos alveolares. Na base do tórax, está o diafragma, composto por músculo, tendão e membrana que separa a cavidade torácica da abdominal. Quando contrai, desce e aumenta a dimensão vertical do tórax e quando relaxa, ascende de volta à sua posição mais elevada. A parede abdominal é composta, principalmente pelos músculos abdominais que, às vezes, desempenham um papel ativo na expiração (BOONE; McFARLANE, 1994).

Segundo Gorzoni e Russo (2006, p.596),

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enrijecimento da parede torácica, diminuição da potência motora e muscular, alterações da elasticidade, complacência e dos volumes pulmonares decorrentes das mudanças do tecido conectivo pulmonar, redução da massa muscular e da acentuada cifose fisiológica.

2.1.2. Ciclo Respiratório:

A respiração pode ser dividida em dois momentos: a inspiração ou a entrada de ar no organismo e a expiração ou a expulsão de ar do organismo (QUINTEIRO, 1989).

São separadas entre si por um pequeno intervalo. Na respiração em repouso, o tempo da fase inspiratória é, em média, três vezes maior que a expiratória. Durante a fonação necessitamos de uma expiração muito mais lenta para a “construção das frases”, e tanto mais lenta e controlada quanto mais longa for à emissão (BEHLAU; ZIEMER, 1988).

2.1.3. Mecanismo da Respiração:

Para que o mecanismo respiratório ocorra, é necessário observarmos: 1. Elasticidade pulmonar, os pulmões estão em constante estado de distensão, exemplos: a expiração; 2.

Movimento costal, os músculos torácicos inspiradores, alargam a caixa torácica, promovendo uma pressão negativa em relação ao meio ambiente e levando o ar para dentro dos pulmões; 3.

Movimento do diafragma é grande auxiliar da respiração. A musculatura diafragmática desce durante o esforço da inspiração (com o auxilio da ação dos músculos intercostais internos), tornando-o quase plano, deslocando um pouco a cavidade abdominal e, com isso, expandindo a cavidade torácica. Quando o corpo está em repouso, a inspiração é um movimento muscular ativo e a expiração é passiva, controlada pela elasticidade (QUINTEIRO, 1989). Toda esta fase é regulada de forma reflexa por um centro bulbar, porém uma série de interferências pode ser introduzida emocionalmente (BEHLAU; ZIEMER, 1988).

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rapidamente. Boa parte da expiração é efetuada através do colapso passivo do tamanho torácico e não através de contração muscular ativa, sendo então passiva. Há dois tipos de força agindo: força passiva (como os pulmões elásticos) e a força ativa ou volitiva (como a contração dos músculos da inspiração). A membrana pleural que cobre os pulmões pende, quase adesivamente, sobre a parede interna do tórax. Quando o tórax expande por contração muscular, os pulmões dentro dele expandem também. A força elástica inerente dos pulmões está sempre presente. Seu recuo elástico será tão rápido quanto o colapso torácico permitir. Sendo que na fase expiratória da respiração (em repouso) é totalmente efetuada pela elasticidade das forças inerentes ou passivas. Na fala, grande parte da força pode ser fornecida também por fatores passivos da respiração (BOONE; McFARLANE, 1994).

A emissão do sopro fonador é antecedida de uma inspiração, de um impulso respiratório: se faz necessário armazenar o ar dentro dos pulmões, uma vez que o ar é matéria-prima da voz. Na inspiração, o ar penetra nos pulmões pela traquéia, depois segue para os brônquios divididos sucessivamente em secundários e em bronquíolos, chegando por fim a cada alvéolo pulmonar. Durante a fonação o ar percorre o caminho inverso para chegar à laringe, com pressão e velocidade reguladas em função da voz que será produzida (LE HUCHE; ALLALI, 1999).

Na fonação, a inspiração deve acontecer de modo buconasal alternado, rápida, silenciosa e efetiva, ou seja, deve haver condições suficientes para o aporte de ar necessário entre nos pulmões. A expiração (fundamental na fonação laríngea) é passiva, é resultado do relaxamento do diafragma e da elasticidade das paredes musculares da caixa torácica, o que provoca a expulsão do ar contido, juntamente com a contração dos músculos intercostais externos e de toda árvore traqueobrônquica. É essencial que as forças aerodinâmicas estejam equilibradas com as forças mioelásticas da laringe, pois se houver predomínio das forças aerodinâmicas, teremos uma voz demasiadamente soprosa e se houver predomínio das forças mioelásticas, teremos uma voz excessivamente tensa (BEHLAU; ZIEMER, 1988).

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Figura 1. Vista de conjunto dos órgãos da voz e da fala
Gráfico 1 – Valores de TMF das vogais /a/, /i/, /u/
Tabela 7 – Valores de /s/, /z/ e relação s/z – Grupo H
Gráfico 2 – Valores de Relação s/z
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Referências

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