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Linha Direta EDIÇÃO 188 ANO 17 - NOVEMBRO 2013

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Academic year: 2022

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EDIÇÃO 188

ANO 17 - NOVEMBRO 2013

INTERDISCIPLINARIDADE Motivação para as aulas de inglês IBERO-AMÉRICA

Metas Educativas 2021

CIÊNCIAS Todos são capazes de aprender

Suzana Herculano-Housel

CELULAR Projeto de lei quer proibir o uso em sala de aula

Danielle Lourenço

APRENDIZADO Conexão Mundo

O DESAfIO DA MENTE Provocar o

desenvolvimento das inteligências humanas é atender ao clamor do cérebro por estímulos que o façam prosperar

TECNOLOGIAS Saber utilizá-las no ensino

José Lúcio de Campos

INOVAÇÃO . EDUCAÇÃO . GESTÃO

Linha Direta

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Marcelo Chucre da Costa Presidente de Linha Direta Marcelo Chucre da Costa

Presidente da Linha Direta Antigamente, pouco se conhecia sobre o

poder de plasticidade e transformação da mente humana. Hoje, o cérebro, explorado pela ciência da cognição, reclama por estí- mulos que o façam prosperar. “Quando sua

mente é ampliada por uma ideia nova, ela nunca re- tornará ao seu tamanho original.” Essa frase, atribuí- da ao médico e professor americano Oliver Wendell Holmes, reflete bem a capacidade do nosso cérebro em se expandir ao adquirir novos conhecimentos. Por outro lado, a inteligência pode ser definida como a capacidade mental de raciocinar, planejar, resolver problemas, superar desafios, abstrair ideias, exerci- tar a criatividade, compreender linguagens e apren- der. Inteligência envolve a capacidade de discernir e escolher, entre diferentes alternativas, a mais ade- quada, e de tomar decisões oportunas. Mas o mais importante é que, conforme revelaram alguns estu- dos, nosso cérebro apresenta um potencial que pode ser estimulado e ampliado de forma ilimitada – e isso vale para todas as pessoas. Leia mais sobre o assunto na matéria de capa desta edição. Bom proveito!

Antiguamente, poco se conocía sobre el po- der de plasticidad y transformación de la mente humana. Hoy, el cerebro, explorado por la ciencia de la cognición, reclama por estímulos que lo hagan prosperar. “Cuando su mente es ampliada por una idea nueva, ella nunca retornará al tamaño original.” Esta frase, atribuida al médico y profesor americano Oliver Wendell Holmes, refleja bien la capacidad de nuestro cerebro para ex- pandirse al adquirir nuevos conocimientos. Por otro lado, la inteligencia puede ser definida como la ca- pacidad mental de raciocinar, planear, resolver pro- blemas, superar desafíos, abstraer ideas, ejercitar la creatividad, comprender lenguajes y aprender. Inteli- gencia involucra la capacidad de discernir y escoger, entre diferentes alternativas, la más adecuada, y de tomar decisiones oportunas. Pero lo más importante es que, conforme revelaron algunos estudios, nuestro cerebro presenta un potencial que puede ser estimu- lado y ampliado de forma ilimitada – y esto vale para todas las personas. Lea más sobre el asunto en la ma- teria de tapa de esta edición. ¡Aproveche!

O cérebro e a

inteligência El cerebro y la inteligencia

editorial

6

Revista Linha Direta

Conselho Consultivo Airton de Almeida Oliveira Presidente do Sinepe/CE Amábile Pacios Presidente da Fenep

Anna Lydia Collares dos Reis Favieri Ferreira Presidente do Sinepe/RJ

Antônio Lúcio dos Santos Presidente do Sinepe/RO Átila Rodrigues

Presidente do Sinepe/Triângulo Mineiro Benjamin Ribeiro da Silva Presidente do Sieeesp Dalton Luís de Moraes Leal Presidente do Sinepe/PI Emiro Barbini Presidente do Sinep/MG Fátima de Mello Franco Presidente do Sinepe/DF Fátima Turano Presidente do Sinepe/NMG Gabriel Mario Rodrigues Presidente da ABMES Gelson Menegatti Filho Presidente do Sinepe/MT Hermes Ferreira Figueiredo Presidente do Semesp

Ignez Vieira Cabral Presidente da Fenen Ivana de Siqueira Diretora da OEI em Brasília Ivo Calado

Asepepe Jacir J. Venturi

Presidente do Sinepe/PR – Curitiba Jorge de Jesus Bernardo Presidente da Abrafi e do Semesg José Carlos Barbieri

Presidente do Sinepe/NOPR José Carlos Rassier Secretário Nacional da ABM Krishnaaor Ávila Stréglio Presidente do Sinepe/GO Manoel Alves

Presidente da Fundação L'Hermitage Marco Antônio de Souza Presidente do Sinepe/NPR Marcos Antônio Simi

Presidente do Sinepe/Sul de Minas Maria da Gloria Paim Barcellos Presidente do Sinepe/MS Maria Nilene Badeca da Costa Presidente do Consed

Miguel Luiz Detsi Neto Presidente do Sinepe/Sudeste/MG Natálio Dantas

Presidente do Sinepe/BA Odésio de Souza Medeiros Presidente do Sinepe/PB Bruno Eizerik Presidente do Sinepe/RS Paulo Antonio Gomes Cardim Presidente da Anaceu Paulo Sérgio Machado Ribeiro Presidente do Sinepe/AM Pe. João Batista Lima Presidente do Sinepe/ES Suely Melo de Castro Menezes Vice-presidente do Sinepe/PA Victor Maurício Nótrica Presidente do Sinepe/Rio Presidente

Marcelo Chucre da Costa Diretora Executiva Laila Aninger Editora

Valéria Araújo – MG 16.143 JP Jornalista

Renan Costa Coelho Designer Gráfico Rafael Rosa Atendimento Flávia Alves Passos

Preparadora de Texto/Revisora Cibele Silva

Tradutor/Revisor de Espanhol Gustavo Costa Fuentes - RFT1410 Consultor Editorial

Ryon Braga

Consultor em Gestão Estratégica e Responsabilidade Social Marcelo Freitas

Consultora para o Ensino Superior Maria Carmem T. Christóvam

Revista Linha Direta

Publicação mensal dos Sinepes, Anaceu, Consed, ABMES, Abrafi, ABM, fundação L’Hermitage e Sieeesp

As ideias expressas nos artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não representam, necessariamente, a opinião da Revista. Os artigos são colaborativos e podem ser reproduzidos, desde que a fonte seja citada.

Tiragem: 45.300 exemplares

Rua Felipe dos Santos, 825 - Conj. 305/306 - Lourdes - Belo Horizonte - MG - CEP: 30180-160 - Tel.: (31) 3281-1537 - www.linhadireta.com.br Pré-Impressão e Impressão Tiragem e distribuição auditada por:

Tel.: (31) 3303-9999

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capa

O desafio da mente

Provocar o

desenvolvimento das inteligências humanas é

atender ao clamor do cérebro por estímulos que o façam prosperar

©VLADGRIN /iStockphoto

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Revista Linha Direta

D

urante muitos anos, a in- teligência foi considerada uma característica here- ditária – ou o indivíduo nascia inteligente ou estava conde- nado a passar o resto dos seus dias como um ser menos capaz.

Hoje, muita coisa mudou. Em todo o mundo se estuda sobre as transformações do cérebro, e o pensamento anterior de que informações e conteúdos con- ceituais se aprendem, mas que inteligência é um legado gené- tico insubstituível desmoronou e abriu muitos campos para um novo momento educacional.

A palavra inteligência tem sua origem na junção de duas outras palavras latinas: inter (entre) e legere (eleger ou escolher). Para o educador Celso Antunes, a palavra, quanto à sua etimo- logia, expressa a capacidade de discernir, separar e buscar, entre diferentes alternativas, a mais pertinente. É a manei- ra de entender e interpretar, de aceitar as diferenças e viver bem. Enfim, a inteligência é a capacidade de encontrar pala- vras certas para expressar sig- nificados de maneira plena. É saber pensar, mas também ter coragem e ousadia para fazê- lo. É levar a atividade mental

a ajustar-se à realidade e a ultrapassá-la, inventando e es- tabelecendo fins. É o que mais buscamos e desejamos a todos quantos queremos bem. As pes- soas mentalmente sadias são inteligentes, ainda que o grau dessa capacidade varie de uma pessoa para outra. “A inteligên- cia é um potencial biopsicológi- co comum aos seres humanos e que os leva à capacidade de re- solver problemas e à criação de ideias ou artefatos que sejam aceitos como originais e úteis a outras pessoas. Na sua intimi- dade se abrigam, entre outros, sentimentos como o amor, o en- tusiasmo, a alegria e a esperan- ça”, ensina o educador.

Inteligências múltiplas

Por muito tempo, a palavra inte- ligência foi usada apenas no sin- gular, o que denotava a ideia de sua unicidade. Essa crença, en- tretanto, foi questionada no final do século passado por Howard Gardner, professor adjunto de Neurologia na Boston School of Medicine e de Psicologia na Harvard University, nos Estados Unidos. Gardner destaca que, em verdade, possuímos múlti- plas inteligências, e não apenas uma geral.

Revista Linha Direta

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Mas bastam um olhar ao redor e uma análise do conceito de inteligência aqui descrito, apli- cado a diferentes pessoas, que facilmente se percebe que a faculdade de aprender e com- preender e a perspicácia em se adaptar a novas situações se expressam de formas diferen- ciadas em cada um. “Em alguns, esses potenciais se manifestam em sua capacidade de comuni- cação, em outros em seu poder de empatia e acolhida, ou em seu talento musical, ou ainda em múltiplas outras situações e desafios. Portanto, acreditar em um tipo único de inteligência para todas as pessoas significa ignorar a admirável diversidade humana e as muitas formas com que ela se expressa”, explica Celso Antunes.

Segundo a ordenação desenvol- vida por Howard Gardner, as pessoas sem disfunções cere- brais agudas apresentam, em di- ferentes níveis de grandeza, as seguintes inteligências: espacial, linguística, lógico-matemática, musical, corporal-cenestésica, ecológica, intrapessoal, inter- pessoal e existencial.

É possível aumentar o potencial de nossas inteligências?

O professor Celso Antunes garan- te que sim. “A resposta seria ne- gativa caso o cérebro humano se apresentasse como uma estrutu- ra sólida e sua evolução como a dos ossos, ou seja, caso se mos- trasse sem qualquer possibilida- de de interferência. O cérebro humano, entretanto, é dotado de plasticidade e, tal como os músculos do corpo, pode respon- der positivamente aos estímulos externos”, diz, ressaltando que ele responde de maneira signi- ficativa a estímulos específicos.

Experiências da década de 1990 com ratos em laboratório mos- tram que a capacidade desses pequenos animais em solucio- nar problemas crescia de forma acentuada quando submetidos a estímulos frequentes. “Outros experimentos mais recentes, com crianças, jovens e adultos, realizados em diferentes países e em situações diferenciadas, evidenciaram a importância da estimulação cerebral, desde que exercida com persistência e por pessoas que efetivamente co-

nheçam os fundamentos essen- ciais a essa estimulação”, conta o educador.

Estimulação da inteligência O que leva a inteligência humana à expansão são os estímulos, mais ou menos como os incentivos cor- porais desenvolvem em nosso cor- po uma condição biológica mais apta. “Os estímulos são desafios ou problemas colocados diante de nossa vida pelas circunstân- cias do viver, mas também pela provocação de mediadores que os conhecem e que pretendem nos ajudar a nos fazer mais inteli- gentes”, diz Celso Antunes.

O educador explica que a nova aprendizagem com a estimulação da inteligência profunda é o meio pelo qual o cérebro cria novos cir- cuitos neuronais e que a criação desses novos caminhos expande nossa capacidade de pensar, em uma esplêndida dialética. “Estimu- lar inteligências de forma sistêmica e sistemática não é apenas acredi- tar no amanhã, mas fazer-se prota- gonista em sua descoberta e trans- formar o antigo hábito de viver na grandiosa conquista do existir.”

JOHN DEWEY

(1859-1952)

Filósofo americano, postulava a necessidade de transformar a edu- cação em uma prática mais demo- crática e afirmava que as crianças devem ser colocadas no centro do processo de aprendizagem.

LEV VYGOTSKY

(1896-1934)

A influência da cultura e da comu- nicação interpessoal no desenvol- vimento infantil foi profundamen- te estudada por esse psicólogo soviético, considerado o fundador da Psicologia Sócio-histórica.

JEAN PIAGET

(1896-1980)

Estudioso suíço, procurou compreen- der a estruturação do pensamento humano, desde o bebê até o adulto.

O autor não estava interessado em classificar uma resposta como certa ou errada, mas sim na compreensão da lógica e do raciocínio utilizado.

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Revista Linha Direta

PAULO fREIRE

(1921-1997)

Educador e filósofo brasileiro que ressaltou o caráter ideológico e político de qualquer relação peda- gógica. Ou seja, o professor pre- cisa estar ciente da ideologia que subjaz à sua prática para poder transformá-la.

REUVEN fEUERSTEIN

(1921 aos dias atuais)

Psicólogo e professor israelense, um dos maiores pesquisadores no campo da aprendizagem mediada na atualidade, propõe que o ser hu- mano aprende mais quando o pro- cesso de aprendizagem é mediado, identificando as características de uma ação pedagógica calcada na concepção da mediação.

HOWARD GARDNER

(1943 aos dias atuais)

Psicólogo americano, amplia nos- sas relações ao questionar a de- finição clássica de inteligência desenvolvendo a Teoria das Inte- ligências Múltiplas, que revolucio- nou as pesquisas relacionadas à inteligência e à educação em todo o mundo.

O papel da mediação

A aprendizagem humana é, antes de tudo, relacional. Na mediação da construção do vínculo entre profes- sor e aluno, diálogo é fundamental.

O psicólogo e professor israelense Reuven Feuerstein, um dos maiores pesquisadores no campo da apren- dizagem mediada na atualidade, propõe que o ser humano aprende mais quando o processo de apren- dizagem é mediado, identificando as características de uma ação pe- dagógica calcada na concepção de mediação. O mediador, segundo o israelense, é aquele que ajuda o aprendiz a interpretar os estímulos e a atribuir sentido às experiências, colaborando para que ele construa conhecimento e desenvolva suas funções cognitivas.

Celso Antunes corrobora essa ideia e completa que o mediador é o

“educador” da inteligência. Na es- cola, essa ação deve ser assumida por um professor, mas fora dela pode ser atributo de um pai, uma mãe, irmãos mais velhos, avós ou outros adultos que saibam intera- gir com o aprendiz e usar de for- ma correta e pertinaz os incentivos

necessários. “Os estímulos à inteli- gência divergem em duas catego- rias, ainda que ambas necessitem atuar conjuntamente. A primeira categoria é composta pelas ativi- dades procedimentais do media- dor, e a segunda, pelo conjunto de jogos que devem ser propostos ao aprendiz”, finaliza.

Para Feuerstein, as inteligências podem ser modificadas por meio de intervenções mediadas. Segun- do ele, a aprendizagem mediada cria uma ponte entre o mundo do aluno e o exterior. Pensando assim, Feuerstein estabeleceu 12 critérios de mediação: intencionalidade e reciprocidade; significado; trans- cendência; competência; regula- ção e controle do comportamento;

compartilhamento; individuação e diferenciação psicológica; pla- nejamento e busca por objetivos;

procura pelo novo e pela comple- xidade; consciência da modifica- bilidade; escolha pela alternativa positiva; e sentimento de perten- cimento.

Sandra Garcia e Marcos Meier, edu- cadores brasileiros, acrescentaram um 13º critério, sem o qual nenhum outro terá eficácia: um bom vínculo.

Revista Linha Direta Fonte: Inteligência se aprende - Revista 02 - Ano 3

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Programa MenteInovadora A escola contemporânea passa por um momento de transforma- ção, recriação e reinvenção. Já estamos na segunda década do século XXI. A sociedade mudou, as necessidades são outras. É pre- ciso transformar a sala de aula para atender às novas demandas e contemplar novos saberes.

Sempre conectada com as prá- ticas inovadoras educacionais, a Mind Lab, empresa especializa- da em tecnologias educacionais inovadoras, criou o Programa MenteInovadora. Organizado por faixa etária e com conteúdos, re- cursos e métodos adequados às di- ferentes fases de desenvolvimento dos alunos, o Programa é integrado à escola como um todo e funcio- na com aulas semanais em que são

trabalhadas prazerosas atividades em grupo e jogos de raciocínio para desenvolver habilidades para a vida: pensar de forma criativa, planejar e tomar decisões, compe- tir de forma saudável, desenvolver a autoconfiança, lidar com conflitos e emoções, entre outras.

Na educação infantil, são utiliza- dos jogos de tabuleiro e acessó- rios como tapetes gigantes para integrar alunos e trabalhar as ne- cessidades da primeira infância:

organização espacial, desenvolvi- mento psicomotor e conceitos bá- sicos de pensamento. Já no ensino fundamental, são utilizados jogos de raciocínio para desenvolver es- tratégias de pensamentos, habili- dades sociais e emocionais para li- dar com situações-problema mais complexas. Por fim, no ensino mé- dio os alunos passam a ter aulas

O programa MenteInovadora usa de recursos que se adequam às diferentes fases de desenvolvimento dos alunos

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Revista Linha Direta

interativas com tablets, exploran- do jogos digitais e recursos multi- mídias integrados à metodologia.

O objetivo é formar cidadãos mais críticos e preparados para enfren- tar o mundo do trabalho.

Anita Lilian Zuppo Abed, psico- pedagoga na Mind Lab do Brasil, afirma que a peculiaridade do Programa MenteInovadora, e de todos os aspectos que o envolvem, está em seu caráter integrador e abrangente de várias tendências e ações pontuais, isoladas e disper- sas. “Além de integrar, em um só

‘fazer’, múltiplas ações pedagógi- cas modernas e eficazes, orgulha- se de ter sustentação teórica em autores interacionistas de peso, como Vygotsky, Piaget, Paulo Frei- re e Feuerstein, entre outros, e em pesquisas científicas que com- provam sua eficiência no desen- volvimento de habilidades, tanto dos alunos como dos professores, atingindo inclusive a família e a co- munidade. Os métodos metacog-

nitivos desenvolvidos pelo grupo Mind Lab coroam o caráter único do Programa”, diz. No método da Mind Lab, o aprendiz, o professor e os recursos didáticos são pensados com o mesmo grau de importância e com o mesmo olhar cuidadoso.

“Isso possibilita que o evento de aprender seja mais significativo”, completa Anita.

E o que é essa metodologia?

A metodologia Mind Lab é anco- rada em três pilares: Jogos de Ra- ciocínio, que engajam os alunos no processo de aprendizagem e permitem extrair aprendizados ao simular a vida real; Métodos Meta- cognitivos, que ajudam a organizar pensamentos e ações; e, por fim, o Professor Mediador, que é quem colabora com o desenvolvimento da autonomia de aprendizado.

“Uma proposta curricular pedagó- gica, da educação infantil ao ensi- no médio, para desenvolver habili-

dades sociais, emocionais e éticas através de métodos metacogniti- vos, com ênfase na aprendizagem com significado e no professor como mediador através de jogos de raciocínio, que falam ao coração e à mente das crianças e adolescen- tes”, explica a psicopedagoga.

A estrutura e organização curricu- lar do programa MenteInovadora são constituídas por módulos semestrais organizados em for- ma de espiral, ou seja, há uma constante retomada e ampliação de habilidades priorizadas nos diferentes segmentos da escola- ridade, contemplando as neces- sidades específicas de cada faixa etária. Segundo Anita, “os cursos semestrais são, simultaneamente, interdependentes e independen- tes: ao mesmo tempo em que há uma lógica organizadora da sequ- ência de módulos, cada um deles tem início, meio e fim em si mes- mos, com foco em um conjunto de habilidades.” 

A metodologia Mind Lab é ancorada em três pilares: Jogos de Raciocínio; Métodos Metacognitivos e Professor Mediador

Fotos: Divulgão

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educação para o trabalho

COnExãO MundO

D

iante do atual cenário de in- ternacionalização de merca- dos, somado a acelerados avanços tecnológicos, o inglês tornou-se um instrumento funda- mental para viabilizar a integra- ção, o desenvolvimento pessoal, profissional e cultural de um in- divíduo. Nesse sentido, o Brasil tem investido em iniciativas para elevar o nível de proficiência do idioma inglês dos seus cidadãos.

O Sistema Indústria, visando a oferecer uma educação de qua- lidade, contextualizada com o mundo do trabalho, identificou essa competência como um meio de favorecer a inserção de seus alunos no mercado e fomentar a competitividade da indústria brasileira.

Para o diretor adjunto de Educa- ção e Tecnologia da Confedera- ção Nacional da Indústria (CNI), Sérgio Moreira, o inglês hoje é uma condição essencial para alguém ser inserido no mundo do trabalho, que está cada vez mais competitivo e globalizado.

“As gerações anteriores podiam se dar ao luxo de não ter profi- ciência em outro idioma, mas hoje não se discute mais se o inglês é a segunda língua, o que se discute é se a terceira seria o mandarim ou o alemão, por exemplo”, explica.

Alunos participantes do projeto Conexão Mundo

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Revista Linha Direta

Programa de aprendizado de inglês usa ferramentas virtuais e metodologia lúdica

Nessa direção, SESI/SENAI desen- volveram o Programa Conexão Mundo, que busca fortalecer os co- nhecimentos de inglês instrumental técnico de alunos do Programa de Educação Básica do SESI articu- lado com a Educação Profissional do SENAI (Ebep), de estudantes da rede pública, também articulado com o SENAI, e do Programa Nacio- nal de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

O diretor da CNI ressalta que está cada vez mais difícil conseguir a atenção dos jovens, dos adoles- centes e mesmo das crianças.

“Eles possuem uma oferta muito grande de informações por meio da internet e vivem nas redes so- ciais. Essa é a principal praça de- les, a virtual”, afirma, enfatizando que essa praça supera em número de horas qualquer outra atividade que não seja dormir. “Os jovens estão multiconectados quase que permanentemente.”

Diante dessa realidade, o Sistema Indústria está tentando, por meio do Conexão Mundo, ir ao ambiente do jovem, falando a linguagem dele com os instrumentos que ele usa.

“Esse não é um programa tradicio- nal de aprendizagem de inglês. Es- tamos investindo antes de tudo na formação de redes”, explica Sérgio Moreira, dizendo que, no Conexão Mundo, jovens brasileiros e ameri-

Fotos: José Paulo Lacerda

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canos se conectam por uma rede horizontal, onde todos são iguais.

Outra característica do programa é que ele não substitui e nem se insere na grade curricular das es- colas, sendo algo a mais. Além disso, a aprendizagem se dá de forma lúdica e fora do horário de estudo, não concorrendo nem com o tempo da escola, nem com o do lazer. “Ou seja, nós estamos, com a educação, invadindo o tempo da ociosidade”, afirma o diretor. Para começar o projeto, foi criada uma rede, primeiramente no Facebook, que depois se espalhou pelas redes sociais.

Hoje, o Conexão Mundo foca nos alunos do 2º ou 3º ano do ensino médio. Mas Sérgio Moreira conta que o Sistema Indústria está crian- do, desenvolvendo e aperfeiço- ando essa metodologia para tam- bém trabalhá-la com outras faixas etárias. “Agora, ao final do ano de 2013, vamos fazer uma experiência com os nossos alunos da última sé- rie do ensino fundamental do Esta- do do Amapá”, adianta o diretor.

Metodologia

O Conexão Mundo tem duração de cinco meses. Ele começa com dois meses de Educação a Distân- cia (EaD), sendo duas horas diárias, cinco dias por semana, sempre no horário noturno. Após esse perí- odo, acontece a parte presencial do projeto, durante as férias esco- lares. Para finalizar, são realizados mais dois meses de EaD, também na parte da noite. Ao final de todo o processo, os 5% que apresen- tarem o melhor desempenho são premiados com duas semanas de intercâmbio nos EUA.

A participação no Programa não é obrigatória, somente se inscreve quem quer. A interação aconte- ce com jovens americanos volun-

tários, na faixa etária um pouco acima da dos brasileiros, uma di- ferença de um ou dois anos. Eles são estudantes das Communities Colleges, que representam o en- sino superior técnico-tecnológico dos EUA. “Temos uma parceria com essa rede americana, por meio da US Brasil Connect”, explica Sérgio, acrescentando que os jovens ame- ricanos são capacitados por profes-

sores especializados e acompanha- dos por eles.

Todo o processo de ensino e de aprendizagem do Conexão Mun- do foge do tradicional. A EaD, por exemplo, é um diálogo entre a rede.

“É um bate-papo diário, mas que possui alguns exercícios nos moldes da EaD tradicional”, explica o dire- tor. Já a parte presencial acontece Atividades presenciais do projeto Conexão Mundo que, em sua maior parte, acontece em praças virtuais

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Revista Linha Direta

durante quatro semanas, em geral entre os meses de junho e julho, no período de férias dos americanos e dos brasileiros. “Os estrangeiros vêm para cá, passam 30 dias e inte- ragem diariamente, de 4 a 5 horas por dia, com os nossos estudantes, em atividades lúdicas como músi- ca, dança, cinema, teatro, criação de projetos, sempre coletivamen- te”, conta Sérgio, completando

que, ao final do Programa, é me- dido o ganho dos alunos partici- pantes e conclui-se que ele é maior que o dos alunos matriculados em uma escola de inglês.

Histórico

Foi realizado, em 2012, um pro- grama piloto do Conexão Mundo com 200 estudantes do Depar-

tamento Regional da Bahia do Ebep. Nesse piloto, foi desenvol- vido um curso de 340 horas de inglês instrumental.

Em 2013, o Programa foi ampliado para 800 alunos distribuídos entre sete diferentes Estados (PE, AL, BA, RJ, MG, SC e RO), incluindo a participação de alunos da rede pú- blica de ensino e do Pronatec.

Para 2014, o planejamento indica o aumento do número de alunos para até 2000, distribuídos em todo o Brasil, a partir da resposta a um edital, que foi lançado nes- te mês de novembro. Os departa- mentos regionais deverão elaborar um Plano de Trabalho específico, até o início de dezembro, de modo a adequar o desenvolvimento e a operacionalização das atividades às distintas realidades.

Parceria internacional

A execução do projeto Conexão Mundo ocorre por meio de Con- vênio de Cooperação Técnico-Fi- nanceiro, firmado com a US Brasil Connect, organização privada nor- te-americana sem fins lucrativos.

As atividades são desenvolvidas conjuntamente com os departa- mentos regionais do SESI e SENAI.

A US Brasil Connect é uma Orga- nização Não Governamental, com propósitos educacionais, compro- metida com a mobilização de lí- deres empresariais nos Estados Unidos para que jovens norte- -americanos adquiram melhor qualificação após o término do en- sino superior. É uma iniciativa que busca ampliar oportunidades para pessoas e comunidades dos Esta- dos Unidos e do Brasil na realiza- ção de intercâmbios mutuamente benéficos, para fortalecimento da educação, trocas culturais e aper- feiçoamento de competências téc- nicas e linguísticas. 

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espaço ibero-americano espacio iberoamericano

Metas Educativas 2021

Proposta da OEI busca a formação de cidadãos cultos e livres,

em sociedades democráticas e igualitárias

A

América Latina ainda enfrenta desafios im- portantes, entre eles um conhecido fator de injustiça e dependência: a baixa qualidade da educação. Assim, na busca por desenhar um fu- turo promissor, os países da Ibero-América propu- seram um pacto pela qualidade educativa. Foi em 2008, ocasião em que se completavam os 200 anos da vinda da Corte portuguesa ao Brasil e que vá- rios países da região se preparavam para celebrar os bicentenários de sua independência. Na época, pensou-se em outra data, 2021, na qual tantos ou- tros países viveriam uma comemoração similar.

Vislumbrou-se, então, o momento oportuno para apresentar um projeto coletivo que contribuísse com os anseios de liberdade que ocorrem na Ibero- -América. Uma proposta que, articulada em torno da educação, contribuísse com o desenvolvimento econômico e social da região e com a formação de uma geração de cidadãos cultos, livres, em socie- dades democráticas e igualitárias.

Nessa direção, liderado pela Organização dos Esta- dos Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), surge o programa Metas Edu- cativas 2021 – A educação que queremos para a geração dos bicentenários. O acordo foi assinado em dezembro de 2010 por chefes de Estado e de governo, em Mar Del Plata, na Argentina, e já está em desenvolvimento. Esse projeto promete ser um instrumento fundamental na luta contra a pobre- za, na defesa dos direitos das mulheres e no apoio à inclusão dos mais desfavorecidos, especialmente as minorias étnicas, as populações originárias e os afrodescendentes. ©Andrey Kiselev/iStockphoto

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Revista Linha Direta

Metas Educativas 2021

Propuesta de la OEI busca la formación de ciudadanos cultos y libres, en sociedades democráticas e igualitarias

A

mérica Latina aún enfrenta desafíos impor- tantes, entre ellos un conocido factor de in- justicia y dependencia: la baja calidad de la educación. De esta manera, en la búsqueda por crear un futuro promisor, los países de Iberoamérica propusieron un pacto por la calidad educativa. Fue en 2008, ocasión en que se cumplían los 200 años de la llegada de la Corte portuguesa a Brasil y que va- rios países de la región se preparaban para celebrar los bicentenarios de sus independencias. En aquella época, se pensó en otra data, 2021, en la cual tan- tos otros países vivirían una conmemoración similar.

Se vislumbró, entonces, el momento oportuno para presentar un proyecto colectivo que contribuyese con los deseos de libertad que ocurren en Ibero- américa. Una propuesta que, articulada en torno de la educación, contribuyese con el desarrollo económico y social de la región y con la formación de una generación de ciudadanos cultos, libres, en sociedades democráticas e igualitarias.

En esta dirección, liderado por la Organización de los Estados Iberoamericanos para la Educación, la Ciencia y la Cultura (OEI), surge el programa Metas Educacionales 2021 – La educación que queremos para la generación de los bicentenarios. El acuer- do fue firmado en diciembre de 2010 por jefes de Estado y de gobierno, en Mar Del Plata, Argentina, y ya está en desarrollo. Este proyecto promete ser un instrumento fundamental en la lucha contra la pobreza, en la defesa de los derechos de las muje- res y en el apoyo a la inclusión de los más desfa- vorecidos, especialmente las minorías étnicas, las poblaciones originarias y los afro descendientes.

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Relatório Miradas

O programa Metas Educativas 2021 conta com um mecanismo de avaliação e monitoramento realiza- do pelo Instituto de Evaluación e Seguimiento de las Metas Educativas (IESME), que reúne os insti- tutos de estatística e de pesquisa educacional dos países. Em anos alternados, o IESME elabora um estudo acompanhando o andamento das Metas em cada um dos países e, no ano seguinte, analisa um aspecto específico da realidade educativa, como foi o caso do relatório Miradas sobre a educação na Ibero-América 2013, que se dedicou ao tema docente. A produção do relatório é um esforço importante que une as entidades nacionais, pro- move a troca de tecnologias e o fortalecimento dos organismos dedicados à informação educacio- nal em cada país. Ao mesmo tempo, os relatórios oferecem à sociedade ibero-americana instrumen- tos importantes para a participação no processo de debate e avaliação das políticas educacionais vigentes, assim como na definição de novas estra- tégias e programas governamentais.

Conselho Assessor

Juntamente com as Metas Educativas 2021 e o IESME, formou-se o Conselho Assessor, integrado por representantes de redes regionais educati- vas, sindicatos/organizações docentes, conselhos nacionais de educação, movimentos temáticos e setoriais (gênero, indígenas, afrodescendentes, juventude, infância, universidades, escolas cató- licas, meios de comunicação, empresários, pais/

mães) e especialistas de renome internacional, como César Coll e Juan Carlos Tedesco, por exem- plo, para que ofereçam, por meio da leitura co- mentada dos relatórios elaborados pelo IESME, um olhar crítico da sociedade civil organizada ao percurso que se inicia com a adoção do projeto de Metas 2021.

Desde que foi instituído em 2010, o Conselho As- sessor se reúne anualmente para discutir os rela-

tórios do IESME e apresentar sugestões aos minis- tros de Educação ou seus representantes durante as Conferências Ibero-americanas de Educação.

O último encontro foi realizado na Cidade do Pa- namá, em setembro. A Linha Direta acompanhou as reuniões e conversou com vários integrantes do Conselho. Durante os próximos meses, publi- caremos entrevistas exclusivas realizadas com os especialistas.

Reconhecimento do direito à educação

Para começar, entrevistamos o presidente do Conselho Assessor, o brasileiro André Lázaro, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e pesquisador da Faculdade Latino-ame- ricana de Ciências Sociais (FLACSO) Brasil. André nos fala um pouco sobre os desafios educacionais da América Latina e faz um paralelo com o atual momento econômico pelo qual passa a Europa.

Além disso, ele explica os desafios postos pelas Metas definidas para 2021 e a participação do Conselho Assessor. Confira!

... na busca por desenhar um futuro promissor, os países da Ibero-América propuseram um pacto pela qualidade educativa./ /... en la búsqueda por crear un futuro promisor, los países de Iberoamérica propusieron un pacto por la

calidad educativa.

André Lázaro, presidente do Conselho Assessor das Metas Educativas 2021 // André Lázaro, presidente del Consejo Asesor de las Metas Educativas 2021

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Revista Linha Direta

Informe Miradas

El programa Metas Educativas 2021 cuenta con un mecanismo de evaluación y seguimiento realizado por el Instituto de Evaluación y Seguimiento de las Metas Educativas (IESME), que reúne a los institutos de estadística y de pesquisa educacional de los paí- ses. En años alternados, el IESME elabora un estu- dio acompañando el proseguimiento de las Metas en cada uno de los países y, al año siguiente, analiza un aspecto específico de la realidad educativa, como fue el caso del informe Miradas sobre la educación en Iberoamérica 2013, que se dedicó al tema docente.

La producción del informe es un esfuerzo importante que une a las entidades nacionales, promueve el in- tercambio de tecnologías y el fortalecimiento de los organismos dedicados a la información educacional en cada país. Al mismo tiempo, los informes ofrecen a la sociedad iberoamericana instrumentos impor- tantes para la participación en el proceso de debate y evaluación de las políticas educacionales vigentes, así como en la definición de nuevas estrategias y pro- gramas gubernamentales.

Consejo Asesor

Juntamente con las Metas Educativas 2021 y el IESME , se formó el Consejo Asesor, integrado por re- presentantes de redes regionales educativas, sindi- catos/organizaciones docentes, consejos nacionales de educación, movimientos temáticos y sectoriales (género, indígenas, afro descendientes, juventud, in- fancia, universidades, escuelas católicas, medios de comunicación, empresarios, padres/madres) y espe- cialistas de renombre internacional, como César Coll y Juan Carlos Tedesco, por ejemplo, para que ofrez- can, por medio de la lectura comentada de los infor- mes elaborados por el IESME, una visión crítica de la sociedad civil organizada al trayecto que se inicia con a adopción del proyecto de Metas 2021.

Desde que fue instituido en 2010, el Consejo Asesor se reúne anualmente para discutir los informes del IESME y presentar sugerencias a los ministros de Edu- cación o sus representantes durante las Conferencias Iberoamericanas de Educación. El último encuentro fue realizado en la Ciudad de Panamá, en septiem- bre. Linha Direta acompañó las reuniones y conversó con varios integrantes del Consejo. Durante los próxi- mos meses, publicaremos entrevistas exclusivas rea- lizadas con los especialistas.

Reconocimiento del derecho a la educación Para comenzar, entrevistamos al presidente del Con- sejo Asesor, el brasileño André Lázaro, profesor de la Universidad del Estado de Rio de Janeiro e inves- tigador de la Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales (FLACSO) Brasil. André nos habla un poco sobre los desafíos educacionales de América Latina y hace un paralelo con el actual momento económico por el cual pasa Europa. Además de esto, él explica los desafíos puestos por las Metas definidas para 2021 y la participación del Consejo Asesor. ¡Véalo aquí!

¿Cuáles son los principales desafíos educacionales existentes en Iberoamérica?

La iniciativa del Proyecto Metas Educativas 2021 tuvo el mérito de hacer esta pregunta a varios países. Si, por un lado, existen condiciones razonablemente comunes entre los países, hay también muchas dife- rencias: debemos considerar la posición de España y Portugal frente a América Latina y el hecho de que tengamos otros dos países que desequilibran cual- quier estadística – Brasil y México – por el tamaño y proporción de los sistemas educativos. Mas tenemos

Varia Araújo

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Quais os principais desafios educacionais exis- tentes na Ibero-América?

A iniciativa do Projeto Metas Educativas 2021 teve o mérito de fazer essa pergunta a vários países.

Se, por um lado, existem condições razoavelmen- te comuns entre os países, há também muitas di- ferenças: devemos considerar a posição de Espa- nha e Portugal frente à América Latina e o fato de termos outros dois países que desequilibram qualquer estatística – Brasil e México – pelo ta- manho e proporção dos sistemas educativos. Mas temos desafios comuns, que talvez Espanha e Por- tugal tenham enfrentado com mais antecedência, como a questão da universalização da educação e da alfabetização de adultos, por exemplo. Essa última é bem complexa na América Latina: tirando os casos de Argentina, Uruguai e Chile, que já têm populações adultas alfabetizadas há mais tempo, os demais países enfrentam o desafio. Além disso, existe a diversidade cultural e linguística, que ain- da é vista nos sistemas de ensino da América La- tina como um problema e não como uma riqueza que colabora com a qualidade da aprendizagem.

Mas a questão principal que atravessa a América Latina é o reconhecimento do direito à educação.

Por exemplo: populações do campo que possuem escolaridade muito inferior e, portanto, não estão tendo o seu direito assegurado; a situação dos in- dígenas, da população afrodescendente, que são importantes cultural e demograficamente, as po- pulações das periferias urbanas. E não se identi- fica para esses grupos um exercício efetivo do di- reito à educação, salvo exceções em alguns países.

Ao mesmo tempo, os desafios também unem a re- gião, pois existe um esforço significativo da maio- ria dos países de ampliar o tempo de escolaridade obrigatória, os investimentos em educação e as legislações que determinam níveis mínimos desse investimento. A Argentina teve um papel impor- tante ao apresentar uma proposta de legislação que determina 6% do PIB para a educação. Agora é a vez do Brasil, que está procurando acompanhar esse mesmo movimento. A Ibero-América tem um determinado conjunto de desafios que pode nos unir através do diálogo. Ao mesmo tempo, quando olhamos a crise europeia, as respostas que estão sendo dadas por Espanha e Portugal afetam muito negativamente os sistemas educativos. Temos tido notícias de iniciativas na Espanha, por exemplo, de restrição do direito à educação, o que é preo- cupante. Em Portugal, a população tem ido à rua reclamar pela garantia de direitos. Então, por um

processo histórico muito complexo, aquilo que era uma conquista europeia está agora ameaçado, e aquilo que era uma ameaça latino-americana se desenha como uma conquista. Mas é nesses mo- vimentos que temos que aprender uns com os outros. E talvez o principal aprendizado seja dar valor ao direito que se conquista e a necessida- de de zelar de modo permanente por essas con- quistas. São elas, e em especial as conquistas do direito à educação, que garantem condições mais estáveis de desenvolvimento das sociedades, de- senvolvimento mais humano e menos predatório, modelos mais societários e menos economicistas, mais igualitários e menos desiguais. Nesse sentido, temos muito que aprender juntos.

Como esses desafios estão contemplados no Projeto Metas Educativas 2021?

Quando se constituíram as Metas do Projeto, se propôs que cada país que aderisse demarcasse seu ponto de partida e estabelecesse para si pró- prio um nível de logro ou nível de sucesso naque- la Meta. Essa foi uma iniciativa muito inteligente para evitar uma padronização que ignorasse a re- alidade de cada um dos países. Mas, desde que se iniciou o processo, viu-se que muitos dos países não projetaram os níveis de logro, o que deveria ser lido, a meu ver, como um reclamo das nações pela formulação de projetos, de planos de edu- cação mais específicos. Então, o que o Conselho Assessor está propondo, a partir da leitura do re- latório Miradas 2013, é que se faça um estudo em cada um dos países, um estudo acadêmico, mas também mobilizando a sociedade civil, os gesto- res educativos e a própria OEI, para que o Projeto Metas 2021 possa ser uma referência para planos nacionais de educação. E isso se conecta com o que eu disse sobre o direito à educação. É preciso que os Estados assumam compromissos e não ape- nas os governos. Lutamos para que houvesse go- vernos democráticos na América Latina e também na Europa, já que tanto lá como cá vivemos dita- duras terríveis. Todos compreendem que as condi-

... a questão principal que atravessa a América Latina é o reconhecimento do direito à educação./ /... la cuestión principal que atraviesa América Latina es el reconocimiento del derecho a la

educación.

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Revista Linha Direta

desafíos comunes, que tal vez España y Portugal ha- yan enfrentado con más antecedencia, como la cues- tión de la universalización de la educación y de la al- fabetización de adultos, por ejemplo. Esta última es bien compleja en América Latina: exceptuando los casos de Argentina, Uruguay y Chile, que ya tienen poblaciones adultas alfabetizadas hace más tiempo, los demás países enfrentan el desafío. Además de esto, existe la diversidad cultural y lingüística, que aún es vista en los sistemas de enseñanza de Améri- ca Latina como un problema y no como una riqueza que colabora con la calidad del aprendizaje. Pero la cuestión principal que atraviesa América Latina es el reconocimiento del derecho a la educación. Por ejemplo: poblaciones del campo que poseen escola- ridad muy inferior y, por lo tanto, no están teniendo su derecho asegurado; la situación de los indígenas, de la población afro descendiente, que son importan- tes cultural y demográficamente, las poblaciones de las periferias urbanas. Y no se identifica para estos grupos un ejercicio efectivo del derecho a la educa-

ción, salvo excepciones en algunos países. Al mismo tiempo, los desafíos también unen la región, pues existe un esfuerzo significativo de la mayoría de los países por ampliar el tiempo de escolaridad obliga- toria, las inversiones en educación y las legislaciones que determinan niveles mínimos de esta inversión.

Argentina tuvo un papel importante al presentar una propuesta de legislación que determina 6% del PIB para la educación. Ahora es la vez de Brasil, que está procurando acompañar este mismo movimien- to. Iberoamérica tiene un determinado conjunto de desafíos que puede unirnos a través del diálogo.

Al mismo tiempo, cuando vemos la crisis europea, las respuestas que están siendo dadas por España y Portugal afectan muy negativamente a los sistemas educativos. Hemos tenido noticias de iniciativas en España, por ejemplo, de restricción del derecho a la educación, lo que es preocupante. En Portugal, la población ha ido a las calles para reclamar para asegurar la garantía de derechos. Entonces, por un proceso histórico muy complejo, aquello que era una conquista europea está ahora amenazado, y aque- llo que era una amenaza latinoamericana se advén como una conquista. Pero es en estos movimientos que tenemos que aprender unos con los otros. Y tal vez el principal aprendizaje sea dar valor al derecho que se conquista y a la necesidad de cuidar de modo permanente por estas conquistas. Son ellas, y en es- pecial las conquistas del derecho a la educación que garantizan condiciones más estables de desarrollo de las sociedades, desarrollo más humano y menos predatorio, modelos más societarios y menos eco- nomicistas, más igualitarios y menos desiguales. En este sentido, tenemos mucho para aprender juntos.

¿Cómo estos desafíos están contemplados en el Proyecto Metas Educativas 2021?

Cuando se constituyeron las Metas del Proyecto, se propuso que cada país que adhiriese demarcase su punto de partida y estableciese para sí mismo un ni- vel de logro o nivel de suceso en aquella Meta. Ésta fue una iniciativa muy inteligente para evitar una es- tandarización que ignorase la realidad de cada uno de los países. Mas, desde que se inició el proceso, se vio que muchos de los países no proyectaron los niveles de logro, lo que debería ser leído, a mi pa- recer, como una reclamación de las naciones por la formulación de proyectos, de planes de educación más específicos. Entonces, lo que el Consejo Asesor está proponiendo, a partir de la lectura del informe Miradas 2013, es que se haga un estudio en cada uno de los países, un estudio académico, pero también

©Andrey Kiselev/iStockphoto

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ções democráticas foram conquistas. As próprias condições democráticas preveem uma transição, uma rotatividade de governos, o que é saudável, legítimo e necessário, mas não pode afetar direi- tos fundamentais, como o direito à educação, por exemplo. Então, o que estamos vendo em muitos países, inclusive em Portugal e Espanha, é que di- reitos conquistados acabam sendo abandonados, recusados, negados por decisões de governos. O entendimento do Conselho Assessor é que será muito produtivo se o Projeto Metas 2021 inspirar planos nacionais, com debates públicos e decisões democráticas, de tal maneira que o compromisso dos governos seja definir as estratégias para al- cançar as Metas, e não redefinir metas que aca- bam incluindo a supressão de direitos.

Qual a constituição do Conselho Assessor para o desenvolvimento do Projeto Metas Educativas 2021?

O Conselho Assessor foi um gesto muito importan- te do secretário-geral da OEI, Álvaro Marchesi, ao propor o Projeto Metas Educativas 2021. O Con- selho existe a partir de uma constatação bastan- te consolidada de que a educação é uma função social, não uma transmissão de saberes entre um sujeito ativo e outro passivo. A educação é uma construção coletiva, com papéis diferenciados para governos, legislativo, professores, pais de alunos, alunos, escola, diretores. A educação en- volve esse complexo, e quanto mais participante for a sociedade, melhor será a educação de nossas crianças, jovens e adultos. O Conselho conta com a participação de entidades que têm presença regional no debate educativo, representantes de movimentos sociais, movimentos negros, movi- mento indígena, representantes das cidades, em- presários, especialistas e pessoas indicadas pelos governos. Com essa composição plural, o Conselho Assessor tem plenas condições de contribuir com as políticas educacionais que visam à garantia dos direitos à educação e ao alcance das Metas Educa- tivas 2021. 

É preciso que os Estados assumam compromissos e não apenas os governos.//

Es preciso que los Estados asuman compromisos y no apenas los gobiernos.

movilizando la sociedad civil, los gestores educati- vos y la propia OEI, para que el Proyecto Metas 2021 pueda ser una referencia para planes nacionales de educación. Y esto se conecta con lo que dije sobre el derecho a la educación. Es preciso que los Esta- dos asuman compromisos y no apenas los gobiernos.

Luchamos para que haya gobiernos democráticos en América Latina y también en Europa, ya que tanto en uno como en el otro se vivieron dictaduras terribles.

Todos comprenden que las condiciones democráticas fueron conquistas. Las propias condiciones democrá- ticas prevén una transición, un traspaso de gobier- nos, lo que es saludable, legítimo y necesario, mas no puede afectar derechos fundamentales, como el de- recho a la educación, por ejemplo. De esta manera, lo que estamos viendo en muchos países, inclusive en Portugal y España, es que derechos conquistados acaban siendo abandonados, recusados, negados por decisiones de gobiernos. El entendimiento del Con- sejo Asesor es que será muy productivo si el Proyec- to Metas 2021 llegase a inspirar planes nacionales, con debates públicos y decisiones democráticas, de tal manera que el compromiso de los gobiernos sea definir las estrategias para alcanzar las Metas, y no redefinir metas que acaban incluyendo la supresión de derechos.

¿Cuál es la constitución del Consejo Asesor para el desarrollo del Proyecto Metas Educativas 2021?

El Consejo Asesor fue un gesto muy importante del secretario general de la OEI, Álvaro Marchesi, al proponer el Proyecto Metas Educativas 2021. El Consejo existe a partir de una constatación bastan- te consolidada de que la educación es una función social, no una transmisión de saberes entre un su- jeto activo y otro pasivo. La educación es una cons- trucción colectiva, con papeles diferenciados para gobierno, legislativo, profesores, padres de alum- nos, alumnos, escuela, directores. La educación involucra ese complejo, y cuanto más participativa es la sociedad, mejor será la educación de nuestros niños, jóvenes y adultos. El Consejo cuenta con la participación de entidades que tienen presencia regional en el debate educativo, representantes de movimientos sociales, movimientos negros, movi- miento indígena, representantes de las ciudades, empresarios, especialistas y personas indicadas por los gobiernos. Con esta composición plural, el Con- sejo Asesor tiene plenas condiciones de contribuir con las políticas educacionales que buscan garanti- zar los derechos a la educación y al alcance de las Metas Educativas 2021. 

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Revista Linha Direta

conhecimento

Interdisciplinaridade:

uma possibilidade real de motivação para as aulas de inglês

Q

uando comecei a aprender a dirigir, repetia inúmeras vezes exercícios de mano- bras e, nos intervalos, estudava teoria sobre segurança no trân- sito. Tudo começou a fazer mais sentido quando tive minha pri- meira aula prática, nas ruas. Após algum tempo, fui alcançando uma segurança pela qual inconscien- temente ansiava desde o início.

Hoje, se me perguntarem, o que me dá prazer ao dirigir não são as manobras que tenho que fazer, mas a liberdade de ir e vir e a pos- sibilidade de chegar a novos luga- res. Nossos alunos se sentirão bem mais motivados se eles também puderem ir e vir com o inglês!

Uma maneira simples de imple- mentar isso em sala é através de atividades interdisciplinares. O conceito de interdisciplinaridade tem tido, nos últimos anos, cada vez mais respaldo nos vários pro- jetos desenvolvidos com base no Content and Language Integrated Learning (CLIL). O princípio central do CLIL é ensinar o conteúdo de uma dada matéria ao mesmo tem- po em que se ensina inglês. Essa prática dá mais relevância ao es- tudo da língua estrangeira e, como resultado, maior envolvimento dos alunos. Não estamos sugerindo que você se torne da noite para o dia

um expert em CLIL, mas que tente apenas aliar o ensino de inglês aos conteúdos de outras disciplinas. A seguir, algumas atividades simples que podem unir a prática do inglês ao conhecimento que os alunos trazem de outras matérias.

Alphabet (Estudos Sociais) – Alu- nos coletam exemplos de siglas oficiais usadas no Brasil, tais como:

IBGE, TRE, SUS, PF, PM, RG, CPF, CNH. Eles têm que trazer as siglas, soletrá-las em inglês, dizer o que significam (em português) e dar al- guma informação extra. Podem pe- dir ajuda do professor de geografia.

Present Simple (Matemática) – Trabalho com pesquisas. Os alu- nos são divididos em grupos, e cada grupo fica responsável por um tópico, como, por exemplo, time de futebol; irmãos/irmãs na família; se gostam ou não de vegetais. Eles terão que fazer perguntas a todos os colegas da turma, do tipo: Which football team do you support?; Do you have brothers or sisters?; Do you like vegetables? Com as informa- ções obtidas, eles terão que pro- duzir gráficos e apresentá-los em sala, usando porcentagem, em inglês: 25% of the group support Corinthians; 65% of the group have brothers; etc.

Animals (Ciências) – Alunos or- ganizam pôsteres com fotos/de- senhos de animais divididos em categorias: mammals, reptiles, fishes, birds, insects. Eles podem escrever pequenas descrições de cada grupo de animal ou escolher um específico de cada grupo.

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Najin Lima*

Colors (Geografia do Brasil) – Alunos divididos de acordo com as regiões do Brasil. Os grupos terão que produzir minipôsteres com as bandeiras dos Estados de cada região, coloridas e com os nomes das cores indicados. De- pendendo do nível da turma, os

alunos podem incluir informações sobre os Estados.

Genres (Português) – Os alunos deverão coletar exemplos de um dado gênero textual em português, digamos, e-mails de negócios. De- pois eles terão que coletar exem-

plos do mesmo gênero em inglês e compará-los em termos de estrutu- ra, objetivos comunicativos, tipos de sentenças usadas etc. Os alunos podem traçar uma lista de seme- lhanças e diferenças.

Os professores de cada discipli- na poderão ser consultados pe- los alunos. Sua criatividade de professor certamente o levará a inúmeras outras atividades, algu- mas bem mais complexas do que as propostas aqui. O importante é ter sempre em mente: “Como posso aliar esse conteúdo ao de outras disciplinas?” Vale lembrar que a prática sistemática da in- terdisciplinaridade:

• ressalta o seu trabalho como professor na instituição.

• dá ao aluno uma razão a mais para aprender inglês.

• torna o aprendizado mais con- creto.

• obriga ao uso do conhecimen- to prévio dos alunos sobre ou- tras disciplinas.

• motiva o aluno.

E aí, será que podemos ajudar nos- sos alunos a tomarem as ruas? 

*Coordenador acadêmico da Pearson do Brasil

www.pearson.com.br

©Rob/iStockphoto

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Revista Linha Direta

gestão

José Lúcio de Campos*

O desafio do educador na utilização das tecnologias em sala de aula

C

ada vez mais, fica eviden- te a insatisfação dos alunos em relação às aulas ditas

“tradicionais”, nas quais são utili- zados como recursos apenas qua- dro e giz/caneta. A necessidade de entender o porquê e o como de uma forma mais concreta e prática, ou seja, de uma forma palpável e real é cada vez mais latente, como uma das muitas expectativas do estudante em relação ao aprendizado. E isso se intensifica, ainda mais, a partir do momento em que a internet e uma nova onda tecnológica in- vadem a vida desses alunos dia- riamente, com todo um leque de inovações. Constatou-se, em uma reportagem recente, que prati- camente 97% dos alunos de uma sala de aula estavam de posse de um celular, e que nem todos os professores sabem como utilizar essa situação em seu favor e em favor de seus alunos.

Em um passado não muito distan- te, o professor tinha que usar e abusar da sua criatividade, caso quisesse proporcionar uma vi- vência real, pelo menos um pou- co mais próxima, de toda aquela teoria pesada e massacrante à qual os alunos eram submetidos.

Exemplifico esse fato com uma experiência pessoal. Para levar

©AVAVA/iStockphoto

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meus alunos ao entendimento prático de uma relação matemá- tica, utilizava uma simples plani- ficação original e uma ampliação, solicitando que duplas de alunos, de forma lúdica, construíssem os sólidos e, através dos cálculos das áreas laterais e totais e de seus volumes, chegassem ao enten- dimento de uma importante re- lação matemática, qual seja: se dois sólidos são semelhantes, e a razão de semelhança entre eles é K, então a razão entre suas áreas é K², e entre seus volumes, K³.

Nos dias de hoje, não são poucas as formas e possibilidades dispo- nibilizadas, não só física, mas, acima de tudo, virtualmente (e isso com milhões de alternativas, como, por exemplo, o uso de 3D), para poder implementar um pro-

cesso de ensino. Mas, em um tex- to recente da professora Renata Beduschi de Souza, é apresen- tado um aspecto que, diante de todas essas novas possibilidades, deve ser ressaltado:

“(...) existe de uma infinidade de programas disponíveis para mon- tagem de exibições de slides, de atividades interativas e jogos;

porém, alguns professores não sabem como utilizá-los. Utilizar o computador em sala de aula é o menor dos desafios do professor:

utilizar o computador de forma a tornar a aula mais envolvente, interativa, criativa e inteligente é que parece realmente preocupan- te. O simples fato de transferir a tarefa do quadro-negro para o computador não muda uma aula.

É fundamental que a metodologia

utilizada seja pensada em conjun- to com os recursos tecnológicos que a modernidade oferece. O fil- me, a lousa interativa, o compu- tador etc. perdem a validade se não se mantiver o objetivo princi- pal: a aprendizagem.”

Outro aspecto do qual não pode- mos nos esquecer é se o profes- sor/educador está capacitado o suficiente para utilizar as tantas possibilidades tecnológicas ofer- tadas, uma vez que, na busca de uma remuneração condizente com a vida atual, está sempre se deslocando de uma escola para outra, sem tempo para se aprimo- rar ou se capacitar o suficiente.

Concluo, portanto, que é de res- ponsabilidade dos líderes, mante- nedores, diretores e coordenado- res escolares o desafio de apoiar e incentivar o uso dessas tecno- logias, proporcionando ao educa- dor cursos de capacitação que o habilitem a fazer melhor uso de toda essa tecnologia em favor da aprendizagem de seus alunos. 

*Licenciado em Matemática. MBA em Gestão de Instituições Educa- cionais. Com mais de 35 anos de experiência, atuou como profes- sor da disciplina nos segmentos do ensino fundamental, médio e pré-vestibular e também como coordenador, vice-diretor e dire- tor de escola. Ex-aluno do Colégio Pitágoras em Belo Horizonte/MG www.redepitagoras.com.br

©AVAVA/iStockphoto

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Revista Linha Direta

S

ó neste último ano li pelo menos três artigos referen- tes a projetos de lei que sugerem a proibição de celulares nas salas de aula, propostas por deputados, vereadores e auto- ridades de cidades distintas, in- teressados em temas relativos à educação.

A justificativa é baseada em situ- ações extremas, ou seja, leva em consideração os abusos por parte dos alunos que ficam conectados à internet durante as aulas, tro- cando mensagens inclusive em

momentos de avaliação, fotogra- fando e filmando tudo o que po- dem e o que não deveriam.

A questão é: adianta proibir celu- lares na escola? Eu adoraria saber como as escolas iriam impedir que os pequenos aparelhos entrassem nas salas de aula, senhores auto- res dos projetos! Vocês vão propor revista aos alunos? Vão equipar as escolas públicas com sensores es- pecializados? Contratarão inspe- tores qualificados para fazer essas verificações? Como serão orienta- das as escolas particulares?

E me pergunto: é de fato o celular que faz com que os alunos percam a atenção nas aulas? Não seria o contrário? Aulas desmotivadas e desinteressantes, alunos plugados?

Não caberia ao professor pontu- ar os momentos em que o uso do celular é permitido, por meio de acordos coletivos com os grupos?

Outra questão: uma geração plu- gada, que desconhece a vida sem internet e considera o celular uma extensão do seu próprio corpo não poderia usar de modo benéfico tal aparelhinho? Ou seja, se a proposta pedagógica da escola for inclusiva com relação ao uso de tecnologias contemporâneas, não passaríamos da guerra à paz?

Se os alunos têm atos abusivos com celulares, que vão do simples acesso às redes sociais em horário de aula, “cola virtual”, prática de cyberbullying ao uso inadequado de fotos e vídeos, a “culpa” é da internet? Ou, na verdade, é o re- flexo da ausência de uma formação adequada, que amplie valores, tra- balhe ética, cidadania, empatia?

Enfim, este artigo não se propõe a apontar uma resposta. Apenas traz questionamentos para reflexão.

Porém, atrevo-me a afirmar que tais leis não servirão para absolu- tamente nada, exceto para mostrar nossa incompetência na tratativa dessas questões pontuais. 

*Pedagoga e consultora em Tecno- logia Responsável

dani@tecnologiaresponsavel.com.br

extratexto

Danielle Lourenço*

Projeto de lei quer proibir celulares em sala de aula

©treenabeena/iStockphoto

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pró-texto

Os segredos do cérebro humano

Em evento do Sistema Etapa,

neurocientista afirma que todos são capazes de aprender

N

ão existe melhor maneira de se construírem méto- dos de aprendizagem efi- cazes do que entender como a máquina que coordena todo esse processo funciona. Com o passar dos anos, a ciência vem desven- dando os segredos por trás do funcionamento do cérebro, o que tem trazido valiosas contribui- ções para o aprendizado. Talvez a maior delas seja a concepção estabelecida de que pessoas di- ferentes, com realidades sociais diferentes, não podem passar pelos mesmos métodos de apren- dizagem. Neurocientista e pro- fessora, Suzana Herculano-Hou- sel tem conhecimentos sobre as duas áreas e afirma que muitas são as contribuições da ciência para a educação. Em entrevista exclusiva à Linha Direta, ela fala quais são essas contribuições, e enfatiza: “Todas as pessoas são capazes de aprender. Isso é uma propriedade universal do cére- bro.” A importância de alunos e professores estarem motivados para que o processo de ensino

aconteça plenamente também é tema abordado durante a con- versa. A entrevista aconteceu durante o Encontro de Atualiza- ção para Professores realizado pelo Sistema Etapa de Ensino nos dias 14 e 28 de setembro, em São Paulo/SP. Confira!

Quais as principais contribui- ções das Neurociências para o processo de aprendizagem?

A contribuição fundamental das Neurociências é simplesmente entender como o aprendizado funciona. Hoje, sabemos que esse aprendizado é o resultado da modificação do cérebro con- forme ele é trabalhado, ou seja, não se trata de uma modificação pura e simples ao longo do tem- po. A partir daí, as Neurociên- cias permitem reconhecer os fatores que influenciam nesse aprendizado. Um desses fatores é a simples repetição. A pessoa se aprimora naquilo que ela faz sempre, ou seja, quanto mais faz, mais aprende a fazer. Con-

tudo, esse aprendizado pode ser potencializado se alguns méto- dos facilitadores forem adota- dos. Isso é algo que cabe à esco- la fazer, reconhecendo que não existe apenas um método para se chegar a esse resultado. Pes- soas diferentes precisam de mé- todos diferentes.

Então não está correto dizer que existem pessoas que não aprendem...

Todo mundo aprende. Mas exis- tem casos em que, por limitação genética, o mecanismo bioquími- co que permite as modificações que o aprendizado faz nos neu- rônios está danificado. A conse- quência disso é o retardo mental, mas, ainda assim, existe o apren- dizado. O que acontece é que esse aprendizado se dá de forma mais lenta. Talvez sejam neces- sárias mais repetições para que alguma modificação aconteça de fato. Todas as pessoas são capa- zes de aprender. Isso é uma pro- priedade universal do cérebro.

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