• Nenhum resultado encontrado

Co-criação como estratégia de aprimoramento do projeto Tear Terapia

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Co-criação como estratégia de aprimoramento do projeto Tear Terapia"

Copied!
88
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Co-criação como estratégia de aprimoramento do projeto Tear Terapia.

Catherine Ramos Sávi

Florianópolis - SC

(2)

Catherine Ramos Sávi

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Co-criação como estratégia de aprimoramento do projeto Tear Terapia.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Design da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL, SC) como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel em Design.

Orientador: Cláudio Henrique da Silva

Florianópolis

(3)

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Co-criação como estratégia de aprimoramento do projeto Tear Terapia.

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Design e aprovado em sua forma final pelo Curso de Design, da Universidade do Sul de Santa Catarina.

_____________________, _____ de ________ de 20____. Cidade dia mês ano

______________________________________________________ Doutor e orientador Cláudio Henrique da Silva.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Professor (a) da banca

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Professor (a) da banca

(4)

Quero agradecer primeiramente a Deus e toda espiritualidade pelo apoio incondicional em toda minha caminhada. A minha família, pelo amor e suporte. Ao meu orientador por toda paciência e incentivo. E a todos os envolvidos na minha formação, o meu mais sincero obrigada!

(5)

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo a contribuição para geração de renda da associação João Paulo II, localizado na comunidade da Praia, da Ponte do Imaruim, Palhoça/SC, através do projeto tear terapia, utilizando ferramentas do co-design. Com o propósito de que a associação possa continuar oferecendo educação a crianças carentes. Dessa forma visa compreender o âmbito social do design e assimilar a relevância da gestão de design dentro de projetos comunitários. Além do próprio papel das ONGs na sociedade atual e a relação entre design e artesanato. O trabalho fez com que as voluntárias do projeto se envolvessem durante todo o processo e foi percebido que buscaram retomar o espírito de grupo. O trabalho cumpriu o objetivo fazendo com que as voluntárias do projeto tear terapia desenvolvem a autonomia para tomada de decisões a partir de um planejamento que as auxiliará no aumento das vendas de seus produtos.

(6)

ABSTRACT

The present work aims to contribute to income generation of the association João Paulo II, located in the community of Praia, Ponte do Imaruim, Palhoça / SC, through the tear therapy project, use tools for co-design. For the purpose of an association wanting to offer education to needy children. In this way, it aims at design online and assimilate a relevance of design management within community projects. In addition to the role of ONGs in today's society and the relationship between design and craftsmanship. The work made that as volunteers of the project involved during the whole process and was perceived that they sought to resume the group spirit. Working online with the creation of therapy tear-off solutions has developed an autonomy for decision-making from a planning that will help increase the sales of your products.

(7)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Inserção das Três lentes do HCD ………...20

Figura 2 - As etapas do HDC………...………...21

Figura 3 - Relação Matérias primas e ofícios ………...31

Figura 4 - Peças feitas a partir do tear de pregos ………...38

Figura 5 - Peças feitas a partir do tear manual….……….39

Figura 6 - Tag​ atual do Tear Terapia​………....43

Figura 7 - Embalagem plástica dos produtos do tear………...44

Figura 8 - Desenhos feitos pelas voluntárias ………....45

Figura 9 - Estudos a partir dos desenhos das voluntárias ………..46

Figura 10 - Alternativas de Identidade Visual ………47

Figura 11 - Colhendo feedback……….48

Figura 12 - Identidade Visual escolhida………..49

Figura 13 - Arte nova tag e adesivo ………50

Figura 14 - Levantamento de demandas ………...52

Figura 15 - Planejamento anual…..…...………..53

Figura 16 - Explicação da ferramenta Adobe Kuler………..54

Figura 17 - Protótipo digital tag e adesivo ……….……….56

Figura 18 - Protótipo digital planejamento anual ………57

Figura 19- Exemplo de seleção de cores para o verão ………....59

Figura 20- Exemplo de seleção de cores para a primavera….………....60

Figura 21- Exemplo de seleção de cores para o outono ……….…....61

Figura 22- Exemplo de seleção de cores para o inverno ………....62

Figura 23- Simulação de aplicação da tríade…………..………....63

Figura 24 - Mapa de empatia…………..………...80

Figura 25- Geração de alternativas para nova ​tag ​…………..……….86

(8)

LISTA DE ABREVIATURAS

IDEO - Empresa internacional de ​design​ e ​consultoria em inovação IVG - Instituto Pe. Vilson Groh

HCD - ​Human Centered Design ​(Design Centrado no Ser Humano) MDIC - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior ONGs - Organizações Não Governamentais

PAB - Programa Brasileiro de Artesanato

SEBRAE - ​Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SRD - ​Socially responsible design​ (Design socialmente responsável) UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação

(9)

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO……….10 1.1 ​ ​PROBLEMÁTICA…………..………...…………..………12 1.2 PROBLEMA DE PESQUISA...14 1.3 OBJETIVO GERAL ...14 1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...15 1.5 JUSTIFICATIVA ...15 1.6 METODOLOGIA...18 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...22

2.1 O PAPEL DAS ONGS...22

2.2 CO-DESIGN...24

2.2.1 DESIGN SOCIAL...28

2.2.2 GESTÃO DE DESIGN...29

2.3 RELAÇÃO ARTESANATO X DESIGN...31

3. DESENVOLVIMENTO DO PROJETO….………...36 3.1 ETAPA OUVIR………...36 3.2 ETAPA CRIAR………...42 3.3 ETAPA IMPLEMENTAR………....55 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS..……….64 REFERÊNCIAS...66 APÊNDICE A...73 APÊNDICE B...74 APÊNDICE C...75 ANEXO 1…...76 ANEXO 2…...77 ANEXO 3…...78 ANEXO 4…...79 ANEXO 5…...80 ANEXO 6…...81 ANEXO 7…...82

(10)

ANEXO 8…...83 ANEXO 9…...84 ANEXO 10...85 ANEXO 11...86 ANEXO 12...87 ANEXO 13...88 1. INTRODUÇÃO

(11)

O processo artesanal originou-se muito antes da definição estética do belo, tanto que a história do artesanato se difunde com a história do surgimento do homem. Os primeiros artesãos surgiram quando o homem aprendeu a polir a pedra, a fabricar a cerâmica e a tecer fibras naturais. No Brasil, os índios foram os primeiros artesãos. Eles praticavam a pintura, usando pigmentos fabricados a partir de elementos da natureza, técnicas de cestaria e cerâmica, e até mesmo a criação dos cocares e tangas feitas com penas e plumas de aves. A fabricação de objetos que pudessem auxiliar as atividades rotineiras do homem fez com que as técnicas de produção se aprimorassem ao longo dos anos. Dessa maneira, além da função prática, foram atribuídas outras funções aos objetos fabricados. Os objetos artesanais levam consigo elementos estéticos e simbólicos, representando assim a cultura e/ou história por trás de cada peça.

Segundo Canclini (1982, p.93), dentro do cenário nacional, o artesanato é visto como parte da cultura material brasileira, sendo assim, pode ser considerado um elemento de fortalecimento da identidade do país, pois os artefatos desenvolvidos adquirem significados particulares, refletindo os valores e as referências culturais do nacionais “por se tratarem de objetos, técnicas de produção e desenhos que estão enraizados na própria história destes povos”. Uma vez que há uma grande miscigenação de povos no Brasil, chega a ser possível reconhecer uma região do país apenas pelos produtos artesanais fabricados. Alguns povos se especializaram em tapeçaria, outros em produtos de barro, couro, dentre outros. Trata-se de técnicas passadas de geração a geração.

Atualmente é possível reconhecer que o artesanato e uma fonte de renda para muitas famílias e organizações. Dos 9,2 milhões de desempregados no Brasil, 3,3 milhões pertencem ao emprego informal e cerca da metade deste contingente é composto pelo sexo feminino. O artesanato é uma das principais atividades recorridas por estas pessoas (GUEDELHA, 2008). É, portanto, um importante meio de inclusão socioeconômica dos indivíduos de baixa escolaridade e/ou qualificação.

(12)

A atividade artesanal também é considerada como hobby para muitos praticantes e para outras pessoas e usada como terapia, geralmente praticada em grupos comunitários. FUKUI (2004) comenta o assunto falando que:

A Terapia Comunitária é uma prática de efeito terapêutico, destinada à prevenção na área da saúde e a atender grupos heterogêneos, de organização informal, num contato face-a-face e que demonstra um interesse comum que é o alívio de seus sofrimentos e a busca de bem-estar. Acrescenta-se que ela promove a construção de vínculos solidários criando-se uma rede de apoio social, reforçando os vínculos e evitando a desintegração social, onde a comunidade busca resolver os problemas que estão ao alcance da coletividade” (FUKUI, 2004).

Dessa maneira é possível reconhecer os diversos propósitos das atividades artesanais.

1.1 PROBLEMÁTICA

No município de Palhoça/SC. Dentro do município existe o bairro Ponte do Imaruim, onde décadas atrás era constituído por campos para lavoura além de uma grande área de mangue próximo a região litorânea. Com o crescimento das cidades, o bairro sediou a construção de uma estrada estadual contribuindo para o acesso ao sul do estado de Santa Catarina, dessa maneira muitas pessoas começaram a se instalar nas cidades sulistas, sendo Palhoça uma delas. Houve então um grande êxodo rural acarretando também na formação de favelas nas localidades de mangue, próximo a praia. Hoje a Ponte do Imaruim, mais especificamente a Comunidade da Praia, tornou-se fruto da população de migrantes da época. Essas pessoas enfrentam dificuldades de alimentação, higiene, saúde, habitações decentes, dentre outros, ou seja, uma região empobrecida.

Localizada no bairro, a Associação João Paulo II, fundada em 1980, recebe em período integral 100 crianças de baixa renda na creche, com idade de 2 a 5 anos e 80 na faixa etária de 6 a 15 anos no contra turno escolar. Segundo informações da Associação, no local também são oferecidas aulas de música,

(13)

tear, informática e turmas de alfabetização para adultos. Além da realização de atividades sociais, culturais e esportivas, em linha de desenvolvimento comunitário. A partir disso há algumas grandes questões ligadas a comunidade local. Trata-se de uma população de baixa renda, que enfrenta dificuldades em vários aspectos. Além disso, há uma considerável ausência de engajamento da população as atividades da ONG e falta de valorização das mesmas. Muitas famílias dependem da associação para que seus(as) filhos(as) possam ter uma chance de um futuro promissor e longe de diversas situações negativas que o afastamento da escola pode trazer. Para apoiar todos projetos a Associação conta com o Instituto Pe. Vilson Groh que faz parte da rede dos trabalhos. Com o propósito de que todas essas atividades possam ser realizadas na associação, a mesma necessita de recursos financeiros para se manter, porém, sofre com grandes dificuldades de arrecadação. Chegou a ser manchete do Jornal local Notícias do Dia, pois no início de 2017 a direção da associação teve que adiar a abertura das matrículas para o ano letivo, pois estava em uma situação financeira muito crítica. Para tentar dar conta da demanda e suprir as necessidades, todos os anos há a realização de um bingo no mês de março ou abril, a Festa Junina, em Julho e o Almoço Solidário no fim do ano. Contudo, esses eventos não cobrem a demanda de verba necessária, mesmo tendo ajuda financeira do município, porém insuficiente. Há um eminente desejo de que a associação tenha atividades que a tornem auto sustentável, explorando recursos que a mesma oferece. Assim, podendo propiciar o desenvolvimento de novos projetos que atendam cada vez mais a comunidade além de qualificar os já existentes. Porém é nítido constatar que a falta de direção dos projetos se torna um grande empecilho para que todas as necessidades do local sejam atendidas.

Uma das iniciativas existentes na associação mas que há falta de direcionamento e gestão e o Tear Terapia. Trata-se de um grupo de mulheres voluntárias que produzem peças artesanais, a partir do tear manual. Entendem como terapia o momento onde podem se ocupar com atividades que possam desenvolver sua criatividade, atender necessidades emocionais e poder exercitar habilidades manuais como fisioterapia. Os produtos confeccionados

(14)

são vendidos para ajudar a associação financeiramente. Porém a ausência de planejamento faz com que haja significativa dificuldade de engajamento e autonomia das voluntárias, além do baixo fluxo de vendas dos produtos feitos. Sendo assim, o Tear Terapia e uma das maneiras da ONG conseguir arrecadar dinheiro a partir de projetos próprios contudo há pouco aproveitamento e produtividade.

Dessa forma, o design vem para contribuir de maneira positiva para associação e comunidade local. Para Mozota (2011) a gestão de design tem como função identificar e comunicar como o design pode contribuir com o valor estratégico de uma organização, integrando a gestão de design em nível operacional do projeto (ação), organizacional ou tático (função) ou estratégico (missão). Diante disso, o design pode auxiliar a resolver problemas de muitas formas, projetando produtos, comunicação, serviços e outros. Desse modo, como despertar a autonomia nos envolvidos a associação para que consigam desenvolver os projetos de maneira promissora? É necessário fazer com que o design tenha um papel social, auxiliando na solução de problemas. Para que isso ocorra de maneira a proporcionar comprometimento, por que não envolver os usuários em etapas de projeto lhes proporcionando autonomia suficiente para entender suas necessidades e poder prosseguir de maneira sustentável e independente?

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA

Como contribuir para que a Associação João Paulo II possa se tornar sustentável economicamente por meio de ferramentas do co-design?

1.3 OBJETIVO GERAL

(15)

1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

● Compreender a relação entre Design e Artesanato. ● Caracterizar as voluntárias do projeto do Tear Terapia. ● Conhecer as voluntárias do projeto do Tear Terapia. ● Organizar workshops de co-criação.

● Aplicar workshops de co-criação.

● Possibilitar a autonomia das artesãs dentro de suas práticas.

1.5 JUSTIFICATIVA

No momento atual, é sabido da necessidade de implantação de novos hábitos e ideais que impactem de maneira positiva na sociedade em que vivemos. Ao projetar é indispensável seguir requisitos de desenvolvimento sustentável (se preocupando com a área ambiental, social e econômica). Pois deve-se projetar de maneira que atitudes contribuam para uma sociedade melhor sejam praticadas a longo prazo. Nesse sentido, para que a Associação João Paulo II possa continuar funcionando e evoluindo em seus projetos há a necessidade que as pessoas associadas, voluntárias e da comunidade tenham a consciência da importância que seus atos têm. Sabendo da necessidade que a ONG tem de geração de renda, por que não trazer os voluntários da associação para dentro de um projeto que irá favorecer a todos os envolvidos? Dessa maneira, foi percebida a possibilidade de explorar as potencialidades de um projeto já existente na associação, o Tear Terapia. Ao invés de começar um projeto novo onde vários recursos teriam que ser mobilizados e demandaria mais tempo para obter-se resultados. E uma oportunidade de co-criar possíveis soluções que possam contribuir com a Associação João Paulo II e consequentemente a comunidade se beneficiará. Fazer com que as voluntárias do projeto do tear sejam ouvidas dentro das suas necessidades e demandas

(16)

existentes, incentivará a liberdade das artesãs para despertar a autonomia do grupo. Isso acarretaria ao entendimento de que elas são parte importante do projeto e as estimulariam a investir seu tempo nas atividades. Valorizando o artesanato produzido no âmbito de terapia, o tempo investido e habilidades das artesãs. As voluntárias seriam convidadas a colaborarem com ideias que possam favorecer o projeto, auxiliando para que suas necessidades sejam atendidas.

Para Muzake e Vilamil (2012) co-design pode ser definido como:

"Co-design refere-se amplamente ao esforço para combinar as opiniões, insumos e habilidades de pessoas com muitas perspectivas diferentes para resolver um problema específico. Facilitador pois orienta a co-criação, incentivando a participação e capacitando a comunidade para enfrentar seus problemas com suas próprias soluções. Ativista pois ajuda a fazer as boas ideias existentes, mas ninguém sabe como aplicar. E criador pois usa suas habilidades criativas de forma colaborativa." (MUZAKE e VILAMIL, 2012, p. 7, tradução nossa)

Dessa maneira, um projeto de co-criação dentro do projeto do tear terapia, contribuirá para que a associação aumente sua consciência empreendedora e se empodere. Desse modo haverá maior valorização do trabalho realizado dentro da ONG e mais autonomia nas tomadas de decisões. Após identificadas as demandas dentro do projeto, poderão ser projetadas soluções dentro do âmbito do design para que as atividades do projeto Tear Terapia sejam melhores praticadas. Onde os produtos confeccionados possam atender melhor às demandas, consigam transmitir todo o trabalho realizado pelas voluntárias e que desse modo possa contribuir para que haja maior comercialização de produtos.

Uma vez compreendido o fato de que as voluntárias não tem obrigação de estarem envolvidas no projeto, nem de atender demandas de fabricação, deve haver um planejamento para que a liberdade do grupo seja respeitada, porém amparada. A relevância de co-criar com essas mulheres, baseia-se em projetar “com” elas e não apenas “para”. Há geração de conhecimentos, caracterizados pela junção do saber local da comunidade com o conhecimento científico, resultando numa construção de conhecimento social.

(17)

Será proporcionado a possibilidade de participação ativa das voluntárias do tear dentro do projeto. Tornando-as protagonistas do processo de qualificação da produção e do produto, assim aumentando sua visibilidade. Motivara a liderança entre os participantes do grupo, visando a continuidade das metas e objetivos em conjunto. Desse modo, aprimorando a produção artesanal da associação, agregando valor e enriquecendo a capacitação das artesãs.

O design quanto área de conhecimento tem como objetivo atender as necessidades dos usuários por meio de cooperação, envolvimento, inclusão, abertura e transparência. Por meio da metodologia do HCD (Design Centrado no Ser Humano), haverá uma contribuição para o Design de maneira que as ferramentas utilizadas sejam compreendidas pelos usuários e que sejam caracterizadas suas reais necessidades. O usuário como peça integrante do projeto, co-criando, possibilitará um maior envolvimento além do incentivo à aproximação das famílias com a associação. Portanto, poderá proporcionar um aumento da conscientização da comunidade, perante a valorização da responsabilidade social das atividades realizadas pela Associação João Paulo II. Assim, visando proporcionar às crianças da comunidade a possibilidade de crescimento amparadas pelo estudo, incentivando resultados eficazes a longo prazo.

Justifica-se este projeto, pela importância de atitudes que gerem autonomia e comprometimento da associação e comunidade. Com o propósito de que se possa contribuir de maneira benéfica, incentivando movimentos que englobem tanto o usuário, quanto suas necessidades e áreas do design que possam ajudá-lo a atingir seus objetivos. Para a acadêmica será a oportunidade para aprimorar seus conhecimentos, exercitar novas metodologias e projetar de maneira que proporcione possíveis soluções positivas a sociedade.

(18)

1.6 METODOLOGIA

A metodologia utilizada terá natureza aplicada que “objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais” (GERHARDT, 2009, p.35). O objetivo é exploratório pois segundo Prodanov e Freitas, caracteriza-se esse tipo de pesquisa sendo uma maneira de familiarização com o tema/fenômeno, fazendo com que as pesquisas feitas posteriormente possam ter maior compreensão e precisão além de serem postas em prática. A abordagem será qualitativa pois está relacionada no levantamento de dados de um grupo, em compreender e interpretar determinados comportamentos, a opinião e as expectativas dos indivíduos de uma população. Não tem o intuito de obter números como resultados. Serão considerados insights que possam indicar o caminho para tomada de decisão correta sobre alguma questão.

Os procedimentos técnicos que serão utilizados são a pesquisa bibliográfica que facilitará a coleta de informações junto com a pesquisa documental, fazendo com que sejam observados materiais de forma analítica, buscando novas interpretações ou complementares. Será feita uma pesquisa de campo, realizada por meio da observação das atividades do grupo analisado e de entrevistas com informantes para captar as explicações e interpretações do que ocorre naquela realidade.

Buscando atender aos procedimentos técnicos e implantação do projeto, adotou-se a metodologia do HDC (Design Centrado no Ser Humano), idealizado pela IDEO (2009), a co-criação. Um processo que permite o criar junto, podendo vincular o design ao artesanato. O HCD será aplicado como um procedimento, dentro do projeto de design através de métodos. Sendo por sua vez, uma metodologia plausível de ser praticada de acordo com Demo (1987),

(19)

a metodologia se trata do caminho para a ciência lidar com a realidade teórica e prática e centra-se, geralmente, no esforço de transmitir uma iniciação aos procedimentos lógicos voltados para questões da causalidade, dos princípios formais da identidade, da dedução e da indução, da objetividade, etc.

Patnaik e Becker (1999, p.37-43) afirmam que a metodologia do HCD tem como alvo conhecer em nível profundo as atividades dos usuários e seus significados, assim como suas crenças, preferências, emoções, motivações, dificuldades, ambientes, e interações com produtos. Visando obter melhores resultados na identificação do problema, como o designer o entende e para que possa ser planejadas ações com eficiência. Dentro do HCD todos são especialistas, as pessoas comuns sabem mais do que ninguém quais são as respostas certas; emergindo “de baixo para cima” (MANZINI, 2008), por isso a importância de envolver o usuário na produção, implementação e customização de seu produto.

A metodologia elenca “as lentes do HCD” conforme os desejos, a praticabilidade e a viabilidade financeira dos anseios das pessoas para quem se projeta.

(20)

Quando identificado o desejo do usuário, são examinadas as possíveis soluções a partir da Praticabilidade e da Viabilidade (Figura 1).

Figura 1 - Interseção das Três lentes do HCD

Fonte: IDEO (2009)

A Estratégia de Design Centrado no Ser Humano começa com um desafio estratégico específico e continua por três fases principais: Ouvir ( ​Hear​), Criar (​Create​) e Implementar (​Deliver​). Durante o processo serão identificados temas

(21)

e oportunidades. O usuário e ouvido e são compreendidas suas necessidades, barreiras e restrições. Posteriormente a parte da criação se consiste em uma parte abstrata, porém há necessidades concretas e definidas sobre a população e modelos de sistemas. Por último a fase de identificar capacidades para a implementação de soluções (IDEO, 2009) (Figura 2).

Figura 2- As etapas do HCD.

Fonte: IDEO (2009)

Também faze-se presente a pesquisa ação e participante dentro do HDC, cocriando com os usuários. Desenvolver estratégias e ampliar a compreensão de diferentes situações utilizando de variadas ferramentas em cada fase do HCD. São utilizadas técnicas de entrevistas e grupos de discussão, imersão na realidade do usuário, entrevistas com especialistas e análise de situações análogas. Além de técnicas de brainstorming e no final do processo pensa-se mais profundamente como será a viabilidade técnica e de negócios, assim como os desafios a serem enfrentados. Com os procedimentos visa-se alcançar objetivos com o envolvimento das pessoas para quem se está

(22)

projetando. Desta maneira obtendo informações cruciais e necessárias para o andamento do projeto.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Serão apresentados conceitos a respeito do papel das ONGs dentro da sociedade, como o design pode atuar dentro de problemas que envolvem causas humanitárias. Compreender o co-design e suas aplicações com finalidade de ter uma criatividade coletiva mais bem-sucedida. Entender a importância da gestão do design dentro de projetos que visam crescimento. Além de compreender conceitos de artesanato e sua relevância para a sociedade.

2.1 O PAPEL DAS ONGS

As Organizações Não Governamentais – ONGs têm um papel fundamental na sociedade, sendo elas associações, fundações e organizações civis de interesse público e podendo atuar em diversas áreas. Sao encontradas espalhadas pelo mundo inteiro e em diferentes dimensões, umas sendo maiores que as outras mas todas cumprindo seu papel. Os pilares em que elas estão fundamentadas foram determinados e construídos pelos ideais de seus próprios participantes. Sao formadas por um grupo pessoas com o mesmo intuito, sempre com o foco das atividades estar voltado para a sociedade, pois se mobilizam para ajudar grupos e causas desfavorecidas.

(23)

O conceito de ONG teve seu início em 1940, pela Organização das Nações Unidas – ONU, para caracterizar as entidades, da sociedade que atuavam com projetos humanitários ou de interesse público. Sua expansão ocorreu nas décadas de 1960 e 1970, na América Latina, onde se começou a perceber seu importante papel na luta contra os Estados, bem como sua importância na construção de políticas públicas e na implementação de mudanças (DIAS, 2003, p.15). As ONGs são um dos principais personagens do chamado “terceiro setor”, contemplando agentes privados que atuam com fins públicos, elas visam desenvolver ações para um bem comum.

Fernandes (1994, p.27) define o terceiro setor como:

[...] um composto de organizações sem fins lucrativas, criadas e mantidas pela ênfase na participação da ação voluntária, num âmbito não governamental, dando continuidade às práticas tradicionais de caridade, da filantropia e do mecenato e expandindo o seu sentimento para outros domínios, graças, sobretudo à incorporação da cidadania e da suas múltiplas manifestações na sociedade civil. (FERNANDES, 1994, p.27)

O Terceiro Setor diferencia-se dos demais setores da economia, pois é formado por pessoas e/ou entidades privadas que atuam com fins públicos. Este se encontra em ascendência na economia mundial e de acordo com a Gazeta Mercantil (2002 apud TACHIZAWA, 2004, p. 21) “movimentam mais de US$ 1 trilhão em investimentos no mundo, sendo cerca de US$ 10 bilhões deles no Brasil, o equivalente a 1,5% do PIB”. Condizente a este autor, Almeida (2001, apud BAHL, 2004) afirma que “O Terceiro Setor no Brasil tem movimentado US$ 8 bilhões”. A partir destas afirmações percebe-se que o Terceiro Setor não é só beneficiário em termos de responsabilidade e sustentabilidade social, mas também como na vertente econômica, já que representa um valor significativo no Produto Interno Bruto brasileiro.

Dessa forma, a abrangência das ONGs brasileiras torna-se vasta e importante para a economia nacional, pois evidencia-se o posicionamento dos brasileiros, os quais buscam investir parte de sua renda e/ou conhecimento ao equilíbrio da

(24)

palavra “cidadania”, que tem como propósito fazer valer os direitos de todos os cidadãos.

Além disso as ONGs podem ter como foco temas diversos, como sociedade, meio ambiente, entre outros. TACHIZAWA (2004) afirma isso em:

No Brasil, as ONGs atuam em diversos segmentos, como educação; saúde; comunidade; apoio à criança e ao adolescente; voluntariado; meio ambiente; apoio a portadores de deficiências; parcerias com o governo; entre outras categorias de atuação. Estes exemplos enfatizam que as ONGs são possuidoras de uma amplitude a abrangência de ações inestimáveis, onde são parte das mais de 540 mil entidades registradas do Terceiro Setor mundial. (TACHIZAWA, 2004).

As ONGs são entidades privadas, sem fins lucrativos, que não apresentam ajuda financeira de nenhum órgão público e se mantém através de doações. Em suma, têm o objetivo de acrescentar ou mesmo melhorar algum campo da sociedade, o qual seria merecedor de uma atenção especial do poderes públicos, Estaduais e Federais. Por isso torna-se de suma importância as ONGs terem maior alcance e reconhecimento perante seus trabalhos realizados, para que mais pessoas possam se mobilizar para compor essas organizações e se motivar a doar, seja quantias em dinheiro ou objetos/serviços que no fim, serão revertidos para a causa defendida pela Organização.

2.2 CO-DESIGN

O design, atualmente, tem se caracterizado como uma ferramenta estratégica de inovação para o desenvolvimento de produtos e serviços, sendo ele um poderoso catalizador para mudança (MORAES, 2010). Deve-se ao design o exito de muitos produtos e servicos encontrados no mercado, cada vez mais ele se torna importante e essencial para a sustentação e reconhecimento dos mesmos. Uma vez que o design muitas vezes é o elo entre as empresas, seus

(25)

consumidores e publico-alvo. O designer ao projetar, tem a responsabilidade de ter o dominio social e ecológico perante as necessidades do projeto, visando sempre projetar para um futuro promissor. Diante disso o uso de ferramentas e metodologias de design são de suma importância para que pesquisas e conceitos sejam feitos e formulados com embasamentos fundamentados ate chegar ao resultado final.

Design na verdade é um pouco mais, não se concentrando apenas no seu produto fim. A disciplina está envolvida desde o processo decisório de desenvolvimento e inserção de algum produto (ou serviço) no mercado consumidor, principalmente no que concerne “planejamento” e “organização geral, por meio de uma configuração especial” (HAUG, 1997)

Dessa maneira o Design interfere no processo de geração de novas soluções ou o aprimoramento de soluç õ ​es já existentes (DAGNINO, 2004), tendo como principais objetivos: otimização de custos; melhoria de processos produtivos; desenvolvimento de novos produtos; aprimoramento ou desenvolvimento da comunicação; e criação de um ambiente propício para desenvolvimento de novos produtos.

Em suma, o Design atua de diversas formas e áreas, visando aumentar a qualidade de vida das pessoas. SCAPIN (2011) afirma isso em:

O Design é considerado como uma atividade criativa e estratégica de concepção e configuração de soluções para problemas de comunicação, produtos, processos, serviços ou sistemas que os integrem, que visa não apenas a aparência, mas também a funcionalidade, a viabilidade técnica e econômica, a adequação ambiental, sociocultural e humana da inovação. (SCAPIN, 2011, p.13)

Para além destas abordagens, Sanders e Stappers (2008) definem a co-criação como “qualquer ato de criatividade coletiva, ou seja, criatividade compartilhada por duas ou mais pessoas ”. Defendem que o co-design “ refere-se à criatividade

(26)

de designers e pessoas não treinadas em design trabalhando em conjunto no processo de desenvolvimento do projeto de design” (SANDERS; STAPPERS, 2008, p.2, tradução nossa) e é uma forma específica de co-criação, pois a criatividade colectiva é aplicada em toda a extensão do processo de design. Para estes autores, este tipo de prática de projeto já existe há cerca de 40 anos, sob o nome de design participativo, e só recentemente é que surgiu a um olhar mais atento com o que agora é denominado de co-criação/co-design. Binder (2011) define que “o co-design é uma abordagem de pesquisa de design que implica envolver ativamente as partes interessadas como colaboradores no processo de design para aproveitar do conhecimento compartilhado” (BINDER; BRANDT, 2011, p. 10, tradução nossa)

Há níveis diferentes de envolvimento das pessoas dentro do projeto, principalmente quando se trata de exercitar a criatividade.

“Isso significa liderar, orientar e fornecer andaimes, bem como fornecer suporte para incentivar as pessoas em todos os níveis de criatividade. Não é sempre que incentivamos as pessoas para além do seu nível de interesse, paixão e criatividade. Serão necessárias diferentes abordagens para convidar e envolver futuros usuários no processo de desenvolvimento de design para os diferentes níveis de criatividade. Como pesquisadores, precisamos aprender a:

liderar as pessoas que estão no "fazendo" o nível de criatividade, • guiar aqueles que estão no nível de "adaptação"

fornecer suporte que apoiem e atendam a necessidade de expressão criativa das pessoas no nível de "fazer", e

oferecer liberdade para aqueles no nível "criando"

(SANDERS; STAPPERS, 2008, p.11, tradução nossa)

A implementação de co-criação na prática de design pode causar uma série de mudanças e obtenção de novas soluções que impactarão de maneira positiva na vida das pessoas.

(27)

Sanders e Stappers (2008, p.13) também salientam que:

“As equipes de co-design serão muito mais diversas do que são hoje. A co-concepção futura será uma colaboração estreita entre todas as partes interessadas no processo de desenvolvimento do design, juntamente com uma variedade de profissionais com habilidades híbridas de design/pesquisa. Esses participantes de equipe variam em vários tipos de cultura simultaneamente: cultura disciplinar, cultura de empresa, cultura étnica, visão de mundo, mentalidade, etc”.(SANDERS; STAPPERS, 2008, p.13, tradução nossa)

Isso mudará a forma como se projeta e expandindo a visão dos designers, além de novas ferramentas e os métodos de pesquisa que co-designers usarão. Em um mundo de problemas cada vez mais complexos, a colaboração é o segredo para um futuro promissor. O impulso para trabalhar em conjunto para criar idéias inovadoras em áreas como saúde, educação e governança é mais urgente e convidativo do que nunca. Esses problemas exigem que stakeholders (internos e externos) se juntem com os designers e projetem ativamente, para melhorar os sistemas e serviços.

Segundo Ev Williams (2015) fundador da plataforma online ​Medium, “O co-design é o ato de criar com as partes interessadas (negócios ou clientes) especificamente dentro do processo de desenvolvimento do projeto para garantir que os resultados atinjam suas necessidades e sejam utilizáveis. A essência do co-design assenta, então, na construção da ligação entre os diversos intervenientes no processo, profissionais e leigos, de modo a permitir uma participação e empenho ativos, independentemente do meio social, cultural ou profissional dos participantes.

(28)

2.2.1 DESIGN SOCIAL

O Design pode atingir a todos os tipos de públicos, dessa maneira sua área de atuação é muito ampla. Tem se especializado em um cunho social mais apurado, ressaltando causas humanitárias onde há uma demanda por mudanças com certa urgência. Ou seja, há uma necessidade de algumas posturas e objetivos, não tão visíveis e palpáveis quanto o desenvolvimento de um produto industrial, mas sim de um serviço ou modificação de comportamento em uma sociedade.

Segundo a Design21 Social Design Network (2009) rede de design social filiada a Unesco:

Design Social é aquele Design que engrandece o bem, onde o bom Design é usado para um grande propósito. A rede crê que a real beleza do Design implica no seu potencial de melhorar a vida. Este potencial primeiramente manifesta-se com uma série de decisões as quais resultam em uma série de conseqüências. A prática do Design Social considera estas decisões de grande valor, entendendo que cada passo no processo de Design é uma escolha que se perpetua em nossa comunidade, no mundo e na vida cotidiana. Estas escolhas são os resultados de idéias construídas, largas discussões e, mais importante, o desejo de se fazer o bem. Design Social é Design para todos nós.” (Design Social Design Network, 2009, tradução nossa)

O foco principal de todo o processo é a pessoa, o cidadão. O Design Social procura compreender os fenômenos na sua totalidade e globalidade para que assim possa explicá-los e posteriormente projetar de maneira criativa obtendo resultados transformadores em cima de necessidades estudadas. Para que tal foco seja atingido, o processo deve ser de todo participativo. E é nesse momento que o co-design entra em ação, onde os usuários são trazidos para dentro do projeto. Noronha, Martins e Silva (2009) afirmam isso dizendo que cocriação é uma das prerrogativas para realizar um processo projetual

(29)

participativo, no qual todos os interlocutores tenham voz e oportunidade para imaginar e criar. O papel do designer é justamente intermediar e articular esses processos: deve ser um tradutor, mediador, transformador (NORONHA, 2010; 2012; MARTINS e SILVA, 2009).

Algumas organizações no setor privado, como a renomada consultoria em design e inovação IDEO, possui uma plataforma online OpenIdeo.org, onde engaja a comunidade global de designers no desenvolvimento de projetos de design com cunho social. Esse uso do design pelas organizações para lidar com questões sociais, ambientais, econômicas e políticas é denominado como “projeto de responsabilidade social” (SRD). As práticas de SRD podem ser centradas tanto nos indivíduos quanto em questões sociais mais amplas, envolvendo valores éticos, emocionais e humanitários. Em geral, a responsabilidade social nas organizações se restringe a questões de governança organizacional, como a estrutura interna do negócio, o estilo de gestão, métodos de apresentação dos relatórios e oportunidades de investimento. Assim, as práticas organizacionais de SRD geralmente não atingem a possibilidade de uma organização moldar a sociedade através de suas intervenções de design, sejam produtos, ambientes, serviços ou sistemas. (GRAHAM et al., 2005)

2.2.2 GESTÃO DO DESIGN

De acordo com Cooper e Press (1995), a literatura de gestão do design se refere ao processo de design de dois distintos modos. Primeiro, como o processo criativo envolvido na realização de uma atividade de design, ou seja, como o processo de solução de um problema através das competências de design; em segundo lugar, como o processo de planejamento estratégico ou de

(30)

desenvolvimento de produtos, como o plano para a realização ou o ato de conceber a ideia de um produto, um processo essencialmente de gestão e integrante da estrutura de uma organização.

Claramente, os designers podem contribuir para o ambiente organizacional, uma vez que são profissionais treinados na condução de processos criativos. Idealmente, suas competências são complementares as competências de gestão. O design pode incorporar novos componentes, materiais ou métodos de produção aos produtos existentes, criar produtos ou serviços inovadores bem como traduzir ideais inovadores para o mercado. A extensão do papel do designer além de suas áreas tradicionais, como o design gráfico e o design de produto, permite que suas competências contribuam em muitos outros aspectos e atividades das organizações, como pesquisas, marketing, pesquisa de tendências, etc. (COOPER, R.; PRESS, M.; 1995; BRUCE, M.; BESSANT, J.; 2005)

No nível do planejamento corporativo, o design estabelece a relação entre a situação concreta, enquanto realidade percebida, e a situação projetada, enquanto realidade desejada (MOZOTA et al., 2011). Ele ajuda a coordenar funções, media conflitos, encoraja a adoção de equipes multidisciplinares e facilita a comunicação entre os membros de uma equipe de projeto. A gestão também é uma atividade de solução de problemas, uma atividade criativa, uma atividade sistemática e uma atividade de coordenação. Assim, o campo do design se assemelha ao campo da administração porque ambos são atividades de solução de problemas que seguem um processo sistemático, lógico e ordenado (MOZOTA, B.; 2003).

Ainda segundo Borja de Mozota (2003), o processo criativo de design vai além da produção de saídas visuais porque o design está inserido em muitas áreas de tomadas de decisão. Desse modo, o design se torna um processo interno de

(31)

gestão, uma atividade que integra e coordena setores organizacionais como a pesquisa de mercado, a estratégia de marketing, branding, planejamento, desenvolvimento de novos produtos, políticas de comunicação corporativa, produção, etc.

Ao orientar as partes interessadas no projeto através do processo de ouvir, criar e implementar, dentro da proposta da metodologia do HCD, se torna possível orientar as pessoas a desenvolver e aumentar a fidelidade das suas ideias. Os resultados podem chegar a impactar positivamente um público externo não envolvido no processo. É certo que o envolvimento de vários stakeholders no decorrer do projeto se torna algo desafiador porém um processo com desenvolvimento focado, permite que as pessoas se tornem participantes e obtenham resultados significativos além de autonomia para tomarem decisões bem sucedidas a longo prazo.

2.3 RELAÇÃO ARTESANATO X DESIGN

O artesanato é algo muito presente na cultura brasileira desde quando apenas os índios aqui habitavam. No Brasil há 10 milhões de artesãos, segundo o Ministério do Turismo (2016). Os produtos feitos acabam sendo referência de seus locais de origem, exemplo disso é a cerâmica marajoara na região norte ou as cuias de beber chimarrão na região sul. A definição de artesanato adotada pela UNESCO em 1997 é:

“Produtos artesanais são aqueles confeccionados por artesãos, seja totalmente a mão, com o uso de ferramentas ou até mesmo por meios mecânicos, desde que a contribuição direta manual do artesão permaneça como o componente mais substancial do produto acabado. Essas peças são produzidas sem restrição em termos de quantidade e com o uso de matérias-primas de recursos sustentáveis. A natureza especial do produtos artesanais deriva de suas características distintas, que podem ser utilitárias, estéticas, artísticas, criativas, de caráter cultural e

(32)

simbólicas e significativas do ponto de vista social.” (UNESCO, 1997)

Raul Córdola (apud UNESCO, 2014, p. 9), renomado artista plástico pernambucano, na Revista de Artes Visuais Segunda Pessoa, aponta:

“Eis o que é o artesanato: a obra material do artesão; fruto do seu trabalho realizado através das mãos na confecção de objetos destinados ao conforto do homem, carregados de expressões da cultura, onde a máquina, se utilizada, será apenas ferramenta, nunca fator determinante para sua existência.” (CORDOLA, apud UNESCO, 2014, p.9)

Em 1991, surgiu o Programa do Artesanato Brasileiro (PAB) com o propósito de promover o aprimoramento do artesão, em relação ao seu nível sociocultural e econômico, impulsionando o produto artesanal ao mercado. A definição adotada pela política pública do governo federal, dentro do PAB, implantado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e atualmente coordenado pela Secretaria Especial, declara artesanato algo que:

“Compreende toda a produção resultante da transformação de matérias-primas, com predominância manual, por indivíduo que detenha o domínio integral de uma ou mais técnicas, aliando criatividade, habilidade e valor cultural (possui valor simbólico e identidade cultural), podendo no processo de sua atividade ocorrer o auxílio limitado de máquinas, ferramentas, artefatos e utensílios.” (MDIC, 2012)

O designer brasileiro Eduardo Barroso (2000, p. 5 apud MOURA, A. 2011) Neto propôs durante o Seminário Internacional Design Sem Fronteiras, realizado em novembro de 1996 em Bogotá/Colômbia, a seguinte definição:

“Podemos compreender como artesanato toda atividade produtiva de objetos e artefatos realizados manualmente, ou com a utilização de meios tradicionais ou rudimentares, com habilidade, destreza, apuro técnico, engenho e arte”. E complementa ainda que “deve resultar em algum objeto ou artefato novo e fruto da transformação de matérias-primas”. (2000, p. 5 apud MOURA, A. 2011)

(33)

Analisando o artesanato sob a perspectiva de funções e finalidades (Figura 3), Barroso Neto (2000, p. 5 apud MOURA, A. 2011) o separa em: 1) utilitário: são em geral ferramentas e utensílios 34 desenvolvidos para suprir carências e necessidades das populações de menor poder aquisitivo; 2) conceitual: são objetos cuja finalidade principal é o de externar uma reflexão, discurso ou conceito próprio de quem o produz, seja este um indivíduo ou comunidade; 3) decorativo: são artefatos cuja principal motivação é a busca da beleza, com a finalidade de harmonizar os espaços de convívio; 4) litúrgico: são produtos de finalidade ritualística destinados a práticas religiosas ou místicas; 5) lúdicos: são produtos destinados ao entretenimento de adultos e crianças intimamente relacionados a práticas folclóricas e tradicionais

FIGURA 3- Relação Matérias primas e ofícios.

Fonte: BARROSO ( apud UNESCO, p.21, 2014)

Há diferentes classificações dos produtos artesanais, cada tipo expressa valores históricos e culturais diferentes, dependendo de quando e onde foi produzido. Sendo assim, foram divididos conforme natureza de criação, maneira de produção e origem.

(34)

Segundo a UNESCO (2014, p.16) há o artesanato indígena, de reciclagem, de referência cultural, contemporâneo-conceitual e o tradicional. O tradicional pode ser definido como:

“Conjunto de artefatos mais expressivos da cultura de um determinado grupo, representativo de suas tradições e incorporados à vida cotidiana, sendo parte integrante e indissociável dos seus usos e costumes. A produção, geralmente de origem familiar ou comunitária, possibilita e favorece a transferência de conhecimentos de técnicas, processos e desenhos originais. Sua importância e valor cultural decorrem do fato de preservar a memória cultural de uma comunidade, transmitida de geração em geração.” (UNESCO, 2014, p. 16)

Para Roizenbruch (2009), projetos que relacionam design e artesanato pretendem o melhoramento dos processos e técnicas produtivas. O resultado é o reconhecimento por classes consumidoras que antes não valorizavam o trabalho artesanal na íntegra. A tese de Roizenbruch (2009) reforça Barroso Neto (2000) ao ressaltar que a adequação do artesanato às mudanças tecnológicas não o descaracteriza, pois a autenticidade de um objeto está na forma singular com que cada artista ou artesão expressa sua percepção.

Manzini e Meroni (2009) contextualizam a questão entre design e artesanato afirmando que:

“[...] o designer é aquele que, mais do que outros profissionais, possui a capacidade e a possibilidade de criar novos modelos de referência, de imaginar novos estilos de vida com base nestas ordens diversas de valores e de qualidade” (MANZINI; MERONI, 2009, p. 14).

Dessa forma interferindo de maneira positiva, sem “ferir” a essência do trabalho do artesão.

(35)

Borges (2011) também salienta que não basta “passar uma semana num lugarejo, com acesso a matérias-primas e tecnologias locais, e sair com uma coleção de objetos lindos” enfatiza que:

“é relativamente fácil publicar belas fotos com esses objetos e com os rostos das pessoas que participaram das oficinas nas revistas especializadas ou mostrá-las em palestras nos congressos internacionais, sob o rótulo de “responsabilidade social” ou “ajuda humanitária”. O difícil é fazer com que esse trabalho tenha significado e relevância para a comunidade local e, assim, possa ser continuado.” (BORGES, 2011, p.138)

A IDEO (2009) aponta um estudo de caso onde foram recrutados artesãos africanos para serem co-projetistas visando expandir a comercialização de seus tecidos e aumentar-lhes o poder aquisitivo. Foi solicitado que desenhassem algo que acreditam que traga o sentido de exclusividade no seu processo de tecelagem. Depois de aprimoramentos foi concebida então uma identidade visual para os produtos a partir dos desenhos feitos. A IDEO (2009) reforça que o processo “pode também servir como forma de capacitar as pessoas a participar de seu próprio destino e ajudar a equilibrar a relação muitas vezes desigual entre os membros da ONG e os participantes.” além de aumentar a renda familiar local.

Dessa maneira segundo BORGES (2011, p.129) os designers podem atuar no artesanato em pontos como:

“-melhoria da qualidade dos objetos;

-aumento da percepção consciente dessa qualidade pelo consumidor;

-redução de matéria-prima;

-redução ou racionalização de mão de obra; -otimização de processos e materiais; -combinação de processos e materiais; -interlocução sobre desenhos e cores; -adaptação de funções;

-deslocamentos de objetos de um segmento para outro mais valorizado pelo mercado;

(36)

-comunicação dos atributos intangíveis dos objetos artesanais; -facilitação do acesso dos artesãos ou de sua produção a mídia; -contribuição na gestão estratégica das ações;

-explicitação da história por trás dos objetos artesanais.” (BORGES, 2011, p 129)

O mercado de produtos artesanais apenas no Brasil, segundo o site do Governo Brasileiro (2017), movimenta por ano R$ 50 bilhões na economia nacional. Sendo uma fonte de renda para muitas organizações e famílias por todos o país. O SEBRAE (2016) também aponta a importância do artesanato para a preservação da cultura sendo que “ ​identificar cada cultura através de traços, cores e texturas características agrega valor ao ornamento, seleciona o público para o qual será vendido e aumenta as chances de apreciação por parte do consumidor”

Cada peça produzida pelo artesão é uma expressão da sua arte, então sempre é feita com zelo, o que reflete na qualidade do produto, diferente daquilo que é produzido em grande escala. Produtos artesanais tendem a usar matérias-primas de qualidade, aumentando assim a durabilidade e sendo ecologicamente corretos. Trata-se de produtos únicos e que a sua venda, causa valorização das atividades locais.

3. DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

3.1 ETAPA OUVIR

Na primeira etapa da metodologia, a etapa de ouvir, foram selecionadas as ferramentas de imersão, empatia (Anexo 5), linguagem corporal, entrevista em grupo, programa guiado e conversa informal para serem utilizadas dentro da metodologia do HCD. Esta fase é definida por ouvir e registrar exatamente o que as pessoas estão dizendo sem tirar conclusões. Trata-se de observar individualidades e padrões. A ferramenta de imersão (Anexo 1) foi escolhida para que haja maior entendimento e empatia perante a vida de quem se está projetando, no caso, os participantes do grupo Tear Terapia da Associação João Paulo II. Faz parte dessa ferramenta analisar as pessoas tomando

(37)

decisões, socializando, tendo autonomia em suas tarefas e assim aprofundando a compreensão da realidade estudada. Utilizou-se também a ferramenta de programa guiado (Anexo 2), ou seja, todo o processo de imersão foi feito dentro da sala da associação onde o tear e praticado. Isso revela não apenas os detalhes físicos, mas a rotina de atividades e hábitos que envolvem os voluntários do grupo.

A entrevista em grupo (Apêndice A) feita, serviu para aprofundar o saber de como os voluntários pensam e reagem dentro do tema artesanato e tear (Apêndice A). Foram discutidas opiniões divergentes e em comum. Dessa maneira, dando voz a todos e facilitando a compreensão do que é importante ou irrelevante para o grupo. Por fim, foi realizada uma conversa informal (Apêndice B) onde novos conceitos e ideias foram discutidos em torno do tema central, o tear, e observado como as pessoas reagem, incentivando-as a desenvolver a criatividade e expansão de pensamentos. A partir da aplicação dessas ferramentas, foi possível observar a linguagem corporal (Anexo 4) das participantes do grupo, visando aperfeiçoar os registros de comportamento perante tudo o que foi conversado. Aproximar-se do grupo ao ponto de praticamente se tornar uma delas, fez com que se sentissem mais à vontade para conversar e abrir seu espaço para novas ideias.

Dessa maneira, foram obtidas informações a respeito do grupo do projeto Tear Terapia durante o mês de setembro até a primeira quinzena de outubro. O grupo e frequentado por em média 7 mulheres, as terças e quintas-feiras à tarde, oscilando a cada semana o número de participantes voluntárias. Elas estão na faixa etária de 25 a 60 anos. São lideradas por uma professora também voluntária e que tem a autonomia de determinar os produtos que serão confeccionados. Essa liderança tende a ser alterada a partir do ano 2018, pois esta voluntária irá se afastar do projeto.

(38)

O trabalho iniciou em 2015 com todas as mulheres tecendo no tear de pregos. Teciam pequenos quadrados que unidos resultaram em colchas, tapetes, dentre outros (Figura 4).

Figura 4- Peças feitas a partir do tear de pregos.

(39)

Após amadurecerem a técnica, iniciaram os trabalhos em máquinas de tear manual. Ainda não são todas as artesãs que aprenderam a nova técnica, porém com a evolução de suas habilidades o objetivo e que todas aprendam a trabalhar com o tear manual.

O tear manual concede a possibilidade de serem confeccionadas peças maiores e sem emenda, podendo então ter uma maior variedade na produção, abaixo podemos ver alguns produtos feitos pelas voluntárias (Figura 5).

(40)

Fonte: Elaboração do autor, 2017

Dentro da prática foi observado que há uma grande empatia entre as voluntárias. Elas opinam, ajudam e elogiam o trabalho uma das outras.

A entrevista de grupo com as voluntárias, foi uma importante ferramenta para aprimorar o processo de Co-Criação. Para Muzake e Vilamil (2012) o processo de co-criação pode ser definido como:

"Co-design refere-se amplamente ao esforço para combinar as opiniões, insumos e habilidades de pessoas com muitas perspectivas diferentes para resolver um problema específico. Facilitador pois orienta a co-criação, incentivando a participação e capacitando a comunidade para enfrentar seus problemas com suas próprias soluções. Ativista pois ajuda a fazer as boas ideias existentes, mas ninguém sabe como aplicar. E criador pois usa suas habilidades criativas de forma colaborativa." (MUZAKE e VILAMIL, 2012, p.7, tradução nossa)

Um dos questionamentos feitos às voluntárias foi o de como consideram a prática do tear dentro de suas rotinas. A maioria delas tem o artesanato como um momento de descontração e de aumento da criatividade. Todas são donas de casa ​e algumas se dedicam a prática do tear como ​hobby. Por​é​m, o artesanato não ​é uma fonte de renda primária​. ​São voluntárias no projeto pois além de o terem como terapia, sentem satisfação em poder ajudar a ONG, porque os produtos confeccionados na associação têm o lucro revertido para o ensino das crianças da comunidade que estudam ali.

Contudo, há uma grande dificuldade em venderem as peças do tear. Ao questionar as voluntárias do porque de tal dificuldade, foram relatados alguns motivos. A dificuldade começa pela falta de embasamento na hora de escolher as cores das linhas a serem utilizadas nas peças confeccionadas. Todas as voluntárias recorrem a professora para que consigam iniciar uma peça.

A falta de experiência faz com que o desencadeamento da produção atrase, principalmente o início do processo, e a escolha de cores e linhas. Muitas vezes a peça toda acaba sendo desfeita pois as combinações das cores e pigmentos das linhas/lãs não foi bem sucedida. Por serem produtos artesanais

(41)

acabam tendo um valor mais elevado por conta da mão de obra. Então como consequência acabam fazendo com que a venda não seja tão rápida. A falta de divulgação do trabalho do grupo também é um grande obstáculo para o aumento das vendas. As redes sociais da associação têm pouquíssimo fluxo de publicações e visualizações. Dessa maneira, os produtos confeccionados acabam sendo vendidos para pessoas de dentro da própria ONG, funcionários, voluntários ou para esporádicos visitantes que a associação recebe. O maior fluxo de vendas acontece nos meses de abril a junho, onde há dois anos, existe encomendas de peças para o inverno, como cachecóis e mantas.

Outra dificuldade que o grupo enfrenta ​é a grande rotatividade de voluntárias. Foi identificado pelas respostas das participantes do grupo a percepção de que novos voluntários adentram ao projeto com a ideia precipitada de como funciona a dinâmica. Muitos esperam que irão ganhar o material da associação para fabricação do tear e poderão levar embora o que produziram. Outros acredita-se que percam o interesse no projeto ou não se identificam com as atividades. Esses fatores fazem com que haja uma variabilidade no número de membros do grupo.

Questionadas a respeito do que idealizam para projetos futuros, as mesmas relataram que devem aprender novas técnicas, combinações de cores e escolha de diferentes tipos de fios. Admitem que há falta de direcionamento e elementos novos dentro do trabalho realizado. Comentaram também a respeito da falta de conhecimento e experiência de como organizar os produtos para venda. Consequentemente se tornando obstáculos para o progresso do grupo. Além de impedimentos para que os produtos tenham uma maior vendabilidade e valorização. Logo, não contribuindo de maneira significativa financeiramente com a associação. Mesmo com o pouco que vendem, conseguem ter um fundo de reserva próprio, para a compra de materiais como barbante e lã.

(42)

3.2 CRIAR

Uma vez observadas diversas demandas dentro do projeto Tear Terapia, há a necessidade de identificar o que é mais relevante, para que assim o design possa contribuir atendendo-as de maneira imediata e que gere autonomia a longo prazo. Dentro das possibilidades elencadas por Borges (2011, p.129) nas quais o designer pode atuar para beneficiar o artesanato, algumas foram selecionadas para o projeto. O critério de escolha para selecioná-las foram as que poderiam atender as demandas do Tear Terapia de maneira quase que imediata. Dessa maneira, as escolhidas para o projeto do tear foram: 1. aumento da percepção consciente da qualidade do produto pelo consumidor; 2. interlocução sobre desenhos e cores; 3. comunicação dos atributos intangíveis dos objetos artesanais; 4. contribuição na gestão estratégica das ações.

As ferramentas elencadas para essa etapa do projeto foram a pesquisa desk (Anexo 10), o ​brainstorming​, gera​ção de alternativas para identidade visual e

tag​, ​get visual​, sessões de co-cria​ção e coleta de ​feedback​. As mesmas foram aplicadas durante a segunda quinzena de outubro.

De acordo com a possibilidade do aumento da percep ção de qualidade das peças produzidas pelo tear, iniciou-se o processo de pesquisas. Todo produto vendido pelo projeto de tear levava consigo uma tag. Nessa ​tag contém os cuidados para conservação da peça, o logo da ONG João Paulo II, uma frase motivacional, os meios de comunicação com a associação e o valor da peça (Figura 6).

(43)

Figura 6: ​Tag​ atual do Tear Terapia.

Fonte: Elaboração do autor, 2017

E percebida então a oportunidade de melhor aproveitamento da ​tag para que a mesma possa carregar consigo informações mais relevantes e objetivas a respeito do produto, como sua origem e finalidade da venda.

(44)

Há também a necessidade de elabora ção de um adesivo para selar o plástico no qual os produtos são postos antes de serem vendidos (Figura 7). Dessa forma há maior segurança na embalagem para que o produto não saia da mesma.

Figura 7- Embalagem plástica dos produtos do tear.

Fonte: Elaboração do autor, 2017.

Aliando-se então a possibilidade de comunicação dos atributos intangíveis dos objetos artesanais, a criação de uma nova ​tag ​(Anexo 11) torna-se algo essencial para que esses objetivos sejam alcançados e que os produtos possam carregar consigo as informações necessárias. Pois não trata-se de um produto meramente comercial, há uma essencial por trás e que não deve ser ofuscada.

Desse modo houve a necessidade da criação de uma identidade visual para o projeto do tear terapia. Utilizou-se da ferramenta sessão de co-criação (Anexo 6) para que as mulheres voluntárias pudessem se expressar e se sentirem incluídas nas ferramentas para aprimoramento do projeto.

(45)

Foi solicitado para que todas desenhassem num papel a primeira coisa que as vinha à mente quando pensavam no tear, as foi dado 5 minutos para a prática. Logo após, foram obtidos diversos desenhos (Figura 8).

Figura 8: Desenhos feitos pelas voluntária

(46)

A partir dos desenhos feitos, foi feito um esboço de acordo com formas geométricas padrões, simbologias e cores (Figura 9).

Figura 9 - Estudos a partir dos desenhos das voluntarias.

(47)

Dessa maneira as representações feitas pelas voluntárias puderam ser refinadas e com aprimoramento foram geradas algumas alternativas de identidade visual para o projeto do tear Terapia.

Foram numeradas de 1 a 5 as alternativas de uma nova identidade visual (Figura 10). Foram escolhidas tipografias sem serifas e limpas, alternando com tipografia no estilo caligrafia. A sensação de calma e harmonia foram priorizadas ao retirar elementos dos desenhos e os transformar em símbolos. A paleta de cores teve referência em uma das ilustrações feitas pelas voluntárias e foi optado por uma fácil legibilidade.

Figura 10- Alternativas de identidade visual.

(48)

Depois de apresentados os estudos e gerações de alternativas as voluntárias, foram ouvidas opiniões e recolhido o feedback (Anexo 7).

Assim, as voluntárias estão totalmente inclusas no processo de criação ​(Figura 11).

Figura 11- Colhendo ​feedback​.

Fonte: Elaboração do autor, 2017.

As voluntárias elegeram a alternativa 3 para se tornar a sua identidade visual, apenas solicitaram alguma modificações que por sua vez deu origem então a alternativa final (Figura 12).

(49)

A escolha dessa alternativa foi justificada pelas artesãs como a que melhor ar representa. O contraste entre uma tipografia mais limpa com uma manuscrita fez com que houvesse um diferencial. Foi pedido para que um ícone de um tapete fosse adicionado a identidade visual. Elas acreditam que esse é o melhor produto para ser um símbolo referente ao trabalho delas, afirma-se isso na ferramenta em que todas tiveram que desenhar o que primeiro vem as suas cabeças quando pensam no tear (Apêndice C).

Figura 12- Identidade visual escolhida

Fonte: Elaboração do autor, 2017.

Além disso, as voluntárias solicitaram que na nova ​tag houvesse um símbolo que representasse o trabalho feito artesanalmente, o logo da Associação João Paulo II, o logo do IVG e foi criado um local apropriado para ser escrito o valor de cada peça. Após analisarem foi constatado que uma paleta de cores cruas remeteria ao trabalho manual do tear, a cor do barbante, a cor da madeira etc. Foi então escolhida essa combinação de cores para fazer parte do layout. Além do fato que a nova ​tag não deve interferir negativamente na interface do produto. O mesmo conceito foi aplicado ao adesivo para a embalagem plástica porém de maneira mais minimalista, onde apenas o símbolo presente na nova identidade visual, ficasse em evidência (Figura 13).

(50)

Figura 13 - Arte nova tag e adesivo

(51)

Perante a possibilidade de contribuição na gestão estratégica das ações do projeto do tear, foi aplicada a ferramenta ​brainstorming (Anexo 9) com as voluntárias. Elas foram questionadas quais as possíveis soluções para que haja aumento na produção de peças e consequentemente de vendas, contudo, respeitando e reconhecendo a liberdade e autonomia que cada uma tem no tempo de fabricação.

Todas poderiam dar ideias sendo acessíveis ou não, permitindo que suas mentes ficassem ilimitadas, porém mantendo foco no objetivo. Por conseguinte, houve uma grande dificuldade na aplicação dessa ferramenta. As voluntárias se sentiram sedentas de ideias e sentiram novamente que precisam de amparo do design para uma intervenção positiva, a qual elas possam dar continuidade sozinhas.

Dentro das possibilidades foi pensado então na viabilidade de se projetar um planejamento anual da produção do tear.

(52)

Foi feito um levantamento de informações junto a todas as artesãs, incluindo a professora, para entender as demandas existentes em cada época do ano (Figura 14).

Figura 14 - Levantamento de demandas anuais

(53)

A possibilidade de ser criado um planejamento organizado de acordo com as demandas permitiria que as voluntárias sejam capazes de determinar suas metas de atividades de curto e longo prazo.

Assim, orientando a tomada de decisões em grupo e potencializando a fabricação foi criado graficamente um planejamento baseado com as estações do ano. Dessa forma, haverá tempo hábil para a produção das peças e as mesmas estarão prontas para venda dentro das respectivas épocas do ano com maior procura desses produtos (Figura 15).

Figura 15 - Planejamento anual

(54)

Dentre as contribuições elencadas que o design pode promover ao artesanato dentro do projeto Tear Terapia, uma delas é a interlocução sobre desenhos e cores. Por meio da pesquisa ​Desk, foram selecionadas 20 imagens que remetesse ao inverno. Foi então solicitado para que as voluntárias escolhessem apenas 8 imagens que para elas melhor representassem o inverno. Logo, seria construído um painel semântico dentro do tema “inverno” para que elas pudessem ver a possibilidade das paletas de cores extraídas das figuras selecionadas. Porém para aprimorar o processo, foi utilizada a ferramenta da Adobe ​online​, o Adobe Kuler, que é um círculo de cores onde é possível fazer combinações análogas, monocromáticas, tríade e complementares. Essa ferramenta será associada ao planejamento anual do projeto do tear. O planejamento anual será projetado a partir das estações do ano. Dessa forma, as cores de linha/lã a serem utilizadas na confecção das peças do tear também seguirão as estações, tendo uma coerência. Foi utilizada a ferramenta ​get visual ​(Anexo 8), para demonstrar as voluntárias como o Adobe Kuler funciona(Figura 16).

Figura 16 - Explicação da ferramenta Adobe Kuler.

Referências

Documentos relacionados

8- Bruno não percebeu (verbo perceber, no Pretérito Perfeito do Indicativo) o que ela queria (verbo querer, no Pretérito Imperfeito do Indicativo) dizer e, por isso, fez

A Sementinha dormia muito descansada com as suas filhas. Ela aguardava a sua longa viagem pelo mundo. Sempre quisera viajar como um bando de andorinhas. No

5- Bruno não percebeu (verbo perceber, no Pretérito Perfeito do Indicativo) o que ela queria (verbo querer, no Pretérito Imperfeito do Indicativo) dizer e, por isso, fez

De acordo com o Consed (2011), o cursista deve ter em mente os pressupostos básicos que sustentam a formulação do Progestão, tanto do ponto de vista do gerenciamento

insights into the effects of small obstacles on riverine habitat and fish community structure of two Iberian streams with different levels of impact from the

A versão reduzida do Questionário de Conhecimentos da Diabetes (Sousa, McIntyre, Martins & Silva. 2015), foi desenvolvido com o objectivo de avaliar o

Os dados referentes aos sentimentos dos acadêmicos de enfermagem durante a realização do banho de leito, a preparação destes para a realização, a atribuição

Este dado diz respeito ao número total de contentores do sistema de resíduos urbanos indiferenciados, não sendo considerados os contentores de recolha