M Filomena Botelho
Transporte de massa
Transporte de moléculas neutras
Transporte de iões
Biomembranas
Biomembranas
Transporte de massa
– Transporte de massa ou transferência de massa
dentro de um sistema ou entre sistemas
• Transporte de moléculas ou iões em solução
– Diferença de potencial químico ou eléctrico
• Quando temos uma única fase (
solução onde
há transporte de soluto, sendo este, por
exemplo, constituído por moléculas neutras
)
os principais mecanismos associados ao
transporte são:
– 1.
Difusão
– 2.
Convecção
DIFUSÃO
• Resulta do movimento de agitação térmica, estatística, que se verifica nas moléculas em solução
• Tende a fazer desaparecer os gradientes de concentração
CONVECÇÃO
• É o transporte de moléculas por uma corrente de
arrastamento que se
M Filomena Botelho
Difusão livre
Difusão livre
• Quando pomos em contacto dois líquidos diferentes
e miscíveis (
mais denso por baixo
) passado algum
tempo, a interface de contacto torna-se esfumada:
A experiência prova que com o decorrer do
tempo estes líquidos acabam por se misturar
Esta mistura ocorre por:
• Fenómenos mecânicos, vibrações, etc.
• Diferenças de temperatura entre os dois líquidos
0
originam correntes de convecção
• Agitação térmica das moléculas
Do mesmo modo que nos gases, numa solução
diluída, o soluto tende a ocupar o maior
volume líquido possível, por agitação térmica
molecular
3
Com o decorrer do tempo, a solução tende a
tornar-se homogénea =
maior desordem
molecular =
entropia máxima
(2º princípio
da termodinâmica)
Estes movimentos devidos à difusão são formalmente
idênticos à:
- propagação do calor num condutor =
FICK
1ª lei de Fick da difusão
1ª lei de Fick da difusão
Tubo horizontal muito fino (
para se considerar uma
só dimensão
) onde existe uma solução
A A ı ı ı 0 x1 x2 x
C
s(x
1) > C
s(x
2)
x
1→ C
s(x
1)
x
2→ C
s(x
2)
- Movimentos de soluto só devidos a difusão
- Não há movimentos de solvente
1ª lei de Fick da difusão
1ª lei de Fick da difusão
A A ı ı ı 0 x1 x2 x Cs(x1) > Cs(x2) x1 → Cs(x1) x2 → Cs(x2)
- Movimentos de soluto só devidos a difusão - Não há movimentos de solvente
Baseado nas equações para a condução de calor num condutor:
a quantidade de soluto que passa através de um plano de área A, colocado paralelo ao deslocamento do soluto, é proporcional à área
=
Esta corrente de soluto é proporcional ao gradiente de concentração local
dCs
dx
dm
dCs
dx
dm
dt
α
- A
dm dt A quantidade de soluto que passa na unidade de tempo A constante de proporcionalidade, é a Constante de Difusão D0
dCs
dx
dm
dt
=
- D A
0
A direcção da corrente ser em direcção à menor concentração (desfazer o gradiente de concnetração)-Dividindo ambos os membros da equação por
A
, vem:
J
s= - D dCs
dx
1ª Lei de Fick da Difusão
Js = densidade de corrente de soluto – mol cm-2 s-1
D = constante de difusão – cm2 s-1
0
Caracteriza a interacção1ª Lei de Fick
• A densidade de corrente de difusão é proporcional
ao gradiente de concentração do soluto
Densidade de corrente = a quantidade de moléculas
que por segundo
(unidade de tempo)
atravessam a
unidade de área, considerada perpendicular à velocidade
de deslocamento das moléculas
Exemplos de constantes de difusão:
O2 no ar = 0,21 cm2 s-1
H2 no ar = 0,41 cm2 s-1
H2 na água = 5,1 x 10-5 cm2 s-1
M Filomena Botelho
MEMBRANAS
HOMOGÉNEAS
Membranas homogéneas
Membranas homogéneas
Consideremos 2 recipientes de grandes dimensões, contendo soluções de concentração diferentes, separados por uma
membrana homogénea
M
CsI C sII
I II CsI – concentração do soluto no recipiente I
CsII – concentração do soluto no recipiente II
constantes no tempo e no espaço
Membranas homogéneas
Membranas homogéneas
Consideremos 2 recipientes de grandes dimensões, contendo soluções de concentração diferentes, separados por uma
membrana homogénea
M
CsI C sII
I II
Condições impostas ao sistema
• recipientes de grandes dimensões• com agitação
• concentração igual e constante ao longo da experiência, nos recipientes, mesmo junto à membrana
• Densidade de corrente de água nula – Jw = 0
Membranas homogéneas
Membranas homogéneas
Consideremos 2 recipientes de grandes dimensões, contendo soluções de concentração diferentes, separados por uma
membrana homogénea
M
CsI C sII
I II
Condições impostas à membrana
• homogénea• espessura ∆ x
• soluto penetra na membrana, havendo uma concentração do soluto na fase da membrana Cs (x)
M
CsI
CsII
I II
∆ x x
A densidade de corrente de soluto através da fase da membrana é, pela 1ª lei de Fick
dCs (x) dx Js(x) = - Dm
Após se ter atingido o equilíbrio, e mantendo-se as condições de estacionaridade, isto é:
• CsI e C sII
constantes no tempo e no espaço, = Js (0) = Js (∆x)
Densidade de corrente de soluto em qualquer ponto das interfaces e fase
da membrana é sempre constante
Pela conservação da massa, o número de moles de soluto que por cm2 e por segundo entra na
membrana é igual á que sai
Também é verdade para qualquer ponto considerado, na interface da membrana
Js (x) = Js
dCs (x) dx Js(x) = - Dm constante constante dCs(x) dx
∴
(gradiente de concentração) terá também que ser constanteCs(x) terá então que ser uma recta
função cuja derivada é constante A concentração do soluto no interior da
Assim:
dCs(x) dx = Cs (∆
x) – Cs (0)∆
x∴
Js = - Dm Cs (∆
x) – Cs (0)∆
x = Dm Cs (0
) – Cs (∆
x)∆
x Cs (0) e Cs (∆
x) Concentrações do soluto na fase da membrana, junto das interfaces em contacto com o soluto nos recipientes I e II respectivamente ∆x 0 Cs (∆x) Cs (0)Contudo, as concentrações do soluto junto às
interfaces (
C
s(0) e C
s(
∆
x)
) são desconhecidas
É possível, porém, saberem-se as concentrações
do soluto nos recipientes I e II (
C
sIe C
sII
)
Com o conhecimento das concentrações nos
recipientes podemos, através dos
coeficientes de partição
,
conhecer as concentrações nas interfaces da
membrana
Coeficientes de partição - K
Coeficientes de partição - K
Relacionam as concentrações do soluto nas interfaces da membrana com as concentrações do soluto nos recipientes
C
s(0) =
K C
sIC
s(
∆
x) =
K C
sIIDeste modo, a expressão da densidade de corrente de soluto, toma a seguinte forma:
J
s= D
mK C
sI- C
sII∆
x
J
s= D
mK
∆
C
s∆
x
∆
C
s= C
sI- C
sII É positiva se CsI > C sIIPermeabilidade da
membrana homogénea - P
s
Permeabilidade da
membrana homogénea - P
s
J
s= D
mK
∆
C
s∆
x
As constantes que caracterizam uma membrana relativamente ao soluto (constante de difusão, coeficiente de partição,
espessura da membrana) definem a maior ou menor facilidade com que o soluto a atravessa, caracterizando-se assim a:
•
permeabilidade da membrana
Ps = Dm K
∆
xA expressão da densidade de corrente do soluto através de uma membrana
homogénea aparece com a seguinte forma:
Dimensões
• Densidade de corrente
-
mol cm
-2s
-1• Constante de difusão
-
cm
2s
-1• Coeficiente de partição
-
adimensional
• Permeabilidade da membrana
-
cm s
-1• Concentração do soluto
-
mol cm
-3J
s= P
s∆
C
smol cm
-2s
-1= Ps mol cm
-3M Filomena Botelho
MEMBRANAS
POROSAS
Membranas porosas
Membranas porosas
∆x x ∟ CsI C sII I IICondições impostas ao sistema
• Corrente do soluto através dos poros• Material constitutivo da membrana impermeável ao soluto • Poros com eixos normais à parede da membrana
• Recipientes de grandes dimensões
Como o soluto só pode atravessar a membrana a nível
dos poros, a difusão de soluto através de um poro, é
tratada onde se de
difusão livre
se tratasse, isto é, a:
-
densidade de corrente de soluto através dos poros,
é pela 1ª lei de Fick:
J
s (poros)= D
∆
C
s∆
x
As concentrações do soluto na solução que
preenche os poros junto às interfaces
solução-membrana, são iguais às concentrações das
soluções dos 2 recipientes
C
sIe C
J
s (poros)= D
∆
C
s∆
x
constante constante∆
C
s= C
sI- C
sII∴
A concentração do soluto no poro, varia linearmente, isto é, graficamente é uma recta — y = a x + b
Porém, o que interessa, é a densidade de corrente de soluto através da membrana porosa, e não através dos poros
Para isso temos que considerar a
• fracção de área permeável – φw
isto é, a área média permeável por cm2 de membrana
J
s= φ
wD
∆
C
s∆
x
J
s= φ
wJ
s(poros)Fracção de área permeável - φ
w
Fracção de área permeável - φ
w
φ
wé também a
fracção de volume permeável da
membrana
∆ x
φ
w
=
STP × ∆x
Permeabilidade da
membrana porosa –w’
Permeabilidade da
membrana porosa –w’
W’ =φ
w D∆
xJ
s= w’
∆
C
sJ
s= φ
wD
∆
C
s∆
x
• Quando os poros são muito maiores do que as
moléculas do soluto, predominam as interacções
– soluto - solvente
Neste caso interessa a constante de difusão livre
(regula as interacções soluto-solvente) pois tudo se passa como a difusão livre
• Quando os poros têm dimensões próximas das
dimensões das moléculas de soluto, há interacções
– das moléculas do soluto com as moléculas dos
solventes
Neste caso a constante de difusão não será D, mas sim D’, de valor mais reduzido, pois terá que
Dimensões
• Densidade de corrente
-
mol cm
-2s
-1• Constante de difusão
-
cm
2s
-1• Fracção de área permeável
-
adimensional
• Concentração do soluto
-
mol cm
-3• Permeabilidade da membrana
-
cm s
-1mol cm
-2s
-1= w’ mol cm
-3w’ = cm s
-1w’ =