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Aproveitamento do couro para diferenciação de produto

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Academic year: 2021

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(1)

LAYNNE GABRIELLE CERRI BRANDI

APROVEITAMENTO DO COURO PARA DIFERENCIAÇÃO DE

PRODUTO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

APUCARANA 2016

(2)

APROVEITAMENTO DO COURO PARA DIFERENCIAÇÃO DE

PRODUTO

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Tecnólogo em Design de Moda, da Coordenação do Curso Superior de Tecnologia em Design de Moda, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Orientadora: Profª. Ma. Patrícia Helena Campestrini Harger

APUCARANA 2016

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Universidade Tecnológica Federal do Paraná Câmpus Apucarana

CODEM – Coordenação do Curso Superior de Tecnologia em Design de Moda

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

PR

TERMO DE APROVAÇÃO

Título do Trabalho de Conclusão de Curso Nº 216

Aproveitamento do couro para diferenciação de produto

por

LAYNNE GABRIELLE CERRI BRANDI

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi apresentado aos vinte e nove dias do mês de novembro do ano de dois mil e dezesseis, às vinte e uma horas, como requisito parcial para a obtenção do título de Tecnólogo em Design de Moda, linha de pesquisa Processo de Desenvolvimento de Produto, do Curso Superior em Tecnologia em Design de Moda da UTFPR – Universidade Tecnológica Federal do Paraná. A candidata foi arguida pela banca examinadora composta pelos professores abaixo assinados. Após deliberação, a banca examinadora considerou o trabalho aprovado.

______________________________________________________________ PROFESSOR(A) PATRÍCIA HELENA CAMPESTRINI HARGER – ORIENTADOR(A)

______________________________________________________________ PROFESSOR(A) ANA MARIA LEOPACI BENINI – EXAMINADOR(A)

______________________________________________________________ PROFESSOR(A) GISELY ANDRESSA PIRES – EXAMINADOR(A)

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Revela ao Senhor tuas tarefas, e teus projetos se realizarão.

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Minha maior gratidão a Deus, por quem sempre oro e recorro nos momentos mais difíceis e de desânimo. Agradecer ao Pai por toda a paciência que me foi dada, a toda a determinação que me confiou e a toda infinita bondade com que atende às minhas preces.

Aos meus pais, o meu imenso agradecimento. Para meu pai, principalmente, que nunca poupou esforços para que tudo isso pudesse se concretizar. Agradecer não somente pelo amor e carinho, mas pelas batalhas da vida que sempre enfrentou de mãos dadas comigo, pelos conselhos que me fez ser a pessoa que sou hoje e por ser o maior exemplo de caráter e honestidade que alguém poderia ter. Ao senhor, pai, todo o meu amor e meu agradecimento.

Aos meus avôs, que sempre estiveram presentes e me ensinaram a sempre seguir em frente e batalhar pelo o que acredito.

Ao meu namorado, Rodolfo, que com toda sua paciência embarcou nessa trajetória comigo tendo sempre a delicadeza de saber lidar com tudo nos momentos mais difíceis, me colocando num abraço reconfortante que só dele poderia vir.

As minhas amigas, em especial Beatriz Netto e Camila Andrade, que nunca me abandonaram, sempre me aconselharam e abriram mão do conforto delas para que pudessem sempre me ajudar.

A minha maravilhosa orientadora, Patrícia Harger, que foi mais que uma orientadora, mas uma amiga que lutou pela causa desse trabalho, até quando eu nem mais acreditava nele, sempre me dando ânimo e forças para continuar. Sou imensamente grata por poder ter dividido esses meses com a sua companhia, encantada tanto pelo seu profissionalismo quanto pelo caráter. Tenho a plena certeza que não poderia ter sido outra pessoa a me guiar.

A todos os professores da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, por todo conhecimento passado e dedicação.

A todo o pessoal do meu trabalho, em especial ao meu patrão Gardel, que sempre esteve ali para tudo o que eu precisasse, entendendo minhas necessidades e se colocando sempre à disposição.

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(7)

UTFPR. Apucarana, 2016.

RESUMO

O presente projeto propõe aproveitar o couro por meio de técnicas diferenciadas como o desenvolvimento de modelagens com mais recortes, para que assim se obtenha um melhor aproveitamento no encaixe e no momento do corte, de modo que também se utilize as sobras do couro como apliques sobre outros materiais, conferindo à peça final não só o aproveitamento principal do couro, mas também características estéticas da peça. O estudo tem caráter exploratório com abordagem qualitativa, estudo de campo, através de um questionário para entender melhor as preferências do público e aplicá-las na coleção. Tem por objetivo buscar estudar novas formas para o melhor aproveitamento da matéria-prima couro por meio de recortes e utilização de outros materiais agregados, visando analisar o mercado, a satisfação do consumidor e a redução do desperdício do material no produto final.

(8)

ABSTRACT

This project proposes to take advantage of the leather through different techniques, such as the development of more jagged modeling to fit better in the material, taking care at the cutting moment and glue on leather scraps on other materials as a destiny for the rest, giving to the final product not only the use of the main material, but also aesthetic characteristics. This study developed through the inductive method of problem identification and proposed alternatives to solve it. Also a field research with the target audience was carried out to understand better their preferences to apply it in the collection. Studying new ways for the better use of raw leather through clippings and use of other aggregate materials in order to analyze the market, customer satisfaction and reducing material waste in the final product is the alternative found by this project for the fate of leftover leather within industries.

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Figura 1: Família pré-histórica ... 21

Figura 2: Jaqueta Perfecto por Marlon Brando e por James Dean ... 23

Figura 3: John Travolta utilizando a Jaqueta Perfecto em Grease ... 24

Figura 4: Azzedine Alaïa coleção outono no PFW 2015 ... 26

Figura 5: Coleção Outono-Inverno 2002-2003 ... 26

Figura 6: Ankle Boot coleção inverno 2016 ... 27

Figura 7: Saskia de Brauw e Cara Delavigne com os casacos da Fendi ... 28

Figura 8: Coleção Verão 2016 – Juliana Sanmartin ... 29

Figura 9: Coleção Verão 2016 - Juliana Sanmartin ... 29

Figura 10: Patrícia Vieira coleção verão 17 ... 30

Figura 11: Patrícia Vieira coleção verão 17 ... 31

Figura 12: Patrícia Vieira coleção verão 17. ... 32

Figura 13: Operações de ribeira, curtimento e acabamento molhado ... 38

Figura 14: Operações de acabamento ... 40

Figura 15: Marca de pulga ou carrapatos. ... 41

Figura 16: Furo provocado por bernes ... 41

Figura 17: Marca oriunda de corte ... 42

Figura 18: Marca de identificação do animal ... 42

Figura 19: Rasgo na pele ... 43

Figura 20: Marca de gordura ... 43

Figura 21: Partes do animal ... 50

Figura 22: Representação, no animal, das partes utilizadas ... 50

Figura 23: Sentido da elasticidade das fibras do couro ... 51

Figura 24: Lâmina da faca de cortador ... 52

Figura 25: Balancim Hidráulico ... 52

Figura 26: Balancim Eletrônico ... 53

Figura 27: Jaqueta em patchwork ... 55

Figura 28: Imagem encaixe no couro look de franjas ... 63

Figura 29: Encaixe no couro top com mangas ... 64

Figura 30: Encaixe blusa vazada frente e costas ... 65

Figura 31: Logo ... 67

Figura 32: Coleção Verão 2017.. ... 69

Figura 33: Saia em couro midi Paula Raia ... 70

Figura 34: Short em couro preto Cris Barros ... 71

Figura 35: Vestido Juliana Sanmartin ... 72

Figura 36: Glória Coelho São Paulo Fashion Week 2016 ... 73

Figura 37: Fachada da loja ... 76

Figura 38: Interior da loja... 77

Figura 39: Ateliê do 1º andar. ... 78

Figura 40: Embalagem – sacola. ... 79

(10)

Figura 45: Blake Lively ... 84

Figura 46: Painel do estilo de vida do público ... 85

Figura 47: Painel tendência 2017, Elemental. ... 86

Figura 48: Tendência Inverno 2017: Gola alta ... 87

Figura 49: Shapes da coleção ... 89

Figura 50: Painel Semântico ... 92

Figura 51: Cartela de cores ... 93

Figura 52: Cartela de materiais ... 94

Figura 53: Materiais usados ... 95

Figura 54: Look 1 ... 96 Figura 55: Look 2 ... 97 Figura 56: Look 3 ... 98 Figura 57: Look 4 ... 99 Figura 58: Look 5. ... 100 Figura 59: Look 6 ... 101 Figura 60: Look 7 ... 102 Figura 61: Look 8. ... 103 Figura 62: Look 9. ... 104 Figura 63: Look 10 ... 105 Figura 64: Look 11 ... 106 Figura 65: Look 12 ... 107 Figura 66: Look 13 ... 108 Figura 67: Look 14 ... 109 Figura 68: Look 15 ... 110 Figura 69: Look 16 ... 111 Figura 70: Look 17 ... 112 Figura 71: Look 18 ... 113 Figura 72: Look 19 ... 114 Figura 73: Look 20 ... 115 Figura 74: Look 21 ... 116 Figura 75: Look 22 ... 117 Figura 76: Look 23 ... 118 Figura 77: Look 24 ... 119 Figura 78: Look 25 ... 120

Figura 79: Look 1 - Análise... 121

Figura 80: Look 2 - Análise... 122

Figura 81: Look 3 - Análise... 123

Figura 82: Look 4 - Análise... 124

Figura 83: Look 5 - Análise... 125

Figura 84: Look 6 - Análise... 126

(11)

Figura 89: Look 11 - Análise ... 131

Figura 90: Look 12 - Análise ... 132

Figura 91: Ficha técnica Cropped, parte 1 ... 133

Figura 92: Ficha técnica Cropped, parte 2. ... 134

Figura 93: Sequência operacional cropped ... 135

Figura 94: Ficha técnica saia longa, parte 1 ... 136

Figura 95: Ficha técnica saia longa, parte 2. ... 137

Figura 96: Sequência operacional saia ... 138

Figura 97: Ficha técnica parte 1 - cropped ... 139

Figura 98: Ficha técnica parte 2 - cropped ... 140

Figura 99: Ficha técnica - sequência operacional cropped ... 141

Figura 100: Ficha técnica - saia de franjas, parte 1 ... 142

Figura 101: Ficha técnica - saia de franjas, parte 2 ... 143

Figura 102: Sequência operacional – saia de franjas ... 144

Figura 103: Ficha técnica top, parte 1 ... 145

Figura 104: Ficha técnica top, parte 2 ... 146

Figura 105: Sequência operacional top ... 147

Figura 106: Ficha técnica saia peplum, parte 1 ... 148

Figura 107: Ficha técnica saia peplum, parte 2 ... 149

Figura 108: Sequência operacional saia peplum ... 150

Figura 109: Ficha técnica top vazado, parte 1... 151

Figura 110: Ficha técnica top vazado, parte 2... 152

Figura 111: Sequência operacional top vazado ... 153

Figura 112: Ficha técnica saia, parte 1 ... 154

Figura 113: Ficha técnica saia, parte 2 ... 155

Figura 114: Sequência operacional saia ... 156

Figura 115: Ficha técnica vestido recortado, parte 1 ... 157

Figura 116: Ficha técnica vestido recortado, parte 2 ... 158

Figura 117: Sequência operacional vestido recortado ... 159

Figura 118: Ficha técnica body, parte 1 ... 160

Figura 119: Ficha técnica body, parte 2 ... 161

Figura 120: Sequência operacional body ... 162

Figura 121: Ficha técnica casaco, parte 1 ... 163

Figura 122: Ficha técnica casaco, parte 2 ... 164

Figura 123: Sequência operacional casaco... 165

Figura 124: Prancha 1 ... 166 Figura 125: Prancha 2 ... 167 Figura 126: Prancha 3 ... 168 Figura 127: Prancha 4 ... 169 Figura 128: Prancha 5 ... 170 Figura 129: Prancha 6 ... 171

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Figura 133: Lookbook – Ref 007 e 008 ... 174

Figura 134: Lookbook – Ref 009 ... 174

Figura 135: Lookbook – Ref 010 ... 175

Figura 136: Lookbook – Ref 011 ... 175

Figura 137: Página inicial ... 176

Figura 138: Banner de entrada ... 176

Figura 139: Roupas em destaque ... 177

Figura 140: Sobre nós ... 177

Figura 141: Coleção Águas de Março ... 178

Figura 142: Fale conosco/ contato ... 178

Figura 143: Cadastro na loja ... 179

Figura 144: Descrição de produto ... 179

Figura 145: Sugestões ... 180

Figura 146: Capa ... 181

Figura 147: Catálogo - Páginas 1 e 2 ... 182

Figura 148: Catálogo - Páginas 3 e 4 ... 183

Figura 149: Catálogo - Páginas 5 e 6 ... 184

Figura 150: Catálogo - Páginas 7 e 8 ... 185

Figura 151: Catálogo - Páginas 9 e 10 ... 186

Figura 152: Catálogo - Páginas 11 e 12 ... 186

Figura 153: Catálogo - Páginas 13 e 14 ... 187

Figura 154: Catálogo - Páginas 15 e 16 ... 188

Figura 155: Catálogo - Páginas 17 e 18 ... 188

Figura 156: Catálogo - Páginas 19 e 20 ... 189

Figura 157: Catálogo - Páginas 21 e 22 ... 189

Figura 158: Catálogo - Páginas 23 e 24 ... 190

Figura 159: Catálogo - Páginas 25 e 26 ... 190

Figura 160: Catálogo - contra capa ... 191

Figura 161: Referência de maquiagem ... 192

Figura 162: Referência de penteado 01 ... 193

Figura 163: Referência de penteado 02 ... 193

Figura 164: Referência de penteado 03 ... 194

Figura 165: Referência de penteado 04 ... 195

Figura 166: Sequência de entrada ... 198

(13)

Tabela 2 – Estimativo de usos e aplicações do couro ... 35 Tabela 3 – Mix de moda ... 90 Tabela 4 – Mix de produto ... 91

(14)

Gráfico 1 – Exportação global de couros e peles ... 30

Gráfico 2 – Consumo Mundial - 2011 ... 32

Gráfico 3 – Produção Brasil – 2011 ... 32

Gráfico 4 – Gráfico referente às respostas de idade ... 53

Gráfico 5 – Gráfico referente às respostas de residência ... 54

Gráfico 6 – Gráfico referente à base salarial mensal. ... 55

Gráfico 7 – Gráfico referente à frequência com que compram roupas ... 56

Gráfico 8 – Gráfico referente ao apreço pelo vestuário em couro ... 57

Gráfico 9 – Gráfico referente à preferência na utilização do couro ... 57

Gráfico 10 – Gráfico referente às preferências no momento da compra ... 58

Gráfico 11 – Gráfico referente ao preço que estão dispostas a pagar ... 59

Gráfico 12 – Gráfico referente ao estilo das participantes ... 60

(15)

1 INTRODUÇÃO ... 18 1.1 PROBLEMA ... 18 1.2 OBJETIVOS ... 19 1.2.1 Objetivo Geral ... 19 1.2.2 Objetivos Específicos ... 19 1.3 JUSTIFICATIVA ... 19 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 21

2.1 TRAJETÓRIA DO COURO QUANTO PRODUTO DO VESTUÁRIO ... 21

2.2 O COURO, AS INDÚSTRIAS E A MODA ... 24

2.3 O BRASIL E O COURO ... 33

2.4 ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DO PREPARO DO COURO ... 37

2.4.1 Defeitos do Material... 40

2.4.2 Classificação ... 44

2.5 SUSTENTABILIDADE E O COURO... 45

2.6MODELAGEM, ENCAIXE E APROVEITAMENTO ... 47

2.6.1 Corte... 49

2.6.2 A costura do couro ... 53

3 METODOLOGIA ... 54

3.1 PESQUISA ... 54

3.2 ESTRUTURAÇÃO DA PESQUISA ... 56

3.3 DELIMITAÇÃO DO PÚBLICO-ALVO ... 56

3.4 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS ... 57

3.5 ENCAIXE E APROVEITAMENTO ... 62 4 DIRECIONAMENTO MERCADOLÓGICO ... 66 4.1 EMPRESA ... 66 4.1.1 Nome da Empresa ... 66 4.1.2 Porte ... 66 4.1.3 Marca ... 66

4.1.4 Justificativa do nome da marca ... 67

(16)

4.1.7.1 Concorrentes diretos ... 69 4.1.7.2 Concorrentes indiretos ... 70 4.1.8 Sistemas de Venda ... 73 4.1.9 Distribuição ... 74 4.1.10 Preços praticados ... 74 4.1.11 Promoção ... 75

4.1.12 Planejamento visual e embalagem ... 76

4.1.13 Embalagem ... 79 4.2 PÚBLICO-ALVO ... 83 4.2.1 Perfil da consumidora ... 83 4.2.2 Imagem do público-alvo ... 84 4.2.3 Painel do público-alvo ... 85 4.3 PESQUISA DE TENDÊNCIA ... 86 4.3.1 Macrotendência ... 86 4.3.2 Microtendência ... 87 4.4 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO ... 87 4.4.1 Delimitação Projetual ... 87 4.4.2 Especificação do projeto. ... 88 4.4.2.1 Conceito da coleção ... 88 4.4.2.2 Nome da coleção ... 88 4.4.2.3 Referência da coleção ... 88 4.4.2.4 Cores ... 89 4.4.2.5 Materiais ... 89 4.4.2.6 Tecnologias ... 90 4.4.2.7 Mix de moda ... 90 4.4.2.8 Mix de produto ... 91 4.5 PAINEL SEMÂNTICO ... 92 4.6 CARTELA DE CORES ... 93 4.7 CARTELA DE MATERIAIS ... 94 4.8 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS ... 96

4.9 ANÁLISE E SELEÇÃO JUSTIFICADA DAS ALTERNATIVAS ... 121

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5 DOSSIÊ ELETRÔNICO ... 176

6 CATÁLOGO IMPRESSO ... 181

7 DESFILE ... 192

7.1 PLANEJAMENTO PARA EXECUÇÃO DE MAKEUP E HAIR ... 192

7.2 PRODUÇÃO DE STYLING ... 195

7.3 TRILHA SONORA ... 195

7.4 SEQUÊNCIA DE ENTRADA NA PASSARELA ... 198

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 199

REFERÊNCIAS ... 200

(18)

1 INTRODUÇÃO

Junto à evolução do homem e da sociedade, a indumentária e o couro têm caminhado lado a lado. Este que, inicialmente, era visto como algo rudimentar tornou-se hoje um artigo de luxo, símbolo de elegância e de produtos com qualidade elevada.

Segundo Oliveira (2013), as vestimentas feitas em couro, em fibras e folhas são consideradas as mais antigas formas de indumentária usadas pelo homem. Mesmo sendo hoje um material de alto valor agregado, o couro possui algumas particularidades que precisam ser pensadas quando voltado para a indústria de confecções do vestuário. Além disso, devido às ações sofridas pelo animal ainda em vida, o couro pode trazer certos prejuízos quando relacionado ao seu aproveitamento.

Assim, por ser um produto natural, o couro necessita de tratamentos adequados para o desenvolvimento de determinados artigos que podem, não só elevar o custo final do produto, mas degradar o meio ambiente.

Existem vários tipos de couro, como o natural, o ecológico, o sintético feito à base de petróleo, o couro de abacaxi e o couro de cogumelo. Atualmente, por questões ambientais, particulares e de proteção aos animais, muitos são os órgãos que lutam contra o uso do couro natural, posicionando-se a favor das maneiras alternativas.

Assim, aprimorar métodos de aproveitamento do material e sua associação com outras matérias-primas, traz consigo soluções para a melhora desse rendimento, de maneira que haja uma harmonia estética e condizente com a proposta da diminuição das perdas do material.

1.1 PROBLEMA

O couro geralmente é vendido por peça. Em ateliês especializados na fabricação de roupas de couro, quando os moldes são cortados, as sobras são descartadas ou são transformadas em peças de patchwork1. Sendo assim, como problemática do trabalho, de que forma o couro pode ser melhor aproveitado

1 A tradução literal de patchwork é "trabalho com retalho". É uma técnica que une tecidos com uma

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utilizando-se de modelagens mais recortadas e de modo que as sobras possam ser aplicadas de diferentes maneiras sobre outros materiais?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Desenvolver uma coleção de moda que trabalhe principalmente o couro, e aprimorar métodos de aproveitamento deste material por meio do encaixe, do corte, de modelagens diferenciadas e da aplicação do seu restante sobre outros tipos de materiais.

1.2.2 Objetivos Específicos

 Estudar o couro, sua história e particularidades.

 Pesquisar o mercado do couro e seu processo de transformação.

 Observar o melhor encaixe das peças para aproveitamento da matéria prima.

 Criar uma coleção visando modelagens mais recortadas para melhor encaixe sobre o couro.

 Aplicar, quando necessário, o restante da matéria prima sobre outros materiais, agregando não somente valor estético, mas também utilizando o reaproveitamento em peças finais.

1.3 JUSTIFICATIVA

Explorar o aproveitamento do couro por meio de técnicas diferenciadas de modo que interajam designer, investidor e consumidor é a proposta deste trabalho. Trazer uma maneira diferenciada de pensar para que este material possa ser melhor aproveitado trazendo benefícios para todos os envolvidos no processo produtivo.

Dentro das indústrias do vestuário há um grande desperdício de tecidos. Normalmente, o desperdício discorre acerca de 15 a 20% por peça, porém, ao visualizar a produção como um todo, esse desperdício, no final, gera quilos ou

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toneladas de um material que poderia ter sido melhor aproveitado. Com o couro não é diferente.

Fernandes (2000) afirma em seu trabalho “Proposta de uma metodologia para cortar peles de couro na indústria de calçados” que trata do sistema CAD inserido dentro do segmento de corte das indústrias de calçados em couro, a importância econômica e produtiva da etapa do corte nas indústrias coureiras e a importância técnica dos bons resultados que podem ser obtidos se melhor compreendidos e estudados.

A partir daí, salienta-se a existência de programas para a área do vestuário, como os de modelagem que serão discutidos do capítulo 2.6, em que são utilizados para melhor rendimento e maior aproveitamento da matéria prima couro, chegando, em muitos casos, em até 85%, porém devido ao alto custo, o trabalho manual ou mecânico ainda é saída para muitas indústrias.

Dessa forma, esse projeto propõe o melhor encaixe dos moldes, a cautela no momento do corte, pois como citado acima, de acordo com Fernandes (2000), essas duas etapas são cruciais para que as indústrias obtenham melhores resultados econômicos, porém neste trabalho, de maneira manual.

Assim como, esse trabalho também propõe modelagens mais recortadas para que possam se encaixar melhor sobre os pedaços menores do material e pela facilidade de se esquivarem de defeitos. E também a proposta de aproveitamento do restante do couro com aplicação sobre outros materiais, de modo que seja dado um destino a esse restante, de maneira que não se trabalhe unicamente pela economia, mas com grande importância à estética do produto, assim, o capital investido poderá resultar em uma peça melhor aproveitada e visualmente agradável.

Além de tudo, o setor coureiro tem estado em grande ascensão. Segundo o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil, CICB (2015), o Brasil é o segundo maior exportador de couros do mundo, atrás somente da Itália, e também é o setor que emprega quase um milhão de pessoas diante de todo seu processo produtivo.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 TRAJETÓRIA DO COURO QUANTO PRODUTO DO VESTUÁRIO

Desde os primórdios da humanidade, o homem já se utilizava de folhas e peles de animais para se proteger contra as agressões externas do ambiente. No período denominado pelos historiadores de período paleolítico, utilizavam-se de saiotes (Figura 1) feitos do couro do animal que caçavam (OLIVEIRA, 2013).

Por serem nômades, estavam sempre em constante deslocamento em busca de alimentos, e esse tipo de vestimenta garantia proteção para estes que não tinham casas (e usavam o couro para cobrirem cabanas) e para se protegerem do frio extremo e de predadores.

De acordo com Colombo (2005), o curtimento começou já na Idade da Pedra quando mulheres e crianças se alimentavam das sobras de carnes na pele do animal e perceberam que, quando mastigada, esta ficava mais amolecida e de fácil uso para proteção do corpo.

Figura 1: Família pré-histórica trajando vestimentas feitas de pele animal

Fonte: Souza (2016).

Segundo Oliveira (2013), com o passar do tempo surgiram as primeiras civilizações devido ao nomadismo no Crescente Fértil, região do Oriente entre o Irã

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e o Egito, as quais já cultivavam cereais e criavam rebanhos. E, em seguida, as civilizações da Mesopotâmia e do Oriente substituíram a pele animal pelo tecido que desenvolveram: o linho. Porém, apesar de um novo tecido ter sido desenvolvido, a trajetória do couro não estagnou.

Antes de chegar ao que se conhece hoje, o couro passou por algumas diferentes formas de tratamento para que pudesse se tornar de mais fácil manejo e possibilitar o desenvolvimento de artigos em couro em vários setores, como na moda, na indústria moveleira e automobilística. A começar pela mastigação, como mencionado anteriormente, que foi definida por muitos historiadores como a primeira forma de curtimento do couro. Após, houve o curtimento por meio de cascas de árvores e depois por meio de insumos químicos, principalmente através do cromo, técnica esta que com o passar dos anos foi se aperfeiçoando.

De acordo com o site Biomania (2016), antes da utilização dos metais para o desenvolvimento de armaduras, era utilizado o couro, por ser rígido e inflexível, ele era utilizado como escudo para defesa e proteção dos guerreiros, a chamada “couraça”.

Mas na Idade Média, os sapateiros e artesãos foram os responsáveis por levar a técnica de curtir o couro por meio de cascas de árvores para o “Novo Mundo” (assim denominado o continente americano pelos europeus). E vale ressaltar que os antigos hebreus já curtiam o couro com a casca do carvalho e os orientais também já conheciam essa técnica muito antes até mesmo da escrita.

Segundo Kindersley (2014 apud Saleh, 2015), a partir dessa técnica de curtir o couro por meio de cascas de árvores, o couro se tornou mais macio e maleável, possibilitando a criação para a moda, como bolsas, luvas, sapatos e acessórios que se tornaram artigos de elegância e de desejo. Fez-se assim então, ainda mais presente no vestuário e aos poucos no mundo da moda.

De acordo com o site Biomania (2016), ao final do século XIX, químicos americanos descobriram que sais crômicos sobre as peles deixava o couro mais flexível em comparação ao já conhecido até então. Assim, aperfeiçoaram-se as técnicas junto do tratamento com sabão e óleo, e os couros curtidos com cascas foram superados por esse novo desenvolvimento científico. Dessa maneira, começaram-se os processos de curtimento do couro com metais, em específico, o cromo.

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Séculos mais tarde, os pilotos da I e II Guerras Mundiais utilizaram jaquetas de couro forradas com pelos de animais. Assim, as peças ganharam visibilidade e começaram a ser utilizadas por motoqueiros e motociclistas, se tornando sinônimo de aventura e alta velocidade e o símbolo da era moderna de acordo com Kindersley (2014 apud Saleh, 2015).

Em 1928, a pedidos da famosa montadora de motos Harley Davidson, Irving Schott criou a Jaqueta Perfecto, que se tornou símbolo de aventura e dos

babyboomers, os nascidos pós-guerra, como um fenômeno cultural de uma geração

que propusera novos valores, expressões artísticas e formas de se vestir em relação à geração anterior. A peça se torna assim “uma expressão do desejo de transformar a sociedade” (ANIMALE, 2013). Caracterizada pelo ângulo formado por um zíper na parte frontal, a jaqueta ganhou inúmeras interpretações em 88 anos. Em 1953, no célebre filme “The Wild One” (“O Selvagem”), a Jaqueta Perfecto (Figura 2) fora imortalizada por Marlon Brando:

Figura 2 – Jaqueta Perfecto utilizada por Marlon Brando no filme “O Selvagem” (“The Wild One”),

1953, e por James Dean, 1955, em Juventude Transviada, respectivamente

(24)

A peça se tornou uma associação à contra cultura e era considerado rebelde quem a usava durante o dia. Na década de 1960, os rockers2 as utilizavam com aplicação de botons e no filme “Nos tempos da Brilhantina” (“Grease”), 1978, John Travolta também fez uso da peça (Figura 3).

Figura 3 – John Travolta (segundo rapaz da direita pra esquerda)

utilizando a Jaqueta Perfecto em Grease, 1978

Fonte: HOCKBERG (2011).

Nas décadas seguintes, de 1970 e 1980, ela foi assimilada pelo movimento punk e virou ícone das bandas como Ramones, Sex Pistols e Blondie.

Segundo Kindersley (2014 apud Saleh, 2015), a partir de 1980, a história do couro encontrou a tecnologia, pois o estilista tunisiano Azzedine Alaïa criou vestidos e conjuntos de couro fino e macio, cujas costuras e padrões recortados eram feitos a laser.

2.2 O COURO, AS INDÚSTRIAS E A MODA

Natural e de alta resistência, o couro é a opção de muitos designers que escolhem trabalhar com um material forte, de bom aspecto e que também modele o corpo de quem o usa.

2

Rockers ou leather boys foi a denominação dada para uma subcultura juvenil surgida no Reino Unido nos anos 50 e centrada em motocicletas e na música rock & roll e rockabilly (WIKIPEDIA, 2014).

(25)

O couro continua no imaginário como “pele” mesmo depois de perder esse prenome quando passa pela etapa de curtimento, em que se torna “couro”. Entretanto, pode-se pensar que não há nada melhor para proteger o corpo humano do que a pele propriamente dita, bem dizendo, o couro.

Segundo a Revista do Couro (2003 apud Leal, 2007), dentre suas propriedades, destaca-se a flexibilidade, a resistência mecânica, a capacidade de se modelar de acordo com o corpo de quem o usa e, dessa forma, trazer o bem estar ao usuário, além de ser o único material capaz de absorver até 75% da umidade e ainda manter-se com aspecto seco, e é por conta disso que o couro é cada vez mais utilizado em ambientes hospitalares por pacientes acamados por um longo período: devido à sua propriedade térmica de refrescar no calor e aquecer no frio, o couro transforma-se como um prolongamento da pele humana.

Bem como em ambientes hospitalares, indústrias (automobilísticas, moveleira e calçadista), designers também optam por trabalhar com esse material devido suas vantagens. Na moda, muitos estilistas preferem esta matéria prima que modela, protege e atribui formas variadas e desejadas ao corpo humano, seja para realçar a sensualidade e a suavidade do corpo feminino ou para atestar uma masculinidade por meio de peças mais sérias, dentre muitas outras opções que serão guiadas pelas ideias do designer.

Considerando a sensibilidade pelo luxo e tradição de Azzedine Alaïa, o seu trabalho (Figuras 4 e 5), muitas das vezes, ganha níveis de complexidade que são quebra-cabeças para quem um dia desejar reproduzir uma peça pronta.

Segundo Piazza e Whiteman (2015) Alaïa trabalha com o couro, suave e sensual, de modo a criar uma feminilidade audaz, decidida, e sem tornar vulgar seu trabalho. Amante de materiais desafiadores e da habilidade de associá-los, o estilista tunisiano foi um dos primeiros a usar o couro na roupa para noite.

Ainda de acordo com os autores, o estilista procura aproximar-se da ideia do

couturier, ou seja, de roupa como segunda pele, e o couro, para Alaïa, facilmente

dialoga com diversos materiais, em aproximações ou contrastes, desde suas coleções em 1986-1987.

(26)

Figura 4 –Azzedine Alaïa apresenta sua coleção de outono “After” no Paris Fashion Week 2015

Fonte: Voight (2015).

Figura 5 – Coleção Outono-Inverno 2002-2003

(27)

A Ellus, marca referência em jeanswear, faz alusão ao rocker3 em suas coleções que, apesar de considerar as mudanças da moda, contam com produtos atemporais, como jaquetas de couro, botas de couro (que são ícones das coleções da marca) e peças referentes a um “vestuário mais urbano e rock n’ roll” (PIAZZA E WHITEMAN, 2015).

Figura 6 – Ankle Boot cano médio, coleção inverno 2016

Fonte: Ellus Jeans Deluxe (2016).

Além da ELLUS e de Azzedine Alaïa, a Fendi, casa de moda italiana de luxo, também faz o uso do couro em suas coleções. Marca historicamente famosa pela confecção de acessórios em couro, os quais atualmente são considerados obras de arte, a Fendi fez-se famosa pela utilização de peles (Figura 7) de um modo extravagante, inovador e livre.

Segundo Piazza e Whiteman (2015), as peles tornaram-se símbolos da marca. Com Lagerfeld4 como diretor artístico da Fendi naquela época, as peles que antes eram vistas como símbolo de uma burguesia obsoleta cheia de joias, passou a

3 Rocker: nesse caso, o termo “rocker” (em português, “roqueiro”) faz alusão à moda rock and roll. 4

(28)

ser vista como “peças irônicas, sexy e sofisticadas”, além de modernas e com melhor caimento e cores.

Figura 7 – Saskia de Brauw e Cara Delavigne, respectivamente, com os casacos de pele da Fendi

para o making of da coleção inverno 2014

Fonte: Harpers Bazaar (2014).

Na moda nacional com a utilização do couro, existe a estilista Juliana Sanmartin, advogada, empresária e diretora de criação da própria marca que leva seu nome. Juliana resolveu trabalhar com o couro de boi (Figuras 8 e 9) e alguns mais exóticos, inovações que agradaram o mercado feminino que se encantou com a leveza resultada no material (REVISTA DONNA, 2014).

(29)

Figura 8 – Coleção Verão 2016 – Juliana Sanmartin

Fonte: Juliana Sanmartin (2016).

Figura 9 – Coleção Verão 2016 - Juliana Sanmartin

(30)

Patrícia Vieira, estilista que ao lado da filha inaugurou a marca Pat Pat’s em 2011, também possui seu apreço pelo material. Trabalhou com alta costura durante quatro anos em Londres e por isso sua atenção aos acabamentos e o seu gosto pelo artesanal torna os seus produtos tão diferenciados. A admiração pelo couro, segundo o site da própria estilista, surgiu quando ela voltou ao Brasil e foi convidada a cuidar da linha de sapatos da Company e Companhia dos Pés.

Figura 10: Patrícia Vieira coleção verão 17

Fonte: Patrícia Vieira (2016).

(31)

Figura 11: Patrícia Vieira coleção verão 17

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Figura 12: Patrícia Vieira coleção verão 17.

(33)

2.3 O BRASIL E O COURO

De acordo com o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil, CICB (2015), o Brasil é o segundo maior exportador de couro do mundo, atrás somente da Itália. Produz cerca de 45 milhões de peles e exporta aproximadamente 80% por ano, principalmente para a China, Itália e Estados Unidos. Além disso, o setor emprega quase um milhão de pessoas diante de todo seu processo produtivo.

Apesar da competitividade internacional, o couro brasileiro tem seu status qualitativo dentro e fora do país. Segundo o CICB (2015), “em 2011, couros e peles tiveram participação em 6,7% da balança comercial brasileira. No acumulado do primeiro quadrimestre de 2012, esse índice chegou a 18,9%”.

Graças ao crescimento da utilização do couro dentro da indústria da moda brasileira e internacional, e sempre aliado à tecnologia, a participação desse segmento na balança comercial quase triplicou no período de quatro meses do ano seguinte.

Assim, o CICB (2016) também afirma que “o grande volume das exportações de couros e peles no Brasil e seu respectivo crescimento na última década passou de US$ 700 milhões em 2000 para US$ 2,2 bilhões em 2011”.

O crescimento nas exportações mais que triplicou em um ano, um aumento significativo para a economia de um país em vias de desenvolvimento dentro do comércio internacional.

Segundo dados do Guia Brasileiro do Couro (2013), São Paulo e Rio Grande do Sul são os estados que detém a maior exportação dos couros e peles (Gráfico 1) dentre os principais estados produtores, porém, é no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul que o abate dos animais é maior (Tabela 1).

(34)

Gráfico 1 – Exportação global de couros e peles em milhões de dólares dos principais estados, 2012

Fonte: Guia Brasileiro do Couro (2013).

Observa-se pelo gráfico 1 que os estados de São Paulo e Rio Grande do Sul são os principais no ranking de exportações. O estado de São Paulo dispara pois é considerado o principal polo econômico brasileiro e o Rio Grande do Sul, em segundo lugar, devido ao seu histórico com rebanhos bovinos ao longo da história brasileira.

(35)

Tabela 1 – Estimativo dos abates de bovinos por estados do Brasil – 2010/2012 (em milhões de

cabeças)

Fonte: Guia Brasileiro do Couro (2013).

De acordo com a tabela acima, percebe-se que os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul são os que possuem maior participação efetiva dentre o estimativo dos abates bovinos por estados do Brasil, e isso se deve ao fato de possuírem maior criação de gado bovino em comparação aos outros estados brasileiros de acordo com o Portal Brasil (2015).

A produção do couro do Brasil se volta principalmente para os segmentos moveleiro e calçadista, 40% e 35%, respectivamente (Tabela 2 e Gráfico 3). E no mundo, o consumo é de 55% do setor de calçados e 20% de móveis de acordo com as estatísticas (Tabela 2 e Gráfico 2). O setor do vestuário se enquadra nos outros 15%.

Tabela 2 – Estimativo de usos e aplicações do couro – 2011- percentual

Fonte: Guia Brasileiro do Couro (2013).

ESTADOS 2010 PART.10(%) 2011 PART.11(%) 2012 PART.12(%)

Mato Grosso 5,50 13,95 6,21 15,53 6,45 16,12

Mato Grosso do Sul 4,44 11,27 4,54 11,36 5,19 12,98

São Paulo 4,75 12,07 4,54 11,35 4,25 10,63

Goiás 3,52 8,93 3,75 9,38 3,75 9,40

Minas Gerais 3,22 8,18 2,92 7,29 3,16 7,89

Pará 2,82 7,15 2,89 7,22 2,82 7,04

Rondônia 2,56 6,50 2,63 6,57 2,69 6,73

Rio Grande do Sul 2,61 6,62 2,62 6,54 2,42 6,06

Paraná 1,96 4,99 1,57 4,18 1,69 4,22 Bahia 1,59 4,02 1,51 3,78 1,49 3,72 Tocantins 1,22 3,10 1,46 3,66 1,42 3,56 Maranhão 0,79 2,01 0,96 2,39 0,89 2,22 Acre 0,65 1,66 0,53 1,58 0,54 1,35 Santa Catarina 0,69 1,74 0,58 1,46 0,51 1,28 Pernambuco 0,54 1,37 0,56 1,39 0,38 0,95 Ceará 0,45 1,14 0,44 1,09 0,37 0,92 Espírito Santo 0,51 1,30 0,42 1,06 0,35 0,88 Demais Estados 1,58 4,00 1,67 4,17 1,62 4,05 TOTAL 39,40 100,00 40,00 100,00 41,20 100,00

Segmento de mercado Consumo Mundial Produção Brasil

Calçados 55,00% 35,00%

Móveis 20,00% 40,00%

Automóveis 10,00% 20,00%

Outros 15,00% 5,00%

(36)

Gráfico 2 – Consumo Mundial - 2011

Fonte: Guia Brasileiro do Couro (2013).

Gráfico 3 – Produção Brasil – 2011

40% 35% 20% 5% Móveis Calçados Automóveis Outros

(37)

2.4 ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DO PREPARO DO COURO

Na indústria da confecção de vestuário, apesar de o couro bovino ser o mais utilizado, vale ressaltar que dependendo das preferências do designer, dos artigos a serem desenvolvidos e das políticas da empresa, também é possível utilizar o couro de porcos, ovelhas, jacarés, bodes, avestruzes, peixes e até cobras.

De acordo com Udale (2015, p. 50), o couro, propriamente dito, natural e genuíno, é feito de peles de animais, geralmente de grande porte, como bois, vacas, porcos, ovelhas, entre outros. Apesar de conhecido, poucos sabem dos processos referentes à preparação da pele antes de irem para as indústrias de confecção.

A preparação do couro para que este se torne viável às indústrias do vestuário, basicamente se divide em três etapas: “a ribeira, o curtimento e o acabamento” (PACHECO, 2005).

Especificações técnicas do preparo do couro Segundo Pacheco (2005), o procedimento da ribeira (Figura 10) se entende por:

Esta macro-etapa tem por finalidades a limpeza e a eliminação das diferentes partes e substâncias das peles que não irão constituir os produtos finais - os couros -, bem como preparar sua matriz de fibras colagênicas (estrutura protéica a ser mantida), para reagir adequadamente com os produtos químicos das etapas seguintes, o curtimento e o acabamento. Em geral, a ribeira compreende as etapas desde o pré-remolho5 até a lavagem após a descalcinação6 e purga7 ou até o píquel8, realizado antes do curtimento (PACHECO, 2005, p. 18).

Logo após a etapa da ribeira, segue o curtimento:

O curtimento é um processo que consiste na transformação das peles, pré-tratadas na ribeira, em materiais estáveis e imputrescíveis, ou seja, a transformação das peles em couros. Pode ser classificado em três tipos principais: mineral, vegetal e sintético (PACHECO, 2005, p. 21).

Antes de ir para a ribeira, a pele chega bruta ao curtume, onde são eliminadas partes que não servirão para curtir, como, por exemplo, patas e rabo. Estas duas primeiras etapas, ribeira e curtimento, são primordiais para que a pele fique pronta para receber os insumos químicos e se tornar estável e impermeável.

5

O pré-remolho tem por finalidade retirar o excesso de sal e limpar superficialmente as peles.

6

Descalcinação: Esta operação retira substâncias alcalinas da pele, deixando o pH em torno de 8-9. Quanto mais intensa a descalcinação, mais macio será o couro.

7

Purga: Limpeza final da pele feita com enzimas, retirando restos de gorduras, folículos pilosos, impurezas e substâncias alcalinas.

8

(38)

Lorenzo (2010) complementa que curtimento é o processo em que são ofertados tanantes9 minerais (cromo e alumínio), vegetais e curtentes orgânicos (resina, tanino sintético).

Após essas etapas, elas já podem ser chamadas de “couro” e não somente “pele”. E, após o processo de curtimento que a pele perde esse prenome e ganha o nome de couro.

De acordo com o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil – CICB (2016), para que não haja equívocos ou deslealdade por parte de alguns, foi estabelecida a “Lei do Couro”, lei nº 4.888, que proíbe o termo “couro” em produtos que não sejam feitos exclusivamente de pele animal. Esta lei que, em 2015 completou 50 anos de existência, está em vigor desde 9 de dezembro de 1965.

Além da Lei, há também a Blitz Lei do Couro, mantida pelo CICB, que verifica como os estabelecimentos do país anunciam os produtos, com o objetivo de difundir a previsão da lei dentro do mercado.

Figura 13 – Operações de ribeira, curtimento e acabamento molhado

Fonte: Pacheco (2005).

Seguindo a etapa do curtimento, há o acabamento (Figura 11) que é quem proporciona ao couro a apresentação final e a aparência definitiva. Esse também

9 Segundo o Dicionário Online Informal, “tanantes” significam que “são substâncias usadas na última

fase do processo de curtimento do couro. Existem tanantes minerais (cromo, alumínio, etc...) e vegetais ricos em taninos (casca de angico, barbatimão, castanheira, etc)”.

(39)

pode ser dividido em etapas: acabamento molhado, pré-acabamento e acabamento final. (PACHECO, 2005)

Acabamento molhado ou pós-curtimento, segundo Pacheco (2005), “corresponde as etapas desde descanso/enxugamento até o engraxe dos couros” (PACHECO, 2005, p. 27). Essas etapas entre o descanso e o enxugamento vêm para complementar o curtimento feito anteriormente, conferindo ao couro cor básica, resistência à tração, impermeabilidade, maciez, flexibilidade, toque e elasticidade. Já o pré-acabamento é o conjunto de operações físico-mecânicas (cavaletes, estiramento, secagem e impregnação) que conferem algumas propriedades físicas finais ao couro. E por último, o acabamento final é o conjunto de três operações - acabamento, prensagem e medição - antes dos couros irem para expedição ou estoque.

(40)

Figura 14 – Operações de acabamento

Fonte: Pacheco (2005).

2.4.1 Defeitos do Material

Em se tratando de irregularidades, o couro, por ser um material de origem natural, possui muitos defeitos que derivaram do animal ainda em vida ou até mesmo depois do abate. Antes de irem para o acabamento, os couros são classificados de acordo com seus defeitos e separados em lotes.

É muito difícil encontrar couros sem nenhum tipo de defeito. Por mais que os curtumes tomem muitos cuidados, sempre acabam saindo peças danificadas. Dessa forma, na etapa do corte, esses defeitos devem ser evitados, ou quando difíceis de evitar, ao menos serem escondidos na peça final para que não comprometa a estética do produto. A etapa de corte feita manualmente é a mais indicada para evitar esses defeitos.

De acordo com o Sindicato da Indústria de Artefatos de Couro do Estado de São Paulo (2016), dentre os defeitos estão marcas causadas por bernes, pulgas e carrapatos (Figuras 12 e 13).

(41)

Figura 15 – Marca de pulga ou carrapatos.

Fonte: Lotuff Leather (2015). Figura 16 – Furo provocado por bernes

Fonte: Lotuff Leather (2015).

Cortes gerados por faca, chicote e arame farpado devem ser evitados na etapa do corte, pois são mais propensos a rasgar (Figura 14). Marcas de fogo advindas do processo de identificação do animal (Figura 15), rasgos na hora em que a pele foi esticada (Figura 16), e até mesmo marcas de gordura que são seixos na

(42)

pele do animal em que as dobras de gordura costumavam ficar, porém após a pele ser retirada do animal e posteriormente esticada, a gordura sai e permanecem as marcas (Figura 17).

Figura 17 – Marca oriunda de algum corte feito por faca ou arame

farpado

Fonte: Lotuff Leather (2015).

Figura 18 – Marca de identificação do animal

(43)

Figura 19 – Rasgo causado no momento em que a pele foi esticada

Fonte: Lotuff Leather (2015). Figura 20 – Marca de gordura

(44)

Os defeitos do material, nesse trabalho, serão inevitavelmente considerados, uma vez que o corte dos moldes deverá se esquivar deles ao mesmo tempo em que aproveita uma maior porcentagem da matéria em questão.

2.4.2 Classificação

A classificação do material é dada pelos tipos de couro quanto à origem (bovino, suíno, ovino...) quanto por suas particularidades na composição: natural, ecológico ou sintético (constituído de compostos químicos, cogumelos e até fibra de abacaxi).

Segundo o Centro do Couro (2016), conforme a definição da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), o couro é um material advindo somente da pele animal, em que a derme é essencialmente curtida. É considerado um material de alto custo, porém nobre e resistente. Em seu processo de tratamento são utilizados produtos químicos que são prejudiciais ao meio ambiente quando não descartados de maneira correta, contaminando toda a natureza.

O Centro do Couro também defende que existem diversos tipos de peles naturais e suas denominações: há o vacum, assim denominado quando o couro é bovino. O suíno, quando vem dos porcos. Caprino ou pelica, das cabras. Ovino, de ovelhas. Mestiço, de diversos tipos de carneiro, sendo que eles são os mais leves e nobres, com elevado preço e procura no mercado. Possuem excelente resistência, maciez e um toque sedoso. As peças feitas desse couro podem ser do tipo camurça,

chamois10 e napa.

Podemos encontrar também o couro de antílopes (provenientes do continente africano), de bezerros (quando são bovinos recém-nascidos ou ainda filhotes), de búfalos, de cavalos e avestruzes. Há também os exóticos, que são feitos de couro de peixe, crocodilos, pés de galinha, rãs, cobras, coelhos e outros pequenos animais.

O couro ecológico, ao contrário do que muitos pensam, também é feito de pele de animal, porém ele recebe tal nome devido aos aditivos que são menos poluentes ao ambiente quando aplicados em seu tratamento. “A principal

10

Chamois: Segundo o Centro do Couro (2016) é “quando se utiliza o carnal ou parte inferior da divisão do couro ou através de efeito (retirada da flor com lixadeira) ganha a denominação de chamois.” O chamois é muito parecido com a camurça.

(45)

desvantagem no processo de tratamento do couro ecológico é devido ao seu alto custo”. (MUNDO DAS TRIBOS, 2016).

Já o couro sintético é o material feito a partir de derivados do petróleo ou de outras fibras, mas basicamente feito de Policloreto de Vinil, mais conhecido como PVC, que tem um baixo custo e é reciclável. Além do PVC, o couro sintético também pode ser feito de outros materiais: látex, polietileno tereftalato (PET), poliuretano (PU), nylon, cogumelos, fibra de abacaxi, entre outros.

Entretanto, o couro sintético popular, feito de PVC, gera controvérsias quando ganha o título de material sustentável uma vez que ele possui 5% de poliuretano, ou seja, de acordo com o site Couro Ecológico (2016), esse composto químico é feito a partir do petróleo, que também é poluente quando descartado na natureza.

2.5 SUSTENTABILIDADE E O COURO

A sustentabilidade se tornou a palavra de referência desde os últimos anos. A preocupação com o meio ambiente está cada vez mais sendo difundida dentre todos os setores que utilizam os recursos da natureza para colocarem seus produtos no mercado.

As indústrias de curtumes são um dos principais alvos pois há a poluição hídrica, sólida e atmosférica por parte das etapas de preparação da pele por essas empresas. Além da quantidade exacerbada de água utilizada, ela também é usada como solvente nos banhos de tratamento e nas lavagens. Segundo Câmera e Gonçalves Filho (2007 apud Brito, 2013), “a água entra limpa e sai acrescida de resíduos orgânicos e de produtos químicos, gerando uma mistura de efluentes com alto poder de contaminação e degradação do meio ambiente”.

A maior parte desses banhos e lavagens ocorre na etapa da ribeira e quando essa água é lançada nos rios impede o nascimento de peixes, e no solo, o crescimento das plantas. Além disso, há também o descarte, nos resíduos líquidos, de 40% do cromo não absorvido pela pele, o qual é altamente tóxico aos humanos (podendo causar câncer), animais, plantas e micro-organismos, sendo ele o principal poluidor dos curtumes.

(46)

Além disso, de acordo com Brito (2013), os resíduos sólidos geralmente são encaminhados para o lixão do município e não atendem à norma NBR 1000411, da Associação Brasileira de Normas Técnicas, ABNT. O tratamento dos efluentes industriais também gera um resíduo denominado lodo industrial, em que o responsável pela geração dele, deve acondicioná-lo em tambores e contêineres herméticos e, posteriormente, serem encaminhados para incineração ou aterros industriais.

A energia elétrica e térmica também são utilizadas pelos curtumes. A elétrica para ativação das máquinas e a térmica proveniente da queima da lenha para o aquecimento da água utilizada em todo o processo de preparação da pele. Essa queima compromete a qualidade do ar e, ainda mais, quando não há um contrabalanço pelas florestas, já que elas estão sendo cada vez mais desmatadas.

Em vista de tudo isso, foi criada recentemente uma iniciativa, a CSCB – Certificação de Sustentabilidade do Couro Brasileiro, pelo Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil, em vista de dar ao consumidor a certeza de que o artigo que ele consome é feito respeitando os três pilares da sustentabilidade: o econômico, o ambiental e o social.

Segundo o Sindicato Intermunicipal das Indústrias de calçados de Nova Serrana (2013), a CSCB conta com muitos parceiros, como curtumes, profissionais técnicos, fabricantes de móveis e calçados, instituições de ensino, indústrias de transformação, além da ABNT e do Inmetro.

Bases normativas publicadas pela ABNT em prol desta iniciativa devem ser atendidas pelas empresas que desejarem tal certificação, esta procura “reduzir o impacto ambiental inerente de sua atividade e proporcionando melhores condições de trabalho aos seus funcionários e respeitando a comunidade na qual a empresa está inserida” (CSCB, 2016).

Se assim acontecer de adotarem essa política de sustentabilidade ambiental, as empresas, além de contribuírem com o meio ambiente, ganharão a confiança dos consumidores, ampliarão suas oportunidades de negócios até no âmbito internacional, além de conseguirem reduzir custos com o racionamento de água e luz.

11 A seguinte norma estabelece que os resíduos considerados de classe I, ou seja, perigosos, não

podem ser descartados em lixões convencionais. (Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2004)

(47)

Contudo, observa-se que mesmo sendo um setor em que há muitos resíduos ambientais por parte dos processos de transformação das peles, estão sendo trabalhadas iniciativas para que tudo isso se torne mais sustentável. De acordo com o Instituto by Brasil (2016), há também por se acrescentar que, hoje, o couro utilizado pela indústria coureira é o artigo advindo da indústria alimentícia, ou seja, os animais não são abatidos exclusivamente para o setor coureiro.

2.6MODELAGEM, ENCAIXE E APROVEITAMENTO

A modelagem moderniza, dá leveza e forma as criações. É ela que coloca em prática todo o desejo do designer sobre o corpo humano que deve ser estudado, detalhado e valorizado. Muitas empresas acreditam que o setor de modelagem é o coração da confecção.

Segundo Araújo (1996 apud Souza, 2007), a modelagem é a “arte da confecção de moldes a partir de um modelo pré-estabelecido”, ou seja, é a transformação da criação do estilista em molde para que se torne possível a confecção da peça.

Existem dois tipos de técnicas de modelagem: a modelagem plana que pode ser feita manual ou computadorizada, e a modelagem tridimensional (moulage – termo francês, draping - inglês).

Segundo Rubbo (2013), a modelagem plana ou bidimensional, quando feita manualmente, é desenvolvida a partir de uma tabela de medidas em que o modelista faz a transposição gráfica dos desenhos, figuras e peças para o papel em função da geometria espacial. São usadas réguas, curvas francesas e esquadros para darem origem às linhas retas, curvas, paralelas e perpendiculares, as quais formarão os conhecidos moldes básicos. Já a computadorizada possibilita através de sistemas automatizados desenhar, modelar, graduar, encaixar e riscar com mais velocidade e precisão, aumentando significativamente a produtividade dos modelistas (SOUZA , 2007).

Ainda segundo Souza (2007), a modelagem tridimensional, draping ou

moulage trata de um método de modelar um tecido sobre um modelo vivo ou

manequim. Permite a construção dos moldes em três dimensões, largura, altura e profundidade, com alto grau de qualidade, caimento e visualização da peça.

(48)

Para o setor coureiro a técnica mais utilizada é a da modelagem plana. Entretanto, há empresas maiores que já automatizaram esse sistema e utilizam de programas para otimizarem a produção em grande escala. Há programas de modelagem computadorizada como o Audaces, Modaris, Investrônica, Moda1, Gerber, Optkad, entre outros direcionados a indústria de confecção. Já para a indústria de couro, a empresa Lectra possui o software Versalis, específico para a área.

Segundo o site da própria empresa Lectra (2016), o programa é comprado junto à máquina de corte e ambos trabalham juntos: o programa escaneia a peça de couro, transfere para o monitor do computador o formato da pele e faz o melhor encaixe de acordo com os moldes que foram desenvolvidos. O programa consegue aproveitar até 85% da pele, se esquivando de defeitos e imperfeições do material.

Além da moda, o programa também se destina às outras áreas que utilizam o couro como matéria prima, como o setor automobilístico e o setor de móveis. Na moda o programa é chamado de VersalisFashion, na indústria de automóveis de

VersalisAuto e na de mobília, VersalisFurniture.

Apesar de ser um programa de excelente eficiência e precisão, é economicamente inviável para empresas pequenas e até mesmo para muitas empresas maiores, uma vez que o conjunto maquinário e programa custam em torno de €380 mil, valor que envolve não somente o maquinário e o programa, mas também a prestação de serviços aos clientes, com a atualização automática do software sempre que necessário.

No artigo publicado por Fernandes (2000), também é enfatizada a importância do sistema CAD dentro da produção de calçados de couro para uma melhor produtividade em grande escala, mas que, apesar de eficiente quanto à produção, a automatização ainda é motivo de resistência das indústrias, uma vez que o programa possui alto custo.

Dessa forma, como alternativa, muitas empresas que não investem em automatização, ainda mantêm o tradicional corte pelo balancim, manual ou terceirizam através de locais especializados em corte a laser, sem que haja a necessidade de adquirir equipamentos para a própria empresa que, no fim, o investimento refletirá no preço final do produto.

Segundo Costa e Soares (2004 apud Mucci, 2008), na indústria do vestuário “o principal resíduo gerado provém dos retalhos de tecido resultantes da fase de

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corte do modelo projetado. O tamanho e quantidade das sobras dependem do molde e da tecnologia utilizada para o corte”. Fernandes (2000) confirma a ideia da importância da tecnologia no setor de corte para uma produção em larga escala, entretanto considera-se também o alto custo dos programas e maquinário uma causa que desencoraja os investidores.

Levando em consideração a afirmação de Fernandes (2000) dessa resistência à automatização por questões financeiras, a alternativa para o menor desperdício do material se volta ao encaixe e moldes, de maneira que possa ser trabalhada considerando o material em questão e suas particularidades.

A perda que ocorre na fase do encaixe, se deve ao fato de os moldes não se encaixarem perfeitamente, por apresentarem curvas, pontas e concavidades. Também está relacionada com o número de moldes a serem cortados, sua largura e a combinação de tamanhos realizada no momento do encaixe (MUCCI, 2008 p. 3).

Assim, salienta-se que a etapa de corte e a modelagem são as mais consideráveis para aqueles que querem reduzir o desperdício dos materiais dentro dos seus processos de produção. Como o presente estudo trabalhará com uma moda slow fashion12 e manual, a necessidade da automação para redução do desperdício se torna dispensável, visto que a produção será em baixa escala e a modelagem será trabalhada para tal objetivo de aproveitamento.

Contudo, percebe-se que é quanto ao planejamento e desenvolvimento de moldes, bem como a elaboração na hora do encaixe e do corte do material couro, que esse trabalho será desenvolvido, respeitando as necessidades do consumidor, a estética do produto e as particularidades do material para obter um produto final com menor desperdício e menor valor agregado.

2.6.1 Corte

A etapa do corte torna-se uma das responsáveis pelo melhor aproveitamento do material. É nela que são feitos os encaixes e observações quanto ao melhor aproveitamento. Essa etapa é tão importante de modo que, se houverem erros, há

12

Slow fashion foi o termo criado pela inglesa Kate Fletcher, em 2008, para ir de contramão a todo consumismo desenfreado e inconsequente da moda, ou seja, veio com o intuito de ser mais consciente e fazer pensar mais no que consome e como consome para evitar tantos desperdícios, principalmente quando voltados à natureza. (Fonte: Fashionista, 2012). Esse movimento preza por roupas atemporais, de maior qualidade, artesanais e de responsabilidade socioambiental.

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desperdício do material e o comprometimento de toda produção, uma vez que sem as peças cortadas, não há a montagem e confecção do produto.

O couro bovino (Figura 18) utilizado nesse projeto possui a seguinte divisão:

Figura 21 – 1- Culatra ou Lombo; 2- Espádua; 3- Pescoço ou cabeça; 4-Garras; 5- Barriga

Fonte: Adaptado de Sindicato da Indústria de Artefatos do Estado de São Paulo (2016).

No animal (Figura 22), a divisão seria assim:

Figura 22 – Representação, no animal, das partes utilizadas

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E o sentido (Figura 20) de elasticidade das fibras:

Figura 23 – Sentido da elasticidade das fibras do couro

Fonte: Sindicato da Indústria de Artefatos do Estado de São Paulo (2016)

Quanto ao sentido da elasticidade é importante ressaltar que o couro, apesar de ser um material com boa elasticidade e flexibilidade, não é urdido e nem se assemelha aos tecidos com elastano na composição. Dessa forma, na etapa do corte, o cortador deve observar em qual sentido posicionar o molde, pois o couro cede para mais ou para menos de acordo com o sentido da elasticidade das fibras, para que assim, a parte da peça possa esticar mais ou esticar menos de acordo com sua posição no produto final.

Segundo o site do Sindicato da Indústria de Artefatos do Estado de São Paulo (2016), para evitar desperdícios do material, o corte deve ser feito rente aos moldes, com movimentos firmes da faca, caso seja um corte manual. Os moldes devem ficar bem unidos no encaixe e “o corte deve obedecer a uma ordem decrescente, começando-se o corte dos moldes maiores e em maior quantidade, até chegar aos menores”.

As ferramentas utilizadas para o corte manual são a faca de cortador (Figura 21), lima e pedra de afiar. As máquinas utilizadas em corte mecânico são o balancim hidráulico (acionado por pressão a óleo, além de ser econômico, é de fácil manejo, Figura 22) e o balancim eletrônico (acionado eletronicamente, Figura 23). Bem como os sistemas de automatização através de programas e maquinários especializados, como os descritos anteriormente.

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Figura 24 – Lâmina da faca de cortador

Fonte: Coisas do Lar (2015). Figura 25 – Balancim Hidráulico

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Figura 26 – Balancim Eletrônico

Fonte: Máquinas Holden (2014).

2.6.2 A costura do couro

A costura do couro é um pouco diferente da costura dos tecidos tradicionais, segundo Vidal (2012), para costurar o couro, as partes devem ser primeiramente coladas para que não escapem uma das outras e logo após, costuradas. Bem como nos tecidos, a atenção na hora de costurar uma peça deve ser redobrada, pois uma vez errada a costura, os furos ficarão permanentes. Caso haja dificuldades em deslizar a peça na máquina, passa-se um pouco de talco. A costura deve começar a 0.5 centímetros da borda do couro para que se possa manipulá-lo e as agulhas a serem utilizadas são as de número 11 (onze) a 16 (dezesseis). Segundo Vidal (2012), as linhas devem ser sintéticas e duráveis, como as de nylon, poliéster e raiom usadas para tapeçaria. Procura-se utilizar um tamanho maior de agulha se a linha arrebentar ou falharem os pontos.

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3 METODOLOGIA

3.1 PESQUISA

A metodologia utilizada por este projeto tem por base a pesquisa bibliográfica, a pesquisa exploratória com abordagem qualitativa e a utilização do método indutivo de identificação do problema.

Para Gil (1989), pesquisa bibliográfica é aquela desenvolvida a partir de materiais já elaborados, principalmente de livros e/ou artigos científicos. Ela também permite ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que se ele fosse pesquisar diretamente.

A pesquisa exploratória, segundo Sampieri, Collado e Lucio (2013), é realizada a partir de análises sobre um tema ou problema de pesquisa pouco estudado, o qual ainda têm-se muitas dúvidas ou que não fora abordado antes, como é o caso deste projeto.

A pesquisa qualitativa tem como fonte direta de dados o ambiente natural, e como instrumento fundamental o pesquisador, utilizando a indução na análise de dados e dando maior importância aos significados atribuídos à vida e aos bens pelas pessoas. Assim, para coletar tais dados, utiliza-se de técnicas específicas, tais como: entrevista, formulário, questionário, teste e observação (ALMEIDA, 1996).

No presente projeto a pesquisa qualitativa dá-se pelo estudo com público alvo para a elaboração da coleção. E para a entrevista foi utilizado um questionário com o público para a obtenção dos dados.

A partir da experiência pessoal da autora em uma empresa de pequeno porte na área da confecção de artigos em couro para vestuário, em que atuou por meses no setor de produção, observaram-se sobras de couro no final do processo produtivo. Sendo assim, a sobra proveniente do corte poderia ser inserida na peça final e não nos montantes de sobras em couro. A partir daí, surgiu a hipótese para um melhor fim daquele restante de uma matéria prima de alto custo, que poderia ter sido melhor aplicada.

Dessa forma, pensou-se em um aproveitamento melhor para esses retalhos, que poderia ser realizado por meio de um melhor encaixe, corte, ou mesmo da aplicação do couro sobre outros materiais como destino para o restante dessa matéria prima. Na então mencionada empresa, não havia um estudo maior sobre

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encaixe e maneiras de haver um melhor aproveitamento, e, como solução parcial deste problema residual dentro da empresa, eram confeccionadas peças aplicando-se o conceito de patchwork com o couro restante, aplicando-sendo obaplicando-servadas que essas peças não eram tão vendáveis. Abaixo (Figura 24) um exemplo de patchwork em couro:

Figura 27: Jaqueta em patchwork

Fonte: Kika Couros (2016).

Assim, o presente projeto, visando toda a problemática envolvida, utilizou-se do método indutivo para a percepção do problema e elaboração de soluções. Para Gerhardt e Silveira (2009), segundo Bacon13, o método indutivo se dá a partir da observação, em que é possível formular uma hipótese explicativa da causa do fenômeno. Dessa forma, por meio da indução chega-se a conclusões que são apenas prováveis.

13

O filósofo Francis Bacon nasceu em 22 de Julho de 1561, em Londres, e faleceu em 9 de abril de 1626. Bacon foi o autor do primeiro esboço racional de uma metodologia científica. (Fonte: Uol Educação, 2016)

Referências

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