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Benefícios previdenciários derivados do acidente de trabalho

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UNIJUI – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

ROSELEIDE BINICHESKI

BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS DERIVADOS DO ACIDENTE DO TRABALHO

Santa Rosa (RS) 2012

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ROSELEIDE BINICHESKI

BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS DERIVADOS DO ACIDENTE DO TRABALHO

Monografia final do Curso de Graduação em Direito objetivando a aprovação no componente curricular Monografia.

UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

DCJS - Departamento de Estudos Jurídicos.

Orientador: MSc. João Maria Oliveira Mendonça.

Santa Rosa (RS) 2012

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Dedico este trabalho ao meu irmão que partiu para o mundo espiritual antes de poder completar sua graduação em Engenharia Mecânica, faltando apenas seis meses para sua formatura. Quero dividir com ele essa alegria e esse sonho de completar minha graduação.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, em primeiro lugar, que me permitiu chegar até aqui.

A minha família, em especial a minha mãe, pelo amor incondicional por ela que me fez seguir em frente apesar dos pesares.

Ao meu orientador, Professor João Maria Oliveira Mendonça pela sua dedicação e paciência.

A todos que colaboraram de uma forma ou outra, seja com a amizade, conselhos sábios, ou auxiliando-me no aprendizado acadêmico diário, o meu muito obrigado!

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Que as dificuldades nos ensinem a enxergar a graça da vida por todo canto. Que nossa frequência sintonize sempre na verdade, na liberdade e na beleza de tudo que é vivo.

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RESUMO

O presente trabalho tem o objetivo de estudar o acidente do trabalho no que envolve a Previdência Social, buscando esclarecer os benefícios previdenciários e quem são os indivíduos que tem o direito de receber esses benefícios. Para cada nível de sequela, ou seja, para cada nível de incapacidade causada pelo acidente do trabalho, que pode ser parcial ou total, tem um benefício destinado. Benefício este pago pela Previdência Social aos seus segurados que mantêm relação empregatícia. A Previdência Social, após as consolidações das sequelas causadas pelo acidente do trabalho, preocupada com a qualidade de vida, a incapacidade precoce, e a dependência financeira de seu segurado, propicia a este a habilitação e reabilitação profissional buscando inseri-lo novamente no mercado de trabalho.

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ABSTRACT

This work has the objective of study the work accident involving the social security seeking to clarify pension benefits and who are the individuals who have the right to receive them. For each sequel level, for each level of disability caused by accidents at work, which may be partial or total, has a particular benefit. This benefit paid by Social Security to their insured who holding employment relationships. Social security after the consolidations of sequels caused by an accident at work, concerned with the quality of life, early disability and financial dependence of its insured, provides the habilitation and rehabilitation professional looking for inserting it again in the labor market.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...10

1 SEGURIDADE SOCIAL E O ACIDENTE DO TRABALHO...12

1.1 Da Previdência Social...13

1.2 Definição de acidente do trabalho...14

1.3 Concausalidades...16

1.4 Tipos de acidente do trabalho...17

1.4.1 Acidente atípico...17

1.4.2 Acidente de trajeto ou acidente in itiniere...18

1.4.3 Doenças do trabalho...19

1.5 Consequências e incapacidades decorrentes do acidente do trabalho...21

1.5.1 Lesão leve sem sequela...21

1.5.2 Lesão com incapacidade laboral parcial e permanente...21

1.5.3 Lesão com incapacidade laboral total e permanente...22

1.5.4 Morte do empregado acidentado...22

2 PREVIDÊNCIA SOCIAL, BENEFÍCIOS E SERVIÇOS RELACIONADOS AO ACIDENTE DO TRABALHO...24

2.1 Comunicação do acidente do trabalho – CAT...25

2.2 Estabilidade no emprego...26

2.3 Aplicação da lei acidentária...28

2.4 Prescrição...28

2.5 Competência...29

2.6 Dos Benefícios e serviços...31

2.6.1 Auxilio doença acidentário...31

2.6.2 Auxilio acidente acidentário...33

2.6.3 Aposentadoria por invalidez acidentária...35

2.6.4 Pensão por morte acidentária...37

2.7 Habilitação e reabilitação Profissional...38

CONCLUSÃO...41

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INTRODUÇÃO

Acidentes do trabalho ocorrem em todo o mundo e ao tempo todo, pois o noticiário, quase que diário, mostra essa alarmante realidade enfrentada pelos trabalhadores e consequentemente suas famílias, levando a danos fatais ou incapacitantes em parte ou ao todo, afetando pessoas com idade produtiva e acarretando grandes consequências sociais e econômicas. Muitos são os fatores que colaboram ou causam os acidentes do trabalho, portanto, este que proporciona desde o sustento básico até o conforto, pode ser uma fonte de sofrimento quando causar ferimentos no trabalhador.

O ser humano necessita do trabalho seja como única fonte de renda, ou seja, para manter seu patrimônio, submetendo-se muitas vezes, a condições inadequadas para o exercício das atividades cotidianas, mas inevitáveis pelo tipo de atividade desenvolvida. São pessoas, na maioria das vezes, assalariadas que dependem do seu labor, pois, cada vez mais o trabalho é o centro da vida, tudo gira ao redor dele e da renda que dele provem. Assim sendo, exige-se dos trabalhadores, desde o esforço físico até o esforço mental, expondo-os a muitos riscos, no decorrer dos dias de trabalho.

Cada vez mais, a competitividade se expande dentro dos locais de trabalho, influenciando e até forçando um melhor desempenho ou maior produtividade por parte do trabalhador para manter-se em seu cargo. Essa “pressão” por um melhor desempenho ou por uma maior produtividade faz com que os erros em manejar equipamentos, ou falta de atenção no desenvolvimento de uma atividade, causem, sem querer, um acidente com o ele próprio ou com um colega de trabalho. Ainda, a referida “pressão”, afeta o psíquico da pessoa, ocasionando desequilíbrio emocional desencadeando doenças a ele relacionadas.

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A exigência das empresas nem sempre é seguida de condições seguras e de informações sobre os riscos que os trabalhadores estão expostos, tanto quanto á segurança necessária no desenvolvimento do trabalho, seja referente ao uso de equipamentos de proteção quanto ao treinamento adequado para cada função.

O acidente pode ocorrer também, pela culpa do empregado, sendo denominado como o ato inseguro, que é uma conduta a partir de uma decisão, escolha ou opção que desnecessariamente conduzam a ocorrência de um acidente ou contribua direta ou indiretamente para que ele ocorra (CPSOL, Ato inseguro..., 2012, p.x).

Enfim, seja por culpa da empresa, por ato inseguro do trabalhador, acidente causado por terceiro, etc., os acidentes do trabalho ocorrem e quando isso acontece, o trabalhador precisa estar segurado á Previdência Social para não ficar desamparado. E neste ponto, se evidencia a importância do conhecimento referente ao acidente do trabalho pelos trabalhadores e empregadores, para que cada parte seja conhecedora de seus direitos e deveres.

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1 SEGURIDADE SOCIAL E O ACIDENTE DO TRABALHO

A Seguridade Social é composta por diversos mecanismos de amparo social como a aposentadoria e os auxílios, sem custeio próprio, apoiados nas contribuições destinadas á futuras aposentadorias e pensões conforme leciona Leny Xavier de Brito e Souza (2000). Com essa definição, pode-se entender, que aquelas pessoas que não possuem condições de contribuir com a previdência, estariam amparadas no caso de dificuldades de prover seu próprio sustento por problemas de saúde ou idade avançada, mas, é direcionada para todos aqueles que necessitarem sim, desde que, seus casos estejam previstos em lei.

O artigo 1º da Lei 8.212 de 24 de julho de 1991 define a Seguridade Social como um conjunto integrado de ações de iniciativas dos poderes públicos e da sociedade, destinados a assegurar o direito relativo à saúde, à previdência, e a assistência social. Conforme o parágrafo único deste artigo, a Seguridade Social obedecerá aos seguintes princípios e diretrizes:

Art. 1º A Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinado a assegurar o direito relativo à saúde, à previdência e à assistência social.

Parágrafo único. A Seguridade Social obedecerá aos seguintes princípios e diretrizes:

a) universalidade da cobertura e do atendimento;

b) uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;

c) seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; d) irredutibilidade do valor dos benefícios;

e) equidade na forma de participação no custeio; f) diversidade da base de financiamento;

g) caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa com a participação da comunidade, em especial de trabalhadores, empresários e aposentados.

A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das contribuições sociais dos empregadores, das empresas e das entidades a ela equiparada na forma da lei do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, sobre a receita de concursos de prognósticos, do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar, conforme o artigo 195 da Constituição da República Federativa do Brasil (CF 88).

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1.1 Da Previdência Social

Nas palavras de Floriceno Paixão (1973, p. 7), podemos ter uma ideia do conceito de Previdência Social á algumas décadas atrás:

A Previdência Social é, no Brasil, um sistema de seguro obrigatório que tem por fim amparar os que exercem atividade remunerada, bem como os seus dependentes, contra eventos previsíveis provocados pela doença, idade avançada, tempo de serviço, prisão ou morte. Ela proporciona benefícios em dinheiro aos seus beneficiários (aposentadoria, auxílios, etc.) e serviços (assistência médica, assistência farmacêutica, reabilitação profissional, etc.).

Ainda, anteriormente, o conceito de Previdência Social, dava impressão de ser um instituto formado pela união de todos para amparar o mais frágil, mas isso tudo deixou de ser quando as contribuições arrecadadas pelos contribuintes ativos foram destinadas para seu próprio amparo e de seus dependentes (SOUZA, 2000).

Nos dias atuais, a Previdência Social, se conceitua no artigo 3º da Lei 8.212/91 e artigos 1º da Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, afirmando ser um sistema que, mediante contribuições, tem a finalidade de assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, idade avançada, tempo de serviço, desemprego involuntário, encargos de família e reclusão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente.

No artigo 2º da Lei 8.213/91, estão elencados os princípios e objetivos da Previdência Social:

Art. 2º A Previdência Social rege-se pelos seguintes princípios e objetivos: I - universalidade de participação nos planos previdenciários;

II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;

III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios;

IV - cálculo dos benefícios considerando-se os salários-de-contribuição corrigidos monetariamente;

V - irredutibilidade do valor dos benefícios de forma a preservar-lhes o poder aquisitivo;

VI - valor da renda mensal dos benefícios substitutos do salário-de-contribuição ou do rendimento

do trabalho do segurado não inferior ao do salário mínimo;

VII - previdência complementar facultativa, custeada por contribuição adicional;

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VIII - caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa, com a participação do governo e da comunidade, em especial de trabalhadores em atividade, empregadores e aposentados.

Já o artigo 201 da CF 88, destaca a forma de organização da Previdência Social e o que ela deverá atender:

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;

III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda;

V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º.

Portanto, tem direito aos benefícios e serviços, aqueles que contribuem com a Previdência, ou que sejam dependentes desses contribuintes, e que na falta deles estarão amparados. Os benefícios e serviços prestados pela previdência são em dinheiro, serviço social e a habilitação e reabilitação profissional.

O serviço social, que tem seu fundamento no artigo 88 da Lei 8.213/91, e tem a finalidade de proporcionar aos beneficiários, condições melhores de vida, mediante esclarecimento dos seus direitos sociais e como exercê-los, ajudando na solução de problemas referentes á Previdência Social. Por sua vez, a habilitação e reabilitação profissional, fundamentadas no artigo 89 da Lei 8.213/91, possuem o objetivo reeducar e readaptar o profissional incapacitado parcialmente ou totalmente, para voltar ao mercado de trabalho.

1.2 Definição de acidente do trabalho

O Ministério da Saúde define o acidente do trabalho da seguinte forma:

Acidente do trabalho é o evento súbito ocorrido no exercício de atividade laboral, independentemente da situação empregatícia e previdenciária do trabalhador acidentado, e que acarreta dano à saúde, potencial ou imediato, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que causa direta ou indiretamente (concausa) a morte, ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Inclui-se ainda o acidente ocorrido em qualquer situação em que o trabalhador esteja representando os

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interesses da empresa ou agindo em defesa de seu patrimônio; assim como aquele ocorrido no trajeto da residência para o trabalho ou vice-versa.

No entendimento de Diná Aparecida Rossignolli Salem (2005, p. 31), temos uma definição mais específica, onde ela diz que “acidente do trabalho é o ocorrido durante a prestação de serviços ou no percurso de ida e volta para o trabalho, o que usualmente se chama de acidente in itinere. Ou, ainda, a doença profissional, causada pelo ambiente de trabalho.”

Segundo Oliveira (2005), o conceito de acidente do trabalho mudou com o passar do tempo e foi se aperfeiçoando. Primeiramente, a definição levava em conta principalmente as lesões, e depois então, passou a considerar os fatores, deixando de considerar causa única, alargando o campo de abrangência e acolhendo ás concausas com o Decreto-lei n. 7.036/44.

Segundo a legislação atual, o artigo 19, da lei 8.213/91, define legalmente o acidente do trabalho:

Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.

A lesão corporal citada é o dano anatômico, enquanto a perturbação funcional é o dano permanente ou transitório que se exemplifica na redução da audição, dores contínuas, perda da visão e até perturbações psíquicas.

Segundo Primo Brandimiller (1996), citado por Oliveira (2005, p. 38), a norma anteriormente citada, não define completamente o acidente, por isso da importância deste ensinamento:

No sentido genérico, o acidente é o evento em si, a ocorrência de determinado fato em virtude da conjugação aleatória de circunstâncias causais. No sentido estrito, caracteriza-se também pela instantaneidade: a ocorrência é súbita e a lesão imediata. Os acidentes ocasionam lesões traumáticas denominadas ferimento, externos ou internos, podendo também resultar em efeitos tóxicos, infecciosos ou mesmo exclusivamente psíquicos. O acidente comporta causas e consequências, contudo não pode ser definido, genericamente, nem pelas causas nem pelas consequências. As

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circunstancias causais permitem classificar os acidentes em espécies: acidentes do trabalho, acidentes de trânsito, etc. As consequências também classificam os acidentes: acidentes com ou sem danos pessoais, acidentes com ou sem danos materiais, acidente grave, acidente fatal, etc.

Embora o termo dano pessoal seja juridicamente mais amplo, em infortunística refere-se ás consequências físicas ou psíquicas decorrentes do acidente. O acidente do trabalho é, portanto, toda ocorrência casual, fortuita e imprevista que atende conjugadamente os seguintes requesitos: quanto à causa: o acidente que decorreu do exercício do trabalho a serviço da empresa – o que justifica o tipo: acidente do trabalho; quanto à consequência: o acidente que provocou a lesão corporal ou perturbação funcional causando a morte ou perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.

A denominação adequada seria acidente do trabalho com dano pessoal. Nos seguros privados fala-se em acidentes pessoais (AP). Contudo consagrou-se em infortunística o termo acidente do trabalho, que constitui uma das categorias do dano pessoal.

No mesmo entendimento ainda, Oliveira (2005), ressalta que o INSS, concede aos seus segurados cobertura nos casos de afastamento do trabalho, existindo ou não nexo causal com o trabalho, podendo ainda citar como definição, aquele acidente de qualquer natureza ou causa, aquele de origem traumática e por exposição a agentes exógenos, causadores de lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda, ou a redução permanente ou temporária da capacidade laborativa.

1.3 Concausalidade

Conforme Oliveira (2005, p. 47) “a primeira lei acidentária de 1919 só admitia o acidente do trabalho ou doenças profissional originados de causa única; todavia, desde o Decreto-lei 7.036/44, passou a ser admitida a teoria das concausas.” Atualmente, a legislação em vigor é a Lei 8.213/91, e tem previsão expressa a respeito em seu artigo 21:

Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei: I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação.

O melhor conceito para concausas é o ensinado por Cavalieri Filho (2003) e citado por Oliveira (2005, p. 47) que diz que “a concausa é outra causa que, juntando-se com a principal, concorre para o resultado [...] não inicia e nem interrompe o processo causal, apenas o reforça [...]” Essa outra causa, pode ou não, ser ligada a atividade profissional, pois, pode

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ser ainda outras causas extralaborais. No mesmo sentido, pode ainda acontecer, de o acidente já ter ocorrido e ser agravado por outra causa, mas vale lembrar que esta causa precisa ser eficiente, ou seja, contribuído diretamente para o acidente ou agravamento deste.

A concausalidade pode ser preexistente, quando o trabalhador ao se ferir tem seu quadro mais agravado por ser portador de alguma doença grave, pode ser superveniente, se o ferimento desencadear um problema de saúde, como um tétano, por exemplo, e pode ainda ser simultâneo, como quando o empregado sofrer um ataque cardíaco e por isso cair de uma escada ou telhado, por exemplo.

O acidente deste tipo pode ainda ser denominado de acidente como coadjuvante, já que contribuiu, mas não como causa única para lesar ou causar a morte de alguém (SALEM, 2005).

1.4 Tipos de Acidente do Trabalho

Existem três tipos de acidente do trabalho, mas, que segundo Oliveira (2005), o legislador não conseguiu abranger todas as hipóteses em que acontecem os acidentes e de que forma podem ser classificados. Contudo, genericamente, podemos classificar como acidente típico, acidente de trajeto e doença ocupacional ou do trabalho.

1.4.1 Acidente Típico

O acidente típico está previsto no artigo 19, da Lei 8.213/91 e é aquele que ocorre durante o exercício do trabalho rotineiro, a serviço da empresa fora do local de trabalho e até mesmo quando o empregado estiver representando esta, como por exemplo, em uma festa e estiver vestindo a camisa da empresa, claro, que com o conhecimento e consentimento do empregador. Vale lembrar que a lei define empresa como o empregador em geral, incluindo pessoas jurídicas, conforme ressalta José dos Reis Feijó Coimbra (1993).

Explica Salem (2005, p. 37) que “se o empregado se acidentar nos intervalos para refeição ou descanso ou, ainda, se sofrer um acidente, por exemplo, no banheiro, este acidente será considerado do trabalho.” Isso dentro da empresa ou fora dela, mas, como antes dito, a serviço desta ou por ordem do patrão. A explicação é reforçada no §1 do artigo 21 da Lei

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8.213/91, que diz que: “Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho.”

O acidente pode ser causado, dentro da empresa, por terceiros, caso fortuito ou força maior, que se refere no caso do acidente acontecer por causa de um colega agir de forma errada, que pode ser ao manipular uma máquina e assim causar um acidente, por agressão física, ou ainda, por exemplo, no caso de ocorrer um incêndio na empresa. O acidente por esses motivos tem seu fundamento no inciso II do artigo 21 da Lei 8.213/91, e diz o seguinte:

Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei:

[...]

II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de:

a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho;

b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho;

c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho;

d) ato de pessoa privada do uso da razão;

e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior.

O acidente, também pode ocorrer, por consequência de contaminação acidental, no caso de doenças transmissíveis pelo sangue, saliva, contato direto ou pelo ar. O risco maior desse tipo de acidente ocorrer é dentro dos hospitais. O inciso III do mesmo artigo citado anteriormente define esse acidente como “a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade.”

1.4.2 Acidente de trajeto e acidente in itiniere

O inciso IV do artigo 21 da Lei 8.213/91, estabelece as condições para que esse acidente seja caracterizado como acidente do trabalho:

Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei:

[...]

IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho:

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a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa;

b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito;

c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado;

d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado.

Sendo assim, quando o empregado sair para entregar produtos da empresa, serviços bancários por ordem desta, prestar um serviço por iniciativa própria, mas, em proveito da empresa, viajar para fazer cursos como de capacitação mesmo em carro próprio, na ida e na volta das refeições quando estas forem feitas fora do local de trabalho ou se o empregado tiver mais de um emprego e se deslocar de um para o outro, se ocorrer um acidente nesses casos, também será acidente do trabalho.

O acidente in itinere, é aquele que ocorre no percurso de ida e volta do trabalho, sem desvio do percurso habitual, que vai do portão da empresa até a porta da casa, ou vice-versa. O meio de locomoção que o empregado adotar, não muda em nada a caracterização do acidente de trabalho, podendo mesmo ser a pé. Apenas não pode desviar do percurso para realizar alguma atividade particular, conforme ressalta Salem (2005).

Assim, o empregado que, ao retornar do serviço, desvia do trajeto usual para outro totalmente diverso, e vier a sofrer um acidente no percurso, colocará em dúvida a caracterização de acidente do trabalho. Sendo assim, o trajeto precisa ser estritamente feito entre a residência e a empresa ou vice-versa, para não ter seu direito da caracterização como acidente do trabalho discutida e até mesmo negada. Contudo, podem ser discutidos pequenos desvios e toleradas pequenas variações quanto ao tempo de deslocamento, como passar na farmácia antes de ir para casa ou para o trabalho. Mas se o percurso for alterado substancialmente, fica descaracterizado o acidente do trabalho (OLIVEIRA, 2005).

1.4.3 Doença ocupacional

“Enquanto o acidente é um fato que provoca lesão, a enfermidade profissional é um estado patológico ou mórbido, ou seja, perturbação da saúde do trabalhador.” (OLIVEIRA,

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2005, p. 43). Desde as primeiras legislações, as doenças provocadas pelo trabalho, são consideradas acidente do trabalho, portanto, podemos ver a importância e gravidade gerada por elas na vida profissional do empregado. A doença é adquirida com o passar do tempo, não acontece repentinamente e são causadas por diversas condições, como o manejo de produtos químicos, barulho excessivos, iluminação inadequada, etc. São adquiridas ou desencadeadas pelo decorrer do tempo, pelas condições que o trabalho é realizado e tem sua previsão no artigo 20 da Lei 8.213/91, que destaca também aquelas que não são consideradas acidente do trabalho:

Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as seguintes entidades mórbidas:

I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social;

II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I.

§ 1º Não são consideradas como doença do trabalho: a) a doença degenerativa;

b) a inerente a grupo etário;

c) a que não produza incapacidade laborativa;

d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.

§ 2º Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na relação prevista nos incisos I e II deste artigo resultou das condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdência Social deve considerá-la acidente do trabalho.

As doenças citadas no artigo 20, e excluídas das consideradas acidentes do trabalho, são aquelas que não possuem nexo causal com a atividade exercida, mas sim, são doenças que o empregado iria desenvolver de qualquer forma, mesmo se não estivesse trabalhando. No entanto, precisa ter atenção quanto ás doenças ocupacionais de natureza degenerativa, mas essas ainda são bastante questionáveis.

As doenças são classificadas de três formas: doença profissional, que é aquela advinda da atividade profissional e diretamente vinculada a esta, portanto, é típica da atividade exercida, por isso, tem seu nexo causal presumido, ou seja, o exercício de determinada função gerou esta doença pelo uso, por exemplo, de algum produto químico; doença do trabalho, também é adquirida durante as atividades profissionais, mas pelas

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condições em que estas são realizadas, seja por movimentos repetitivos ou pelo barulho, iluminação, etc., não está vinculada diretamente com a profissão; e a doença ocupacional, é uma denominação dada ás duas anteriores, pois, é o gênero que mais abrange as modalidades das doenças relacionadas com o trabalho (OLIVEIRA, 2005).

1.5 Consequências e incapacidades decorrentes do acidente do trabalho

Muitas vezes, o acidente de trabalho pode não causar nenhuma consequência, ou nenhuma incapacidade ao empregado, a não ser o afastamento do trabalho por alguns dias para recuperação; pode causar incapacidade parcial e permanente; pode causar incapacidade total, não estando mais apto para o trabalho; e, pode ainda ter consequências fatais com á morte do empregado.

1.5.1 Lesão leve sem sequela

Quando a lesão for leve sem sequelas, a incapacidade será temporária, sendo que o empregado ficará afastado do trabalho para tratamento e recuperação, recebendo da empresa os 15 primeiros dias e após este período, o INSS paga o auxílio-doença acidentário até a data da alta médica do trabalhador. Após a alta, o trabalhador retorna ao trabalho com sua capacidade laboral plena.

Na data da alta médica, o trabalhador passa a ter estabilidade provisória no seu emprego por 12 meses, conforme o artigo 118 da Lei 8.213/91 e do artigo 346 do Decreto 3.048 de 06 de maio de 1999.

1.5.2 Lesão com incapacidade laboral parcial e permanente

Quando a incapacidade laboral for parcial e permanente, o empregado ficará afastado da empresa, recebendo desta os primeiros 15 dias, após entrará em auxílio-doença, pago pelo INSS. Constatada a consolidação das lesões, o trabalhador tem somente parte da sua capacidade laboral recuperada, podendo voltar as suas funções, mas, com algumas restrições. Com isso, passa a receber do INSS o auxílio acidente. Como não terá mais sua capacidade laborativa total de volta, a sua produtividade no trabalho estará para sempre comprometida em

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partes, e assim, o auxilio acidente será um benefício de direito do trabalhador até a data de sua aposentadoria.

Neste caso, o acidentado tem direito de mover uma ação de indenização em face do seu empregador, se houver culpa no acidente ocorrido. A culpa cível se caracteriza pela imprudência, imperícia e negligencia (SALEM, 2005).

1.5.3 Lesão com incapacidade laboral total e permanente

Na incapacidade laboral total e permanente, o empregado fica afastado do trabalho, recebendo da mesma forma dos anteriores, os primeiros 15 dias da empresa, depois passando a receber o benefício de auxílio-doença por acidente do trabalho. Comprovada a incapacidade total e permanente, o empregado passa a receber a aposentadoria por invalidez.

Mesmo que a aposentadoria venha junto com a ideia de ser permanente, sempre pode ocorrer da pessoa invalida retomar sua condição física pelo tipo de lesão e onde ocorreu esta. Por isso, caso o empregado, um dia, venha a recuperar sua capacidade laborativa, a aposentadoria será cessada.

Da mesma forma anterior, se for comprovada que houve culpa no acidente por imprudência, imperícia ou negligência, o empregado acidentado, terá direito de mover uma ação de indenização contra a empresa.

1.5.4 Morte do empregado acidentado

É comum acontecer acidentes do trabalho com morte dos trabalhadores. Essa fatalidade, na maioria das vezes, ocorre por falta de segurança ao executar as tarefas da mesma forma que ocorrem os acidentes com lesões, mas claro, quando causa à morte de alguém o acidente é muito mais grave.

Trabalhadores que caem de andaimes, que são soterrados em silos, por exemplo, são notícias tristes e comuns que poderiam ser evitadas na maioria dos casos se empregado e empregador tomassem as medidas necessárias para a segurança e proteção de ambas as partes, mesmo que nenhuma empresa que ser notícia pela morte de um funcionário.

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Mas quando isso acontecer, os dependentes do de cujus, se este for aposentado ou não, terão direito de receber da previdência, uma pensão por morte, no valor de 100% da aposentadoria que o segurado recebia ou que teria direito de receber se estivesse aposentado por invalidez na data do seu falecimento (artigos 26, 74-79 da Lei 8.213/91 e artigos 30,39, 105-115 do Decreto 3.048/99).

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2 PREVIDENCIA SOCIAL, BENEFÍCIOS E SERVIÇOS RELACIONADOS AO ACIDENTE DO TRABALHO

Desde o ano de 2007, a Previdência Social adota uma nova forma de concessão de benefícios acidentários, sendo que, a perícia médica passou a adotar três etapas sequenciais para identificar a natureza da incapacidade, ou seja, se ela é acidentária ou não. Por primeiro, ocorre à identificação de ocorrência de Nexo Técnico Profissional ou do Trabalho – NTP/T – verificando a existência da relação “agravo – exposição” ou “exposição – agravo”, que quer dizer se a exposição a certos materiais no trabalho contribui para o agravamento da doença ou lesão. Depois ocorre a identificação de ocorrência de Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário – NTEP – averiguando se as condições do ambiente podem contribuir para o surgimento de doenças ou agravamento. Por fim, a identificação de ocorrência de Nexo Técnico por Doença Equiparada a Acidente do Trabalho – NTDEAT – implica na análise individual do caso, mediante o cruzamento de todos os elementos levados ao conhecimento do médico-perito da situação geradora da incapacidade (Ministério da Previdência Social, 2012, p.x).

Se for encontrada a ocorrência de qualquer um dos três nexos, então implicará na concessão de um benefício de natureza acidentária. Se não houver nenhum dos nexos, o benefício será classificado como previdenciário (Ministério da Previdência Social, 2012, p.x).

Muitos acidentes do trabalho possuem a CAT – Comunicação do Acidente do Trabalho registrada, mas, o número de acidentes ocorridos sem o registro da CAT também é grande e nestes casos é necessário usar de outras formas para identificar o acidente como sendo do trabalho, por isso, a importância da identificação da natureza da lesão ou doença através da perícia médica da Previdência Social.

Muitos são os procedimentos usados pela Previdência Social para comprovar a natureza acidentária, mas é muito importante que cada segurado e empresa façam seu devido papel de garantir o melhor resultado caso necessitem acionar essa autarquia, poupando um desgaste desnecessário principalmente ao segurado.

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2.1 Comunicação do acidente do trabalho – CAT

A primeira providencia a ser tomada assim que forem prestados os primeiros socorros ao acidentado, para o reconhecimento do acidente e ao direito do empregado, é a comunicação do acidente à Previdência Social, mesmo que este possa ser identificado pela perícia médica. É válido ressaltar, que isso ocorre em caso de acidente repentino e não nos casos de doença profissional equiparada com acidente do trabalho, que, quando se tratar da segunda, é necessário provar a relação da doença com o trabalho. A empresa ou o empregador são os responsáveis pela expedição da comunicação do acidente, havendo afastamento ou não do trabalho, e esta deverá ser feita até o primeiro dia útil seguinte ao do fato. A comunicação é feita por formulário próprio do INSS, com modelo disponível no site da Previdência Social.

A lei n. 8.213/91 em seu artigo 22 estabelece o seguinte:

Art. 22. A empresa deverá comunicar o acidente do trabalho à Previdência Social até o 1º (primeiro) dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o limite máximo do salário-de-contribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada pela Previdência Social.

O mesmo artigo, em seu § 2º, estabelece ainda que no caso da empresa deixar de fazer a comunicação, podem formalizá-la o próprio acidentado, os seus dependentes, o sindicato de sua classe, o médico que realizou seu atendimento ou até mesmo qualquer autoridade pública. Neste caso, o prazo referido no caput do artigo 22 não prevalece. Mas, se a empresa deixar de efetuar a comunicação, corre risco de multa no valor que pode variar entre o limite máximo e o teto máximo do salário de contribuição, que será cobrada e aplicada nos termos do artigo 286 do Regime da Previdência Social com a aprovação do Decreto n. 3.048/99.

No que se refere o presente artigo sobre a morte do empregado, conforme ensina Oliveira (2005), além da comunicação do óbito ao INSS, é necessário comunicar a autoridade policial o ocorrido, para que esta venha a investigar no inquérito próprio se existe delito para se punir na esfera criminal. Nesse caso é muito importante que a comunicação seja feita até o primeiro dia útil após o acidente, para que se possa colher todas as provas possíveis.

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No caso do acidente ser detectado tardiamente, quando o empregado estiver desempregado, a CAT precisa ser emitida pela empregadora onde ocorreu o acidente ou pelas pessoas autorizadas pelo regulamento da Previdência Social. Este caso ocorre geralmente nas doenças ocupacionais ou profissionais, e é identificado na maioria das vezes quando o individuo for contratado por uma nova empregadora, cabendo a anterior a responsabilidade pelo ocorrido. A expedição da CAT nestes casos também é obrigatória, conforme o artigo 169 da CLT.

A CAT é expedida em quatro vias, onde a primeira pertence ao INSS, à segunda ao segurado ou dependente, a terceira ao sindicato e a última é a via da empresa. Nela deve conter informações absolutamente precisas sobre o acidente sofrido pelo trabalhador e informações de cunho previdenciário, estatístico, epidemiológico, trabalhista e social. Cabe ainda ressaltar a importância da expedição da CAT, para ter o reconhecimento do acidente do trabalho ou o adoecimento no trabalho, garantir a estabilidade no emprego por 12 meses ou mais, garantir seu FGTS que a empresa é obrigada a depositar enquanto o empregado estiver afastado de suas funções e para que este período de afastamento conte como tempo de serviço para sua aposentadoria.

A CAT pode ser apresentada na agência da Previdência Social que mais convier ao segurado, que pode ser a situada no município da sede da empresa, a do local do acidente, da residência do empregado ou onde foi efetuado o atendimento médico.

2.2 Estabilidade no emprego

O empregado que se acidentar tem a estabilidade no trabalho garantida pelo prazo mínimo de 12 (doze) meses, exceto aos trabalhadores domésticos e avulsos, a partir da cessação do auxilio doença acidentário, independente de percepção do auxílio-acidente, como afirma o artigo 118 da Lei n. 8.213/91 e o artigo 346 do Decreto n. 3.048/99. Neste período, o empregado não pode ser demitido a não ser por justa causa. Assim especifica o referido artigo 118:

Art. 118. O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantido, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente.

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Agora, com a Súmula 378 do TST de setembro de 2012, pode-se mudar o entendimento quanto ao não direito de estabilidade dos

Conforme Salem (2005, p. 84), “mesmo não tendo entrado em auxílio-doença pelo acidente do trabalho, o empregado faz jus à estabilidade provisória.” Ele continua seu pensamento dizendo que:

[...] o legislador, ao usar a expressão ‘após a cessação do auxílio-doença acidentário’ no art. 118 da Lei 8.213/9 e no art. 348 do Decreto n. 3.048/99, quis mostrar um parâmetro de quando começa o prazo de 12 meses da estabilidade provisória. E, no caso de não ter tido o benefício de auxílio-doença acidentário, logicamente que começará a partir da volta do empregado ao serviço.

Pode acontecer do segurado não vir a receber o benefício de auxílio-doença por diversos motivos, mas, no entanto, esse fato não descaracteriza o acontecido, ou seja, o acidente aconteceu e isso faz com que o empregado tenha direito a estabilidade provisória. Dessa mesma forma, segundo Salem (2005), a expressão “independente de percepção de auxílio-doença”, pode ser interpretada como se ficou ou não com incapacidade laboral e se restou ou não sequelas.

Portando, o fato de ter se acidentado no emprego, basta para se ter o direito da estabilidade, não importando se teve ou não redução da sua capacidade laboral. Esse pensamento é reforçado pelo artigo 346 do Decreto n. 3.048/99:

Art. 346. O segurado que sofreu o acidente a que se refere o art. 336 tem garantido, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente da percepção de auxílio-acidente.”

O direito de estabilidade, levando em conta apenas que o acidente ocorreu, previne que empregadores mal intencionados deixem de realizar a comunicação do acidente do trabalho no intuito de não conceder a estabilidade ao empregado (SALEM. 2005). Lembrando ainda, que o direito a estabilidade pertence aos contratos por tempo indeterminado, pois, aqueles por tempo determinado, encerrarão ao final do contrato na data estipulada. Essa

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informação constatada nas doutrinas pode estar equivocada agora, com a Súmula 378 do TST de setembro de 2012, onde diz o seguinte:

Súmula nº 378 do TST

ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ACIDENTE DO TRABALHO. ART. 118 DA LEI Nº 8.213/1991. (inserido item III) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

I - É constitucional o artigo 118 da Lei nº 8.213/1991 que assegura o direito à estabilidade provisória por período de 12 meses após a cessação do auxílio-doença ao empregado acidentado. (ex-OJ nº 105 da SBDI-1 - inserida em 01.10.1997)

II - São pressupostos para a concessão da estabilidade o afastamento superior a 15 dias e a conseqüente percepção do auxílio-doença acidentário, salvo se constatada, após a despedida, doença profissional que guarde relação de causalidade com a execução do contrato de emprego. (primeira parte - ex-OJ nº 230 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)

III – III - O empregado submetido a contrato de trabalho por tempo determinado goza da garantia provisória de emprego decorrente de acidente de trabalho prevista no n no art. 118 da Lei nº 8.213/91.

Portanto, ainda não se sabe como vai ser efetivada a estabilidade dos empregados com contrato por tempo determinado como está previsto no inciso III desta Súmula.

Sendo assim, o empregado ao retornar ao trabalho, depois da alta, terá direito ao seu lugar que ocupava na empresa antes do acidente e o mesmo salário de antes, mas, a empresa deve colocá-lo em funções compatíveis com sua situação pós-acidente (SALEM, 2005).

2.3 Aplicação da lei acidentária

Sua aplicação é imediata, portanto, a lei aplicável é aquela vigente na época do fato, ou seja, no dia em que ocorreu o acidente. Quando se tratar de doença do trabalho equiparada a acidente do trabalho, é valida a lei vigente na data em que se diagnosticou a patologia (SALEM, 2005).

Nos casos de acidente do trabalho, o empregado não tem o direito de usufruir da lei mais benéfica no caso de lei nova mais favorável por causa do princípio tempus regit actum, que não implica em retroatividade da lei, conforme entendimento jurisprudencial a seguir:

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EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. ACIDENTE DO TRABALHO. AUXILIO-ACIDENTE. REVISÃO DE BENEFÍCIO EM RAZÃO DE LEI POSTERIOR MAIS BENÉFICA. IMPOSSIBILIDADE.

- REVISÃO DO AUXÍLIO-ACIDENTE -

De acordo com a orientação desta 9ª Câmara Cível, seguindo precedente oriundo do Tribunal Pleno do STF, os benefícios previdenciários deverão ser regidos pela lei vigente na época da sua concessão. Observância do princípio tempus regit actum, sendo, pois, inviável a revisão do benefício em função de lei posterior superveniente mais benéfica.

Assim, não é possível a aplicação retroativa dos efeitos da Lei n° 9.032/95 para revisão de benefícios acidentários concedidos em momento anterior à sua vigência.

APELO DESPROVIDO.

Processo: AC 70046692752 RS. Relator(a): Leonel Pires Ohlweiler. Julgamento: 29/02/2012. Órgão Julgador: Nona Câmara Cível. Publicação: Diário da Justiça do dia 19/03/2012 (RS, 2012).

2.4 Prescrição

Somente a cobrança de parcelas vencidas prescreve, mas não o direito do empregado de requer seu direito. Isso quer dizer que o empregado não perde seu direito de ação, pois, sempre poderá reclamar as prestações no tempo pretérito de cinco anos anteriores a ação (SALEM, 2005). Não se fala em prescrição total para a percepção de benefícios acidentários junto ao INSS, mas sim em prescrição parcial por que a prescrição atinge apenas as prestações vencidas antes do quinquênio anterior à propositura da ação.

Um exemplo da forma prescricional, na prática, é quando um segurado que sofreu um acidente do trabalho no ano 1990 com perda da sua capacidade laboral, e por algum motivo não requereu o benefício acidentário nesta época, mas agora, em 2012, ingressou em juízo e tem o direito as parcelas vincendas e vencidas, mas essas últimas limitadas a 2007 que são as parcelas correspondentes ao quinquênio anterior à propositura da ação acidentária. As parcelas entre 1990 e 2007 estão prescritas, sendo o período de 2007 a 2012 os da prescrição parcial a ser reconhecida em juízo. Para reforçar o entendimento, a jurisprudência do TJ/RS, assim decide:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. INSS. ACIDENTE DE TRABALHO. ANQUILOSE DE QUIRODÁCTILO. TEMPUS REGIT ACTUM. JUROS DE MORA. CORREÇÃO MONETÁRIA. HONORÁRIOS. REEXAME NECESSÁRIO. 1. Evidenciado nos autos que o fato gerador ocorreu no ano de 1985, é incidente, à espécie, a Lei 6.367/76, que previa o benefício do auxílio-suplementar, no percentual de 20% do salário-de-contribuição, para os casos em que a sequelas eram consideradas mínimas. Incidência do

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princípio tempus regit actum. 2. O benefício do auxílio-suplementar é devido desde a cessação do auxílio-doença e, em relação às parcelas vencidas, deve ser respeitada a prescrição quinquenal. 3. Os juros de mora deverão ser fixados em 12% ao ano, a contar da citação válida nos termos da súmula 204 do STJ. 4. A correção monetária, no caso concreto, deve ser fixada pelos índices oficiais. 5. Dada à vigência imediata e o caráter público de nova norma - Lei n° 11.960, de 29.06.2009, que entrou em vigor na data de sua publicação, em 30.06.2009, e alterou a redação no artigo 1°-F da Lei n° 9.494/97 a incidência de juros e de correção monetária se dará, a partir de sua entrada em vigor, conforme os "índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança". 6. Diante da redação conferida ao art. 11 da Lei 8.121/85 pela Lei nº 13.471/2010, as Pessoas Jurídicas de Direito Público são isentas do pagamento de custas, despesas judiciais e emolumentos no âmbito da Justiça Estadual de Primeiro e Segundo Graus. 7. Fixados os honorários advocatícios, em favor do patrono da parte autora, em 10% do valor das parcelas vencidas até a prolação deste Acórdão, nos termos da Súmula 111 do STJ e dos §§ 3 e 4 do art. 20 do CPC. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. (Apelação Cível Nº 70051067262, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Iris Helena Medeiros Nogueira, Julgado em 16/10/2012).

Publicação: Diário da Justiça do dia 29/10/2012.

Número: 70051067262 Tribunal: Tribunal de Justiça do RS. Seção:

CIVEL. Tipo de Processo: Apelação Cível Órgão Julgador: Nona

Câmara Cível Decisão: Monocrática. Relator: Iris Helena Medeiros

Nogueira Comarca de Origem: Comarca de Marau (RS, 2012).

O prazo para ajuizamento de reclamatórias trabalhistas para cobrar pretensos direitos, é de dois anos a contar da data da rescisão do contrato de trabalho. Interposta a reclamatória nesse período, os direitos dos últimos cinco anos, a contar da data da propositura da ação (retroativamente) podem ser reclamados (.

2.5 Competência

Cabe a Justiça Estadual Comum julgar as ações de acidente do trabalho por serem de interesse de Seguro Social. A CF/88, em seu artigo 109, inciso I, exclui o acidente do trabalho da competência dos Juízes Federais. O art. 129 da Lei 8.213/91 salienta a quem pertence à competência na esfera administrativa e judicial:

Art. 129. Os litígios e medidas cautelares relativos a acidentes do trabalho serão apreciados:

I - na esfera administrativa, pelos órgãos da Previdência Social, segundo as regras e prazos aplicáveis às demais prestações, com prioridade para conclusão; e

II - na via judicial, pela Justiça dos Estados e do Distrito Federal, segundo o rito sumaríssimo, inclusive durante as férias forenses, mediante petição instruída pela prova de efetiva notificação do evento à Previdência Social, através de Comunicação de Acidente do Trabalho–CAT. Parágrafo único. O

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procedimento judicial de que trata o inciso II deste artigo é isento do pagamento de quaisquer custas e de verbas relativas à sucumbência.

As ações de reajuste previdenciário referente aos benefícios acidentários se referem ao reajuste visando à origem do benefício ou a correção monetária. No primeiro caso, a competência continua sendo da Justiça Comum, mas no segundo caso, se a lide não mexer com a origem do benefício e for apenas correção monetária, índices governamentais, então essa lide será da competência da Justiça Federal (SALEM, 2005). Essa afirmação está embasada no artigo 109, inciso I da CF/88:

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho.

A competência territorial será a do domicílio do autor conforme § 3 do artigo 109 da CF/88:

§ 3º - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual.

Mas este ainda pode optar pelo foro da empresa onde ocorreu o acidente se assim preferir.

2.6 Dos benefícios e serviços

Os benefícios decorrentes do acidente do trabalho concedidos pela Previdência Social são o auxílio doença acidentário; auxílio-acidente acidentário, aposentadoria por invalidez acidentária e pensão por morte acidentária. O serviço prestado pela mesma autarquia é o da habilitação e reabilitação profissional.

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Conforme o artigo 18, §1, da Lei 8.213/91, tem direito aos benefícios e serviços os empregados; trabalhadores avulsos, médico residente e o segurado especial, sendo excluídos desses beneficiários o empregado doméstico e o contribuinte individual.

É importante ressaltar, que benefício acidentário se difere do benefício previdenciário, pois, o primeiro, tem sua origem sempre ligada diretamente com o trabalho, se acidentou e gerou uma lesão no trabalho, não sendo afetado por tempo de carência, e assim sendo devido desde o momento que se inicia a relação de trabalho quando passa a ser segurado da Previdência Social, já o benefício previdenciário necessita de 12 (doze) meses de contribuição para que o indivíduo ao adoecer ou se machucar, por exemplo, ao praticar uma atividade física, venha a ter direito de receber o benefício da Previdências Social.

2.6.1 Auxilio doença acidentário

Codificado pela Previdência Social como B/91 (Benefício 91), que se trata de um benefício mensal concedido pela Previdência Social ao segurado que estiver incapacitado para o trabalho por mais de 15 dias, pelo período necessário até recuperar sua capacidade laborativa, e se tiver sido feita a comunicação do acidente (CAT). Essa incapacidade deve ser total e temporária, afastando o empregado da sua atividade. Está previsto no artigo 59 da Lei n. 8.213/91:

Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.

O caput do artigo 71 do Decreto n. 3.048/99, e seu §2, ressaltam que independe de tempo de carência:

Art. 71. O auxílio-doença será devido ao segurado que, depois de cumprida, quando for o caso, a carência exigida, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de quinze dias consecutivos. [...]

§ 2º Será devido auxílio-doença, independentemente de carência, aos segurados obrigatório e facultativo, quando sofrerem acidente de qualquer natureza.

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Os primeiros 15 dias consecutivos ao acidente de trabalho são de responsabilidade da empresa quanto ao pagamento da remuneração do empregado, sendo que a partir do décimo sexto dia passa a ser de responsabilidade da Previdência Social fornecer o benefício ao seu segurado. O artigo 72 do Decreto n. 3.048/99, expressa o seguinte:

Art. 72. O auxílio-doença consiste numa renda mensal calculada na forma do inciso I do caput do art. 39 e será devido:

I - a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade para o segurado empregado, exceto o doméstico, e o empresário;

II - a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade para o segurado empregado, exceto o doméstico; (Redação dada pelo Decreto nº 3.265, de 1999),

III - a contar da data do início da incapacidade, para os demais segurados; ou

IV - a contar da data de entrada do requerimento, quando requerido após o trigésimo dia do afastamento da atividade, para todos os segurados.

§ 1º Quando o acidentado não se afastar do trabalho no dia do acidente, os quinze dias de responsabilidade da empresa pela sua remuneração integral são contados a partir da data do afastamento.

O valor do benefício será de 91% do salário de benefício conforme artigo 61 da Lei n. 8.213/91, e o segurado deixará de receber o benefício quando recuperar a capacidade laborativa, ou se o benefício anterior for transformado em aposentadora por invalidez acidentária, ou ainda se o empregado voltar a trabalhar por iniciativa própria confirmando assim sua recuperação.

Se caso ocorra do segurado acidentado ter o pedido de benefício negado ou que este seja cessado indevidamente pela Previdência Social, e ainda o mesmo não possuir condições de retomar suas atividades, pode recorrer ao judiciário para requerer seu direito, e em caso de reconhecimento da sua incapacidade pelo judiciário, conforme a jurisprudência abaixo, ele volta a receber o benefício ou passa então a recebê-lo:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. INSS. AÇÃO ACIDENTÁRIA. LESÃO OCUPACIONAL. JOELHO. LESÃO LIGAMENTAR. NECESSIDADE DE CONTINUIDADE DO TRATAMENTO MÉDICO. AUXÍLIO DOENÇA POR ACIDENTE DE TRABALHO. RESTABELECIMENTO. INCAPACIDADE LABORAL COMPROVADA. Hipótese em que as conclusões da prova pericial demonstraram que a cessação do pagamento do benefício de auxílio doença ocorreu de forma equivocada, haja vista que o segurando ainda não recuperou a sua plena condição de saúde, necessitando manter o tratamento médico a fim de minimizar as consequências da lesão ortopédica. Considerando que restou demonstrado que o segurado encontrava-se incapacitado para executar as suas atividades habituais de

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trabalho e as correlatas, em decorrência de lesão ortopédica, imperativo reconhecer o direito do segurado ao restabelecimento do auxílio doença acidentário, desde o indevido cancelamento administrativo, porquanto restou comprovado que na época da cessação do benefício acidentário o obreiro estava incapacitado para o exercício da sua atividade habitual. COMPENSAÇÃO. Tendo em vista que, no período de incapacidade laboral, o segurado percebeu salário do empregador, imperativo reconhecer o direito da Autarquia previdenciária de descontar os valores pagos a título salário, a fim de evitar o enriquecimento injustificado. DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO APELO. UNÂNIME. (Apelação e Reexame Necessário Nº 70050779693, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Tasso Caubi Soares Delabary, Julgado em 24/10/2012).

Publicação: Diário da Justiça do dia 07/11/2012.

Número: 70050779693. Tribunal: Tribunal de Justiça do RS. Seção: CIVEL. Tipo de Processo: Apelação e Reexame Necessário. Órgão Julgador: Nona Câmara Cível. Decisão: Acórdão. Relator: Tasso Caubi Soares Delabary. Comarca de Origem: Comarca de Rio Grande (RS, 2012).

2.6.2 Auxílio acidente acidentário

É um benefício codificado pela Previdência Social como B/94 (Benefício 94), onde não é necessário determinado tempo de contribuição, ou seja, não exige carência, apenas ser empregado na época do acidente para ter a qualidade de segurado. Se ocorrido o acidente do trabalho e, após, a consolidação das lesões causadas por este e a alta médica através da perícia médica da Previdência, ainda restarem sequelas definitivas reduzindo a capacidade para executar o trabalho habitual, exigindo maior esforço físico para desempenhar a mesma atividade, ou ainda que não possa mais executar essa atividade mesmo podendo desempenhar outra, o empregado tem direito a receber o benefício de auxílio acidente. O artigo 86 da Lei n. 8.213/91, com redação alterada pela Lei n. 9.528/97, diz o seguinte:

Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.

O Anexo III do Decreto 3.048/99, relaciona situações que dão direito ao benefício quando do acidente restar sequelas no aparelho visual, auditivo, da fonação, prejuízo estético, perda de segmento de membros, alterações articulares, encurtamento de membros inferiores, redução da força e/ou da capacidade funcional dos membros, e ainda sobre outros membros dos quais cita os pulmões e aparelho digestivo.

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Se as sequelas definitivas restadas ao segurado, não atingirem a capacidade laboral dele, o benefício de auxílio acidente não é devido, pois, este serve como uma compensação ao seu maior esforço e menor produtividade, já que as sequelas o impedem de trabalhar normalmente como antes do acidente. Outro caso, onde não fará jus ao benefício de Auxílio acidente, é quando o segurado, através da readaptação profissional, que será promovida por seu empregador, mudar de função como medida preventiva, em decorrência de inadequação do local de trabalho, conforme artigo 104, §4, inciso I e II, Do Decreto n. 3.048/99.

Para quem tiver o direito ao benefício, receberá o valor mensal correspondente a 50% do salário de benefício, devido até a data da aposentadoria ou morte do segurado, sendo a data de início do benefício, o dia seguinte da cessação do auxílio-doença. O valor será sempre de 50% do salário de benefício não importando o grau de incapacidade restada ao trabalhador. Também não pode cumular dois ou mais auxílio acidente, nem com qualquer aposentadoria ou auxílio doença, conforme artigo 124, inciso V, e artigo 86, §1, da Lei n. 8.213/91. Mas, por outro lado, pode cumular com o benefício de salário maternidade, por exemplo. Mesmo assim, o entendimento do STJ, é de que é possível a cumulação quando a lesão incapacitante e a concessão da aposentadoria sejam anteriores às alterações promovidas pela Lei n. 9.528/97 conforme decisão a seguir:

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO ACIDENTE.

APOSENTADORIA. CUMULAÇÃO. REQUISITOS.

1. Segundo entendimento pacífico desta Terceira Seção é requisito para a acumulação do auxílio-acidente com proventos de aposentadoria que a lesão incapacitante e a concessão da aposentadoria sejam anteriores às alterações promovidas pela Lei n. 9.528/97.

2. Não cabem embargos de divergência quando a jurisprudência do Tribunal se firmou no mesmo sentido do acórdão embargado. Súmula n. 168/STJ.

3. Agravo regimental improvido. Acórdão

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros daTerceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Og Fernandes, Sebastião Reis Júnior, Marco Aurélio Bellizze, Adilson Vieira Macabu (Desembargador convocado do TJ/RJ), Alderita Ramos de Oliveira (Desembargadora convocada do TJ/PE) e Laurita Vaz votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Gilson Dipp. Presidiu o julgamento a Sra. Ministra Maria Thereza de Assis Moura.

Processo 1375680 / MS.

AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DIVERGENCIA EM AGRAVO 2011/0307842-9. Relator(a) Ministro JORGE MUSSI (1138). Órgão Julgador S3 - TERCEIRA SEÇÃO. Data do Julgamento 08/08/2012

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Data da Publicação/Fonte DJe 22/08/2012 (BRASIL, 2012).

Segundo Salem (2005, p. 100), muitas vezes o pedido de benefício de auxílio acidente será negado administrativamente, ou seja, a Previdência indeferirá o pedindo, tendo que o segurado procurar as vias judiciais. A negativa por parte da Previdência, geralmente ocorre, por não considerar o acidente sofrido como do trabalho ou por que não reconhece a incapacidade laborativa do segurado.

2.6.3 Aposentadoria por invalidez acidentária

Benefício codificado pela Previdência Social como B/92 (Benefício 92), e tem sua previsão no artigo 42 da Lei n. 8.213/91:

Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

Para ter o direito a concessão do benefício de aposentadoria por invalidez, é necessário provar a incapacidade total e permanente, sem condições de reabilitação, através da perícia médica realizada pela Previdência Social, não importando a idade do segurado, apenas as condições laborais. Se a previdência indeferir o pedido alegando inexistência de incapacidade ou outro motivo, é de direito do segurado mover ação previdenciária reclamando seu direito perante a Justiça Estadual Comum, a qual possui a competência para julgar as lides de acidente do trabalho e assim vem decidindo sobre o assunto:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. ACIDENTE DE TRABALHO.

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. Autor que teve sua mão esquerda esmagada por prensa, restando á mesma inutilizada, de acordo com o laudo pericial. Cabível a concessão de aposentadoria por invalidez diante da incapacidade total e definitiva do segurado para o trabalho, vale dizer, quando este for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, conforme os artigos 42 e 43 da Lei 8.213/91. no entanto, deve ser levada em conta a atividade que o mesmo desempenhava, bem como suas circunstâncias pessoais. Assim, sofrendo o segurado de mal incapacitante para o exercício daquele ofício para o qual possuía habilitação e carecendo de qualificação profissional para o desempenho de outra função, merece ser aposentado por invalidez. De outra banda, tendo o acidente de trabalho ocorrido em 28/11/2000, inviável a

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acumulação da aposentadoria com o auxílio-acidente, tendo em vista o teor da Lei nº 9.528/97. Recurso do autor provido, restando prejudicada a análise da apelação do INSS, tendo em vista a solução dada ao caso concreto. Unânime. (Apelação Cível Nº 70029209954, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Léo Romi Pilau Júnior, Julgado em 27/05/2009). Data de Julgamento: 27/05/2009. Publicação: Diário da Justiça do dia

23/06/2009. 1 Número: 7002920995.Tribunal: Tribunal de Justiça do RS.

Seção: CIVEL. Tipo de Processo: Apelação Cível. Órgão Julgador: Nona Câmara Cível. Decisão: Acórdão. Relator: Léo Romi Pilau Júnior. Comarca de Origem: Comarca de Portão (RS, 2012).

O § 2 do referido artigo, alerta para que a doença ou lesão de que o segurado já era portador anteriormente a filiação ao Regime Geral de Previdência Social não lhe conferirá direito à aposentadoria por invalidez, a não ser quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão por culpa do trabalho.

A data de início da aposentadoria por invalidez será no dia imediato ao da cessação do auxílio-doença. Se o segurado não estiver em gozo do auxílio, a data de início da aposentadoria por invalidez será o décimo sexto dia do afastamento do trabalho.

No que se refere ao valor mensal deste benefício, será de 100% do salário de benefício, existindo casos com uma majoração em 25% do valor, segundo o artigo 45 da Lei n. 8.213/91, que se destina aos aposentados por invalidez que necessitam de assistência permanente de outra pessoa. Isso acontece quando o aposentado estiver totalmente cego, perda de quase todos os dedos das mãos, perda dos membros inferiores acima dos pés, grave perturbação mental, entre outros.

Embora seja usada a expressão definitiva para a incapacidade que dá direito a aposentadoria por invalidez, Salem (2005, p. 101) diz que ela não pode ser assim caracterizada, por que a pessoa hoje incapacitada pode ser reabilitada amanhã, pois, existem patologias ou lesões aparentemente incuráveis, mas que mais adiante podem ser sanadas. O próprio artigo 42 citado acima, afirma que o segurado terá a aposentadoria por invalidez devida “enquanto permanecer nesta situação”, afirmando que se este recuperar sua capacidade a aposentadoria lhe será cessada.

Referências

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