• Nenhum resultado encontrado

Códigos de subespaço geometricamente uniformes

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Códigos de subespaço geometricamente uniformes"

Copied!
66
0
0

Texto

(1)

Gabriella Akemi Miyamoto

odigos de Subespa¸

co Geometricamente Uniformes

Campinas 2015

(2)
(3)

Universidade Estadual de Campinas

Faculdade de Engenharia El´etrica e de Computac¸˜ao

Departamento de comunicac¸ ˜oes - DECOM

odigos de Subespa¸co Geometricamente Uniformes

Disserta¸c˜ao apresentada `a Faculdade de Engenharia El´etrica e de Computa¸c˜ao da Universidade Estadual de Campinas, como parte dos requisitos exigidos para a obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestra

em Engenharia El´etrica. ´Area de concentra¸c˜ao: Telecomunica¸c˜oes e Telem´atica.

por

Gabriella Akemi Miyamoto

Orientador: Prof. Dr. Reginaldo Palazzo J´unior FEEC/UNICAMP

Este exemplar corresponde `a vers˜ao final da disserta¸c˜ao defendida pela aluna, e orientada pelo Prof. Dr. Reginaldo Palazzo J´unior

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Reginaldo Palazzo J´unior (FEEC/UNICAMP) (Presidente) Prof. Dr. Emerson Luiz do Monte Carmelo (DMA/UEM)

Prof. Dr. Cristiano Torezzan (FCA/UNICAMP)

Campinas - SP 2015

(4)
(5)
(6)
(7)

Resumo

Codifica¸c˜ao de rede (do inglˆes Network coding) ´e uma ´area de pesquisa muito ativa e tem como elementos motivadores a transmiss˜ao eficiente e confi´avel da informa¸c˜ao em redes tradicionais de comunica¸c˜oes. Al´em dessas caracter´ısticas, codifica¸c˜ao de rede tem uma rela¸c˜ao muito forte com c´odigos corretores de erros, por´em sob uma nova interpreta¸c˜ao, qual seja, “a palavra-c´odigo”em um c´odigo corretor de erros ´e substitu´ıda por um “subespa¸co”de um determinado espa¸co vetorial e o c´odigo cor-retor de erros ´e substitu´ıdo por uma uni˜ao de subespa¸cos de tal forma que estes subespa¸cos formam o c´odigo de subespa¸co. Os c´odigos de subespa¸co s˜ao os c´odigos a serem utilizados em codifica¸c˜ao de rede para alcan¸car os objetivos mencionados anteriormente. Dentre as classes de c´odigos corretores de erros, a classe dos c´odigos geometricamente uniformes ´e a mais importante tanto sob o ponto de vista de faci-lidade de gera¸c˜ao e de decodifica¸c˜ao quanto para atingir os objetivos mencionados. Neste trabalho, apresenta-se os conceitos de c´odigos geometricamente uniformes e de c´odigos de subespa¸co. Como contribui¸c˜ao, iniciamos uma investiga¸c˜ao sobre os C´odigos de Subespa¸co Geometricamente Uniformes, ou seja, c´odigos de subespa¸co que s˜ao simultaneamente geometricamente uniformes. Para a constru¸c˜ao destes c´odigos foram utilizados conceitos alg´ebricos e geom´etricos. Al´em disso, exibimos algumas associa¸c˜oes entre estes c´odigos e os c´odigos simplex.

Palavras-chave: c´odigos de subespa¸co, codifica¸c˜ao de rede, c´odigos de subespa¸co geometricamente uniformes, c´odigos simplex.

(8)
(9)

Abstract

Network coding is a very active research area and has as motivational elements the efficient and reliable transmission of information in traditional communication networks. Beside these properties, network coding has a very strong relation with error-correcting codes, however it has a new interpretation, ie, the “codeword”in a correcting code is viewed as a “subspace”of one space vector and the error-correcting code is replaced by a union of subspaces and the subspace codes are codes to be used in network coding to achieve the previously mentioned objectives. Among the classes of error-correcting codes, the class of geometrically uniform codes is the most important under the ease of generation and decoding point of view and also because it achieves the objectives mentioned before. The objective of this work is to present the concepts of geometrically uniform codes and subspace codes. As a contribution, we initiate a investigation about Geometrically Uniform Subspace Codes, ie, subspace codes that are both subspace codes and geometrically uniform codes. In order to construct these codes we used algebraic and geometric concepts. Besides, we show some relations between these codes and simplex codes.

Key-words: subspace codes, network coding, geometrically uniform subspace co-des, simplex codes.

(10)
(11)

Sum´

ario

1 Introdu¸c˜ao 1

2 Revis˜ao de Conceitos 4

2.1 Espa¸cos e Subespa¸cos Vetoriais . . . 4

2.1.1 Espa¸cos Vetoriais . . . 4

2.1.2 Subespa¸cos Vetoriais . . . 6

2.2 An´eis e Corpos . . . 7

2.3 Espa¸cos M´etricos . . . 8

3 C´odigos Corretores de Erros 10 3.1 C´odigos de bloco . . . 10

3.2 Representa¸c˜ao do c´odigo linear . . . 12

3.3 C´odigos de Hamming e C´odigos de Hamming Estendidos . . . 13

3.4 C´odigos Simplex . . . 14

3.5 C´odigos C´ıclicos . . . 14

3.6 Codifica¸c˜ao de Rede Linear . . . 16

4 C´odigos 17 4.1 C´odigos de Subespa¸co . . . 17

4.1.1 Conceitos b´asicos . . . 17

4.1.2 M´etricas . . . 19

4.2 Duas classes de c´odigos . . . 21

4.3 C´odigos Geometricamente Uniformes . . . 23

5 C´odigos de Subespa¸co Geometricamente Uniformes 27 5.1 Constru¸c˜ao . . . 27

5.2 Associa¸c˜oes entre CSGU e c´odigos da codifica¸c˜ao usual . . . 37

6 Conclus˜ao 43 6.1 Contribui¸c˜oes . . . 43

6.2 Propostas para Trabalhos Futuros . . . 44

(12)
(13)

Aos meus amados Tosimasa, Ma-rilza, Miyuke e Carlos, por todo o seu amor, compreens˜ao e apoio in-condicional.

(14)
(15)

O verdadeiro sucesso em cada setor de trabalho n˜ao ´e o resultado do acaso, ou acidente ou des-tino. ´E a opera¸c˜ao da providˆencia de Deus, a re-compensa da f´e e a prudˆencia, da virtude e per-severan¸ca. Superiores qualidades mentais e ele-vado car´ater moral n˜ao se adquirem por casuali-dade. Deus d´a oportunidades; o ˆexito depende do uso que delas se fizer.

Ellen White

(16)
(17)

Agradecimentos

Agrade¸co,

Primeiramente a Deus, por ser meu guia, me conduzir durante toda esta caminhada e nunca me deixar desamparada.

Ao professor Reginaldo Palazzo Jr, por toda a sua ajuda e paciˆencia durante todo este processo, por sempre incentivar-me a buscar e aprender mais e por todo o seu ensinamento tanto no sentido acadˆemico como pessoal.

Aos meus pais Marilza e Tosimasa que sempre me apoioaram e sempre me ajudaram para que eu tivesse condi¸c˜oes para percorrer este caminho. A eles devo tudo o que sou. A minha irm˜a Miyuke por me entender mesmo sendo e tendo gosto t˜ao diferentes e por me compreender mesmo nos momentos mais dif´ıceis.

Ao meu amado Carlos Augusto por ser meu companheiro durante toda esta caminhada, por toda sua paciˆencia, por suportar a distˆancia e por sempre estar me apoiando a seguir em frente e nunca desistir.

A banca por ter aceitado o convite e pelas valiosas sugest˜oes. Ao professor Cristiano o meu muito obrigada pelas valiosas sugest˜oes concedidas na qualifica¸c˜ao e ao professor Emerson o meu agradecimento especial por me iniciar na vida cient´ıfica e me incentivar desde os tempos da gradua¸c˜ao.

Aos meus queridos amigos do LTIA: Anderson, Cibele, Cintya, Fernando, Gustavo, Leandro, Lucas, Luiz, Mario e Nelson, por seu companheirismo e amizade.

Aos meus amigos Emely, Leonardo e Mateus que me acompanham j´a h´a algum tempo, por todos esses anos de amizade.

A CAPES pela bolsa concedida.

Enfim, a todos aqueles que de alguma forma contribu´ıram para o conclus˜ao deste trabalho.

(18)
(19)

Cap´ıtulo

1

Introdu¸c˜

ao

Com a evolu¸c˜ao da tecnologia, surge a necessidade de mecanismos mais r´apidos, confi´aveis e eficientes na transmiss˜ao da informa¸c˜ao. A cada momento novos sistemas e dispositivos eletrˆonicos s˜ao incorporados aos j´a existentes numa rede de comunica¸c˜ao. A codifica¸c˜ao de rede (do inglˆes Network Coding) surge como uma inova¸c˜ao da codifica¸c˜ao tradicional e tem como objetivo melhorar o desempenho e a eficiˆencia da transmiss˜ao da informa¸c˜ao.

O funcionamento de uma rede de comunica¸c˜ao fazendo uso do conceito de codifica¸c˜ao de rede pode ser ilustrado da seguinte maneira: imagine que exista uma ponte ligando duas cidades e que somente um ve´ıculo possa atravess´a-la de cada vez. Se ocorrer de chegarem dois carros ao mesmo tempo, um deve passar e o outro deve esperar at´e que o outro carro passe completamente pela ponte. Note que ao acumular alguns carros na entrada da ponte, um tempo consider´avel ser´a gasto at´e que todos esses carros possam passar pela ponte. Agora, ao inv´es de todos os carros ficarem esperando cada um passar, imagine que dispomos de um caminh˜ao-cegonha. Como na ponte s´o pode passar um ve´ıculo de cada vez, podemos colocar v´arios carros no caminh˜ ao-cegonha e passar pela ponte. Claro que o n´umero de carros a ser transportado pelo caminh˜ao na travessia da ponte ´e limitado, mas j´a teremos um ganho consider´avel quando comparado com a situa¸c˜ao em que somente um carro atravessa a ponte. Note que mesmo que os carros estejam sendo transportados pelo caminh˜ao na travessia da ponte, ao chegar do outro lado da ponte cada carro seguir´a o seu destino separadamente.

Esta ilustra¸c˜ao nos mostra de forma simplificada como a codifica¸c˜ao de rede atua no proces-samento e transmiss˜ao da informa¸c˜ao. At´e o presente momento, os n´os intermedi´arios tinham a ´

unica fun¸c˜ao de “reformatar”os dados atrav´es do roteamento, mas com o advento da codifica¸c˜ao de rede, permite-se agora que os n´os tamb´em sirvam como codificadores, ou seja, eles podem realizar combina¸c˜oes lineares dos pacotes de entrada e transimitir cada combina¸c˜ao separada-mente.

A rede borboleta, [1], exemplifica a importˆancia e ´e uma forma de motiva¸c˜ao para o emprego do conceito de codifica¸c˜ao de rede. Considere que n˜ao se esteja fazendo uso de codifica¸c˜ao de rede, e que o problema seja a transmiss˜ao de trˆes pacotes do n´o fonte s para os n´os destinos t1

e t2. O envio dos pacotes ser´a como ilustrado nas figuras 1.1 e 1.2. Na figura 1.1, s˜ao enviados

os pacotes x1 e x2 e ambos devem chegar nos n´os destinos t1 e t2. O n´o destino t1 recebe o

pacote x1, e o n´o destino t2 recebe x1 e x2, pois o n´o 3 recebe os pacotes x1 e x2, e ´e este n´o que

(20)

ir´a transmitir um dos dois pacotes e armazenar o outro para transmiti-lo no instante seguinte, se o n´o 3 transmitir x1 primeiro, o pacote x2 ser´a armazenado e transmitido logo a seguir, ou

vice-versa. Assim, os pacotes x1 e x2 podem chegar tanto em t1 como em t2. Na figura 1.2, o

n´o destino t1 recebe x2 e x3 e o n´o t2 recebe x3 (o processo que ocorre no n´o 3 desta figura ´e

o mesmo que ocorre no n´o 3 da figura 1.1), ent˜ao em dois instantes de tempo, s˜ao recebidos 3 pacotes, ou seja, 1,5 pacote por instante de tempo.

Figura 1.1: Rede borboleta

Figura 1.2: Rede borboleta

Agora, se usarmos codifica¸c˜ao de rede, ocorrer´a o processo ilustrado na figura 1.3. Os pacotes y1 e y2 do n´o fonte s s˜ao enviados aos n´os destinos t1 e t2. O n´o 3 realiza a soma m´odulo 2 de y1

e y2 e ent˜ao envia o resultado para o n´o 4. Assim, os n´os t1 e t2 recebem tanto y1 como y2, pois,

no caso do n´o t1, basta realizar a soma m´odulo 2 de y1 com y1 ⊕ y2 para obter y2, e o mesmo

vale para t2. Logo, recebemos dois pacotes em um instante de tempo, ou seja, o ganho quando

se usa codifica¸c˜ao de rede ´e de 0,5 pacote por instante de tempo no caso da rede borboleta.

Figura 1.3: Rede borboleta

Os c´odigos de subespa¸co s˜ao uma alternativa para a codifica¸c˜ao de rede, como mostrado por Khaleghi, Silva e Kschischang [11]. C´odigos de subespa¸co possuem subespa¸cos vetoriais como

(21)

3

palavras-c´odigo e estes subespa¸cos podem ou n˜ao ter a mesma dimens˜ao. Existem duas m´etricas principais utilizadas nos c´odigos de subespa¸co, a saber: a m´etrica do subespa¸co, estudada em detalhes por Gabidulin e Bossert [5] e a m´etrica do posto, que pode ser vista em detalhes em [11]. Dentre os c´odigos de subespa¸co, o nosso objetivo ´e construir c´odigos geometricamente uniformes que foram introduzidos por Forney [9]. Estes c´odigos formam uma classe muito importante devido as suas propriedades de uniformidade, equivalentemente, n˜ao ´e necess´ario conhecer o c´odigo completamente para obter as suas caracter´ısticas. Para isso, basta dispor de uma palavra-c´odigo e do grupo que atua transitivamente para que as palavras-c´odigo sejam completamente especificadas. Outro fato importante ´e a existˆencia de algoritmos eficientes de decodifica¸c˜ao para esta classe de c´odigos.

Como c´odigos de subespa¸co e c´odigos geometricamente uniformes tem sido es-tudados, surge ent˜ao a pergunta: quais os c´odigos que est˜ao simultaneamente em ambas as classes?

Neste trabalho, iniciamos a pesquisa em dire¸c˜ao a responder a pergunta acima. Para isso, propromos uma constru¸c˜ao original de uma classe de c´odigos aos quais denominamos c´odigos de subespa¸co geometricamente uniformes, que pertencem a ambas as classes e mostramos que eles existem para diversos parˆametros n, k com diferentes distˆancias de subespa¸co d. Alguns destes c´odigos tamb´em satisfazem a condi¸c˜ao de serem c´odigos MRD (maximum-rank-distance), conceito este que aparece em [5].

Este trabalho de pesquisa est´a organizado da seguinte forma. No Cap´ıtulo 2, faremos uma revis˜ao dos conceitos de espa¸cos e subespa¸cos vetoriais, an´eis e corpos e espa¸cos m´etricos. No Cap´ıtulo 3, revisaremos c´odigos corretores de erros e sua representa¸c˜ao linear, c´odigos de Ham-ming, c´odigos simplex e codifica¸c˜ao de rede linear. No Cap´ıtulo 4, apresentaremos o conceito de c´odigos de subespa¸co e algumas de suas propriedades e falaremos tamb´em sobre c´odigos geometricamente uniformes. No Cap´ıtulo 5, mostraremos o processo de constru¸c˜ao dos c´odigos de subespa¸co geometricamente uniformes bem como a rela¸c˜ao destes c´odigos com os c´odigos cl´assicos. Finalmente, no Cap´ıtulo 6 apresentaremos as conclus˜oes e os trabalhos futuros.

(22)

Cap´ıtulo

2

Revis˜

ao de Conceitos

Neste cap´ıtulo apresentaremos defini¸c˜oes e propriedades importantes para o desenvolvimento e entendimento do trabalho.

Este cap´ıtulo est´a organizado da seguinte forma. Na Se¸c˜ao 2.1, revisaremos conceitos de espa¸cos e subespa¸cos vetoriais. Na Se¸c˜ao 2.2, revisaremos algumas estruturas alg´ebricas, tais como an´eis e corpos e na Se¸c˜ao 2.3, apresentamos o conceito de m´etrica.

2.1

Espa¸

cos e Subespa¸

cos Vetoriais

Nesta se¸c˜ao apresentamos brevemente defini¸c˜oes e propriedades de espa¸cos e subespa¸cos vetori-ais. Recomendamos os livros [4] e [3] para maiores detalhes sobre ´algebra linear. Al´em de serem conceitos bastante conhecidos servir˜ao tamb´em ao prop´osito da nota¸c˜ao a ser utilizada ao longo deste trabalho. Espa¸cos vetoriais s˜ao elementos essenciais no estudo de c´odigos de subespa¸cos, pois estes s˜ao interpretados como palavras-c´odigo de um c´odigo de subespa¸co. Como con-sequˆencia de um c´odigo corretor de erros ser um espa¸co m´etrico, o c´odigo de subespa¸co tamb´em dever´a ser interpretado como um espa¸co m´etrico, da´ı a necessidade de se estudar m´etricas.

2.1.1

Espa¸

cos Vetoriais

Defini¸c˜ao 2.1 Um conjunto n˜ao vazio V ´e um espa¸co vetorial sobre um corpo K se os seus elementos, denominados vetores, satisfazem as seguintes opera¸c˜oes:

I) A cada par u, v de vetores de V corresponde um vetor u + v ∈ V , chamado soma de u e v, de modo que:

i) u + v = v + u, para todo u, v ∈ V (comutatividade aditiva).

ii) (u + v) + w = u + (v + w), para todo u, v, w ∈ V (associatividade aditiva).

iii) existe em V um vetor, denominado de vetor nulo e denotado por 0, tal que 0 + v = v, para todo v ∈ V (identidade aditiva).

iv) a cada vetor v ∈ V exista um vetor em V , denotado por −v, tal que v + (−v) = 0 (inverso aditivo).

(23)

2.1. Espa¸cos e Subespa¸cos Vetoriais 5

II) A cada par α ∈ K e v ∈ V , corresponde um vetor α · v ∈ V , denominado produto por escalar de α por v de modo que:

v) (αβ) · v = α.(β · v), para todo α, β ∈ K e para todo v ∈ V vi) 1 · v = v, para todo v ∈ V .

III) Assumiremos que as opera¸c˜oes apresentadas em (I) e (II) satisfazem as seguintes propri-edades adicionais:

vii) α · (u + v) = α · u + α · v, para todo α ∈ K e para todo u, v ∈ V. viii) (α + β) · v = α · v + β · v, para todo α, β ∈ K e para todo v ∈ V. Exemplo 2.1 O conjunto dos vetores do espa¸co Rn = {(x

1, x2, ..., xn); xi ∈ R} com u =

(x1, x2, ..., xn), v = (y1, y2, ..., yn) e α ∈ R tal que u + v = (x1 + y1, x2 + y2, ..., xn+ yn) e

α.u = (α.x1, α.x2, ..., α.xn), ´e um espa¸co vetorial sobre o corpo R.

Exemplo 2.2 O conjunto Mm×n das matrizes reais m × n com a soma e produto por escalar

usuais de matrizes, ´e um espa¸co vetorial.

Em ambientes discretos, o exemplo abaixo desempenha papel decisivo na constru¸c˜ao de estruturas combinat´orias e conceitos da teoria dos c´odigos.

Exemplo 2.3 O conjunto Zn

2 = {0, 1}n ´e um espa¸co vetorial sobre o corpo Z2, onde

a + b = (a1+ b1, a2+ b2, ..., an+ bn) e α.a = (α.a1, α.a2, ..., α.an)

com a = (a1, a2, ..., an), b = (b1, b2, ..., bn) ∈ Zn2 e α ∈ Z2.

Defini¸c˜ao 2.2 Sejam V um espa¸co vetorial e v1, ..., vn ∈ V . Dizemos que o conjunto {v1, ..., vn}

´

e linearmente independente (LI), ou que os vetores v1, ..., vn s˜ao LI, se a equa¸c˜ao

a1v1+ ... + anvn = 0

implica que a1 = a2 = ... = an= 0. No caso em que exista algum ai 6= 0 dizemos que {v1, ..., vn}

´

e linearmente dependente (LD), ou que os vetores v1, ..., vn s˜ao LD.

Defini¸c˜ao 2.3 Seja V um espa¸co vetorial sobre o corpo K. Dizemos que um subconjunto B de V ´e uma base de V se:

i) Se os elementos de B formarem um conjunto gerador de V ; ii) Se os elementos de B forem linearmente independentes.

Defini¸c˜ao 2.4 Seja V um espa¸co vetorial sobre K. Se V admite uma base finita, ent˜ao cha-mamos dimens˜ao de V ao n´umero de elementos de tal base. Caso contr´ario dizemos que a dimens˜ao de V ´e infinita.

(24)

Exemplo 2.4 A dimens˜ao do espa¸co vetorial no Exemplo 2.3 ´e n. De fato, uma base para esse espa¸co ´e

β = {(1, 0, 0, ..., 0), (0, 1, 0, ..., 0), ..., (0, 0, ..., 0, 1)}. denominada base canˆonica.

Exemplo 2.5 Se considerarmos o espa¸co vetorial R3 sobre R, podemos ver que β = {(1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)} ´e uma base para este espa¸co. Logo, a dimens˜ao de R3 ´e 3.

Outro exemplo importante de espa¸co vetorial prov´em de polinˆomios, mais precisamente seja K[x] o conjunto de todos os polinˆomios com coeficientes em K, na vari´avel x. Este espa¸co vetorial possui dimens˜ao infinita com a soma de polinˆomios e a multiplica¸c˜ao de um polinˆomio por um escalar definidas usualmente. Uma base para K[x] ´e

β = {1, x, x2, x3, ..., xn, ...}.

2.1.2

Subespa¸

cos Vetoriais

Defini¸c˜ao 2.5 Dado um espa¸co vetorial V , um subconjunto n˜ao vazio W , ´e um subespa¸co vetorial de V se satisfaz ambas as condi¸c˜oes:

i) para quaisquer u, v ∈ W , u + v ∈ W ;

ii) para quaisquer α ∈ K, e para qualquer u ∈ W , α.u ∈ W . Exemplo 2.6 Considere o espa¸co vetorial Z42. O conjunto

K = {(0, 0, 0, 0), (1, 0, 0, 0), (0, 1, 0, 0), (1, 1, 0, 0)}, ´

e um subespa¸co vetorial de Z42.

Exemplo 2.7 Seja o espa¸co vetorial M2×2 de todas as matrizes 2 × 2 sobre o corpo Z2. O

conjunto W = 0 0 0 0  , 1 1 0 0  , 0 0 1 1  , 1 1 1 1  , ´ e um subespa¸co de M2×2.

Exemplo 2.8 O subconjunto W das matrizes triangulares superiores sobre o corpo R em Mm×n

´

e um subespa¸co. De fato, a soma de matrizes triangulares superiores ainda ´e uma matriz triangular superior, assim como ´e uma matriz triangular superior o produto de uma matriz triangular superior por um escalar.

Sejam U e W subespa¸cos vetoriais de um espa¸co vetorial fixo V. A soma dos subespa¸cos U + W = {u + w : u ∈ U, w ∈ W },

´

e o menor espa¸co vetorial que cont´em U e W . A interse¸c˜ao U ∩ W ´e o maior espa¸co vetorial que est´a contido em U e W .

Proposi¸c˜ao 2.1 Sejam U e W subespa¸cos de dimens˜ao finita de um espa¸co vetorial V. Ent˜ao dim(U + W ) = dim(U ) + dim(W ) − dim(U ∩ W ).

(25)

2.2. An´eis e Corpos 7

2.2

An´

eis e Corpos

Os conceitos de an´eis e corpos finitos s˜ao importantes tamb´em para a teoria da informa¸c˜ao, pois fundamentam as constru¸c˜oes de diversas classes de c´odigos. Estas duas estruturas alg´ebricas s˜ao essenciais na constru¸c˜ao sistem´atica de c´odigos corretores de erros e s˜ao ferramentas funda-mentais no trabalho em considera¸c˜ao.

Defini¸c˜ao 2.6 Um anel ´e um conjunto A munido de duas opera¸c˜oes:

+ : A × A → A e · : A × A → A

(a, b) 7→ a + b (a, b) 7→ a · b

que chamaremos, respectivamente, adi¸c˜ao e multiplica¸c˜ao, satisfazendo as seguintes propri-edades:

A1) Associatividade da adi¸c˜ao:

(a + b) + c = a + (b + c) para todo a, b, c ∈ A.

A2) Existˆencia de elemento neutro para a adi¸c˜ao: existe um elemento chamado zero e denotado por 0, tal que

a + 0 = 0 + a = a para todo a ∈ A.

A3) Existˆencia de elemento inverso para a adi¸c˜ao: dado a ∈ A, existe um elemento chamado sim´etrico de a e denotado por −a tal que

a + (−a) = (−a) + a = 0. A4) Comutatividade da adi¸c˜ao:

a + b = b + a para todo a, b ∈ A.

M1) Associatividade da multiplica¸c˜ao:

(a · b) · c = a · (b · c) para todo a, b, c ∈ A.

M2) Existˆencia de elmento neutro para a multiplica¸c˜ao: existe um elemento chamado uni-dade e denotado por 1 tal que

a · 1 = 1 · a = a para todo a ∈ A.

M3) Comutatividade da multiplica¸c˜ao:

a · b = b · a para todo a, b ∈ A.

(26)

M4) Distributividade da multiplica¸c˜ao com rela¸c˜ao a adi¸c˜ao: a · (b + c) = a · b + a · c para todo a, b, c ∈ A.

O elemento a + b ser´a chamado soma de a e b, enquanto a · b, tamb´em denotado por ab, ser´a chamado produto de a e b.

Alguns exemplos de an´eis s˜ao: o conjunto dos n´umeros inteiros Z, o conjunto dos n´umeros racionais Q e o conjunto dos n´umeros reais R.

Em ambientes discretos, os an´eis mais utilizados s˜ao os an´eis de inteiros m´odulo p Zp, onde

Zp = {0, 1, 2, ..., p − 1}.

O pr´oximo conceito ´e fundamental para a constru¸c˜ao de c´odigos c´ıclicos, que ser˜ao definidos na Se¸c˜ao 3.5.

Defini¸c˜ao 2.7 Um subconjunto I n˜ao vazio de um anel A ´e um ideal de A se as seguintes condi¸c˜oes s˜ao satisfeitas:

i) para todo a, b ∈ I, a + b ∈ I. ii) para todo a ∈ I e ∀ c ∈ A, ca ∈ I.

Como exemplos triviais, os subconjuntos {0} e A s˜ao ideais de A.

Defini¸c˜ao 2.8 Um anel A ´e chamado dom´ınio de integridade se satisfaz a seguinte propri-edade, para todo a, b ∈ A

a 6= 0 e b 6= 0 ent˜ao a.b 6= 0.

Exemplo 2.9 O anel dos inteiros Z ´e um dom´ınio de integridade. J´a o anel finito Z6 =

{0, 1, 2, 3, 4, 5} n˜ao o ´e, pois 2.3 = 6 = 0 em Z6.

Defini¸c˜ao 2.9 Um elemento a de um anel A ´e dito invert´ıvel se existe um elemento b ∈ A tal que a.b = 1. Nesse caso, dizemos que b ´e o inverso de a. Um anel onde todo elemento n˜ao nulo ´e invert´ıvel ´e chamado de corpo.

O anel Z n˜ao ´e um corpo, pois para todo a ∈ Z tal que a 6= 1, n˜ao existe b tal que a.b = 1. O anel Zp onde p ´e um primo ´e um corpo, o qual denotaremos por Fp. O caso mais simples ´e

F2 = Z2 que desempenha papel fundamental nas nossas constru¸c˜oes.

2.3

Espa¸

cos M´

etricos

O “controle”de erros na transmiss˜ao de informa¸c˜oes ´e decisivo para verificar se um c´odigo possui boas propriedades. A maneira de controlar o erro pode ser fundamentada matematicamente atrav´es do conceito de m´etrica.

(27)

2.3. Espa¸cos M´etricos 9

Defini¸c˜ao 2.10 Uma m´etrica num conjunto M ´e uma fun¸c˜ao d : M × M −→ R, que associa a cada par ordenado de elmentos x, y ∈ M um n´umero real d(x, y), chamado distˆancia de x a y, tal que para quaisquer x, y, z ∈ M , as seguintes condi¸c˜oes s˜ao satisfeitas:

i) d(x, x) = 0.

ii) Se x 6= y ent˜ao d(x, y) > 0. iii) d(x, y) = d(y, x).

iv) d(x, z) ≤ d(x, y) + d(y, z).

Quando um espa¸co X est´a munido de uma m´etrica d, dizemos que ele ´e um espa¸co m´etrico e denotamos por (X, d).

Exemplo 2.10 A fun¸c˜ao d : Rn → R definida por d(x, y) = ||x − y|| = v u u t n X i=1 (xi− yi)2 ´e a m´etrica euclidiana em Rn.

Exemplo 2.11 Sejam u, v ∈ Kn com u = (u

1, u2, ..., un) e v = (v1, v2, ..., vn) e considere

d(u, v) = |{i : ui 6= vi, 1 ≤ i ≤ n}|.

onde K ´e um corpo qualquer.

A distˆancia d ´e de fato uma m´etrica, chamada de m´etrica de Hamming, pois satisfaz as condi¸c˜oes da Defini¸c˜ao 2.10.

Exemplo 2.12 O espa¸co vetorial Kn2 munido com a m´etrica d ´e um espa¸co m´etrico, denotado por (Kn

2, d).

A m´etrica de Hamming ´e uma das m´etricas mais utilizadas na teoria de c´odigos corretores de erros, que ser´a definido logo a seguir.

(28)

Cap´ıtulo

3

odigos Corretores de Erros

Neste cap´ıtulo faremos uma breve revis˜ao de c´odigos corretores de erros com o objetivo de facilitar o entendimento de conceitos que ser˜ao utilizados no pr´oximo cap´ıtulo.

O estudo de c´odigos corretores de erros teve in´ıcio em 1940 com o trabalho de Hamming, [6]. Neste trabalho, o objetivo foi de apresentar uma forma sistem´atica de gera¸c˜ao e de decodifica¸c˜ao de c´odigos capazes de detectar e corrigir poss´ıveis erros introduzidos pelas interferˆencias e ou ru´ıdos no canal quando da transmiss˜ao da informa¸c˜ao. Entre os c´odigos corretores de erros temos os c´odigos de blocos (as palavras-c´odigo tˆem o mesmo comprimento) e os c´odigos de treli¸ca (as palavras-c´odigo tˆem comprimentos vari´aveis). Neste trabalho consideraremos somente os c´odigos de bloco. Para uma melhor abordagem sobre o assunto, ver [13].

O cap´ıtulo est´a organizado da seguinte maneira: na Se¸c˜ao 3.1 revisaremos o conceito de c´odigos de bloco. Na Se¸c˜ao 3.2 mostraremos como ´e a representa¸c˜ao de um c´odigo linear. Na Se¸c˜ao 3.3 falaremos um pouco sobre os c´odigos de Hamming e os c´odigos de Hamming estendidos. J´a na Se¸c˜ao 3.4 mostraremos quais s˜ao os c´odigos denominados simplex. Na Se¸c˜ao 3.5 mostraremos os c´odigos c´ıclicos e na Se¸c˜ao 3.6 o conceito de codifica¸c˜ao de rede linear ser´a explicado.

3.1

odigos de bloco

Os c´odigos de bloco s˜ao aqueles que possuem palavras-c´odigo com o mesmo comprimento. Eles podem ser divididos em duas classes: os c´odigos lineares e os n˜ao-lineares.

Defini¸c˜ao 3.1 Um c´odigo corretor de erros ´e um subconjunto pr´oprio qualquer de Kn, para

algum n´umero natural n e um corpo qualquer K.

O conjunto C = {20, 01} ´e um exemplo de c´odigo corretor de erros sobre o corpo F2 3.

Defini¸c˜ao 3.2 Seja C um c´odigo. A distˆancia m´ınima de C ´e o n´umero d = min{d(u, v) : u, v ∈ C e u 6= v}.

Considerando a distˆancia de Hamming, ent˜ao a distˆancia m´ınima do c´odigo C acima ´e 1.

(29)

3.1. C´odigos de bloco 11

Defini¸c˜ao 3.3 Dado x ∈ Fn

q, define-se o peso de x como sendo o n´umero inteiro

ω(x) = |{i : xi 6= 0}|,

ou seja, ω(x) = d(x, 0), onde d representa a m´etrica de Hamming e Fq ´e um corpo finito com q

elementos.

Calculando o peso de C temos que ω(20) = 1 e ω(01) = 1.

Faremos agora uma breve abordagem sobre c´odigos lineares, incluiremos alguns exemplos e apresentaremos algumas propriedades. Para um estudo mais aprofundado sobre o assunto, ver [10] e [7].

Defini¸c˜ao 3.4 Um c´odigo C ⊂ Kn ´e chamado de c´odigo linear se for um subespa¸co vetorial

de Kn.

Exemplo 3.1 O c´odigo C = {00, 11} ´e um c´odigo linear sobre Z2

2, mas n˜ao ´e sobre R.

Exemplo 3.2 Seja o c´odigo C = {000, 1001, 0110, 1111}. As distˆancias de Hamming entre as palavras-c´odigo s˜ao:

d(0000, 1001) = 2, d(0000, 0110) = 2, d(0000, 1111) = 4 d(1001, 0110) = 4, d(1001, 1111) = 2, d(0110, 1111) = 2 Portanto, a distˆancia m´ınima do c´odigo C ´e 2.

Defini¸c˜ao 3.5 O peso de um c´odigo linear C ´e o inteiro ω(C) = min{ω(x) : x ∈ C\{0}}.

Quando tratamos de c´odigos lineares, temos a propriedade adicional de que a distˆancia m´ınima do c´odigo pode ser calculada atrav´es do peso do c´odigo.

Proposi¸c˜ao 3.1 Se C ´e linear, ent˜ao

d(C) = ω(C\{0}).

Sejam Fq um corpo finito com q elementos e C um c´odigo linear em Fnq. Chamaremos de

parˆametros do c´odigo linear C a terna de inteiros (n, k, d)q, onde

• n ´e o comprimento da palavra-c´odigo; • k ´e a dimens˜ao de C sobre Fq;

• d representa a distˆancia m´ınima de C. O n´umero de elementos de C ´e igual a qk.

(30)

3.2

Representa¸

ao do c´

odigo linear

Nesta se¸c˜ao mostraremos uma das vantagens do c´odigo linear, que ´e a sua representa¸c˜ao na forma matricial.

A estrutura alg´ebrica de um c´odigo linear facilita enormemente a sua representa¸c˜ao, como passamos a descrever. Como C ´e um c´odigo linear, ent˜ao C ´e um subespa¸co vetorial de Fn

q e assim

podemos representar C na forma matricial, onde a base que gera o subespa¸co ´e representada pelas linhas da matriz G, a qual chamamos de matriz geradora do c´odigo. Qualquer palavra-c´odigo do c´odigo C ´e uma combina¸c˜ao linear das linhas da matriz G.

Um exemplo de matriz geradora ´e como mostrado a seguir:

G =   1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 1 1   (3.1)

A matriz geradora n˜ao ´e ´unica, pois qualquer outra matriz geradora cujas linhas s˜ao line-armente independentes (outra base para o subespa¸co) pode ser transformada em uma outra matriz geradora atrav´es das opera¸c˜oes elementares do tipo:

• Permuta¸c˜ao de duas linhas.

• Multiplica¸c˜ao de uma linha por um escalar n˜ao nulo. • Adi¸c˜ao de um m´ultiplo escalar de uma linha a outra.

Defini¸c˜ao 3.6 Dizemos que uma matriz geradora G de um c´odigo C est´a na forma padr˜ao se

G = (Idk|A)

onde Idk ´e a matriz identidade k × k e A ´e uma matriz de dimens˜ao k × (n − k).

A matriz geradora G da equa¸c˜ao (3.1) est´a na forma padr˜ao.

Nem sempre ´e poss´ıvel encontrar uma matriz geradora de um c´odigo C na forma padr˜ao, o que se pode fazer ´e encontrar uma matriz geradora na forma padr˜ao de um c´odigo C0 equivalente ao c´odigo C. As opera¸c˜oes que podem ser efetuadas para se encontrar a matriz na forma padr˜ao s˜ao:

• Permuta¸c˜ao de duas colunas.

• Multiplica¸c˜ao de uma coluna por um escalar n˜ao nulo.

Dado um c´odigo linear C o complemento ortogonal C⊥´e definido como sendo o conjunto de todos os vetores ortogonais a C. O complemento ortogonal tamb´em pode ser visto como um c´odigo linear e ´e chamado c´odigo dual. A dimens˜ao do c´odigo dual ´e n − k e, portanto, qualquer base possui n − k vetores linearmente independentes. A matriz H do c´odigo dual ´e

(31)

3.3. C´odigos de Hamming e C´odigos de Hamming Estendidos 13

chamada matriz verifica¸c˜ao de paridade e como todo vetor v ∈ C ´e ortogonal a C⊥, ent˜ao v.Ht = 0. Como essa condi¸c˜ao ´e v´alida para todo vetor v ∈ C, ent˜ao G.Ht= 0.

A matriz verifica¸c˜ao de paridade associada com a matriz G da equa¸c˜ao (3.1) ´e dada por

H = 1 0 1 1 0

0 1 1 0 1 

3.3

odigos de Hamming e C´

odigos de Hamming

Esten-didos

Os c´odigos de Hamming e Hamming estendido formam uma importante classe dentro dos c´odigos corretores de erros lineares.

O c´odigo de Hamming apresenta uma matriz verifica¸c˜ao de paridade onde todas as colunas s˜ao distintas e n˜ao nulas. Se a matriz verifica¸c˜ao de paridade tiver m linhas, ent˜ao cada coluna ´

e representada por m d´ıgitos bin´arios. Pelo fato das colunas serem distintas, temos 2m − 1

poss´ıveis colunas n˜ao nulas. Desse modo, se a matriz H de um c´odigo bin´ario com distˆancia m´ınima d∗, pelo menos 3, tem m linhas, ent˜ao esta matriz pode ter 2m− 1 colunas e n˜ao mais.

Logo, temos um c´odigo (2m− 1, 2m− 1 − m).

Exemplo 3.3 Considere m = 3. Logo, o c´odigo de Hamming (7, 4, 3) sobre F2 possui matriz

verifica¸c˜ao de paridade dada por:

H =   0 0 0 1 1 1 1 0 1 1 0 0 1 1 1 0 1 0 1 0 1   e matriz geradora G =     1 0 0 0 1 1 0 0 1 0 0 1 0 1 0 0 1 0 0 1 1 0 0 0 1 1 1 1    

O c´odigo de Hamming estendido ´e um c´odigo de Hamming cuja matriz verifica¸c˜ao de pari-dade possui uma coluna a mais, que ´e a coluna de paridade, ou seja, ser´a adicionada uma nova coluna na matriz verifica¸c˜ao de paridade e esta coluna ser´a formada da seguinte maneira: se a quantidade de 1’s na i-´esima linha da matriz for par, ent˜ao coloca-se 0 na i-´esima entrada da coluna de paridade, caso contr´ario, coloca-se 1.

Exemplo 3.4 Considere o c´odigo de Hamming do Exemplo 3.3. Assim, a matriz verifica¸c˜ao de paridade do c´odigo de Hamming estendido ´e dada por:

H =   0 0 0 1 1 1 1 0 0 1 1 0 0 1 1 0 1 0 1 0 1 0 1 0  

(32)

3.4

odigos Simplex

Os c´odigos simplex ser˜ao fundamentais no nosso trabalho pois eles podem ser associados com alguns dos c´odigos que constru´ımos. Devido a isso, o entendimento deles se faz muito necess´ario e importante.

O c´odigo bin´ario simplex ´e o dual de um c´odigo de Hamming. Os parˆametros dessa classe de c´odigos s˜ao (2r− 1, r, 2r−1), sendo a matriz geradora G igual a matriz verifica¸c˜ao de paridade

do c´odigo de Hamming. Este c´odigo ´e chamado c´odigo simplex, e cada par de palavras-c´odigo possui a mesma distˆancia. Podemos considerar as palavras-c´odigo do c´odigo simplex como sendo os v´ertices situados na diagonal de cada face de um cubo unit´ario de dimens˜ao n. Assim, essa configura¸c˜ao forma um simplex regular.

Exemplo 3.5 Considere o c´odigo de Hamming (7, 4) do Exemplo 3.3. Assim, a matriz geradora do c´odigo simplex (7, 3, 4) ´e dada por:

G =   0 0 0 1 1 1 1 0 1 1 0 0 1 1 1 0 1 0 1 0 1  

3.5

odigos C´ıclicos

Uma ampla classe dentre os c´odigos corretores de erros s˜ao os c´odigos c´ıclicos e pode-se dizer que eles s˜ao, de fato, a classe mais importante.

Nesta se¸c˜ao, q sempre denota uma potˆencia de primo.

Um c´odigo linear C sobre Fqde comprimento n ´e c´ıclico se, sempre que v = (v0, v1, ..., vn−2, vn−1) ∈

C, ent˜ao o novo vetor v(1) = (v

n−1, v0, v1, ..., vn−2) ∈ C, isto ´e, um deslocamento c´ıclico de uma

palavra-c´odigo em C resulta em uma outra palavra-c´odigo pertencente a C. Exemplo 3.6 Seja C o c´odigo (3, 1) sobre F2, com as seguintes palavras-c´odigos

C = {(0, 0, 0), (1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1), (1, 1, 0), (0, 1, 1), (1, 0, 1), (1, 1, 1)} Este c´odigo ´e um c´odigo linear c´ıclico.

Uma outra maneira de descrevermos os c´odigos c´ıclicos ´e atrav´es da forma polinomial, ou seja, cada palavra-c´odigo v = (v0, v1, ..., vn−2, vn−1) ∈ C corresponde a um ´unico polinˆomio

odigo de grau n − 1 com coeficientes em Fq, especificado por:

v(x) = v0 + v1x + v2x2+ ... + vn−1xn−1.

A palavra v(1) sendo um deslocamento c´ıclico da palavra v corresponde ao polinˆomio v(1)(x) = vn−1+ v0x + v1x2+ ... + vn−2xn−1,

(33)

3.5. C´odigos C´ıclicos 15

que ´e o polinˆomio Rxn−1(xv(x)), ou seja, o resto da divis˜ao de xv(x) por xn− 1.

Outro fato interessante ´e que o conjunto de todas as palavras pertencentes a um c´odigo c´ıclico C forma um subconjunto do anel Rn = Fq[x]/(xn− 1), que ´e o conjunto de todos os

polinˆomios cujo grau ´e menor que n.

A seguir, relacionamos alguns resultados importantes sobre c´odigos c´ıclicos, cujas demons-tra¸c˜oes podem ser encontradas em [10]. O pr´oximo resultado caracteriza c´odigos c´ıclicos. Teorema 3.1 Um subespa¸co C de Rn = Fq[x]/(xn− 1) ´e um c´odigo c´ıclico se, e somente se,

C ´e um ideal de Rn.

Exemplo 3.7 Considere o anel Z4 e o quociente R2 = Z4[x]/hx2− 1i. Pelo Teorema 3.1, temos

que o ideal C = {0, 2, 2x, 2 + 2x, 1 + 3x, 3 + x, 1 + x} de R2 ´e um c´odigo c´ıclico.

Teorema 3.2 Seja C um ideal em Rn = Fq[x]/(xn − 1) e g(x) um polinˆomio mˆonico com o

menor grau em C. Assim, C = hg(x)i, e portanto, o c´odigo C consiste de todos os m´ultiplos de g(x).

Teorema 3.3 Seja C um ideal em Rn. Se o coeficiente dominante do polinˆomio de menor grau

em C, g(x), ´e um elemento invers´ıvel, ent˜ao g(x) divide (xn− 1). Note que se este polinˆomio for mˆonico, ent˜ao g(x) divide (xn− 1).

Podemos representar os c´odigos c´ıclicos atrav´es de matrizes geradoras, assim como fizemos para c´odigos lineares. O pr´oximo teorema fornece uma maneira de construir as matrizes gera-doras para c´odigos c´ıclicos.

Teorema 3.4 Seja C um c´odigo c´ıclico sobre Fq gerado pelo polinˆomio de grau n − k g(x).

Ent˜ao os polinˆomios c´odigo

g(x), xg(x), x2g(x), · · · , xk−1g(x), s˜ao linearmente independentes e geram C.

Assim, pelo Teorema 3.4, se C for um c´odigo c´ıclico gerado por g(x) de grau n − k, ent˜ao C tem dimens˜ao k e uma matriz geradora para C ´e dada por:

G =        g0 g1 g2 ... 1 0 0 ... 0 0 g0 g1 ... gn−k−1 1 0 ... 0 0 0 g0 ... gn−k−2 gn−k−1 1 ... 0 .. . ... ... ... ... ... ... ... ... 0 0 0 ... g0 g1 g2 ... 1        .

(34)

3.6

Codifica¸

ao de Rede Linear

Nesta se¸c˜ao, faremos uma breve apresenta¸c˜ao sobre o modo de funcionamento de uma rede usando codifica¸c˜ao de rede linear. Para o leitor que queira aprofundar mais sobre o assunto, ver [15] e [14].

Suponha que temos uma rede de comunica¸c˜ao que possui somente um n´o fonte e v´arios n´os destinos e os demais n´os s˜ao os n´os intermedi´arios. Essa rede pode ser representada por um multigrafo. Cada aresta da rede transporta, livre de erros, um pacote de n s´ımbolos de um corpo finito Fq, onde q ´e a potˆencia de um primo. Um pacote transmitido do n´o x para o n´o

y atrav´es de uma aresta ´e um pacote de sa´ıda do n´o x e um pacote de entrada do n´o y. A mensagem a ser transmitida pelo n´o fonte ´e uma matriz X ∈ Fm×n

q , onde m ´e um inteiro positivo

e X1, X2, .., Xm ∈ F1×nq representam as linhas da matriz X que s˜ao os pacotes de entrada do n´o

fonte.

O funcionamento da rede pode ser descrito da seguinte forma: em cada oportunidade de transmiss˜ao, um n´o calcula um pacote de sa´ıda como uma combina¸c˜ao linear dos pacotes de entrada, lembrando que o corpo usado ´e o Fq. Note que um pacote Yi transmitido em uma

aresta i ´e uma combina¸c˜ao linear dos pacotes da fonte, ou seja, Yi = biX, onde bi ∈ F1×mq .

Considere, por exemplo, um n´o destino espec´ıfico e ent˜ao Z ∈ Ft×n

q ´e a matriz cujas linhas s˜ao

os t pacotes deste n´o. Segue que

Z = AX para alguma matriz A ∈ Ft×m

q , chamada matriz de transferˆencia da rede (do n´o fonte para

aquele n´o destino espec´ıfico). ´E claro que todos os n´os destinos podem obter X se todas as matrizes de transferˆencia possuem posto n, neste caso a rede ´e chamada fact´ıvel.

´

E importante mencionar que a igualdade Z = AX permanece independente da topologia de rede que se est´a usando, ou seja, a rede pode, por exemplo, conter ciclos. Outro fato ´e que a rede pode ser usada em v´arias rodadas, mas possivelmente as matrizes de transferˆencia ser˜ao diferentes e por fim, as transmiss˜oes de pacotes podem conter atrasos e a topologia geral pode ter varia¸c˜ao de tempo.

(35)

Cap´ıtulo

4

odigos

O objetivo deste cap´ıtulo ´e revisar dois conceitos de extrema importˆancia e fundamenta¸c˜ao para este trabalho, que s˜ao: c´odigos de subespa¸co e c´odigos geometricamente uniformes. Os c´odigos de subespa¸cos foram propostos por Koetter e Kschischang, [12], enquanto que os c´odigos geometricamente uniformes foram propostos por Forney, [9].

O cap´ıtulo est´a organizado da seguinte forma: na Se¸c˜ao 4.1 mostraremos o conceito de c´odigos de subespa¸co. Na se¸c˜ao 4.2 exibiremos algumas propriedades de duas classes de c´odigos de subespa¸co e na Se¸c˜ao 4.3, falaremos sobre os c´odigos geometricamente uniformes.

4.1

odigos de Subespa¸

co

Nesta se¸c˜ao, introduziremos o conceito de c´odigos de subespa¸co. Diferentemente da codifica¸c˜ao cl´assica, os c´odigos de subespa¸cos possuem subespa¸cos vetoriais como palavras-c´odigo. Defi-niremos tamb´em m´etricas apropriadas para mensurar a capacidade de corre¸c˜ao e detec¸c˜ao de erros associada a esses c´odigos.

Ao longo deste cap´ıtulo, Fnq denota um espa¸co vetorial de dimens˜ao n sobre Fq, onde Fq ´e

um corpo finito com cardinalidade q.

4.1.1

Conceitos b´

asicos

Introduziremos agora, conceitos relacionados a c´odigos de subespa¸cos. Defini¸c˜ao 4.1 O conjunto de todos os subespa¸cos vetoriais de Fn

q ´e denotado por Pq(n). A

Grassmanniana de ordem k, Gq(n, k), ´e o conjunto de todos os subespa¸cos vetoriais de Fnq

de ordem k.

Note que Gq(n, 0) = 0, Gq(n, 1) denota o conjunto de todas as retas que passsam pela origem

e assim sucessivamente at´e Gq(n, n) = Fnq.

(36)

Da defini¸c˜ao segue que Pq(n) = n [ k=0 Gq(n, k).

A cardinalidade da Grassmanniana Gq(n, k) pode ser obtida atrav´es do coeficiente binomial

Gaussiano, [2], e ´e dada por

|Gq(n, k)| = n k  q = k−1 Y i=0 (qn− qi) (qk− qi)

Consequentemente, a cardinalidade de Pq(n) ´e dada por

|Pq(n)| = n X k=0 n k  q .

Definiremos a seguir o conceito de c´odigos de subespa¸co. Esses c´odigos foram introduzi-dos primeiramente por Koetter e Kschischang, [12], mas desde ent˜ao novos elementos foram sendo incorporados devido `a necessidade de atender a caracter´ıticas de prote¸c˜ao, confiabilidade, seguran¸ca e de autentica¸c˜ao da informa¸c˜ao em aplica¸c˜oes utilizando c´odigos de subespa¸cos. Atu-almente, tais c´odigos s˜ao utilizados em v´arias aplica¸c˜oes, tais como: codifica¸c˜ao de rede linear n˜ao-coerente e autentica¸c˜ao linear. Em [11], Khaleghi, Silva e Kschischang apresentam uma revis˜ao das diversas constru¸c˜oes de c´odigos de subespa¸cos existentes na literatura bem como de limitantes inferiores e superiores para estes c´odigos, induzidos pela m´etrica de inje¸c˜ao.

Defini¸c˜ao 4.2 Um c´odigo de subespa¸co ´e um conjunto n˜ao vazio de Pq(n). No caso em

que o c´odigo de subespa¸co est´a contido em uma Grassmanniana de ordem k, Gq(n, k), ou seja,

todas as suas palavras c´odigos possuem a mesma dimens˜ao, ele ser´a chamado de c´odigo de dimens˜ao constante.

Exemplo 4.1 Considere os seguintes subespa¸cos de F4 2

T1 = {0000, 1000}, T2 = {0000, 1000, 0100, 1100}, T3 = {0000, 0010}, T4 = {0000, 1111}

O que se nota ´e que os subespa¸cos S1, S3 e S4 pertencem a G2(4, 1), mas S2 pertence a G2(4, 2).

Logo, este c´odigo n˜ao apresenta a propriedade de pertencer a uma Grassmaniana de dimens˜ao constante. Assim, C1 = {T1, T2, T3, T4} ´e um c´odigo de subespa¸co de P2(4).

Exemplo 4.2 Seja C2 = {R1, R2, R3} um c´odigo de subespa¸co sobre F33. As palavras-c´odigos

de C2 s˜ao:

R1 = {000, 100, 010, 110, 200, 020, 220, 120, 210},

R2 = {000, 100, 001, 101, 200, 002, 202, 102, 201},

R3 = {000, 010, 001, 011, 020, 002, 022, 012, 021}.

(37)

4.1. C´odigos de Subespa¸co 19

4.1.2

etricas

Um c´odigo corretor ou detector de erros nada mais ´e do que um espa¸co m´etrico discreto. Logo, ao conjunto consistindo de palavras-c´odigo ´e necess´ario associarmos uma m´etrica ou distˆancia.

´

E atrav´es da distˆancia que se tem uma medida da capacidade de detec¸c˜ao e corre¸c˜ao de erros do c´odigo. Essa capacidade de corre¸c˜ao e detec¸c˜ao de erros ´e uma das formas utilizadas para a classifica¸c˜ao e otimalidade dos c´odigos.

A seguir, definiremos trˆes distˆancias.

Defini¸c˜ao 4.3 Dados dois subespa¸cos vetoriais U e V de Fnq, a distˆancia de subespa¸co entre U e V ´e definida como:

dS(U, V ) = dim(U ) + dim(V ) − 2dim(U ∩ V ).

A seguir, mostaremos que a distˆancia de subespa¸co ´e de fato uma m´etrica. Proposi¸c˜ao 4.1 A distˆancia de subespa¸co dS(., .) ´e uma m´etrica em Pq(n).

Demonstra¸c˜ao: Sejam U, V, W ∈ Pq(n).

i) para cada U ∈ Pn

q, d(U, U ) =0, pois

d(U, U ) = dim(U ) + dim(U ) − 2dim(U ∩ U ) = 2dim(U ) − 2dim(U ) = 0 ii) para todo U , V ∈ Pn

q, d(U, V ) > 0 se U 6= V . Como U e V n˜ao s˜ao subespa¸cos nulos

simultaneamente, logo dim(U ) > 0 ou dim(V ) > 0. Se U ou V for nulo, ent˜ao dim(U ∩ V ) = 0, e portanto d(U, V ) > 0.

Se U e V forem ambos subespa¸cos n˜ao nulos, ent˜ao dim(U ) > 0, dim(V ) > 0 e dim(U ∩V ) ≥ 0, e como d(U ∩ V ) ´e no m´aximo igual a dim(U ) ou dim(V ), logo d(U, V ) > 0.

iii) dados U, V ∈ Pn

q, d(U, V ) = d(V, U ).

d(U, V ) = dim(U ) + dim(V ) − 2dim(U ∩ V ) = dim(V ) + dim(U ) − 2dim(V ∩ U ) = d(V, U ).

iv) vale a desigualdade triangular, d(U, W ) ≤ d(U, V ) + d(V, W ). De fato 1

2(d(U, W ) − d(U, V ) − d(V, W )) = dim(U ∩ V ) + dim(W ∩ V ) − dim(V ) − dim(U ∩ W ) = dim(U ∩ V + W ∩ V ) − dim(V ) + dim(U ∩ W ∩ V ) − dim(U ∩ W )

≤ 0

pois, dim(U ∩ V + W ∩ V ) − dim(V ) ≤ 0 devido `a propriedade que U ∩ V + W ∩ V ⊆ V e dim(U ∩ W ∩ V ) − dim(U ∩ W ) ≤ 0 pelo fato de que U ∩ W ∩ V ⊆ U ∩ W .

(38)

Exemplo 4.3 Seja C3 um c´odigo de subespa¸co em P2(3) dado por C3 = {T1, T2, T3} com

T1 = {000, 100, 010, 110}, T2 = {000, 100}, e T3 = {000, 001}

Como podemos ver, C3 n˜ao possui dimens˜ao constante, pois dim(T1) = 2 e dim(T2) =

dim(T3) = 1. Vamos calcular a distˆancia de subespa¸co entre as palavras-c´odigo

dS(T1, T2) = 2 + 1 − 2.1 = 1, dS(T1, T3) = 2 + 1 − 2.0 = 3, e dS(T2, T3) = 1 + 1 − 2.0 = 2

Portanto, C3 n˜ao possui distˆancia constante.

Exemplo 4.4 Seja C4 um c´odigo de subespa¸co em P2(4) dado por C4 = {R1, R2, R3, R4}, onde

R1 = {(0, 0, 0, 0), (1, 0, 0, 0), (0, 1, 0, 0), (1, 1, 0, 0)}, R2 = {(0, 0, 0, 0), (0, 0, 1, 0), (0, 0, 0, 1), (0, 0, 1, 1)},

R3 = {(0, 0, 0, 0), (1, 0, 0, 0), (0, 0, 1, 0), (1, 0, 1, 0)}, R4 = {(0, 0, 0, 0), (0, 1, 0, 0), (0, 0, 1, 0), (0, 1, 1, 0)}.

Este c´odigo ´e um c´odigo de subespa¸co de dimens˜ao constante, pois todas as palavras-c´odigo (subespa¸cos) pertencem a G2(4, 2), mas a distˆancia de subespa¸co n˜ao ´e constante, pois dS(R1, R2) =

4, mas dS(R1, R3) = 2.

Podemos definir tamb´em a distˆancia de inje¸c˜ao.

Defini¸c˜ao 4.4 Dados U e V subespa¸cos de Fnq, a distˆancia de inje¸c˜ao entre U e V ´e dada por

dI(U, V ) = max{dim(U ), dim(V )} − dim(U ∩ V )

Exemplo 4.5 Se considerarmos o c´odigo C3 do Exemplo 4.3 e calcularmos a distˆancia de

inje¸c˜ao, temos que

dI(T1, T2) = 2 − 1 = 1, dI(T1, T3) = 2 − 0 = 2 e dI(T2, T3) = 1 − 0 = 1.

O c´odigo C4 n˜ao possui distˆancia de inje¸c˜ao constante.

A distˆancia de subespa¸co e a distˆancia de inje¸c˜ao est˜ao relacionadas da seguinte forma. Quando U e V tˆem a mesma dimens˜ao, a seguinte rela¸c˜ao num´erica vale

Proposi¸c˜ao 4.2 Sejam U e V subespa¸cos de um espa¸co vetorial Fn

q. Vale as rela¸c˜oes entre

dS(., .) e dI(., .):

i) se dim(U ) = dim(V ), ent˜ao

dS(U, V ) = 2dI(U, V );

ii) se dim(U ) 6= dim(V ), ent˜ao dI(U, V ) =

1

2dS(U, V ) + 1

(39)

4.2. Duas classes de c´odigos 21

Demonstra¸c˜ao:

i) Suponha que dim(U ) = dim(V ), ent˜ao

dS(U, V ) = 2dim(U ) − 2dim(U ∩ V ) = 2(dim(U ) − dim(U ∩ V )) = 2dI(U, V ).

ii) Se dim(U ) 6= dim(V ), considere U +V como sendo o conjunto U +V = {u+v : u ∈ U, v ∈ V }. Uma propriedade bastante conhecida ´e dim(U + V ) = dim(U ) + dim(V ) − dim(U ∩ V ) vista na Proposi¸c˜ao 2.1. Assim,

dI(U, V ) = dim(U + V ) − min{dim(U ), dim(V )}

dS(U, V ) = 2dim(U + V ) − dim(U ) − dim(V ) = dim(U + V ) − dim(U ∩ V )

Uma simples compara¸c˜ao entre as igualdades acima mostram que dI(U, V ) =

1

2dS(U, V ) + 1

2|dim(V ) − dim(U )| Recordemos agora outra maneira de definir m´etrica em Mm×n(Fq).

Defini¸c˜ao 4.5 Sejam A e B matrizes de ordem m×n sobre o corpo Fq. Definimos a distˆancia

do posto entre A e B como sendo:

dR(A, B) = rank(B − A).

Esta distˆancia tamb´em satisfaz as condi¸c˜oes da Defini¸c˜ao 2.10. Defini¸c˜ao 4.6 Um c´odigo C ⊂ Fm×n

q com a m´etrica do posto ´e um c´odigo de matrizes (ou seja,

um conjunto n˜ao vazio de matrizes). A distˆancia m´ınima dR(C) denota a m´ınima distˆancia do

posto entre quaisquer duas palavras-c´odigo distintas de C, ou seja, dR(C) = min{dR(A, B) :

A, B ∈ C}. Exemplo 4.6 Seja C =  0 1 1 1  , 1 1 1 0  um c´odigo de matrizes em M2×2(F2). Um

c´alculo simples mostra que dR= 2.

A m´etrica de maior interesse no nosso estudo ´e a m´etrica de subespa¸co. Por simplicidade, dS ser´a denotada por d.

4.2

Duas classes de c´

odigos

A seguir, apresentaremos c´odigos conhecidos com distˆancia de subespa¸co igual a 2 e n. As propriedades a serem abordadas podem ser encontradas em [5], bem como as demonstra¸c˜oes dos resultados que est˜ao contidos nesta se¸c˜ao.

Seja Gq(n, k) a Grassmanniana de ordem k, ou seja, o conjunto dos subespa¸cos de dimens˜ao

(40)

Teorema 4.1 Defina os c´odigos C1 e C2 em Pq(n):

i) Seja C1 o conjunto de todos os subespa¸cos de dimens˜ao par de todas as Grassmannianas

Gq(n, 2k), onde k = 0, ..., bn2c, ou seja C1 = bn 2c [ k=0 Gq(n, 2k)

Ent˜ao, C1 ´e um c´odigo com distˆancia de subespa¸co igual a 2 e cardinalidade

|C1| = bn 2c X k=0  n 2k 

ii) Seja C2 o conjunto de todos os subespa¸cos de dimens˜ao ´ımpar de todas as Grassmannianas

Gq(n, 2k + 1), onde k = 0, ..., bn−12 c, ou seja C2 = bn−12 c [ k=0 Gq(n, 2k + 1).

Ent˜ao, C2 ´e um c´odigo com distˆancia igual a 2 e cardinalidade

|C2| = bn−1 2 c X k=0  n 2k + 1  .

O lema a seguir compara as cardinalidades entre os c´odigos C1 e C2 definidos no Teorema

4.1.

Lema 4.1 Se n ´e ´ımpar, ent˜ao

|C1| = |C2|.

E se n ´e par, temos

|C1| > |C2| para n ≡ 0 (mod 4)

e

|C1| < |C2| para n ≡ 2 (mod 4).

Consideramos a seguir os c´odigos com distˆancia de subespa¸co igual a n.

Lema 4.2 Sejam U e V subespa¸cos de um espa¸co vetorial de dimens˜ao n. Ent˜ao a distˆancia ´e m´axima, isto ´e, d(U, V ) = n, se e somente se,

1. Os subespa¸cos U e V se intersectam em um subespa¸co de dimens˜ao 0; 2. dim(U ) + dim(V ) = n.

(41)

4.3. C´odigos Geometricamente Uniformes 23

O que o lema acima nos diz ´e que a distˆancia ´e m´axima quando o espa¸co vetorial ´e soma direta de U e V .

A seguir, apresentamos alguns resultados que estabelecem a cardinalidade de c´odigos com distˆancia m´axima.

Teorema 4.2 Se n ´e ´ımpar, ent˜ao a cardinalidade de qualquer c´odigo C com distˆancia de subespa¸co n ´e |C| = 2. Tal c´odigo consiste de dois subespa¸cos, C = {U, V }, onde U e V se intersectam em um subespa¸co de dimens˜ao 0 e

dim(U ) + dim(V ) = n.

Lema 4.3 Seja um c´odigo C com distˆancia m´axima par n com cardinalidade |C| ≥ 3, ent˜ao todos os elementos se intersectam dois a dois em um subespa¸co de dimens˜ao 0 e possuem a mesma dimens˜ao n/2 = m.

Lema 4.4 A cardinalidade de um c´odigo C em Fnq com distˆancia m´axima par n = 2m satisfaz a desigualdade

|C| ≤ qm+ 1.

Teorema 4.3 Existe um c´odigo C com distˆancia m´axima par n = 2m e com cardinalidade m´axima poss´ıvel

|C| = qm+ 1.

4.3

odigos Geometricamente Uniformes

Os c´odigos geometricamente uniformes foram propostos por Forney em [9]. Esta classe de c´odigos permitiu inserir os c´odigos de Slepian, os c´odigos reticulados e os c´odigos cl´assicos dentro de uma mesma abordagem, qual seja, a da a¸c˜ao transitiva de um grupo no processo de gera¸c˜ao de tais c´odigos.

Defini¸c˜ao 4.7 Uma isometria f de um espa¸co m´etrico (M, d) ´e uma transforma¸c˜ao f : M → M que preserva distˆancias, ou seja, para quaisquer a, b ∈ M

d(f (a), f (b)) = d(a, b)

Um exemplo de isometria ´e a fun¸c˜ao f : R2 → R2 tal que f (x) = x + a, conhecida como

fun¸c˜ao transla¸c˜ao.

(42)

Figura 4.1 Figura 4.2 Figura 4.3

Figura 4.4 Figura 4.5

A figura 4.2 ´e uma transla¸c˜ao no eixo x da figura 4.1, a figura 4.3 ´e uma transla¸c˜ao no eixo y da figura 4.1 e as figuras 4.4 e 4.5 s˜ao combina¸c˜oes das duas primeiras transla¸c˜oes, ou seja, elas s˜ao transla¸c˜oes nos eixos x e y da figura 4.1.

Outro exemplo de isometria ´e a fun¸c˜ao reflex˜ao. Seja g : R2 → R2 tal que g(x) = −x, dizemos que g ´e a fun¸c˜ao reflex˜ao.

Figura 4.6

A fun¸c˜ao h : R2 → R2 onde h(x) = x2 n˜ao ´e uma isometria.

(43)

4.3. C´odigos Geometricamente Uniformes 25

Defini¸c˜ao 4.8 Uma figura geom´etrica S ´e qualquer conjunto de pontos do espa¸co euclidiano Rn. A imagem de uma figura S sob uma isometria f ´e denotada por f (S). Duas figuras S1

e S2 s˜ao geometricamente congruentes se existe uma isometria f tal que f (S1) = S2. Se

S1 e S2 s˜ao geometricamente congruente ent˜ao dizemos que S1 e S2 possuem a mesma forma.

Defini¸c˜ao 4.9 Uma isometria f que deixa S invariante, isto ´e, f (S) = S, ´e uma simetria de S. As simetrias de S formam um grupo sob a composi¸c˜ao de fun¸c˜oes, o grupo de simetrias Γ(S) de S.

Uma permuta¸c˜ao de um conjunto A ´e uma fun¸c˜ao bijetiva h que leva A em A, ou seja, h : A → A. O grupo de simetrias (ou permuta¸c˜oes) do conjunto A ´e o conjunto de permuta¸c˜oes de A que, com a composi¸c˜ao, formam um grupo, o qual denotamos por SA.

Por exemplo, o grupo de permuta¸c˜oes S3 ´e da forma:

S3 =  1 2 3 1 2 3  , 1 2 3 2 1 3  , 1 2 3 3 2 1  , 1 2 3 3 1 2  , 1 2 3 2 3 1  , 1 2 3 1 3 2 

Defini¸c˜ao 4.10 Um conjunto de sinais S ´e geometricamente uniforme se, dados dois pon-tos quaisquer s e s0 em S, existe uma isometria us,s0 que transforma s em s0 deixando S

inva-riante:

us,s0(s) = s0 us,s0(S) = S

Em geral, o grupo de simetria Γ(S) de um conjunto de sinais geometricamente uniforme S ´

e maior do que o necess´ario para gerar S. Por exemplo, existem oito simetrias do quadrado (o conjunto de sinais S = {(1, 1), (1, −1), (−1, 1), (−1, −1)} de quatro pontos). Essas simetrias s˜ao os elementos do grupo diedral D4, que pode ser representado pelo grupo de matrizes ortogonais

2 × 2:  1 0 0 1  , 0 −1 1 0  , −1 0 0 −1  ,  0 1 −1 0  , 1 0 0 −1  , 0 1 1 0  , −1 0 0 1  ,  0 −1 −1 0 

O grupo de rota¸c˜ao R4 ´e o conjunto das rota¸c˜oes por m´ultiplos inteiros de 90 graus e

cor-responde `as primeiras quatro matrizes. O grupo R4 ´e isomorfo ao grupo Z4 e ´e suficiente para

gerar todos os v´ertices do quadrado S. O grupo de reflex˜oes V2, tendo como referˆencias os eixos coordenados e as diagonais, consiste das outras quatro matrizes. Note que o grupo V2 ´e isomorfo a (Z2)2 e gera todos os v´ertices de S iniciando de qualquer um dos v´ertices.

S ´e geometricamente uniforme se a a¸c˜ao do grupo de simetrias Γ(S) de S ´e transitiva. Se S for finito, dizemos que S ´e uma constela¸c˜ao uniforme. Se S for infinito, dizemos que S ´e um arranjo regular.

Defini¸c˜ao 4.11 Seja S um c´odigo geometricamente uniforme. Um grupo gerador m´ınimo U (S) de S ´e um subgrupo do grupo de simetrias de S que satisfaz, para todo s0 ∈ S

S = {µ(s0), µ ∈ U (S)}

(44)

Exemplo 4.7 A constela¸c˜ao de sinais M-PSK ´e um conjunto de M pontos distribu´ıdos uni-formemente no c´ırculo unit´ario, ou seja, ´e o conjunto  sen 2πjM , cos 2πjM , 0 ≤ j ≤ M − 1 , ´

e um c´odigo geometricamente uniforme. Seu grupo de simetrias ´e DM. A figura 4.8 ilustra a

constela¸c˜ao 8-PSK.

Figura 4.8

Intuitivamente, um conjunto de sinais ´e geometricamente uniforme se todos os seus sinais est˜ao espalhados uniformemente na casca da esfera n-dimensional. Recomendamos a referˆencia [9] para aprofundamentos nessa tem´atica.

Teorema 4.4 O produto cartesiano de conjuntos de sinais geometricamente uniformes ´e um conjunto de sinais geometricamente uniforme.

Defini¸c˜ao 4.12 A regi˜ao de Voronoi Rv associada a qualquer ponto s ∈ S ´e o conjunto de

todos os pontos x em Rn cuja distˆancia a s ´e menor ou igual a distˆancia a qualquer outro ponto

s0 ∈ S:

Rv(s) = {x ∈ Rn; ||x − s|| ≤ ||x − s0||, ∀ s0 ∈ C, s 6= s0}.

O perfil de distˆancia global DP(s) associado ao ponto s ∈ S ´e o conjunto de distˆancias de todos os pontos em S:

DP (s) = {||s − s0||, s0 ∈ S}.

Teorema 4.5 (Uniformidade Geom´etrica) Se S ´e um conjunto de sinais geometricamente uni-forme, ent˜ao:

a) Todas as regi˜oes de Voronoi tem a mesma forma, ou seja, Rv(s0) = us,s0[Rv(s)], onde us,s0

´

e qualquer isometria que leva s para s0;

b) O perfil de distˆancia global DP(s) ´e o mesmo para todo s ∈ S.

O fato de que a forma de cada regi˜ao de Voronoi de S ´e a mesma evidencia uma propriedade de simetria muito forte, porque a forma de cada regi˜ao de Voronoi determina quase todas as propriedades de S que s˜ao importantes para a teoria de comunica¸c˜ao.

As demonstra¸c˜oes dos Teoremas 4.4 e 4.5 podem ser encontradas em [9], Se¸c˜ao F e G, respectivamente.

(45)

Cap´ıtulo

5

odigos de Subespa¸co Geometricamente

Uniformes

Este cap´ıtulo tem como objetivo propor a constru¸c˜ao dos c´odigos de subespa¸co geometricamente uniformes (CSGU). Esses c´odigos s˜ao gerados por grupos que atuam transitivamente nos su-bespa¸cos (vistos como palavras-c´odigo) gerando o c´odigo CSGU. Este cap´ıtulo est´a organizado da seguinte forma. Na Se¸c˜ao 5.1, mostramos a constru¸c˜ao dos c´odigos CSGU e provamos que eles satisfazem a propriedade de uniformidade geom´etrica e na Se¸c˜ao 5.2, exibimos as rela¸c˜oes entre os c´odigos CSGU e alguns dos c´odigos cl´assicos.

5.1

Constru¸

ao

Os c´odigos geometricamente uniformes foram estudados primeiramente em [9], sendo a sua abordagem referente aos c´odigos cl´assicos da teoria da codifica¸c˜ao. Nesta se¸c˜ao apresentaremos a constru¸c˜ao de uma classe de c´odigos de subespa¸co e mostraremos que os c´odigos desta classe s˜ao geometricamente uniformes. A constru¸c˜ao ´e simples, e a partir de uma palavra-c´odigo as demais podem ser encontradas facilmente. Esta ´e a beleza da constru¸c˜ao dessa classe de c´odigos. De uma maneira bastante natural este c´odigo pode ser constru´ıdo atrav´es do seguinte procedimento: dada uma palavra-c´odigo atrav´es da aplica¸c˜ao dos elementos do grupo associado todas as palavras-c´odigo s˜ao identificadas pela a¸c˜ao transitiva do referido grupo.

Nos exemplos a serem considerados, os c´odigos s˜ao de dimens˜ao constante, ou equivalente-mente, pertencem a uma ´unica Grassmanniana. Tais c´odigos possuem a seguinte propriedade: se um vetor vi de n coordenadas com entradas em F2 pertence a uma palavra-c´odigo do c´odigo

de subespa¸co, que ´e um subespa¸co, ent˜ao um deslocamento c´ıclico do vetor vi conduzir´a a uma

outra palavra-c´odigo.

Exemplo 5.1 Considere o espa¸co vetorial F42 sobre o corpo F2 e as seguintes palavras-c´odigos

T1 = {0000, 1000, 0010, 0001, 1010, 1001, 0011, 1011}

T2 = {0000, 0100, 0001, 1000, 0101, 1100, 1001, 1101}

T3 = {0000, 0010, 1000, 0100, 1010, 0110, 1100, 1110}

(46)

T4 = {0000, 0001, 0100, 0010, 0101, 0011, 0110, 0111}

Se escolhermos um vetor vi, i = 1, · · · , 8, em T1, teremos deslocamentos c´ıclicos de vi em

T2, T3 e T4. Considere, por exemplo, v8 = 1011 ∈ T1. Um deslocamento c´ıclico de v8 = 1011

em T1 conduz ao vetor v8 = 1101 em T2, a v8 = 1110 em T3 e a v8 = 0111 em T4.

Todos os subespa¸cos possuem dimens˜ao igual a trˆes e interse¸c˜ao dois a dois igual a dois. Note que o c´odigo possui distˆancia constante igual a dois.

A seguir, apresentamos o algoritmo para a constru¸c˜ao dos c´odigos de subespa¸co que deno-minaremos de geometricamente uniformes (CSGU).

Algoritmo para a constru¸c˜ao dos CSGU

Passo 1 Determina¸c˜ao de uma palavra-c´odigo (um subespa¸co vetorial) cujos vetores possuem com-primento n de maneira que as distˆancias entre as palavras-c´odigo sejam constantes e as maiores poss´ıveis. Quando n, k e d assumem valores pequenos, a determina¸c˜ao dessa palavra-c´odigo satisfazendo as condi¸c˜oes especificadas anteriormente fica facilitada, por´em para valores grandes torna-se um problema combinat´orio de grande complexidade. Nesta dire¸c˜ao, o algoritmo apresentado no Apˆendice determina a primeira palavra-c´odigo. Passo 2 Determina¸c˜ao da segunda palavra-c´odigo: cada vetor da segunda palavra-c´odigo ser´a um

deslocamento c´ıclico `a direita dos vetores da primeira palavra-c´odigo obtida no Passo 1. Passo 3 Determina¸c˜ao das demais palavras-c´odigo atrav´es do procedimento apresentado no Passo

2 at´e que se complete os n deslocamentos c´ıclicos dos vetores da primeira palavra-c´odigo. Vamos fazer um exemplo usando o algoritmo acima. Suponha que queremos construir um c´odigo com parˆametros (6, 1, 2).

No Passo 1, devemos determinar a primeira palavra-c´odigo que possui dimens˜ao 1, logo T1 = {000000, 100000}.

O Passo 2 consiste em construir a segunda palavra-c´odigo atrav´es da primeira. O desloca-mento c´ıclico `a direita de 000000 ´e 000000 e de 100000 ´e 010000, logo T2 = {000000, 010000}.

O Passo 3 determina as demais palavras-c´odigo, como o deslocamento c´ıclico `a direita de 010000 ´e 001000, logo T3 = {000000, 001000} e assim por diante. As demais palavras-c´odigo

s˜ao T4 = {000000, 000100}, T5 = {000000, 000010} e T6 = {000000, 000001}. Note que o c´odigo

possui seis palavras-c´odigo, pois o deslocamento c´ıclico `a direita do vetor 000001 ´e 100000, que est´a na primeira palavra-c´odigo.

O c´odigo possui d = 2, o que pode ser verificado facilmente, pois d(Ti, Tj) = 1 + 1 − 2.0 = 2,

para todo i, j ∈ {1, ..., 6}, i 6= j.

A seguir, apresentamos os c´odigos CSGU decorrentes da aplica¸c˜ao do algoritmo em consi-dera¸c˜ao.

C1) Considere o espa¸co vetorial F22 sobre o corpo F2. O c´odigo C1 com parˆametros (n, k, d) =

(2, 1, 2) possui as seguintes palavras-c´odigo:

(47)

5.1. Constru¸c˜ao 29

A distˆancia entre as palavras-c´odigo ´e 2, pois

d(T1, T2) = dim(T1) + dim(T2) − 2dim(T1∪ T2) = 1 + 1 − 0 = 2.

Como cada palavra-c´odigo ´e um subespa¸co vetorial, podemos representar cada uma delas atrav´es de uma matriz geradora onde as linhas da matriz s˜ao os geradores do subespa¸co. Do caso considerado neste item a matriz geradora de T1 ´e dada por

M1 = 1 0 

e a matriz geradora de T2 ´e dada por

M2 = 0 1  .

Todos os c´odigos a serem considerados a seguir podem ser representados por matrizes geradoras da mesma forma que foi considerado no caso acima.

C2) Considere o espa¸co vetorial F32 sobre o corpo F2. O c´odigo C2 com parˆametros (3, 1, 2)

possui as seguintes palavras-c´odigo:

T1 = {000, 100} T2 = {000, 010} T3 = {000, 001}

A distˆancia entre as palavras-c´odigo ´e 2, pois

d(T1, T2) = 1 + 1 − 2.0 = 2, d(T1, T3) = 1 + 1 − 2.0 = 2 e d(T2, T3) = 1 + 1 − 2.0 = 2

C3) Considere o espa¸co vetorial F42 sobre o corpo F2. O c´odigo C3 com parˆametros (3, 2, 2)

possui as seguintes palavras-c´odigo:

T1 = {000, 100, 010, 110} T2 = {000, 010, 001, 011} T3 = {000, 001, 100, 101}

A distˆancia entre as palavras-c´odigo ´e 2, pois

d(T1, T2) = 2 + 2 − 2.1 = 2, d(T1, T3) = 2 + 2 − 2.1 = 2 e d(T2, T3) = 2 + 2 − 2.1 = 2.

As matrizes geradoras de T1, T2 e T3 s˜ao, respectivamente,

P1 =  1 0 0 0 1 0  , P2 =  0 1 0 0 0 1  , P3 =  0 0 1 1 0 0  . Note que, dado P1 conseguimos encontrar P2 e P3 usando o grupo

Q =      1 0 0 0 1 0 0 0 1  ,   0 1 0 0 0 1 1 0 0  ,   0 0 1 1 0 0 0 1 0      Pois,  1 0 0 0 1 0  ·   1 0 0 0 1 0 0 0 1  =  1 0 0 0 1 0  ,

(48)

 1 0 0 0 1 0  ·   0 1 0 0 0 1 1 0 0  =  0 1 0 0 0 1  ,  1 0 0 0 1 0  ·   0 0 1 1 0 0 0 1 0  =  0 0 1 1 0 0  .

ou seja, se tivermos a primeira palavra-c´odigo e soubermos que grupo atua transitivamente no c´odigo, ent˜ao obtemos as palavras-c´odigo restantes.

C4) Considere o espa¸co vetorial F42 sobre o corpo F2. O c´odigo C4 com parˆametros (4, 1, 2)

possui as seguintes palavras-c´odigo:

T1 = {0000, 1000} T2 = {0000, 0100} T3 = {0000, 0010} T4 = {0000, 0001}

A distˆancia entre as palavras-c´odigo ´e igual a 2.

C5) Considere o espa¸co vetorial F42 sobre o corpo F2. O c´odigo C5 com parˆametros (4, 3, 2)

possui as seguintes palavras-c´odigo:

T1 = {0000, 1000, 0100, 0010, 1100, 1010, 0110, 1110}

T2 = {0000, 0100, 0010, 0001, 0110, 0101, 0011, 0111}

T3 = {0000, 0010, 0001, 1000, 0011, 1010, 1001, 1011}

T4 = {0000, 0001, 1000, 0100, 1001, 0101, 1100, 1101}

A distˆancia entre as palavras-c´odigo ´e d = 2. As matrizes geradoras de T1, T2, T3 e T4

s˜ao, respectivamente, R1 =   1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0  , R2 =   0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1  , R3 =   0 0 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0  , R4 =   0 0 0 1 1 0 0 0 0 1 0 0  .

E o grupo que atua transitavamente no c´odigo ´e

T =            1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1     ,     0 0 0 1 0 0 1 0 1 0 0 0 0 1 0 0     ,     0 0 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 1 0 0     ,     0 0 0 1 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0            pois,   1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0  ·     1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1     =   1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0  ,

(49)

5.1. Constru¸c˜ao 31   1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0  ·     0 0 0 1 0 0 1 0 1 0 0 0 0 1 0 0     =   0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1  ,   1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0  ·     0 0 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 1 0 0     =   0 0 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0  ,   1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0  ·     0 0 0 1 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0     =   0 0 0 1 1 0 0 0 0 1 0 0  .

A constru¸c˜ao dos c´odigos para os casos em que k = 1 ´e an´aloga as realizadas anterior-mente, por isso omitiremos a constru¸c˜ao para os demais casos.

Os elementos canˆonicos {e1, e2, ..., en} s˜ao vetores tais que ei = {00...010...0} ´e o vetor que

possui 1 na i-´esima coordenada e 0 nas demais.

Devido ao crescimento do parˆametro n, as palavras-c´odigo ficam cada vez maiores, tor-nando um tanto dif´ıcil a sua representa¸c˜ao como estava sendo feito nos exemplos ante-riores. Por simplicidade, representaremos os subespa¸cos pelos seus geradores (elementos canˆonicos), ou seja, todos os outros elementos do subespa¸co podem ser gerados atrav´es de combina¸c˜oes lineares dos elementos canˆonicos. Os vetores canˆonicos s˜ao escolhidos de tal forma que a distˆancia entre os subespa¸cos seja a maior poss´ıvel respeitando a condi¸c˜ao da distˆancia ser constante para quaisquer dois elementos do c´odigo. Como exemplo desta nova representa¸c˜ao, consideremos o c´odigo C5 acima. Temos que T1 =

{0000, 1000, 0100, 0010, 1100, 1010, 0110, 1110}, nesta nova representa¸c˜ao T1 = he1, e2, e3i.

C6) Considere o espa¸co vetorial F52 sobre o corpo F2. O c´odigo C6 com parˆametros (5, 4, 2)

possui as seguintes palavras-c´odigo:

T1 = he1, e2, e3, e4i T2 = he2, e3, e4, e5i T3 = he3, e4, e5, e1i

T4 = he4, e5, e1, e2i T5 = he5, e1, e2, e3i

Quaisquer duas palavras-c´odigo possui distˆancia igual `a 2.

C7) Considere o espa¸co vetorial F62 sobre o corpo F2. O c´odigo C7 com parˆametros (6, 5, 2)

possui as seguintes palavras-c´odigo:

T1 = he1, e2, e3, e4, e5i T2 = he2, e3, e4, e5, e6i T3 = he3, e4, e5, e6, e1i

T4 = he4, e5, e6, e1, e2i T5 = he5, e6, e1, e2, e3i T6 = he6, e1, e2, e3, e4i

Referências

Documentos relacionados

3.6.3 Armazenamento externo Em muitas aplicações, a movimentação dos usuários entre diversas localidades e a necessidade de um tempo de resposta pequeno para seu reconhecimento

Chora Peito Chora Joao Bosco e Vinicius 000 / 001.. Chão De Giz Camila e

Diante do que foi exposto podemos concluir que, as perspectivas de aprendizagem da língua inglesa nas redes sociais como novas formas de interação, comunicação como

no Moodle 24/03/21 - Atividade 9 – Ver roteiro disponibilizado no Tópico Unidade III na plataforma Moodle Discussão sobre os modelos de GC. 21 Teórica Assíncrono

Diante do acima exposto, pode-se dizer que a legislação pátria não se omitiu e instituiu a Lei 9.605/1998, para dispor sobre as sanções penais e

b) conforme a disponibilidade de vaga por orientador segundo a linha e área de pesquisa definida. OBS.: Eventualmente, pode ocorrer que, em virtude da falta de candidatos

Serão emitidos atestados de participação no Programa de Monitorias Voluntárias, assinados pela Coordenação Acadêmica do Campus, para os monitores e professores no final de

O Workshop de Sensibilização foi realizado nos dias 22 e 23 de Agosto de 2003, no hotel Pergamont com representantes da Secretaria de Governo Municipal - SGM e a Secretaria