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Grande capital, Estado e competitividade no setor petroquímico : lições da experiência do shale gas nos Estados Unidos

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE ECONOMIA

DANIELA SALOMÃO GORAYEB

Grande Capital, Estado e Competitividade no Setor

Petroquímico: Lições da Experiência do Shale Gas nos

Estados Unidos

Campinas

2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE ECONOMIA

DANIELA SALOMÃO GORAYEB

Grande Capital, Estado e Competitividade no Setor

Petroquímico: Lições da Experiência do Shale Gas nos

Estados Unidos

Prof.ª Dr.ª Adriana Nunes Ferreira – orientadora

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Econômicas do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Doutora em Ciências Econômicas, área de concentração em Teoria Econômica.

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE DEFENDIDA PELA ALUNA DANIELA SALOMÃO GORAYEB, ORIENTADA PELA PROF.ª DR.ª ADRIANA NUNES FERREIRA.

Campinas

2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE ECONOMIA

DANIELA SALOMÃO GORAYEB

Grande Capital, Estado e Competitividade no Setor

Petroquímico: Lições da Experiência do Shale Gas nos

Estados Unidos

Prof.ª Dr.ª Adriana Nunes Ferreira – orientadora

Defendida em 28/09/2017

COMISSÃO JULGADORA

A Ata de Defesa, assinada pelos membros da Comissão Examinadora, consta no processo de vida acadêmica da aluna.

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A Maria Carolina de Azevedo Ferreira de Souza (in

memoriam), pela sabedoria e alegria que sempre,

tão generosamente, conosco compartilhou. A Beatriz e André, todo meu amor.

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AGRADECIMENTOS

A graça, o colorido e a energia que obtive para essa minha jornada de pesquisa e elaboração da tese se devem, em grande parte, ao encontro e convivência que tive com mulheres, encaminhando a elas meus agradecimentos em primeiro lugar. As mulheres da FACAMP, da UNICAMP, as mães da escola das crianças, as mulheres da luta política e de outros âmbitos que me mostraram a força que a sororidade e o feminismo possuem para sustentar e ampliar a potência de vida. Vou citar algumas aqui, ciente de que não explorarei todo esse universo poderoso de mulheres com quem encontrei e com quem convivi.

À minha avó Zenaide, de quem ainda guardo as memórias muito frescas de um grande exemplo de autonomia e coragem, agradeço.

À minha mãe, Lela, minha profunda gratidão pelo apoio fundamental e permanente, pelos cuidados zelosos sem igual às crianças e a mim e ao atendimento imediato dos pedidos de socorro por tantos anos. Estendo aqui também meus agradecimentos pela presença constante e carinhosa da Fer, irmã e dinda querida, e da Miriana, irmã agregada que trouxe à vida minha sobrinha, Giovana, tão esperada.

À Laura da Silva Pereira Cruz, meu braço direito, meu braço esquerdo... Meus infinitos agradecimentos e toda a minha admiração pela sua inteligência, otimismo e sabedoria. À Adriana Nunes Ferreira, minha orientadora, da tese e da vida. Sequer nosso apelido carinhoso consegue revelar a profundidade e a verdade de meus sentimentos por ela. Agradeço-a pela leitura cuidadosa desta tese e as conversas subsequentes, pela coragem de ter me aceitado como orientanda em condições sensíveis, por importantes aprendizados que obtive em trabalhos de pesquisa conjuntos, pela companhia e ajuda nos cuidados com as crianças, e pelas perspectivas de longa e feliz parceria e amizade que temos à frente.

À profa. Liana Aureliano, diretora da FACAMP, cuja história e atuação me é sempre muito inspiradora.

Às professoras Ana Lúcia Gonçalves da Silva, Lia Hasenclever, Adriana Marques da Cunha e Marina Szapiro que aceitaram compor a mesa da defesa. Desde já, meus agradecimentos. Também agradeço pelo trabalho conjunto com Ana Lúcia e Adriana nas pesquisas no âmbito do Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia (NEIT) da UNICAMP, onde pude exercer o ofício da investigação acadêmica em diversos trabalhos setoriais.

À querida amiga Simone de Deos que, na coordenação da pós-graduação em Ciências Econômicas do Instituto de Economia (IE), com sua postura firme e amorosa, me apoiou em momentos cruciais do meu religamento e reinserção ao programa de doutoramento. Em nome dela, agradeço às mulheres das secretarias e departamentos da Unicamp (Camila Ventura, Tânia Ribeiro, Conceição Ishiko de Oliveira e tantas mais) cujo apoio de excelência é fundamental para viabilizar o trabalho de pesquisa e de estudos.

Às professoras e doutorandas do IE, e de outros centros de Economia e de Ciências Sociais, que muito me inspiram para seguir na participação altiva no debate acadêmico e político e para a luta por uma universidade em que assédio e discriminação de raça e gênero sejam

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duramente combatidos. Nesse sentido, agradeço à grande mestra Maria da Conceição Tavares, e estendo a Eugênia Trancoso, Margarida Baptista, Angela Kageyama, Adriana Nunes Ferreira, Ana Lúcia Gonçalves da Silva, Simone de Deos, Carolina Baltar, Rosângela Ballini, Daniela Prates, Mariana Fix, Eliana Ribeiro da Silva, Ana Rosa Ribeiro, Rosana Corazza, Eliane Rosandinski, Ana Luiza de Oliveira, Fernanda Ultremare, Lídia Ruppert, Beatriz Mioto, Fabiana Rodrigues e tantas mais.

Às amigas da FACAMP, Maria Fernanda C. de Melo, Sulamis Dain, Andréia Aureliano, Célia de Godoy, Marina Magalhães, Marília Bassetti, Olívia Mattos, Juliana Filletti, Juliana Cajueiro, Sofia Lasnik, Georgia Sarris, Tânia Gandolfo, Maria Piñon, Tatiana Maranhão, Cláudia Hamasaki, Beatriz Bertasso, Débora Alves, Adriana Quartarola, Marília Tunes, Fernanda Serralha, Carla Corte, Juliana Sabbatini, Adriana Braga e Luciana Garcia Ruiz agradeço pelas risadas escandalosas que com elas pude compartilhar sem censura, pelas perspectivas de mais momentos de união nas “sarjetas” da vida, e pelas necessárias conversas que temos sobre política, economia, diversidade e gênero. Obrigada, manas. Com a Nanda, ainda tive a oportunidade de compartilhar as agruras da elaboração de uma tese em um momento de ruptura política de grande envergadura no Brasil. A nossa convivência, que alternou a biblioteca com as ruas e com os bares, revelou-se a fórmula perfeita para equilibrar a solidão do isolamento e a vibração coletiva pela luta democrática. Obrigada, companheira.

Às amigas sempre presentes de Campinas e de Rio Preto, agradeço pela compreensão pelas inúmeras ausências da “amiga que faz tese” há tantos anos e pela ajuda essencial na rede que formamos para cuidarmos umas das outras e das crianças. Lara Aued, Carolina Beolchi, Mila Anselmo, Ana Pirola, Letícia Ribeiro, Ana Cecília de Albuquerque, Juliana Braga, Priscila Monsanto, Graziela Ares, Mariana Borsoi, Marisa Borsoi, Carolina Marques, Ana Paula Lima, Marília Ferraz, Helena Overmeer, Bárbara Juarez, Fabiana Rodrigues, Stella Godoy, Vivian Marsigan, Mércia Grecco, Doraci Lopes, Tânia Ribeiro, Uli Ulrike, Andréia Galvão, Jaqueline Desbordes e tantas mais, saibam que, em breve, para antigos e novos projetos e encontros, estarei de volta.

À Cristina Nardi, pelo divã e pelas necessárias horas de desassossego da mente, agradeço. À Fabiana Menezes Andrade, meus agradecimentos pelas consultas periódicas sobre dúvidas nas citações bibliográficas e pela sua preciosa revisão nesse campo. Estendo aqui a gratidão a todas as funcionárias da FACAMP, cujo apoio e assessoria são tão essenciais ao trabalho de docência e pesquisa que realizamos.

Às minhas alunas, com quem permanentemente aprendo, agradeço pela inteligência e ensinamentos das novas gerações.

Também devo registrar que estive acompanhada nesta jornada por homens que muito me inspiram, ao lado dos quais me orgulho de continuar a caminhar.

Ao meu pai, Moca, agradeço o gigantesco apoio e sua fundamental presença alegre e carinhosa na minha vida e das crianças. Ao meu irmão, Guilherme, agradeço a companhia fraterna e a atenção de pediatra-tio 24 horas. Ao meu cunhado, Carlos, por permitir a ocupação de seu escritório e casa em momentos cruciais de isolamento que a elaboração da tese exigiu.

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Agradeço aos professores João Manuel Cardoso de Mello e Luiz Gonzaga Belluzzo, pelos ensinamentos, pela minha formação em Economia, pelos exemplos de honestidade intelectual e de busca permanente por uma Ciência Econômica humanizada para quem o desemprego e a fome jamais serão concebidos como males necessários a um programa de “ajuste econômico” e sim como sinônimos de dor, sofrimento e violência extremada, injustificáveis sob quaisquer condições. Uma concepção crítica da Economia convencional também me foi apresentada por outros professores do Instituto de Economia da UNICAMP, como Luciano Coutinho, Paulo Baltar, José Carlos Braga, Carlos Alonso de Oliveira e Márcio Pochmann, que só puderam exercer sua autonomia intelectual e seguir com uma agenda de pesquisa heterodoxa por estarem em uma Universidade pública, em defesa da qual permanecerão eternamente também minhas ações de militância.

Ao Professor Luiz Gonzaga Belluzzo, para quem se encaminham tantas demandas políticas e acadêmicas pela sua importância como economista, humanista e homem político no Brasil e no mundo, agradeço também pela participação na banca de defesa.

Ao Rodrigo Sabbatini, meus agradecimentos pela companhia de tantos anos de profissão. Em seu nome e do professor Waldir Quadros, também agradeço todo o apoio que a FACAMP me proporcionou para a execução deste trabalho. A partir deles também agradeço a companhia prazerosa em seminários, intervalos, pizzas, almoços e botecos dos companheiros Éder Luiz Martins, Fábio Iaderozza, Márcio Sampaio, Tarso de Melo, José Augusto Ruas, José César Magalhães, Ricardo Buratini, Marcelo Manzano, Lucas Janonni, James Onnig, Jorge Carreta, Alessandro Ortuso, Edilson Adão, Davi Antunes, Daniel Hofling, Comandante Cunha Couto, Pedro Junior, Rubens Sawaya, Lício da Costa Raimundo, Saulo Abouchedid, José Antônio Siqueira e tantos outros.

Aos amigos do NEIT, Marco Antonio Rocha, Fernando Sarti, Célio Hiratuka, Mariano Laplane, Miguel Bacic, Renato Garcia, Paulo Fracalanza e Marcos Barbieri, agradeço pela amizade, pelo compartilhamento de seus conhecimentos e pelo ensinamento de que o trabalho de pesquisa de qualidade se faz de forma coletiva e com perspectivas de transbordamentos reais à sociedade. A Célio e a Rodrigo Sabbattini agradeço também por aceitarem a participação na banca de defesa. Ao Célio, ainda preciso agradecer pelo seu apoio na Coordenação da Pós-Graduação do IE.

A outros amigos e professores do IE, José Maria da Silveira, André Biancareli, Pedro Rossi, Bruno de Conti, Antônio Carlos Diegues, Denis Gimenez, Giuliano de Oliveira, Pedro Paulo Bastos, agradeço a companhia e encaminho meus desejos de vida longa ao debate acadêmico de elevada qualidade e crítico às tentativas de apropriação das Ciências Econômicas pela classe econômica brasileira e mundial rentista e conservadora. Em nome deles, estendo meus agradecimentos a todo corpo de funcionários e de docentes do Instituto de Economia, que ofereceram o apoio institucional e uma infraestrutura de excelência para pesquisa e estudo. A Ettiene Marie Piguet, a Clelio Berti e ao Gatti, agradeço as curas da mente e do corpo. Aos meus alunos, agradeço pelas indagações pertinentes que me fazem continuamente refletir e aprender.

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A Pedro Miranda, meu amigo de momentos tão importantes, agradeço pelo que aprendi e vivo aprendendo com ele sobre a vida: curta que é, para que seja sofrida, e longa para o que podemos dela aproveitar. Não para nós mesmos, mas para a construção de um mundo com mais amor e de básica justiça. Agradeço muitíssimo a ele também pelas leituras e conversas essenciais sobre a estruturação desta tese.

Ao Marco, que me conheceu neste crítico e chato momento de elaboração de tese, agradeço o companheirismo, os muitos momentos prazerosos e o otimismo apaixonante. Também agradeço pela sua preciosa leitura e comentários para este trabalho.

Por fim, gostaria de agradecer, em especial, a três pessoas, a quem dedico esta tese.

À minha eterna mestra, Maria Carolina Azevedo Ferreira de Souza, nossa Carol. Eu não conseguiria relatar em poucas linhas a riqueza e diversidade da minha trajetória com ela, primeiro como aluna, depois como estagiária e seguindo como orientanda de monografia, de mestrado, de doutorado e como parceira de pesquisa no NEIT. Seguimos tanto tempo juntas porque assim nos era muito bom. Muitas vezes, em situações difíceis, com prazos apertados para relatórios ou por restrição de recursos para pesquisa, ela me chamava de “companheira de infortúnios”, mas nada parecia tão ruim ou desesperador quando ela seguia firme na coordenação dos projetos de pesquisa ou das aulas que com ela ministrei. Carol sempre me estimulou a sucedê-la nas disciplinas mais ligadas à Economia das Empresas, mas compreendia que meu interesse frequentemente desequilibrava e pendia para o lado da Economia Política ou para as discussões de Economia Brasileira, envolvendo a Macroeconomia. Assim, como uma verdadeira mestra, me oferecia irrestrita liberdade para a escolha dos temas e metodologias de pesquisa acadêmica e aulas que com ela eu desenvolveria. Também por isso, mantivemos essa relação de longa e feliz duração.

Carol deixou-nos antes que eu e ela pudéssemos terminar esta tese. No entanto, tendo certeza de que o que é belo vive eternamente, sei que ela continou e continua a me orientar, com a mesma sabedoria e generosidade ímpares de sempre. A você, agradeço por esta tese, Carol. Sigamos juntas.

As outras duas pessoas a quem agradeço profundamente são a Titi e Dedé, minha filha e meu filho, que tiveram uma paciência e compreensão descomunais nesses últimos dois anos com uma mãe nervosa, preocupada e, não poucas vezes, ausente. No amor que nos une, recria-se diariamente a força para a vida e para a busca permanente por um mundo em que reinem a justiça e a igualdade. Beatriz e André, agradeço por esta tese. Sigamos junt@s.

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RESUMO

Este trabalho tem por objetivo analisar a articulação entre Estado e grande capital para o revigoramento da competitividade do setor petroquímico nos EUA. Esses dois atores foram cruciais na emergência, estruturação e consolidação da extração e produção de gás natural proveniente das rochas de shale. Com essa nova fonte, aumentou-se consideravelmente a oferta dos hidrocarbonetos extraídos dos poços gasíferos (metano, etano e propano, principalmente), fornecendo à indústria petroquímica matéria-prima e energia abundante e a baixos preços. A perspectiva da continuidade desse cenário no médio prazo alterou, positivamente, o cálculo de rentabilidade dos projetos de investimento no setor nos EUA. A matéria-prima de baixo custo aliou-se a outros atributos de competitividade de que dispõem as empresas investidoras, quais sejam, a elevada escala, a integração física e patrimonial com o elo produtor de insumos, a capacidade de pesquisa, de produção de petroquímicos de alto valor adicionado e de internacionalização produtiva. No caso brasileiro, embora o setor tenha conquistado, nos anos 2000, parâmetros de competitividade mais próximos das referências internacionais, o movimento atual de saída da Petrobras da sociedade com a maior empresa petroquímica nacional retira não somente alguns instrumentos públicos de coordenação, financiamento e fornecimento de competências ao setor petroquímico brasileiro, como também desintegra um elo fundamental do setor que é seu vínculo com o setor petrolífero, produtor da matéria-prima. Essas duas consequências vão na direção contrária do que a experiência exitosa (em termos econômicos) dos EUA demonstra.

Palavras-chave: Indústria petroquímica. Shale gas. Gás de folhelho. Braskem. Petrobras. Cadeia Petroquímica. Articulação Estado e grande capital. Gás Natural. Nafta.

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ABSTRACT

This thesis aims to analyse the articulation between the State, the major companies and the financial markets for the improvement of competitiveness in the petrochemical industry in The United States (USA). These actors were crucial in the emergency, structuring and consolidation of the extraction and production of the natural gas provenient from the shale rocks. With this new source, the supply of the hydrocarbons extracted from the gas wells (methane, ethane and propane, mainly) raised considerably, providing the petrochemichal industry abundant raw material and energy at low cost. The perspective of continuity of this cenarium in the medium term altered positively the calculation of the profitability of the investment projects in USA. The low cost raw material was allied to other competitiveness attributes of the companies, such as high scale, physical and ownership integration with inputs producers, research capacity in the production of high value added petrochemicals and productive internationalization. In the Brazilian case, eventhough the sector has achieved, in the 2000's, parameters of competitiveness closer to international references, the present movement of the Petrobras departure of the society with the major national petrochemical company withdraws not only important public instruments of coordination, financing and provision of capabilities to the Brazilian petrochemical sector. Besides that, it also desintegrates a fundamental link of the sector which is its bond with the petroleum sector, producer of the raw material. These two consequences go in the opposite direction of what has been taught by the USA experience with shale gas and petrochemical industry (with a highly positive performance in economic terms).

Keywords: Petrochemical industry. Shale gas. Braskem. Attributes of competitiveness. Petrobras. Petrochemical productive chain. State and big capital articulation. Natural gas. Nafta.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Cadeia produtiva petroquímica: elo petrolífero, de refino e produtos da 1ª. e 2ª. Gerações

... 36

Figura 2 - Tecnologia, capital e reservas em propriedade das NOCs ... 55

Figura 3 - Segmentos de atuação da Sibur ... 104

Figura 4 - Mapa com a extensão geográfica das unidades de extração e processadoras do gás natural da Sibur ... 104

Figura 5 - Componentes do gás natural ... 114

Figura 6 – Taxonomia dos HGLs, simplificada ... 117

Figura 7 - EUA: fontes de oferta de energia e setores demandantes, 2009 ... 141

Figura 8 – EUA: linha do tempo para o desenvolvimento de shale gas ... 147

Figura 9 – Ilustração de um poço de gás convencional e de um poço de shale gas ... 149

Figura 10 – EUA: regiões produtoras de shale gas e shale oil ... 163

Figura 11 – Braskem: estrutura societária, 2017 ... 265

Figura 12 – Brasil: Polo Petroquímico de Camaçari (BA) e produção, em toneladas. ... 275

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Impactos da qualidade da carga: participação (%) dos produtos resultantes... 42

Tabela 2 – Principais empresas petrolíferas mundiais em 2009 ... 53

Tabela 3 – Importância relativa (%) das principais empresas na indústria mundial do petróleo, 2013 54 Tabela 4 – ExxonMobil: resultados financeiros, em milhões de US$, 2012-2016 ... 61

Tabela 5 – Shell: resultados financeiros, em milhões de US$, 2012-2016 ... 61

Tabela 6 – Chevron: resultados financeiros, em milhões de US$, 2013-2016 ... 62

Tabela 7 – Total: resultados financeiros, em milhões de US$, 2014-2016 ... 62

Tabela 8 – Coeficientes de abertura de poliolefinas por regiões selecionadas, 1998 ... 90

Tabela 9 –Grau de internacionalização e faturamento, em US$ bilhões, de empresas selecionadas, por capacidade de produção de etileno, em mil toneladas por ano, 2002 ... 92

Tabela 10 – Ranking mundial do setor químico, por faturamento, em milhões de US$, 2015 ... 94

Tabela 11 – Lista dos dez maiores produtores de etileno do mundo por capacidade de produção, em toneladas por ano, 2015 ... 101

Tabela 12 – Lista dos dez maiores produtores de etileno do mundo por capacidade de produção em complexos petroquímicos, em toneladas por ano, 2015 ... 102

Tabela 13 – EUA: composição do shale gas, em % do volume total, em algumas regiões produtoras e composição média dos poços convencionais ... 116

Tabela 14 – Produção de líquidos de gás natural, em mil barris por dia, 1980-2014 ... 116

Tabela 15 – EUA: produção de HGL, em milhões de barris por dia, 2008-2014 ... 118

Tabela 16 – EUA: capacidade adicional de plantas de etileno que utilizam etano como insumo, em milhões de barris por dia, e crescimento projetado do consumo de etano, 2013-2017... 126

Tabela 17 – EUA, Arábia Saudita e Ásia: estimativa do custo de produção de etileno, em US$ por tonelada, 2012 ... 127

Tabela 18 – EUA, Arábia Saudita e Ásia: estimativa do custo de produção de HDPE, em US$ por tonelada, 2012 ... 128

Tabela 19 – EUA: início das operação dos novos crackers de etano e das plantas de polímeros ... 133

Tabela 20 – EUA: balança comercial de produtos químicos, em milhões de US$, 2014 ... 137

Tabela 21 – Lista dos dez maiores consumidores de gás natural e total do consumo de energia, em milhões de toneladas de óleo equivalente, 2014 ... 138

Tabela 22 – EUA: participação (%) das regiões produtoras de shale gas (dry gas), em volume, março de 2016 ... 162

Tabela 23 – EUA: lista das 10 maiores empresas em vendas e compras de ativos na formação geológica de Marcellus, em milhões de US$, 2010-2011 ... 170

Tabela 24 – EUA: lista das 10 maiores empresas em vendas e compras de ativos na formação geológica de Utica, em milhões de US$, 2010-2011 ... 171

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Tabela 26 – EUA: gastos anuais com lobby das 20 maiores empresas de óleo e gás, em US$, 2014 . 208 Tabela 27 – EUA: gastos anuais com lobby da indústria de óleo e gás, em US$, 1998-2014 ... 209 Tabela 28 – EUA: lista das vinte maiores contribuições de empresas para membros do Congresso no ciclo eleitoral, em US$, 2014 ... 210 Tabela 29 – EUA: Valor das doações dos dez maiores grupos de interesses, em US$, no ciclo de eleição 2015-2016 ... 212 Tabela 30 – Brasil: exportações e importações em participação (%) das vendas da indústria química, 2004-2013 ... 228 Tabela 31 – Brasil: Maiores empresas dos setores químico e petroquímico, por faturamento, em milhões de US$, 2015 ... 233 Tabela 32 – Brasil: participação (%) dos grupos na capacidade instalada de produção, 2005 ... 249 Tabela 33 – Principais players petroquímicos de países em desenvolvimento selecionados e sua associação com a indústria de hidrocarbonetos e empresas estatais ... 260 Tabela 34 – Brasil e Mundo: participação (%) das matérias-primas convencionais nos custos totais da petroquímica, 2014 ... 272 Tabela 35– Brasil e Mundo: participação (%) das matérias-primas para a produção do etileno, 2014 ...

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1– Consumo do setor químico de nafta, líquidos de gás natural e outros combustíveis, em quadrilhões de Btu, 2010, 2025(projeção) e 2040 (projeção) ... 40 Gráfico 2 – Participação dos custos com energia, combustível e matéria-prima no custo total da produção de alguns petroquímicos ... 41 Gráfico 3 – Perfil dos crackers: participação (%) dos componentes resultantes do craqueamento da nafta e do etano ... 42 Gráfico 4 – Preço mensal do óleo cru, cotação WTI spot price FOB, em US$ por barril, março de 1986 a março de 2017 ... 60 Gráfico 5 - Soma do saldo fiscal e da conta corrente em países produtores de óleo selecionados, em % do PIB, 2011 e 2016 ... 63 Gráfico 6 – Preço do gás natural e GNL, em US$/milhões de Btu, Japão, Alemanha, Reino Unido e EUA, 1996-2015 ... 70 Gráfico 7– Projeções de produção, exportação e importação de gás natural, por fonte e por região, 2010-2040 ... 76 Gráfico 8 – Participação (%) do custo da matéria-prima no custo total de produção de petroquímicos

... 83 Gráfico 9 – Setor químico mundial: valores dos acordos anunciados acumulados e completos de fusões e aquisições, em bilhões de US$, 2007-2016 ... 96 Gráfico 10 – EUA: produção de HGL, em milhões de barris por dia, nas unidades processadoras de gás e nas refinarias, 2004-2014 ... 118 Gráfico 11 – EUA: crescimento da produção de HGL (excluindo a rejeição) nas plantas de gás natural e a produção de gás natural ao mercado, primeiro trimestre de 2008=1,00, 2008-2017... 120 Gráfico 12 – EUA: capacidade produtiva alimentada por etano e o consumo de etano, em milhões de barris por dia, 2013-2018 (projeção 2017 e 2018) ... 120 Gráfico 13 – EUA: produção, consumo e exportações líquidas de etano, em milhões de barris por dia, 2013-2018 (projeção em 2017 e 2018) ... 121 Gráfico 14 – EUA: produção de HGL nas plantas de gás natural (eixo esquerdo), em milhões de barris por dia, e gás natural comercializado (eixo direito), em bilhões de pés cúbicos por dia, 2008-2017 121 Gráfico 15 – Preços dos HGLs relativamente ao gás natural e ao óleo cru, em US$ por milhões de Btu, Janeiro de 2013 – Fevereiro de 2016 ... 122 Gráfico 16 – Média mensal dos preços (spot) da nafta e etano (Gráfico a) e média mensal dos spreads do preço spot do etileno sobre os preços spot da nafta e etano (Gráfico b), Janeiro de 2010 -

Novembro de 2014... 123 Gráfico 17 – Média mensal dos preços (spot) do propano (Gráfico a) e média mensal dos spreads do preço spot do propileno sobre os preços do propano (Gráfico b), Janeiro de 2010 - Novembro de 2014 ... 124 Gráfico 18 – EUA: consumo de etano e propano, em mil barris por dia, das plantas petroquímicas existentes (até 2014) e planejadas (2014-2018) ... 125

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Gráfico 19 – Custos estimados de produção de petroquímicos: posição relativa dos EUA em 2005 e 2015 ... 128 Gráfico 20 – EUA: relação entre o preço do óleo e do gás natural, 2005-2020 ... 129 Gráfico 21 – Média das margens de custo variável do polietileno de alta densidade, EUA, Europa e Nordeste Asiático, US$ e Euro por tonelada, 2010-2016 (2016 até maio) ... 130 Gráfico 22 – Diferença de preço entre nafta na União Europeia e etano nos EUA e mudança na relação nafta/etano na Arábia Saudita ... 131 Gráfico 23 – EUA: investimentos da indústria química ligados ao shale gas anunciados acumulados, em bilhões de US$ e números de projetos, Dez 2010-Mar 2016 ... 131 Gráfico 24 – EUA: expansão da capacidade de etileno entre 2012 e 2022, em mil toneladas por ano ...

... 132 Gráfico 25 – EUA: adições de capacidade de produção de etileno acumulado, em mil toneladas por ano, 2012-2022 ... 133 Gráfico 26 – IPEX (ICIS Global Petrochemical Index): medida da mudança média de preços dos

petroquímicos ponderados pelo seu peso por capacidade produtiva, janeiro de 1993=100, jan 1995-jan 2016 ... 136 Gráfico 27 – EUA: consumo de energia por fonte de energia, participação (%), 1970, 1980, 1990, 2000, 2010, 2014 ... 139 Gráfico 28 – EUA: consumo de energia, em quadrilhões de Btu, por fonte de energia, 1776-2015 e projeção para 2040 ... 140 Gráfico 29 – EUA: consumo de energia de fontes renováveis por fonte, em participação (%) e em trilhões de Btu, 2000 e 2016 ... 140 Gráfico 30 – EUA: fontes de oferta de energia e setores demandantes, 2016... 142 Gráfico 31 – EUA: produção de energia primária, por fonte, em quadrilhões de Btu, 2000-2015 ...

... 143 Gráfico 32 – EUA: produção de energia primária, por fonte, em quadrilhões de Btu, 1949-2015 ...

... 143 Gráfico 33 – EUA: importação de energia primária, por fonte, em quadrilhões de Btu, 1949-2015 ...

... 144 Gráfico 34 – EUA: exportação de energia primária, por fonte, em quadrilhões de Btu, 1949-2015 ...

... 145 Gráfico 35 – EUA: importações líquidas de energia primária, em quadrilhões de Btu, 1949-2015 ... 145 Gráfico 36 – EUA: balança comercial de energia, em milhões de US$, 1974-2015 ... 146 Gráfico 37 – EUA: produção de gás natural, em bilhões de pés cúbicos por dia, por método de

extração, 2000-2015 ... 151 Gráfico 38 – EUA: produção de óleo, por método de extração, em milhões de barris por dia, 2000-2015 ... 152 Gráfico 39 – EUA: evolução dos indicadores de produtividade e produção de uma empresa de gás natural, 2007-2011 ... 156

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Gráfico 40 – EUA: volumes de produção de dry shale gas e o total de produção de gás natural, em

milhões de pés cúbicos por dia, Jan de 2005-Nov 2015 ... 157

Gráfico 41 – EUA: produção de gás natural, por fonte, em trilhões de pés cúbicos, 1990-2012 ... 159

Gráfico 42 – EUA: projeção da produção de gás natural, por fonte, em trilhões de pés cúbicos, 1990-2040 ... 159

Gráfico 43 – EUA: total de reservas provadas de gás natural (shale e outras fontes), em trilhões de pés cúbicos, 2007-2014 ... 160

Gráfico 44 – EUA: reservas provadas em gás natural, em trilhões de pés cúbicos, 1964-2014 ... 160

Gráfico 45 – EUA: produção de shale gas, em bilhões de pés cúbicos por dia, por região produtora, 2000-2015 ... 162

Gráfico 46 – EUA: preço spot do gás natural (Henry Hub), em US$/MBtu, jan 1997-jun 2017 ... 174

Gráfico 47 – Taxa média de produção de áreas de exploração de shale gas nos EUA, em milhões de metros cúbicos, por ano de atividade do poço ... 175

Gráfico 48 – EUA: contagem de plataformas (rig count) petrolíferas, 2000-2015 ... 177

Gráfico 49 – EUA: produtividade dos poços de óleo que utilizam fraturamento hidráulico, por mês de produção ... 178

Gráfico 50 – EUA, Região de Marcellus: produção de gás natural total e por equipamento (rig), em milhares de pés cúbicos por dia, janeiro de 2007 - julho de 2017 ... 179

Gráfico 51 – EUA: produção de gás natural, em bilhões de metros cúbicos por dia, e contagem de equipamentos, 2005-2016 ... 180

Gráfico 52 – EUA: preços de breakeven baseado no preço do barril de óleo equivalente, por áreas de shale produtoras de gás e óleo, 2013-2016 ... 181

Gráfico 53 – EUA: formas de captação de recursos pelos shale drillers, 1º semestre de 2007-1º.semestre de 2015 ... 184

Gráfico 54 – EUA: itens do fluxo de caixa das empresas de petróleo onshore, em bilhões de dólares, anualizados, 2012-2016 ... 185

Gráfico 55 – Brasil: balança comercial do setor químico, em milhões de US$, 1990-2015 ... 227

Gráfico 56 – Ranking de produção de resinas, em mil toneladas por ano, nas Américas ... 264

Gráfico 57 – Brasil: Volumes anuais de produção e importação líquida de nafta, em mil m3, 2000-2012 ... 268

Gráfico 58 – Brasil: produção de nafta nas refinarias brasileiras, em mil barris de óleo equivalente, 2000-2016 ... 269

Gráfico 59 – Brasil: Perfil da produção de derivados de petróleo nas refinarias no Brasil, 2012 ... 269

Gráfico 60 – Brasil: Projeções de oferta de nafta, 2015-2030 ... 270

Gráfico 61 – Brasil e EUA: estimativas de custos de uma planta de etileno ... 273

Gráfico 62 – Brasil: produção de recursos fósseis, matérias-primas petroquímicas e petroquímicos de 1ª. geração, em MBbl/d, Mm3/d, Mta, 2013 ... 279

(18)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Requisitos competitivos das diferentes etapas da indústria petroquímica ... 105 Quadro 2 – EUA: preço das exportações de gás natural liquefeito do Terminal de Sabine Pass para o Oriente Médio, em US$ por milhões de Btu (MBtu), 2016 ... 188 Quadro 3 – Petrobras: Plano de Negócios e gestão 2017-2021 (negrito da empresa) ... 281

(19)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIQUIM – Associação Brasileira da Indústria Química

ACC - American Chemistry Council

BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

Btu - British Thermal Unit

CACEX - Carteira de Comércio Exterior

CDI - Conselho de Desenvolvimento Industrial CNP - Conselho Nacional de Petróleo

CNPC China National Petroleum Corporation

CPA - Conselho de Política Aduaneira

DOE - U.S. Department of Energy

EIA - U.S. Energy Information Administration EPA - Environment Protection Agency

FERC - Federal Energy Regulatory Commission FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos GLP - Gás Liquefeito de Petróleo

GNL - Gás Natural Liquefeito HDPE - High-Density Polyethylene HGL - Hydrocarbon Gas Liquids IDC - Intangible Drilling Cost

IEA - International Energy Agency

INPI - Instituto Nacional de Propriedade Industrial

IOCs - International Oil Companies LDPE - Low-Density Polyethylene LLDPE - Linear Low-Density Polyethylene

LGN - Líquidos de Gás Natural LNG - Liquified Natural Gas LPG - Liquified Petroleum Gas

MITI - Ministério da Indústria e da Tecnologia no Japão

NYMEX - New York Mercantile Exchange NOCs - National Oil Companies

(20)

PE - Polietileno

PEAD - Polietileno de Alta Densidade

PEBD - Polietileno de Baixa Densidade

PET - Politereftalato de etileno PP - Polipropileno

RPSEA - Research Partnership to Secure Energy for America WTI - West Texas Intermediate

(21)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 23

CAPÍTULO I: SETOR PETROQUÍMICO: DETERMINANTES DA COMPETITIVIDADE ... 33

1.1. Abrangência das atividades do setor petroquímico ... 33

1.2. Setor petrolífero (óleo e gás): grande capital no início da cadeia petroquímica ... 45

1.2.1. Produção de óleo: gigantismo desde sempre ... 45

1.2.2. Indústria do gás natural: gigantismo que se forma ... 63

1.3. Fatores de competitividade na indústria petroquímica: escala, verticalização diversificação e internacionalização ... 79

1.3.1. Escala e a necessidade de capital ... 80

1.3.2. Verticalização, integração na cadeia produtiva e necessidade de capital ... 82

1.3.3. Diversificação horizontal e necessidade de capital ... 86

1.3.4. Internacionalização e necessidade de capital ... 89

1.3.5. As grandes irmãs do setor petroquímico: alguns exemplos de empresas líderes e suas fontes de competitividade ... 93

1.4. A importância do Estado para a definição da liderança competitiva no setor petroquímico 109 CAPÍTULO II. SHALE GAS COMO PEÇA-CHAVE PARA O “RENASCIMENTO” DA INDÚSTRIA PETROQUÍMICA NOS EUA ... 113

2.1. Shale gas e a redução de custos no setor petroquímico ... 113

2.1.1. Shale gas e os líquidos de gás natural (LGN) ... 113

2.1.2. Competitividade e novos investimentos nos EUA ... 126

2.2. Gás natural nos EUA: um recurso estratégico... 137

2.3. Shale gas nos EUA: histórico e volume de produção ... 146

2.3.1. Shale Revolution? ... 147

2.3.2. Exploração de gás não-convencional nos EUA: produção de shale gas e sua localização geográfica ... 157

2.4. Economia do shale gas: estrutura de mercado e financiamento ... 164

2.4.1. A chegada do grande capital e a consolidação do setor ... 164

2.4.2. A importância do financiamento ... 172

2.4.2.1. Preço de breakeven e queda rápida dos rendimentos dos poços ... 173

2.4.2.2. Arranjo estabelecido entre “Shale World” e Wall Street: liquidez abundante e necessidade do comércio externo ... 181

(22)

2.6. Shale gas e política industrial nos EUA ... 193

2.6.1. Política tecnológica para a indústria petrolífera: intensificação a partir dos anos 1970 ... 194 2.6.2. Vantagens fiscais e regulatórias ao setor petrolífero (do passado ao presente) e a captura da política estadunidense pelas empresas petrolíferas ... 202 2.6.3. Governo Barack Obama e o shale gas... 214

CAPÍTULO III. SETOR PETROQUÍMICO NO BRASIL: COMPETITIVIDADE E DESAFIOS ... 224 3.1. Petroquímica no Brasil: um setor de base, um setor fundamental ... 224 3.2. O setor petroquímico brasileiro: estrutura e players ... 231 3.3. Breve histórico do setor petroquímico no Brasil: formação, privatização e consolidação ... 234 3.3.1. A formação da petroquímica sob o esquema “tripé”: o protagonismo do Estado ... 235 3.3.2. Década de desestatização e desregulação: o setor petroquímico não foi poupado ... 245 3.3.3. Consolidação do setor: a criação e expansão da Braskem... 257 3.4. Petrobras e o futuro da petroquímica brasileira... 267

CONCLUSÃO ... 283

REFERÊNCIAS ... 306

ANEXO A – TABELAS E FIGURA DA INTRODUÇÃO ... 328 ANEXO B – INVESTIMENTOS NO SETOR PETROQUÍMICO NOS EUA ... 332 ANEXO C – PROJETOS DA RPSEA ... 333 ANEXO D – FATO RELEVANTE DA METANOR ... 335

(23)

INTRODUÇÃO

Entre 2010 e 2015, em apenas um período de 5 anos, o cenário energético no mundo passou por sensíveis mudanças. Nesse período, os EUA passaram de 3º a maior produtor de petróleo do mundo. Dos 8,4 milhões de óleo e outros líquidos que foram acrescidos à produção mundial nesse quinquênio, 61,5% foram de responsabilidade dos EUA. Na verdade, trata-se de uma importante inversão de cenário, considerando que esse país havia apresentado um pequeno decréscimo de produção desse hidrocarboneto na década entre 2000 e 2010 (BP, 20171).

Cobb (2012) ressalta que se agregam na categoria de óleo e outros líquidos combustíveis que não são perfeitamente substituíveis. Com efeito, nessa categoria incluem-se o óleo cru, que é o líquido preto que incluem-se extrai dos reincluem-servatórios; o leaincluem-se condensate, que são hidrocarbonetos mais leves e extraídos dos mesmos poços do óleo e que se juntam às correntes de óleo cru; os líquidos de gás natural (etano, propano, butano e pentano); os outros líquidos (biocombustíveis, coal-to-liquids e gas-to-liquids); e os subprodutos das refinarias2. Todos esses hidrocarbonetos líquidos compõem a definição de petróleo na sua abertura mais ampla.

Ao desagregar a produção mundial desses hidrocarbonetos, entre 2000 e 2015, verifica-se que a produção de óleo cru e condensados aumentou 17,4%, enquanto a dos líquidos de gás natural cresceu 65,6% e a de outros líquidos 227,0%. Com isso, a participação do óleo bruto e lease condensate que era de 91,1%, em 1990, diminuiu para 88,2%, em 2000, e atingiu 83,2% do total do volume de petróleo em 2015, segundo o conceito mais amplo3.

O que chama atenção nesses resultados é a contribuição da produção de líquidos oriundos dos poços de gás natural4. O incremento da oferta de recursos energéticos provenientes da exploração e produção de gás natural contribuiu também para alterar o cenário mundial. Entre 2010 e 2015, a produção do gás natural aumentou 10,6%. Quase a metade (48,1%) desse acréscimo foi de responsabilidade dos EUA, que passaram a ser

1 Anexo A

2 Dos 96,7 milhões de barris por dia de petróleo e outros líquidos produzidos no mundo em 2015, 80,5 milhões

foram de óleo cru e condensados, 10,5 milhões de líquidos de gás natural, 3,2 milhões de outros líquidos e 2,5 milhões de subprodutos das refinarias (Anexo A).

3 Anexo A

4 Dos poços de gás natural podem ser extraídos o metano e os líquidos de gás natural (etano, propano, butano

(24)

também o maior país produtor de gás natural do mundo (74,1 bilhões de pés cúbicos por dia em 2015, versus 55,6 bpc da Rússia, 18,3 bpd do Irã e 17,3 bpc do Catar) (BP, 20175).

Na análise da matriz energética mundial (medida pelo consumo de energia dos países, em milhões de toneladas de óleo equivalente), observa-se, no quinquênio 2010-2015, que a maior taxa de crescimento total do consumo dos combustíveis ocorreu entre aqueles de fontes renováveis (solar, eólica e biomassa, com crescimento de 115,6%, e hidroelétrica com 13,4%). Ainda assim, essas fontes apresentaram apenas uma participação de, respectivamente, 2,8% e 6,7% do total consumido de energia no mundo em 20156 (BP, 2017).

Além das fontes renováveis, o gás natural foi o outro energético que teve aumento de consumo maior do que a média mundial nesse período (9,5% do gás natural versus 7,7% do total do mundo). Sendo assim, sua participação elevou-se de 23,6% em 2010 para 24,0% em 2015. Das três principais fontes de combustíveis no mundo (óleo – 33,1%; carvão, 28,9%, e gás, 24,0% em 2015), o gás natural foi a única que apresentou ganho de participação nesse período. Dos 272 milhões de toneladas de óleo equivalente (mtoe) acrescidos no consumo de gás natural no mundo nesse quinquênio, 91 mtoe foram realizados pelos EUA e 75 mtoe pela China. Nesses dois países, o aumento do consumo desse combustível ocorreu em detrimento do consumo do carvão, sobretudo por conta de seu uso como combustível para a geração de energia nas usinas termoelétricas (BP, 2017).

Além do desenvolvimento tecnológico e de elevação dos investimentos na sua cadeia produtiva, o gás natural se insere no século XXI como fonte energética de uso crescente por conta de um contexto em que os países estão oficialmente na busca da redução da liberação dos gases de efeito estufa (greenhouse gases) para contribuir com a minimização das mudanças climáticas recentes atribuídas ao aquecimento global. O Acordo de Paris em 2015 é emblemático em mostrar o comprometimento dos países em realizarem políticas públicas ativas na redução de poluentes atmosféricos.

Há uma discussão acadêmica a respeito da função do gás natural em contribuir para a diminuição dos gases de efeito estufa. De um lado, estão autores que se opõem à expansão do gás natural na matriz energética dos países. Isso porque, ponderam, essa expansão seria realizada em detrimento da maior aceleração dos investimentos, pesquisa e

5 Anexo A

(25)

produção das energias de fontes renováveis (energia eólica, solar, hidráulica, etc.), distanciando-se da busca por uma matriz energética sustentável e mais limpa (síntese do debate em Trembath, 2015).

De outro lado, estão aqueles que compreendem que a maior participação do gás natural representa uma ponte a um futuro com menos carbono. Partindo do princípio que seria inviável substituir total e rapidamente os combustíveis fósseis por energias renováveis, a ampliação da participação do gás natural seria a melhor forma de transição, ao substituir gradativamente o carvão e o óleo. Isso porque sua queima libera à atmosfera menos gás carbônico do que a combustão do óleo e do carvão para a geração de calor e de energia elétrica. Como exemplo, na geração de energia elétrica, o gás natural libera quase a metade de gás carbônico do que o carvão (Howarth, 2014).

De fato, a emissão de dióxido de carbono nos EUA diminuiu sensivelmente no período 2010-2015 (-5,4%), mais até que em alguns países que haviam assinado o Protocolo de Quioto, como o Japão (que até apresentou um aumento de 2,0%) e a Alemanha (-3,7%). Para a China, o desafio de redução de emissão desse poluente é gigantesco. Entre 2010 e 2015, a variação nesse país foi positiva em 12,9%. De qualquer forma, pode-se visualizar uma redução importante no ritmo da taxa de crescimento dessas emissões nesse país (7,0% ao ano, em média, entre 2000 e 2010 e 2,5% ao ano entre 2010 e 2015)7 (BP, 2017).

O gás natural, até o século XXI, era extraído das formações geológicas convencionais, ou seja, para as quais se utiliza tecnologia difundida e nas quais há condições físicas e econômicas para uma produção economicamente lucrativa às condições de mercado vigentes. Desde 2005, no entanto, áreas não convencionais – como as formações rochosas de

shale8 – passaram a ser locus de produção de uma parte significativa da produção

estadunidense de gás natural.

7 Anexo A.

8 A tradução em português para o termo “shale” é folhelho, um tipo de rocha argilosa de tipo sedimentar,

segundo a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM, 2014). No entanto, no Brasil, acabou se popularizando a palavra “xisto” como tradução, embora, rigorosamente, xisto, xisto betuminoso ou xisto oleígeno são denominações para uma rocha cuja composição química é o betume (que raramente ultrapassa 10% da matéria orgânica do xisto) e o querogênio (COSTA NETO, 1980). A tradução em inglês para o xisto betuminoso seria oil shale. O óleo extraído da rocha de folhelho seria shale oil, e o gás, shale gas. Neste trabalho, optou-se por denominar a rocha de folhelho em inglês (shale) e o gás de lá extraído shale gas para evitar a escolha entre o técnico e o popular. Alguns trabalhos acadêmicos no Brasil também realizaram a mesma opção (como LAGE et al., 2013) e utilizaram a expressão shale e shale gas.

(26)

As rochas de shale são formações geológicas que armazenam hidrocarbonetos, cujas características, em geral, são sua alta porosidade e baixa permeabilidade9, determinando o uso de tecnologias diferenciadas para a liberação do gás e óleo a partir dos espaços entre os grãos que compõem a rocha. Embora já se soubesse que as rochas de shale guardassem gás natural e óleo desde o século XIX, foi só no início do século XXI que a exploração comercial e em grande escala ocorreu.

A extração de recursos petrolíferos das rochas de shale é considerada uma atividade não-convencional10 para a indústria petrolífera porque exige tecnologias de extração diferentes das convencionais, determinando um valor de investimento relativamente maior para os projetos desse tipo11. A adoção de inovações tecnológicas que permitiram o fraturamento hidráulico horizontal (sintetizadas na expressão fracking) para a exploração de gás e óleo e seus resultados expressivos na produção deram ensejo a denominarem esse fenômeno de “Shale Revolution” ou “Shale Boom”.

No International Energy Outlook de 2016, as projeções indicam que a produção mundial de gás natural aumentará de 119,7 para 202,4 trilhões de pés cúbicos (tpc) de 2012 a 204012. Dos 82,7 tpc de acréscimo nesse período, a produção proveniente do shale gas, tight

gas e coalbed methane será responsável por adicionar 58,6 tpc. Afinal, a expectativa é de que

a produção dessas áreas não-convencionais de gás natural saia de 22,3 tpc em 2012 para 80,9 tpc em 2040, perfazendo 40% do total da produção mundial13. Em 2012, essas fontes representaram 18,6% do total.

9 De acordo com Chandra (2006, p. 15), permeabilidade é a facilidade com que o fluído (gás, óleo ou água) se

move por meio dos espaços abertos pelos poros na rocha reservatório. A porosidade da rocha, por sua vez, depende do tipo de grãos e seu tamanho. Quanto mais uniforme o tamanho do grão, maior a porosidade da rocha. Na tentativa de traduzir esses termos para leitores leigos, Sernovitz (2016) faz a seguinte comparação: se fôssemos uma mólecula de óleo e a rocha fosse um hotel, a porosidade seria o tamanho dos quartos e a permeabilidade seria a qualidade dos corredores, halls e escadas que ligariam os quartos à saída do hotel.

10 De acordo com a definição do programa de apoio à produção de recursos não-convencionais nos EUA:

“Unconventional natural gas resources are best described as those gas accumulations that are hard to characterize and commercially produce by common exploration and production technologies. These resources are typically located in heterogeneous, extremely complex, and often poorly understood geologic systems, often easy to find but difficult to produce” (RPSEA, 2017e). Entram nessa classificação, por exemplo, as

formações de shale gas, de tight gas e de coalbed methane, cujas definição e produção nos EUA estão apresentadas mais à frente neste trabalho (Gráfico 41).

11 Para poços convencionais, o investimento gira em torno de US$ 1 a 3 milhões, enquanto nas formações de

shale, para a extração por fraturamento hidráulico horizontal, o investimento alcança algo entre US$ 5 e 8

milhões, por poço (BARTIK et al., 2016).

12 Anexo A.

13 Dessa produção mundial de gás natural projetada para 2040, de 80,9 tpc de áreas não convencionais, dos EUA

(27)

Em função das pesquisas geológicas que vêm sendo realizadas com mais acurácia e dadas as condições novas de exploração de shale gas, as reservas provadas14 de gás natural nos EUA saltaram de 250 trilhões de pés cúbicos (tpc) para quase 400 tpc em 2014 e, com a diminuição dos preços em 2015, reduziram-se para pouco mais de 300 tcf. Nesse último ano, as reservas provadas de shale gas corresponderam a 50% das reservas provadas totais de gás natural nos EUA (U.S. ENERGY INFORMATION ADMINISTRATION - EIA, 2016a).

No mundo, classificando os países selecionados para a realização do estudo EIA (2013), observa-se que aqueles com maiores reservas de shale gas tecnicamente recuperáveis15 são China (1.115 tpc), Argentina (802 pc), Argélia (707 tpc), Canadá (573 tpc) e Estados Unidos (567 tpc)16.

Para que os recursos de shale gas saiam da categoria de ´tecnicamente recuperáveis´ e migrem para a de ´reservas provadas´, devem-se realizar muitos investimentos em pesquisa, prospecção e testes geológicos e mineralógicos nas áreas onde já foram detectadas as formações de shale. Talvez, ainda mais importante que todo o arsenal de estudos e tecnologias pré-extração, os fatores “acima do solo” também devem ser favoráveis para que o componente econômico da exploração seja considerado nas estimativas das reservas provadas, principalmente preços dos recursos fósseis e a institucionalidade legal-política do país.

Além disso, para que o gás natural proveniente das áreas de shale migre das estatísticas das reservas provadas para, concretamente e de forma relevante, aparecer nos resultados da produção de gás natural dos países produtores ou no faturamento das empresas petrolíferas, devem estar presentes nos países com reservas provadas fatores favoráveis

14 De acordo com Graefe (2012), “reservas provadas consistem no petróleo que é ´razoavelmente provável´ que

seja produzido usando a tecnologia aos preços correntes, nos termos comerciais correntes e sob o consentimento dos governos” (p. 63). Conforme aumentam os preços, aumenta-se o volume de hidrocarbonetos residindo na categoria de reservas provadas. Complementando com a definição de The Society of Petroleum Engineers (SPE, 2011) para reservas provadas: “If probabilistic methods are used, there should be at least a 90%

probability that the quantities actually recovered will equal or exceed the estimate. Often referred to as 1P, also as “Proven.””(p. 212).

15 Na classificação usada por EIA (2013), os recursos tecnicamente recuperáveis representam o volume de óleo

e gás que podem ser produzidos de acordo com a tecnologia corrente, sem levar em conta os preços e os custos de produção. Os recursos economicamente recuperáveis, contidos no conceito anterior, já compreendem volume de óleo e gás que podem ser produzidos lucrativamente de acordo com as condições de mercado. (p. 10). Essas categorias podem ser visualizadas na Figura 1 do Anexo A.

16 Nessa estimativa, os recursos tecnicamente recuperáveis de shale gas no Brasil seriam de 245 trilhões de pés

cúbicos. De acordo com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial - ABDI (2013), esses recursos estão presentes na Bacia do Rio Parnaíba. Outras formações não convencionais de gás no Brasil encontram-se nas bacias do São Francisco, Paraná, do Parecis e do Recôncavo (p. 8).

(28)

bastante específicos requeridos pela dinâmica econômica da indústria petrolífera (de óleo e gás natural), como infraestrutura, mercado, encadeamentos interssetoriais, etc. Até esse momento, o único país que conseguiu resultados expressivos a partir da descoberta e viabilidade dessa nova área de exploração de hidrocarbonetos foram os Estados Unidos.

Como será apresentado com uma boa dose de aprofundamento neste trabalho, para ter sido o palco originário da “Shale Revolution”, os EUA contaram e contam com uma institucionalidade regulatória e econômico-financeira ímpar, difícil de ser rapidamente e plenamente transplantada, de alguma forma, para outros países. Além de contar com um gigantesco aparato público de apoio por décadas, a atividade petrolífera nos EUA e, portanto, o segmento mais recente de exploração de áreas não convencionais, também foi beneficiária de uma legislação ambiental permissiva, de uma política monetária favorável, de um mercado de capitais sofisticado e com uma liquidez abundante para volumosos financiamentos, e de uma legislação de posse de terras que permite a exploração do subsolo a partir da decisão unicamente de seus proprietários. Além disso, os governos estaduais, municipais e federal (inclusive o do democrata Barack Obama) em conjunto com os setores privados produtivo e financeiro conduziram uma campanha muito bem-sucedida de propaganda entusiástica com relação aos ganhos econômicos, sociais, ambientais e geopolíticos que seriam trazidos pela extração e produção dos hidrocarbonetos das rochas de shale nos EUA.

Na esteira dessa excitação promovida (e aqui, supõe-se, para isso realizada), os agentes financeiros nos EUA, que buscavam novas fronteiras de acumulação após a crise de 2008, puderam renovar suas carteiras de empréstimos muito facilmente com os produtores de shale. Como será analisado à frente, a sustentabilidade da produção de shale gas dependeu de constantes aportes de novos recursos, conduzindo a uma relação simbiótica entre Wall Street, buscando novos devedores, e shale drillers, requisitando crédito.

Mazzucato (2013; 2015) elenca a emergência da atividade de shale gas nos EUA como um dos exemplos de que os esforços de pesquisa e programas públicos de financiamento e de desenvolvimento tecnológico, instituições típicas de um Estado Empreendedor são capazes de ensejar. Weiss (2014), embora não mencione a atividade de extração de óleo e gás das formações de shale como resultado das ações de promoção do Estado estadunidense, mostra em profundidade de que forma a busca por segurança nacional nos EUA conduz à execução de políticas industriais e tecnológicas de grande relevo,

(29)

responsáveis pela emergência das inovações tecnológicas que foram marcando os setores produtivos nas últimas décadas desde o pós-guerra. Em um espectro de Estados mais e menos ativos, a autora insere os EUA no extremo mais ativo, superando até mesmo o Estado chinês na promoção do desenvolvimento tecnológico17.

Essa é uma breve descrição do contexto geral no mundo, mas sobretudo nos EUA, sobre o qual se assentou o surgimento da atividade de exploração e produção de shale gas. O

Shale Boom nos EUA, em função da volumosa produção de líquidos de gás natural

(principalmente o etano), trouxe importantes alterações no cálculo da rentabilidade de novos projetos de investimentos no setor petroquímico18 naquele território. Ao fornecer matérias-primas e uma fonte de energia a baixos custos nos curto e médio prazos a um setor para o qual esses custos compõem uma fatia significativa dos custos totais, os EUA lançaram-se como um novo espaço de investimentos do setor petroquímico e, consequentemente, como um grande competidor mundial.

Foi nesse encadeamento “shale gas e setor petroquímico” nos EUA que residiu o interesse para a elaboração deste trabalho. Parte-se aqui da premissa de que a experiência dos EUA pode servir de base para frutíferas reflexões sobre as condições de competitividade do setor petroquímico no Brasil.

Para avançar nessa investigação, arrolam-se as seguintes perguntas intermediárias:

- Há, de fato, a emergência de uma nova fonte de vantagem competitiva duradoura para o setor industrial nos EUA com a produção de shale gas?

- Quais arranjos institucionais deram base à expansão dessa atividade? Aqui o principal interesse está em mapear a importância do Estado em suas várias dimensões para o apoio à consolidação do shale gas.

- Quais são, nesse novo contexto, os determinantes atuais da competitividade do setor petroquímico?

17 Sobre a intervenção do Estado nos EUA: “Its innovation activism may indeed surprise in view of that country’s

characterization as the archetypal liberal market economy. Nevertheless, the United States is quite possibly the preeminent power in using all these active forms of industrial governance—but often in forms that are decidedly not conventional” (WEISS, 2014, p. 08).

18 O processo produtivo do setor petroquímico se inicia com a utilização de matérias-primas líquidas e gases (em

geral tóxicas e corrosivas) provenientes do setor petrolífero, e, a partir de reações químicas com fortes energias de ativação (temperatura e pressão), se finda com a geração de um conjunto variado de produtos petroquímicos (Suarez, 1986).

(30)

- A expansão de shale gas nos EUA e no mundo constitui uma nova ameaça ao setor petroquímico brasileiro? Em particular, como se alteram as forças, gargalos e fragilidades da indústria brasileira frente a essa nova fonte de oferta de matéria-prima petroquímica?

Para este estudo, partiu-se das hipóteses de que a atividade de shale gas afeta sobremaneira, e de forma duradoura, as condições de competitividade do setor petroquímico mundial; em segundo lugar, que o arranjo que permitiu a consolidação dessa atividade nos EUA tem como figura central o Estado e suas articulações com o grande capital; em terceiro lugar, que os fatores determinantes da competitividade do setor petroquímico são a alta integração da cadeia produtiva e o acesso ao capital. Para tanto, mais do que nunca, se faz necessária a atuação do Estado seja como produtor direto, seja na articulação dos agentes da cadeia produtiva, na regulação da atividade e dos mecanismos de concorrência intercapitalista, no financiamento, no desenvolvimento da infraestrutura e no fortalecimento de uma institucionalidade favorável à inovação tecnológica; em quarto lugar, que esse novo ambiente competitivo impõe desafios de monta para a petroquímica brasileira, elevando a importância da presença da Petrobras na determinação da competitividade do setor.

Este tema poderia ser abordado com base num olhar e numa literatura do campo da Organização Industrial e neo-schumpeteriano em que as oportunidades, trajetórias e desafios tecnológicos, que surgem neste momento no setor petroquímico e na sua interação com os setores petrolífero e de refinaria, pudessem ser o foco principal de análise. Considera-se aqui que os reflexos do deConsidera-senvolvimento e mudanças tecnológicos sobre a cadeia produtiva petroquímica e suas eventuais novas formas de governança conformam um objeto de pesquisa e investigação de grande importância. No entanto, a opção aqui definida foi a de utilizar a lente da Economia Política – embora haja, ao longo de todo o trabalho, muitas referências explícitas ou implícitas aos autores e autoras da Economia Industrial – para observar como o Estado se articula com o grande capital na criação de novos espaços de acumulação.

Assim, pode-se afirmar que o objetivo desta tese é o de avaliar o arranjo produtivo-financeiro que foi estabelecido entre os setores de exploração de gás e o petroquímico nos EUA, com um olhar atento aos papéis que Estado e o grande capital ali desempenharam, e refletir sobre como esses elementos e atores determinantes para a

(31)

competitividade das empresas do setor se estabelecem na estrutura produtiva brasileira. Para tanto, este trabalho estrutura-se em três capítulos.

No capítulo 1, caracterizam-se a indústria petroquímica e a cadeia produtiva na qual ela se insere. A viabilização técnico-econômica do processo produtivo petroquímico de fluxo contínuo de processamento de insumos requer elevada automação, necessidade da integração física e econômica com o setor fornecedor de matéria-prima e uma localização geográfica delimitada em aglomerações produtivas (os denominados polos ou complexos petroquímicos). Além disso, pelo potencial de inovações em processo e em produto, o setor petroquímico revela alto grau de dinamismo. Para tanto, a geração e acúmulo de competências tecnológicas são essenciais à sobrevivência das empresas e à sua capacidade de expansão.

Com efeito, busca-se sublinhar, a partir da revisão bibliográfica especializada no setor petroquímico, que escala, integração vertical, diversificação horizontal e internacionalização constituem os principais fatores de competitividade nesse setor. O alcance desses quatro requisitos competitivos requer um inevitável volume de recursos financeiros. Essa intensa necessidade de capital desse setor define que o Estado e a Grande Empresa sejam peças chaves para a compreensão da obtenção da liderança competitiva do setor.

No capítulo 2, o foco migra para a análise das condições econômico-políticas nos EUA que deram ensejo à emergência, desenvolvimento e consolidação deste novo e importante espaço de acumulação nesse país: a atividade de exploração de gás nas formações rochosas de shale. Além da descrição das características técnico-econômicas dessa atividade, neste capítulo, lança-se luz ao importante papel cumprido pelas políticas industriais, tecnológicas, fiscais, regulatória e de comércio exterior nos EUA para o concomitante aumento surpreendente da produção de hidrocarbonetos naquele território e dos projetos de investimento no setor petroquímico, mesmo após a deflagração da grave crise financeira de 2008. A política monetária pós crise que combinou o “quantitative easing” (compra de títulos em larga escala pelo Federal Reserve) com taxas de juros muito baixas (próximas de zero) pode ser vista como peça importante dessa engrenagem, ao prover liquidez exuberante ao sistema financeiro. O otimismo no mercado financeiro que resultou desse conjunto de estímulos monetários facilitou o financiamento das operações das empresas do setor com elevado grau

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de alavancagem e dos processos de fusão e aquisição que caracterizaram o setor no período mais recente.

A análise do setor petroquímico no Brasil, o histórico de sua estruturação, as mudanças na estrutura regulatória com o processo de privatização, e sua consolidação na formação de uma grande empresa integrada e com forte potencial de avanço é o objeto do capítulo 3. Ali se busca compreender as perspectivas e desafios atuais do setor à luz dos fatores de competitividade analisados e do exemplo analisado no capítulo 2 a respeito do revigoramento contundente das bases de competitividade na petroquímica nos EUA.

Por fim, nas considerações finais da tese, busca-se a síntese da experiência exitosa (em termos econômicos) da reconquista da competitividade do setor petroquímico nos EUA, avaliando como o Estado e o grande capital se articulam para viabilizar, alcançar e sustentar condições de competitividade às empresas lá instaladas.

As lições extraídas daí podem ser interessantes para a análise do caso brasileiro, sobretudo tendo em vista que a gestão atual da Petrobras anunciou em 2016 a venda de sua importante participação acionária na maior empresa petroquímica brasileira, a Braskem. Esse movimento não só representa a retirada de um ente estatal do setor como também engendra um efeito de desintegração patrimonial na cadeia petroquímica, em razão da saída do produtor de matéria-prima da principal empresa do setor petroquímico. O desinvestimento da Petrobras significa tanto a eliminação de instrumentos públicos de coordenação, financiamento e geração de novas capacitações ao setor petroquímico, como também está situado em uma direção contrária não só às estratégias das maiores empresas petrolíferas que aumentam sua posição em atividades downstream como a das maiores empresas petroquímicas do mundo que não abrem mão de sua integração com o setor produtor de matéria-prima, baseando aí uma parte considerável de suas vantagens competitivas.

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CAPÍTULO I: SETOR PETROQUÍMICO: DETERMINANTES DA COMPETITIVIDADE

Este capítulo tem por objetivo apresentar os elementos que definem a competitividade das empresas que compõem a indústria petroquímica mundial. Para isso, no primeiro item define-se o escopo das atividades desse setor e a cadeia produtiva na qual ele está inserido e, no segundo item, analisa-se brevemente a estrutura de mercado do setor fornecedor das principais matérias-primas da indústria petroquímica, o setor petrolífero. No terceiro item, realiza-se uma revisão bibliográfica acerca dos determinantes da competitividade do setor. Realça-se o papel exercido pelas vantagens competitivas auferidas pelas empresas com elevadas escalas produtiva e financeira, com alto grau de integração na cadeia produtiva, de diversificação e com elevado poder de atuação global, por meio do comércio ou investimentos. A obtenção desses fatores de competitividade demanda um elevado montante de recursos financeiros e, portanto, em geral, está associada ao apoio dos governos e suas políticas em várias dimensões, objeto de análise do último item deste capítulo.

1.1. Abrangência das atividades do setor petroquímico

O setor petroquímico integra o setor químico, partilhando, assim, de suas características técnicas e econômicas. Esses setores industriais, químico e petroquímico, são, majoritariamente, produtores de insumos básicos que compõem uma infinidade de outros produtos fabricados por outros setores, utilizando processos contínuos de produção em alta escala e, portanto, são setores de alta intensidade de capital para as inversões produtivas. Ao mesmo tempo, pelo potencial de inovação em seus produtos, requerem alta percentagem de gastos em pesquisa com relação ao faturamento, o que define aqui também elevados requisitos de financiamento.

Como uma subdivisão do setor químico, a petroquímica está atrelada originalmente ao uso de frações do petróleo ou gás como suas mais importantes matérias-primas. O setor que antecedeu a petroquímica, pois também cumpria a função de substituir materiais naturais por sintéticos, com funcionalidade maior e a preços menores, foi a carboquímica, química orgânica que utiliza subprodutos do processamento do carvão. No início do século XX, diferentemente da Europa, nos EUA, a petroquímica rapidamente predominou sobre a carboquímica, por utilizar como insumo o gás de refinaria, um

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