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fls.1 PROCESSO Nº TST-ARR A C Ó R D Ã O (6ª Turma) GMKA/dng/mc

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A C Ó R D Ã O (6ª Turma) GMKA/dng/mc

I - AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014 E DA INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40 DO TST. ANTERIOR À LEI 13.467/2017. RECLAMADA. PLANO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA – PDV. QUITAÇÃO. EFEITOS. COMPENSAÇÃO. 1 - No caso, constata-se que o recurso de revista não preencheu o requisito previsto no art. 896, § 1º-A, I, da CLT, pois a transcrição em conjunto, no início da peça recursal, da fundamentação do acórdão recorrido quanto a várias matérias objeto de impugnação, sem destaque dos trechos controversos e sem vinculação individual posterior das teses impugnadas, não atende à exigência legal supracitada.

2 – Agravo de instrumento a que se nega provimento.

ADICIONAL DE INSALUBRIDADE.

1 - Preenchidos os requisitos do art. 896, § 1º-A, da CLT.

2 - A Corte regional, soberana na análise do conjunto fático-probatório, concluiu que o depoimento do reclamante é corroborado por sua testemunha e vai ao encontro da conclusão do laudo. Eis os termos do referido depoimento, que consta na transcrição do acórdão do TRT:

“utilizava sapato de segurança, óculos; que quanto aos demais EPI´s afirma que a utilização era incompatível com suas atividades, pois deveria escutar os motores; que nem sempre havia EPI´s disponíveis; que os produtos químicos que utilizava eram muito fortes afirmando que as luvas não aguentavam, sendo que algumas peças eram pequenas e deveriam ter o tato preservado; que nunca havia estoque disponível de creme protetivo; que exibidas as fichas de

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recebimento de EPI´s, afirma que assinava as mesmas apenas em época de auditoria, tendo recebido ou não os EPI´s que ali constavam; que exibida a ficha de descrição de atividades juntada com a defesa, afirma que realizava as atividades ali descritas; que sempre ia no balcão de armazenamento de produtos químicos; que confirma que entrava no local; que não havia catraca de acesso no galpão”. O Tribunal a quo

consignou, ainda, que a reclamada não produziu nenhuma prova em sentido contrário.

3 - Nesse contexto, para se chegar à conclusão diversa da exposta pelo Tribunal Regional, seria necessário reexame de fatos e provas, o que é vedado nesta instância extraordinária, nos termos da Súmula n° 126 desta Corte, cuja incidência afasta a viabilidade do conhecimento do recurso de revista com base na fundamentação jurídica invocada pela parte.

4 - Agravo de instrumento a que se nega provimento.

II - AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014 E DA INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40 DO TST. ANTERIOR À LEI 13.467/2017. RECLAMANTE. PRELIMINAR. NULIDADE DO ACÓRDÃO DO TRT POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL.

1 - Deixa-se de apreciar a preliminar de nulidade suscitada, nos termos do art. 282, § 2º, do CPC/2015 (artigo 249, § 2º, do CPC/1973).

2 - Agravo de instrumento a que se nega provimento.

ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. EXPOSIÇÃO HABITUAL A INFLAMÁVEIS.

1 - Preenchidos os requisitos do art. 896, § 1º-A, da CLT.

2 - Aconselhável o provimento do agravo de instrumento para determinar o

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processamento do recurso de revista, no particular, por provável má-aplicação da Súmula nº 364 do TST.

3 – Agravo de instrumento a que se dá provimento.

III - RECURSO DE REVISTA. VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014 E DA INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40 DO TST. ANTERIOR À LEI Nº 13.467/2017. RECLAMANTE. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. EXPOSIÇÃO HABITUAL A INFLAMÁVEIS.

1 – O entendimento desta Corte superior é de que a permanência habitual em área de risco, ainda que por período de tempo reduzido, não consubstancia contato eventual, mas sim intermitente, com risco potencial de dano efetivo ao trabalhador. Nesse sentido, dispõe a Súmula nº 364, I, do TST: "tem direito ao

adicional de periculosidade o empregado exposto permanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a condições de risco. Indevido, apenas, quando o contato dá-se de forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido".

2 - No caso, extrai-se do acórdão do Regional, com fulcro no laudo pericial, que o reclamante retirava os produtos químicos utilizados em suas atividades diretamente na área de armazenamento de produtos químicos. Nesse contexto, o perito concluiu que o reclamante adentrava de maneira habitual em local classificado como área de risco, em situação de risco acentuado, em condição de periculosidade conforme enquadramento prescrito na NR-16 da Portaria 3.214/78, que trata de materiais inflamáveis.

3 - O TRT, contudo, entendeu que a quantidade de vezes que o reclamante adentrava na área de armazenamento dos produtos químicos, no total de 5 ao mês, no tempo de 15 a 20 minutos, não se

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configura como habitual e tampouco como intermitente, mas sim eventual.

4 - De acordo com as premissas fáticas descritas, portanto, resulta que a exposição a risco não era eventual e nem por período extremamente reduzido. Julgados.

5 – Recurso de revista a que se dá provimento.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista com Agravo n° TST-ARR-1002252-58.2014.5.02.0463, em que é Agravante, Agravado e Recorrente JOSE LOPES DOS SANTOS e Agravante, Agravado e Recorrido ROLLS-ROYCE BRASIL LTDA.

O juízo primeiro de admissibilidade negou seguimento aos recursos de revista, sob o fundamento de que não é viável o seu conhecimento.

As partes interpõem agravos de instrumento, com base no art. 897, b, da CLT.

Contrarrazões apresentadas.

Os autos não foram remetidos ao Ministério Público do Trabalho porque não se configuraram as hipóteses previstas em lei e no RITST.

É o relatório. V O T O

I - REAUTUAÇÃO

Acórdão do TRT em recurso ordinário publicado antes da vigência da Lei nº 13.467/2017 (11/11/2017). Determino a reautuação para que seja excluído o marcador "Lei nº 13.467/2017".

II – AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMADA

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1. CONHECIMENTO

Preenchidos os pressupostos de admissibilidade, conheço do agravo de instrumento.

2. MÉRITO

2.1. PLANO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA – PDV. QUITAÇÃO. EFEITOS. COMPENSAÇÃO.

O Tribunal Regional, juízo primeiro de admissibilidade do recurso de revista (art. 682, IX, da CLT), denegou-lhe seguimento, sob os seguintes fundamentos:

“RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO / PLANO DE DEMISSÃO INCENTIVADA/VOLUNTÁRIA.

Alegação(ões): - violação do(s) artigo 5º, inciso LIV; artigo 5º, inciso LV; artigo 8º, inciso VI; artigo 11, da Constituição Federal.

- violação do(a) Consolidação das Leis do Trabalho, artigo 477-B; Código Civil, artigo 884.

- divergência jurisprudencial.

A decisão recorrida está de acordo com a atual jurisprudência da Seção Especializada em Dissídios Individuais - I do C. Tribunal Superior do Trabalho (Orientação Jurisprudencial de nº 270), o que inviabiliza a admissibilidade do presente apelo nos termos da Súmula nº 333 do C.

Tribunal Superior do Trabalho e §7º do artigo 896 da CLT.

No que se refere à alegada compensação, a decisão recorrida também está de acordo com a atual jurisprudência da Seção Especializada em Dissídios Individuais - I do C. Tribunal Superior do Trabalho (Orientação Jurisprudencial de nº 356), o que igualmente inviabiliza a admissibilidade do presente apelo nos termos da Súmula nº 333 do C. Tribunal Superior do Trabalho e §7º do artigo 896 da CLT.

A função uniformizadora do Tribunal Superior do Trabalho já foi cumprida na pacificação da controvérsia, o que obsta o seguimento do presente recurso, quer por divergência, quer por violação de preceito de lei ou da Constituição Federal.”

A fim de demonstrar o prequestionamento da matéria controvertida, a parte indicou, nas razões do recurso de revista, a fls. 927/930, o seguinte excerto do acórdão do TRT:

“Da transação

A reclamada pretende alterar o resultado da r. sentença de mérito para, em substituição, ver decretada a extinção do feito, com resolução de mérito, ante transação havida entre as partes, na qual o reclamante aderiu ao Plano de

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Demissão Voluntária (PDV) para receber a importância de R$ 50.000,00 e, em contrapartida, segundo seu entendimento, outorgou quitação a todos os direitos trabalhistas, bem como renunciou ao direito de ingressar com ação trabalhista.

Sucessivamente, caso não se entenda desta maneira requer a compensação do valor recebido pelo acordo, com eventuais direitos conquistados na presente demanda.

Razão não lhe assiste.

Para o êxito do pleito da recorrente, quanto a extinção da ação, com resolução de mérito, na forma do artigo 487, III do CPC, diante o reconhecimento da quitação plena de todos os direitos trabalhistas pelo reclamante por esta Justiça Laboral, deveriam ser observadas as condições existentes nos autos do RE 590.415, cuja decisão com repercussão geral neste sentido, tornou necessária a existência de Acordo Coletivo com previsão expressa para o advento do PDV, suas consequências e efeitos jurídicos no contrato de trabalho individual do empregado ao aderir a este, bem como contar com a assistência dos representantes do sindicato da categoria profissional no momento da homologação do próprio PDV, buscando o equilíbrio de forças entre empregado e empregador. Além disto, há necessidade de demais instrumentos neste sentido, voltados a provar a adesão de livre e espontânea vontade, a ciência do empregado a respeito dos efeitos jurídicos na adesão, a fim de tornar claro ao empregado quais são os seus direitos por este ato praticado. No presente feito, o Acordo Coletivo não contém cláusula específica sobre a renúncia do empregado aos seus direitos trabalhistas, por aderir ao PDV (id 86f77de - Pág. 4). O mesmo pode-se afirmar em relação ao próprio PDVT, por não fazer nenhuma ressalva expressa à quitação do contrato de trabalho (id 86f77de - Pág. 3) A mera presença de membros do Sindicato de classe do empregado no ato da negociação, conforme alude a recorrente, não é suficiente para trazer à transação o efeito jurídico almejado pela recorrente.

Neste passo, a transação realizada não atendeu aos fins pretendidos pela recorrente, para fins de decretação da extinção da ação, com resolução de mérito.

Superada esta primeira questão, resta dirimir os efeitos desta transação, fronte a ação trabalhista em análise.

Sobre este tema, entendo que a extinção do contrato de trabalho por meio de adesão ao plano de demissão voluntária dá quitação apenas ao objeto do próprio acordo, sob pena de entendimento em sentido contrário ofender o artigo 477, § 2º da CLT.

São requisitos da transação a existência de coisa litigiosa e a concessão recíproca de direitos por ambas as partes.

No caso em exame, o reclamante aderiu ao plano de demissão voluntária, não havendo controvérsia sobre direitos, litígio, nem confronto. Não havia o que transacionar, tendo o recorrido recebido uma indenização apenas e exclusivamente para aderir a esse programa e o valor pago não se destinava a satisfazer os direitos discutidos e elencados nesta demanda.

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O propósito da recorrente era incentivar a demissão imotivada dos empregados, objetivando reduzir o seu quadro de pessoal e não transacionar direitos controversos.

Neste sentido, a matéria encontra-se pacificada, sendo objeto da Orientação Jurisprudencial nº 270, do C. TST, a seguir transcrita: "Programa de Incentivo à Demissão Voluntária. Transação extrajudicial. Parcelas oriundas do extinto contrato de trabalho.

Efeitos. A transação extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho ante a adesão do empregado a plano de demissão voluntária implica quitação exclusivamente das parcelas e valores constantes do recibo."

Portanto, a adesão ao PDV não importa em quitação geral e irrestrita na forma pretendida pela recorrente.

Relativamente à compensação, no âmbito desta Justiça Laboral a mesma está restrita a dívidas de natureza trabalhistas, sendo permitida apenas com aquelas de mesmo título. Por este entendimento, as verbas deferidas nesta ação não poderão ser compensadas com o incentivo recebido pela adesão ao PDV, consoante atual redação da OJ 356 da SDI-1 do C. TST: PROGRAMA DE INCENTIVO À DEMISSÃO VOLUNTÁRIA (PDV). CRÉDITOS TRABALHISTAS RECONHECIDOS EM JUÍZO. COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE (DJ 14.03.2008) Os créditos tipicamente trabalhistas reconhecidos em juízo não são suscetíveis de compensação com a indenização paga em decorrência de adesão do trabalhador a Programa de Incentivo à Demissão Voluntária (PDV).

Por outro lado, as demais verbas trabalhistas poderão ser compensadas, com os demais valores apurados nos autos, desde que sob idênticos títulos, na forma do artigo 767 da CLT.

Por todos estes fundamentos, dou provimento parcial ao recurso ordinário, para autorizar a compensação dos valores pagos sob iguais títulos, nos termos do artigo 767 da CLT.

(...) Do adicional de insalubridade

A reclamada alega que a r. sentença de mérito e o laudo produzido, no qual aquela se embasou, se encontram em dissonância com as demais provas produzidas nos autos, razão pela qual deverá ser reformulada, uma vez que o Juízo não está adstrito à conclusão do laudo, conforme art. 479 do CPC.

Sem razão.

O trecho transcrito no recurso ordinário da reclamada não condiz com o depoimento do reclamante colhido em audiência, cujo teor se reduz nos seguintes termos; "...que utilizava sapato de segurança, óculos; que quanto aos demais EPI´s afirma que a utilização era incompatível com suas atividades, pois deveria escutar os motores; que nem sempre havia EPI´s disponíveis; que os produtos químicos que utilizava eram muito fortes afirmando que as luvas não aguentavam, sendo que algumas peças eram pequenas e deveriam ter o tato preservado; que nunca havia estoque disponível de creme protetivo; que exibidas as fichas de recebimento de EPI´s, afirma que assinava as mesmas apenas em época de auditoria, tendo recebido ou não os EPI´s que ali constavam; que exibida a ficha de descrição

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de atividades juntada com a defesa, afirma que realizava as atividades ali descritas; que sempre ia no balcão de armazenamento de produtos químicos; que confirma que entrava no local; que não havia catraca de acesso no galpão;..." Referido depoimento é corroborado por sua testemunha, no mesmo ato e vai ao encontro da conclusão do laudo.

No mais, a reclamada não produziu nenhuma prova em sentido contrário, ônus que lhe competia, nos termos dos artigos 373, II do CPC e 818 da CLT e do qual não se desincumbiu.

Destarte, nego provimento.”

Nas razões do agravo de instrumento, a parte sustenta que houve a presença da entidade sindical profissional na realização do acordo coletivo atinente ao PDV. Nesse sentido, defende a validade da quitação geral prevista na norma coletiva.

Insiste, ainda, na compensação dos valores pagos mediante rescisão e a adesão ao PDV.

Aponta ofensa aos arts. 8º, VI, da CF/88 e 884 do Código Civil. Colaciona arestos.

Ao exame.

No caso, constata-se que o recurso de revista não preencheu o requisito previsto no art. 896, § 1º-A, I, da CLT, pois a transcrição em conjunto, no início da peça recursal, da fundamentação do acórdão recorrido quanto a várias matérias objeto de impugnação, sem destaque dos trechos controversos e sem vinculação individual posterior das teses impugnadas, não atende à exigência legal supracitada.

Nego provimento.

2.2. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE.

O Tribunal Regional, juízo primeiro de admissibilidade do recurso de revista (art. 682, IX, da CLT), denegou-lhe seguimento, sob os seguintes fundamentos:

“REMUNERAÇÃO, VERBAS INDENIZATÓRIAS E BENEFÍCIOS / ADICIONAL / ADICIONAL DE INSALUBRIDADE.

Alegação(ões): - violação do(a) Consolidação das Leis do Trabalho, artigo 189; artigo 191; Código de Processo Civil de 2015, artigo 334, inciso II; artigo 436. Para se adotar entendimento diverso da decisão Regional, ter-se-ia que proceder à revisão do conjunto fático-probatório, conduta incompatível na atual fase do processo (Súmula nº 126 do C. Tribunal Superior do Trabalho), o que também afasta, de plano, a possibilidade de

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cabimento do recurso por divergência jurisprudencial ou por violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta e literal à Constituição Federal. Observe-se, ainda, que o ônus da prova não representa um fim em si mesmo, tendo serventia o referido instituto apenas quando não há prova adequada à solução do litígio. Se as provas já se encontram nos autos, como na hipótese sob exame, prevalece o princípio do livre convencimento motivado, insculpido no art. 131 do CPC de 1973, segundo o qual ao julgador cabe eleger aquela que lhe parecer mais convincente, princípio que foi expressamente agasalhado pelo artigo 371 do novo código.

DENEGO seguimento.”

A fim de demonstrar o prequestionamento da matéria controvertida, a parte indicou, nas razões do recurso de revista, a fl. 940, o seguinte excerto do acórdão do TRT:

“Do adicional de insalubridade

A reclamada alega que a r. sentença de mérito e o laudo produzido, no qual aquela se embasou, se encontram em dissonância com as demais provas produzidas nos autos, razão pela qual deverá ser reformulada, uma vez que o Juízo não está adstrito à conclusão do laudo, conforme art. 479 do CPC.

Sem razão.

O trecho transcrito no recurso ordinário da reclamada não condiz com o depoimento do reclamante colhido em audiência, cujo teor se reduz nos seguintes termos; "...que utilizava sapato de segurança, óculos; que quanto aos demais EPI´s afirma que a utilização era incompatível com suas atividades, pois deveria escutar os motores; que nem sempre havia EPI´s disponíveis; que os produtos químicos que utilizava eram muito fortes afirmando que as luvas não aguentavam, sendo que algumas peças eram pequenas e deveriam ter o tato preservado; que nunca havia estoque disponível de creme protetivo; que exibidas as fichas de recebimento de EPI´s, afirma que assinava as mesmas apenas em época de auditoria, tendo recebido ou não os EPI´s que ali constavam; que exibida a ficha de descrição de atividades juntada com a defesa, afirma que realizava as atividades ali descritas; que sempre ia no balcão de armazenamento de produtos químicos; que confirma que entrava no local; que não havia catraca de acesso no galpão;..."

Referido depoimento é corroborado por sua testemunha, no mesmo ato e vai ao encontro da conclusão do laudo.

No mais, a reclamada não produziu nenhuma prova em sentido contrário, ônus que lhe competia, nos termos dos artigos 373, II do CPC e 818 da CLT e do qual não se desincumbiu.

Destarte, nego provimento.”

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Nas razões do agravo de instrumento, a parte sustenta que o acórdão do TRT se encontra divorciado das provas dos autos. Argumenta que a prova pericial não leva inequivocamente ao convencimento do juízo quanto a existência da insalubridade.

Aduz, ainda, que “o Reclamante não laborou em

condições insalubres por exposição a agentes químicos, físicos e/ou biológicos, ora pela AUSÊNCIA DE EXPOSIÇÃO ao agente, ora por sua neutralização através do fornecimento dos EPI’s adequados, treinamento e fiscalização quanto à sua utilização”.

Aponta violação dos arts. 189 da CLT e 436 do CPC. Ao exame.

Preenchidos os requisitos do art. 896, § 1º-A, da CLT. A Corte regional, soberana na análise do conjunto fático-probatório, concluiu que o depoimento do reclamante é corroborado por sua testemunha e vai ao encontro da conclusão do laudo. Eis os termos do referido depoimento, que consta na transcrição do acórdão do TRT:

“utilizava sapato de segurança, óculos; que quanto aos demais EPI´s afirma que a utilização era incompatível com suas atividades, pois deveria escutar os motores; que nem sempre havia EPI´s disponíveis; que

os produtos químicos que utilizava eram muito fortes afirmando que as luvas não aguentavam, sendo que algumas peças eram pequenas e deveriam ter o tato preservado; que nunca havia estoque disponível de creme protetivo; que exibidas as fichas de recebimento de EPI´s, afirma que assinava as mesmas apenas em época de auditoria, tendo recebido ou não os EPI´s que ali constavam; que exibida a ficha de descrição de atividades

juntada com a defesa, afirma que realizava as atividades ali descritas; que sempre ia no balcão de armazenamento de produtos químicos; que confirma que entrava no local; que não havia catraca de acesso no galpão” (grifos nossos).

O Tribunal a quo consignou, ainda, que a reclamada não produziu nenhuma prova em sentido contrário.

Nesse contexto, para se chegar à conclusão diversa da exposta pelo Tribunal Regional, seria necessário reexame de fatos e provas, o que é vedado nesta instância extraordinária, nos termos da Súmula n° 126 desta Corte, cuja incidência afasta a viabilidade do

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conhecimento do recurso de revista com base na fundamentação jurídica invocada pela parte.

Ante o exposto, nego provimento ao agravo de instrumento.

III – AGRAVO DE INSTRUMENTO DO RECLAMANTE 1. CONHECIMENTO

Preenchidos os pressupostos de admissibilidade, conheço do agravo de instrumento.

2. MÉRITO

2.1. PRELIMINAR. NULIDADE DO ACÓRDÃO DO TRT POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL.

Deixa-se de apreciar a preliminar de nulidade suscitada, nos termos do art. 282, § 2º, do CPC/2015 (artigo 249, § 2º, do CPC/1973).

Nego provimento.

2.2. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. EXPOSIÇÃO HABITUAL A INFLAMÁVEIS.

O Tribunal Regional, juízo primeiro de admissibilidade do recurso de revista (art. 682, IX, da CLT), denegou-lhe seguimento, sob os seguintes fundamentos:

“REMUNERAÇÃO, VERBAS INDENIZATÓRIAS E BENEFÍCIOS / ADICIONAL / ADICIONAL DE PERICULOSIDADE.

Alegação(ões): - contrariedade à(s) Súmula(s) nº 364 do colendo Tribunal Superior do Trabalho.

- violação do(s) artigo 7º, inciso XXII, da Constituição Federal. - violação do(a) Consolidação das Leis do Trabalho, artigo 193. - divergência jurisprudencial.

Para se adotar entendimento diverso da decisão Regional, ter-se-ia que proceder à revisão do conjunto fático-probatório, conduta incompatível na atual fase do processo (Súmula nº 126 do C. Tribunal Superior do Trabalho), o que também afasta, de plano, a possibilidade de cabimento do recurso por divergência jurisprudencial ou por violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta e literal à Constituição Federal.

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Ao contrário do que alega a recorrente, a r. decisão está em consonância com a Súmula de nº 364 do C. Tribunal Superior do Trabalho.

O recebimento do recurso encontra óbice no artigo 896, § 7º, da CLT, e Súmula nº 333 do C.TST, restando afastada a alegada violação dos dispositivos legais apontados e prejudicada a análise dos arestos paradigmas transcritos para o confronto de teses.

DENEGO seguimento.”

A fim de demonstrar o prequestionamento da matéria controvertida, a parte indicou, nas razões do recurso de revista, a fls. 981/982, o seguinte excerto do acórdão do TRT:

“O laudo pericial caracterizou a condição periculosa de trabalho do reclamante, com base na seguinte conclusão: "... Diante do exposto, resta claro que, durante o período imprescrito, o Reclamante adentrava de maneira habitual em local classificado como área de risco, em situação de "risco acentuado", em condição de periculosidade conforme enquadramento ao prescrito na NR-16 da Portaria 3.214/78...."

A súmula 364 do C. TST define o tempo de exposição do empregado, nos seguintes termos:

SUM-364 ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. EXPOSIÇÃO EVENTUAL, PERMANENTE E INTERMITENTE.

I - Tem direito ao adicional de periculosidade o empregado exposto permanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a condições de risco. Indevido, apenas, quando o contato dá-se de forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido. (ex-Ojs da SBDI-1 nºs 05 - inserida em 14.03.1994 - e 280 - DJ 11.08.2003).

Ao se deter sobre a leitura do laudo, constata-se a resposta do i. expert ao quesito formulado pelo Juízo, in verbis: "Quais as atividades exercidas pelo(a) reclamante? Descrevê-las.

Resposta: O Reclamante desenvolveu suas atividades profissionais no Setor Manutenção. Basicamente suas atividades consistiam em: (....) 4) Retirar os produtos químicos utilizados em suas atividades diretamente na área de armazenamento de produtos químicos.

Tal atividade ocorria em média 5 vezes ao mês, demandando aproximadamente 15 a 20 minutos por vez." (g.n.)( id efc9828 - Pág. 21)

Logo, a quantidade de vezes que o reclamante adentrava na área de armazenamento dos produtos químicos, no total de 05 ao mês, no tempo de 15 a 20 minutos, não se configura como habitual e tampouco como intermitente, mas sim eventual.

Logo, não laborou em condições de periculosidade.

Destarte, dou provimento ao recurso para expungir da condenação o adicional de periculosidade e seus reflexos nas demais verbas salariais e rescisórias.”

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Transcreveu, ainda, trechos dos acórdãos de embargos de declaração (fls. 982 e 983):

“No caso vertente, a análise do trabalho em condição de periculosidade foi feita com base na vistoria e informações obtidas no local de trabalho, as quais foram fornecidas naquele momento pelos entrevistados presentes, dentre estes o reclamante, devidamente assistido por sua patrona (id efc9828 - Pág. 4), de molde que com base nestas, a fundamentação e resultado do acórdão embargado trilharam pela conclusão lançada no dispositivo.

No ensejo, esclareço ao reclamante que, por se tratar de fato constitutivo do direito vindicado, a prova há de ter unidade e robustez, aspecto processual este não verificado no presente feito.”

“Com efeito, o Juiz não está obrigado a aceitar as conclusões do trabalho pericial, conforme prevê o artigo 436 do CPC, competindo-lhe a fundamentação das razões que o conduziram a resultado diverso.

Neste passo, a integração do adicional de periculosidade na remuneração do obreiro passa a depender das condições fáticas presentes no local de trabalho e suas atividades em área de risco, em conformidade com o caput do artigo 193 da CLT c.c. súmula 364 do C.TST.

Nesta esteira, a rejeição da conclusão do trabalho do sr. perito se encontra devidamente manifestada na decisão embargada.”

Nas razões do agravo de instrumento, a parte sustenta que não pretende revolvimento de fatos e provas.

Argumenta que o Eg. Regional, ao indeferir o pleito relativo ao adicional de periculosidade, decidiu em desacordo com a conclusão do perito, no sentido de que o reclamante adentrava de forma habitual em área de risco. Destaca que não se pode ter como eventual a situação descrita nos autos em que o reclamante cinco vezes ao mês adentrava na área de risco e lá permanecia por cerca de 15 a 20 minutos. Aponta violação dos arts. 7º, XXII, da CF/88 e 193 da CLT, bem como contrariedade à Súmula nº 364, I, do TST. Colaciona arestos.

Ao exame.

Preenchidos os requisitos do art. 896, § 1º-A, da CLT. Extrai-se do acórdão do Regional, com fulcro no laudo pericial, que o reclamante retirava os produtos químicos utilizados em suas atividades diretamente na área de armazenamento de produtos químicos. Nesse contexto, o perito concluiu que o reclamante adentrava

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de maneira habitual em local classificado como área de risco, em situação de risco acentuado, em condição de periculosidade conforme enquadramento prescrito na NR-16 da Portaria 3.214/78, que trata de materiais inflamáveis.

O TRT, contudo, entendeu que a quantidade de vezes que o reclamante adentrava na área de armazenamento dos produtos químicos, no total de 5 ao mês, no tempo de 15 a 20 minutos, não se configura como habitual e tampouco como intermitente, mas sim eventual.

De acordo com as premissas fáticas descritas, portanto, resulta que a exposição a risco não era eventual e nem por período extremamente reduzido.

O entendimento desta Corte superior é de que a permanência habitual em área de risco, ainda que por período de tempo reduzido, não consubstancia contato eventual, mas sim contato intermitente, com risco potencial de dano efetivo ao trabalhador.

Nesse sentido, dispõe a Súmula nº 364, I, do TST: ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. EXPOSIÇÃO EVENTUAL, PERMANENTE E INTERMITENTE (inserido o item II) - Res. 209/2016, DEJT divulgado em 01, 02 e 03.06.2016 I - Tem direito ao adicional de periculosidade o empregado exposto permanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a condições de risco. Indevido, apenas, quando o contato dá-se de forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido.

Cite-se, ainda, os seguintes julgados em que houve reconhecimento do direito ao pagamento de adicional periculosidade por exposição a risco ao menos 1 (uma) vez por mês, frequência até mesmo inferior ao caso dos autos:

"I - RECURSOS DE REVISTA DOS RECLAMADOS. [...] ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. Os próprios recorrentes admitem que os reclamantes se expunham ao risco ao menos uma vez por mês, o que não configura trabalho eventual, ou tempo extremamente reduzido. Assim, não há como reconhecer que foi contrariada a Súmula nº 364 do TST, ou violado o art. 193 do TST. Recursos de revista de que não se conhece. [...]"

(RR - 77800-55.2007.5.04.0121 , Relatora Ministra: Kátia Magalhães Arruda, Data de Julgamento: 05/11/2014, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 07/11/2014)

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"RECURSO DE REVISTA. [...] ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. INFLAMÁVEIS. 1 - A Corte regional, soberana na análise do conjunto fático-probatório, com base na prova pericial, concluiu que os reclamantes, quando trabalharam no armazém de cargas especiais do Tecon ou no A5 do Porto Novo, exerciam suas atividades com agente perigoso, visto que havia o estoque de cargas inflamáveis. 2- Ademais, o próprio recorrente admite a possibilidade de que isso ocorria ao menos uma vez por mês, durante seis horas, o que não configura trabalho eventual, ou tempo extremamente reduzido. 3 - Sob o enfoque fático-probatório, não há como se chegar a conclusão contrária nesta esfera recursal, nos termos da Súmula nº 126 do TST. E, sob o enfoque eminentemente de direito, ao contrário do que alega o recorrente, a decisão recorrida está em consonância com a Súmula nº 364 do TST. 4- Recurso de revista de que não se conhece."

(RR - 104000-02.2007.5.04.0121 , Relatora Ministra: Kátia Magalhães Arruda, Data de Julgamento: 17/12/2014, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 19/12/2014)

"RECURSO DE REVISTA EM FACE DE DECISÃO PUBLICADA ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. [...] ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. ELETRICIDADE. TEMPO DE EXPOSIÇÃO. Nos termos da Súmula 364, I, do TST o ingresso na área de risco, ainda que por reduzido tempo, caracteriza exposição intermitente. A exposição eventual é fortuita, não habitual, esporádica e sem previsibilidade, o que não era o caso dos autos, visto que o Tribunal Regional registrou que autor "efetuava manutenções elétricas, corretivas e preventivas em equipamentos, e nessa situação, 01 vez por mês, deveria adentrar a subestação elétrica, lá permanecendo de 1 a 3 horas". O empregado exposto de forma intermitente a condições de risco com materiais energizados tem direito ao adicional de periculosidade. Óbice do artigo 896, §§4º e 5º, da CLT. Recurso de revista de que não se conhece. [...]" (RR - 195-15.2011.5.03.0026 , Relator Ministro:

Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 29/03/2017, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 07/04/2017)

"AGRAVO DE INSTRUMENTO INTERPOSTO PELO RECLAMANTE ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. TEMPO DE EXPOSIÇÃO EXTREMAMENTE REDUZIDO. Demonstrada a contrariedade à Súmula n.º 364 desta Corte superior, dá-se provimento ao Agravo de Instrumento a fim de determinar o processamento do Recurso de Revista. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO RECLAMANTE ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. TEMPO DE EXPOSIÇÃO A INFLAMÁVEIS. O tempo de exposição de vinte minutos ininterruptos, ainda que uma vez por mês, não pode ser considerado extremamente reduzido, pois diante de risco manifesto o infortúnio encontra-se latente, podendo em exíguo lapso de tempo ocorrer e gerar transtornos irreparáveis e permanentes para o trabalhador e seus familiares. Trata-se de exposição intermitente, em que o reconhecimento do direito ao adicional de

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periculosidade encontra-se consagrado na súmula nº 364 desta Corte superior. Recurso de Revista conhecido e provido. [...]" (RR -

774-08.2012.5.04.0023 , Relator Desembargador Convocado: Marcelo Lamego Pertence, Data de Julgamento: 20/04/2016, 1ª Turma, Data de Publicação: DEJT 25/04/2016)

Pelo exposto, dou provimento ao agravo de instrumento para determinar o processamento do recurso de revista, no particular, por provável má-aplicação da Súmula nº 364 do TST.

III – RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE 1. CONHECIMENTO

1.1. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. EXPOSIÇÃO HABITUAL A INFLAMÁVEIS.

A fim de demonstrar o prequestionamento da matéria controvertida, a parte indica, a fls. 981/982, o seguinte excerto do acórdão do TRT:

“O laudo pericial caracterizou a condição periculosa de trabalho do reclamante, com base na seguinte conclusão: "... Diante do exposto, resta claro que, durante o período imprescrito, o Reclamante adentrava de maneira habitual em local classificado como área de risco, em situação de "risco acentuado", em condição de periculosidade conforme enquadramento ao prescrito na NR-16 da Portaria 3.214/78...."

A súmula 364 do C. TST define o tempo de exposição do empregado, nos seguintes termos:

SUM-364 ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. EXPOSIÇÃO EVENTUAL, PERMANENTE E INTERMITENTE.

I - Tem direito ao adicional de periculosidade o empregado exposto permanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a condições de risco. Indevido, apenas, quando o contato dá-se de forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido. (ex-Ojs da SBDI-1 nºs 05 - inserida em 14.03.1994 - e 280 - DJ 11.08.2003).

Ao se deter sobre a leitura do laudo, constata-se a resposta do i. expert ao quesito formulado pelo Juízo, in verbis: "Quais as atividades exercidas pelo(a) reclamante? Descrevê-las.

Resposta: O Reclamante desenvolveu suas atividades profissionais no Setor Manutenção. Basicamente suas atividades consistiam em: (....) 4)

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Retirar os produtos químicos utilizados em suas atividades diretamente na área de armazenamento de produtos químicos.

Tal atividade ocorria em média 5 vezes ao mês, demandando aproximadamente 15 a 20 minutos por vez." (g.n.)( id efc9828 - Pág. 21)

Logo, a quantidade de vezes que o reclamante adentrava na área de armazenamento dos produtos químicos, no total de 05 ao mês, no tempo de 15 a 20 minutos, não se configura como habitual e tampouco como intermitente, mas sim eventual.

Logo, não laborou em condições de periculosidade.

Destarte, dou provimento ao recurso para expungir da condenação o adicional de periculosidade e seus reflexos nas demais verbas salariais e rescisórias.”

Transcreveu, ainda, trechos dos acórdãos de embargos de declaração (fls. 982 e 983):

“No caso vertente, a análise do trabalho em condição de periculosidade foi feita com base na vistoria e informações obtidas no local de trabalho, as quais foram fornecidas naquele momento pelos entrevistados presentes, dentre estes o reclamante, devidamente assistido por sua patrona (id efc9828 - Pág. 4), de molde que com base nestas, a fundamentação e resultado do acórdão embargado trilharam pela conclusão lançada no dispositivo.

No ensejo, esclareço ao reclamante que, por se tratar de fato constitutivo do direito vindicado, a prova há de ter unidade e robustez, aspecto processual este não verificado no presente feito.”

“Com efeito, o Juiz não está obrigado a aceitar as conclusões do trabalho pericial, conforme prevê o artigo 436 do CPC, competindo-lhe a fundamentação das razões que o conduziram a resultado diverso.

Neste passo, a integração do adicional de periculosidade na remuneração do obreiro passa a depender das condições fáticas presentes no local de trabalho e suas atividades em área de risco, em conformidade com o caput do artigo 193 da CLT c.c. súmula 364 do C.TST.

Nesta esteira, a rejeição da conclusão do trabalho do sr. perito se encontra devidamente manifestada na decisão embargada.”

A parte sustenta que o Eg. Regional, ao indeferir o pleito relativo ao adicional de periculosidade, decidiu em desacordo com a conclusão do perito, no sentido de que o reclamante adentrava de forma habitual em área de risco. Destaca que não se pode ter como eventual a situação descrita nos autos em que o reclamante cinco vezes ao mês adentrava na área de risco e lá permanecia por cerca de 15 a 20 minutos.

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Aponta violação dos arts. 7º, XXII, da CF/88 e 193 da CLT, bem como contrariedade à Súmula nº 364, I, do TST. Colaciona arestos.

Ao exame.

Preenchidos os requisitos do art. 896, § 1º-A, da CLT. Extrai-se do acórdão do Regional, com fulcro no laudo pericial, que o reclamante retirava os produtos químicos utilizados em suas atividades diretamente na área de armazenamento de produtos químicos. Nesse contexto, o perito concluiu que o reclamante adentrava de maneira habitual em local classificado como área de risco, em situação de risco acentuado, em condição de periculosidade conforme enquadramento prescrito na NR-16 da Portaria 3.214/78, que trata de materiais inflamáveis.

O TRT, contudo, entendeu que a quantidade de vezes que o reclamante adentrava na área de armazenamento dos produtos químicos, no total de 5 ao mês, no tempo de 15 a 20 minutos, não se configura como habitual e tampouco como intermitente, mas sim eventual.

De acordo com as premissas fáticas descritas, portanto, resulta que a exposição a risco não era eventual e nem por período extremamente reduzido.

O entendimento desta Corte superior é de que a permanência habitual em área de risco, ainda que por período de tempo reduzido, não consubstancia contato eventual, mas sim contato intermitente, com risco potencial de dano efetivo ao trabalhador.

Nesse sentido, dispõe a Súmula nº 364, I, do TST: ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. EXPOSIÇÃO EVENTUAL, PERMANENTE E INTERMITENTE (inserido o item II) - Res. 209/2016, DEJT divulgado em 01, 02 e 03.06.2016 I - Tem direito ao adicional de periculosidade o empregado exposto permanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a condições de risco. Indevido, apenas, quando o contato dá-se de forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido.

Cite-se, ainda, os seguintes julgados em que houve reconhecimento do direito ao pagamento de adicional periculosidade por exposição a risco ao menos 1 (uma) vez por mês, frequência até mesmo inferior ao caso dos autos:

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"I - RECURSOS DE REVISTA DOS RECLAMADOS. [...] ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. Os próprios recorrentes admitem que os reclamantes se expunham ao risco ao menos uma vez por mês, o que não configura trabalho eventual, ou tempo extremamente reduzido. Assim, não há como reconhecer que foi contrariada a Súmula nº 364 do TST, ou violado o art. 193 do TST. Recursos de revista de que não se conhece. [...]"

(RR - 77800-55.2007.5.04.0121 , Relatora Ministra: Kátia Magalhães Arruda, Data de Julgamento: 05/11/2014, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 07/11/2014)

"RECURSO DE REVISTA. [...] ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. INFLAMÁVEIS. 1 - A Corte regional, soberana na análise do conjunto fático-probatório, com base na prova pericial, concluiu que os reclamantes, quando trabalharam no armazém de cargas especiais do Tecon ou no A5 do Porto Novo, exerciam suas atividades com agente perigoso, visto que havia o estoque de cargas inflamáveis. 2- Ademais, o próprio recorrente admite a possibilidade de que isso ocorria ao menos uma vez por mês, durante seis horas, o que não configura trabalho eventual, ou tempo extremamente reduzido. 3 - Sob o enfoque fático-probatório, não há como se chegar a conclusão contrária nesta esfera recursal, nos termos da Súmula nº 126 do TST. E, sob o enfoque eminentemente de direito, ao contrário do que alega o recorrente, a decisão recorrida está em consonância com a Súmula nº 364 do TST. 4- Recurso de revista de que não se conhece."

(RR - 104000-02.2007.5.04.0121 , Relatora Ministra: Kátia Magalhães Arruda, Data de Julgamento: 17/12/2014, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 19/12/2014)

"RECURSO DE REVISTA EM FACE DE DECISÃO PUBLICADA ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. [...] ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. ELETRICIDADE. TEMPO DE EXPOSIÇÃO. Nos termos da Súmula 364, I, do TST o ingresso na área de risco, ainda que por reduzido tempo, caracteriza exposição intermitente. A exposição eventual é fortuita, não habitual, esporádica e sem previsibilidade, o que não era o caso dos autos, visto que o Tribunal Regional registrou que autor "efetuava manutenções elétricas, corretivas e preventivas em equipamentos, e nessa situação, 01 vez por mês, deveria adentrar a subestação elétrica, lá permanecendo de 1 a 3 horas". O empregado exposto de forma intermitente a condições de risco com materiais energizados tem direito ao adicional de periculosidade. Óbice do artigo 896, §§4º e 5º, da CLT. Recurso de revista de que não se conhece. [...]" (RR - 195-15.2011.5.03.0026 , Relator Ministro:

Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 29/03/2017, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 07/04/2017)

"AGRAVO DE INSTRUMENTO INTERPOSTO PELO RECLAMANTE ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. TEMPO DE EXPOSIÇÃO EXTREMAMENTE REDUZIDO. Demonstrada a

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contrariedade à Súmula n.º 364 desta Corte superior, dá-se provimento ao Agravo de Instrumento a fim de determinar o processamento do Recurso de Revista. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO RECLAMANTE ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. TEMPO DE EXPOSIÇÃO A INFLAMÁVEIS. O tempo de exposição de vinte minutos ininterruptos, ainda que uma vez por mês, não pode ser considerado extremamente reduzido, pois diante de risco manifesto o infortúnio encontra-se latente, podendo em exíguo lapso de tempo ocorrer e gerar transtornos irreparáveis e permanentes para o trabalhador e seus familiares. Trata-se de exposição intermitente, em que o reconhecimento do direito ao adicional de periculosidade encontra-se consagrado na súmula nº 364 desta Corte superior. Recurso de Revista conhecido e provido. [...]" (RR -

774-08.2012.5.04.0023 , Relator Desembargador Convocado: Marcelo Lamego Pertence, Data de Julgamento: 20/04/2016, 1ª Turma, Data de Publicação: DEJT 25/04/2016)

Pelo exposto, conheço do recurso de revista por contrariedade à Súmula nº 364 do TST.

2. MÉRITO.

2.1. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. EXPOSIÇÃO HABITUAL A INFLAMÁVEIS.

Como consequência do conhecimento do recurso de revista, por contrariedade à Súmula nº 364 do TST, dou-lhe provimento para restabelecer a sentença no que tange à condenação da reclamada ao pagamento de adicional de periculosidade.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade:

I - determinar a reautuação, para que seja excluído o marcador "Lei nº 13.467/17";

II – negar provimento ao agravo de instrumento da reclamada;

III – dar provimento ao agravo de instrumento do reclamante para determinar o processamento do recurso de revista quanto ao tema "ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. EXPOSIÇÃO HABITUAL A INFLAMÁVEIS";

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IV – negar provimento ao agravo de instrumento do reclamante quanto ao outro tema; e

V - conhecer do recurso de revista do reclamante quanto ao tema "ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. EXPOSIÇÃO HABITUAL A INFLAMÁVEIS", por contrariedade à Súmula nº 364 do TST, e, no mérito, dar-lhe provimento para restabelecer a sentença no que tange à condenação da reclamada ao pagamento de adicional de periculosidade. Rearbitra-se, provisoriamente, o valor da condenação em R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), com custas de R$ 1.000,00 (mil reais).

Brasília, 4 de dezembro de 2019.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)

KÁTIA MAGALHÃES ARRUDA

Ministra Relatora

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