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SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL: Uma nova concepção para operacionalização da política de assistência social.

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Academic year: 2021

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SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL: Uma nova concepção para operacionalização da política de assistência social.

Mary Anne Filgueiras Peixoto1

RESUMO

O presente trabalho se propôs a fazer a discussão sobre o Sistema Único de Assistência Social na perspectiva da operacionalização e efetivação de uma política pública de direitos. Para tanto, realizou-se um resgate da história da assistência social perpassando pelos principais marcos da política de assistência social até adentrarmos no Sistema Único de Assistência Social delimitando conceitos, objetivos, princípios e eixos estruturantes na perspectiva da discussão dos principais avanços, limites e desafios postos para implantação deste sistema nos municípios brasileiros..

Palavras chave: Política Pública. Sistema Único de Assistência Social,

ABSTRACT

The present work if he/she proposed to do the discussion on the unique system of Social Attendance in the perspective of the operate and effect of a public politics of rights. For so much, he/she took place a ransom of the history of the attendance social passage for the principal marks of the politics of social attendance to we penetrate in the unique system of Social Attendance delimiting concepts, objectives, beginnings and axes estruturantes in the perspective of the discussion of the principal progresses, limits and challenges put for implantation of this system in the Brazilian municipal districts.. Keywords: Public politics. Unique system of Social Attendance,

1. INTRODUÇÃO

A história do reconhecimento da Assistência Social como Política Pública de Direitos é bem recente, e teve uma trajetória de muitos obstáculos, contradições e avanços. Historicamente a assistência foi vista como uma ação tradicionalmente clientelista do poder público, com um caráter de benesse, transformando o usuário

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Mestranda em Políticas Públicas e Sociedade - Universidade Estadual do Ceará.E-Mail: maryannefp@hotmail.com

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na condição de favorecido e nunca como cidadão. Essa perspectiva aproxima a assistência social do caráter filantrópico, que reproduz a exclusão e os privilégios (assistencialismo, primeiro damismo e clientelismo) e não como mecanismo possível de universalização de direitos sociais.

O ponto de partida para a legitimação da Assistência Social como política de Estado deu-se a partir de 1988, com a promulgação da Constituição Federal sob o conceito de cidadania universal. Uma conquista, um marco legal, não somente na história do país, mas também na trajetória da política de assistência, conferindo-lhe o mesmo status das demais políticas sociais, através da integração desta juntamente com a Saúde e a Previdência ao conjunto da Seguridade Social. Como política social pública, a assistência social inicia seu trânsito para um campo novo: o campo dos direitos, da universalização dos acessos e da responsabilidade estatal.

Contudo, o cenário político de parte da década de 90 impulsionou a assistência social à não consolidação, nos termos definidos pela constituição federal ,com o avanço expressivo do projeto neoliberal2. O estado compartilhou dos interesses do mercado em detrimento do social. Nesse sentido, a Assistência Social encontrou diversos impasses para sua regulamentação.

Na assistência social, foi ignorado todo o movimento que rompeu com o padrão de atividade focal, pontual e assistencialista, e que a transformou em política pública e parte da seguridade social, colocando a LOAS em situação de extrema vulnerabilidade (Behring, 2003:15)

Na primeira tentativa de regulamentação, em 1990, a Lei Orgânica da assistência social teve seu texto integralmente vetado pelo presidente da república, sob o argumento da impossibilidade de recursos para cobrir os benefícios da prestação continuada - BPC. Somente, ao final do ano de 1993, foi aprovada a Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS – Lei nº. 8.742 de 07/12/1993, que se constituiu num marco para a política de Assistência Social no país.

O processo de construção e efetivação da assistência social como política pública foi pleno de ambigüidades. As ações do governo davam prioridade à transferência de verbas públicas para o setor privado, no caso da assistência para

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Com o advento do neoliberalismo, ocorreram com intensos processos de desregulamentação do Estado, abertura dos mercados, incentivos à reestruturação das empresas e a disseminação ideológica por toda a sociedade brasileira de que a causa dos males sociais centrava-se no “gigantismo” do Estado e a solução seria reduzi-lo ao máximo,

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entidades filantrópicas e assistenciais e a extinção de desmanche de órgãos governamentais responsáveis pelas ações de assistência social (idem: 2000),

O governo FHC desconheceu o processo político e os sujeitos coletivos constituídos e reconhecidos por um amplo movimento social que se desenvolvia desde o final da década de 80, a partir da aprovação da constituição de 1988... o governo acabou desrespeitando até preceitos constitucionais que definem a assistência social como âmbito de responsabilidade governamental na condução da política pública de seguridade.(ibidem: 109).

Nessa direção, o sistema de proteção social adotado no Brasil até então foi assinalado pela acentuada fragmentação institucional, a exclusão da participação social e políticas nos processos decisórios e o uso clientelístico da máquina estatal.

Após esse longo processo de estagnação, a discussão da Assistência Social toma novos contornos com a IV Conferência Nacional de Assistência Social, que aconteceu em dezembro de 2003, com o tema "Assistência Social como Política de Inclusão: Uma Nova Agenda para a Cidadania – Loas 10 Anos".

A mesma representou mais um marco e avanço para à política de assistência social, por que, a pesar desta está constitucionalmente reconhecida, e efetivamente legalizada, faltava materializar as prerrogativas legais da LOAS, na direção de dar concretude a mesma.Sendo a grande contribuição desta conferência a deliberação que sinalizava a construção de um Sistema Único de Assistência Social – SUAS.

Tais direcionamentos resultaram na aprovação da Política Nacional de Assistência Social - PNAS em 2004, que expressa a materialidade do conteúdo da Assistência Social construindo, assim, as novas bases desta política pública, como direito de cidadania e de responsabilidade do Estado. Tal política foi operacionalizada.

através da construção da uma Norma Operacional Básica – NOB/SUAS/2005.

O SUAS é um modelo de gestão é descentralizado e participativo, constitui-se na regulação e organização em todo o território nacional das ações sócio assistenciais. Os serviços, programas, projetos e benefícios têm como foco prioritário a atenção às famílias, seus membros e indivíduos e o território como base de organização, que passam a ser definidos pelas funções que desempenham, pelo número de pessoas que deles necessitam.

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A proposta do SUAS é um avanço na concretização um modelo de gestão que possibilita a efetivação dos princípios e diretrizes da política de assistência,conforme definido na LOAS

O SUAS reforça as diferenças regionais e locais, tendo com enfoque o territorio. Nesta visão, “o território não se constitui apenas como referenciamento geográfico, mas como espaço da vida cotidiana, da construção da história e das relações comunitárias” (Rizoti,2004:2). Esta perspectiva sócio-territorial inclui além do diagnóstico da situação de vulnerabilidade, a análise das suas potencialidades.

Nessa direção, o SUAS define e organiza os elementos essenciais e imprescindíveis à execução da política de assistência social possibilitando a normatização dos padrões nos serviços, qualidade no atendimento, indicadores de avaliação e resultado.

A proposta de gerenciamento do SUAS inclui alguns eixos estruturantes. São Eles: Matricialidade Sócio-Familiar; Descentralização político-administrativa e Territorialização; Novas bases para a relação entre Estado e Sociedade Civil; Financiamento; Controle Social; o desafio da participação popular/cidadão usuário; A Política de Recursos Humanos; A Informação, o Monitoramento e a Avaliação (PNAS, 2004:40). A partir destes, os serviços sócio assistenciais no SUAS são organizados segundo as seguintes referências: vigilância social, proteção social e defesa social e institucional:

1) Vigilância social: responsável pela produção de um banco de dados que sistematize as informações das situações de vulnerabilidade e risco pessoal e social que incidem sobre as famílias/pessoas, tais informações devem ser visualizada através de indicadores e índices territorializados das áreas mais precarizadas e vulneráveis.

2) Proteção social Básica e Especial: garantia mínima de sobrevivência, convívio familiar e acolhida através de um conjunto de ações que vão desde a viabilização de benefícios continuados e eventuais até a concretização de um conjunto de ações , serviços e projetos operados em rede com unidade de porta de entrada destinada a proteger e recuperar ás situações de abandono e isolamento de crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos.

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3) Defesa Social e Institucional: Assegurar os direitos sócio-assistenciais tais como: direito do usuário ao atendimento digno, atenciosos e respeitoso, à informação , ao protagonismo e ao convívio familiar. A implantação do SUAS como Sistema Único supõe, ainda, unir para garantir o rompimento com a fragmentação, programática, entre as esferas do governo, ações por categorias e segmentos sociais. Para tanto, estabelece prerrogativas para a construção efetiva do SUAS como a gestão compartilhada, o co-financiamento e a cooperação técnica entre os três entes federativos., com divisão de responsabilidades entre os entes federativos para instalar, regular, manter e expandir as ações de assistência social como dever de Estado e direito do cidadão.

Ou seja, regula em todo o território nacional a hierarquia, os vínculos e as responsabilidades nas ações de assistência social, sob lógica de ação em rede hierarquizada, comportando quatro tipos de gestão a dos Municípios, do Distrito Federal, dos Estados e da União.

Como já vimos à organização da política de assistência social prevê um sistema descentralizado, com comando único das ações e a participação da sociedade, baseada em um modelo sistêmico que aponta para a ruptura do assistencialismo e de ações fragmentadas, pressupondo uma política publica com a primazia da responsabilidade do Estado e com a efetiva participação do controle social pela sociedade.

2 METODOLOGIA

Na pesquisa busquei analisar e compreender a trajetória da assistência social no âmbito das políticas públicas, avanços, limites e desafios postos. A escolha da metodologia para a pesquisa exigiu muita reflexão e conhecimento sobre os métodos e as técnicas que possibilitam o conhecimento da realidade pesquisada, ou do assunto respeitante.

Nessa direção, empregamos os seguintes tipos de pesquisa para nortear esse estudo: a pesquisa bibliográfica e documental.

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A pesquisa bibliográfica, na proposta deste estudo, se deu a partir de referências teóricas publicadas e de um levantamento respeitante ao assunto a partir do objetivo geral da pesquisa.

A pesquisa documental foi de fundamental importância, porquanto trabalhamos com a operacionalização gestão de políticas públicas, composta de documentos norteadores: legislações governamentais (Portarias, Decretos, Resoluções, Política Nacional de Assistência Social, Norma Operacional Básica, Plano de Assistência Social Municipal). Fez parte, ainda, desse arquivo fichamentos, recortes de jornais, seminários, referenciais bibliográficos.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir das discussões sobre o sistema único da assistência social e os novos rumos desta política a serem tomados com a implantação do SUAS, pudemos observar que a política de assistência social, a pesar desta está constitucionalmente reconhecida, e efetivamente legalizada, faltava materializar as prerrogativas legais da LOAS, na direção de dar concretude a mesma. Sendo o a construção de um Sistema Único de Assistência Social – SUAS um grande marco para materializar as prerrogativas da Lei orgânica da Assistência Social- LOAS.

Este sistema trouxe como principais contribuições, dentre outras, o rompimento com a “fragmentação” das ações sociais, em categorias ou segmentos, consolidando o princípio da universalização do direito social preconizado pela Lei Orgânica de Assistência Social, LOAS.

Outra grande inovação trazida por este sistema foi à previsão de uma territorialização da rede de proteção social a ser construída, bem como a padronização dos serviços em suas nomenclaturas, conteúdos e padrões de funcionamento, articulação institucional e competências. Com a territorialização cada território será visto de maneira específica, respeitando seus limites e percebendo suas potencialidades. Com o SUAS houve uma mudança da concepção de assistência social na perspectiva de proteção social garantindo a seguridade. O usuário é tratado como cidadão de direitos, na busca do exercício de cidadania O Trabalho na perspectiva da primazia da família de caráter preventivo e de fortalecimento dos laços e vínculos sociais e comunitários e garantia da convivência familiar e comunitária.

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O sistema prevê, ainda, descentralização político administrativa; construção de uma rede hierarquizada e territorializada, pela complexidade de serviços e em parceria com organizações e entidades de assistência social, comando único em cada esfera de gestão, espaços de defesa sócio-assistencial para acolhida de manifestação de interesse dos usuários, bem como adoção de medidas nos casos de violação; garantia de orçamento público, constituído de forma participativa; sistema democrático de gestão e de controle social (conselhos conferências); sistema de gestão de pessoas, contínua capacitação de gestores e dos agentes operadores e dos agentes operadores das ações.

CONCLUSÃO

O SUAS trata-se de um modelo democrático, que tem a missão de ampliar a rede de assistência social brasileira e eliminar os resquícios de assistencialismo, conservadorismo e clientelismo ainda existentes.

De acordo com o que foi estudado pudemos perceber que a política de assistência social e a implantação do SUAS nos municípios brasileiros é um terreno vasto para discussão com conceitos para serem melhores trabalhados como as categorias proteção social, vulnerabilidade social, risco social, território.

Diante deste novo cenário de organização administrativa, política e financeira da assistência social percebemos que para os municípios brasileiros há um grande desafio de propor iniciativas gestão e de rompimento com o legado histórico de assistencialismo, primeiro damismo, clientelismo e ações incipientes. Iniciativas que visem o reordenamento da política, tanto no campo da gestão, quanto na sua condução para alcançar definitivamente modos de implementação, que considerem as atuais diretrizes apontadas pela Política Nacional de Assistência Social - PNAS.

REFERÊNCIAS

BEHRING, Elaine Rossetti. Política de Assistência Social como direito. In:SPOSATI, Aldaíza;CUNHA, Eleonora (orgs). Política de Assistência Social: uma estratégia de Inclusão Social - Relatório das palestras ministradas no I fórum Social Brasileiro, realizado em novembro de 2003, em Belo Horizonte, 2004.

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BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome. Secretaria

Nacional de Assistência Social. Política Nacional de Assistência Social. Brasília DF, Nov.2004.

BRASIL. Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS).Lei nº 8742 de 07/12/1993. PEREIRA, Potyara. A Assistência Social nas perspectivas dos Direitos - Crítica aos padrões dominantes de proteção aos pobres no Brasil. Brasília: Thesaurus, 1996.

SPOSATI, Aldaíza de Oliveira. et al. A Assistência na Trajetória das Políticas Sociais Brasileiras: Uma Questão em Análise. 7. ed., São Paulo, Cortez, 1998. ______________. Proteção Social da Cidadania. In:SPOSATI, Aldaíza;CUNHA, Eleonora (orgs). Política de Assistência Social: uma estratégia de Inclusão Social - Relatório das palestras ministradas no I fórum Social Brasileiro, realizado em novembro de 2003, em Belo Horizonte, 2004.

YAZBEK, Maria Carmelita. As ambigüidades da assistência social brasileira após dez anos de LOAS. In Revista Serviço Social e Sociedade, n. 77, São Paulo, Cortez, mar. 2004. p. 11-29.

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