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III Seminário: Sistemas de Produção Agropecuária - Zootecnia

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Academic year: 2021

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SITUAÇÃO AMBIENTAL DA AVICULTURA DE CORTE NO SUDOESTE DO PARANÁ Diego Luiz Risso1 Sidemar Presotto Nunes², Almir Antonio Gnoatto²

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Acadêmico do curso de Bacharelado em Zootecnia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná *diegoluizrisso@zootecnista.com.br

² Professores da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Dois Vizinhos. E-mail: sidemarnunes@utfpr.edu.br, almirgnoatto@utfpr.edu.br

Resumo: O objetivo deste trabalho foi verificar se as unidades produtivas de frango de corte estavam respeitando o meio ambiente, condições exigidas para esta quanto à produção de lenha na propriedade, qualidade e procedência da água e destino da cama de aviário. O trabalho foi realizado em alguns municípios da região Sudoeste do Paraná, sendo eles: Francisco Beltrão, Dois Vizinhos e Itapejara D’Oeste, para isso foi desenvolvido um questionário em que foi aplicado pelos acadêmicos do Curso de Zootecnia da UTFPR. A partir da aplicação deste questionário pode se observar que várias propriedades estão fazendo reflorestamentos por conta própria para compensar o consumo de lenha. Sendo o eucalipto a principal árvore plantada para este fim, e mesmo assim muitas delas ainda não são auto-suficientes em lenha, continuam comprando de procedência muitas vezes desconhecidas. Já a água utilizada na produção avícola é oriunda de poços artesianos ou de fontes protegidas, poucas propriedades utilizam poço comum sem proteção. Quanto à cama dos aviários, boa parte é vendida para utilização como fertilizante no solo, porém poucos utilizam de forma correta estes dejetos, fazendo a aplicação direta no solo sem fazer qualquer tratamento.

Palavras-chave: água, cama de aviário, lenha, meio ambiente, avicultura de corte

Introdução

A avicultura no Brasil cresceu muito nos últimos anos, todo este desenvolvimento aconteceu de forma brusca, sabe-se que para todas as atividades produtivas existem questões ambientais que devem ser respeitadas. Ainda mais na avicultura que exige um grande consumo de madeira, tanto para aquecer os aviários quanto para utilizar como cama para os frangos. Segundo o Eurepgap (2007) é exigido que a água utilizada, seja de boa qualidade e em grande quantidade, em conformidade com a qualidade da água disponível ao consumo humano.

As questões ambientais até pouco tempo não eram levadas em consideração pelos produtores, hoje se busca com que estas questões ambientais façam parte do dia-a-dia dos produtores, Palhares (2003) propõem algumas exigências que devem ser contempladas para que a propriedade não se torne uma unidade poluidora, estas exigências compreendem em: a) Realizar um estudo das características da criação; b) Identificação dos possíveis resíduos gerados pela produção, para um manejo correto destes; c) A determinação da capacidade dos recursos naturais em suportar esses resíduos; d) Identificar possíveis produções que usem destes resíduos para trabalhar em consórcio; e) Detectar áreas sensíveis ambientalmente na propriedade; f) Identificar os principais problemas causados pelos resíduos, ao homem e aos animais, e como controlá-los; g) Desenvolver um projeto de reflorestamento, da propriedade e da bacia hidrográfica em que ela esta situada.

A principal preocupação da avicultura de corte hoje esta sendo o destino dado aos resíduos, para que seu uso seja de maneira correta, o seu tratamento pode ser feito de duas formas: por compostagem e biodigestão anaeróbica, em ambos ocorre a geração de produtos que podem ser aproveitados. Os principais produtos gerados pela biodigestão são: o biofertilizante, utilizado como fonte de nutrientes para as culturas, e o biogás utilizado como fonte de energia térmica para iluminação, aquecimento e movimentação de equipamentos e máquinas. Segundo Palhares (2003) a cama de aviário também pode gerar energia através de sua combustão, mas esta não é aconselhável pelos danos causados à atmosfera, pela emissão de gases. Para o uso da cama como fonte de nutrientes para as culturas vegetais após sofrer a compostagem ou biodigestão, deve-se fazer analise de nutrientes do composto e também do solo onde será aplicado, para assim fazer um balanço de nutrientes, pois à

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aplicação sem controle no solo pode propiciar o desenvolvimento de pragas como moscas, cascudinhos e roedores.

Outra grande preocupação é o grande uso de lenha, Sabe-se que é a fonte mais barata e acessível para obtenção de energia térmica para aquecer os aviários, porém são levantadas algumas questões, como a origem da lenha utilizada e se é feito plantio de árvores para compensar esse gasto de lenha? São duas questões que devem ser levadas em consideração no sistema de produção.

Como a produção de frangos de corte, normalmente, funciona através de integração com empresas do ramo, sendo estas empresas que fornecem quase todo o material para a produção, além de fazer a cobrança para o melhoramento tecnológico, também faz cobranças para a adequação às normas ambientais. A pesquisa objetivou saber se os avicultores estão considerando as questões ambientais em suas propriedades.

Material e Métodos

A pesquisa foi desenvolvida em três municípios de maior produção de frangos de corte no sudoeste do Paraná, Dois Vizinhos, Francisco Beltrão e Itapejara D’Oeste, entre os dias 04/11/08 a 21/11/08, sendo que em cada município foram aplicados 20 questionários totalizando 60, os questionários foram feitos pelos acadêmicos do terceiro semestre de Zootecnia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (Campus Dois Vizinhos), sendo realizada juntamente com as associações de avicultores dos municípios envolvidos.

Os avicultores entrevistados foram selecionados através de sorteio quando as associações dispunham listas com os nomes e endereços dos mesmos, não havendo acesso a listas eram feitas entrevistas ao acaso tentando contemplar todas as comunidades e realidades para não haver interferência nos dados coletados.

O referido questionário conta com 65 questões que busca conhecer a situação da avicultura regional como um todo. Sobre o meio ambiente foram feito 13 questionamentos:

 Possui licença (licenciamento) ambiental?

 Possui área de preservação permanente?

 Recebe assistência para instalação de áreas de reflorestamento?

 Recebe assistência para recomposição de áreas de preservação permanente?

 Qual é a origem da água utilizada para produção na propriedade?

 É auto-suficiente em lenha?

 Qual é a origem da lenha utilizada no aviário?

 É feito plantio de árvores para compensar o consumo de lenha?

 Possui nascente ou rios na propriedade?

 Possui mata ciliar nas nascentes e nos rios?

 Teve algum problema com algum órgão de legislação ambiental?

 Qual é o destino dado à cama do aviário?

 Se for uso próprio, qual é o procedimento para adotado?

As entrevistas aplicando o questionário todo duraram em média uma hora por avicultor, as entrevistas foram desenvolvidas pelos próprios acadêmicos, alguns entrevistados ficaram com receio de responder o questionário, com medo de repressões por parte da empresa integradora, porém foi explicado que os dados não seriam dispostos de forma alguma separadamente, mantendo o sigilo na sua individualidade. Além da dificuldade devido ao pouco conhecimento dos avicultores, muitos deles não sabiam dar informação precisa

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sobre os dados pesquisados, nem ao menos sabiam interpretar as informações constantes nos borderôs emitidos pela empresa quando na entrega de lotes de aves, apenas entregavam o borderô aos entrevistadores para a localização das informações.

Resultados e Discussão

Podemos observar que apenas 41,67% dos entrevistados possuem licença ambiental para a instalação do seu aviário, porém 85% dos entrevistados possuem área de preservação ambiental, mas apenas 25% dos entrevistados disseram receber assistência para a implantação de área de preservação ambiental de suas empresas integradoras.

A partir dos dados apresentados na Figura 1, pode-se observar que poucos produtores são auto-suficientes em lenha, podemos observar que a percentagem dos que são auto-suficientes em lenha é quase a mesma dos que recebem assistência técnica para implantação de áreas de reflorestamento. Porém, ao observar os questionários mais criticamente notou-se que poucas propriedades que recebem assistência técnica para fazer reflorestamento são auto-suficientes em lenha, isso se dá devido ao reflorestamento ter sido recentemente implantado, não estando em ponto de corte para o uso destas árvores como lenha. Isso mostra que os produtores antes mesmo das empresas integradoras fazerem cobranças a respeito do reflorestamento já estavam conscientes em que era necessário produzir sua lenha para os aviários, mesmo que com o intuito de baratear os custos de sua produção. As principais árvores utilizadas para o reflorestamento são o Eucalipto (Eucaliptus spp) e a Uva Japão (Hovenia dulcis). outras espécies que foram utilizadas, mas em menores proporções foram, o Pinus (Pinus taeda) e o Cinamomo (Melia azedarach).

A partir da Figura 2 podemos observar que o número de produtores que estão usando poços artesianos esta quase ultrapassando o número dos que utilizam fontes protegidas isso se dá a grande quantidade e a qualidade da água exigida nos aviários. Deve-se fazer um estudo para se saber prejuízos para o meio ambiente com a implantação de tantos poços artesianos.

Quanto aos procedimentos técnicos para o uso de cama de aviário, a Figura 3 mostra os números mais preocupantes da pesquisa.Nele podemos observar que poucos produtores fazem algum tipo de tratamento da mesma, na maioria das propriedades os dejetos são vendidos para aplicação nas lavouras e pastagens. Segundo Palhares (2003) o mau manejo dos dejetos podem estar criando ambientes favoráveis para ploriferação de pragas nocivas como os roedores, moscas e cascudinhos.

Conclusão

A partir dos dados levantados pode-se considerar que os produtores estão conscientes que devem preservar o meio ambiente, porém as integradoras devem proporcionar uma assistência para reflorestamentos e para a demarcação de áreas de preservação, ou devem divulgar mais e intensificar a ajuda para que os produtores possam fazer áreas de preservação da maneira adequada.

A água fornecida para as aves são de qualidade e quantidades adequadas, porém grande parte dela vem de poços artesianos perfurados ilegalmente.

Deve-se instruir os produtores mais sobre a necessidade de se utilizar a cama do aviário de maneira correta, pois como podemos observar muitos deles não fazem nenhum tipo de tratamento na cama antes de utilizá-la como fertilizante.

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Referências

EUREPGAP. Pontos de Controle e Critérios de Cumprimento Garantia Integrada da Fazenda aves. V.3.0-2_Sep07

PALHARES, J.C.P. Manejo ambiental Aspectos Agro e Zooecológicos. In: Sistema de Produção, 2 ISSN

1678-8850 Versão Eletrônica. Jul/2003 disponível em:

http://www.cnpsa.embrapa.br/SP/aves/Preservacao.html

PALHARES, J.C.P. Novo desafio para avicultura: a inserção das questões ambientais nos modelos produtivos brasileiros. Avicultura Industrial, v.96, n.1138, p.14-20, 2005.

PALHARES, J.C.P. Impacto ambiental causado pela produção de frango de corte e aproveitamento racional de camas. In: CONFERÊNCIA APINCO 2005 DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA AVÍCOLAS. 2005, Santos. Anais. Campinas: Facta, 2005. p.43-60.

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Figura 2. Origem da água utilizada na produção de frangos de corte.

Referências

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