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NOVOS DESAFIOS PARA A ETNOGRAFIA NOS QUOTIDIANOS DAS CRIANÇAS

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(1)

NOVOS DESAFIOS PARA A

ETNOGRAFIA NOS QUOTIDIANOS

DAS CRIANÇAS

Professor Pia Christensen University of Warwick Pia Christensen

(2)

Pia Christensen Brazil 2012

A maioria dos bons investigadores dificilmente têm

certeza acerca da forma mais precisa para recolher

os dados

.

(Paul Radin)

(3)

Visão global

Pia Christensen Brazil 2012

Uma abordagem multi-método com a observação

participante no seu núcleo

Fazer etnografia com crianças necessita combinar

ciência, arte e ofício

Exemplos do trabalho etnográfico com crianças

Para onde vai a pesquisa etnográfica com

(4)

(Passado) DESAFIOS

 Para ir além de uma orientação futura da

vida das crianças

 Para entender a vida das crianças e dos

jovens no seu contexto das suas vidas presentes - como momentos de mudança

 Utilizar abordagens etnográficas para

facilitar o diálogo na pesquisa com foco na voz ,agência e significado das crianças,

 Compreender a complexidade, as

semelhanças e diferenças na vida e

(5)

(Passado) Desafios

Pia Christensen Brazil 2012

A perspectiva teórica sobre as crianças e os jovens

deve acompanhar a prática da pesquisa - atores,

participantes, co-pesquisadores

A relação criança / adulto não é necessariamente o

mais importante

Considerar as crianças e os jovens como atores

individuais e coletivos – os pares como agentes

positivos e negativos

Questionar pensamentos estereotipados e

essencialistas sobre crianças e jovens (e famílias) na

pesquisa através de uma prática reflexiva dialógica

(6)

Observação

participante

Grelhas

Documentos

Expressão

dramática

Papel do

investigador

Vinhetas

Entrevista

etnográfica

Gráficos

designs

Desenhos, Gravuras

Vídeo

Fotografias

Focus group

Grupo de pares

Entrevistas/

discussões

Questionários

Histórias de vida

Narrativas

Etnografia – uma perspetiva multi-métodos

(7)

Desafio etnográfico nº1

Aprender

acerca

da criança

ou

Aprender

a partir

da criança

Pia Christensen Brazil 2012

(8)

Etnografia...

Pia Christensen Brazil 2012

... (trabalho de campo) refere-se a uma forma de investigação em que se mergulha (pessoalmente) durante um período significativo de tempo nas atividades de determinados indivíduos ou grupos para fins de investigação. A etnografia investiga:

Como é que as pessoas vivem e agem nos seus contextos de vida?

O significado social e cultural das ações, práticas e acontecimentos

O estudo detalhado da vida quotidiana!

Não há necessariamente uma relação entre o que as pessoas dizem e o que as pessoas fazem? Portanto, necessitamos tanto da observação (participante)

(9)

Etnografia

Pia Christensen Brazil 2012

 Uma premissa fundamental: a de que outros sistemas, outras formas de

saber e fazer exigem esforços contínuos para compreender

 Observação naturalista durante longos períodos de tempo com o mínimo

possível de intervenção

 Os números são pequenos, os relacionamentos de pesquisa são complexos,

nada ocorre exatamente da mesma maneira duas vezes - a etnografia visa preservar, transmitir e celebrar essa complexidade

 A capacidade para desenvolver trabalho sistemático, mas também a

(10)

Ciência, Arte e Ofício

Pia Christensen Brazil 2012

Ciência - é a criação de novos conhecimentos através do

estudo sistemático e da adesão às provas e a uma lógica de

inquérito (desconfirmação - não esquecer Popper!)

Enriquece a exceção – Reconhece padrões - Desenvolve a

teoria!

Arte - é sobre expressão, insight criativo, inovação,

interpretação, criatividade, compreensão empática - ver algo

novo no «notoriamente conhecido»

Ofício

-

a etnografia na prática - métodos, ferramentas,

(11)

Ciência, Arte e Ofício do trabalho de

campo

Pia Christensen Brazil 2012

Os números são pequenos, os relacionamentos de

pesquisa são complexos, nada ocorre exatamente

da mesma maneira duas vezes - a etnografia visa

preservar, transmitir e celebrar essa complexidade

A capacidade para o trabalho sistemático, mas

também a exigência de saber quando os dados

sistemáticos não têm sentido

(12)

O estudos da mobilidade das crianças –

visitas guiadas

Pia Christensen Brazil 2012 

As crianças são convidadas a acompanhar o etnógrafo a pé ou de

bicicleta à volta da sua vizinhança: passando pela sua casa, à volta

do seu jardim, passando pela escola, floresta, campos e estradas.

O pesquisador obtém experiências em primeira mão acerca dos

lugares preferidos das crianças e os seus percursos diários -

observar as crianças no seu meio natural (Christensen, 2003).

As "visitas guiadas" permitem ao pesquisador aceder às

observações e reflexões das crianças acerca dos seus percursos

diários e lugares preferidos para jogar e passar o tempo.

(13)

Preservando a agência das crianças

Pia Christensen Brazil 2012

As crianças decidem os percursos

Companheirismo - se o passeio deve ser realizado

por conta própria ou em conjunto com um amigo.

As conversas não têm um formato pré-planeado, mas

permitem conversas entre crianças e pesquisador

para combinar como é que o passeio em si se

desenvolve, influenciado por pessoas que encontram

e lugares que visitam.

(14)

O Método de loci

Pia Christensen Brazil 2012

O ‘método de loci’ refere-se ao modo como os contextos

espacial e relacional se entrelaçam na memória (Yates 1966).

Espaços, onde as experiências e os acontecimentos ocorrem e

se tornam mentalmente codificados para posterior

recuperação ou recordação quando os revisitamos.

O método baseia-se nos mapas mentais (emocionais e

cognitivos) que fazemos dos lugares que conhecemos bem,

lugares que visitamos e lugares onde vivemos: a casa , o

bairro e a cidade

(15)

Pia Christensen Brazil 2012

As visitas-guiadas dão uma visão única sobre a

experiência das crianças acerca do lugar, que

ultrapassa o conhecimento que pode ser obtido em

entrevistas tradicionais (baseadas na comunicação

verbal). A compreensão em profundidade dos

movimentos das crianças e as viagens fora de casa e

da escola na sua comunidade local

(16)

Resultados

Pia Christensen Brazil 2012

Exemplos de um subúrbio de Copenhaga:

 As crianças gastam o seu tempo depois da escola no centro comercial local;

 Expressões de afecto ao visitar uma mulher com deficiência e seus cães

 A emoção de descer as escadas pulando de bicicleta na praça da

comunidade, juntamente com amigos

 As crianças demonstram movimentos, apontam lugares, caves escondidas, as

casas das pessoas, lixo, compartilham histórias e escolhem folhas das árvores.

(17)

Abordagem sistemática - bem trabalhada

Pia Christensen Brazil 2012

Jane, etnógrafa no campo:

Duas crianças num passeio guiado na sua

comunidade

O ensaio e o mapa das crianças (cuidados e

interpretação das crianças)

Momento de alegria - a mudança, inesperado!

Metodologia flexível

A arte é sobre criatividade e salto de imaginação:

(18)

Desafio etnográfico nº 2

Escutar as crianças

Compreensão empática (Weber)

"É claro que escutar as

crianças, ouvir as crianças e agir sobre o que as crianças dizem são três ações muito diferentes, embora

frequentemente não sejam reconhecidas dessa forma "

Roberts (2000/08)

Pia Christensen Brazil 2012

(19)

O PROCESSO DE PESQUISA VISTO COMO DIÁLOGO

Pia Christensen Brazil 2012

Uma prática de

pesquisa que está em

consonância com as

experiências,

interesses, valores e

rotinas diárias das

crianças e jovens

(20)

Boas conversas não têm fim e, muitas vezes , também não têm início (Gudeman e Rivera1990 :1-4) . O modelo de conversação como prática antropológica e a atividade de outras culturas.

No centro de toda a pesquisa está a comunicação

(21)

Pia Christensen Brazil 2012 An ethnographer must have a ‘good ear’ as well as a facile pen

(Gudeman and Rivera 1990:4).

(22)

Notas de campo

"Compre um caderno grande e

comece no meio porque nunca

sabe como as coisas se

poderão desenvolver."

(Radcliffe-Brown)

.... Ou arranje dois!

Tomar notas - manutenção de

registos

Descritivo - acontecimentos,

contextos, fragmentos de

conversas, ações e interações.

As notas de campo dos

profissionais são, também,

momentos de interpretações e

análise

(23)

Extrato de notas de campo que a minha amiga e doutoranda

Susana Rena Cortés Morales, uma antropóloga chilena, tem

compartilhado comigo:

Pia Christensen Brazil 2012

Eu, Susana, vou falar-vos sobre exemplo da experiência de uma criança com as artes na cidade, e a experiência tal como foi observada e, inesperadamente, compartilhada por mim como etnógrafa.

Lila é uma menina de dois anos de idade. Ela vive em Santiago, no centro da cidade, num apartamento. Todas as manhãs, ela vai para a creche, de metro com a sua mãe. Ela sai do metro na estação Baquedano. Faz parte da Linha 5, na qual existe uma tentativa de aliar as artes com o seu design estrutural, com pinturas murais, esculturas e pinturas. No entanto, os moradores de Santiago que frequentam a linha 5 não reparam muito nelas, eu acho. Talvez faça parte da paisagem das estações de metro, e neste sentido pode ser agradável, mas eles (os viajantes) não parecem notar ou apreciar isto de uma forma explícita

(24)

Pia Christensen Brazil 2012

Eu acompanho Lila e a sua mãe, uma manhã no caminho para a

creche. Saindo do metro, ela sobe as escadas sozinha, um passo

após o outro, com as mãos tocando ao mesmo tempo a parede.

Quando ela chega ao fim das escadas, começa a gritar, animada,

dizendo algo que não posso compreender. A sua mãe diz-me "Oh,

é sobre" os corações "", e vejo Lila que atravessa a estação com

pequenos gritos de excitação.

Ela vai diretamente até três esculturas, todas com a mesma

aparência, com uma forma abstrata, e com uma cor verde escuro

.

Parecem tubos tensos. Ela entra numa das esculturas e toca nela,

indo em seguida para a próxima, e na terceira faz o mesmo,

olhando para sua mãe e gritando, ainda, entusiasmada.

(25)

Ela fica lá, entre as esculturas nomeadas por ela como "Os

Corações". Eu penso sobre a forma como ela se relaciona com esta

obra de arte, uma peça que alguém decidiu colocar lá, na estação, com um propósito abstrato como é

"levando a arte para perto das pessoas", e provavelmente ninguém a vê realmente, mas Lila sim. E não apenas a vê, mas vive, toca, nomeia, é parte da sua vida diária. Todo o espaço da estação Baquedano

constitui para ela um lugar especial. Para ela é um lugar, reconhecido através da arte que lá existe.

(26)

Eu olho atentamente para as

esculturas. Eu estive lá antes e

nunca tinha reparado nelas. E

agora que olho para elas,

realmente parecem três

corações, corações reais, como

artérias tensas…

Lila quer ficar lá por mais

tempo, mas a mãe força-a a

continuar a viagem para a

creche. "Todos os dias, é a

mesma coisa", diz ela ...

(Comunicação pessoal)

(27)

Salto imaginativo

Pia Christensen Brazil 2012

A vida quotidiana pode ser ilusória.

A mudança acontece em qualquer lugar a qualquer momento.

A magia do dia a dia é a experiência do trivial - muitas vezes

sem agitação - reconhecendo, no entanto, que a mudança

acontece a toda a hora.

A etnografia das crianças implica gastar tempo em vários

contextos diferentes das suas vidas – tornando os momentos e

eventos "sense able‘ (mais agradavéis).

No exemplo da Susana "impressionabilidade" é a arte da

etnografia: a capacidade de ficar impressionado e de se

impressionar

(28)

Desafio etnográfico nº 3

Pia Christensen Brazil 2012

Quando está no campo o etnógrafo está sempre limitado pelo facto de somente conseguir estar num lugar ao mesmo tempo. De especial desafio são os eventos momentâneos e ocasionais (Amit 2000).

Como - por exemplo - é que vamos observar interações que acontecem às vezes, mas não necessariamente quando estamos por perto? Como é que participamos ou

observamos práticas que são desenvolvidas aqui e ali por uma ou mais pessoas? (Malkki 1997 em Amit 2000 p.15).

Para compensar essa limitação e para produzir um quadro mais completo de um contexto de investigação, os etnógrafos desenvolvem trabalho de campo

longitudinal baseado em métodos como a observação participante e as entrevistas. (Christensen et al 2011)

(29)

Mobilidade das crianças no espaço

exterior

Pia Christensen Brazil 2012

a) Geograficamente dispersos - tornava difícil, etnograficamente, a

exploração de padrões de mobilidade das crianças, numa escala completa e em tempo real.

b) Produzir dados variados e extensos e complementar a profundidade de

dados etnográficos com a amplitude de dados quantitativos.

c) Uma etnografia de métodos mistos que combina a etnografia com as

novas tecnologias móveis.

d) Os dispositivos GPS tornam possível recolher dados sobre os movimentos

geográficos de todas as crianças participantes, independente da presença de um pesquisador.

(30)

O que é GPS?

G

lobal

P

ositioning

S

ystem

(31)

Padrões de mobilidade revelados

Pia Christensen Brazil 2012

Os padrões de mobilidade das crianças e o uso geográfico do tempo foram projetados em mapas aéreos individuais

O apoio do trabalho de campo etnográfico e da análise interpretativa das interações das crianças com os seus ambientes sociais e materiais.

(32)
(33)

GPS como arte e tecnologia

Pia Christensen Brazil 2012

GPS é comunicação – comunicar a informação

acerca da mobilidade das crianças através de

redes de satélite para o investigador.

Projetando uma representação visual num mapa de

camadas com histórias das crianças, experiências e

observações das suas práticas e rotinas, uso e

(34)

‘CULTURAS DE COMUNICAÇÃO’

(CHRISTENSEN 1999)

Pia Christensen Brazil 2012

O pesquisador necessita estar consciente do envolvimento na prática

com as "culturas de comunicação“ das crianças

-

Ações sociais

- uso da linguagem

- os significados que as crianças colocam nas palavras, noções e

ações

- contexto e tempo

Dar uma imagem diferenciada da vida das crianças, ações e

experiências sociais

(35)

“Temos de separar o

ofício de etnografia da

a arte. O ofício pode ser

ensinado. A arte pode ser

ensinada

- até certo ponto – e a

prática é uma importante

dimensão de se tornar um

bom artista. Mas a arte

é, em última análise,

dependente

do talento do artista."

(Werner and Schoepfle 1987:16)

(36)

Follow this link to the ‘New Urbanism, New Citizens’ Project:

http://newcitizens.wordpress.com/

The End

Referências

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