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Joao Goncalves

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Academic year: 2021

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FORMAÇÃO DE ADMINISTRADORES: UM ENFOQUE CRÍTICO

MONTEIRO JR, João Gonçalves jgmonteiro@pucsp.br

MASETTO, M.T. mmasetto@pucsp.br Resumo

Este artigo analisa aspectos críticos ensejados na formação de administradores no Brasil, delineando pontos sensíveis dessa formação que influenciam a construção curricular. É um estudo exploratório, que investiga relações possíveis entre a formação de administradores e temas essenciais para o currículo. Apresenta concepções de autores consagrados que dão corpo a reflexões fundamentais para uma análise dos fenômenos ligados a essa formação específica. O estudo é parte integrante da pesquisa sobre formação de administradores feita pelos autores no programa de pós-graduação em educação, currículo, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. A pesquisa objetiva abordar questões relevantes sobre a formação, no que tange a sua diversidade e semelhanças, e outras que tratam dos aspectos ideológicos, culturais e do sistema econômico imbricados na formação de administradores. Em seu arranjo, percorrem-se questões essenciais da formação de administradores, apontando sua amplitude, o inter-relacionamento com o sistema produtivo, a ideologia e a cultura, postulam-se concepções de autores consagrados no meio educacional, finalizando-se com uma conclusão. Os resultados desta pesquisa indicam, embora de maneira despretensiosa, diferentes pontos nevrálgicos que se imbricam na formação de administradores.

Palavras-chave: Formação em Administração; Currículo e Formação de Administradores; Perspectivas Curriculares na Formação Superior

Introdução

Num mundo complexo, que tem assistido aos paradoxos entre o desenvolvimento econômico sem precedentes e as disparidades marcantes de distribuição da riqueza, onde os signos do capitalismo, como o individualismo e o sucesso material, marcam a vida humana, a educação dos administradores é um foro interessante para observar as relações entre condicionantes da vida social e econômica e o estabelecimento de currículos. Será possível negar a influência das escolas de administração em seus estudantes que, através de seus programas, aculturam e capacitam pessoas a interpretar o mundo para gerir determinados negócios, sejam estes privados, públicos ou do terceiro setor? Como estas se relacionam com o fato inequívoco da não neutralidade dos administradores que, como profissionais que atuam diretamente nas tomadas de decisão, contribuem para a manutenção do status quo micro e macro ambientais, afetando de maneira decisiva, as organizações e a própria sociedade? As respostas a estas questões, observando o caso brasileiro, indicam algumas direções possíveis para exame, como a amplitude da educação em administração na atualidade e sua relação com o sistema, ideologias e com a cultura. Para vislumbrá-las, procura-se neste estudo exercitar

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livremente a construção de enfoques críticos na formação de administradores, apoiando-se em concepções de autores relevantes para o estudo do currículo e em dados de órgãos oficiais da educação brasileira.

A amplitude educacional em Administração

Segundo o Censo 2005 do Inep, dos 20.407 cursos de graduação presenciais existentes, 2.484 (12,1%) eram de Administração, enquanto em 2006, dos 22.101 cursos, 2.836 (12,8%) eram de Administração (considerada a área específica de Gerenciamento e Administração, dentro da área geral de Ciências Sociais, Negócios e Direito). Ao observar os concluintes no ano de 2006, dos 736.829 alunos, 40,6% pertencem a esta área geral e 16,5% têm origem na área específica mencionada. Tais dados, analisando apenas a relevância da formação de administradores em nível superior, expressam o grande contingente de pessoas que concentram sua formação nessa área de conhecimento.

Ao se observar a amplitude da formação de administradores, nota-se que diferentes alternativas de educação podem servir a diferentes estruturas burocráticas, posto que, na atualidade concorrem e são complementares diversos níveis de ensino em administração, que dão conta de capacitar e formar pessoas em diversos níveis, da preparação técnica em nível médio, ao doutoramento, reunindo também a especialização, programas de MBA, mestrados profissionalizantes, cursos seqüenciais, cursos de extensão, cursos livres etc. Uma das marcas desse fenômeno é o crescente interesse por especialização em administração no país, de pessoal com formação superior nas mais variadas áreas, em busca de conhecimento em gestão, regrados naturalmente pela intenção de progresso profissional mais que por diletantismo. O ensino a distância (EAD) também contribui nos últimos anos, para um grande avanço em formação e extensão na área de administração. Com tal amplitude de formação, irradiam-se conceitos do saber em gestão, como produtividade, eficiência e eficácia, maiores ganhos, menores custos, melhores performances. Estes ingredientes do que se ensina e que se confunde com o que se deve aplicar no trabalho, se amalgama ao currículo das escolas enquanto ideário que, de forma viva ou oculta, acultura pessoas para o trabalho e para o repasse de sua lógica. Considera-se aqui a expressão currículo e outras dela derivadas, como sendo um espectro de ações, esquemas e sistemas da escola ou de um sistema educativo, situados historicamente, que possuem teor ideológico e base cultural e que se destinam a promover a educação de pessoas em quaisquer níveis. Embora esta afirmação abarque uma

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ampla diversidade de concepções sobre o currículo, na realidade da educação de trabalhadores no Brasil para a gestão de empresas, possibilita um recorte pelo qual se ensaia uma articulação entre o currículo e seus elos com a cultura, a ideologia e o sistema.

Uma constatação inequívoca dos elos entre educação de administradores e o mundo econômico, é o fato da formação de administradores estar alinhada com o desenvolvimento econômico global. Historicamente, os cursos de administração e sua importância ganham escala nos convênios e acordos internacionais com os Estados Unidos, com marcos como a criação da EBAP, EAESP na década de 60, passando a formar e capacitar pessoal para a gestão de empresas e a burocracia pública. Como os negócios se expandem, as escolas e suas vagas crescem, formando mais pessoal para alimentar o sistema, sem deixar de lado a própria educação superior como lugar de competitividade para atender as demandas. As escolas de administração, dada a natureza de seus saberes e o destino de seus estudantes, aliaram-se às necessidades das organizações, correspondendo a tais demandas históricamente, inicialmente como formação básica e, mais recentemente, tratando-a como formação contínua. Cursos superiores em gestão, graduação tecnológica, programas de extensão universitária e especializações lato-sensu em administração/gestão, expressam uma política de formação de trabalhadores e empreendedores para ocupações administrativas à luz de um modelo econômico complexo e global e centrado no crescimento do capital. No caso brasileiro, desde o final dos anos 90, observa-se impulso crescente na oferta de formação de administradores e uma ampliação de seu universo, com a proliferação de bacharelados em administração e também de outros cursos superiores da área, alcançando, mais recentemente, a formação superior via EAD. Com essa amplitude, depreende-se que trabalhadores destinados à gestão de organizações, os administradores, não são apenas os bacharéis, mas aqueles que realizam ciclos de estudos com diferentes apelos e tamanhos, nas temáticas de administração.

No que tange ao currículo, os meios educacionais de que se servem e se prestam às pessoas para que estudem administração, tornam-no uma prática costumeiramente positiva, tratada enquanto grade e gestão de conteúdos, professores e demais recursos, quando não também em metas e resultados, o que de alguma forma espelha a preocupação central com uma formação alinhada ao desenvolvimento de competências. Perrenoud (1999) faz uma afirmação que sublinha esse raciocínio sobre a educação de administradores, ao dizer que a crença em desenvolver competências transversais leva a uma formação pluri, inter ou

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transdisciplinar em detrimento das disciplinas escolares precisa ser superada, sob pena de prejudicar a abordagem por competências.

Se ente reprodutor de condições de mercado e produção num prisma Althusseriano, embora a formação de administradores a isto mesmo sirva, é na escola e nessa formação que se encontram oportunidades de sublinhar certas tônicas do que se vivencia e se reflete sobre o campo do trabalho. Os vínculos com a cultura, a sociedade, as intencionalidades de pessoas e grupos, estilos pessoais, modelos de produção, entre tantos outros assuntos e dilemas, são elementos com potencial para favorecer o amadurecimento da formação de administradores. Espelhando também a educação continuada, as escolas formam administradores e as empresas se prestam a dar concretude a essa formação na prática do trabalho. Não há normalmente maiores relações entre escolas e empresas, do que as típicas referentes a realização de estágio e de projetos específicos. Os alunos de administração oriundos de uma formação geral com predominância teórica, feita na escola, amadurecem para uma de expressão profissional, forjada na prática, onde o estudante ou egresso se especializa. Este relativo distanciamento entre os atores é um marco da realidade, posto que reduz suas capacidades interativas, embora seja campo para horizontes que vislumbram mudanças e inovações curriculares.

Formação de administradores e vínculos com a realidade

É possível sustentar que diferentes formações se equalizam em certa medida, o que permite haver uma relativa homogeneidade de saberes típicos de administração, espelhando uma formação em massa dos destinados a ocupações e carreiras administrativas e permeada pela lógica de progresso e racionalidade veiculada pelo capital. Outra evidência de uma vinculação entre a formação de administradores e o ideário neoliberal, encontra-se na dinâmica das escolas de nível superior em administração , onde estas competem por alunos com base em diferenciais competitivos, como preço, inovações tecnológicas, ou outros aspectos que garantam sua sustentabilidade, ao mesmo tempo em que modelam suas práticas curriculares, lugar também do econômico.

O sistema neoliberal ao privilegiar o espaço privado e o recrudescimento do público, garante uma perspectiva de atuação ampliada do capital também na educação. O meio educacional brasileiro se alterou em poucos anos, com uma intensificação da privatização do ensino superior e passou a ser parte integrante da globalização de mercados, com reflexos na aquisição de IES e cursos por grupos educacionais e empresas privadas, vetor também

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fenômenos comuns na atualidade: a internacionalização de negócios e a abertura de capital das escolas. Por sua vez, formulações de inserção social do governo, como o sistema PROUNI, são financiados em troca de isenção fiscal de escolas privadas. Fatores como formação em menor tempo, alinhada à ideologia da educação permanente, incorporação de modalidades de formação superiores diferenciadas, como é o caso de cursos seqüenciais e tecnológicos, dão corpo a uma flexibilização curricular que se incumbe de prover maiores contingentes de pessoas formadas em negócios. Outro aspecto dessa análise percebe também que, a medida em que maiores contingentes de estudantes destinam-se às carreiras de administração, maiores são as probabilidades de se constituírem quadros reserva de pessoal, com a subseqüente perspectiva de declínio salarial de ocupações, dado os ditames de oferta e procura. Nesse ponto, examinar a formação em negócios no contexto legal, pode indicar nuances da mescla entre a perspectiva neoliberal com as tintas das diretrizes legais para o ensino de administração. Tome-se como exemplo as DCN- Diretrizes Curriculares Nacionais do bacharelado em Administração, que postulam uma vocação liberal para essa formação, posto que fomentam uma educação continuada, onde o currículo de cursos de formação deve ser vetor dessa continuidade. A formação é percebida como processo contínuo, autônomo e permanente, e que, como afirma Andrade (2005), sob o prisma profissional, a formação deve garantir a adaptabilidade do formando às novas e emergentes demandas (Andrade, 2005).

A substituição dos Currículos Mínimos pelas DCN sublinham uma seleção de meios para flexibilizar a formação, onde se coloca uma inspiração neoliberal, expressa num olhar centrado em conteúdos, embora não supere a organização em disciplinas, ou na percepção de que não há como resultante um profissional preparado e, sim, uma preparação de profissionais adaptáveis às mudanças. Estas mudanças relacionam-se à forma atual do modo de produção capitalista, que, como afirma Chauí (2003), destacam-se nela a transnacionalização da economia, a redução de direitos sociais, a terceirização, entre outros fatores que indicam mudanças estruturais relevantes na dinâmica sócio-econômica, e onde aqui se sublinham seus reflexos nas escolhas curriculares de escolas de negócios.

São freqüentes, senão predominantes na literatura, concepções que valorizam limitações e também disfunções das mudanças feitas no ensino superior brasileiro que se servem de um eixo orientado entre a racionalidade, a efetividade e a produtividade, similar ao que é presente na lógica dos mercados. Como observa Chauí, no passado, sendo a escola o lugar privilegiado para a reprodução da estrutura de classes, das relações de poder e da

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ideologia dominante, e sendo a visão liberal, de uma escola superior distinta das demais por ser um bem cultural das elites dirigentes, hoje, com a reforma do ensino, a educação é encarada como adestramento de mão-de-obra para o mercado. Concebida como capital é um investimento e, portanto, deve gerar lucro social (CHAUÍ, 2001)

A permissão legal de formação de gestores específicos, em cursos de menor duração que o bacharelado, também dão conta de ampliar a quantidade de futuros formados e, em certo sentido, são prova de uma liberalização ou mesmo de uma desregulamentação da formação superior em administração. Tal fenômeno absorve também as emanações da educação contínua, posto que possibilita egressos de cursos superiores como seqüenciais e tecnológicos a realizarem estudos em nível de pós-graduação.

Uma outra particularidade da formação de administradores, e que denota teor ideológico e densidade cultural importantes, é o fato desta estar enredada no ensinar a gerir e atuar em organizações de um sistema econômico do qual não se separa, e mesmo legitima, posto que forma ocupantes para o trabalho administrativo em organizações. Na dinâmica das empresas e organizações de qualquer tipo, o trabalho administrativo centra-se em buscar melhores performances para os intentos da organização. A lógica da gestão visa, essencialmente, otimizar recursos e processos, buscando sempre menores perdas e maximização de ganhos. Lida-se com produtividade e com relações de custo-benefício e de retorno a partir do trabalho e de sua gestão. Este enfoque não é específico das organizações e relaciona-se a outros, em outras esferas. Mesmo na diplomacia, numa economia desenvolvida ou num Estado de esquerda, a produtividade é conceito central, redundando em crescimento ou fracasso econômico e conseqüentes influências sociais e ambientais, sendo um componente do paradigma que se centra na otimização de recursos e resultados. Na perspectiva curricular, em decorrência dessas formulações, há que se esperar a valorização da capacidade das escolas em preparar quadros que estimem e reproduzam essa cultura, tendo estes valores, estas idéias e sua lógica, contribuição na construção de conteúdos e no desenvolvimento de competências para o exercício profissional nas organizações. Neste prisma, sendo a formação de administradores a serviço do capital e vinculada a manutenção do status quo, é ela coadjuvante das mazelas que o mesmo capital, que alimenta nações, empresas, instituições de governo e da sociedade civil, traz consigo. É o que afirma Delors (1999), “(...) a desigualdade na distribuição dos excedentes de produtividade entre os países e até no interior de alguns países considerados ricos, revela que o crescimento aumenta a

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separação entre os mais dinâmicos e os outros” (Delors, 1999). Esse autor também sublinha as razões das disparidades, explicando que as mesmas ocorrem devido às disfunções dos mercados, pela natureza desigual do sistema político mundial e ao valor preponderante do intelecto e da inovação no desenvolvimento econômico (Delors, 1999). Emaranhadas neste contexto, as organizações alimentam o sistema e dele dependem, numa simbiose com o mundo, o que repercute no papel de profissionais que atuam nas organizações, bem como afetam a arquitetura curricular da formação de administradores.

Outros enfoques críticos à formação de administradores

Diversos autores, somados ao que já aqui se apresentaram, contribuem para a exposição de facetas importantes da formação em administração. Suas concepções ampliam o exame de temas caros ao universo da formação de administradores.

Apple afirma que as escolas tratam de um currículo tácito em seu trabalho educativo, voltado à manutenção da hegemonia ideológica das classes dominantes, explicitando também que a estabilidade econômica e ideológica depende da introjeção das regras e princípios do senso comum que mantêm a ordem social (Apple, 2006). No caso da formação de administradores esse construto é bastante plausível, no sentido de que a profissão requer o domínio de princípios e regras que se adequem ao esperado da gestão, com vistas à sustentabilidade organizacional. O que se ensina em administração, seja no currículo aberto ou no oculto, possui uma forte ligação com habilidades, conceitos e posturas desejáveis pelas organizações, visto que o desempenho organizacional esperado, condiciona performances e premiações a ela atreladas.

Ao se emprestar uma afirmação de Sacristán (2005) sobre o sistema educativo, dizendo que este serve a certo interesses concretos e eles se refletem no currículo e se aliarmos a isto o aparente desinteresse pelo estudo do currículo, pode-se perceber uma nuance importante para a ótica deste estudo. Embora significativo, o currículo não derivou de necessidade intelectual, mas como algo necessário à administração escolar para efetivar as ações educativas. Como afirma Sacristán , “ o currículo tem sido mais um campo de decisões do político e do administrador, confundidos muitas vezes numa mesma figura, que pouco necessitavam do técnico e do discurso teórico para suas gestões numa primeira etapa (...) e que se segue mais recentemente, para se revestir de uma linguagem mais especializada e técnica, e onde passaram a se unir o político-administrador ao técnico” (Sacristán, 2005).

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Sacristán também chama a atenção para a não neutralidade da seleção cultural que compõe o currículo, já que abarca condições políticas, administrativas e institucionais que, de alguma forma tornam-se artífices da modelagem real de possibilidades que um currículo tem (Sacristán, 2005).

Severino também oferece um olhar importante sobre a prática educacional e sua vinculação ao trabalho. Ele salienta que além de ser uma modalidade de trabalho para seus agentes, sendo atividade técnica e socialmente útil, e de se realizar como atividade prática simbolizadora, a prática educacional é uma forma de preparação de seus destinatários para o trabalho (Severino, 2001). Para o caso da formação de administradores, frente a estas 3 perspectivas, as escolhas curriculares, focalizam interesses corporativos, seja dos educadores, da burocracia da escola, ou da cultura emanada por saberes e poderes que se imbricam em conteúdos curriculares ou se ensina de forma oculta nas escolas, bem como dão corpo a representações simbólicas úteis ao trabalho nas organizações. No dizer de Severino, “a educação escolar prepara as forças de trabalho adequadas à economia capitalista e inculca a ideologia da burguesia no conjunto da população (...)”(Severino, 2001).

A relação vital entre formação dos administradores e o manejo das organizações, além de ser explicada por serem estas o objeto da ciência da administração, também assinala o que Forquin destaca quanto a educação nada ser fora da cultura. O autor lembra que educar é colocar alguém frente a certos elementos da cultura, de forma a construir sua identidade e pessoa tendo a cultura como nutriente (Forquim, 1993). Para o caso da administração, esse olhar estabelece relações entre a educação e o mundo do trabalho, onde não se separam as escolhas curriculares da cultura do mundo burocrático e da gestão.

Conclusão

Pode-se depreender das afirmações deste artigo, que a ideologia neoliberal subscreve a formação de administradores em seus diferentes níveis, que de maneira hegemônica, reflete-se na conduta das escolas, na criação de alternativas de trabalho e na liberalização do desenho curricular pelo Estado. A ótica dos autores pesquisados sublinha questões relevantes para a educação, emprestando vozes para o diálogo com a formação de administradores. Diversos construtos evidenciam a necessidade de um enfoque crítico para análise das condições e implicações que se atêm à formação de administradores.

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Em um mundo complexo, onde as alternativas de formação embora díspares, guardam semelhanças, popularizando a formação em nível superior de grandes contingentes populacionais em todo o território brasileiro, as pesquisas sobre a formação de administradores podem avançar ao criar ou difundir modelos que contribuam para o tratamento de aspectos críticos e que se diferenciem dos modelos atuais de formação, especialmente em nível superior. A preparação de quadros profissionais, para qualquer nível de formação em administração, com uma percepção mais aprofundada de seus significados, dilemas, contradições, e potencial de realização junto ao mundo do trabalho, é espaço onde o campo do currículo pode ser enriquecido.

Bibliografia

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Referências

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