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Teoria Geral do Processo

Unidade VI – Da Ação

Professor Marcus Ulhoa

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Unidade VI – Da Ação

1. Definição

Segundo CINTRA, GRINOVER E DINAMARCO, ação seria “o

direito ao exercício da atividade jurisdicional (ou o poder de

exigir esse exercício).”

Nas palavras de Humberto Theodoro Júnior, ação “é o direito a

um pronunciamento estatal que solucione o litígio, fazendo

desaparecer a incerteza ou a insegurança gerada pelo

conflito de interesses, pouco importando qual seja a solução a

ser dada pelo juiz”.

Ação é um direito subjetivo, público, autônomo e abstrato de invocar a

tutela jurisdicional para composição de um litígio.

→ Subjetivo: é facultado ao lesado o pedido de manifestação do Estado para

solucionar o conflito

→ Público: motiva órgão público a dizer o direito (é dirigido contra o

Estado-Juiz)

→ Autônomo: tem natureza distinta do direito material que o embasa → Abstrato: independe da existência efetiva de direito material

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Unidade VI – Da Ação

2. Teorias da ação

A) Teoria imanentista, civilista ou privatista: Tem

como precursores Celso e Savigny. Segundo tal

teoria, a ação é considerada a partir do direito

material, sendo um instrumento de defesa do direito.

Em Roma, Celso defendia que a ação era parte do

direito material, um apêndice do direito privado,

um instrumento de defesa do direito. Para

Savigny, ação é direito que, violado, vai à guerra.

Para os defensores de tal teoria, a ação dependeria do

direito material. Tal teoria influenciou Clóvis

Bevilaqua na redação do art. 75 do Código Civil

revogado (1916), in verbis:

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Unidade VI – Da Ação

2. Teorias da ação

B) Teoria transcendentalista ou autonomista: Para essa teoria, a

ação tem natureza distinta do direito material. Os defensores

dessa teoria embasaram seus estudos na ação declaratória

negativa, que nada mais visa que declarar a não existência de

um direito material. Duas correntes, que surgiram ao mesmo

tempo, se destacam nos estudos da autonomia entre a ação e o

direito material:

Corrente concretista: Encabeçada por Adolph Wach, essa

corrente defende que a ação tem natureza distinta do direito

material, mas só existirá quando houver procedência do

pedido. Assim, para os concretistas, não se exerceria ação

quando da sentença de improcedência.

Corrente abstracionista: Defendem a ação como um direito

abstrato, ou seja, exercido independentemente da existência de

direito material. Desenvolveram tal teoria Plósz e Degenkolb.

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Unidade VI – Da Ação

2. Teorias da ação

C) Teoria eclética da ação: Desenvolvida por Enrico Tulio

Liebman, a teoria eclética entende a ação como um direito

autônomo e abstrato que, no entanto, depende, para ser

exercida, da satisfação de três requisitos básicos:

legitimidade das partes, interesse de agir e possibilidade jurídica

do pedido. Liebman foi professor da USP e influenciou muitos

doutrinadores e estudiosos da escola paulista. Foi mestre de

Alfredo Buzaid, Ex-Ministro da Justiça que compôs a comissão

que redigiu o atual Código de Processo Civil. Prova da influência

de Liebman foi a inclusão no Diploma Processual Civil do inciso

VI do art. 267. Senão vejamos:

Art. 267.  Extingue-se o processo, sem resolução de mérito:

Vl - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a

possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse

processual;

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Unidade VI – Da Ação

3. Condições da ação (LIP)

Definição: É o conjunto de requisitos

mínimos necessários para o exercício da

ação e conseqüente obtenção da tutela

jurisdicional para composição de um conflito

de interesses. Quem não possui esses

requisitos mínimos é julgado carecedor da

ação nos termos do já mencionado art. 267,

VI do Código de Processo Civil. São condições

da ação: legitimidade das partes, interesse de

agir e possibilidade jurídica do pedido.

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Unidade VI – Da Ação

3. Condições da ação (LIP)

A) Legitimidade das partes (legitimatio ad causam): Consiste na consagrada

expressão de Alfredo Buzaid: “pertinência subjetiva da ação”. Refere-se à

titularidade dos interesses em conflito, pois, no pólo ativo da relação

jurídico-processual, deve figurar o titular da pretensão resistida e no pólo passivo, o que resiste à pretensão. Pode ser ordinária ou extraordinária:

Ordinária: Correspondência entre os sujeitos da relação jurídica de direito material e os sujeitos da relação jurídica de direito processual.

Um exemplo seria a ação de despejo ajuizada pelo locador em desfavor do locatário. Aqui, os sujeitos da relação jurídica de direito material são os mesmos da relação jurídica de direito processual.

Extraordinária: Há hipóteses em que a lei autoriza outrem, que não o

titular do interesse, a postulá-lo ou defendê-lo em juízo, quando então se fala em legitimação extraordinária. Não há correspondência entre os

sujeitos da relação jurídica de direito material e os sujeitos da relação jurídica de direito processual. Um exemplo de legitimidade extraordinária

seria o do substituto processual que postula em nome próprio direito alheio (sindicato que impetra Mandado de Segurança Coletivo em favor de seus filiados). Outro exemplo de legitimidade extraordinária seria a do Ministério

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Unidade VI – Da Ação

3. Condições da ação (LIP)

B) Interesse processual ou interesse de

agir: É condição da ação consubstanciada

pela necessidade do ingresso em juízo para

a obtenção do bem de vida visado, bem

como

pela

utilidade

do

provimento

jurisdicional invocado e a adequação da via

eleita. Em uma ação de cobrança, por

exemplo, deve o autor expor seu crédito e a

resistência do devedor em adimpli-lo, para

demonstrar o atendimento à condição da

ação que ora se comenta.

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Unidade VI – Da Ação

3. Condições da ação (LIP)

C) Possibilidade jurídica do pedido: Consiste na

inexistência de vedação no ordenamento jurídico

para o tipo de tutela jurisdicional invocada.

Como exemplo de impossibilidade jurídica do pedido,

têm-se as ações de cobrança de dívida de jogo ou

aposta, pois não obrigam a pagamento ou de

cobrança do que se emprestou para o jogo ou aposta,

no ato de apostar, ou jogar.

Art. 814. As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam

a pagamento; mas não se pode recobrar a quantia,

que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por

dolo, ou se o perdente é menor ou interdito.

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Unidade VI – Da Ação

4. Elementos identificadores da ação

Definição: As partes, a causa de

pedir e o pedido são os elementos

identificadores de determinada

demanda, que permitem sua

individualização e distinção das

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Unidade VI – Da Ação

4. Elementos identificadores da ação

A) Partes: Parte é aquela que deduz uma

pretensão em juízo e aquela em face de

quem se pede um provimento jurisdicional.

Conforme o procedimento, as partes recebem

diferentes denominações, além de autor e réu,

como no caso dos Embargos à Execução, em que

são chamadas de embargante e embargado, ou

na Oposição, de opoente e oposto.

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Unidade VI – Da Ação

4. Elementos identificadores da ação

B) Causa de pedir: O segundo elemento da ação é a causa de

pedir (causa petendi), consubstanciada pelos fundamentos

fáticos e jurídicos da pretensão deduzida em juízo.

Art. 282.  A petição inicial indicará:

III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;

De regra, segundo a doutrina majoritária (Luiz Rodrigues

Wambier, Rogério Lauria Cruz e Tucci e Humberto

Theodoro Júnior) considera-se que os fundamentos

fáticos constituem a causa de pedir remota,

abrangente da descrição dos fatos que conformam o

direito do autor. Os fundamentos jurídicos do pedido

conformam a causa de pedir próxima.

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Unidade VI – Da Ação

4. Elementos identificadores da ação

C) Pedido: O pedido é o que se busca com a ação, é a

solução buscada para pacificar o conflito.

Desdobra-se em pedido imediato e pedido mediato:

Pedido imediato: refere-se ao tipo de tutela jurisdicional

invocada (de conhecimento, de execução ou cautelar). No

caso de se pedir uma tutela jurisdicional de conhecimento, o

pedido imediato pode ser, por exemplo, de natureza

declaratória, constitutiva ou condenatória.

Pedido mediato: vem a ser o bem de vida visado, como o

crédito, em uma ação de cobrança, ou a posse direta de

um bem, em uma ação possessória. Diz respeito ao mérito

da causa.

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Unidade VI – Da Ação

5. Classificação das Ações

A principal forma de classificação das ações utilizada

pela doutrina processual leva em consideração a

natureza do provimento jurisdicional pretendido.

Desta forma, temos inicialmente as seguintes

espécies de ações cíveis:

→ Ação de conhecimento (sentença - formação do

direito)

→ Ação de execução (coerção estatal - satisfação -

devedor não agiu voluntariamente)

→ Ação cautelar (fumaça do bom direito e perigo da

demora (urgência) - garantia do direito)

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Unidade VI – Da Ação

5.1 Ação de conhecimento

A) Meramente declaratórias (art. 4o do CPC)

Art. 4o O interesse do autor pode limitar-se à

declaração:

I - da existência ou da inexistência de relação jurídica;

II - da autenticidade ou falsidade de documento.

Parágrafo único. É admissível a ação declaratória,

ainda que tenha ocorrido a violação do direito.

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Unidade VI – Da Ação

5.1 Ação de conhecimento

A) Meramente declaratórias (art. 4o do CPC)

→ Bem da vida

Fim da crise de dúvida

Eliminação do estado de incerteza

→ Efeitos

ex tunc

Declaração de um status pré-estabelecido

Retroage à data da constituição da relação jurídica

→ Exemplo

Ação de Investigação de Paternidade

Ação de Usucapião

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Unidade VI – Da Ação

5.1 Ação de conhecimento

B) Constitutivas

→ Objeto

• Criação, modificação ou extinção de uma relação jurídica • Mudança no mundo jurídico (dispensa ação de execução)

→ Espécies

• Constitutivas negativas: desconstituir uma relação jurídica • Constitutivas positivas: constituir uma relação jurídica

→ Efeitos

ex nunc (em regra, a partir do trânsito em julgado)

→ Exemplo

• Ações de Separação Judicial • Ações de Divórcio

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5.1 Ação de conhecimento

C) Condenatórias

→ Objeto

• Condenação do réu a dar, fazer ou não fazer

• Obrigações resultantes de contratos, de atos ilícitos ou da lei

→ Efeitos

ex tunc

Constituição de um título executivo passível de execução

→ Exemplo

Ações de Cobrança

Ações de Indenização

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Unidade VI – Da Ação

6 Ação Penal

A) Ação Penal Pública (movida pelo Ministério Público

“dono da ação penal pública - oficialidade”)

→ Incondicionada (o MP promove independentemente de vontade

alheia) Caput do Art. 100 do CP, 1a parte e caput do Art. 24 do CPP,

1a parte)

Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente

a declara privativa do ofendido.

Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por

denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o

exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do

ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.

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Unidade VI – Da Ação

→ Condicionada (a titularidade continua sendo do MP)

§ 1° do Art. 100 do CP, e 2a parte do caput do Art. 24 do CPP

§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça.

Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.

Nos casos de ação pública condicionada, Segundo Mirabete, “o interesse do ofendido se sobrepõe ao público na repressão do ato criminoso, quando o processo, a critério do interessado, pode acarretar-lhe males maiores do que aqueles resultantes do crime.”

Observações: 1) O ofendido/vítima, tem o prazo de 6 (seis) meses para representar, nos termos dos Arts. 103 do CP e 38 do CPP; 2) Só é possível a retratação (“retirada da representação”) antes do oferecimento da denúncia; 3) Mesmo com a representação do ofendido/vítima, o MP não fica obrigado à oferecer denúncia (deve observar os requisitos dos Arts. 41 e 43 do CPP).

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Unidade VI – Da Ação

B) Ação Penal de Iniciativa Privada

→ Ação de iniciativa exclusivamente privada (iniciativa exclusiva do ofendido

ou seu representante legal)

§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo.

Ex. Crimes contra a honra (art. 138 e seguintes do CP)

Princípios: Disponibilidade/Oportunidade/Conveniência/Indivisibilidade (Art. 48 do CPP)

→ Ação subsidiária da pública (iniciativa do ofendido ou seu representante legal

“somente quando o MP não intentar a ação penal pública no prazo legal”)

§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal.

O prazo a que se refere o parágrafo supra é o do Art. 46 do CPP.

Justificativa: Art. 5°, XXXV da CF/88 “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;”

Referências

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