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DECISÃO MONOCRÁTICA ADVOCATÍCIOS CORRETAMENTE FIXADOS EM

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Academic year: 2021

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VIGÉSIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL

APELAÇÃO CÍVEL N.º 0029266-43.2012.8.19.0087 APELANTE: LUCIANA LOYOLA DE ARAÚJO APELADO: BANCO BRADESCO S A

RELATORA: DES. ODETE KNAACK DE SOUZA

DECISÃO MONOCRÁTICA

APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL.

CARTÃO DE CRÉDITO INTERNACIONAL. A

AUTORA, EM VIAGEM AO EXTERIOR, TEVE SUAS

COMPRAS RECUSADAS PELO BANCO RÉU,

EMBORA TENHAM SIDO COMUNICADOS COM

ANTECEDÊNCIA, PELA CONSUMIDORA, O

PERÍODO EM QUE FICARIA FORA E OS PAÍSES AOS QUAIS FARIA VISITA. BLOQUEIO INDEVIDO

EM PAÍS ESTRANGEIRO, GERANDO

INSEGURANÇA À CONSUMIDORA COM A

REDUÇÃO DOS SEUS RECURSOS, AINDA MAIS POR ESTAR ACOMPANHADA POR SUA FILHA MENOR IMPÚBERE. APELO PARA ELEVAR O MONTANTE ARBITRADO PELO DANO MORAL, BEM COMO OS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

FIXADOS. COMPENSAÇÃO QUE DEVE SER

MAJORADA PARA R$ 10.000,00 (DEZ MIL REAIS), SEGUNDO OS CRITÉRIOS DA RAZOABILIDADE E

PROPORCIONALIDADE. HONORÁRIOS

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10% SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO, DE ACORDO COM O ARTIGO 20, §3º, DO CPC. PRECEDENTES DESTA CORTE ESTADUAL. APELO A QUE SE DÁ PARCIAL PROVIMENTO.

Trata-se de ação de responsabilidade civil em face do BANCO BRADESCO S A, tendo em vista que, embora tenha sido devidamente solicitado pela autora, o seu o cartão não fora habilitado para pagamentos no exterior, o que a impediu de utilizar se crédito durante a viagem com a sua filha, estando desprovida de recurso até para alimentação em outro país.

Contestação juntada a fls. 50/57.

A sentença de fls. 72/81 julgou procedente o pedido, verbis:

“(...) Isto posto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO, condenando a empresa ré ao pagamento, em favor da parte autora, da indenização, a título de danos morais, no valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), acrescido dos juros legais desde a efetiva citação e monetariamente corrigido a partir da publicação da presente sentença. Por fim, condeno a parte ré, em razão da sucumbência, a arcar com o pagamento das custas processuais, devidas por força de lei, bem como dos honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação. Transitada em julgado a presente, intime-se o réu, na pessoa de seu patrono, para efetuar o pagamento, no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de multa de 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, conforme preceitua o artigo 475 J, do Código de Processo Civil. P.R.I.”.

Apela a autora, tempestivamente e com preparo, a fls. 82/87, alegando, em síntese, que estava adimplente com a sua obrigação, tendo comunicado a viagem ao exterior com antecedência. Assim, o juízo fixou a compensação em módicos R$ 4.000,00, estando esse valor em dissonância com os princípios da razoabilidade e

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proporcionalidade, além de contrariar o bom-senso, não se encontrando em consonância com a jurisprudência desta Corte. Requer, desse modo, a reforma parcial da sentença para que seja majorado o montante fixado pelo dano moral, bem como os honorários advocatícios arbitrados pelo juízo.

Contrarrazões do réu a fls. 101/108.

É o relatório.

DECIDO:

Trata-se de questão bastante conhecida neste E. Tribunal de Justiça, podendo ser decidida de forma monocrática.

Cumpre esclarecer que se trata de relação de consumo e, portanto, aplicável o disposto no art. 14 do CDC que prevê a responsabilidade objetiva dos fornecedores de serviços.

Devidamente provadas a relação jurídica entre as partes, a viagem ao exterior da autora com a sua filha, bem como o regular uso e quitação do cartão de crédito, a fls. 11-44, devendo ser ressaltado, em especial, a comprovação da denegação na realização das compras, a fls. 34/35.

O juízo julgou parcialmente procedente o pedido na inicial, condenando o réu ao pagamento de R$ 4.000,00 (quatro mil reais) a título de danos morais, acrescido dos juros legais desde a efetiva citação e monetariamente corrigido a partir da publicação da sentença. Condenou, também, o réu a arcar com as custas e honorários advocatícios, esses fixados em 10% do valor da condenação.

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Sem recurso do réu, ficou incontroversa a responsabilidade civil ante a ilicitude da sua conduta, não havendo que se falar em culpa exclusiva da loja comercial quando da tentativa de pagamento através do cartão de crédito.

Note-se que, em casos como o destes autos, o dano moral é in re ipsa, bastando demonstrar a indevida denegação das compras durante a viagem ao exterior.

O apelo da autora tem por objeto a majoração da compensação por dano moral.

Em relação à análise do quantum condenatório, deve-se levar em conta a situação econômica do causador do dano, observando-se, entretanto, que a soma não deve ser grande o bastante para gerar enriquecimento sem causa ao lesionado, nem tão pequena que se torne inexpressiva para o infrator. Deve, portanto, estar dentro dos critérios de razoabilidade e proporcionalidade.

Observa-se, também, para a aferição do valor compensatório pelos danos morais suportados pela autora, o caráter pedagógico-punitivo, a fim de evitar que tais acontecimentos continuem a gerar danos aos consumidores, acarretando, conseqüentemente, mais demandas judiciais.

Conforme as lições do ilustre Des. e professor Sérgio Cavalieri Filho, em sua obra Programa de Responsabilidade Civil, 6ª edição, Editora Malheiros, pág. 116:

"... o juiz, ao valorar o dano moral, deve arbitrar uma quantia que, de acordo com o seu prudente arbítrio, seja compatível com a reprovabilidade da conduta ilícita, a intensidade e duração do sofrimento experimentado pela vítima, a capacidade econômica do causador do dano, as condições sociais do ofendido e outras circunstâncias mais que se fizerem presentes."

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Note-se que as compras foram denegadas em país estrangeiro, gerando insegurança à recorrente que teve seus recursos reduzidos, ainda mais por estar acompanhada por sua filha menor impúbere.

Assim, face aos critérios expostos acima e o caso em análise, a verba condenatória deve ser majorada para R$ 10.000,00 (dez mil reais), mostrando-se mais adequada ao princípio da razoabilidade e proporcionalidade.

Com o entendimento acima consignado, leiam-se os seguintes julgados desta Corte:

0011468-70.2011.8.19.0001 – APELACAO - 2ª Ementa - DES. LINDOLPHO MORAIS MARINHO - Julgamento: 06/11/2012 - DECIMA SEXTA CAMARA CIVEL

CARTAO DE CREDITO BANCARIO - BLOQUEIO INDEVIDO - VIAGEM AO EXTERIOR - RESTRICAO DE USO - DANO MORAL - OCORRENCIA

DIREITO DO CONSUMIDOR. CONTRATO CARTÃO DE

CRÉDITO. BLOQUEIO INJUSTIFICADO DO CARTÃO.

IMPOSSIBILIDADE DE SEU USO EM VIAGEM AO EXTERIOR, APESAR DA COMUNICAÇÃO FEITA À ADMINISTRADORA DO CARTÃO. DANO MORAL. OCORRÊNCIA. VERBA FIXADA EM

VALOR RAZOÁVEL NÃO MERECENDO A REDUÇÃO

PRETENDIDA. RECURSO DE APELAÇÃO AO QUAL FOI

NEGADO SEGUIMENTO COM FULCRO NO ART. 557 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. INCONFORMISMO DA APELANTE MANIFESTADO POR MEIO DE AGRAVO. APRECIAÇÃO OBRIGATÓRIA DA CONTROVÉRSIA PELO COLEGIADO. A relação entre as partes é de consumo, tendo em vista que a autora se amolda ao art. 2º, do CDC e a ré ao art. 3º, do mesmo diploma legal. A administradora não se desincumbiu de provar que o defeito era proveniente do uso indevido de seu titular, mas ao contrário, confessa que houve o bloqueio do mesmo, admitindo ser prática usual da empresa o bloqueio temporário dos cartões que administra, quando julga não habitual seu uso. Entretanto, restou incontroverso nos autos, já que

não impugnado pelo réu, que a autora comunicou a sua viagem ao exterior, solicitando o desbloqueio do cartão para uso internacional,

tendo declinado, na inicial, o nº do protocolo desta solicitação, não havendo falar em uso não habitual que justificasse o bloqueio efetuado. A responsabilidade da instituição financeira ré é objetiva, na forma do artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor, cabendo apenas a demonstração do nexo causal entre o dano sofrido e a conduta do seu causador, o que ficaram evidenciados nos autos. Evidente que tal fato não foi mero

aborrecimento, mas configurou dano moral, principalmente porque gerou frustração, angústia e preocupações que diferem dos

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agruras de quem está em país estrangeiro, com limitada quantia de dinheiro, e verifica que seus recursos foram drasticamente reduzidos em decorrência de bloqueio do cartão que contratou com a finalidade de utilização no exterior. A verba fixada na sentença em R$ 8.000,00 (oito mil reais) se mostra adequada para compensar o dano experimentado, não merecendo qualquer censura. Precedentes do

TJERJ Razões trazidas no agravo previsto no artigo 557, § 1º, do Código de Processo Civil que não são capazes de elidir o acerto da decisão monocrática. Recurso ao qual se nega provimento.

0263344-17.2010.8.19.0001 – APELACAO - 1ª Ementa - DES. ANDRE RIBEIRO - Julgamento: 30/06/2011 - SETIMA CAMARA CIVEL

APELAÇÃO CÍVEL. CONSUMIDOR. CARTÃO DE CRÉDITO. BLOQUEIO INDEVIDO. DANO MORAL EXTRA REM CARACTERIZADO. Logrou êxito o consumidor em comprovar a má

prestação do serviço, consistente no bloqueio ilícito do seu cartão de crédito, haja vista constar dos autos várias compras frustradas, inclusive em viagem ao exterior, a despeito de diversas tentativas sem

sucesso de solução do problema junto ao Banco-réu. Em contrapartida, este não traz qualquer prova de exercício regular de direito, bem como qualquer espécie de inadimplemento do autor que pudesse caracterizar a licitude do bloqueio, não havendo qualquer comprovação de aviso acerca da suspensão do serviço de crédito. Assim, há conduta, nexo de causalidade e ocorrência de dano moral, com a conseqüente responsabilidade civil do réu. No caso concreto, vê-se que a atuação da

apelante representou ao consumidor uma violação de direito de personalidade, que ultrapassa o mero dissabor, uma vez que o privou de serviço sem justificativa plausível, não resolvendo o problema de maneira pronta e eficaz. Ao contrário, trata-se de privação de serviço por tempo injustificado que, por certo, remete o consumidor a estado psicológico de incerteza e impotência. Ademais, a falha na prestação do

serviço é recorrente, uma vez que várias foram as tentativas de solução administrativa da questão, sem resolução eficaz do problema. É razoável

e proporcional a fixação do valor indenizatório a título de danos morais em R$ 7.000,00, porquanto recalcitrante o banco na má prestação do serviço, o que culminou com a impossibilidade de utilização de serviço de crédito em viagem internacional, incrementando a violação ao direito de personalidade do autor, uma vez que ficar sem crédito em terra estrangeira, por certo, remete a pessoa a maior temor. Nada obstante, a função pedagógica de

desestímulo à violação de direitos do consumidor se impõe no caso concreto, valendo destacar que o banco somente comprova o cumprimento de sua obrigação de restabelecer o serviço de crédito na data da publicação da sentença. RECURSO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO, MONOCRATICAMENTE.

0199008-72.2008.8.19.0001 - 1ª Ementa - APELACAO DES. CELSO PERES - Julgamento: 04/10/2010 - DECIMA CAMARA CIVEL

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serviço. Acidente de consumo. Responsabilidade objetiva (ART. 14,

CDC) Dano moral in re ipsa. Impossibilidade de utilização do

referido cartão, por estar o mesmo bloqueado sem qualquer motivo aparente. Indenização arbitrada em R$8.000,00 (oito mil reais) que observa os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, bem como as peculiaridades do fato. Apelo improvido.

0009474-33.2009.8.19.0209 – APELACAO - 2ª Ementa - DES. RICARDO RODRIGUES CARDOZO - Julgamento: 17/06/2010 - DECIMA QUINTA CAMARA CIVEL

Ementa"AGRAVO INOMINADO. DECISÃO MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. AÇÃO INDENIZATÓRIA. CARTÃO

DE CRÉDITO INTERNACIONAL. COBRANÇA DE FATURA JÁ

PAGA. BLOQUEIO INDEVIDO DURANTE VIAGEM AO

EXTERIOR. DANOS MORAIS. QUANTUM

INDENIZATÓRIO.Rejeita-se a preliminar de ilegitimidade passiva ad

causam. O Apelante não pode transferir ao consumidor o risco que assumiu ao optar pela compensação bancária como forma de recebimento dos valores cobrados em suas faturas. Se houve realmente falha por parte da instituição financeira que não lhe repassou o pagamento efetuado, poderá o Recorrente exercer seu direito de regresso contra aquela, mas não pode eximir-se de sua responsabilidade pelo dano causado às Recorridas.Restou evidenciado o defeito na prestação do serviço, vez que o Réu bloqueou o cartão de crédito das Autoras sem nenhum aviso prévio, com base na suposta falta de pagamento de uma fatura que havia sido pontualmente quitada, conforme prova documental não impugnada. O

cartão permaneceu bloqueado por 15 dias, gerando não apenas indignação pela indevida suspensão do serviço, como também insegurança e constrangimento para a 2ª Autora, que se encontrava em viagem internacional e teve seu crédito negado ao tentar efetuar pagamentos. Os danos morais são incontroversos e decorrem do próprio fato, de modo que não há como afastar o dever de indenizar.O quantum indenizatório foi corretamente fixado, não havendo elementos que autorizem sua redução. Em se tratando de

responsabilidade contratual, os juros moratórios devem fluir a partir da citação, conforme art. 405 do Código Civil, como corretamente fixados na sentença.Os Agravantes não trouxeram nenhum fundamento novo que permita a modificação da decisão monocrática desta relatoria.Recurso desprovido, nos termos do voto do Desembargador Relator."

No que se refere aos honorários advocatícios, esses foram arbitrados de forma coerente com a jurisprudência deste Tribunal, consoante o artigo 20, § 3º, do CPC.

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Por tais motivos, com fulcro no artigo 557, § 1º-A, do CPC, dou parcial

provimento ao recurso a fim de aumentar a compensação por dano moral para R$

10.000,00 (dez mil reais), no mais, mantenho a sentença por seus próprios fundamentos.

Rio de Janeiro, 17 de julho de 2013.

DES. ODETE KNAACK DE SOUZA RELATORA

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