• Nenhum resultado encontrado

Protótipo de álbum seriado para orientações do escolar com câncer em quimoterapia

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Protótipo de álbum seriado para orientações do escolar com câncer em quimoterapia"

Copied!
98
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA CURSO DE GRADUAÇÃO- ENFERMAGEM E LICENCIATURA

CÁSSIA RODRIGUES DOS SANTOS

PROTÓTIPO DE ÁLBUM SERIADO PARA ORIENTAÇÕES DO ESCOLAR COM CÂNCER EM QUIMIOTERAPIA

NITERÓI 2016

(2)

CÁSSIA RODRIGUES DOS SANTOS

PROTÓTIPO DE ÁLBUM SERIADO PARA ORIENTAÇÕES DO ESCOLAR COM CÂNCER EM QUIMIOTERAPIA

Trabalho Monográfico de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação do Curso de Graduação – Enfermagem e Licenciatura da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense como requisito para obtenção do título de Enfermeiro e Licenciado em Enfermagem.

Orientadora: Profª. Drª. Liliane Faria da Silva

NITERÓI 2016

(3)

S 237 Santos, Cássia Rodrigues dos.

Protótipo de álbum seriado para orientações do escolar com câncer em quimioterapia. / Cássia Rodrigues dos Santos. – Niterói: [s.n.], 2016.

97 f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Enfermagem) - Universidade Federal Fluminense, 2016. Orientadora: Profª. Liliane Faria da Silva.

1. Quimioterapia. 2. Criança. 3. Enfermagem. 4. Neoplasias. 5. Materiais de Ensino. 6. Educação em Saúde. I. Título.

(4)

CÁSSIA RODRIGUES DOS SANTOS

PROTÓTIPO DE ÁLBUM SERIADO PARA ORIENTAÇÕES DO ESCOLAR COM CÂNCER EM QUIMIOTERAPIA

Trabalho Monográfico de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação do Curso de Graduação – Enfermagem e Licenciatura da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense como requisito para obtenção do título de Enfermeiro e Licenciado em Enfermagem.

Defesa em 22 de fevereiro de 2016.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dra. Liliane Faria da Silva – Presidente Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa/UFF

Prof. Dra. Emília Gallindo Cursino – 1° examinador Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa/UFF

Prof. Dra Maria Estela Diniz Machado- 2° examinador Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa/UFF

Niterói 2016

(5)

DEDICATÓRIA

Dedico esse estudo a Cláudia e Vagner, meus pais que me ensinou valores que farão de mim uma ótima Enfermeira. Além de serem minha inspiração e exemplo de vida, de superação e amor.

Dedico também às crianças em especial minha irmã Carolina que são os seres mais sinceros e puros e que trazem muita alegria para mim e motivam o meu estudo.

(6)

AGRADECIMENTOS

Agradeço antes de qualquer coisa a Deus, pela dádiva da vida, por todas as conquistas e benção até hoje destinadas a mim e a minha família, por sempre me proporcionar a força necessária para vencer os obstáculos da vida.

Aos meus pais Cláudia e Vagner que deram sempre seu melhor, que são a minha base, e me ensinaram valores que fizeram de mim a pessoa que sou. Pela ajuda nos momentos tristes e difíceis, pelo amor nos simples gestos e que me ensinaram e realmente viver de valores, pela filosofia e ideologia de vida nas quais me espelho.

As minhas irmãs Carine, Cristiane e Carolina, que apesarem de me perturbarem muito no meu dia a dia, estão presentes em todos os momentos especiais e difíceis da minha vida.

A minha avó Elza que me servem de lição como pessoa íntegra, batalhadora, honesta e pela alegria de viver.

Aos amigos de toda a vida que desde que entraram em minha vida nunca me deixaram apesar de termos seguido rumos diferentes, pela compreensão da ausência e pelo apoio e amizade de sempre.

Aos amigos que a faculdade me proporcionou, pessoas que foram minha família por cinco anos que sempre me deram força e encorajamento para continuar nossa caminhada e por tornar tal caminhada mais prazerosa.

A minha orientadora Prof.ª Liliane por ter me ajudado durante o contato com a pediatria hospitalar, pelas orientações sempre sábias, pela calma e paciência, pelo conforto e apoio de sempre e por aceitar fazer parte e contribuir não só como orientadora, mas como grande profissional que é que serve de exemplo para mim.

As professoras Emília e Maria Estela por aceitarem a participar da banca e que são um exemplo de excelentes professoras e enfermeiras.

(7)

RESUMO

O câncer infantil é uma doença que pode causar impactos na vida da criança e seus familiares, demandam tratamentos agressivos e que necessitam de cuidados diários, entre os tratamentos a quimioterapia é mais utilizada. Visto que a falta de informação à criança pode prejudicar o seu entendimento sobre a necessidade de ser submetido a diversas intervenções terapêuticas, houve a necessidade de investigar estratégias de orientação e educação em saúde que possam ser implementadas na assistência de Enfermagem à criança enferma. A elaboração de um protótipo de álbum seriado para realização de orientações sobre quimioterapia antineoplásica junto ao escolar com câncer foi o objeto investigado, com os objetivos de: identificar as orientações sobre o tratamento quimioterápico a serem contempladas em um álbum seriado para realização de orientações sobre quimioterapia antineoplásica junto à criança com câncer; e elaborar um protótipo a álbum seriado para realização de orientações sobre quimioterapia antineoplásica junto à criança com câncer. Pesquisa metodológica realizada em três etapas: busca dos temas das orientações a serem realizadas junto às crianças com câncer em quimioterapia; a segunda etapa foi o estudo teórico, com base em revisão de literatura e a terceira etapa é a elaboração do protótipo a álbum seriado. A partir dos dados levantados dos trabalhos acima, foram selecionados os tópicos referentes às orientações para compor o conteúdo do álbum seriado. O conteúdo foi abordado de forma que houvesse concordância entre o título do álbum e o texto interno, bem no objetivo de difundir as informações sobre a doença, o tratamento e a possibilidade de cura objetivando esclarecer dúvidas e fornecer informações necessárias a esta criança através de dinamismo durante a leitura e envolvimento da criança no contexto da conversa. Assim, foram definidos os seguintes temas a serem contemplados no álbum seriado: a formação do corpo humano o câncer, sintomas do câncer, quimioterapia, células sanguíneas, cateter, reações adversas e orientações para o alívio, alimentação, higiene, convívio: família, amigos, escola e cura. Conclui-se que é importante a criança em idade escolar estar inserida em seu tratamento e na compreensão de sua doença, já que foi visto que elas são capazes de receber estas informações e com isso melhoram suas expectativas em relação ao processo de adoecimento. Além disso, o álbum seriado contribui como um recurso de comunicação e linguagem apta ao nível de desenvolvimento desta criança. Destaca-se que a orientação direcionada para a criança deve ser considerada como uma rotina dos serviços de saúde pediátricos.

Descritores: Quimioterapia; Criança; Enfermagem; Neoplasias Materiais de ensino, Educação em saúde.

(8)

ABSTRACT

Childhood cancer is a disease that can impact on children's lives and their families, require aggressive treatment and who require daily care, between treatments chemotherapy is most commonly used. Since the lack of information the child can harm your understanding of the need to be subjected to various therapeutic interventions, there was a need to investigate orientation strategies and health education that can be implemented in nursing care to the sick child. The preparation of an album prototype series for performing guidance on cancer chemotherapy by the school with cancer was investigated object, with the following objectives: to identify the guidelines for chemotherapy to be addressed on a flipchart to undergo chemotherapy on guidelines antineoplastic with the child with cancer; and develop a prototype to show album for performing guidance on cancer chemotherapy with the child with cancer. Methodological research carried out in three steps: search for themes of the guidelines to be carried out with the children with cancer chemotherapy; The second step was the theoretical study, based on literature review and the third step is the preparation of the prototype the flipchart. From the collected data of the above work, we selected topics concerning the guidelines for writing the contents of the flipchart. The content has been addressed so that there was agreement between the album title and the inside text as well in order to disseminate information about the disease, treatment and possible cure aiming answer questions and provide information necessary to this child through dynamism while reading and involvement of children in the context of the conversation. Thus, the following themes were defined to be included in the flipchart: the formation of the human body cancer, cancer symptoms, chemotherapy, blood cells, catheter, adverse reactions and guidelines for relief, food, hygiene, living: family, friends school and healing. the school-age child concludes that it is important to be inserted in their treatment and understanding of their disease, as it was seen that they are able to receive this information and thus improve their expectations in relation to the disease process. In addition, the flipchart contributes as a means of communication and language suitable to this child's developmental level. It is noteworthy that the orientation directed to the child should be considered as a routine part of pediatric health services.

Descriptors: Chemotherapy; Child; Nursing; Neoplasms; Teaching materials; Health education.

(9)

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – Orientações que devem ser dadas para as crianças em tratamento quimioterápico antineoplásico segundo a análise dos TCCs 1, 2 e 3, p. 36

QUADRO 2 – Orientações contempladas no álbum seriado sobre a doença, p. 44

QUADRO 3 – Orientações contempladas no álbum seriado sobre tratamento e cateter, p.46

QUADRO 4 – Orientações sobre efeitos colaterais, p.48

QUADRO 5 – Orientações sobre a mudança na imagem corporal, p.49

QUADRO 6 – Orientações sobre as limitações do tratamento, p.50

(10)

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Processo de elaboração da pesquisa, 2015, p. 32

FIGURA 2- Representação da família, 2015, p. 44

FIGURA 3- Formação do corpo humano, 2015, p. 44

FIGURA 4- Células doentes, 2015, p.45

FIGURA 5- Sintomas do câncer infantil, 2015, p.45

FIGURA 6- Quimioterapia infantil, 2015, p.46

FIGURA 7- Representação do catéter, 2015, p.46

FIGURA 8- Representação das células de defesa, 2015, p. 48

FIGURA 9- Efeitos colaterais do câncer infantil: constipação e diarréia, 2015, p. 48

FIGURA 10- Efeitos colaterais do câncer infantil: náuseas e vômitos, 2015, p. 48

FIGURA 11- Imagem corporal: alopécia, 2015, p. 49

FIGURA 12- Limitações do tratamento, 2015, p. 50

FIGURA 13- Higiene pessoal do escolar com câncer, 2015, p.51

FIGURA 14- Células vermelhas, 2015, p.51

FIGURA 15- Plaquetas, 2015, p.51

FIGURA 16- Convivência do escolar com câncer, 2015, p.51

(11)

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO, p. 13 1.1 OBJETO, p. 16 1.2 QUESTÕES NORTEADORAS, p. 16 1.3 OBJETIVOS, p. 16 1.4 JUSTIFICATIVA, p. 16 1.5 CONTRIBUIÇÕES DO ESTUDO, p. 19 2 REVISÃO DE LITERATURA, p. 20 2.1 CÂNCER INFANTIL, p. 20 2.2 QUIMIOTERAPIA, p. 23

2.3 ENFERMAGEM ONCOLÓGICA PEDIÁTRICA, p. 25

2.4 ORIENTAÇÕES À CRIANÇA EM IDADE ESCOLAR EM QUIMIOTERAPIA, p. 27 2.5 ÁLBUM SERIADO COMO ESTRATÉGIA PARA ORIENTAÇÕES AO ESCOLAR

COM CÂNCER EM QUIMIOTERAPIA, p. 29

3 METODOLOGIA, p. 31

3.1 DESENHO DA PESQUISA, p. 31 3.2 ETAPAS DA PESQUISA, p. 32

3.2.1 Etapa1: busca dos temas, p. 32 3.2.2 Etapa 2: estudo teórico, p. 33

3.2.3 Etapa 3: elaboração do protótipo a álbum seriado, p. 33

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO, p. 34

4.1 CONSTRUÇÃO DO ÁLBUM SERIADO, p. 34

4.1.1 Seleção dos conteúdos contemplados no álbum seriado, p. 35 4.1.2 Seleção das ilustrações e textos do álbum seriado, p. 41 4.1.3 Montagem do layout do álbum seriado, p. 42

4.2 ORIENTAÇÕES CONTEMPLADAS NO ÁLBUM SERIADO, p. 43

4.2.1 Orientações sobre o câncer para a criança, p. 43

4.2.2 Orientações sobre o tratamento quimioterápico para a criança, p. 46 4.2.3 Orientações sobre os efeitos colaterais, p. 47

4.2.4 Orientações sobre as mudanças na imagem corporal, p. 49 4.2.5 Orientações sobre as limitações do tratamento, p. 50

4.2.6 Orientações para a gravidade, riscos da doença e a possibilidade de cura, p. 52

(12)

6 OBRAS CITADAS, p. 56

7 OBRAS CONSULTADAS, p. 60

8 APÊNDICES, p. 61

8.1 APÊNDICES 1: PROTÓTIPO DE ÁLBUM SERIADO PARA ORIENTAÇÕES DA CRIANÇA EM IDADE ESCOLAR EM QUIMIOTERAPIA, p. 61

(13)

1 INTRODUÇÃO

A motivação para o desenvolvimento desse estudo vem desde a minha trajetória como estudante do curso de Formação de Professores no Ensino Médio, onde tive a possibilidade de me aproximar cada vez mais do universo infantil. Além disso, durante a minha graduação em Enfermagem, os ensinos teóricos - práticos das disciplinas de Enfermagem na Saúde da Criança e Adolescente I e II, possibilitaram o retorno na experiência do cuidado com a criança, mas com o foco para a saúde integral, não só o da Educação em si. Com isso pude notar minha aptidão pela área e o interesse profissional de permanecer no cuidado integral à criança.

A partir desses fatos citados acima, delimitou-se a inquietação e a curiosidade durante o ensino teórico-prático, direcionada ao aprendizado e entendimento por parte do escolar em relação à sua patologia e tratamento. Visto que a falta de informação à criança pode prejudicar o seu entendimento sobre a necessidade de estar sendo submetida a diversas intervenções terapêuticas. Há necessidade de investigar alguma estratégia de educação em saúde que possa ser implementada, como parte auxiliadora na orientação de Enfermagem à criança enferma.

Entre as patologias que acometem as crianças, o estudo contemplou o câncer infantil, que pode causar impactos na vida do escolar e seus familiares, além de ser uma patologia com elevada incidência e de grande repercussão na sociedade.

Câncer é o nome dado a um conjunto de doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se para outras regiões do corpo. Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores ou neoplasias malignas (BRASIL, 2012).

No que se refere ao câncer infantil, entre os tumores mais frequentes estão às leucemias, os do sistema nervoso central e linfomas. Assim como em países desenvolvidos, no Brasil, o câncer já apresenta a primeira causa de morte por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos, para todas as regiões (BRASIL, 2011).

Devido a sua complexidade, o tratamento deve ser feito em centros especializados compreendendo três modalidades principais: quimioterapia, cirurgia e radioterapia, sendo aplicado de forma racional e individualizado para cada tumor específico e de acordo com a extensão da doença (BRASIL, 2011). Entre as modalidades de tratamento, segundo Costa e Lima (2002) a quimioterapia é o mais frequente, associadas ou não à radioterapia, cirurgia,

(14)

imunoterapia e hormonioterapia, dependendo de fatores como tipo de tumor, localização e estágio da doença.

De acordo com Mutti e Souto (2010), a assistência em pediatria oncológica baseia-se no cuidado preventivo, curativo e paliativo. No qual o cuidado preventivo pode se dar por ações antes do nascimento da criança, através do aconselhamento genético, e durante a infância, a partir de orientações de hábitos de vida saudáveis: alimentação, atividade física e cuidados com o meio ambiente. Entretanto, vale ressaltar que a associação entre câncer em crianças e fatores de risco ainda não está bem esclarecida. O cuidado curativo engloba o diagnóstico, o tratamento e o controle. Já o cuidado paliativo desenvolve-se através de assistência multiprofissional, com a inter-relação de ações de suporte e conforto para a criança e sua família. O suporte constitui-se pelo alívio do sofrimento, através do controle da dor e dos sintomas, bem como o apoio psicossocial e espiritual.

Vale destacar que os profissionais envolvidos no tratamento das crianças com câncer não atuam somente no controle dos sintomas, mas também no tratamento de intercorrências que tem grandes potenciais de morbimortalidade. Entre as possíveis complicações destacam-se aqui aquelas provenientes da quimioterapia, que a modalidade de tratamento mais utilizada no câncer infantil.

Embora seja um tratamento eficaz para muitos tipos de câncer, a quimioterapia, assim como outros tratamentos de câncer, pode causar efeitos colaterais. Os tipos e a intensidade dos efeitos variam de pessoa para pessoa, conforme o tipo, localização do câncer, a dose de tratamento e saúde da pessoa.A quimioterapia traz fortes efeitos colaterais, como náuseas e vômitos, que muitas vezes se manifestam logo após a infusão dos fármacos antineoplásicos. Além disso, a pessoa pode apresentar alopecia, fraqueza, diarréia, aumento ou perda de peso, assim como mucosite, onde o paciente apresenta lesões múltiplas na mucosa oral. Em decorrência dos diversos efeitos colaterais, que podem surgir no decorrer do tratamento quimioterápico, os pacientes e seus familiares devem ser orientados quanto aos cuidados que devem adotar (BRASIL, 2013).

A criança quando é diagnosticada com alguma doença crônica, como o câncer, acaba estabelecendo um vínculo com o ambiente hospitalar devido às internações recorrentes e ao tempo de duração destas (PEDRO; FUNGHETTO, 2005). Isso faz com que os profissionais que atuam nesses serviços estabeleçam uma relação de ajuda, tanto da família quanto da criança, por meio da comunicação efetiva, identificação das necessidades e, assim, desenvolve uma assistência integral a todos os envolvidos neste processo.

(15)

Cabe ao enfermeiro promover um cuidado centrado na criança e sua família, e estabelecer boa comunicação entre os pais/criança/equipe, pois ela é componente essencial na promoção da saúde e no cuidado à criança, visando uma assistência integral (biológica, psicológica, social, econômica, espiritual e cultural).

Proporcionar cuidado e educação para estes pacientes e familiares representa um significante desafio para a enfermagem, pois o enfermeiro é o profissional mais habilitado e disponível para apoiar e orientar o paciente e a família na vivência do processo de doença, tratamento e reabilitação, afetando definitivamente a qualidade de vida futura (BRASIL, 2007).

Apesar dos avanços tecnológicos na área de saúde para a informação da população, ainda enfrentam-se algumas questões vinculadas à representação social do câncer. Focando este aspecto, é importante melhorar a qualidade das informações sobre o câncer infantil, sendo necessário dinamizar a atenção ao tratamento do escolar. Foi observada então a necessidade de elaborar um recurso de fácil interpretação e acesso para a educação em saúde, no caso deste estudo, o álbum seriado.

O álbum seriado trata-se de um interessante recurso visual, formado por páginas em sequência desenvolvendo uma só mensagem em forma progressiva e lógica. É utilizado para auxiliar aulas, palestras, demonstrações, reuniões, etc. Contem diversas folhas grandes de papel usadas para ensinar grupos pequenos sobre um assunto específico. Cada ideia principal é mostrada em uma folha (MARCIANO et al., 2008) Então, o seu uso torna o ensino mais fácil, pois cada folha relembra o educador sobre os pontos principais, podendo conter fotografias, mapas, gráficos, organogramas, letreiros ou qualquer material útil na exposição de um tema.

O recurso é compreendido como um conjunto de saberes e fazeres relacionados a produtos e materiais que definem terapêuticas e processos de trabalho, e constitui-se em instrumento para realizar ações de promoção da saúde.

Para tanto, o enfermeiro pode fazer uso de materiais didáticos, como álbum seriado, para intercâmbio de informações com o escolar e os familiares envolvidos no acompanhamento destas.

(16)

1.1 OBJETO

Frente ao exposto, esta pesquisa tem como objeto de estudo: o protótipo a álbum seriado como estratégia didática para realização de orientações sobre quimioterapia antineoplásica junto ao escolar com câncer.

1.2 QUESTÕES NORTEADORAS

1) Quais as orientações devem estar contidas em um álbum seriado para realização de orientações sobre quimioterapia antineoplásica junto ao escolar com câncer?

2) O álbum seriado pode ser utilizado como uma estratégia educacional para os escolares com câncer?

1.3 OBJETIVOS

1) Identificar as orientações sobre o tratamento quimioterápico a serem contempladas em um álbum seriado sobre quimioterapia antineoplásica junto ao escolar com câncer; 2) Elaborar um protótipo a álbum seriado para realização de orientações sobre

quimioterapia antineoplásica junto ao escolar com câncer.

1.4 JUSTIFICATIVA

O presente estudo justifica-se por ressaltar a importância da orientação às crianças em idade escolar em tratamento quimioterápico, esperando-se assim melhorar a qualidade de vida dessas crianças. Já que a maior parte das crianças e adolescentes com câncer pode ser curada, se diagnosticada precocemente e tratada adequadamente faz-se crucial a orientação à criança para uma melhor adesão ao tratamento e uma melhor qualidade de vida (BRASIL, 2008).

O estudo se justifica ainda enquanto proposta da Política Nacional de Atenção Oncológica que estimula a pesquisa na Atenção Oncológica, visando à qualificação da assistência e a promoção da educação permanente aos profissionais de saúde segundo os princípios da integralidade e humanização Encontra-se também dentro das necessidades da Agência Nacional de Prioridades de Pesquisa em Saúde que incentiva pesquisas que versam sobre práticas terapêuticas voltadas à prevenção, reabilitação e qualidade de vida da criança (BRASIL, 2008).

(17)

Para maior aproximação com a temática de estudo orientações para o escolar com câncer em quimioterapia, foi feita uma busca na base de dados LILACS (Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde). Como estratégia de busca, foram utilizados descritores contidos nos Descritores em Ciências da Saúde – DeCS, a saber: câncer, quimioterapia, criança, neoplasias, enfermagem oncológica. Os descritores foram combinados da seguinte forma: ―neoplasias AND criança AND enfermagem‖, ―quimioterapia AND criança‖, ―oncologia AND criança‖, ―enfermagem oncológica AND criança‖, ―criança AND câncer AND quimioterapia‖.

Os critérios de inclusão que orientaram a seleção das publicações foram: artigos com resumo e texto na íntegra, disponíveis na base, nos idiomas inglês/português/espanhol e com recorte atemporal. Foram excluídas as publicações que não tinham a criança como foco.

No resultado da busca na LILACS, com a combinação de palavras: ―neoplasias AND criança AND enfermagem‖ foram encontradas 40 referências, sendo selecionadas 13; com as palavras ―quimioterapia AND criança‖, foram encontradas 22 e selecionadas 3; no termo ―oncologia AND criança‖ foram encontrados 27 artigos e selecionados 2 e na combinação de palavras ―enfermagem oncológica AND criança‖ foi encontrada 56 referências e utilizadas 9; e na última combinação ―criança AND câncer AND quimioterapia‖, foram encontrados 50 artigos e selecionados 6.

Essa pesquisa resultou em um total de 195 publicações. Das 195 publicações encontradas, 33 foram selecionadas obedecendo aos critérios de inclusão e exclusão. Ao analisar estes estudos foi verificado que apenas 11 publicações abordavam ao assunto referente ao tema em questão orientações para o escolar com câncer em quimioterapia, mas nenhuma obra abordava o álbum seriado como estratégia de enfermagem na quimioterapia.

Os autores Arruda et al. (2009) e Costa e Lima (2002) discutem que na infância o indivíduo constrói sua relação com o próprio corpo, com o mundo externo e a partir daí adquire uma estrutura de personalidade que será a base para todas as suas experiências futuras. Sendo o câncer um evento inesperado e indesejável, podem causar sequelas físicas e psíquicas que serão marcantes para a criança.

No que se refere ao cuidado à criança e ao adolescente com câncer e sua família Cicogna; Nascimento; Lima (2010), Palma; Sepúlveda (2005) e Pedro; Funghetto (2005) abordam que o plano de cuidados de enfermagem deve levar em consideração que estes serão submetidos a tratamento longo e complexo, que manejarão inúmeras informações acerca da doença, que necessitarão se adaptar a novas pessoas - equipe de saúde. As enfermeiras responsáveis pelo cuidado a tal clientela devem estar em constante capacitação, buscando

(18)

instrumentos para atender as necessidades físicas, emocionais, sociais e culturais da criança, do adolescente e de seus familiares.

Gomes e Collet (2012) e Mutti; Paula e Souto (2010) afirmam que a assistência em oncologia requer do profissional de saúde uma prática resolutiva, seja qual for à situação de doença vivenciada pela criança e seus desdobramentos no cotidiano familiar. Desse modo, mostra-se a necessidade de rever dinâmicas assistenciais e práticas no cuidar em pediatria oncológica. É preciso revisitar conceitos como o cuidado e repensar a partir de uma visão holística.

O aumento da sobrevida de crianças e adolescentes com câncer, que ora vem ocorrendo no Brasil, à semelhança de outros países, é decorrente do tratamento multidisciplinar, ou seja, da utilização de métodos de diagnóstico mais apurados; da evolução dos medicamentos e agentes que proporcionam suporte contra infecções; da utilização de novas modalidades hemoterápicas e dos transplantes de medula óssea; do apoio psicossocial e da nutrição adequada. Com disso, percebe-se a importância da informação dessas crianças para a própria melhoria de adesão ao tratamento e melhoria da qualidade de vida, pois alguns pais não conhecem o tratamento quimioterápico de seus filhos. Destacou-se que as crianças em idade escolar, já começam a cuidar de si e conseguem entender, se explicadas sobre sua patologia e seu tratamento, sendo elas são as mais indicadas para falar de seu tratamento (LEMOS; LIMA; MELLO, 2004).

A criança, quando doente, sente dificuldade em compreender o que está se passando com ela, tanto em relação à doença em si, como no que se refere aos procedimentos diagnósticos e terapêuticos, aos quais é submetida. Diante disso, ela apresenta dificuldade em interagir com seu corpo doente (SOUZA et al., 2012).

Cruz et al. (2014) percebeu que a maior parte dos profissionais realiza as orientações acerca da quimioterapia antineoplásica aos pais dessas crianças, perdendo a oportunidade de atuarem como mediadores de informações sobre o tratamento quimioterápico junto às crianças.

Nas últimas décadas, a equipe de enfermagem tem vivido transformações no seu cotidiano assistencial, alterando a dinâmica do seu trabalho. Desde então, novos instrumentos passaram a ser utilizados pelos profissionais, alterando, também, a finalidade da assistência (PIMENTA; COLLET, 2009). A enfermagem precisa desenvolver métodos de abordagem que aprendam as suas necessidades de assistência. Particularizando o cuidado de acordo com a singularidade de cada caso (NASCIMENTO et al., 2005).

(19)

A proposta de construção do protótipo de álbum seriado se justificou ainda pela escassez, na literatura, de recursos e materiais educativos sobre as orientações para crianças em idade escolar, e pelo fato de ser considerada tecnologia de ensino que irá auxiliar o enfermeiro, enquanto no seu papel de educador, nas ações de educação em saúde junto à criança quanto à quimioterapia.

1.5 CONTRIBUIÇÕES DO ESTUDO

O estudo pode contribuir para melhora da assistência prestada à criança com câncer em quimioterapia, pois, contempla as principais orientações para o seu cuidado cotidiano; assim como proporciona aos acadêmicos e profissionais de enfermagem o conhecimento desta temática, trazendo discussão para âmbito acadêmico, e tem potencial para estimular futuros estudos. Além disso, demonstra ao enfermeiro a importância da utilização de diferentes estratégias que podem contribuir para uma nova ótica do cuidar em enfermagem em oncologia, por sua vez contribui para o desenvolvimento da profissão.

(20)

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 CÂNCER INFANTIL

Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células, que invadem tecidos e órgãos. Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores malignos, que podem espalhar-se para outras regiões do corpo (BRASIL, 2012).

Na infância podem ocorrer inúmeras doenças crônicas, umas com maior e outras com menor prevalência. Dentre as doenças crônicas na infância, o câncer ganha destaque pela sua alta incidência e pela repercussão que gera tanto na vida da criança quanto na vida da família (NASCIMENTO et al., 2005).

Estudos do INCA (2016) afirmam que com base em referências dos registros de base populacional, são estimados que ocorrerão cerca de 12.600 casos novos de câncer infanto-juvenil no Brasil por ano em 2016 e em 2017. As regiões Sudeste e Nordeste apresentarão os maiores números de casos novos, 6.050 e 2.750, respectivamente, seguidas pelas regiões Sul (1.320), Centro-Oeste (1.270) e Norte (1.210).

Segundo o INCA (2012) as causas de câncer são variadas, podendo ser externas ou internas ao organismo, estando inter-relacionadas. As causas externas referem-se ao meio ambiente e aos hábitos ou costumes próprios de uma sociedade. As causas internas são, na maioria das vezes, geneticamente pré-determinadas, e estão ligados à capacidade do organismo de se defender das agressões externas.

Enquanto os tumores nos adultos estão, em geral, relacionados à exposição aos vários fatores de risco já citados, as causas dos tumores pediátricos ainda são pouco conhecidas – embora em alguns tipos específicos já se tenha embasamento científico de que sejam determinados geneticamente. Do ponto de vista clínico, os tumores infantis apresentam menores períodos de latência, em geral crescem rapidamente e são mais invasivos. Por outro lado, respondem melhor ao tratamento e são considerados de bom prognóstico (INCA, 2008).

Nos tumores da infância e adolescência, até o momento, não existem evidências científicas que nos permitam observar claramente essa associação. Com isso, a prevenção torna-se um desafio (BRASIL, 2011).

(21)

Mutti e Souto (2010, p.72) informam que embora a associação entre câncer em crianças e fatores de risco ainda não esteja bem esclarecida, a prevenção do câncer infantil pode se dar por ações antes do nascimento da criança, através de aconselhamento genético aos pais, e durante a infância, com orientações sobre hábitos saudáveis de vida (alimentação, atividade física e cuidados com o meio ambiente).

Os tumores podem ter início em diferentes tipos de células. Quando começam em tecidos epiteliais, como peles ou mucosas, são denominadas carcinomas. Se o ponto de partida são os tecidos conjuntivos, como osso, músculo ou cartilagem, são chamados sarcomas. Já o linfoma é um tipo de câncer derivado do sistema linfoide. E, por fim, a leucemia, que se caracteriza pela proliferação de células anormais derivadas de elementos hematopoiéticos da medula óssea (BRASIL, 2012)

Ainda em relação à causa do câncer infantil, muitos casos estão associados a alterações genéticas e alguns tumores estão relacionados a anomalias congênitas. Sabe-se que retinoblastoma pode ser hereditário em 40% dos casos, sendo importante o aconselhamento genético. A aniridia pode estar relacionada com a ocorrência de tumores de Wilms, já a hemipertrofia corporal, ao tumor de Adrenal, tumor de Wilms e hepatocarcinoma (BRASIL, 2008).

No Brasil e no mundo, as leucemias (doença que afeta os glóbulos brancos) são os tipos de câncer que mais acometem crianças e adolescentes. Em segundo lugar, nos países desenvolvidos estão os tumores de sistema nervoso central (SNC), e nos países em desenvolvimento estão os linfomas (afeta o sistema linfático). E em terceiro lugar, nos países desenvolvidos estão os linfomas e nos países em desenvolvimento estão os tumores de SNC, podendo haver exceções (BRASIL, 2011).

Ao que se diz sobre os sinais e sintomas do câncer infantil, eles podem ser confundidos com os de outras patologias pediátricas e que isso pode dificultar o diagnóstico precoce, que é fundamental para a cura (BRASIL, 2008).

Os sintomas vão variar de acordo com o tipo de tumor. Assim, caso a criança apresente um tipo de leucemia, esta pode ficar pálida, ter sangramento, susceptibilidade às infecções, sentir dores ósseas, entre outros. Isso ocorre devido à invasão da medula óssea por células anormais (BRASIL, 2013).

No caso do retinoblastoma, um sinal característico é o ―reflexo do olho do gato‖, onde a criança apresenta embranquecimento da pupila quando exposta à luz, podendo ser realizado esse teste desde a fase de recém-nascido. Além desse sinal, a criança pode apresentar fotofobia ou estrabismo (BRASIL, 2013).

(22)

Os tumores do sistema nervoso central apresentam sintomas como: vômitos, dores de cabeça, alterações motoras, paralisia de nervos e alterações no comportamento. Tumores sólidos, como tumor de Wilms (que afeta os rins), podem se manifestar através do surgimento de massa, visível ou não, em diferentes regiões. Também pode estar associado a dores em membros, o que é comum em casos de osteossarcoma (BRASIL, 2013).

O Diagnóstico precoce é fundamental e é a partir do diagnóstico que se inicia o tratamento, Mutti e Souto (2010) dizem que para o diagnóstico e acompanhamento da evolução do câncer são usados vários métodos de imagem (radiografia convencional, ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética) e marcadores tumorais (substâncias produzidas pelo tumor e secretadas no sangue, urina ou líquor).

Devido à associação frequente do diagnóstico de câncer com a possibilidade iminente de morte, a notícia da doença torna-se um choque brutal para a criança e sua família, gera mudança na rotina e hábitos de vida prévios. Desta forma, o diagnóstico pode gerar reações e emoções que devem ser tratadas do ponto de vista psicológico, havendo necessidade de atuação da equipe multidisciplinar (COSTA e LIMA, 2002).

Os tratamentos para o câncer infantil se baseiam em três modalidades: quimioterápica, radioterápica e cirúrgica. Mutti e Souto (2007 apud CAMARGO e FERREIRA1, 2010) referem que os tratamentos atuais possuem dois objetivos principais: aumentar as taxas de sobrevida, diminuir os efeitos tardios do tratamento; e reintegrar a criança à sociedade com qualidade de vida, sendo a quimioterapia a mais utilizada.

O tratamento do câncer geralmente é acompanhado por dor e sofrimento para acriança e família que estão relacionados muitas vezes, ao processo do adoecer, à necessidade de idas frequentes ao hospital, aos procedimentos invasivos, alterações do corpo e estado emocional (GOMES et al., 2012).

Sobre os possíveis efeitos colaterais da quimioterapia Gomes et al. (2011 apud MACKAY e GREGORY2, 2012) dizem que um estudo identificou que entre os sintomas mais desconfortáveis, sob o ponto de vista de crianças em tratamento estão: náuseas e vômitos, aumento do peso, dor, reação de hipersensibilidade, fadiga e febre, os quais interferem diretamente no cotidiano delas levando à diminuição do estado de bem estar e, consequentemente, piora na qualidade de vida.

1

Camargo B, Kurashima AY. Cuidados paliativos e oncologia pediátrica: o cuidar além do curar. São Paulo (SP): Lemar; 2007.

2 MacKay LJ, Gregory D. Exploring Family-Centered Care Among Pediatric Oncology Nurses. J Pediatr Oncol

(23)

Após o término do tratamento oncológico, segue a fase de controle da doença. Nesse período, a criança fica sob acompanhamento ambulatorial, desenvolvendo exames e acompanhando seu processo de crescimento e desenvolvimento, para verificar se houve danos em decorrência do tratamento e ainda fazer diagnóstico de possível recidiva. Por outro lado, quando não houver sucesso no tratamento e a criança for diagnosticada como fora de possibilidades de cura, a transição de seu seguimento clínico para o cuidado paliativo deve ser gradual (MUTTI e SOUTO, 2010).

2.2 QUIMIOTERAPIA

A quimioterapia é o método que utiliza compostos químicos, chamados quimioterápicos, no tratamento de doenças causadas por agentes biológicos. Quando aplicada ao câncer, a quimioterapia é chamada de quimioterapia antineoplásica ou quimioterapia antiblástica (INCA, 2010).

Segundo o INCA (2013) os agentes utilizados no tratamento do câncer afetam tanto as células normais como as neoplásicas, porém eles acarretam maior dano às células malignas do que às dos tecidos normais. Os citotóxicos não são letais às células neoplásicas de modo seletivo. As diferenças existentes combinam para produzir seus efeitos específicos.

A quimioterapia consiste na administração de drogas antineoplásicas, geralmente por via oral ou endovenosa, que atuam lesando células tumorais, porém, também células benignas. (Apesar de atuarem não só nas células tumorais, essas são as mais afetadas, visto que há um quantitativo maior de processos metabólicos realizados por essas células). O primeiro quimioterápico antineoplásico foi desenvolvido a partir do gás mostarda, usado nas duas Guerras Mundiais como arma química. Após a exposição de soldados a este agente, observou-se que eles desenvolveram hipoplasia medular e linfóide, o que levou ao seu uso no tratamento dos linfomas malignos. A partir da publicação, em 1946, dos estudos clínicos feitos com o gás mostarda e das observações sobre os efeitos do ácido fólico em crianças com leucemias, verificou-se avanço crescente da quimioterapia antineoplásica. Atualmente, quimioterápicos mais ativos e menos tóxicos encontram-se disponíveis para uso na prática clínica. Os avanços verificados nas últimas décadas, na área da quimioterapia antineoplásica, têm facilitado consideravelmente a aplicação de outros tipos de tratamento de câncer e permitido maior número de curas (BRASIL, 2013, p.1).

O tratamento pode ser feito com a aplicação de um único quimioterápico (monoquimioterapia) ou mais de um quimioterápico (poliquimioterapia). A monoquimioterapia atualmente é de uso muito restrito, visto que mostrou pouca eficácia em induzir respostas completas ou parciais significativas. Já a poliquimioterapia tem eficácia comprovada e é utilizada com o intuito de atingir diferentes fases do ciclo celular, se

(24)

beneficiando do sinergismo que a associação das drogas confere. Além do sinergismo, a poliquimioterapia confere menor probabilidade de resistência às drogas e maior reposta fisiológica a cada dose administrada (BRASIL, 2013).

Os quimioterápicos são divididos em 5 grupos de acordo com suas especificações farmacológicas e suas funções, são eles: agentes alquilantes, antimetabólicos, antibióticos, alcalóides da vinca, miscelânea. As células neoplásicas possuem as mesmas fases de crescimento das células normais (G0, G1, S- síntese; G2 e M- mitose) e os agentes quimioterápicos podem agir em uma determinada fase do ciclo celular (ciclo- específicos/ fase- específicos), não em uma fase específica mas no ciclo como um todo (ciclo- específicos/ fase não específicos), ou não agir necessariamente em fases de crescimento celular, mas em células de repouso (fase G0- ciclo- não específicas) (BRASIL,2013,p.2).

Em relação aos efeitos tóxicos dos quimioterápicos, embora estes sejam frequentes, é importante destacar que:

Os efeitos terapêuticos e tóxicos dos quimioterápicos dependem do tempo de exposição e da concentração plasmática da droga. A toxicidade é variável para os diversos tecidos e depende da droga utilizada. Nem todos os quimioterápicos ocasionam efeitos indesejáveis tais como mielodepressão, alopecia e alterações gastrintestinais (náuseas, vômitos e diarreia) (BRASIL, 2013).

Sendo assim, quando presentes, os efeitos colaterais mais frequentes decorrentes do tratamento quimioterápico são: náuseas, vômitos, mal-estar, adinamia, artralgias, agitação, exantema e flebites, classificação como sintomas precoces (de 0 a 3 dias); os sintomas imediatos (7 a 21 dias) são mielossupressão, granulocitopenia, plaquetopenia, anemia, mucosites, entre outros; os sintomas classificados como tardios (aparecem após meses de tratamento) são alopecia, pneumonite, nefrotoxicidade, miocardiopatia, entre outros; e, por fim, os sintomas ultra tardios (aparecem após anos) que são infertilidade, carcinogênese, mutagênese, distúrbio do crescimento, sequelas no sistema nervoso central e fibrose/cirrose hepática (BRASIL, 2013).

A quimioterapia antineoplásica é a modalidade de tratamento mais utilizada para combater o câncer infantil. Ela pode ser usada associada à outra, ou isoladamente. A escolha do tipo de tratamento vai depender do tipo do tumor, de sua extensão, localização, idade do paciente, entre outros fatores (BRASIL, 2008).

A terapêutica do câncer infantil, apesar de invasiva e complexa, nem sempre determina a hospitalização da criança. Ela pode ser tratada no ambulatório, ficando a hospitalização apenas quando esse atendimento não for suficiente para suprir as demandas da doença (MELO e VALLE, 2010). Quando uma criança é submetida a um tratamento

(25)

quimioterápico, geralmente permanece por longas horas sentada, para administração do o medicamento antineoplásico, e é submetida a diversos procedimentos médicos e de enfermagem (MORAIS e MACHADO, 2010).

Todos esses procedimentos levam a criança a experimentar uma série de alterações no estado de humor que variam desde reações de euforia e bem-estar até depressão e irritabilidade (PIMENTA; COLLET, 2009). O impacto do diagnóstico e do tratamento do câncer produz traumatismos emocionais, como sentimentos negativos manifestados na forma de medo da morte e de tudo o que passa a vivenciar: dor, solidão, depressão, melancolia, retraimento, desesperança, tristeza, revolta e contrariedade (SOUZA et al., 2012). Em contrapartida, a manifestação de um bom prognóstico e o desfecho de cura fazem com que as crianças apresentem sentimentos positivos, como felicidade, satisfação por si e compaixão em relação às outras crianças (CAGNIN; FERREIRA; DUPAS3, 2003 apud SOUZA et al., 2012)

Desta forma, a assistência de enfermagem tem papel primordial na prestação do cuidado à criança com câncer, visto que objetiva orientar a mesma e seus familiares na identificação desses efeitos colaterais do tratamento, assim como orientá-los quanto aos cuidados cabíveis a cada situação (PALMA; SEPÚLVEDA, 2005).

2.3 ENFERMAGEM ONCOLÓGICA PEDIÁTRICA

Ser enfermeiro na área de pediatria oncológica exige conhecimento e habilidade para o cuidado da criança e família, durante o tratamento e suas complicações, além de garantir a assistência durante os cuidados paliativos (SILVA, 2008).

Costa e Lima (2002) informam que devido à complexidade da doença, o tratamento do câncer deve ser amplo atender às necessidades físicas, psicológicas e sociais da criança, incluindo a participação da família.

Tão importante quanto o tratamento do câncer, atenção deve ser dada aos aspectos sociais da doença, uma vez que a criança e o adolescente doentes precisam de atenção integral, inseridos no seu contexto familiar. A cura não deve ser baseada apenas na recuperação biológica, mas também no bem-estar e na qualidade de vida do paciente. Assim, não deve faltar ao paciente e sua família, desde o início do tratamento, o suporte psicossocial necessário, o que envolve o comprometimento de uma equipe multidisciplinar e a relação com

3 Cagnin ERG, Ferreira NML, Dupas G. Vivenciando o câncer: sentimentos e reações da criança. Acta Paul

(26)

diferentes setores da sociedade, envolvidos no apoio às famílias e à saúde das crianças e jovens (BRASIL, 2011).

Na assistência ao indivíduo com câncer, o enfermeiro tem papel fundamental na educação em saúde, por direcionar o cuidado em enfermagem para a promoção, manutenção e restauração da saúde, prevenção da doença e assistência às pessoas para lidar com ela e deve incentivar o paciente e sua família a discutirem todas as dúvidas surgidas durante o tratamento (ARRUDA, PAULA E SILVA, 2009).

Ao cuidar da criança deve-se compreender seu mundo particular e as etapas da infância, de forma holística no que tange a díade criança-família, buscando satisfazer suas necessidades, independente de sua condição atual. A equipe de enfermagem junto com a equipe interdisciplinar deve desenvolver atividades com a criança e sua família, que proporcionem a manutenção do bem-estar. (PARO; PARO; FERREIRA, 2005).

Ao atender a criança com câncer, deve-se levar em consideração que ela e sua família serão submetidas a um longo e complexo tratamento e que suas vidas foram alteradas brusca e rapidamente. A partir do adoecimento, essa família depara-se com novo ambiente e precisam adaptar-se a novas formas de cuidar, preparar os alimentos, entre outras situações. Devido a essa complexidade do cuidado, o enfermeiro que lida com esses pacientes devem estar em constante capacitação, com o objetivo de obter melhores ferramentas de cuidado ao paciente que demanda assistência física e emocional (PALMA; SEPÚLVEDA, 2005).

Segundo Dias et al. (2013) a assistência deve adotar competências do cuidado direto como a interação direta com os pacientes e familiares visando promover a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida destes, fundamentado em uma perspectiva holística do processo saúde-doença.

Nessa perspectiva, espera-se que o enfermeiro seja o profissional de referência para essa população, bem como para a equipe multiprofissional, assumindo a responsabilidade por seu desenvolvimento profissional e educação continuada. Dentre as atividades previstas nesta esfera, destacam-se: consulta de enfermagem, visita clínica, assistência na realização de procedimentos diagnósticos e acompanhamento da terapêutica instituída, monitoramento dos protocolos terapêuticos instituídos e comunicação à equipe médica das alterações identificadas, participação em discussões de casos clínicos e reuniões científicas, seguimento telefônico dos pacientes e famílias nas diversas etapas do tratamento. (DIAS et al. 2013, p.1428)

No que se diz respeito à Educação/Ensino, segundo Dias et al. (2013) o enfermeiro é responsável pelo processo de ensino individualizado ao paciente e sua família, por meio do

(27)

levantamento das necessidades de aprendizagem, utilização de estratégias pedagógicas específicas, avaliação e reavaliação a compreensão das informações fornecidas.

Em relação à equipe de enfermagem, responde pelo ensino dos protocolos de tratamento e cuidados específicos de enfermagem. A interface com os membros da equipe multiprofissional é feita por meio da troca de informações a respeito do paciente e sua família. (DIAS et al., 2013, p. 1428-1429)

2.4 ORIENTAÇÕES À CRIANÇA EM IDADE ESCOLAR EM QUIMIOTERAPIA

As crianças em idade escolar (6 a 12 anos), para Hockenberry et al (2011) estão no estágio que Piaget define como operações concretas, sendo nesta fase quando o pensamento torna-se lógico e coerente. Nesta fase as crianças são capazes de classificar, selecionar, ordenar e organizar os fatos sobre o mundo para solucionar problemas, além de desenvolverem a capacidade de ler, um dos instrumentos mais importantes para sua independência. Desta forma, percebe-se que a criança em idade escolar é capaz de entender o que acontece à sua volta.

Durante o tratamento oncológico, a necessidade que a criança tem com relação à comunicação e informação depende de sua idade. As crianças com menos de cinco anos, contam com os pais para comunicar-se com profissionais de saúde, já as crianças mais velhas, como os escolares entre seis e doze anos, querem se comunicar diretamente com os profissionais de saúde (GIBSON et al., 2010).

Com o objetivo de identificar as perspectivas de crianças e adolescentes com câncer Cicogna et al. (2010, p. 3) apresentam o relato de uma criança de 11 anos e outra de 8 anos:

Eu não sabia o que era, eu fiquei quieta, aí o meu pai foi me explicar que tinha que fazer cirurgia, que o cabelo ia cair e eu ia ficar mais no hospital até acabar o tratamento, cinco anos. Eu comecei chorar porque eu nunca internei, desde quando eu era pequena, nunca tomei soro, tomava soro por boca mesmo e depois falou que eu ia ficar mais no hospital, aí acabou, vou ter que viver no hospital, morar no hospital (C. 11 anos). O que eu achei? Nada legal, não sabia o que era isso. Me falaram que tinha que pegar veia, eu não sabia com quê ia pegar, eu vi a agulha e comecei a chorar (D. 8 anos).

A partir destes relatos, pode-se observar que quando a criança não é informada quanto ao procedimento em que passará sente medo, insegurança, angústia, desespero, o que torna o papel do enfermeiro fundamental neste processo.

Cruz et al. (2014) afirmam que os profissionais têm a preocupação para que o conteúdo da informação seja verdadeiro e evitam mentiras, entretanto afirmam que volume de

(28)

informação é pouca, o mínimo possível. Sendo assim, na interação social com as crianças, a atuação do profissional na zona de desenvolvimento potencial infantil, ou seja, naquela que precisa da ajuda de alguém mais experiente, é reduzida com relação ao volume de informações.

Discorrendo sobre as atribuições do enfermeiro Palma e Sepúlveda (2005) abordam que ao prestar assistência à criança com câncer em quimioterapia, deve-se: primeiro saber até onde a criança tem conhecimento sobre sua doença e, a partir daí, usar de linguagem simples para explicar-lhe o que não sabe e sanar suas dúvidas; além de comunicar sobre o tratamento, informa-lo dos efeitos esperados, dizê-lo que não estará sozinho e oferecer-lhe apoio; orientar cada membro da família sobre a doença, seus efeitos, reações adversas e como agir em cada situação.

Diante de tais características particulares dessa fase de desenvolvimento infantil, constata-se que os escolares já são capazes de entender sobre sua doença, seu tratamento e, assim, podem cuidar de si juntamente com seus pais ou responsáveis. Neste sentido, a equipe de enfermagem deve incluí-los, juntamente com seus familiares, no planejamento das suas ações educativas, tais como as orientações, como uma forma de melhorar a qualidade de vida dessas crianças (CRUZ et al., 2014, p.380).

Os desafios presentes no cotidiano do tratamento, segundo Gomes et al. (2011) de crianças com câncer exigem cada vez mais qualificação dos enfermeiros e aperfeiçoamento para lidar com novas demandas. O cuidar em oncologia pediátrica é ainda mais desafiador, visto que necessita, além de recursos materiais e terapêuticos específicos, de profissionais que entendam as questões que permeiam o universo infantil.

Ao falarem a respeito das orientações sobre a quimioterapia Cruz et al. (2014), voltadas à criança em idade escolar, houve destaque para o volume de informações:

Bom, a orientação que a gente tenta fazer para criança em relação à quimioterapia não é mentirosa, mas a gente tenta passar o mínimo possível, entendeu? (Cinderela- técnica de enfermagem). Damos pouca orientação a respeito da importância da quimioterapia e da manutenção do acesso venoso integro e pérvio. (Bela- enfermeira) (CRUZ et al., 2014, p.381)

(29)

2.5 ÁLBUM SERIADO COMO ESTRATÉGIA PARA ORIENTAÇÕES AO ESCOLAR COM CÂNCER EM QUIMIOTERAPIA

A tecnologia é compreendida como um conjunto de saberes e fazeres relacionados a produtos e materiais que definem terapêuticas e processos de trabalho e constituem-se em instrumentos para realizar ações de promoção da saúde (NIETSCHE4, 2000 apud DODT et al., 2012). Assim, está presente em todas as etapas de cuidado de enfermagem, sendo considerados, simultaneamente, processo e produto.

Segundo Aquino et al. (2010) a tecnologia pode ser considerada a apreensão e a aplicação de um conjunto de conhecimentos e pressupostos que possibilitam aos indivíduos pensar, refletir, agir, tornando-os sujeitos de seu próprio processo de existência. Por sua vez, a criação de tecnologias advindas do ato de cuidar baseia-se no conhecimento técnico e científico, na observação do cotidiano e na preocupação com o bem-estar, tanto do cuidador, como do sujeito do cuidado.

Sobre o conceito de tecnologia em enfermagem apontou que as mudanças nas demandas de cuidado em saúde requerem do enfermeiro o conhecimento desse conceito, no intuito de aplicá-lo para tomada de decisão, elevando a qualidade dos resultados do paciente (AQUINO et al., 2010, p.691)

Salvador et al. (2012) diz que a inovação tecnológica, quando usada em favor da saúde contribui, diretamente com a qualidade, eficácia, efetividade e segurança do cuidado, ou seja, quando utilizada de maneira adequada cria condições que contribuem para um viver saudável entre os indivíduos que na sociedade são produtos e produtores. Focando este aspecto, é importante melhorar a qualidade das informações prestadas sobre o câncer infantil, sendo necessário dinamizar a atenção ao tratamento da criança, buscando condições de minimizar e auxiliar na transposição dessa representação. Vendo esta questão, vislumbrou-se a necessidade de elaborar um recurso de fácil interpretação e acesso para a educação em saúde, no caso deste estudo, o álbum seriado.

O álbum seriado consiste em uma coleção de folhas (cartazes) organizadas que podem conter mapas, gráficos, desenhos, textos e outros. Seu uso é extenso na área da educação e dentre as suas vantagens destacamos: direcionar a sequência da exposição, possibilitar a imediata retomada de qualquer folha já apresentada, possibilitar a utilização de materiais

4

(30)

diversos na sua confecção, como fotografias e desenhos, e assinalar os pontos essenciais de cada tópico apresentado (LEITE, 2003).

O seu uso torna o ensino muito mais fácil, pois cada folha relembra o instrutor sobre todos os pontos principais. O álbum pode conter fotografias, mapas, gráficos, organogramas, cartazes, letreiros ou qualquer material útil na exposição de um tema.

Segundo Ferreira e Silva Junior (1995) o álbum se compõe basicamente de ilustração e texto. As ilustrações devem ser bem simples, atraentes, visíveis e que espelhem realidade.

Podem ser retiradas de livros, revistas ou desenhadas. Já o texto deve ser com o vocabulário simples, acessível ao público-alvo, devendo conter orações simples e somente com os pontos-chaves do assunto tratado. É recomendável usar letras grandes nos subtítulos. O tamanho do álbum seriado pode ser de 50 x 70 cm. Não é necessário fazer capa quando se tem um tripé, especialmente feito para manter o álbum na posição conveniente (FERREIRA e SILVA JUNIOR, 1995, p.78).

O álbum seriado, como recurso visual para o ensino, tem-se mostrado um excelente meio educativo. Atualmente a sua utilização ocorre em todos os momentos em que os profissionais de saúde (enfermeiros, assistente social, fonoaudióloga e cirurgiões) contatam com o paciente. Devido ao seu tamanho e a plastificação das folhas, ele é facilmente carregado e utilizado nas enfermarias, no ambulatório e nas reuniões grupais dos pacientes.

(31)

3 METODOLOGIA

3.1 DESENHO DA PESQUISA

Com a finalidade de desenvolver um protótipo de álbum seriado que pudesse contribuir para o aprendizado de crianças em idade escolar no tratamento quimioterápico antineoplásico, foi utilizada a pesquisa metodológica, pois ela aborda os passos necessários para o alcance deste objetivo.

A pesquisa metodológica é um tipo de pesquisa cujo objetivo é desenvolver um novo instrumento, método, procedimento, produto, programa, instrumento de pesquisa, teoria ou modelo. Refere-se ao tipo de pesquisa voltada para a inquirição de métodos e procedimentos adotados como científicos. "Faz parte da pesquisa metodológica o estudo dos paradigmas, as crises da ciência, os métodos e as técnicas dominantes da produção científica" (DEMO, 1994).

A pesquisa do tipo metodológica possui ainda como objetivo investigar os métodos de obtenção, organização e análise dos dados com elaboração, validação e avaliação de instrumentos, através de passos implementados e debatidos à cada etapa concluída (POLIT; BECK; HUNGLER, 2004).

Segundo Polit et al. (2004) a maior parte dos estudos metodológicos é frequentemente focada no desenvolvimento de novos instrumentos. A pesquisa de desenvolvimento de instrumentos costuma envolver métodos complexos e sofisticados, incluindo o uso de modelos com método misto.

A pesquisa presente trata-se da elaboração de um material educativo no formato de um álbum seriado, no intuito de contribuir na disseminação de informações sobre a quimioterapia junto à criança com câncer em idade escolar.

O álbum seriado pode ser utilizado por profissionais e estudantes da saúde como instrumento para educação em saúde da população infantil. A pesquisa esta vinculada ao Núcleo de Pesquisa e Estudos em Saúde Integral da Criança e Adolescente (NUPESICA) do Departamento Materno-Infantil e Psiquiátrico da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa-EEAAC/UFF. Neste sentido, para a elaboração do material utilizou-se como base para seleção do conteúdo do álbum seriado, os resultados de outras pesquisas desenvolvidas no núcleo de pesquisa tendo como tema central, o estudo das orientações realizadas junto às crianças com câncer em quimioterapia.

(32)

3.2 ETAPAS DA PESQUISA

O processo de elaboração da pesquisa foi composto por três etapas consecutivas (figura 1).

Figura 1. Processo de elaboração da pesquisa

Fonte: SANTOS, Cássia Rodrigues dos Santos; SILVA, Liliane Faria da. 2015.

3.2.1 Etapa 1: busca dos temas

Na primeira etapa foi feita busca dos temas a serem abordados no algum seriado em três trabalhos de conclusão de curso, realizados por acadêmicos de enfermagem participantes do NUPESICA (Núcleo de Pesquisa e Estudos em Saúde Integral da Criança e Adolescente), tendo como objeto as orientações junto às crianças em quimioterapia.

Os estudos utilizados foram ―Percepção dos familiares a respeito das orientações

realizadas pelos profissionais junto às crianças com câncer‖ o qual teve como objetivos

descrever as orientações que os familiares acham importantes para o conhecimento da criança em idade escolar em tratamento quimioterápico antineoplásico e discutir as maneiras, segundo a percepção dos familiares, que podem ser usadas para orientação junto às crianças em idade escolar em tratamento quimioterápico antineoplásico (SARMENTO, 2014).

O segundo trabalho ―Orientações de enfermagem junto às crianças em idade escolar

em tratamento quimioterápico antineoplásico” teve como objetivos identificar as orientações

feitas pela enfermagem junto às crianças em idade escolar sobre a quimioterapia antineoplásica, descrever os recursos utilizados pela enfermagem na orientação de crianças em idade escolar sobre a quimioterapia antineoplásica e discutir as dificuldades e facilidades que a

(33)

enfermagem encontra na realização da orientação à criança em idade escolar sobre a quimioterapia antineoplásica(CRUZ, 2013).

O terceiro trabalho “A visão dos familiares quanto à realização de orientações sobre

quimioterapia junto à criança com câncer” que teve como objetivos identificar as orientações

sobre o tratamento quimioterápico, que os familiares consideram importantes para serem realizadas junto à criança com câncer e discutir a importância das orientações sobre quimioterapia, realizadas pelos profissionais de saúde junto à criança com câncer (SILVA, 2015)

3.2.2 Etapa 2: estudo teórico

A partir dos temas encontrados nos 3 estudos citados foi realizado um estudo teórico na literatura, com base em revisão de literatura, com objetivo de subsidiar as necessidades de orientação das crianças em quimioterapia.

3.2.3 Etapa 3: elaboração do protótipo de álbum seriado

A terceira etapa constou da elaboração do protótipo álbum seriado, na qual três aspectos foram considerados: linguagem, layout e ilustração.

(34)

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 CONSTRUÇÃO DO PROTÓTIPO DE ÁLBUM SERIADO

O protótipo de álbum seriado (apêndice 1) formou-se a partir da reflexão e escolha dos temas abordados, da busca da literatura para fundamentação dos temas, da escolha de figuras e frases voltados para o público alvo, além da seleção do texto para as fichas roteiro (texto no verso das figuras) que são voltados para os profissionais de saúde.

A construção do protótipo a álbum seriado (apêndice 1) foi realizada de forma sequencial para facilitar a organização e promover a coerência entre as informações, proporcionando a compreensão do assunto contido no material pelo público alvo.

Neste estudo, optou-se por utilizar o método de educação para a prática da liberdade, proposto por Freire (1999), quanto à elaboração do álbum seriado, no que diz respeito a sua estrutura, seguindo quatro das cinco fases do processo de alfabetização.

A primeira fase trata do levantamento do universo vocabular que foi realizada em pesquisas anteriores. Na segunda fase é feita a escolha das palavras selecionadas do universo vocabular extraídas de percepções, crenças, sentimentos, dificuldades, dentre outros. A

terceira fase compõe-se da criação de situações existenciais a partir de fotografias da

realidade local com a junção de todas as representações gráficas, baseadas nas situações problemas emergidas, típicas do grupo, favorecendo o processo educativo. Na quarta fase dá-se a elaboração de fichas-roteiros, que auxiliam o coordenador no debate com o público-alvo, sendo apenas norteadoras de discussão. A leitura de fichas com a decomposição das famílias fonêmicas correspondente aos vocábulos geradores, quinta fase do processo de Freire, não foi utilizado por não se adequar à proposta do álbum seriado.

4.1.1 Seleção dos conteúdos contemplados no álbum seriado

Na primeira etapa da pesquisa foi realizada uma seleção dos conteúdos que seriam utilizados na construção do álbum. Essa seleção tinha por finalidade embasar cientificamente o assunto abordado no material, proporcionar domínio do conteúdo e informações corretas e atualizadas para o público alvo.

Foi realizado um levantamento dos dados nos trabalhos ―Percepção dos familiares a

respeito das orientações realizadas pelos profissionais junto às crianças com câncer‖,

(35)

quimioterápico antineoplásico” e “A visão dos familiares quanto à realização de orientações sobre quimioterapia junto à criança com câncer” (CRUZ, 2013; SARMENTO, 2014 e

SILVA, 2015).

Foi identificado no trabalho ―Percepção dos familiares a respeito das orientações

realizadas pelos profissionais junto às crianças com câncer‖ que os pais/acompanhantes

gostariam que as crianças tivessem orientações sobre a doença, o tratamento, a queda de cabelo, reações do tratamento, uso do cateter de longa permanência, cuidados com a alimentação, cuidados de higiene, riscos do tratamento, cura, sentimentos e emoções e os cuidados gerais (SARMENTO, 2014).

Já no segundo ―Orientações de enfermagem junto as crianças em idade escolar em

tratamento quimioterápico antineoplásico” que os profissionais de saúde da enfermagem

orientam as crianças quanto ao seu tratamento, queda de cabelo, reações do tratamento, uso de corticóides, cuidados com a alimentação e higiene, sentimentos e emoções, cuidados gerais (CRUZ, 2013)

No terceiro “A visão dos familiares quanto à realização de orientações sobre

quimioterapia junto à criança com câncer” é destacado que a criança deve saber sobre a

doença, a quimioterapia, os efeitos colaterais, as mudanças corporais, limitações e o prognóstico de enfermagem; na visão dos familiares para abordar o assunto teria um momento apropriado; como o profissional deve ajudar nas orientações e suas estratégias para essa abordagem (SILVA, 2015).

Para esta fase, para melhor organização dos dados foi elaborado um quadro (quadro 1), que destaca os temas a serem abordados no álbum seriado.

Referências

Documentos relacionados

...133 Figura 64 – Erro radial e índices: σ c , CEP, CMAS e 3 , 5 σ c , obtidos com o aparelho receptor de sinal GPS modelo AgGPS 132 operando com correção diferencial em

A favela é um enclave que restringe encontros entre diferentes; o conjunto planejado, se comparado à favela, favorece esses encontros; a presença do

As propriedades morfológicas e físico-químicas dos dispositivos DHMS 1 e DHMS 2 foram investigadas por meio do MEV, fotoluminescência, tempo de vida e

No primeiro, destacam-se as percepções que as cuidadoras possuem sobre o hospital psiquiátrico e os cuidados com seus familiares durante o internamento; no segundo, evidencia-se

de professores, contudo, os resultados encontrados dão conta de que este aspecto constitui-se em preocupação para gestores de escola e da sede da SEduc/AM, em

Para alcance dos objetivos de conhecer o comportamento das empresas em relação ao “Relate ou Explique para os ODS” e os motivos apresentados por aquelas que não publicaram

In fact, their nutritional value, high contents in phytochemical compounds, biological activity (such as antioxidant, anticarcinogenic, and cardioprotective properties) and use in

O recorte de pesquisa aqui apresentado, tem como objetivo apresentar a concepção de currículo percebida na proposta curricular de Matemática para a Educação de Jovens