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O processo de exportação dos serviços de modelos profissionais brasileiros

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Academic year: 2021

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O PROCESSO DE EXPORTAÇÃO DOS SERVIÇOS DE MODELOS

PROFISSIONAIS BRASILEIROS: UMA ANÁLISE DO PROCESSO NEGOCIAL E OPERACIONAL

Florianópolis 2013

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O PROCESSO DE EXPORTAÇÃO DOS SERVIÇOS DE MODELOS

PROFISSIONAIS BRASILEIROS: UMA ANÁLISE DO PROCESSO NEGOCIAL E OPERACIONAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de graduação em Relações Internacionais, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de bacharel.

Orientador: Prof. Beatrice Maria Zanellato Fonseca Mayer, Msc.

Florianópolis 2013

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pessoa guerreira e batalhadora. Ao meu marido, que não mediu esforços para estar do meu lado me incentivando. Aos meus irmãos, que me apoiaram nesta caminhada. Ao meu filho, que passou momentos longe de mim. E ao meu pai (in memoriam), que, mesmo distante, esteve presente em meus pensamentos.

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Gostaria de agradecer, em primeiro lugar, à minha mãe, Sonia, que sempre me ensinou a lutar pela vida e que, mesmo nos momentos em que pensei em desistir, esteve do meu lado me aconselhando a continuar. Com ela aprendi que, ao olhar para trás, percebemos que os esforços não foram em vão e que um novo conhecimento nunca é demais.

Agradeço a todos os meus familiares, aos meus irmãos e amigos, que me deram coragem para prosseguir e me mostraram a importância dos estudos em minha vida. Ao meu marido, Rodrigo, que nesses quatro anos escutou os meus discursos sobre os assuntos estudados e me incentivava constantemente a pesquisar. Junto dele, percebi como os estudos mudaram minha forma de pensar e agir no meu cotidiano. Em especial, agradeço ao meu filho, Francisco, cuja existência me proporciona forças para concretizar meus sonhos e para me tornar um exemplo para ele.

Agradeço à minha orientadora, professora Beatrice Maria Zanellato Fonseca Mayer, por dedicar seu tempo e seus conhecimentos para me orientar e, acima de tudo, agradeço por me mostrar que tenho capacidade para realizar uma pesquisa acerca de um assunto de meu interesse.

E, por fim, agradeço a todos os professores que me ensinaram a pensar e a crescer como pessoa, com os quais pude aprender sobre assuntos que me auxiliaram nas pesquisas para desenvolver este Trabalho de Conclusão de Curso.

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A presente pesquisa aborda a exportação de serviços e tem como objetivo principal estudar o processo de exportação dos modelos profissionais brasileiros, com foco no processo negocial e operacional. Tendo em vista que a exportação de serviços se tornou algo vantajoso para as economias mundiais, este estudo é relevante para compreender de que maneira o Brasil se tornou um dos maiores exportadores de modelos profissionais do mundo. Os objetivos específicos são delineados para concretização do trabalho, sendo eles: caracterizar o mercado da moda no mundo e, dessa forma, identificar a importância do setor, principalmente para que os países em desenvolvimento participem da economia global; avaliar as estratégias e tipos de intermediários envolvidos no processo de exportação dos modelos, compreendendo as etapas de captação, promoção e venda, tanto no mercado interno como externo; e descrever o processo operacional da exportação dos modelos brasileiros. A pesquisa possui caráter qualitativo, permitindo a coleta de dados mediante os materiais abordados e, sendo uma pesquisa exploratória, facilita a exploração dos conteúdos estudados. O trabalho é descritivo, na medida em que permite analisar, observar, registrar e interpretar o assunto de pesquisa que, por ser um tema pouco estudado, demanda a utilização de outros recursos metodológicos, tais como questionários e entrevistas, para compreender como as agências de modelos atuam no processo de exportação dos potenciais modelos. A autora emprega, para tanto, uso da observação participativa, pois o histórico pessoal de 16 anos de prática como modelo internacional apresenta-se valioso para a concretização do processo investigativo. Esta pesquisa analisa a importância do setor de serviços para a economia global, principalmente o setor da moda, que tem como papel fundamental unir as economias e inserir os países em desenvolvimento no âmbito global, assim como, é um dos setores que mais cresce no mundo, sendo relevante para a Organização Mundial do Comércio. Dessa forma, compreende-se que a exportação de serviços dos modelos profissionais faz parte desse contexto mercadológico, e que o Brasil vem sendo um dos maiores exportadores nesse setor, se tornando mundialmente reconhecido. Dessa forma, o Brasil precisa reconhecer os serviços dos modelos profissionais e encaixa-los nas Normas Brasileiras de Serviços (NBS), pois não existe um enquadramento específico para os modelos, assim como existe o enquadramento correto das agências de modelos, sendo encaixadas como Comissões Contratuais/agente/outras.

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This research paper focuses on service export and its main objective is to study the process of exporting the services of professional Brazilian models, exploring the operational and negotiating processes. Economies all over the world export services as an efficient practice, and this study was relevant to understand that Brazil became one of the largest exports of professional models in the world. The main objectives cited to conclude this project are: to research the fashion industry in the world, identifying the importance of the sector, especially for the developing countries that participate in the global economy; to evaluate the strategies and intermediaries involved in the models export processes, comprehending the different stages of scouting, promoting and selling, not only in the global market but also in the national industry, and; to describe the operational process of Brazilian models export. The research is characterized for its qualitative method – data was collected directly from the subject matter in question and, being an exploratory research, facilitating the precision of the subject studied. The project is also a descriptive research, allowing the analysis, observation, capture and interpretation of the research topic. In addition, the lack of study in this particular field instigated the interrogatory method, and questionnaires and interviews were conducted to understand closely how modeling agencies behave in the process of exporting the model’s service. The author utilized the participative observational method, considering the career of 16 years as an international model, and brought a valuable insight to the investigative process. Through the various research methods used in this paper it was possible to analyze the importance of the service sector for the global economy, more specifically in the fashion industry, which has as its fundamental objective to unite economies and to insert developing countries in the global sphere. Therefore, it’s understood that the service export of professional models is a part of this context, and that Brazil is one of the biggest exports in this field, being recognized worldwide. Thus, Brazil needs to recognize the services of professional models and fit them in the Brazilian Services Standards (NBS), because there is no specific framework for models, as there is a correct framing of the modeling agencies as being embedded Commissions contractual / agent / other.

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Quadro 1: Exportações e Importações de serviços em US$ bilhões ...33 Quadro 2: Descrição e os códigos da natureza da operação para fazer o contrato de câmbio .40

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ACC – Adiantamento sobre Contrato de Câmbio ACE – Adiantamento sobre Cambiais Estrangeiros

APEX – Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos BACEN – Banco Central do Brasil

BIRD – Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento BNDS – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social ETN – Empresas Transnacionais

FMI – Fundo Monetário Internacional

GATS – Acordo Geral Sobre o Comércio de Serviços GATT – Acordo Geral de Tarifas e Comércio

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

MDIC – Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio

NBS – Nomenclatura Brasileira de Serviços Intangíveis e Outras Operações que Produzam Variação no Patrimônio

OMC – Organização Mundial do Comércio ONU – Organização das Nações Unidas PIB – Produto Interno Bruto

RMCC – Regulamento do Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais SCS – Secretaria de Comércio e Serviços

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio ás Micro e Pequenas Empresas

SISCOSERV – Sistema Integrado de Comércio Exterior de Serviços, Intangíveis e Outras Operações que Produzam Variação no Patrimônio

SMB – Sistema Moda Brasil WEF – Fórum Econômico Mundial WFF – Fórum Mundial da Moda WFO – Organização Mundial da Moda

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1 INTRODUÇÃO ...10

1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA...11

1.2 OBJETIVOS...14

1.2.1 Objetivo geral...14

1.2.2 Objetivos específicos...14

1.3 JUSTIFICATIVA ...14

1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ...17

1.5 TÉCNICA DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS ...18

1.6 ESTRUTURA DE PESQUISA ...20

2 REFERENCIAL TEÓRICO ...21

2.1 INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS ...21

2.2 ALIANÇAS ESTRATÉGICAS ...25

2.3 COMÉRCIO INTERNACIONAL DE SERVIÇOS...27

2.4 COMÉRCIO EXTERIOR DE SERVIÇOS...32

2.5 SISTEMÁTICA DA EXPORTAÇÃO DE SERVIÇOS NO BRASIL ...37

2.5.1 SISCOSERV...43

3 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA...46

3.1 MERCADO DA MODA NO MUNDO ...46

3.2 MERCADO BRASILEIRO DA MODA...49

3.3 MODELO DE NEGÓCIO...54

3.3.1CAPTAÇÃODOSPOTENCIAISMODELOS...55

3.3.2 CAPACIDADE EXPORTADORA DO BRASIL...59

3.4 EXPORTAÇÃO DE SERVIÇOS DE MODELOS PROFISSIONAIS BRASILEIROS AO EXTERIOR...61

3.5 OPERACIONALIDADES DA EXPORTACÃO DOS SERVIÇOS DOS MODELOS..65

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...69

REFERÊNCIAS ...72

APÊNDICES ...79

APÊNDICE A – Questionário realizado com a agência A para coleta de dados ...80

APÊNDICE B – Entrevista com a agência B para coleta de dados ...81

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ANEXO B – Invoice enviada pela agência B para a Alemanha ...89

ANEXO C – Invoice enviada pela agência A para Tókio – Japão ...90

ANEXO D – Extrato dos trabalhos do modelo no exterior ...91

ANEXO E – Nota fiscal eletrônica (Agência A)...92

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1 INTRODUÇÃO

A chegada da globalização, logo após a queda do socialismo (final do século XX), favoreceu o comércio internacional, permitindo a integração entre países e pessoas do mundo todo. Nesse sentido, com uma economia mais aberta, os países passaram a exportar cada vez mais produtos. Com o tempo, percebendo que os serviços também geram divisas, passaram a exportá-los com mais frequência, porém, a despeito de ter semelhanças com produtos, os serviços não podem ser estocados, pois na maioria das vezes os seus prestadores deslocam-se até o local do trabalho e estabelecem um contato direto com o cliente.

O tema sobre comércio internacional de serviços vem cada vez mais ganhando espaço nos debates internacionais. Desde a rodada do Uruguai em 1994, quando o Acordo Geral sobre Comércio de Serviços (GATS) foi criado e discutido pela primeira vez, as exportações de serviços têm sido parte importante da economia e das negociações internacionais. Possuidora de 30% de todo o comércio mundial, a exportação de serviço torna-se valorosa temática a torna-ser estudada e compreendida, em especial aquela concernente ao comércio de modelos1profissionais brasileiros, que prestam serviços internacionalmente sem serem reconhecidos como parte importante da economia. Em virtude da ínfima quantidade de literatura sobre o tema, pouco se sabe sobre as exportações desse tipo de serviço e, por essa razão, faz-se necessária a atualização sobre o assunto, a fim de compreender que as agências de modelos exportam serviços em grande quantidade, e que o mercado da moda é um dos setores que mais cresce nas economias.

O primeiro capítulo deste trabalho de conclusão de curso aborda a exposição do tema e do problema, expondo como o setor terciário é significativo, tanto para o Brasil como para o mundo e, por que as exportações de serviços se tornam relevantes para as economias dos países. Na sequência, os objetivos, geral e específicos, também são apresentados, dos quais esses últimos apresentam-se subdivididos em etapas, sendo elas fundamentais para, caracterizar, avaliar e descrever os estudos realizados. A seção seguinte comporta a justificativa do tema, apontando de que maneira essa escolha de estudo pode influenciar a sociedade, bem como cooperar academicamente com os estudos na área e, também explicitam os motivos que levaram a autora a desenvolver este trabalho. Em seguida, os procedimentos

1Doravante, o termo será usado, na maioria das ocorrências, na forma masculina plural, para designar tanto

homens quanto mulheres. Quando houver a marcação de gênero feminino, ocorrerá propositadamente pela autora para a especificação de determinadas ocorrências mais comuns às mulheres.

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metodológicos são expostos, esclarecendo a natureza da pesquisa e as técnicas da coleta e análise de dados. Por fim, desenvolve-se a estrutura da pesquisa a partir dos aportes selecionados.

1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA

Com a queda das barreiras alfandegárias entre os anos de 1989 e 1993, a economia brasileira começou a ser inserida globalmente. A partir do ano de 2000, as empresas perceberam a importância do mercado externo para suas receitas e, dessa forma, entenderam que a aproximação com o cliente fazia aumentar o poder competitivo (PASTORE et al, 2008). A participação no mercado internacional deixou de ser uma opção, pois até mesmo as empresas que não querem se internacionalizar sofrem com as entrantes internacionais em seu mercado doméstico. Sendo assim, as empresas devem estar preparadas para competir mundialmente, tanto em seu país de origem como no exterior. Segundo Rodrigues (1999, p. 22), “Uma Nação pode aumentar seu grau de competitividade por meio de produtos e serviços que satisfaçam o gosto, a qualidade e o preço demandado pelo mercado internacional.”

As empresas possuem vários motivos para se internacionalizar, sendo um dos principais o de ordem econômica. As decisões de explorar novos mercados também ocorrem quando o mercado interno começa a saturar e ficar limitado, tornando-se necessário expandir para novos horizontes, o que não é o caso do Brasil, pois ainda existe muito a ser explorado no mercado doméstico. Quando analisados os riscos e os custos da internacionalização, sendo estes mais elevados e com maiores incertezas sobre o retorno, a opção é esgotar todos os seus recursos de crescimento no mercado interno, e partir para mercados mais atrativos (SAUVANT, 2007).

Quando uma empresa começa a exportar significa que ela está iniciando o seu processo de internacionalização, no qual pode exportar tanto produtos como serviços. Nesse sentido, percebe-se que a prestação de serviços vem se tornando cada vez mais parte do comércio internacional, sendo necessário que os exportadores se preparem para a ampla concorrência mundial.

Quando se achava que não era possível exportar serviços, um avanço nas tecnologias da informação permitiu uma abertura na economia internacional para que diversos tipos de serviços pudessem ser exportados. Segundo Rocha e Mello (2012, p.1), “[...] uma

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empresa de software brasileira pode prestar serviços de assistência técnica no computador de um cliente no Japão sem necessitar mover seus técnicos fisicamente até lá.”. Contudo, mesmo com o avanço tecnológico, ainda existem serviços que só podem ser realizados com a presença física da pessoa, como, por exemplo, os das modelos profissionais, que prestam serviços internacionalmente, os quais implicam o deslocamento físico da pessoa para o local onde está o cliente, ocorrendo, por conseguinte, um envolvimento maior entre prestador e comprador, pois o serviço é prestado no momento do encontro entre eles. (ROCHA; MELLO, 2012).

A internacionalização dos serviços dos modelos profissionais não difere muito da internacionalização de bens. Da mesma forma, é necessário se preparar e compreender os riscos e dificuldades a serem encontrados além das fronteiras. No caso das agências de modelos, o processo se inicia com a identificação de potenciais modelos e com o preparo dessas para atuação inicial no mercado interno, a fim de adquirirem experiência e projeção. Posteriormente a esse passo inicial, as agências começam as negociações internacionais para promover a venda dos serviços no âmbito exterior.

As vendas dos serviços de modelos profissionais para o exterior podem ocorrer de forma direta, ou seja, a agência vende o serviço diretamente para o cliente no exterior, sem a ocorrência de parcerias, mas isso só ocorre em alguns mercados menores ou mais limitados, como o caso do Peru, que acaba buscando modelos em países vizinhos como a Argentina e o Brasil. Na maioria das vezes, sendo esta a forma mais comum de exportação para este tipo de serviço, existe a parceria, na qual uma agência internacional se compromete a vender o(a) modelo brasileiro(a) em seu mercado, bem como comercializá-lo(a) a outros mercados com os quais possuem negociações de forma direta. Dessa forma, tanto o Brasil como a parceira internacional podem vender ou exportar os serviços de modelo de forma direta, e, assim, os modelos brasileiros começam a ser exportados e as agências de modelos a se internacionalizar.

O comércio mundial de serviços tem crescido consideravelmente, representando em torno de 25 a 30% do comércio mundial. Mesmo com o crescente fluxo internacional de prestação de serviço, os estudos voltados para esse assunto ainda são muito precários. (ROCHA, 2002).

O comércio exterior brasileiro de serviço apresentou, entre 2007 e 2011, um déficit de 202%. Contudo, a falta de estudo existente sobre este assunto acaba resultando em uma escassez de conhecimento, prejudicando e dificultando o acesso a informações sobre as

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exportações brasileiras neste mesmo setor. Com a preocupação de regular o comércio exterior de serviços, o Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio (MDIC) tem empreendido várias iniciativas para disponibilizar informações e poder medir a posição brasileira no setor terciário. Para que essas informações de compra e venda de serviços internacionais possam ser registradas, foi criado, em 2012, o Sistema Integrado de Comércio Exterior de Serviços, Intangíveis e Outras Operações que Produzam Variação no Patrimônio (SISCOSERV). Para o funcionamento da lógica proposta, as empresas devem registrar todas as suas operações relacionadas com as exportações de serviços e, dessa forma, o sistema pode disponibilizar informações sobre a posição econômica do país, sendo esta necessária para mensurar a importância da exportação de serviços no equilíbrio das contas internacionais e para melhorar a entrada de divisas no Brasil. (BRASIL, 2012a; PINHO et al, 2012).

Os serviços têm se tornado objeto de grande importância mundial. Mesmo com o pouco estudo voltado para esse setor, nota-se um aumento constante nas prestações de serviços internacionais, que trazem grandes retornos às economias. Com isso, a preocupação sobre o assunto tem gerado discussões entre as nações exportadoras, grupo em que se destacam tanto as nações desenvolvidas como as em desenvolvimento.

Conforme a Organização Mundial do Comércio,

Ranging from architecture to voice-mail telecommunications and to space transport, services are the largest and most dynamic component of both developed and developing country economies. Important in their own right, they also serve as crucial inputs into the production of most goods. Their inclusion in the Uruguay Round of trade negotiations led to the General Agreement on Trade in Services (GATS). Since January 2000, they have become the subject of multilateral trade negotiations. (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO, 2012a).2

Tendo em vista todas as muanças referidas sobre exportação, internacionalização das empresas, e principalmente sobre a exportação de serviços, que tem se expandido rapidamente no mundo globalizado e que também vem se tornando parte importante da balança de pagamentos dos países, elabora-se a seguinte pergunta de pesquisa: Como se dá o

processo de exportação dos serviços de modelos profissionais brasileiros?

2Tradução nossa: Variando de arquitetura para correio de voz de telecomunicações e de transporte espacial, os

serviços são o componente maior e mais dinâmica de ambas as economias dos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Importante em seu próprio direito, eles também servem como insumos essenciais para a produção da maioria dos produtos. A sua inclusão na Rodada Uruguai de negociações comerciais levou ao Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços (GATS). Desde janeiro de 2000, tornaram-se objeto de negociações comerciais multilaterais

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1.2 OBJETIVOS

Os objetivos indicam o caminho para se realizar a pesquisa, demonstrando o que se pretende obter como resultado de estudo neste Trabalho de Conclusão de Curso. Os objetivos são apresentados e divididos em objetivo geral e objetivos específicos.

1.2.1 Objetivo geral

O presente trabalho tem como objetivo geral descrever como ocorre o processo de exportação dos serviços de modelos profissionais brasileiros.

1.2.2 Objetivos específicos

O objetivo geral se desdobra em objetivos específicos, os quais demonstram quais são as etapas delineadas para o alcance do resultado esperado com este trabalho:

a) descrever características do mercado da moda internacional e nacional;

b) avaliar quais são os principais tipos de alianças estratégicas e de intermediários que são utilizados pelas agências de modelos para exportar os serviços de modelos profissionais brasileiros, compreendidos nas etapas de captação, promoção e venda;

c) descrever como ocorre o processo operacional da exportação do serviço de modelos profissionais brasileiros, compreendendo as etapas de captação, promoção e venda. 1.3 JUSTIFICATIVA

O impacto da abertura econômica brasileira na década de 90 trouxe importantes transformações nas relações do Brasil com o mundo. As exportações brasileiras começaram a ter bons desempenhos quando a demanda mundial aumentou. Com isso, registros comerciais têm sido recordes, com saldos positivos para o país que, cada vez mais, participa internacionalmente, exportando e importando produtos. No ano de 2011, o Brasil respondeu por 1,3% e 1,2% das exportações e importações mundiais, respectivamente. (PASTORE et al, 2008; BRANDÃO, 2012).

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Tradicionalmente, o Brasil apresenta-se como um país exportador de mercadorias. O enfoque para a exportação de serviços ainda é pouco percebido por programas de apoio às exportações brasileiras, todavia, a Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (APEX) vem desenvolvendo programas de apoio a setores não tradicionais, classificados como serviços, a exemplo do programa Cinema do Brasil. (AGÊNCIA BRASILEIRA DE PROMOÇÃO DE EXPORTAÇÃO E INVESTIMENTOS, 2012).

A exportação de serviços tem se tornado uma parte importante no processo de internacionalização das empresas, visto que, mesmo quando ocorre a exportação de produtos, o serviço sempre está presente, como, por exemplo, no transporte. A prática de exportar serviços não é tão óbvia, pois a sua comercialização tem por objeto algo intangível, que não requer embalagem, tampouco transporte. Portanto, a dinâmica e os procedimentos da exportação de serviços diferem da exportação de produtos. Em ordem de importância, tanto a exportação de serviços como a de produtos são essenciais aos países, e as relações de trocas no mercado internacional vêm aumentando ano a ano. (ROCH; MELLO, 2012).

É comum encontrar em revistas de moda artigos que abordam a exportação de modelos profissionais; contudo, faltam estudos científicos voltados para esse tema. A prática se tornou um negócio internacional aparentemente lucrativo nos dias de hoje, especialmente para as modelos brasileiras de projeção internacional, as quais têm feito sucesso no exterior, ou seja, as que se tornaram Top Models3. Como o Brasil vem exportando esse tipo de serviço com êxito, o presente estudo tem como foco mostrar como ocorre o processo de exportação de modelos brasileiros, o qual não é parte do glamour4, característica reforçada pelo imaginário midiático criado em torno da profissão em estudo, mas, parte do mercado internacional, configurando-se como um produto a ser exportado.

Considerando a experiência profissional da acadêmica como modelo internacional durante 16 anos de carreira, percebe-se que a prática desta atividade pode ser relacionada com as teorias estudadas no decorrer da vida acadêmica. O profissional de Relações Internacionais, por possuir conhecimento sobre culturas e estar qualificado para negociar internacionalmente, pode encontrar em áreas não tradicionais espaço para sua atuação profissional. Vislumbra-se que o mercado de exportação de modelos profissionais é um desses campos com potencial

3 Top: Topo; Model: modelo. Modelo que está ao topo, sendo esta uma modelo de renome no mercado

(BURGESS, 2001).

4Que tem glamour; Encanto pessoal, charme, fascínio. O mercado da moda é conhecido como o mercado da

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para atuação do internacionalista. Sendo assim, a acadêmica com experiência prática de modelo pode conciliar estas duas frentes: a experiência e o conhecimento.

A universidade promove uma relação bastante aproximativa do estudante com conhecimento, permitindo a constituição de estudiosos e de novos cientistas que nela se formam. Assim sendo, a universidade tem um envolvimento profundo com o mundo do saber, proporcionando o desenvolvimento da humanidade e transformando uma simples pesquisa em uma busca por algo novo e desconhecido. O campo de pesquisa escolhido se enquadra nas teorias que devem ser discutidas e desvendadas, a fim de produzir conhecimento. Todas as questões abordadas e observadas estão diretamente ligadas à universidade, que também se beneficia com o desenvolvimento de novas pesquisas, na medida em que obtém maiores informações sobre o assunto, podendo dar continuidade à pesquisa.

O momento global, relevante nas Relações Internacionais, torna-se oportuno para acadêmicos, junto às universidades, alcançarem maiores esclarecimentos sobre a exportação de serviços, que configura um assunto ainda pouco abordado e pesquisado em âmbito acadêmico. Faz-se de grande valia, por conseguinte, a pesquisa acerca de um tema de relevância mundial, como este de exportação de serviços, em específico de modelos profissionais, mormente em virtude da pequena quantidade de discussões a seu respeito. Destarte, dá-se início, neste estudo, a uma possível jornada acadêmica sobre o tema exposto.

A relevância desta pesquisa se pauta na assunção de que o Brasil, inserido nas mudanças do cenário global, é parte ativa desse quadro e, por isso, deve se beneficiar com a nova ordem mundial. O país não pode perder a oportunidade de mostrar para a sociedade que o contexto global o favorece, e que passos importantes foram dados para se chegar a um cenário mais moderno. A economia brasileira já é uma das mais internacionalizadas do mundo, e, nesse sentido, este trabalho tem o desígnio de evidenciar como ocorre a exportação de serviços dos modelos brasileiros, que não deixam de ser essenciais para o crescimento econômico do país. “Las exportaciones mundiales de servicios comerciales aumentan un 3% en el primer trimestre de 2012.” (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO, 2012b)5. Este assunto possui valor mundial, pois a demanda neste setor vem crescendo nos últimos anos. (PASTORE et al, 2008; ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO, 2012 b).

Em virtude da gama de informações sobre o comércio internacional de serviços, não resta dúvidas de que este assunto revela-se de interesse geral, sendo valiosos o estudo e a 5Tradução nossa: As exportações mundiais de serviços comerciais aumentaram 3% no primeiro trimestre de

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discussão sobre a seu respeito para que se possam registrar as informações e o conhecimento sobre o setor e, dessa forma, incentivar tais exportações. Contudo, o foco do estudo limita-se à exportação dos serviços dos modelos profissionais brasileiros, atividade recorrente em grande parte do mundo que movimenta parte da vasta economia mundial.

1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O desenvolvimento de pesquisas científicas requer uma organização das etapas que as constituem, para que o alcance de seus resultados possibilitados por essa sistematização possa contribuir para a ampliação do conhecimento humano. Segundo Oliveira (1997, p. 47), ”De acordo com os cientistas, qualquer assunto que possa ser estudado pelo homem pela utilização do método científico e de outras regras especiais de pensamento pode ser chamado de ciência.”

Dessa forma, Barros e Lehfeld (2000, p. 41) completam:

A ciência é conhecida por alguns estudiosos da questão como um conjunto de conhecimentos, que se dá através da utilização adequada de métodos rigorosos, capazes de controlar os fenômenos e fatos estudados. Fixa esse conhecimento aos objetos empíricos, utilizando a observação e a experimentação.

Cada pesquisa científica pauta-se em determinadas modalidades de abordagem. Neste contexto, a abordagem do problema se desenvolve com a pesquisa qualitativa, que possibilita a discussão de dados mediante o material bibliográfico. Conforme Severino (2007, p.119): “São várias metodologias de pesquisa que podem adotar uma abordagem qualitativa, modo de dizer que faz referência mais a seus fundamentos epistemológicos do que propriamente a especificidades metodológicas”.

Oliveira (1997, p.117) afirma que:

A abordagem qualitativa nos leva, entretanto, a uma série de leituras sobre o assunto da pesquisa, para efeito da apresentação de resenha, ou seja, descrever pormenorizada ou relatar minuciosamente o que os diferentes autores ou especialistas escrevem sobre o assunto e, a partir daí, estabelecer uma série de correlações para, ao final, darmos nosso ponto de vista conclusivo.

No tocante aos objetivos, o trabalho se caracteriza como pesquisa exploratória, que permite definir o tema e os objetivos. Com a finalidade de facilitar a exploração bibliográfica, a pesquisa exploratória auxilia em uma investigação mais detalhada,

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favorecendo o alcance de maiores informações sobre o assunto. Entende-se que, para o aprofundamento sobre o assunto, se torna relevante conhecer o pensamento de diversos autores sobre o recorte temático desta pesquisa, qual seja, o processo de exportação dos serviços prestados pelos modelos brasileiros no exterior. De acordo com Andrade (1998, p. 104), “[...] a pesquisa exploratória, na maioria dos casos, constitui um trabalho preliminar ou preparatório para outro tipo de pesquisa.”

Ainda no que respeita à pesquisa, este trabalho de caráter exploratório é também descritivo, na medida em que possibilita ao pesquisador observar, registrar, analisar e interpretar dados, apontando para outras formas possíveis de se pensar sobre o assunto. Nesse sentido, o autor pode explorar e descrever suas observações, coletando dados que auxiliem no alcance do objetivo de pesquisa, através de questionários, entrevistas e observações. (ANDRADDE, 1998).

1.5 TÉCNICA DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS

Com base em livros sobre exportação, negociação internacional, marketing internacional e artigos que citam o assunto abordado, os procedimentos metodológicos do trabalho valeram-se de pesquisas bibliográficas, baseadas em estudos já feitos por outros autores. Dessa forma, tornou-se necessário pesquisar em documentos e sites os tratados e os acordos sobre o comércio internacional de serviços e sobre o seu processo de exportação no Brasil.

De acordo com o exposto, Severino (2007, p.122) afirma:

A pesquisa bibliográfica é aquela que se realiza a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses etc. Utiliza-se de dados ou de categorias teóricas já trabalhados por outros pesquisadores e devidamente registrados. Os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados. O pesquisador trabalha a partir das contribuições dos autores dos estudos analíticos constantes dos textos.

Para a etapa de coleta de dados foram utilizadas entrevistas, através das quais, diferentemente do questionário, pode-se obter dados mais detalhados das falas do entrevistado. Dessa forma, torna-se valiosa a realização de entrevistas, pois elas proporcionam um maior conhecimento sobre o objeto de estudo em virtude dos desdobramentos temáticos que o diálogo pode produzir. De acordo Barros e Lehfeld (2000, p.93), com a utilização desse

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recurso, “[...] há oportunidade de se obter dados relevantes e mais precisos sobre o objeto de estudo.” (BARROS; LEHFEID, 2000).

Para a realização da entrevista, foi elaborado um roteiro contendo perguntas abertas e fechadas, de forma a obter dados novos (não possíveis de serem conseguidos por meios bibliográficos) e a validar dados obtidos de fontes secundárias, ou mesmo pela técnica de observação participativa. Assim, foram entrevistadas duas agências de modelos, uma localizada na cidade de São Paulo, doravante agência A e, outra, situada em Florianópolis, doravante agência B. Ambas exportam modelos profissionais para diferentes lugares do mundo e relataram como ocorre o processo de exportação, desde a captação até a preparação no mercado interno e a negociação internacional.

No decorrer da pesquisa foi utilizado um questionário, que se define por uma forma menos direta de entrevista. Sua utilização foi necessária para garantir o contato com a agência A de São Paulo, porquanto esta se situa em uma cidade diferente daquela em que a pesquisadora se encontra.

Para a completude da pesquisa a autora também utilizou, como uma das modalidades de pesquisa, a observação participativa, pois possui experiência de 16 anos como modelo profissional e, por ter trabalhado em diferentes países, conhece, na prática, como ocorre o processo de inserção internacional. Assim, sendo parte ativa do processo de exportação dos serviços dos modelos profissionais, possui conhecimento sobre o assunto abordado.

Consoante Hubner (1998, p.51),

Por ser uma tarefa lenta e dispendiosa, a observação requer que se analise esse aspecto. O observador tem que ficar à mercê da ocorrência e duração do evento a ser estudado, o que demanda um grande dispêndio de tempo e de recursos financeiros. Se houver disposição de tempo e de recursos, então a observação será o método de coleta de dados que poderá ser utilizado.

Ao longo da pesquisa foram encontradas limitações pela falta de fontes sobre o assunto abordado, sendo a exportação de serviços, em especial dos modelos profissionais, um segmento pouco estudado cientificamente. Dessa forma, tornou-se valioso coletar dados através de entrevistas, questionários, assim como, a observação participativa da autora. Neste sentido, com entrevistas, questionário, observação participativa, pesquisas em livros, sites e documentos oficiais, entendeu-se possível compreender como ocorre o processo de exportação dos modelos profissionais brasileiros.

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1.6 ESTRUTURA DE PESQUISA

A presente pesquisa está estruturada em quatro partes. A primeira diz respeito à introdução, dando esclarecimentos sobre a questão de pesquisa, o objetivo geral, os objetivos específicos, a justificativa e a metodologia usada para o Trabalho de Conclusão de Curso.

A segunda parte corresponde ao referencial teórico, que revisa matérias veiculadas em livros, artigos, documentos, entre outros materiais que versam sobre a exportação de serviços, expondo a sistemática que o Brasil adota para se inserir no mercado internacional deste setor.

A terceira parte é o desenvolvimento da pesquisa, sendo a inserção dos serviços de modelos brasileiros em outros países, demonstrando a importância desses serviços para a economia e para a movimentação do mercado internacional da moda.

A quarta e última parte diz respeito às considerações finais, indicando sugestões para futuras pesquisas relacionadas ao tema estudado. Na sequência, apresentam-se as referências utilizadas no decorrer do trabalho, e, por fim, são disponibilizados nos apêndices os questionários e as entrevistas realizados com as agências de modelos para auxiliar nas discussões sobre o processo de exportação dos modelos profissionais brasileiros.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Para compreender e analisar como ocorre o processo de negociação entre os países no tocante à exportação, e como os produtos e serviços são exportados – neste caso, a atenção se volta aos modelos brasileiros que prestam serviço no exterior - é importante compreender o que são e como funcionam as relações internacionais, que envolvem questões de ordem econômica, política e social. Todo esse contexto acontece além das fronteiras nacionais, onde cada Estado é um ator internacional e soberano, que possui suas próprias vontades, direitos e deveres.

De acordo com o pensamento de Racy (2006, p. 1),

Relações Internacionais, como se pode depreender do próprio termo, são as relações que se desenvolvem entre as nações. [...] Isso ocorre porque o Estado, preenchendo os requisitos necessários à circunscrição da realidade nacional, entendida como o conjunto das aspirações e dos desejos compartilhados por um grupo de mesma história e geografia e, acima de tudo, de uma identidade definida por uma série variada de elementos, como idioma, etnia e cultura comuns, aparelha a nação na defesa de seus interesses, que naturalmente se excluem dos interesses de outras nações.

Com o fim do regime soviético em 1985, o abandono do comunismo, tanto na Europa Central como Oriental, e o fim na União Soviética em 1991, o sistema das Relações Internacionais mudou completamente, integrando a economia internacional com o fenômeno da globalização, que trouxe para o comércio internacional um fluxo de bens intercambiados crescente e uma maior participação de diversos países no comércio global. (SARAIVA, 2007).

Com a chegada da Globalização, as economias começaram a se integrar com mais intensidade e a exportar produtos e serviços de todos os tipos. Esse processo aproximou os mercados em vários sentidos, interligando-os economicamente, culturalmente, socialmente e politicamente. Assim, para estudar o comércio de serviços, faz-se importante compreender algumas etapas das negociações internacionais.

2.1 INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS

O mercado internacional permite o relacionamento entre diferentes culturas, e, em ocorrendo troca de bens e de serviços, há o aumento da competitividade e da rentabilidade dos exportadores, que acabam se motivando a exportar por diversas razões, tais como as

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dificuldades de venda no mercado interno, o melhor aproveitamento das estações do ano, e/ou também pela possibilidade de se obterem preços mais rentáveis. “Exportar traz outros benefícios, como o impacto positivo nas contas da empresa e o incremento da competitividade” (SEBRAE, 2012a). Nesse sentido, percebe-se que a exportação torna possível um contato maior com o mercado internacional, permitindo o início da internacionalização das empresas. (MINERVINI, 1997; SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS, 2012a).

Outras motivações para que as empresas se internacionalizem estão ligadas à necessidade de captação de novas tecnologias, benefícios com economias de escala, redução dos riscos de negócios e maior proximidade aos concorrentes, descobrindo suas formas de agir com clientes, para, assim, poder explorar a competitividade e identificar diferentes produtos. Outra estratégia de mercado oriunda do processo de internacionalização é a aproximação de empresas a novos consumidores internacionais a fim de compreender melhor suas necessidades. A internacionalização de empresas se torna algo positivo para o país exportador, pois permite demonstrar para outras empresas, que possuem potencial para tal, mas que hesitam em se aventurar pelo desconhecido mundo externo, quiçá pelo receio da possibilidade do fracasso, embora a internacionalização seja parte do crescimento da empresa e possa trazer benefícios para os negócios. (BRASIL, 2012).

Nesse sentido, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas expõe:

A internacionalização do negócio contribui com seu desenvolvimento e modernização. Ao exportar, a empresa aproveita melhor a capacidade instalada e tem mais chances de incrementar a produtividade, reduzindo custos operacionais e aprimorando a qualidade. As empresas exportadoras ainda têm mais condições de incorporar novas tecnologias, além de diversificar o mercado e aumentar a rentabilidade. (SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS, 2012b).

Após algum tempo se consolidando no mercado interno, as empresas passam por uma segunda etapa, a internacionalização, na qual novos horizontes começam a surgir, assim como inseguranças sobre o lugar desconhecido. Nesse ambiente totalmente novo, os desavisados perdem a vez para a concorrência, pois é preciso ter consciência das dificuldades para enfrentar os desafios. No processo de internacionalização, as empresas não podem deixar a nacionalidade de lado, porquanto a cultura contribui para driblar a competitividade internacional, sendo aquela composta de elementos multidimensionais, tais como crenças e valores, que formam a identidade de um grupo social. Todo esse conjunto de elementos, que

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ajudam o indivíduo, com suas crenças, a enfrentar desafios humanos, identifica também o nível social, na medida em que constitui a identidade de uma nação por suas características e formas de atuação, o que a difere de culturalmente de outras. Todas as empresas estão inseridas no contexto social e, por isso, possuem uma cultura organizacional, com valores, conhecimentos e hábitos em comum que criam a identidade organizacional. Assim, quando circulantes por diferentes culturas, as empresas precisam possuir algum tipo de competência para compensar a falta de conhecimento das diferentes culturas no mercado externo. (LOPEZ, 2005; VASCONCELLOS, 2008).

Nesse sentido, em complemento à questão acerca do processo de internacionalização que implica, mormente, adaptação aos novos ambientes, Schulz (2000, p.18) ressalta:

A exportação é um dos meios pelos quais as empresas se internacionalizam e o acesso ao mercado internacional pressupõe um estágio superior de crescimento que envolve aspectos extremamente positivos para os resultados globais da empresa. Cabe ainda ressaltar que o mercado internacional normalmente serve de equilíbrio para regular a demanda das empresas.

As chamadas Empresas Transnacionais (ETN) são as empresas que praticam a internacionalização da produção, pois controlam ativos produtivos em mais de um país. “A internacionalização da produção ocorre quando residentes de determinado país obtêm acesso a bens e serviços com origem em outro.” (BRASIL, 2012f). Existem outras formas de se atuar globalmente. Para tanto, deve-se analisar a economia do país alvo e decidir qual a melhor forma de entrar no comércio internacional, pois a exportação é apenas uma das formas de se internacionalizar uma empresa, sendo também uma das formas mais simples e direta de entrada em outros países. (SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS, 2012a; BRASIL 2012f).

Vasconcellos (2008 apud CANALS, 1994; DYMENT, 1987, p. 80) classifica as empresas internacionalizadas de diferentes formas:

Empresa exportadora: fase inicial do processo de internacionalização, caracteriza-se pela concentração das atividades em um único país; Empresa multinacional: pretende explorar as vantagens competitivas importantes domesticamente diversificando atividades em outros países. O objetivo da empresa multinacional seria a reprodução quase exata da empresa-matriz em cada uma das filiais no exterior; empresa global: o modelo multinacional demonstrou alguns problemas e no final dos anos 70 houve uma tendência oposta, na qual a empresa adotava estratégias coordenadas com todos os países onde operava, no intuito de adquirir vantagem competitiva. As atividades críticas se concentravam em um ou poucos países; empresa transnacional: é a empresa que combina adequadamente uma máxima

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eficiência econômica, uma máxima capacidade de responder a mercados locais e uma flexibilidade para transmitir as experiências que surgem em alguns países para toda a organização.

O mercado alvo da exportação deve ser cuidadosamente selecionado, de modo que uma pesquisa seja feita para diminuir riscos e aumentar oportunidades de negócios, pois nem todo produto serve para todos os países, assim como a prestação de serviços também não. Cada cultura necessita de algo que dialogue com seus costumes e hábitos; se o produto não lhes serve ou vai de encontro às leis e às crenças de uma sociedade, há grandes chances de a exportação não acontecer. Sendo assim, os cuidados com o mercado escolhido resultam indispensáveis.

Com respeito ao exposto, Minervini (1997, p.7) completa:

Teoricamente, com base em uma pesquisa de mercado prévia, exportamos para onde encontramos condições de entrar de forma mais rentável, com um mínimo custo e riscos. Na prática, as empresa começam quase sempre de forma casual, respondendo a pedidos das mais variadas procedências ou participando de feiras internacionais. [...]. Raras vezes o número de mercados para onde a empresa exporta é selecionado antes, e frequentemente chega-se a uma excessiva diversificação de mercados, clientes e produtos.

As economias mundiais se diferem umas das outras, e, em possuindo cada uma a sua estrutura, revela-se fundamental estudar e compreender quais são as suas exigências. Nesse contexto, as empresas que se relacionam com diferentes países e que, dessa forma, aproveitam todas as oportunidades do cenário internacional para conhecer os mercados, têm maiores chances de alcançar seus objetivos. Conhecendo os cenários e as necessidades dos consumidores, pode-se chegar ao processo de negociação. Segundo Kuazaqui (2007), o negociador deve conhecer o produto ou serviço oferecido pela empresa a um mercado, pois ele tem a obrigação de conhecer os cenários para adquirir condições de negociar e possuir autonomia.

Ainda segundo Kuazaqui (2007, p.152),

Pode-se definir negociação como um processo analítico-prático, ás vezes simbólico, que objetiva tomar as melhores decisões e otimizar os interesses entre as partes envolvidas, obtendo um consenso que conduza aos melhores resultados. O processo é formado por diferentes técnicas, posturas e ações que podem influenciar comportamentos, atitudes e decisões.

Percebe-se que a internacionalização das empresas se torna algo vantajoso, tanto para a organização como para o país. Contudo, para que ocorra a internacionalização, as

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empresas precisam estar preparadas para escolher o país e a forma certa de entrada, pois o conhecimento influencia na diminuição dos ricos pelos quais a empresa passará. Independentemente da forma de entrada, mesmo sendo a mais simples e direta, tal qual a exportação, a competitividade estará presente. Não resta dúvidas de que mercados mais desenvolvidos oferecem menos riscos; por outro lado, oferecem uma maior competitividade por estarem mais preparados e mais avançados tecnologicamente. Em atenção a essas particularidades de mercado, as organizações precisam aproveitar a internacionalização para obterem maiores conhecimentos, conquistarem novos consumidores, e também, analisar as estratégias da ocorrência.

2.2 ALIANÇAS ESTRATÉGICAS

O mundo, após a globalização, se tornou e vem se tornando cada vez mais competitivo, pois países considerados em desenvolvimento estão crescendo e exportando muito de seus produtos, participando mais ativamente da competitividade mundial. Com todas as mudanças ocorridas no contexto global, as empresas sentiram a necessidade de se adaptar a elas. Hoje, a competição também é tecnológica, visto que os consumidores estão mais exigentes em relação à qualidade dos produtos, o que fez com que o conhecimento organizacional se tornasse umas das principais formas de competir internacionalmente. Nesse sentido, as organizações vêm adotando práticas gerenciais cada vez mais profissionais, nas quais estratégias colaborativas são algumas das formas de se adquirir qualidades e habilidades ainda não existentes dentro das empresas. (RODRIGUES, 1999).

A partir da necessidade de ampliar um negócio já existente, ou partindo do intento de constituir um novo negócio, as empresas se unem por meio de uma aliança estratégica, mediante a qual pode ocorrer a inserção em um novo mercado, ou em mercados de intensa competitividade. De acordo com Peng (2008, p.196), “Alianças estratégicas são acordos voluntários entre empresas, envolvendo intercâmbio, transferência ou parceria no desenvolvimento de produtos, tecnologias ou serviços.”. Assim, as organizações se tornam mais fortes, tanto financeiramente, quando grandes empresas se unem para realizar investimentos altos, que talvez não pudessem ser realizados isoladamente, quanto para alcançar maiores conhecimentos na área tecnológica. Dessa forma, as empresas podem ter algum tipo de vantagem competitiva imediata, melhorando sua competência e aumentando as oportunidades de negócios globais. (AMATO, 2000; PENG, 2008).

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Neto (2000, p.42) destaca algumas das necessidades que as empresas possuem para a ocorrência da cooperação interempresarial:

Combinar competência e utilizar know-how de outras empresas; dividir o ônus de realizar pesquisas tecnológicas, compartilhando o desenvolvimento e os conhecimentos adquiridos; partilhar riscos e custos de explorar novas oportunidades, realizando experiências em conjunto; oferecer uma linha de produtos de qualidade superior e mais diversificada; exercer uma pressão maior no mercado, aumentando a força competitiva em beneficio do cliente; compartilhar recursos, com especial destaque aos que estão sendo subutilizados; fortalecer o poder de compra; obter mais força, para atuar nos mercados internacionais.

As turbulências ocorridas pelo macroambiente operacional fez com que empresário se preocupassem mais em encontrar alternativas de planejamento e estrutura dos negócios. Assim, apareceram as joint ventures, que foram estratégias para formar um tipo de associação econômica na qual duas empresas se juntam para tirar proveito de alguma atividade, pois acabam lucrando e obtendo maiores conhecimentos sobre tecnologias, vantagens competitivas em relação aos concorrentes locais e, ainda adquirindo poderes sobre o mercado multinacional. Porém, cada empresa permanece com a sua identidade própria, ou seja, a marca que as identifica. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, 2012): “O modelo mais comum é aquele em que um fabricante forma uma joint-venture com uma firma comerciante de outro país para explorar o mercado estrangeiro.” (RODRIGUES, 1999; INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA, 2012; RASMUSSEN, 1991).

Rasmussen (1991, p. 177) define joint ventures como:

Uma fusão de interesses entre uma empresa com um grupo econômico, pessoas jurídicas ou pessoas físicas que desejam expandir sua base econômica com estratégias de expansão e/ou diversificação, com propósito explícito de lucros ou benefícios, com duração permanente ou a prazos determinados.

Nem todas as alianças estratégicas são joint ventures, pois nessas a união ocorre para formação de uma nova marca e criação de um novo produto, seguida dos interesses, que podem ser o interesse de uma das partes em adquirir tecnologia em algum produto, ou o interesse da outra parte em conhecer estratégias para atuar em um novo mercado. Entretanto, as empresas que se unem em uma joint venture continuam competindo entre si, o que significa que a maioria das alianças se dá entre concorrentes, podendo ser simplesmente para deter um competidor. Existem, ainda, as redes estratégicas, que são a união entre várias

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empresas a fim de competir com outros grupos de empresas e, dessa forma, se tornarem mais competitivas. (PENG, 2008).

Várias são as formas de parcerias internacionais que podem ajudar as empresas a serem mais competitivas ou, até mesmo, a entrarem em outros mercados de uma forma mais segura. Contudo, ainda existem os agentes comerciais internacionais que agenciam e fazem a intermediação entre a compra e a venda dos produtos, na maioria das vezes com exclusividade por um período de um ano. Conforme Schulz (2000, p. 27), “Os agentes, normalmente, não possuem contratos formais e buscam investigar mercados e produtos para conciliar os interesses do importador e exportador”. Outra forma de parceria internacional são os representantes comerciais internacionais que, atuando de forma mais formal, buscam assinar um contrato entre as partes com uma comissão já garantida. Schulz (2000, p. 27) completa: “Procuram ajustar os interesses de suas representadas aos interesses do mercado internacional.” (SCHULSZ, 2000).

Vencer a competição do comércio mundial não é tarefa fácil, porém necessária. Na busca por estratégias para ultrapassar a rivalidade, o conhecimento se torna a base para competir de forma ágil e eficaz. Dessa forma, unir-se à concorrência pode configurar a forma mais inteligente de conhecer sua perceptibilidade. Mesmo assim, faz-se relevante conhecer o parceiro e identificar o que cada uma das partes ganhará com a união, a qual visa a algum tipo de lucro ou conhecimento. Por consequência, compreende-se que as alianças estratégicas, as parcerias internacionais e toda forma de união internacional têm valor para adquirir conhecimento, chegar a novos mercados para vender um produto ou serviço de forma estratégica e, até mesmo, para lançar um novo produto com custos e riscos mais baixos. 2.3 COMÉRCIO INTERNACIONAL DE SERVIÇOS

Com o término da Segunda Guerra Mundial, em 1945, o sistema internacional começou a perceber mudanças no cenário político, econômico e social. Com um novo perfil, a sociedade internacional passou a atribuir novas estratégias de mudanças, e a necessidade de fixar uma economia mais aberta fez com que vários países se reunissem na conferência de Bretton Woods em 1944. Decorrente dessa conferência, houve a criação de dois organismos internacionais e um mecanismo internacional com escopo de promover uma nova ordem econômica: nessa seara, foram criados o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) e o Acordo Geral de Tarifas e

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Comércio (GATT). O FMI ficou responsável pela gestão financeira mundial, o BIRD financiaria a reconstrução dos países devastados pela segunda guerra mundial e o GATT para regular as transações comerciais internacionais. Dessa forma, o sistema mundial, no pós-guerra, configurou uma nova ordem de relacionamentos dando início à chamada globalização. (RANCY, 2006).

Conforme Kuazaqui (2007, p.129),

Da liberalização e incremento das atividades do GATT até os dias de hoje, podemos, então, conceituar de maneira mais clara o que é o fenômeno da globalização. De maneira simples, podemos conceituá-la como a diminuição das barreiras geográficas e econômicas, em que cada empresa poderá desenvolver negócios em qualquer país, usufruindo de mercados fornecedores produtores, comercializadores e respectivos consumidores e clientes, respeitando as características que formam a base cultural de cada nação, como a cultura, a língua, os costumes e as tradições.

Com todas as mudanças ocorridas nas relações internacionais e a rápida transformação econômica que a globalização proporcionou ao mundo, os países passaram a exportar não apenas bens como também serviços, incluindo desde transportes, turismo, seguros e até produtos intelectuais, como informática e arquitetura. A demanda pelos serviços vem crescendo em praticamente todas as áreas, segundo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES (2008, p.75): “Em 2007 as exportações de serviços foram de US$ 3,3 trilhões, o que correspondeu a 23% do total do comércio mundial”. Dessa forma, compreende-se que a exportação de serviços gera divisas, renda e emprego de alta qualidade. Estabelecendo uma comparação quantitativa entre as exportações de serviços e bens, o BNDES (2008) explica que as exportações de serviços, em 2007, cresceram 15,3%, enquanto as exportações de bens obtiveram um crescimento de 16,5%. Esse quadro é um pequeno demonstrativo da importância de se exportar serviços para o crescimento da economia mundial. (BANCO NACONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL, 2008).

Os serviços possuem algumas características que devem ser observadas na hora de exporta-los. Sendo eles inseparáveis, intangíveis, perecíveis e possuindo uma variabilidade diferem, em alguns momentos, da exportação de produtos. Na maioria dos casos os serviços passam a ser prestados na hora do encontro com o cliente e, assim, a qualidade dos serviços dependerá de como o prestador se porta perante o cliente, provando, a cada prestação a sua primazia. Neste sentido, o exportador de serviços precisa compreender a necessidade de prever a flutuação da demanda, observando a sazonalidade que varia de acordo com as estações do ano, hora do dia e dia da semana (ROCHA; MELLO, 2012).

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Rocha e Mello indicam as características peculiares dos serviços:

Inseparabilidade

A prestação e o consumo da maioria dos serviços são inseparáveis, ou seja, eles podem ser consumidos enquanto estão sendo produzidos. Essa característica significa que o consumo se dá no próprio processo de entrega do serviço.

Intangibilidade

Os serviços não podem ser tocados, sentidos, cheirados ou saboreados. Eles podem utilizar objetos físicos para serem prestados, mas eles próprios não são tangíveis.

Perecibilidade

Em muitos casos, os serviços são produzidos e consumidos simultaneamente, não podendo ser estocados.

Variabilidade

Como a maioria dos serviços é prestada por pessoas, para outras pessoas, isto significa que o cliente e o fornecedor do serviço precisam interagir. Assim, o resultado do serviço depende do resultado dessa interação e da sua percepção por parte do consumidor. Quando seres humanos interagem, os resultados exibem grande variabilidade e não são fáceis de prever (ROCHA; MELLO, 2012).

Com a intenção de exportar cada vez mais os serviços, que apontavam para uma potencialidade internacional no comércio, a qual não poderia ser ignorada, e assim buscar uma maior liberalização do comércio internacional também de serviços, os países desenvolvidos, principalmente os Estados Unidos, que se preocupavam com as oportunidades de negócios em outros países, resolveram discutir sobre o assunto na Rodada do Uruguai, promovida pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Nessa ocasião, foi incluído o setor de serviços no Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT), inserção que resultou no texto do Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços (GATS), um dos anexos do acordo geral da Organização Mundial do Comércio (OMC). Dessa forma, foi criado um sistema multilateral de comércio de serviços que possibilitou a entrada dos serviços na pauta do comércio internacional, criando um conjunto de regras e princípios iguais para todos. Assim como o GATT, o GATS é um acordo que se aplica ao comércio como um todo, possui princípios e regras comuns a todos os Estados Membros da OMC, as quais só podem ser mudadas por consenso entre todos os membros. (INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA, 2000; AMARAL, 2002; NORONHA, 1994).

Em relação ao exposto, a Organização Mundial do Comércio ressalta os principais propósitos do GATS:

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The creation of the GATS was one of the landmark achievements of the Uruguay Round, whose results entered into force in January 1995. The GATS was inspired by essentially the same objectives as its counterpart in merchandise trade, the General Agreement on Tariffs and Trade (GATT): creating a credible and reliable system of international trade rules; ensuring fair and equitable treatment of all participants (principle of non- discrimination); stimulating economic activity through guaranteed policy bindings; and promoting trade and development through progressive liberalization. (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO, 2012 c).6

O Acordo Geral sobre Comércio de Serviços (GATS) foi criado com a intenção de desenvolver a economia mundial com o crescimento do comércio de serviços, facilitando a participação dos países em desenvolvimento no comércio de serviços e incentivando suas exportações. De forma transparente, o intuito era o de promover o crescimento econômico de todos os membros, respeitando o interesse de cada um, com o objetivo de alcançar um equilíbrio geral. Para tanto, instituiu-se que todos os membros possuiriam os mesmos direitos e obrigações. Os serviços foram definidos, segundo Noronha (1994), em 1990, como: Telecomunicação; Construção; Transporte; Turismo; Serviços financeiros; e Serviços profissionais. (BRASIL, 2012b; NORONHA, 1994).

De acordo com o Ministério das Relações exteriores, os serviços podem ser utilizados em vários setores da economia, exceto:

[...] no exercício da autoridade governamental. Um serviço prestado no exercício da autoridade governamental significa qualquer serviço que não seja prestado em bases comerciais, nem em competição com um ou mais prestadores de serviços. (BRASIL, 2012b).

Apesar de sua discrição, o setor de serviços representa 60% da produção mundial e não deve ser desprezado. Algumas atividades que pareciam figurar somente para o âmbito do mercado doméstico, como os serviços não tradicionais, têm sido cada vez mais internacionalizadas, consoante apontam Galvão e Catermol (2008): “A participação dessas categorias no comércio mundial de serviços aumentou de 35%, em 1980, para 37%, em 1990, e para 51%, em 2007”. Isso continuará acontecendo com a chegada de novas tecnologias de

6Tradução nossa: A criação do GATS foi um dos marcos da Rodada Uruguai, cujos resultados entraram em

vigor em janeiro de 1996. O GATS foi inspirado essencialmente pelos mesmos objetivos do comércio de mercadorias, o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT): a criação de um sistema credível e confiável de regras comerciais internacionais; Assegurar tratamento justo e equitativo de todos os participantes (principio da não descriminação); atividade estimulante através de ligações políticas garantidas, econômicas e de promover o comercio e o desenvolvimento através da liberalização progressiva.

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transmissão como serviços bancários eletrônicos, tele-saúde e tele-educação. (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO, 2012c).

O GATS possui quatro modos de fornecimento de serviços:

Cross-border trade, consumption abroad, commercial presence, and presence of natural persons. Cross-border supply is defined to cover services flows from the territory of one Member into the territory of another Member (e.g. banking or architectural services transmitted via telecommunications or mail); Consumption abroad refers to situations where a service consumer (e.g. tourist or patient) moves into another Member's territory to obtain a service ;Commercial presence implies that a service supplier of one Member establishes a territorial presence, including through ownership or lease of premises, in another Member's territory to provide a service (e.g. domestic subsidiaries of foreign insurance companies or hotel chains); and Presence of natural persons consists of persons of one Member entering the territory of another Member to supply a service (e.g. accountants, doctors or teachers). The Annex on Movement of Natural Persons specifies, however, that Members remain free to operate measures regarding citizenship, residence or access to the employment market on a permanent basis. (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO, 2012c).7

Com a percepção, pelos países mais desenvolvidos, de que o setor terciário tem papel fundamental em seus balanços de pagamentos, tais nações resolveram discutir mais amplamente sobre o assunto, o que culminou na criação do Acordo Geral Sobre Serviços (GATS), que, por sua vez, proporcionou a abertura comercial dos serviços para que todos os países pudessem usufruir e se desenvolver de forma igual e sem discriminação. Dessa forma, o comércio mundial de serviços tem se tornado parte importante nas negociações internacionais. Com uma maior abertura comercial e o desenvolvimento de tecnologias, o setor vem crescendo mundialmente, fazendo com que serviços não tradicionais, denominados pela Organização Mundial do Comércio como “outros”, também pudessem ser exportados. Em atenção às finalidades deste estudo, ressalte-se que os serviços dos modelos profissionais brasileiros que prestam serviço no exterior são enquadrados como serviços não tradicionais, 7Tradução nossa: Comércio transfronteiriço, o consumo no exterior, a presença comercial e presença de pessoas

singulares. Transfronteiriça de abastecimento é definida para cobrir os fluxos de serviços a partir do território de um Membro para o território de outro Estado-Membro (por exemplo: serviços bancários ou serviços de arquitetura transmitidos através de telecomunicações ou e-mail); Consumo no exterior se refere a situações em que o consumidor de serviços de um membro (turismo, por exemplo, ou paciente) move-se para o território de outro membro para obter um serviço; Presença comercial ocorre quando um prestador de serviços de um membro estabeleçe presença territorial, através da propriedade ou arrendamento de instalações no território de outro Membro para prover um serviço (por exemplo: subsidiárias nacionais de companhias de seguros estrangeiras ou cadeias de hotéis); e Presença de pessoas singulares que consiste em pessoas do mesmo Membro de entrar no território de outro Estado-membro para fornecer um serviço (por exemplo, contadores, médicos ou professores). O anexo sobre a Circulação de Pessoas Naturais especifica, no entanto, que os membros continuam a ser livres para operar as medidas relativas à cidadania, residência ou o acesso ao mercado de trabalho em uma base permanente.

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os quais geram empregos e divisas para os países e que precisam ser analisados com seriedade, pois fazem parte de seu crescimento econômico.

2.4 COMÉRCIO EXTERIOR DE SERVIÇOS

Com o crescimento constante do setor de serviços, tanto no ambiente interno como no externo, os países começaram a perceber que exportação de serviços traria grandes beneficios. Mesmo estando abaixo das exportações de bens, o comércio exterior de serviços tem ganhado espaço e provado seu potencial de comercialização.

Com relação ao comércio exterior, Soares (2004, p. 8) declara:

Devido à sua natureza multidisciplinar, inúmeros podem ser os conceitos de comércio exterior e em cada área do conhecimento pelo qual a matéria é observada se elabora um conceito específico. Assim, um economista poderia conceituar o comércio exterior como as relações de troca entre os agentes econômicos visando á obtenção de lucro. Um administrador de empresas pode analisar uma operação de compra e venda internacional como um processo que se inicia com um negócio e termina nos aspectos contábeis da operação. Um jurista poderia conceituar uma operação de comércio exterior como um ato jurídico formalizado, a partir da vontade dos contratantes, por meio de um contrato que gera obrigações e direitos às partes e, eventualmente, a terceiros.

A despeito de os países desenvolvidos possuírem um grau mais opulento no setor terciário, que proporciona melhores níveis de vida e emprego, nos países de menor renda, os serviços também estão presentes. Segundo Amaral (2002), nos países mais ricos, 70% de seu PIB é derivado dos serviços; nos países de renda média, mais da metade de tal índice, e nos países de menor renda, mais de um terço do PIB decorre dos serviços. Ainda que os países desenvolvidos dominem grande parte das exportações de serviços, países como a China e Índia vem se destacando significativamente. Galvão e Catermol (2008) afirmam que, no ano de 2007, China e Índia estiveram entre os 12 maiores exportadores de serviços do mundo, enquanto que o Brasil ocupava a 31ª posição, apesar de sua considerável extensão territorial. Mesmo assim, é evidente a presença do setor terciário na economia brasileira. Segundo Lopez (2005), os serviços representam 55% do PIB brasileiro, e, em 2001, essa porcentagem chegou a 56%.

Os serviços são decisivos para comparação do grau de desenvolvimento entre os países, pois o conhecimento permite aperfeiçoar o grau de competitividade de cada nação. No Brasil, os serviços remuneram melhor, gerando a maior parte dos empregos, o que significa

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