• Nenhum resultado encontrado

DISSERTAÇÃO Jorge Barbosa

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2019

Share "DISSERTAÇÃO Jorge Barbosa"

Copied!
119
0
0

Texto

(1)

Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Ciência Política e Relações Internacionais, realizada sob a

(2)
(3)

There is no terror in the bang, only in the anticipation of it."

(4)

AGRADECIMENTOS

Um agradecimento especial ao Professor Doutor António Horta Fernandes, orientador da presente dissertação, pelo douto direcionamento, disponibilidade e incentivo prestado.

As palavras serão sempre escassas para agradecer à minha família pelo suporte, compreensão e condições proporcionadas, numa altura em que o tempo é escasso e a disponibilidade valiosa.

(5)

Terrorismo - Consequências económicas numa análise setorial

Jorge Manuel Lourenço Barbosa

RESUMO

Este trabalho procura responder à questão “Quais as consequências provocadas pelo fenómeno terrorismo na economia dos Estados?”. Através de uma visão construtivista, descreve os potenciais setores económicos a serem afetados pelo terrorismo, analisando, e indicando os limites e a extensão dos danos por este provocados, distinguindo os setores económicos mais abrangidos, os que carecem de maior recuperação, e os que têm apresentado desenvolvimento positivo com o terrorismo. Expõe ainda os seus efeitos em economias mais fortes face aos efeitos em economias mais frágeis, distinguindo os Estados geográfica e governamentalmente mais afetados, e onde as consequências são maiores.

(6)

ABSTRACT

This work seeks to respond to the question "What are the consequences caused by phenomenon of terrorism on the economy of the State?”. Through a constructivist view, describes the potential economic sectors affected by terrorism, analyzing and indicating the limits and the extent of the damage caused, distinguishing between the economic sectors most affected, which require greater recovery, and those who have submitted positive development with terrorism. Exposes yet, the comparison of effects in stronger and weaker economies, distinguishing the States, geographical and governmentally more affected, and where the major consequences are.

(7)

ÍNDICE

Introdução ... 1

Capítulo I – Terrorismo I.1. Conceito ... 9

I.2. Linha Construtivista ... 18

Capítulo II – Análise económico-setorial II.1. Processo de Identificação ... 25

II.2. Mercados Financeiros ... 27

II.3. Seguros ... 36

II.4. Turismo ... 44

II.5. Transportes ... 50

II.5.A -Transportes coletivos de passageiros II. 5.A.1 - Transporte aéreo ... 50

II. 5.A.2 - Outros Transportes Coletivos ... 55

II. 5.B. - Transportes mercadorias II. 5.B.1. Terrestre e Aéreo ... 58

II. 5.B.2 Marítimo ... 60

II.6.Segurança ... 64

II.7. Tecnologia ... 71

Capítulo III – Análise Politico Geográfica III.1. Dispersão geográfica ... 76

III.2. Dispersão governamental ... 83

Conclusões ... 87

(8)

LISTA DE ABREVIATURAS

ASEAN - Associação de Nações do Sudoeste Asiático

EUA – Estados Unidos da América

OECD (OCDE) - Organisation for Economic Co-operation and Development (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico)

IFM – Instituição Financeira Monetária

PIB – Produto Interno Bruto

RI – Relações Internacionais

(9)

1

INTRODUÇÃO

A minha inscrição no Mestrado de Ciência Política e Relações Internacionais (RI), na área de especialização de Relações Internacionais, lecionado na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, teve como principal objetivo alcançar competências académicas na área, permitindo-me obter um complemento, que entendo como necessário, à minha formação académica de base, nomeadamente à licenciatura em Gestão. Assim, no âmbito da componente não letiva do mestrado, apresenta-se a dissertação intitulada “Terrorismo - Consequências

económicas numa análise setorial”.

Registe-se que a presente dissertação nasce da motivação pessoal em abordar o fenómeno Terrorismo, enquadrando-o na área das RI, referenciando-o como sendo atualmente a maior ameaça à segurança dos Estados, cruzando-o com a área económica, numa análise micro económico setorial.

O conceito de segurança deve ser aplicado à segurança do Estado – em termos de território e suas instituições – e à segurança daqueles que representam a sua territorialidade e institucionalidade. Uma situação de segurança ou insegurança é definida em relação às suas vulnerabilidades, tanto interna quanto externa, que ameacem ou tenham o potencial de derrubar, ou enfraquecer, as estruturas do Estado.

(10)

Mas o conceito de Segurança tem sofrido alterações, alargando a sua abrangência de proteção dos interesses vitais de um inimigo comum, orientando-se para uma multiplicidade de riscos, resultado de uma turbulência de ameaças difusas na forma, espaço e atores.

A dissertação aqui apresentada tem o objetivo de estudar, numa análise económico-setorial, e utilizando uma abordagem construtivista, o impacto dos dados perpetuados pelo terrorismo em geral, na economia de um país. Procura-se a resposta à pergunta “Quais as consequências económicas de ataques perpetuados pelo terrorismo num Estado?”.

Face a esta questão levanta-se a hipótese da existência de consequências que se pretende confirmar e descrever. Pretende assim esta dissertação aplicar uma perspetiva económica a um problema eminentemente político, num cenário que envolve vitimas, alvos e governos ou instituições. A divisão económica aqui estudada retrata as áreas de atuação dos diferentes agentes económicos, em setores micro económicos, específicos, que sofrem alterações no seu comportamento e atividade económica, com as ações realizadas por organizações terroristas, como Transportes, Seguros, Segurança, entre outros. Não se refere este trabalho à divisão de Clark e Fourastié em setor primário, secundário e terciário1, mas às atividades económicas como um conjunto de funções de produção de bens e serviços, consumo e distribuição.

Ao elaborar esta dissertação, foi necessário através de observação indireta utilizar principalmente fontes secundárias e descritoras. A tipologia de pesquisa utilizada foi simultaneamente qualitativa e descritiva. A norma de citação bibliográfica utilizada foi a de Harvard.

Sempre que aqui se recorre a textos publicados em línguas diferentes do português ou a cuja tradução não houve acesso, optou-se por fazer as respetivas traduções e acompanhá-las dos textos originais colocados em nota de rodapé.

(11)

3

A vasta literatura do tema incide sobretudo na prevenção, no modo de combater o terrorismo a montante, procurando principalmente compreender as razões que lhes estão subjacentes, o seu financiamento e os seus diversos modus

operandis. Encontramos igualmente documentação sobre estratégias criadas como

resposta, que geralmente são elaboradas no âmbito da prevenção, proteção abrangente e proporcional à ameaça terrorista internacional.

Relativamente ao resultado a jusante, numa análise às consequências do terrorismo, apesar de abordado com alguma frequência, não existe uma literatura vasta. A literatura existente assenta principalmente em relatórios governamentais,

working papers de organizações internacionais, e em alguns estudos realizados a nível

académico. É, principalmente, escassa a informação sobre os efeitos a longo prazo do terrorismo no mundo económico.

Na pesquisa detetou-se que o número de incidentes terroristas e o número de vítimas mortais são os indicadores utilizados com maior frequência nestes estudos. No entanto, constata-se que estes são indicadores muito latos na sua abrangência com tendência para distorcer resultados, uma vez que são considerados dados estatisticamente com o mesmo valor mas que na realidade podem ter consequências díspares. A título de exemplo, considera-se um ataque de dimensão significativa, como as bombas na Estação da Atocha (Madrid), contabilizado em número de ocorrências, figura com o mesmo valor estatístico que a detonação de um pequeno engenho explosivo numa rua deserta em Montevideo. De igual forma, frequentemente são contabilizadas apenas as vítimas mortais, desprezando o número de indivíduos que sofreram ferimentos em resultado da ação perpetuada.

(12)

Não tem sido unânime a sua definição, e existem algumas variações na sua definição conforme descrito na primeira parte do Capitulo I. O tema conjuga ciências como política, psicologia, filosofia, história ou estratégia militar, que envolto em aspetos emocionais intrínsecos, como o medo imposto pelo uso da violência voluntária, nos provoca a atenção quando abordado, pois os seus danos podem ser vastos: psicológicos, económicos, estruturais, etc.

Certo é que a violência tem sido usada como instrumento de guerra desde o início da humanidade. No entanto aqui a violência é usada não só contra alvos militares como também sobre alvos civis, com a finalidade de provocar o pânico entre

as populações. Esta escolha de alvos civis diferencia o terrorismo de outros tipos guerras ou guerrilhas?

Findo o sistema internacional de guerra fria, que refletia uma conjuntura mundial bipolar de oposição dos Estados Unidos da América (EUA) à ex. União Soviética, quando se esperava uma nova era de paz, com a imposição de um sistema de subordinação à cultura e ideologia ocidental, assume relevância o modelo de conflito aqui estudado. Minorias que se sentiam alegadamente massacradas e subjugadas por Estados emergem então, num novo espaço, utilizando o terrorismo como forma de se fazerem ouvir, assumindo um especial destaque, desde então, o ressurgimento do extremismo religioso islâmico.

A perceção de um novo modelo de conflito, com a violência dirigida a terceiros, leva-nos através de uma abordagem próxima do Construtivismo, a procurar enquadrar o Terrorismo e os seus efeitos, na orientação política de uma nação, e nas Relações Internacionais (RI), conforme descrito na segunda parte do capítulo I.

(13)

5

comportamentos não são previsíveis nem racionais, o que dificulta o seu entendimento.

Utiliza-se a corrente construtivista como corrente que se afigura mais adequada à análise do terrorismo nas RI, refletindo na sua análise às RI, uma visão como se as mesmas ocorressem dentro de uma sociedade cujas normas e agentes se influenciam mutuamente. Aqui as estruturas são formadas por ideias, conhecimento e cultura, que embora conservadora, aceita uma mudança por parte da contestação dos seus portadores.

O capítulo II procura responder à pergunta de partida, analisando as várias consequências económicas derivadas de um ataque terrorista, numa visão microeconómica sectorial.

A existência de uma ação terrorista, implica a existência de vítimas, alvos, instituições ou governos. Embora as organizações terroristas divulguem o seu primeiro objetivo como político, a verdade é que produzem outras consequências. Num primeiro nível podemos referir que a integridade física da vida humana e a destruição material efetuada, são danos físicos imediatos e os que mais captam a atenção do público em geral. A estes é possível adicionar os danos psicológicos que, com repercussões com diferentes intensidades, encontram-se igualmente num grupo geralmente denominado como consequências ou efeitos diretos.

(14)

abrangendo da pequena empresa às empresas com expressão internacional, e refletindo o setor público em geral. Procura ainda a dissertação relevar que, em oposição a estes setores, existem outros nos quais se reflete de forma positiva a ocorrência destas situações de crise, descrevendo-se e expondo o aumento na sua procura.

Independentemente do sucesso de uma forte resposta política, e da eficácia das medidas tomadas no imediato, não devem ser subestimadas as implicações dos ataques a médio e longo prazo, dada a existência de danos só percetíveis com o passar do tempo. Após o conturbado momento inicial, a médio e longo prazo é possível

elencar e distinguir os efeitos reais de qualquer ataque, descrevendo as usualmente denominadas consequências ou efeitos indiretos, de forma a responder assim à pergunta inicialmente formulada.

Note-se que o verdadeiro impacto, ou seja o total das consequências económicas a apurar, resulta de uma soma de consequências, diretas com indiretas. Numa sequência temporal, podemos ordenar esta relação causa efeito por quatro momentos sucessivos e distintos: a ação, o primeiro impacto (o que provoca consequências diretas), um segundo impacto (o que provoca consequências indiretas) e por último um balanço do impacto total da ação na economia, refletindo assim a soma das consequências diretas com as indiretas.

(15)

7

Qualquer Estado com representações diplomáticas, ou organizações empresariais, de países considerados inimigos das organizações terroristas internacionais, é uma nação que assume o papel de potencial alvo destas organizações, o que automaticamente implica que o seu sistema económico-financeiro se assume de imediato como um ponto nevrálgico que precisa de estratégias para se defender.

Mas as sociedades diferem umas das outras. Embora muitas vezes exista um efeito de proximidade num processo de globalização cada vez mais presente, existem diferentes origens culturais, étnicas, religiosas e nacionais. Os efeitos aqui

genericamente levantados não tem uma repercussão igual em duas nações distintas. Dadas estas diferenças, procura o autor no capítulo III efetuar uma análise genérica dos efeitos verificados em países desenvolvidos comparando-os com os efeitos ocorridos em países em vias de desenvolvimento, estabelecendo um paralelismo entre a capacidade económica de uma nação e a sua capacidade de recuperação face à concretização dos objetivos terroristas. Embora seja certa a inexistência de um indicador exato que permita avaliar com precisão a reação de uma nação aos impactos das ações terroristas na capacidade económica, é possível elencar alguns contrastes na forma de lidar com o terrorismo e distinguir os modos de enfrentar as suas consequências. Reflete ainda este capítulo uma análise politico geográfica, descrevendo a dispersão geográfica do fenómeno e a sua expressão nos diversos regimes governamentais.

(16)

territorialmente fixados, bem-sucedidos e vinculados a sociedades de baixa complexidade no domínio da segurança.

Foram identificados e definidos por legisladores, investigadores e profissionais de segurança, diferentes tipos de terrorismo. Classificados de diversas formas, de acordo com o tipo de agentes de ataque usado (ex. cibernético, biológico), pelo que defendem (ex. Ecoterrorismo), ou pelos atores envolvidos (ex. Estado, politico, económico), etc. Mas todos partilham vetores comuns de violência e destruição da propriedade alheia, sempre com o objetivo de espalhar o medo nas sociedades civis.

Pensar-se em conseguir parar este fenómeno num curto espaço de tempo é adotar uma visão irrealista do problema. O conceito passou a ser encarado numa visão mais ampla e complexa, que procura agora unir esforços da comunidade internacional, numa dimensão global, na guerra contra o terrorismo e os seus fundamentos. Existe a preocupação generalizada de criar mecanismos reguladores, que possam acorrer às situações de instabilidade, por forma a limitar as suas consequências. Neste crescendo de preocupação, o seu estudo assumiu igualmente outra relevância no estudo das RI, encontrando agora outra importância nas relações entre Estados, empresas e sociedades.

(17)

9

Capitulo I –TERRORISMO I.1 Conceito

O conceito de terrorismo está longe de ser estanque. Não existe uma definição única, e encontram-se com facilidade numerosas definições utilizadas por entidades oficiais e investigadores.

Integrando um pouco o entendimento do tema na História recente, de modo a compreender melhor o seu conceito, podemos começar por referir que o terrorismo internacional tornou-se uma matéria relevante nas RI no final da década de 60 e início de 70, quando os desvios aéreos se tornaram a tática mais utilizada nas suas ações. Durante essa década e a seguinte, o terrorismo, de forma gradual, foi se revelando ao mundo como um cenário de atos simbólicos de violência, frequentes, teatralizados por parte de grupos organizados que alegavam queixas de políticas específicas. Nessas queixas, transmitia-se inclusive a ideia de vingança sobre as autoridades soberanas. Na definição de terrorismo de Norberto Bobbio, aqui escolhida por se mostrar uma base para uma descrição mais pormenorizada e retratar os móbeis alegados pelas organizações terroristas, encontramos espelhado esse sentimento de vingança:

“O terrorismo, que não pode consistir um ou mais atos isolados, é a

estratégia escolhida por um grupo ideologicamente homogéneo, que desenvolve a sua luta clandestinamente entre o povo para convencê-lo a recorrer a ações demonstrativas que têm, em primeiro lugar, o papel de

‘vingar’ as vítimas do terror exercido pela autoridade e, em segundo lugar, aterrorizar esta última.” (1996: 1242)

(18)

ataques impor formas de terror sobre as autoridades, com o intuito final de convencer as populações das suas capacidades e convicções.

Seria, no entanto, nos anos 90 que grupos extremistas como Al Qaeda, Hamas ou Hezbollah, vieram mostrar um terrorismo de militância extrema fundamentado em motivos religiosos.

Com a influência ocidental acelerada e desigual das últimas décadas, o processo de globalização, cada vez mais abrangente, foi gradualmente impondo a uma franja específica da população mundial determinadas conjunturas, com as quais estes não se encontravam familiarizados, o que acabaria por lhes provocar exclusão socioeconómica e o sentimento de intromissão nas suas raízes culturais.

Essas sociedades, pelo facto de serem desprovidas de antecedentes, e sem uma rota de saída, encontram no plano transnacional o terrorismo fundamentalista. Passaram a utilizá-lo como uma forma de combate unilateral contra a cultura ocidental e sem qualquer preocupação com o direito à diferença, provocando severos repúdios nas sociedades alvo. O terrorismo desenvolveu-se como contraponto ao poder dominante, como presença ameaçadora e difusa, agindo pela surpresa, disseminando medo e destruição. Assume-se como principal ameaça o ressurgimento do extremismo religioso islâmico.

Estas organizações, que nas décadas de 60 a 80 do século passado se identificavam com uma determinada nacionalidade, atualmente, com a sua capacidade de se organizar e agir baseadas em diferentes pontos do globo, determinaram esta forma de terrorismo como terrorismo transnacional. A permeabilidade das fronteiras e a maior liberdade de movimentos alcançada no âmbito dos acordos de integração e cooperação, facilita a mobilidade e a capacidade de ação destas organizações. Este caráter transnacional é igualmente assumido pela envolvência de vítimas ou alvos de várias nacionalidades quando resultantes da mesma ação.

(19)

11

engenhos explosivos complexos, detonados sem a presença do terrorista, foram os cintos de explosivos amarrados ao corpo, usados geralmente para se despoletarem em locais muito frequentados.

O expoente destas ações suicidas viria a ser em 2001, o 11 de Setembro, com a utilização de algumas aeronaves como forma suicida, provocando avultados danos, únicos e sem precedentes. A dimensão da violência utilizada, nunca antes vista na história das sociedades ocidentais, viria a mudar a pauta das Relações Internacionais, assumindo nessa altura uma importância primordial.

Como referiu Friedman, “O 11 de setembro (...) eregiu entre pessoas novos muros de cimento armado, invisíveis, numa altura em que acreditávamos que se encontravam derrubados para sempre” (2005, 479)

Figura 1: Número de incidentes terroristas e vítimas mortais 1968-2003

(20)

A supremacia americana e o mundo ocidental descobriram da pior forma um novo inimigo. Iniciaram-se, então, inúmeras indagações feitas pela sociedade internacional às raízes e finalidades dos grupos terroristas, até então pouco conhecidos, com origem desconhecida. O espectro de novos atentados veio despertar no Ocidente um sentimento de medo até então inexistente. Acresce que, as populações perceberam que o número de ataques diminuiu mas os ataques efetuados passaram a ser cada vez mais letais, conforme se pode observar na figura 1.

Numa abordagem ao conceito através de uma forma simplista, podemos referir

a definição de Jenkins: “Terrorismo é o uso ou ameaça de uso de força projetado para trazer a mudança política” (1984:201)2

. Efetivamente, a argumentação das organizações terroristas têm sido efetuada nesse sentido, justificando as suas ações com o argumento que a força usada visa a mudança política.

A este conceito podemos acrescentar o aspeto da ilegalidade da ação, como Walter Laqueur refere “O terrorismo constitui o uso ilegítimo da força para alcançar

um objetivo político, quando pessoas inocentes são alvo”3 (1987:72). Este ponto de vista traz-nos a ilegalidade dos atos ao conceito, efetuados marginalmente aos sistemas e às normas por estes definidas.

Podemos constatar que o terrorismo assenta efetivamente numa base de ataques premeditadamente estudados, perpetuados contra Estados, cujos objetivos são geralmente políticos, religiosos ou ideológicos, conforme a definição usada no Departamento de Defesa dos EUA: "O uso calculado da violência ou a ameaça de violência para incutir medo, com a intenção de coagir ou intimidar governos ou

2Tradução pelo próprio: No original, “Terrorism is the use or threatened use of force designed to bring

about political change.”

(21)

13

sociedades, na busca de objetivos que são geralmente políticos, religiosos ou ideológicos"(2010:266)4.

Reforçando esta definição e as anteriores, podemos evidenciar o carácter não militar dos alvos escolhidos, que nos traz a dimensão do terror diretamente aplicada sobre as populações, conforme definido no The Code of Laws of the United States of America: “Violência premeditada, politicamente motivada perpetrada contra alvos não-combatentes por grupos subnacionais ou agentes clandestinos, normalmente com a intenção de influenciar uma audiência"5 (2012:2656f) A característica aqui referida, de não distinção entre alvos militares ou civis, ou a visão de atingir premeditadamente os civis, com o fim de provocar o pânico entre as populações, vem distinguir o terrorismo de outras formas de atuação armada.

Neste sentido e expurgando ainda o tema, no entendimento progressivo do conceito, podemos ir mais além, e analisar a definição de Horta Fernandes:

“O terrorismo será o conjunto de atos sistemáticos, seletivos ou indiscriminados, de inspiração diversa, que tem como objetivo a violência pela violência, através da qual se procura ir ao encontro de determinados

móbeis no campo político” (2010: 250).

Na interpretação desta definição podemos descredibilizar as ações dos terroristas e os seus objetivos, interrogando as suas convicções, e até questionar o terrorismo em si, indicando a ação terrorista como violência pela violência que secundariamente encontra frágeis argumentos para sua justificação.

Note-se que o recurso ao terrorismo deveria ser a ultima ação após intentar negociar com o poder dominante, mas atualmente as organizações que o praticam não o fazem, pois é entendido que os fins de libertação justificam os meios utilizados. As

4 Tradução pelo próprio No original, “The calculated use of violence or the threat of violence to inculcate

fear; intended to coerce or to intimidate governments or societies in the pursuit of goals that are generally political, religious, or ideological.”

5

(22)

organizações terroristas atuam como sujeitos coletivos, valorizando os seus atos, assumindo a autoria dos mesmos, desafiando o poder e a ordem dominante.

“O terrorismo constrói sua identidade a partir do ato corajoso de dizer a

verdade sobre o atentado. Sua verdade reside, não só no poder de praticar a violência, como no poder de enunciar o ato praticado – identidade entre ação e autoria” (Wellausen, 2002:99).

Os meios de comunicação social e o desenvolvimento tecnológico contribuem para que a globalização se torne um fenómeno cada vez mais presente. Estes fatores passaram a ser fundamentais no desenvolvimento do terrorismo no plano das relações transnacionais.

“Não é que o terrorismo seja novidade, é o facto de o terrorismo ser agora

possibilitado por tecnologias de informação que lhe permitem fazer mais do

que no passado” (NYE, 2011: 186).

Os meios de comunicação social colaboram não só estando presentes no processo de divulgação dos factos, atraindo a atenção do telespectador aos noticiários diários, mas tem igualmente um papel preponderante na formação da opinião pública em geral. Com a necessidade premente de elaborar comentários, ou fomentar debates do tema a qualquer custo, acabam por divulgar imagens e noticias, que ajudam a expansão dos motivos que as organizações terroristas alegam. Desta forma, contribuem para um dos principais objetivos terroristas, a difusão do próprio medo. E quanto maior é a violência das ações ou quanto maior for a destruição causada, mais os meios de comunicação social referem e difundem o tema.

Sabendo utilizar esta publicidade, as organizações terroristas escolhem nomes e logos de modo a esconder o termo terrorismo. Invocam imagens e slogans de liberdade e intitulam-se movimentos de defesa.

(23)

15

Com o desenvolvimento tecnológico, também as ações terroristas evoluíram, não só aumentando o seu poder de destruição como também progredindo na forma de o fazer. Hoje é possível a um membro de uma dessas organizações, com o simples acesso à Internet, e com transações de capital dissimuladas no mundo virtual, obter verdadeiros arsenais bélicos ou montar armas com grande poder destrutivo. Inclusive, entre elas, armas químicas e biológicas.

Esta é uma das formas que as organizações terroristas adquiriram, com a capacidade de funcionar de modo descentralizado, ao espalhar as suas células pelo mundo, explorando a permeabilidade das fronteiras nacionais, potenciando o efeito

surpresa, conseguindo assim obter efeitos de maior escala a um nível global.

Ainda com o desenvolvimento tecnológico, e com o aparecer do ciberespaço, como um espaço que não existe fisicamente, mas presente no mundo das comunicações, o Ciberterrorismo assumiu-se perentoriamente como uma das problemáticas emergentes, com os ciberataques a ocorrerem cada vez com maior frequência, o que tem suscitado entre o tradicional sistema de Estados soberanos uma forte preocupação. Constituí um tipo de ameaça que, tal como alguns atores considerados maliciosos, desenvolve atividades que cruzam fronteiras políticas sem grandes impedimentos, e que, com isso, obstam as respetivas atividades de vigilância, prevenção e punição. As redes de informação com ligações cibernéticas oferecem aos terroristas a hipótese de atingirem objetivos maliciosos nas infraestruturas críticas de um Estado, criando o terror sem necessidade de ataques físicos ou a forma bombista tradicional.

A definição de terrorismo usada pelos Serviços de Informação Britânicos MI5 inclui exatamente o ataque ou a intenção, de provocar a interferência ou a interrupção a infraestruturas baseadas em sistemas eletrónicos:

“O uso ou a ameaça de uma ação, concebidos para influenciar o governo

(24)

causa política, religiosa, racial ou ideológica, e que envolve ou provoca: violência grave contra uma pessoa, sérios danos numa propriedade, uma ameaça para a vida de uma pessoa, um risco grave para a saúde e a segurança do público, ou grave interferência ou interrupção de um

sistema eletrónico”6

(2013:1)

É possível verificar a existência de uma enorme quantidade de definições, diversas no conteúdo, assumidas por entidades oficiais e autores dedicados. Um estudo do tema (Schmid and Jongman, 2005: 5-6)7 elenca os elementos mais usados nas definições do mesmo, ordenando-os da forma seguidamente apresentada, onde se projeta a violência como o elemento mais habitual:

1. Violência e força 83.5%

2. Política 65.0%

3. Medo, terror enfatizado 51.0%

4. Ameaça 47.0%

5. Efeitos psicológicos e reações por antecipação 41.5%

6. Diferenciação vítima-alvo 37.5%

7. Ação intencional, planeada, sistemática e organizada 32.0% 8. Método de combate, estratégia, tática 30.5% 9. Fora da normalidade, em violação das regras,

sem constrangimentos humanitários 30.0%

10. Coação, extorsão 28.0%

6

Tradução pelo próprio. No original: The use or threat of action designed to influence the government or an international governmental organization or to intimidate the public, or a section of the public; made for the purposes of advancing a political, religious, racial or ideological cause; and it involves or causes: serious violence against a person; serious damage to a property; a threat to a person's life; a serious risk to the health and safety of the public; or serious interference with or disruption to an electronic system.

7 Tradução pelo próprio. No original 1.Violence, force 83.5% 2. Political 65% 3. Fear, terror emphasized

(25)

17

Conclui ainda o estudo que as definições assentam usualmente sobre quatro pilares: o perpetuador, a vítima, os objetivos e intenção do perpetuador, e os meios e os métodos usados no seu alcance.

Apesar da falta de consenso, a dificuldade em definir o tema terrorismo começa pelas mutações que os móbeis e as ações que o definem têm sofrido ao longo do tempo. O seu significado e o uso da palavra, têm sido modificado com as alterações comportamentais das organizações terroristas, cada vez menos cooperantes, mas mais extremistas e por vezes com exigências vagas ou inexistentes.

Como menciona Wellausen e exprimindo uma forte necessidade de afirmação,

“de uma forma ou de outra, o terrorismo é sempre a quebra da ordem imposta pelo poder dominante” (2002:89).

Quadro I:resumo das definições identificadas no enquadramento do tema

Ano

Autor

Definição

1984 Brian Jenkins Terrorismo é o uso ou ameaça de uso de força projetado para trazer a mudança política

1987 Walter Laqueur

O terrorismo constitui o uso ilegítimo da força para alcançar um objetivo político, quando pessoas inocentes são alvo

1996 Norberto Bobbio

O terrorismo, que não pode consistir num ou mais atos isolados, é a estratégia escolhida por um grupo ideologicamente homogêneo, que desenvolve a sua luta clandestinamente entre o povo para convencê-lo a recorrer a ações demonstrativas que têm, em

primeiro lugar, o papel de ‘vingar’ as vítimas do terror exercido

pela autoridade e, em segundo lugar, aterrorizar esta última.

2010 Horta Fernandes

(26)

Elaboração própria

I.2- Linha construtivista

A queda do Muro de Berlim, em 1989, marcou o fim da guerra fria. Era o fim da oposição criada entre duas ideologias políticas dominantes, a democracia liberal e o comunismo marxista-leninista. Previa-se uma vitória da ideologia ocidental establecendo o início de uma nova era de paz mundial. No entanto, as fontes de poder que até então se encontravam bipolarizadas, acabam por se disseminar com o aparecer de novos centros de poder. Começava uma nova era nas relações internacionais. O entusiasmo inicial baseado na perspetiva do fim das eras de violência e o projetar uma ordem estabelecida de paz duradoura no plano das Relações Internacionais desfez-se.

As ameaças e os riscos tornam-se difusos, indiretos, multissetoriais, tendo origem numa enorme panóplia de atores, incluindo os não estatais. Aparecem então pequenas fações populacionais que se consideravam massacradas e subjugadas por 2010

Departamento de Defesa dos EUA

O uso calculado da violência ou a ameaça de violência para incutir medo, com a intenção de coagir ou intimidar governos ou sociedades, na busca de objetivos que são geralmente políticos, religiosos ou ideológicos

2012

The Code of Laws of the United States of America

Violência premeditada, politicamente motivada perpetrada contra alvos não-combatentes por grupos subnacionais ou agentes clandestinos, normalmente a intenção de influenciar uma audiência

2013 MI5

(27)

19

adotar novas estratégias. Foi assim criada a oportunidade para estes não detentores de poder, se mostrarem e se fazerem ouvir.

Como menciona Caldas Neto

“O quadro da anunciada vitória cultural da ideologia ocidental - e a pretensa visão de imposição de um sistema mundial de subordinação hierarquizada - não se mostrou capaz de inibir o fenómeno, também pós-guerra fria, de reindigenização das culturas não ocidentais, mediante o resgate dos valores civilizacionais tradicionais” (2008: 2).

A política global, na essência da sua natureza, sofreu assim, gradualmente, mutações, constantes nos últimos vinte anos. Um conjunto de conceitos com novos ideiais, tendia a desempenhar um papel vital de influência e obrigava os atores a comportarem-se de uma forma sem precedentes. Conforme aqui já mencionamos, um dos fenómenos mais emblemáticos nesta matéria de crescente complexidade, tem sido o contemporâneo terrorismo transnacional. Neste novo espaço, o terrorismo, desprovido de barreiras paradigmáticas, ética ou legalidade, veio mostrar um novo modelo, teoricamente para resolução de tensões, apresentando uma forma surpreendente e chocante de utilização da violência.

(28)

existência de uma espécie de modelo de reivindicar ou insurgir contra ordens políticas constituídas, de dimensão transnacional. O terrorismo define-se como um ator em constante mudança, com uma identidade e interesses que não são permanentes. Acresce que por vezes quer o objetivo quer o comportamento destes atores não são racionais à luz do pensamento ocidental, o que dificulta ainda mais o seu entendimento.

As teorias realistas das Relações Internacionais (Morgenthau, Kissinger, Waltz) entendem o Estado como Soberano, ator unitário e a segurança nacional (da soberania, das suas fronteiras, dos valores e interesses do Estado) como o principal

nível de segurança, num sistema anárquico internacional onde o conflito dominante é interestadual.

“No Realismo o Estado atua racional e utilitariamente como ente autónomo,

com os seus próprios interesses dentro de um sistema de Estados soberanos”8 (Molloy, Sean:2006;76)

Assume esta corrente a existência de uma separação marcada entre segurança interna e externa, quer a nível político quer a nível operacional. No plano da manutenção e defesa da integridade territorial, os Estados perante o inimigo externo, entendem como fundamental reforçar as forças armadas, especialmente, na defesa e/ou ataque estratégico.

Mas este novo ator, de perfil transnacional, traz-nos a rotura com as bases históricas do realismo ao retirar aos Estados a condição de centro decisório das políticas internacionais. É uma constatação que o poder centrado em alianças e ações militares convencionais das teorias realistas é inapropriado ao combate à proliferação de organizações terrorista.

8 Tradução pelo próprio. No original: “The State acts rationally and usefully as autonomous entity,

(29)

21 “O terrorismo é um exemplo da difusão de poder, do papel cada vez mais importante de atores não estatais (…) O terrorismo não pode vergar um grande

Estado mas pode fazer com que este cometa atos muito autodestrutivos. Desta forma, a análise convencional, baseada no realismo, segundo a qual o terrorismo não pode levar um Estado ao colapso sendo por isso pouco importante, ignora o facto de o terrorismo poder levar um Estado a fazer coisas

que são contra os seus próprios interesses.” (Nye9, 2011:132)

A inadaptação das teorias realistas não é única. O mesmo se pode referir das comunitárias prescrições de supra-mediação governamental das teorias liberalistas

(Wilson, Keohane, Nye) como inadequadas a travar o avanço do terrorismo. Esta corrente coloca um forte enfoque nas liberdades individuais, coletivas e económicas, assumindo as organizações internacionais instituídas um papel de ator.

Conforme referem Nye e Keohane, o Liberalismo “ trata os efeitos recíprocos

entre as relações transnacionais e do sistema intraestatal como de importância central para a compreensão da política do mundo contemporâneo"10 (1971;331).

No entanto sobre o fenómeno terrorismo e organizações terroristas, de base clandestina, não se encontra nestas teorias um papel definido onde se assuma como parte das Relações Internacionais instituídas.

A teoria construtivista parece ser um terceiro caminho, que se nos afigura como a mais apropriada possibilidade de enquadramento do terrorismo nas Relações Internacionais. Esta retrata um conjunto de correntes de pensamento em diversas áreas, que consideram que nada, em rigor, está pronto ou acabado e que, o

9 Entrevista de Bruno Reis a Joseph Nye (2011)

O poder e as Relações Internacionais –Revista Relações InternacionaisSetembro 2011 [pág. 181-190]

10

Tradução pelo próprio. No original: “*liberalism+ treats the reciprocal effects between transnational

(30)

conhecimento não é assumido nunca como algo terminado. Pressupõe o conhecimento através da ação do individuo com o meio físico e social.

“Construtivismo é a perspetiva segundo a qual o modo pelo qual o mundo material forma a, e é formado pela, ação e interação humana depende de interpretações normativas e epistêmicas dinâmicas do mundo material. (Adler:2009:205).

No que concerne às questões da segurança internacional, o construtivismo aproxima-se muito da corrente realista, sendo os Estados considerados a única unidade na estrutura política internacional. Mesmo considerando a importância e o aumento do número de atores não estatais nas relações internacionais, as mudanças sistémicas ocorrem através dos Estados. No entanto, sob este ponto de vista construtivista os Estados não podem ser considerados como verdades exógenas. Existe uma mutação e estão em permanente revisão. Interessa nesta teoria saber o processo de influência das ideias na construção das identidades e como os atores tendem a definir os interesses em função dessas identidades. A definição dos interesses dos Estados é realizada através da forma como se definem em relação aos outros.

Conforme o nome nos indica a base do construtivismo encontra-se na construção social da política internacional. “A realidade é socialmente construída” (Nogueira e Messari, 2005:163). A definição das estruturas é realizada através de ideias partilhadas e não apenas por forças materiais. E são estas ideias partilhadas que constroem as identidades e os interesses dos atores. As normas e as ideias são fundamentais na constituição da realidade e na definição de identidades e interesses dos atores.

(31)

23 Sabendo que nos dias de hoje a “soberania” é entendida como a soberania dos

cidadãos, transferindo a antiga relação Rei-Súbdito para o espaço público, remetendo o poder supremo centralizado na figura do Rei para a sociedade civil moderna, esta perceção social assume-se assim como um dos suportes ao terrorismo e à sua eficácia. Tal como um crime quando praticado contra alguém, a sociedade no seu global, sente-se lesada, procurando punir o criminoso. Assim acontece no terrorismo, onde a ação procura atingir uma parte da sociedade, e a sociedade no seu todo sente-se lesada.

Como refere Yehuda “O terrorismo não é um "dado" no mundo real: é uma

interpretação dos acontecimentos e suas causas presumidas” (1993:323)11. Uma menção à nossa perceção subjetiva, evidenciando que efetivamente muitos dos acontecimentos e causas são apenas presumidos. Considerando-se o terrorismo uma construção social, como uma "ameaça social", pelo que esta extensão da ameaça é perfeitamente enquadrável numa visão de construtivismo social.

O Presidente Franklin D. Roosevelt mencionava “A única coisa que temos a temer é o medo em si – sem nome, sem razão, o terror injustificado que paralisa os esforços necessários a converter os recuos em avanços” (1932:1), numa menção à percepção e à alteração da posição individual sobre o medo.

Neste sentido, e observando o caso de Israel, verificamos que os atos terroristas passaram a ser encarados como uma questão presente no dia-a-dia da sua sociedade, e o medo provocado por estes, embora sempre presente, tem-se assumido como um parâmetro cada vez menor.

“O terror aproveita-se da pessoa como ser humano e racional. Ao gerar medo, ou terror, mesmo na forma de um evento de baixa probabilidade, pode gerar efeitos substanciais. Assim, o terror gera um efeito em larga escala, prejudicando a qualidade

da nossa vida e não a quantidade de vida”12(Becker and Rubinstein, 2004:46).

11

Tradução pelo próprio. No Original: “Terrorism is not a ‘given’ in the real world; it is instead an interpretation of events and their presumed causes”

12Tradução pelo próprio. No Original: “Terror takes advantage of people being human and rational. By

(32)
(33)

25

CAPÍTULO II - ANÁLISE ECONÓMICO-SECTORIAL II.1 – Processo de Identificação

O terrorismo provoca impactos sobre a atividade económica mundial, através de um vasto número de canais. Embora alegadamente o terrorismo tenha por primeiro objetivo o impacto na política, os primeiros impactos, denominados efeitos ou consequências imediatas integram a perda de vidas humanas, os ferimentos, os danos materiais, e os danos psicológicos.

Existem no entanto consequências a outros níveis, entra os quais assume

expressão significativa o nível económico e ainda as perturbações na atividade económico-financeira. Numa análise mais pormenorizada podíamos igualmente envolver os custos num eventual esforço de resgate.

Conforme atrás referido, uma ação terrorista envolve vítimas, alvos, instituições ou governos. Existem, no entanto, autores (como Saint-Pierre) que expõem o papel destes intervenientes noutro prisma, procedendo à identificação da vítima como direta (quem sofre em si a violência do atentado, o individuo morto, sequestrado, etc.), como estratégica (os que se encontram no grupo de risco do atentado, que tenham sobrevivido, que se sentem em pânico) ou como politica (o Estado - a estrutura que deveria garantir a vida dos seus cidadãos mostra-se impotente ante um inimigo oculto e inesperado).

(34)

O levantamento das variáveis a incluir nem sempre é pacífica, pois são relatados danos em empresas, instituições, etc. mas não entramos em conta com causas a longo prazo por vezes indiretamente escamoteadas, por exemplo como mencionam Bruck, Shneider e Karaisl “... economistas argumentam que os custos tendem a ser subestimados como impactos não-monetários, como repercussões sobre o bem-estar psicológico e satisfação com a vida, que não são contabilizados. Estes impactos podem ser economicamente significativos, devido às suas potenciais repercussões sobre a produtividade do trabalho”13(2005:2)

Acresce ainda o facto destes setores de atividade económica não serem

estanques. Evidentemente cada vez é maior o diálogo entre os diferentes setores produtivos. Ressalva-se que por necessidade de identificação e levantamento das variáveis envolvidas são tratados de forma independente, mas estão economicamente ligados, por vezes de forma direta e as consequências encadeadas entre si. Podemos mencionar como exemplo as consequências do terrorismo nos transportes de passageiros, que além de influenciarem diretamente este setor, afetam simultaneamente o setor económico do turismo e provocam a reação das seguradoras. Estas, por sua vez, aumentam os seus prémios, impondo maiores custos às companhias de transportes que assim veem baixar as cotações das suas ações nos mercados financeiros. Existe uma inter-relação nas estruturas e um conjunto de procedimentos e atuações que têm por finalidade a obtenção de bens e serviços necessários à satisfação das necessidades da atividade económica onde atuam, as quais se cruzam e que devem ser considerados.

13 Tradução pelo próprio. No original: “… economists argue that costs are likely to be underestimated as

(35)

27

II.2 - Mercados e Instituições Financeiras

O Banco Central Europeu regulamenta e define uma Instituição Financeira Monetária (IFM), como “uma instituição de crédito residente que pertença a qualquer um dos seguintes setores: Bancos Centrais; outras IFM, que incluem entidades autorizadas a receber depósitos (…) ou fundos do mercado monetário”.(BCE/2013:6). Ou seja, menciona entidades cuja atividade consista em receber depósitos e/ou substitutos próximos de depósitos de outras entidades que não IFM e, por conta própria (pelo menos em termos económicos), em conceder créditos e / ou realizar investimentos em segurança.

Em economia definem-se os mercados financeiros como redes automatizadas que garantem uma negociação eficiente entre as instituições financeiras e investidores (Bolsa de Lisboa:2014:1). Podem transacionar valores mobiliários (ações ou obrigações), mercadorias, divisas ou outros. Os mercados financeiros são geralmente reconhecidos por praticarem preços transparentes, com regras básicas bem definidas sobre custos de negociação, taxas, e forças de negociação. Proporcionam segurança no que comercializam, sendo que a maioria dos mercados só permite participantes com determinados quesitos (quantidade de dinheiro que realiza, localização geográfica, conhecimento dos mercados, etc.). Afirmam-se como um centro de comércio vital ao investimento e à atividade financeira, onde se transaciona diariamente milhões em títulos.

Podem existir várias relações destes mercados com o Terrorismo. Se por um lado, são vítima direta e indireta do terrorismo, por outro podem estar ligados ao financiamento deste fenómeno, de forma consciente suportando estas atividades, ou inclusive, de forma inconsciente servindo de canal para o seu financiamento. Neste trabalho será refletida a sua condição de vítima.

(36)

incerteza e volatilidade dos mercados. Olhando para o 11 de Setembro como exemplo, podemos constatar que:

“A maior perturbação nas infraestruturas do comércio foi provocada pelos danos no sistema de comunicações do maior banco custodiante e liquidatário do mundo, o Bank of New York. (....) Os procedimentos de segurança no processamento de valores mobiliários e nas operações de pagamento, resultou em atrasos significativos na compensação e liquidação, elevando a incerteza sobre a conclusão de negócios e procura por liquidez. (FMI, 2001: )14

Como mencionam Becker e Rubinstein, encontra-se comprovada a existência de uma primeira reação negativa, embora a sua verdadeira origem ainda não esteja totalmente identificada:

“Sabemos que os mercados financeiros reagem negativamente a ataques terroristas com a venda em baixa das ações de empresas alvo ou objetivo, mas não sabemos se a variação do preço reflete as consequências de perdas de ativos diretos, ou reflete a mudança do mercado em acreditar que os ataques podem mudar as operações da empresa ou seus programas de investimento (….) talvez refletindo um efeito psicológico de sobre-reação

aos ataques terroristas”15(2004:45).

14Tradução pelo próprio. No original: “The biggest disruption to the trading infrastructure was caused by

damage to the communications system of the world’s largest custodian and settlement bank, the Bank of New York (….)Manual processing of securities and payment transactions resulted in significant delays in clearing and settlement, raising uncertainty about the completion of trades and demand for liquidity” (IMF, 2001).

15 Tradução pelo próprio. No original: “We do know that financial markets react negatively to terrorist

(37)

29

Após este efeito inicial negativo, comum a qualquer grande crise, que semeia uma reação exagerada no mercado financeiro, provocada por altos níveis de incerteza sobre novas informações que vão sendo recolhidas, avaliadas e absorvidas pelos atores financeiros “o impacto de longo prazo da crise é avaliado, os mercados retomam ao seu estado pré crise. Depois disso, os mercados financeiros deslocam-se para cima ou para baixo de acordo com a perceção dos investidores da forma como a crise será resolvida”16(Taylor, 2004:8).

Nas figuras 2 e 3, é possível observar os efeitos produzidos pelos ataques ocorridos em Nova Iorque (11/09/2001), e em Madrid (10/03/2004), e efetuar algumas

comparações:

Fonte: Banco Central Europeu, Abril 2004

Verifica-se que os indicadores da Standars and Poors e o Down Jones Euro têm a mesma tendência mas no entanto registaram algumas diferenças entre os dois incidentes, o que resulta de algumas particularidades. Em primeiro lugar, ao passo que

16 Tradução pelo próprio. No original: While the initial effect of any major crisis may involve a financial

(38)

os atentados em Nova Iorque levantaram incertezas sobre a estabilidade do sistema financeiro global, os ataques em Espanha foram entendidos pelos mercados como tendo um efeito apenas regional. Em segundo lugar, ao contrário dos eventos de 11 de Setembro de 2001 que ocorreram no decurso de uma crise económica mundial, os ataques terroristas em Madrid ocorreram num momento em que a economia mundial se encontrava num período de forte crescimento (Banco Central Europeu, 2004). Ainda no primeiro caso, a incerteza do mercado era mais forte, uma vez que os valores tinham sofrido quedas de 15% no semestre anterior, e foram levantadas dúvidas sobre qual seria a capacidade dos EUA para impulsionar a economia global e sair da recessão. Nos dias seguintes à abertura da Bolsa de Nova Iorque os valores caíram abruptamente cerca de 14%.

Existe ainda um outro fator que poderá contribuir para justificar esta tendência, complementando os atrás indicados, derivado dos danos à propriedade que foram registados. Em Espanha, ao contrário dos ataques registados em Nova Iorque, os danos não abrangeram as infraestruturas nem os sistemas de comunicações dos mercados financeiros, mantendo-se sempre em aberto as comunicações, o que ajudou a recuperar a confiança dos seus intervenientes.

(39)

31

reguladoras dos EUA e de outras partes interessadas, permitindo assim que os mercados voltassem ao funcionamento normal com rapidez e eficácia.

Chen and Siems (2004) elaboraram um estudo financeiro no rescaldo do 11 de Setembro, verificando e avaliando os índices nos mercados de capitais de 14 países, comparando o número de dias necessários à retoma dos valores que se registavam antes do referido ataque terrorista.

Quadro II: Tabela dos tempos de retorno dos Mercados Financeiros

Global Stock

Markets’Banking/

Financial Sectors

Event-day AR

(%)

6-day CAR

(%)

11-day CAR

(%)

Days to

rebound

NYSE -4.79 -6.99 -0.045 13

London -10.09 -8.64 -14.14 22

Frankfurt -10.06 -14.54 -15.79 42

Europe-Bloomberg -8.54 -11.50 -14.82 40

Helsinki -6.17 -6.43 -11.35 31

Norway -5.79 -14.18 -25.55 107

Tokyo -6.50 -1.70 -12.18 6

Hong-Kong -7.87 -11.02 -14.34 30

Korea -13.33 -13.78 -19.84 28

Jakarta -2.83 -3.73 -6.23 86

Kuala Lampur -5.20 -13.36 -18.68 65

Australia -3.98 -9.46 -11.07 26

New Zealand -3.67 -11.39 -14.93 33

Johannesburg -5.27 -14.43 -11.00 162

(40)

Surpreendentemente concluíram que o menor impacto registado foi exatamente nos EUA, e que estes foram a segunda retoma mais curta (quadro II). Justificam esta verificação com a política de estabilidade utilizada pela Reserva Federal dos EUA. Procuraram ainda os autores demonstrar que os mercados aumentam a sua resiliência com uma banca que assegura a adequada liquidez para promoção da estabilidade e evitar o pânico nos mercados. A conclusão principal foi que, embora a banca e a Industria financeira em geral seja composta por uma interligação entre si muito forte na transmissão de informação (principalmente na transmissão de informação negativa), este ramo da economia é capaz de absorver as ondas de choque de forma eficiente num curto espaço temporal. Finalizando referem que a maioria dos eventos terrorista não tem expressão para os mercados financeiros. Assume aqui, no entanto, a autoridade monetária, um papel principal como responsável por efetuar uma resposta pronta, eficaz e flexível.

Reforçando esta conclusão, note-se que por todo o globo a política monetária efetuada pelos diversos bancos centrais nos dias imediatos ao ataque, foi diminuir substancialmente as taxas de juro e assim contrariar a tendência de natural de uma menor procura de financiamento.

Eldor (2004) efetuou uma análise detalhada da forma como os mercados de ações e divisa em Israel reagem ao terror, onde segundo este autor ocorreram 639 ataques terroristas entre 1990 e 2003. Destaca que dos vários ataques apenas os ataques suicida criam algumas consequências no curto prazo. Conclui que os mercados financeiros continuaram a funcionar de forma eficiente, resultado de políticas de liberalização do mercado que nos últimos anos têm contribuído significativamente para lidar de forma eficiente com o terror, e que não se têm observado quaisquer implicações a longo prazo. Refere ainda o autor que estas conclusões se extrapolam além de Israel, e se podem estender às sociedades ocidentais com mercados livres e mercados financeiros bem desenvolvidos.

(41)

33

ser uma parte integrante das boas práticas de negócios no sistema financeiro global e é necessário que os sistemas financeiros e instituições sistemicamente importantes sejam capazes de assegurar a rápida recuperação na sequência de distúrbios em grande escala.

No entanto, apesar destas demonstrações de reação positiva, o Terrorismo afeta a decisão das empresas em investir em alguns mercados, principalmente mercado externos, uma vez que as organizações terroristas podem facilmente efetuar ataques e provocar danos às firmas estrangeiras situadas em zonas de risco, perturbando seriamente as atividades destas. Isto é, o terrorismo provoca uma

significativa quebra no Investimento Estrangeiro17.

Dada a existência de uma grande escolha de países onde investir, a mais leve atividade terrorista tende a reduzir consideravelmente o fluxo de capital para um país alvo de terrorismo. Segundo Enders and Sandler, em Espanha o terrorismo reduziu a procura de investimento estrangeiro em média 13.5%/ano no período de 1975-1991, o que implicou um declínio de cerca de 500 milhões de dólares (1996: ), quantificando assim o valor deste efeito provocado pelo terrorismo na economia deste Estado. Num estudo mais recente Abadie & Gardeazabal (2005:23) estimam através de um modelo matemático, que um aumento padrão na intensidade dos ataques terroristas, provoca um efeito negativo no Investimento Estrangeiro, cifrando-se a queda em cerca de 5%. Concluem com a noção que uma economia aberta é um importante canal onde o terrorismo danifica um Estado.

17 Designa-se por Investimento estrangeiro a aquisição de empresas ou interesses financeiros de

(42)

Figura 4: Investimento Estrangeiro Recebido

Fonte: OCDE (2013)

Na figura 4 podemos observar um gráfico com o evoluir do Investimento Estrangeiro do ponto de vista do país recetor. O gráfico tem 4 linhas de evolução, respeitante aos seguintes grupos indicadores: OCDE; G20; UE e Mundo em geral. Em qualquer destes indicadores é visível a acentuada queda provocada pelo 11 de Setembro.

(43)

35

Buesa, Baumert (2007) elaboraram um estudo onde analisaram e compararam os efeitos que se fizeram sentir nos mercados financeiros de Nova York, Madrid e Londres, após os ataques efetuados pela Jihad, concluindo que o impacto provocado é de menor intensidade e duração a cada novo incidente. Segundo os autores tal diminuição no efeito provocado, pode resultar de uma diminuição da magnitude económica registada em cada ataque, mas também pode ser consequência de uma "aprendizagem" dos mercados, onde progressivamente a resposta se torna mais racional.

Os custos económicos diretos nos mercados financeiros, consequentes de

ataques terroristas, são suscetíveis de ser proporcionais à intensidade dos ataques, ao tamanho e às características das economias afetadas. Conforme atrás referido, embora os ataques do 11 de setembro tenham originado grandes interrupções na atividade, o dano económico direto registado, foi relativamente pequeno em relação à grandeza da economia dos EUA.

Os custos económicos indiretos do terrorismo podem ser significativos e têm o potencial de afetar a economia a médio prazo, minando a confiança dos consumidores e investidores. A deterioração da confiança motivada por ações terroristas pode reduzir os incentivos para gastar ou poupar, na procura ou na oferta, o que afeta diretamente este setor. Esta queda de confiança pode gerar um processo que se espalha através da economia global, contaminando o mundo através dos canais normais dos ciclos de negócios e comércio. Esta deterioração pode desencadear um processo de queda generalizada nos preços dos ativos. O tamanho e a distribuição dos seus efeitos nos países, setores económicos e o tempo durante o qual produz efeitos, dependem de uma variedade de fatores, incluindo a natureza dos ataques, os efeitos multiplicadores, o tipo de políticas adotadas em resposta aos ataques, e a capacidade de resiliência dos mercados.

(44)

Ou seja, o impacto do terrorismo sobre os mercados financeiros levanta dois desafios: o primeiro, estabelecendo medidas preventivas que reajam e garantam a continuidade operacional na ocorrência de eventos terroristas, e em segundo lugar, o desenvolvimento efetivo de métodos que permitam combater eficazmente o financiamento do terrorismo.

II.3. Seguros

Na atual realidade financeira a Banca encontra-se com estreitos laços com a Indústria Seguradora. Pela necessidade de enfrentar a conjuntura económica global estas atividades económicas traçam estratégias em conjunto com o intuito de maximizar a sua eficácia e rentabilidade.

As companhias de seguros são igualmente afetadas pelo fenómeno terrorismo. Em geral, reagem no imediato após os ataques, elevando o valor dos seus prémios e impondo uma forte redução nas coberturas. Segundo Koh,

“a maior destas reações nos prémios de seguros, tem sido as efetuadas sobre

as companhias aéreas, mas outros setores como os transportes, a construção, o

turismo ou o setor energético tem igualmente sentido sérios aumentos”18 (2007, 134).

São inevitáveis estes aumentos, uma vez que a área dos Seguros é um dos setores económicos que sofre alterações imediatas com o aumento do terrorismo global. É extremamente sensível a incidentes perpetuados e à probabilidade dos mesmos ocorrerem.

O 11 de Setembro representou danos sem precedentes neste setor. As companhias reclamaram percas estimadas superiores a $50 biliões

18

(45)

37

(PricewaterhouseCoopers, 2001:1). Contudo é evidente, que as seguradoras não sofreram um impacto tão avultado como anunciam, uma vez que tiraram proveito da incerteza através de um aumento dos prémios de seguro (IMF, 2001:3). Além deste aproveitamento ainda se esquivaram aos seus compromissos conforme menciona Flynn, num relato mais apurado sobre o 11 de Setembro, no qual várias empresas Seguradoras excecionaram-se de pagar indemnizações alegando cláusulas de atos de guerra (2002,26).

Quadro III – Os Vinte Ataques Terroristas Com Maiores Danos À Propriedade

Rank Date Country Location Event Insured property

loss (1) Fatalities

1 Sep. 11, 2001 U.S.

New York, Washington, DC, Pennsylvania

Hijacked airliners crash into World Trade Center and Pentagon

$24,721 2,982

2 Apr. 24, 1993 U.K. London Bomb explodes near NatWest tower in the financial district 1,193 1

3 Jun. 15, 1996 U.K. Manchester

Irish Republican Army (IRA) car bomb explodes near shopping mall

980 0

4 Apr. 10,

1992 U.K. London

Bomb explodes in financial

district 883 3

5 Feb. 26,

1993 U.S. New York

Bomb explodes in garage of

World Trade Center 822 6

6 Jul. 24,

2001 Sri Lanka Colombo

Rebels destroy 3 airliners, 8 military aircraft and heavily damage 3 civilian aircraft

525 20

7 Feb. 9,

1996 U.K. London

IRA bomb explodes in South

Key Docklands 341 2

8 Jun. 23, 1985

North

Atlantic Irish Sea

Bomb explodes on board of an

Air India Boeing 747 212 329

9 Apr. 19, 1995 U.S.

Oklahoma City, OK

Truck bomb crashes into

government building 192 166

10 Sep. 12,

1970 Jordan

Zerqa, Dawson's Field

(disused RAF airstrip in desert)

Hijacked Swissair DC-8, TWA Boeing 707, BOAC VC-10 dynamited on ground

167 0

11 Sep. 6,

1970 Egypt Cairo

Hijacked PanAm B-747

dynamited on ground 145 0

12 Apr. 11,

1992 U.K. London

Bomb explodes in financial

district 127 0

13 Nov. 26,

2008 India Mumbai

Attack on two hotels; Jewish

center 111 172

14 Mar. 27,

1993 Germany Weiterstadt

Bomb attack on a newly built,

still unoccupied prison 93 0

15 Dec. 30,

2006 Spain Madrid

Bomb explodes in car garage

at Barajas Airport 76 2

(46)

Rank Date Country Location Event Insured property

loss (1) Fatalities

1988 PanAm Boeing 747

17 Jul. 25,

1983 Sri Lanka Riot 62 0

18 Jul. 7, 2005 U.K. London Four bombs explode during rush hour in a tube and bus 62 52

19 Nov. 23,

1996 Comoros Indian Ocean

Hijacked Ethiopian Airlines

Boeing 767-260 ditched at sea 60 127

20 Mar. 17,

1992 Argentina Buenos Aires

Bomb attack on Israel's

embassy in Buenos Aires 50 24

Fonte: Swiss Re e Insurance Information Institute

É possível verificar no quadro III o valor dos danos à propriedade provocados por atos terroristas de maior dimensão, onde é visível a disparidade de valores assumidos no 11 de Setembro face a outros atos.

No entanto, face à possibilidade de um novo ataque da magnitude do 11 de Setembro, a indústria seguradora tem questionado quem custeia as indeminizações decorrentes. Não nos podemos esquecer que os ataques terroristas provocam os efeitos mais devastadores e dispendiosos. Procuram estas empresas que o Estado intervenha financeiramente de modo a cobrir parte do risco por o considerarem demasiado grande para ser suportado apenas pelo setor privado. Conforme menciona o relatório económico da OCDE: “Na verdade, os riscos relacionados com o terrorismo

são difíceis de calcular, (…) pela possibilidade de executarem vários eventos catastróficos a ocorrer de uma só vez (risco correlacionados) ”(2002:118).

(47)

39

moldados com especificidades que não podem ser asseguradas totalmente pelo setor privado e exigem uma ação num plano governamental e até internacional.

A existir, a intervenção do governo deve ponderar preencher a lacuna num tempo e espaço limitado, efetuada com cautela, procurando restabelecer o normal funcionamento do setor após uma ocorrência, extinguindo-se após a regularização do risco no mercado.

Nos EUA foi criado em 2002 o Terrorism Risk Insurance Act (TRIA) que assegura um programa de compensação pública e privada para determinados prejuízos segurados resultantes de atos terroristas. “A lei criou um programa federal temporário que fornece um sistema de compensação transparente de partilha pública e privada para determinados danos resultantes de atos de terrorismo”.19 (U.S. Deparment of Treasury, 2014:1). O sistema foi criado para proteção de clientes e procura estabilizar o mercado de seguros em períodos de transição. O TRIA estabelece regras indicando os quesitos necessários aos pagamentos indemnizatórios, sendo que embora não vinculativo, todas as seguradoras são aconselhadas a seguir este sistema.

Inicialmente a sua validade foi determinada até 2005. Foi entretanto prolongado até 2014, e em Julho de 2014 estendido por mais 7 anos, ou seja até 2021. Após o ataque realizado na maratona de Boston em 2013, foi motivo de preocupação o aproximar da data final (2014) e o consequente fim do programa. A Indústria e o Comércio de Seguros apelaram ao Congresso a reautorização do programa. Se o TRIA não fosse prolongado em 2014, esperavam-se algumas consequências negativas:

“especialistas da indústria preveem que a disponibilidade de seguros contra terrorismo será bastante reduzida em áreas dos EUA que têm maior necessidade de cobertura, como as áreas metropolitanas e outros locais de alto risco. Os preços também poderão

19

Imagem

Figura 1: Número de incidentes terroristas e vítimas mortais 1968-2003
Figura 4: Investimento Estrangeiro Recebido
Figura 5 –  Registo global dos alvos terroristas ocorridos entre 2002 e 2011
Figura 6 : Crescimento dos Seguros com cobertura de danos de Terrorismo nos EUA
+7

Referências

Documentos relacionados

Os acionamentos virarão usando o volante ou o joystick e a rotação dos motores pode ser aumentada no modo somente aceleração, mas a posição da marcha permanece em ponto

Se a pessoa do marketing corporativo não usar a tarefa Assinatura, todos as pessoas do marketing de campo que possuem acesso a todos os registros na lista de alvos originais

Aplicando-se análise fatorial nas variáveis que foram distribuídas entre as três dimensões identificadas no estudo, foi possível encontrar cinco fatores: aspectos

Verificar a presença de fragilidade em um grupo de idosos atendidos pela Estratégia Saúde da Família, em uma Unidade de Saúde, por meio da aplicação da Edmonton Frail Scale, e

O Conselho Deliberativo da CELOS decidiu pela aplicação dos novos valores das Contribuições Extraordinárias para o déficit 2016 do Plano Misto e deliberou também sobre o reajuste

Brasil Seguros e Previdência S/A), apresentou os trabalhos da Comissão de Inteligência de Mercado – CIM em 2017, que foram divididos em três projetos: 1) Insurtechs e

Forte compromisso Corporativo de RSE Forte compromisso Corporativo de RSE Forte compromisso Corporativo de RSE Forte compromisso Corporativo de RSE Expo Perspectivas 50 años Escuela

Resultados de dose absorvida em BR-12 (D BR-12 ), kerma no ar incidente(K Ar ), dose glandular média normalizada (DGM N ) e camada semi-redutora (CSR), obtidos por