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Justiça distributiva no Brasil : uma perspectiva psicossocial

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Academic year: 2020

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-

'-FUNDAÇÃO GETOLIO VARGAS

INSTITUTO SUPERIOR DE ESTUDOS E PESQUISAS PSICOSSOCIAIS CENTRO BRASILEIRO DE PESQUISAS PSICOSSOCIAIS

JUSTIÇA DISTRIBUTIVA NO BRASIL: UMA PERSPECTIVA PSICOSSOCIAL

(2)

-

-. CENTRO BRASILEIRO DE PESQUISAS PSICOSSOCIAIS

JUSTIÇA DISTRIBUTIVA NO BRASIL: UMA PERSPECTIVA PSICOSSOCIAL

RIO DE JANEI RO - 1987

(3)

\.

-~_

...

CENTRO BRASILEIRO DE PESQUISAS PSICOSSOCIAIS

CHEFE: Monique Rose Aimée Augras

RESPONSÁVEL PESQUISA

COORDENADOR

PROGRAMA DE PSICOLOGIA SOCIAL

Aroldo Rodri~ues

Estudos sobre Justiça Distributiva em situações de Lucro e Perda

Aroldo Rodrigues

RELATORIO TgCNICO: Justiça Distributiva no Brasil: uma Perspectiva Psicossocial EQUIPE

Técnicos:

Angela Maria Venturini Moreira (ME)

Emília Maria V.F. Rebello de Mendonça (ME) EveJine Maria Leal Assmar (ME)

Alunos de Pós-Graduação:

Estagiárias:

Bernardo Jablonski (DO)

Fátima Cristina Alves de Holanda (ME)

Cláudia Henschel de Lima Maria Elizabeth Neves Ramos

(4)

Angela Maria Venturini Moreira

*

Andréa V. de Faria Ferraz

**

Aroldo Rodrigues

***

Bernardo Jablonski

****

'Emília Maria V.F.R. de Mendonça

*****

Eveline Maria Leal Assmar

*

Fátima Cristina Alves Holanda

****

Introdução

A preocupaçao com a justiça tem atraído os esforços de filósofos, líderes religiosos, juristas, moralistas e políti cos desde a antigUidade (ver, por exemplo Rawls, 1970~ Ziviani, 1981). De fato, não obstante a evidência histórica de que uma enorme quantidade de injustiça é constantemente perpetrada no mundo em que vivemos. -discriminação contra min~rias,privilégios

para potentados, exploração dqs mais fracos etc ... -nenhuma pe~ soa honesta tolera a injustiça e raramente aceita, sem tentati-vas de racionalização, a imputação de que está sendo injusta com o seu semelhante. O assunto é de inequívoca importância também para os cientistas sociais e e relevante em várias rela-ções interpessoais e intergrupais. Dentro do quadro geral do problema da prática da justiça, um aspecto é de eSDecial impo~

tância para os psicólogos sociais. Referimo-n6s ao que se con-vencionou chamar de justiça distributiva. A justiça distributi va se refere à avaliação do grau de justiça de uma determinada alocação de recursos escassos a diferentes pessoas. Assim,qual

*

Tecnicas do Programa de Psicologia Social do CBPP/ISOP/FGV e Mestran-das em Psicologia Social no CPGP/ISOP/FGV.

**

Psicóloga colaboradora, bolsista do CNPq da Universidade Gama Filho.

~

***

Responsável pelo Programa de Psicologia Social do CBPP/ISOP/FGV, Pro fessor nos Cursos de Pós-Graduação em Psicologia do CPGP/ISOP/FGV e C.oordenador do Mestrado em Psicologia Social da Universidade Gama

.... :-- Filho.

****

Doutorando e Mes'tranda em Psicologia Social CPGP/ISOP/FGV.

*****

(1)

Tecnica do Programa de Psicologia Social do CBPP/ISOP/FGV e Mestra em Psicologia Social da FGV.

Simpósio apresentado na XVI Reunião Anual de psicologia, realizad.a em Ribeirão Preto, de 22 a 26 de outubro de 1986, sob o patrocínio da So ciedade de psicologia de Ribeirão Pretd.

(5)

2

a maneira mais justa de distribuir um número limitado de bolsas de estudos entre um grande contingente de alunos solicitantes? Como devem proceder os pais na distribuição de seus bens entre seus filhos? Como deve proceder o Governo na distribuição dos recursos do',Estado? Como deve proceder o administrador de um conjunto de casas populares na' alocação de um número limitado de unidades a um número muito maior de pre,tendentes? Como deve um Diretor de Uma organização ,remunerar seus empregados?E assim por diante.

Apesar da importância do assunto, só nos últimos 25 anos o tópico tem ocupado lugar de , destaque 'na psicologia so-cial, salientando-se entre as contribuiç6es a seu estudo,os tra balhos de Homans, Adams, Hatfield (anteriormente Walster) ,Deutsch, 'Leventhal,Lerner, Mikula e outros mais.

Inegavelmente, a teoria da eqt1idade proposta por Adams

~ (1965) constitui o ponto de partida dos estudos psi~ossociais

,sobre o terna e a postura teórica mais articulada que j â apare-ceu sobre o assunto. A proposíção central da teoria de Stacy ,Adams é a de que uma relação interpessoal é considerada justa quando a proporção entre os investimentos feitos e os resulta -dos auferi-dos por A é igual

à

proporção ,entre os investimentos feitos e os resultados obtidos por B. g uma aplicação da regra aristotélica de que o justo, é o proporcional (Aristóteles, 362 AC/198S). Afirma Aristótele's que "se as pessoas não ,são iguais, suas partes (justas) não serão iguais; mas isto é fonte de discussões e recriminações, quando (pessoas) iguais têm ou recebem partes desiguais ou (pessoas) desiguais, partes iguais" (Aristóteles, 332 A.C. apud Ziviani, 1985).

A eqUidade como' norma de justiça distributiva tem re-cebido apoio não só de filósofo, como Aristóteles, mas também de juristas e do próprio senso comum. Um renomado jurista bra sileiro -Ruy Barbosa - disse ao discursar para uma turma de Bacharéis em Direito da Universidade de são Paulo: "A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente aos de-siguais, na medida em que se desigualam. Nesta desigualdade s~

cial, proporcionada

ã

desigualdade natural, é', que se acha a ver dadeira lei da igualdade ... Tratar com desigualdade a iguais,

(6)

ou a desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real. Os apetites humanos conceberam inverter a norma universal da criação~ pretendendo, não dar a cada um na razão do que vale, mas .atribuir o mesmo a todos, como se todos se equivalessem" (Ruy Barbosa, 1922, p. 36-37).

A complexidade e a reievânciado tônico de justiça distributiva fez com que o Programa de Psicb10g1a Social do Cen tro Brasileiro de Pesquisas Psicossociais da Fundação Getúlio Vargas se propusesse ao empreendimento de um estudo inicial no Brasil, que pudesse vir a fornecer informação acerca dos segui~

tes pontos.: (a) dentre as normas de eqüidade, igualdade e nece! sidade, qual a predominantemente considerada como mais justa na cultura brasileira? (b) .a justiça da norma

é

percebida de forma distinta quando se trata de distribuir lucros de quando se tra-ta de distribuir perdas? (c) contribuições distintra-tas de esforço

(uma causa interna, instável e controlável) e de capacidade (uma causa interna, estável e incontrolável) são. percebidas di-ferentemente como critérios justos de alocação proporcional ou igualitária? (d) variáveis de personalidade, tais como interna-lidade/externa1idade, liberalismo/conservadorismo e auto-concei to influem' na percepção de maior ou menor justiça das três nor-mas supra-citadas, quando utilizadas na' alocação de lucros e perdas? A pesquisa a ser em breve descrita em seus principais aspectos fornece alguns esclarecimentos ac~rca destes pontos.

Nossa curiosidade em esclarecer estes as~ectos do pr~

blema da justiça distributiva deveu-se aos seguintes fatores. Como vário's autores já indicaram (por ex.: Deutsch ,1975 ,Sampson, 1975), a cultura e o processo de socialização do' indivfduo in-fluem em sua valoração dos diferentes critérios de alocação de recursos escassos. Assim, uma.sociedade competitiva, individu~

lista e valorizadora da livre iniciativa deverá urivilegiar a norma da eqüidade, ou seja, da distribuição pro~orcional aos investimentos de cada ,um; uma sociedade mais igualitária e cole tivista, provavelmente destacará a norma da igualdade como a mais justa; uma filosofia que considere os mais necessitados como merecedores de mais benefícios, prescreverá a norma da ne-cessidade como a mais justa. Sendo relevantes, pois, os

(7)

valo-4

res predominantes numa cul tura na eleição nre'ferencial de uma outra norma de justiça distributiva, pareceu-nos oportuno veri-ficar qual a norma predominante na cultura brasileira.

Os dados desta pesquisa inicial serão, a seguir, bre vemente reportados.

1. 'EqUidade, Igualdade ou Necessidade? Um Estudo Em-Qírico sobre Justiça Distributiva.

Aroldo Rodrigues e Equiue da CBPP/ISOP!FGV

Método

a) Sujeitos - 656 sujeitos matriculados em várias ins tituições de ensino superior da cidade do Rio de Janeiro toma-ram parte no estudo. Destes, 36% eram do sexo masculino e 64% do sexo feminino. A idade média foi de 24,25 anos e' 'o desvio padrão de 6,86.

b) Procedimento Seguindo o orocedimento utilizado

por Lamm, Kayser e Schanz (1983) na Alemanha, foi auresentado aos sujeitos, das diferentes condições experimentais (a serem enumeradas e especificadas abaixo) um pequeno cenário que dizia haverem dois estudantes pós-graduados, A e B, decidido transfor mar em livro um trabalho que h~viam feito para um de seus cur-sos. Nas 'nove condições de lucro, era dito qu~, ap6s a ,venda da l~ edição do livro, os autores haviam obtido um lucro de 600

mil cruzeiros (ã época da pesquisa); nas nove condições de per-da, era informado aos sujei tos que, após ,um ano do ,lançamento do livro, os autores haviam verificado que o' mesmo não vendia e o prejuízo em que incorreram para editá-lo correspondia a 600

mil cruzeiros em empréstimos a pagar. A principal variável de-pendente era como cada sujeito distribuía o lucro ou a perda de

600 mil cruzeiros entre os dois autores do livro, quando solici

t~do a faz~-lo da forma que considerava ser a mais ju~ta~

Nove condições foram cri~das na situação de lucro e nove na situação de perda. Para criar,as difer~ntes condições variou-se, no cenário, a quantidade de esforço de cada um,a sua capacidade e a necessidade de cada um deles. ,O esforço foi

(8)

ex-presso em t~rmos de quantidade de trabalho dedicado por cada um dos autores; nas condições em que um havia se ~sforçado mais que o outro, dizia-se que ele havia dedicado muito mais tempo que seu colega aos trabalhos de ~re~aração do livro; nas condi-ções em que um era mais canaz que o outr~, di~ia-se que ele se~ pre tirava notas superiores na disciplina pàra, a qual haviam feito o trabalho que deu origem ao livro, e que o professor da disciplina o considerava mais capaz que o outro.Finalmente, nas condições em que um era considerado mais necessitado que o ou-tro, dizia-se que a renda mensal de um era bem sunerior à do ou tro.

As nove condições criadas para as situações de lucro e para as de perda foram:

Condição 1 : A mais capaz que

!!;

A e

-

B dedicaram esforço igual; Condição 2 : A mais esforçado que B"

- ' A e B iguais em capacidade;

Condi~ão 3 : A mais.esforçado e mais caDaz que

l!;

Condição 4 : A e

-

B iguais em c

an

ac idade e na quantidade de esfor ço des~endido;

Condição 5·:

-

A mais capaz que ~, B dedicou mais esforço que A'

-'

Condi~ão 6: Igual a Condição I, sendo acrescido que B e

-

mais ne cessitado que ~;

Condição 7: Igual

-

a Condição 2 , sendo acrescido que

_

B .. e mais ne cessitado que ~;

Condis:ão 8 : Igual

-

a Condição 3, . sendo acrescido que B e

-

mais ne cessitado que A;

Condição 9: Igual à Condição 4, sendo acrescido que B é mais ne cessitado que ~.

As principais conclusões reveladas na anilise dos da-dos sao:

a) necessidade nao é nraticamente levada em conta; b) quando o esforço é igual e, conseqUentemente, · se tomado como critério de distribuição justa, conduz a uma distri buição igualitária, esforço é tomado como critério pela maioria dos sujeitos;

(9)

6

c} quando o esforço, se tomado como crit~rio de dis-tribuição justa, condui a uma disdis-tribuição pro~orcional nao igualitária, o esforço é tomado como critério 90r cerca de 50% da amostra~

d) capacidade é tomada como critério de distribuição justa proporcional não igualitária nela minoria dos sujeitos (menos de 10% da amostra) ;

e) quando o esforço induz a uma distribuição nao igu~ litária, a norma da igualdade é adotada Dor ceca de 50% da amos tra;

f) prevalece, nas condições de lucro, a nreferência pela distribuição proporcional conducente à divisão em uartes iguais (Condições 1, 4, 5, 6 e 9); quando os critérios utilizá-veis (esforço ou ca~acidade e esforço) não conduzem a uma dis tribuição proporcional igualitária" a norma da igualdade preva-lece em cerca de 50% da. amostra (Condições 2, 3, 7 i 8) e em 21% na Condição 7.

Nas condições de perda, algumas diferenças significa-tivas deve'm ser destacadas.

:s

nítida a predominância da regra da igualdade (Condições 2, 3, 5 e 6), sendo que na Condição I a distribuição proporcional igualitária com base no critério do esforço despendido faz com que prevaleça a regra da eqUidade.

Nota~se nas condições 6, 7, 8 ~ -9, onde entra em jogo a necessidade maior de:. um dos participan.tes da emprei tada, que 15 a 29% da ,amostra p.rivilegiam a razão da neçessidade, atribuin do menqs perda aos mais necessitados.

A·análise qualitativa das razões ~pontadas pelos su-jeitos para justificar suas distribuições permite que se con-clua, para as nove condições de perda que:

a). predomina claramente a ureferência pela norma da igualdade na maioria das condições;

b) a porcentagem de pessoas que adotam a norma da igual. dade nas situações de perda é bem maior que nas situações de lu cro;

(10)

.c) o mesmo se dá, porém menos intensamente, em

rela

-çao a norma da necessidade;

d) quando o esforço induz i distribuiçio igualitária, ele é bem mais usado do quando induz i distribuiçio proporcio -nal nas situiç5es de perda;

e) capacidade é pouquíssimo usada como critirio de distribuiçio proporcional (menos de 10% da amostra).

Cóordenador: O~ dados acima reportados mostram as principais tendências, mas não traduzem tudo o que poderia ser deles ex-traído. Será que a predominância da distribuiçio em partes iguais decorre de uma maior valorização, por brasileiros ,da no! ma da igualdade? A res'Oosta a esta pergunta nos é dada a seguir. 2. Raz5es para Alocaçio de Recursos em Situações de Lucro e de

Perda em um Contexto .de Justiça Distributiva

Eveline Maria L. Assmar. e Equipe do CBPP/ISOP

o

presente estudo focaliza um as~ecto específico da pesquisa "Estudos sobre Justiça Distributiva em Situações de Lu cro e dePerda,,(l) ·ou seja, o estudo comparativo das razões apr; sentadas pelos sujeitos para a alocaçio de recursos em situa-çoes de lucro e de perda. ~nfase especial é dada i forma pela qual os sujeit6s avaliam os critérios utiti.zados nas várias co~ diç5es experimentais a fim de justificar sua preferência pela norma da eqUidade, da igualdade ou da necessidade.

A classificaçio das razões nas três normas de justiça distributiva em estudo obedece aos seguintes critérios:

L EqUidade

- quando o sujeito leva em conta o grau de esforço despendido na realizaçio da tarefa;

(1) Pesquisa realizada pelo Programa de Psicologia Social do Centro

Brasi-leiro de Pesquisas Psicossociais do ISOP/FGV sob a coordenação de

Aroldo Rodrigues. Para informações acerca da metodologia e dos

resul-tados da pesquisa, consultar o Relatório Técnico nl? 5: A percepção da

Justiça na distribuição de lucros e de perdas: um estudo psicossocial

(11)

I

I

8

- quando enfatiza o nível de capacidade de um dos atores envolvidos na relação;

- quando procede à combinação do esforço coma ca-pacidade ou, ainda., à combinação de um ou de outro com a neces-sidade.

2. Igualdade

- quando o sujeito considera que ,por ser um traba lhp em conjunto, ·osatores estão "no mesmo barco", ou seja, de-vem assumir juntos todos os riscos, cabendo-lhes, portanto, re partir igualmente ganhos ou perdas.

3. Necessidade

- quando o sujeito baseia a alocação dos recursos apenas no grau de necessidade de um dos atores da relação.

Analisando-se as razões dadas como justificativa dos julgamento equitativo ou igualitário, observam-se alg~mas ten-dências gerais.

Capacidade

A capacidade, por si só, nao se constitui em crité-rio relevante de justiça distributiva. De um modo geral, é se~ pre bastante pequeno, quando não nulo, seu papel no julgamento das diferentes sit~ações;

- ~uando na mesma direção do e~forçd\ a capacidade e -" a ele associada, provavelmente tio· sentido de servir como um re-forço para um julgamento inequívoco e não contestável;

- quando a capacidade se contrapõe ao esforço (condi-çao 5) ocorre uma si tuação curiosa; os fatores ·são associados, mas não como se somando, e sim, como se .compensando um ao outro. Nesse caso, a capacidade é considerada como uma espécie de "co!!. trapeso" para justificar uma distribuição proporcional igualit~ ria.

A primeira característica apontada aplica-se indistiQ tamente ã situação de lucro e ~erda, a segunda, mais especial mente ao lu~ro e a terceira, apenas ao lucro.

(12)

Necessidade

- Na situação de lucro como um todo, a necessidade é

praticament~ negligenciada nelos sujeitos, send~ citada apenas

por 19 dentre os 131 sujeitos cujas respostas foram considera-das na anilise considera-das condiç6es.6~ 7, 8 e 9;

- na

situação de perda, esse número eleva-se para 35, mas ainda assim, é muito pequeno, não podendo ser tomado como caracterizador de alterações substanciais nas tendências bási-cas encontradas nas condições em que a necessidade não foi in troduzida, ou seja, as linhas gerais dos resultados nas condi-ç6es 1 a 5 são mantidas nas condicondi-ç6es 6 a 9.

quência sidade.

Nas condições 6 e 7, é bastante inexpressiva a fre de casos que justificaram o julgamento ~a base da neces Na condição 9, a necessidade parece ter influído de algum modo, de vez que, sendo A e B nivelados em esforço e cap~ cidade, a necessidade acaba funcionando como elemento discrimi-nante. Ainda assim não consi{tui a categoria 'de 'maior frequ~~

cia, posição ocupada, também nessa condição, T)ela igualdade. Na condição 8, a necessidade consegue um maior relevo se somarmos também as frequências de esforço/necessidade e capa cidade/necessidade. Contudo, não renresenta o dado de maior significação, que continua sendo determinado ~ela igualdade. Esforço

Os dados nao sao .conclusivos em relação ao uma vez que, a partir deles, não se T)odem extrair numa única direção. Apenas algumas tend~ncias mais podem ser assinaladas.

- Na situação de perda:

esforço, resultados freqUentes

. quando o esforço é igualou quando esforço e cap~ cidade sao iguais (sem a inclusão da necessid~de) são esses os fatores que mais contribuem para a elevação do índice de eqUid~ de .(condição 1 com 22 casos em 34 e condição 4 com 21 casos em 34), fazendo com que sejam essas as únicas condições em que a eqUidade supera a igua!dade. A registrar, porém, que a forma

(13)

10

de eqUidade estabelecida na base da igualdade de atributos cor-responde

a

uma distribuição proporcional igualitária, o que, em última análise, pode ser derivado de uma tendência ã igualdade; · por"'out~o lado, quando a necessidade € introduz! da (Condiç6es 6 a, 9), a aludida equival~ricia de esforço e/ou de esforço/capacidade não produz'o mesmo efeito sobre a eqUidade, o que poderia ser interpretado como uma influ~ncia indireta,não exp1fcita e não verbalizada da norma da necessidade;

• quandó o esforço € desigual, não € levado em con ta no julgamento, manifestando-se nesses casos o recurso ã ex-plicação por igualdade ("estão no mesmo barco") para sustentar a decisão de dividir o prejuízo em partes iguais (Condiç6es 2,

3, 5, 7 e 8).

- N~ situação de lucro:

· o esforço

valorizado desde que seja igual em A e B, o que vem sendo designado como valorização relativa do es-forço (Condiç6es 1, 4, 6 e 9)., Tal ati tude' embora teoricamente

seja equitativa, parece aproximar-se na prática. de uma tendên cia , para igualdade, tendo em vista que, em termos de alocação dos recursos, poderia estar servindo como pr~texto para a atri-buição de quantias iguais a A e

B.

· se a valorização fosse absoluta, nas condições em que o esforço fosse desigual. , seria esperada a ocorrência de uma das seguintes situaç6es:

a) o mais esforçado ser sistematicamente contempla-do pela maioria contempla-dos sujeitos com a maior parcela do dinheiro arrecadado, mas as condiç6es 2 e 8 contrariam essa expectativa por ser a igualdade a categoria de razão mais votada, a

despei-to do maior esforço de A;

b) o menos esforçado ser punido com o maior prejui zo, mas na condição 5, em que um € menos esforçado e mais capaz, a ~titude de 'maior incidência

a de neutralizar a diferença e~ tre A e B pela ponderação dos atributos e distribuir os recur-sos igualmente;

(14)

.:: '. em contrapartida, a hinôtese da valorização rela tiva do esforço também não pode ser aceita sem restrições, ten-do em vista que a condição 3 traz uma restrição nesse sentido: 18 dos 40 sujeitos (~raticamente a metade) privilegiam o esfor-ço e premiam o mais esforçado com quantias significativamente maiores. No entanto, esse resultado não se repete em outras condições em que A detenha a primazia do esforço, da canacidade ou de ambos.

Em conseqUência, nao há dados suficientes para concl~ soes consistentes sobre o esforço numa ou noutra direção, embo-ra a primeiembo-ra abordagem-valorização relativa do esforço - pareça ser a mais provável, pelo menos do ponto de vista da maior fre-qUência com que ocorreu neste estudo.

EM SUMA:

Duas conclusões principais resumem a questão da just! ça distributiva abordada na nresente análise comnarativa entre situaç5es de lucro e de nerda~

1. A igualdade e ·a norma de justiça que prevalece qua!!

...

do o prejuízo está em jogo, indenendentemente das característi-cas que revestem a situação de nerda.

2. A egUidade constitui a norma de justiça fundamen talmenteutilizada na repartição dos ganhos,

.

. com a ressalva de

.

que ~ estabelecida, de modo geral, quando a igualdade de atrib~

tos entr~ os atores envolvidos na relação permite a

distribui-çao proporcional igualitária. Na medida em que os atributos sao desnivelados, é substituída, na maioria dos casos, pela no! ma da igualdade e não, corno se poderia esperar, pela distribui-çao proporcional não igualitária.

Urna possível explicação uara essas tendências, até certo ponto, contradit6rias poderia estar na possibilidade, ou n'ão, de conciliação entre' os componentes afetivo e racional do comportamento no momento da alocação dos recursos. Quando a conciliação se torna possível, rY~rcê da equivalência de condi-ções entre A e B, a norma da .eqUidade é a escolhida. Quando não, em função do desnivelamento do esforço e capacidade, aigualda-de é a norma mais adotada.

(15)

12

Por outro lado, como há sinais de que um bom número de sujeitbs, na situação de lucro das condições 2, 3, S, 7 e 8, privilegiam o esforço maior, de um dos integrantes da relação a fim de conceder-lhe ganhos mais elevados, futuras pesquisas de-verão píocurar verificar'quais ,as caracterfticas de personali-dad'e que' podem es tar associad.as a uma. maior .valori zação do e s forço como critério de distribuição num contexto de justiça dis tributiva.

Finalmente, uma terceira conclusão resulta ainda do presente estudo. O estudo de questões sobre justiça distributi va não pode prescindir do recurso à justiça processual uma vez que € o conhecimento dos crit€rios avaliativos utilizados que confere ao dado final da norma adotada a dimen$ão exata de sua

significação~

Coordenador.: Estando agora esclarecido o papel desempenhado pe-las diferentes normas de justiça distributiva consideradas na alocação de lucros e perdas, cab~ a pergunta: ,será que'variáveis de personalidade se correlacionam,com a prefer~ncia pela esco-lha de uma Ou, outra norma de 'justiça distributiva na alocação de recursos? g o que nos dirá o próximo trabalho.

3. Variáveis de Personalidade e Sua Influ~ncia na Es-colha da Norma de Justiça Distributiva

Eniília Maria V.F .• R. de Mend~nça e Angela Maria V. Moreira e Equipe do CBPP/ISOP/FGV

Juntamente com o questionário de Justiça Distributiva elaborado pelo Programa de Psicologia Social, foram a,licadas

tr~s escalas de p~rsonalidade já v~lidadas em outros estudos e

adaptadas à nossa popUlação: - Escala de Auto Conceito de Janis e Field, revisada por Eagly (1967); Escala de Locus de Controle de Rotter (1966); Escala de Liberalismo e Conservadorismo de Comrey e Newmeyer (1965).

O objetivo da pesquisa era verificar 'a possível infl~

incia de~ersonalidade na escolha da norma de justiça distribu-tiva. As hipóteses ·formuladas fo~am:

HI - Os sujeitos internos valorizam mais o esforço e decidem pela norma da eqUidade.

(16)

H

2 - Os sujeitos que possuem um alto auto-conceito va

lorizam mais o esforço e decidem pela norma eqUidade.

da

H3 - Os sujeitos mais radicais, decidem pela norma da necessidade.

No que diz respeito às três variáveis introduzidas os dados nao revelaram influência das mesmas na escolha das normas de justiça distributiva.

Concluímos que o auto-conceito dos sujeitos parece

mais relevantes nas situações de perda.

conceito mais baixo. são mais favoráveis à

Os sujeitos de

auto-alocação de menores

perdas aos mais necessitados. Tanto os de locus de controle in

terno quanto os de externo não diferem na alocação nas nove condições de lucro, nem nas de perda.

de ganhos

Quanto aos liber~is e conservadoies nio diferem" en

tre si, na alocação de lucros. Na situação de perda mostram aI

gumas tendências, porém elas não sio consistentes e parecem resultar de peculiaridades da amostra, não resistentes à valida -ção cruzada.

Coorden~dor: Corno vimos, pelo menos com base nesta pesquisa,não se verificaram as associações esperadas entre certas

de personalidade e a escolha de determinad~s normas de

...

.

varlavelS justiça

distributiva. Entretanto, o auto-conceito poderia estar

rela-cionado a uma outra informação: o grau de certeza dos sujeitos

de que sua alocação de recursos era a mais justa. Vejamos a se guir o que foi encontrado a respeito.

4 .. O Auto-Conceito e o Grau de Ce~teza dos A16cad6res

numa SitUação de Justiça DistribUtiva

tamente ceito. finir

Fitima Cristina A. Holanda e Equipe do CBPP/ISOP/FGV

Dentre as variáveis psicológicas que afetam

dire-o comportamento do indivíduo, salienta-se o auto-con

Embora haja uma variedade de palavras usadas para d~

(17)

14

de si, parece haver um consenso em torno da seguinte defini

çao: o auto-conceito ~ a organização de qualidades que o

in-divíduo atribui a si próprio.

A noção interacionista do auto-conceito, baseada nos

escritos de G. Mead, Cooley e vários outros, tenta explicar a

concepção de que o indivíduo tem de si em termos de sua

intera-ção com as pessoas, ou seja, o auto-conceito ~ um processo ps!

cológico, cujo conteúdo e dinamismo são determinados

socialmen-te. No contato interpessoal, o indivíduo desenvolve as id~ias

auto-referentes a partir das percepçoes e representações dos

ou-tros significativos e mesmo dos ouou-tros em geral. Com o

cresci-mento e desenvolvicresci-mento da pessoa, ela vai adquirindo informa

ções a respeito de si mesmo através de sua interação com os

ou-tros significativos, que por refos verbais e não verbais vão va

lorizar ou não as características que ela possul. Na interação

social com as outras pessoas, o indivíduo adquire pap~is sociais

na qual emergem as percepções e expectativas qu.e .e.struturam pr~

gressivamente seu auto-conceito.

Uma das características do auto-conceito que tem sido amplamente investigada é a auto-avaliação (Harvey, Kelly$hapiro. 1957; Steiner, 1968, Pepitone, 1964; Felson, 1981; HOlter,1984). Segundo Felson (1981), a atitude geral que as pessoas têm sobre elas próprias pode afetar a avaliação de uma característica pa!

ticular. Pessoas que têm elevado auto-conceito podem avaliar-se

mais favoravelmente do que as de baixo auto-conceito, at~ mesmo

quando o desempenho é o mesmo. Isto pode ser o resultado de

uma atenção seletiva que conduz as pessoas a observarem o que

elas esperam observar, ou pode ser o resultado da motivação pa-ra a consistência cognitiva.

o

presente estudo teve como objetivo investigar, numa

amostra de 656 estudantes universitários da cidade do Rio de Ja

neiro, o aspecto auto-avaliativo do auto-conceito numa situação

de justiça distributiva. Mais especificamente, se pretendeu v~

rificar a influência do auto-conceito sobre a certeza que os s~

jeitos possuíam de que tinham agido com justiça na maneira pela

qual eles distriburra~ um lucro ou um prejuízo. Para tal, foi

(18)

por Eagly (1967) e uma pergunta contida no questionário desta pesquisa que investigava o grau de certeza que os sujeitos

ex-pressavam após terem feito sua? aloca~ões de lucro ou prejuízo.

A hipótese a ser verificada era se os sujeitos que tinham uma

percepção de sí próprio bastante favorável, ou elevado auto-con

ceito, sentir-se-iam mais certos da decisão tomada, dos que os

de baixo auto":conceito·, numa tentativa de assim continuarem man

tendo intacta a confiança que depositavam em si.

Os resultados obtidos confirmaram em parte nosa

hi-pótese. Nas situações de lucro,apesar de haver urna certa tendê~

cia na relação de quanto maior o auto-conceito, maior o grau de

certeza, esta não foi significante estatisticamente(F1,33S=1,64, n.s.).

Já nas situações de prejuízo, tal predição foi significativa ao

nível de 0,05 (F I ,314

=

5,32, P 0,05).

Os resultados aqui reportados sugerem que a relação

auto-conceito e grau de certeza se torna mais nítida'quando o

contexto social envolve situações mais difrcei~ de lidar emocio

nalmente, corno

é

o caso das condições de prejuízo.

Quando há um ganho a ser repartido, é provável que as

pessoas de baixo ou elevado auto-conceito se sintam mais certas

acerca da justiça de suas alocações do que nas situações que e~

volvam prejuízo, pois nestas últimas, o problema é mais

comple-xo do ponto de ~ista cognitivo e afetivo •. ,Nas situações d~ pr~

juízo, os sujeitos com elevado auto-conceito continuam

se,sen-tindo certos da decisão tomada, mesmo que isso envolva maior

responsabilidade e comprometimento 'com a situação. Já os aloca

dores com baixo auto-conceito, por outro lado, não se sentem

tão seguros de que sua decisão foi a mais adequada. Para as

pessoas de auto-conceito elevado

é

dissonante aceitar que sua

decisão não foi a mais justa.

Urna indicação a favor de nossa hipótese pode ser

en-contrada num estudo recente sobre decisão, num contexto de dis

sonância cognitiva (Rodrigues, 1985). Neste estudo, a

correla-ção entre. o auto-conceito e a magnitude da redução da . dissonân

cia só se verificou de forma estatisticamente significativa, na

(19)

expe-16

rimentalmente. Daí se infere que, quando os sujeitos precis~

ram reduzir a dissonância para mostrar coerência, quanto maior

o auto-conceito mais eles assim procederam.

A interpretação aqui proposta, no entanto, necessita

ainda de outros estudos que a comprovem, tanto em situações que

envolvam justiça distributiva como em outras que requeiram

ou-tro tipo de decisão.

Coordenador: Em todos os trabalhos vistos até aqui, os sujeitos

das pesquisas eram solicitados a dizer qual a forma de distri

-buição de recursos mais justa, ao considerar o trabalho de duas

pessoas numa empreitada de natureza comercial. Será que quando o próprio sujeito que faz a alocação de recursos é parte da em preitada, a distribuição de lucros e perdas por ele considerada justa' coincidirá com os resultados obtidos na situação vista

nas pesquisas anteriores? A pesquisa seguinte focaliza este

problema.

5. Preferên'cia pelas Diversas Normas de Justiç'a Dis-tributiva quando Um dos Partici~ant~s te~ Int~resse na Alocação de Recursos

Método

Aroldo Rodrigues, Andréa Varella de Faria e Equipe dO ,CBPP/ISOP/FGV.

Sujeitos - 296 estudantes universitários de uma

uni-versidade particular da cidade do Rio de Janeiro participaram

da pesquisa, sendo 45% do sexo masculino e 55% do sexo feminino.

A média de idade foi de 20,63 anos e o desvio padrão, 4,67.

Procedimertto - Cinco condições de lucro e cinco de

p~rda foram criadas, utilizando-se cenários quase idênticos ao descrito na introdução deste artigo, salientando-se, todavia, que A era o próprio sujeito encarregado de fazer a distribuição

da maneira que julgasse ser a mais justa. Em seguida, solicit~

va-se que ele justificasse sua alocação de recursos lucrados ou perdidos. ' As cinco condições foram: Condiçã6 I A (sujeito)

(20)

::

mais esforçado que B; ~ondição 11 A (sujeito) menos esforç~

do que B; ~ondição III A (sujeito) tão esforçado quanto B;

~ondição IV

A

(sujeito) mais esforçado que

B,

e

B

mais

ne-cessitado que

A;

Condição

V - A

(sujeito) menos esforçado e

mais necessitido que B. Em cinco destas condições havia lucros

a serem distribuídos e, em outras cinco, perdas, totalizando,

assim, cinco condições de lucro e outras tantas de perda.

Um exemplo de um cenário da Condição I (situação de

lucro) ~ apresentado a seguir:

Este ~ um estudo acerca de como as pessoas repartem

os lucros de um trabalho conjunto. Uma estória será narrada a

seguir. Leia com atenção esta estória e, logo após,res~onda às

perguntas que a ela se seguem.

O episódio ~ o seguinte:

"Você e um colega fizeram um trabalho em conJunto para

uma das disciplinas que cursavam. Entusiasmados com o trabalho

realizado resolveram ampliá-la e publicá-lo sob a forma de um

pequeno livro~ O lucro líquido obtido com a venda de todos os

exemplares foi de Cz$ 600,00 (seiscentos cruzados).

Você qu~ chamare~6s de A, esforçou-se mais que o

ou-tro. De fato~ voce dedicou tempo· _ bem maior ao trabalho de

preparação do livro que o seu colega,que cham:arem:osde B".

Com base nas informações contid~s neste episódio, res

-ponda as perguntas que se seguem:

Quantos cruzados você acha que deveriam caber a A e

quantos a B na divisão do lucro de 600 cruzados por vocês conse

guidos com a venda do livro? Indique nos espaços abaixo o

mon-tante, em cruzados, que você considera mais justo que seja rece bido por cada um.

A: Cz$

(21)

---18

Após alocar os recursos a A e a B, o sujeito era soli citado a dizer por que julgava ser esta a forma mais justa de

faz~-lo e respondia ainda a outras perguntas que não

seraocon-sideradas neste relatório.

As principais conclusões sao as seguintes: a) nas situações de

lucro-1. quando A (sujeito) é mais esforçado, nao chega

à

metade o número de sujeitos que utilizam a regra da eqüidade e, portanto, atribuem mais lucro a si próprios; entretanto, quando A (sujeito) é menos esforçado, 62% utilizam a norma da eqüidade,

alocando menos da metade dos lucros a si. mesmos (ritual de po-lidez);

2. quando A (sujeito) e B sao igualmente esforçados, predomina amplamente a regra da eqüidade, a qual, neste

conduz a uma divisão igualitária dos lucros;

caso,

3. quando A (sujei to) é ~ esfo'rçado, mas B é mais necessitado, predomina ligeiramente a norma da eqüidade (58%),

...

se bem que, em metade destes casos, o maior e~forço de A e con-trabalançido pela maior necessidade de B e o resultado é uma di visão em partes proporcionais iguais;

4. quando A (sujeito)

é

menos esforçado e mais neces-sitado, predomiria a regra da eqüidade, qu~~ punindo A pelo po~ co esforço (a maioria, ou seja 76% dos 17 que escolheram a

nor-ma de eqüidade), quer alocando lucros iguais pela compensaçao

entre seu menor esforço e sua maior necessidade;

5. comparando-se os dados das Condições 11 e V, veri-fica-se que a maior necessidade de A na Condição V em nada alte ra os resultados.

b) nas si tuaçõe s de ·perda

-1. predomina amplamente em todas as condições, exceto naquela em que A e B fizeram esforço igual, a norma da TguaTda-de;

2. neces~id~de

é,

praticamente, ignorada na alocação

(22)

3." a regra da eqUidade predomina também na perda qua,!!. do o esforço dispensado por A e por B é igual; sua predominân -cia sobre a regra da igualdade, todavia, nio é tão pronun-ciada nesta condição quanto o é na situação de lucro;

4. o ritual de po1id~z parece manifestar-se na

C6ndi-...

çao I, onde 79% dos sujeitos (que foram os mais esforçados) 0E tam pela regra da igualdade; entretanto, resultado quase idênti co (80%) é obtido na Condição 11 (onde o sujeito é o menos es-forçado) que nos leva

ã

conclusão de que a norma de justiça mais privilegiada nas situações de "perda é a igualdade (exceto quan-do A e B despendem esforço igual).

Coordenador: Todos estes conhecimentos sobre a forma pela qual sujeitos brasileiros alocam lucros e perdas numa empreitada co-mercial, da forma que consideram ser a mais justa, foram" obti-dos com residentes da cidade do Rio de Janeiro. Sera que os p~

drões comportamentais revelados até aqui se generalizam para os residentes do resto do pars? Uma pesquisa nacional, com repre-sentantes das cinco regiões geográficas do Brasil, foi então em preendida e sera reportada a seguir.

6. Eqüidade, Igualdade ou Nec"essidade: Ré"plica e Ex-tensão a Uma Amostra Nacional

Aroldo Rodrigues e Equipe do CBPP/ISOP/FGV Método

Sujeitos - 1947 estudantes universitários, das cinco regIoes geográficas do Brasil, participaram da pesquisa.Destes, 153 (8%) da região Norte; 266 (14%) da região Nordeste;471(24%) da região Centro-Oeste; 801 (41%) da região Sudeste, dos quais 488 (25%) residentes em cidades grandes (Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte) e 313 (16%) em cidades menores (Ribeirão Preto e Uberlândia); e 253 (13%) da região Sul.

(23)

20

Procedime'n t

6

1)

o

procedimento foi o mesmo utilizado na primeira pe~

quisa relatada neste Simpósio, exlcuindo-se, entretanto, as es-calas de personalidade.

Resultados e Discussão

Os resultados obtidos na pesquisa nacional se asseme-lham bastante aos obtidos na primeira pesquisa . aqui relatada, concluída com 656 universitirios da cidade do Rio de Janeiro.

A Tabela I mostra os resultados globais, em termos de percentual, para cada condição de ambos os estados (o realizado no Rio de Janeiro e o nacional).

Como se ve, as diferenças sao muito pequenas. Nota-se às vezes, uma ligeira preferência da amostra nacional pela

nor-~a da eqUidade em certas condições (11 e 111 de lucró;' 111, IV e VIII de perda). Entretanto, a consideração dos dados por re-gião não apresentou tendênciai consistentes que permitisse dife renciação entre elas. (2 )

Pelo que se pode ver at~ o presente estigio de anili se dos resultados, os dados da amostra nacional confirmam as principais tendências verificadas na pesquisa inicial com uni-versitirios do Rio de Janeiro, e relatadas nos estudos anterior mente apresentados.

(1) Os autores agradecem a colaboração indispensável dos professores Ora.Ana

Edith Bellicoda Costa (UFMG); Ora. Angela M.B.Biaggio (UFRGS); Or.

An-tonio Agati (USP); Prof. Oro AnAn-tonio Ribeiro de Almeida (USP);Dra.Eloita Pereira Oeres (UFSC); Profa. Emília Maria V.F.R. de Mendonça (Faculdades Integradas Estãcio de Sã); Or. Hartmuth GUnther (UFPB); Dr. Jose Augusto

Oela Coleta (UFU); Prof. José Maria Araújo (UFCE); PraIa. Lucia Helena

L. de Melo e Silva (UFPA); Dra. Maria Alice D'Amorim (UnB); Profa. Vera Lucia Marcelli (UFGO), sem cuja ajuda a coleta de dados teria sido tmpos

sível.

-(2) Os dados por região serão apresentados em artigo a ser brevemente publi-cado nos Arquivos Brasileiros de Psicologia (ABP) n9 4/87.

(24)

Coord~nador: Embora muito ainda necessite ser pesquisado, pode-mos asseverar que já adquiripode-mos um razoável conhecimento de co mo brasileiros procedem numa situação de alocação de recursos escassos, do tipo empreitada comercial, quando solicitados a dividir lucros e perdas decorrentes desta empreitada, de forma que lhes parece ser a mais justa e por que. Nestas investiga-ções, de acordo com a "serendipity law" (Varela, 1975) ,algo não procurado foi encontrado~ Verificou-se, através de pesquisas sobre justiça distributiva, que brasileiros são altamente afi-liativos, no sentido utilizado por McClelland e Winter (1969) e valorizam a simpatia, no sentido empregado por Triandis et aI. (1984). Muita coisa resta ainda por fazer. No momento, duas dissertações de Mestrado estão sendo orientadas para o aumento do conhecimento sobre o tema e uma pesquisa está sendo planej~

da pela Equipe do Programa de Psicologia Social do CBPP/ISOP/FGV. Esperamos que, no próximo ano, possamos reportar-lhes mais in-formações sobre o comportamento de brasileiros ·emsituações re lativas ã justiça distributiva e processual. Muito obrigado.

(25)

.'1

22

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* * * * *

(28)

TABELA 1·. .

Percentagens de escolha de

t.JIM

das três No:rmas.deJustiça Distributiva, em cada' condição, para. as aIOOstras do Rio de Janeiro e do Brasil

RI (1985) BRASIL

,

~

LUCRO PERDA . LUCRO PERDA

NORMAS . % N . % N 1 . .N .% N P/CONDIÇÃO .

-, EqUidade .74' 23 65 22 82. 85 70 73 1 Igualdade 26 8 3.5 12 18 19 30 32 EqUidade 49 18 23 7 60 67 30 32 2 Igualdade 51 19 77 23 40 45 70 75 EqUidade. 50 20 11 11 ' 59 6S 22 23 3 Igualdade SO 20 89 89 .41 46 78 82 EqUidade 97 31 62 21 94 91 64 63 4 Igualdade 3 1 38 13 6 6 36, 35 Eqtiidade 77 24 38 13 77 80 42 42 5 Igualdade 23 7 62 21 23 24 58 58 . EqUidade 78 28 14 5 80 76 42,5 42 6 Igualdade 15 6 66. 23 15 14 38,5 38 'Necessidade 5 2 20 7 5 5 19 19 EqUidade 62 18 24 6 59 64 26 25 7 Igualdade 24 7 60 15 . 39 42 58 SS Necessidade 14 4 16 4 2 2 16 15 EqUidade 47 lS 24 8. 49 52 16 14 8 Igualdade . 53 17 61 . 20 49 S3 72 65 Necessidade

-

.

-

·15 S :2 2 12 11 EqUidade 74 25 18 6 83 86 38 37 9 Igualdade 12 4 52 17 3 ' 3 33 32 Necessidade 14. 5 30 10 14 14 29 28

As percentagens de nreferência nara cada uma das normas de Justiça Distri but1 va, nas nove condições de lücro e nas nove de perda, obtidas nas am:is tras do Rio de Janefro e do Brasil, foram tratadas duas a duas (44 paresT. A única diferença significativa encontrada foi na Condição 6; si tuação

de perda, em relação ·ã norma.' de igualdade (Rio de Janeiro.: 66% e Brasil: 38,5%, Z

=

3,06, P

<

.

0',01). .

(29)

N.Cham. P/CBPP RT 8 .

Autor: Moreira, Angela Maria Venturini.

Título: Justiça distributiva no Brasil: urna perspectiva psi 11111111111111111111111111111111111111111111111111

~~

4

~~0044

(30)

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