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Formação continuada em educação física: um estudo sobre a proposta do município do Natal/RN

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA - PPGEF. Wanessa Cristina Maranhão de Freitas Rodrigues. FORMAÇÃO CONTINUADA EM EDUCAÇÃO FÍSICA: UM ESTUDO SOBRE A PROPOSTA DO MUNICÍPIO DO NATAL/RN. Natal/RN 2017.

(2) Wanessa Cristina Maranhão de Freitas Rodrigues. FORMAÇÃO CONTINUADA EM EDUCAÇÃO FÍSICA: UM ESTUDO SOBRE A PROPOSTA DO MUNICÍPIO DO NATAL/RN. Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de mestre em Educação Física no Programa de Pós-Graduação em Educação Física PPGEF, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na linha de Estudos Pedagógicos sobre o Corpo e o Movimento Humano. Orientador: Prof. Dr. José Pereira de Melo. Natal/RN 2017.

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(4) Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Moacyr de Góes - CE Rodrigues, Wanessa Cristina Maranhão de Freitas. Formação continuada em educação física: um estudo sobre a proposta do município do Natal/RN / Wanessa Cristina Maranhão de Freitas Rodrigues. - 2017. 145 f.: il. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Educação Física - PPGEF. Natal, RN, 2017. Orientador: Prof. Dr. José Pereira de Melo. 1. Formação docente - Dissertação. 2. Formação Continuada - Dissertação. 3. Educação Física Escolar - Dissertação. 4. Educação física - Estudo e ensino - Dissertação. I. Melo, José Pereira de. II. Título. RN/UF/BS-CCS. CDU 377:796(043.3).

(5) Wanessa Cristina Maranhão de Freitas Rodrigues. FORMAÇÃO CONTINUADA EM EDUCAÇÃO FÍSICA: UM ESTUDO SOBRE A PROPOSTA DO MUNICÍPIO DO NATAL/RN. Aprovada e m 11/12/2017 BANCA EXAMINADORA. ________________________________________________________ Prof.º Dr. José Pereira de Melo (Orientador) – UFRN. _______________________________________________________ Prof. Dr. Allyson Carvalho de Araújo (Membro Interno) – UFRN. _______________________________________________________ Profª. Drª. Marta Genú Soares (Membro Externo) – UEPA. ________________________________________________________ Prof. Dr. Marcio Romeu Ribas de Oliveira (Suplente Interno)– UFRN. _______________________________________________________ Profª. Drª. Maria Eleni Henrique da Silva (Suplente Externo) - UFC. Natal (RN), 11 de deze mbro de 2017..

(6) Dedicatória. Aos meus pais Ossivaldo e Elvira, em quem me espelho todos os dias da minha vida... minha maior inspiração. Àqueles que mudaram suas vidas para que eu pudesse realizar um sonho... Meu amor, Ubiraci Soares, e meus tesouros, Maria Clara, Isaac e Juan..

(7) AGRADECIMENTOS. Certo dia resolvi que era o Tempo da Travessia. No entanto, sempre soube que não iria conseguir sozinha. Pessoas colaboraram desde o dia que decidi fazê- la. Não foi fácil abandonar as roupas usadas que já tomavam conta do meu corpo e esquecer os caminhos que me levavam sempre ao mesmo lugar. O usei, pois decidi que não queria ficar à margem de mim mesma. E não por acaso, deixei para tecer os agradecimentos no final da escrita desta pesquisa, pois sabia que esse seria um momento repleto de lembranças e emoções. Nada mais justo que retribuir e registrar as pessoas que foram de extrema importância em cada momento desta trajetória, tornando-a menos solitária, menos dolorida e cheia de significados. Felizmente, não foram poucos os que fizeram parte de alguma forma deste caminho, e cada um merece a minha imensa gratidão. Oh, Deus!, como sou grata por ter me sustentado, trazendo serenidade e fazendome compreender que Cada coisa a seu tempo tem seu tempo. Obrigada, Senhor!; Meus amados pais, Ossivaldo e Elvira, tudo que sou devo a vocês. Ensinaram- me a ser destemida, e se não desisti no meio da travessia foi por que vocês me preparam, ensinando que o melhor caminho nem sempre é o mais fácil. Obrigada por me prepararem para a vida! E aos meus irmãos Ricardo, Jean e Lidiane por estarem mesmo de longe torcendo pelo meu crescimento; Meu querido esposo Ubiraci, essa conquista é nossa! Lembro com carinho o orgulho expresso no brilho dos seus olhos no dia da minha aprovação para o mestrado. Um momento envolvido de alegrias e tensões. Mas, você foi um verdadeiro PARceiro neste momento ímpar da minha vida, preenchendo a minha ausência neste período, fazendo-se mais presente ainda na vida dos nossos filhos. Se Deus nos uniu, nem o mestrado nos separa! Obrigada por estar sempre ao meu lado; Aos meus filhos, Maria Clara, Isaac e Juan – as maiores realizações da minha vida – pelos gestos e palavras que inconsciente e inocentemente me motivaram. Pela maturidade que precisaram ter no meio de tantos conflitos envolvidos neste momento de adolescência e pré-adolescência em que estão vivendo. Em vocês encontro todos os dias o amor e a inspiração para querer sempre ser uma pessoa melhor. Obrigada por serem os melhores desassossegos que eu poderia ter;.

(8) A toda a minha família – tios, primas, sobrinhos, cunhadas, concunhada, pelo apoio emocional que precisei constantemente. Dona Eneide e Sr. Rodrigues, obrigada pela atenção dada aos nossos filhos mais ainda nestes dois últimos anos ; Mona, Thayse e Lara, obrigada por estarem sempre presentes na minha vida; Evaneide, suas palavras de conforto e carinho sempre vieram nas horas que mais precisei; Cidoca, obrigada pelo cuidado de sempre com nossa família; Ao meu orientador, Professor José Pereira, por ter aceitado o desafio de me orientar mesmo sabendo dos meus ofícios paralelos – mãe, esposa, dona de casa e professora. Agradeço pelas orientações que ultrapassaram o espaço acadêmico, pela compreensão e paciência que sempre teve comigo. Foi uma honra ser orientada por um professor, a quem passei toda a minha vida admirando e que pude conhecer melhor, passando a respeitá- lo ainda mais. Obrigada por acreditar no meu sonho e por estar nesta travessia junto comigo; Ao Professor Allyson Carvalho pelo apoio constante, pela credibilidade que depositou em mim em tantas ocasiões nos últimos dois anos. Pudemos desfrutar de um reencontro, marcado por compartilhamento de experiências, respeito, carinho, brincadeiras e almoço na rodoviária. Agradeço por todos os ensinamentos e pelo incentivo. Obrigada por me fazer sentir do tamanho dos meus sonhos; Ao professor Márcio Romeu pela prontidão de sempre em ajudar, por ter permitido que eu crescesse participando de suas aulas na graduação e por suas relevantes colaborações. Obrigada por me contagiar com essa constante alegria de ser professor; À Professora Marta Genú pelas significativas contribuições na ocasião do Exame de Qualificação e por aceitar o convite para compor a Banca Examinadora. Assim como a professora Maria Eleni, que gentilmente aceitou o convite para compor a Banca Examinadora Suplente; À Professora Ednice Peixoto, chefe do Departamento de Ensino Fundamental da Secretaria Municipal de Educação do Natal, por quem tenho profundo carinho e admiração. Obrigada pelo apoio, pela confiança e pelos sábios conselhos! À professora Rosemarie Loer, chefe do Setor de Ações e Projetos da Secretaria Municipal de Educação do Natal. Agradeço pela compreensão, confiança e carinho de sempre. Obrigada especialmente pelos abraços de conforto em momentos difíceis; Aos meus colegas de trabalho da Secretaria Municipal de Educação do Natal que dividem comigo o sonho de melhorar a qualidade da educação. A vocês, Adeilza, Ana Maria,.

(9) Beth, Conceição, Doceo, Gleydson, Kátia, Leninha, Márcia, Mariana, Milton, Rosár io, Sheila e Sthela, o meu agradecimento por tornarem mais leve o dia a dia do nosso trabalho; À equipe FOCO-EF – Christyan Giullianno, Dianne Sena e Matheus Jancy, que juntamente comigo acreditam, defendem e investem na Educação Física Escolar do nosso município. Obrigada por entenderem minhas constantes ausências e por me suportarem todos os dias! Vocês formam a melhor equipe com quem alguém poderia querer trabalhar; Às “meninas” do Setor de Tempo Integral da Secretaria Municipal de Educação do Natal, que acompanham minha jornada há anos e que acreditaram nos meus esforços e sempre me incentivaram. A vocês Andrea, Estefânia, Idelúzia, Gió, Lu, Marcinha e Sueli, a minha eterna gratidão! A todos os meus parceiros do mestrado/doutorado, em especial àqueles que dividiram comigo de forma mais intensa esta caminhada em busca de conhecimento, Antônio, Rayanne, Nadiel, Eloyse Jonas, Ribamar e Mackson, compartilhando angústias e conquistas. E em especial a você, Rodolfo pela constante disposição em ajudar e pelos seus conselhos. “Cá pra nós”, sou sua fã!; e a você, Érika, por cada palavra sincera de motivação, por cada lágrima derramada comigo, por todo o carinho, afeto e amizade que construímos esses anos e que espero levá-la por toda a vida; Aos professores do Departamento de Educação Física da UFRN, em especial àqueles com quem tive mais aproximação nestes últimos anos: os Professores Aguinaldo, Cida, Priscila, Pádua, Petrúcia, Rose e Maria Isabel (obrigada pelas risadas mais gostosas em meio a tanta vontade de chorar). Destaco o meu agradecimento à Professora Elizabeth Jatobá, uma amiga que me incentiva desde a graduação, acompanhando mo mentos difíceis da minha vida, por quem tenho profunda gratidão! Agradeço também a todos os funcionários do Departamento de Educação Física da UFRN – local que se transformou em minha segunda casa nestes dois últimos anos e onde fui tão bem acolhida. Agradeço especialmente a Dona Luzinete pelo cafezinho delicioso e estimulante nos momentos de cansaço e a Diego pela atenção e dedicação com todos os alunos do Programa de Pós-Graduação em Educação Física; Ao Grupo de Pesquisa Corpo e Cultura de Movimento (GEPEC - UFRN) e Laboratório de Estudos em Educação Física, Esportes e Mídia (LEFEM) que trouxeram contribuições extremamente relevantes para minha formação; Aos colegas da Escola Municipal Ferreira Itajubá, onde vivi a maior parte das minhas experiências pedagógicas. Em especial aos meus alunos queridos que passaram e.

(10) deixaram marcas em minha vida, e às professoras Raquel e Jocélia que mesmo de longe continuam torcendo sempre pela minhas conquistas pessoais e profissionais. Aos amigos e amigas, pelas mais diversas manifestações de carinho, afeto e cuidado. A você, Mellyna, meu agradecimento por mesmo distante se fazer tão presente na minha vida; Kárita e Frassi que me proporcionaram momentos de descontração e alegrias em meio a tanta tensão; Carlinha e Anderson pela atenção e dedicação de sempre; Um agradecimento especial a você minha amiga, Marcinha, um anjo enviado por Deus, por todo o tempo dedicado às inúmeras leituras e contribuições, pelas palavras de motivação e conforto. Palavras não seriam suficientes para descre ver o tamanho da minha gratidão; A todos os meus colegas Professores de Educação Física da Rede Municipal do Natal que participaram da formação continuada. Agradeço pela confiança e por compartilharem conosco suas experiências. Sem a colaboração de vocês este estudo não teria sentido. Vocês são os protagonistas desta pesquisa. A vocês o meu profundo reconhecimento e agradecimento. Por fim, a todos àqueles que direta ou indiretamente contribuíram para o fim da travessia! E que venha a próxima! Estou muito feliz!!! Valeu a pena?Tudo vale a pena Se a alma não é pequena..

(11) Não sou nada Nunca serei nada Não posso querer ser nada À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo... Fernando Pessoa.

(12) RESUMO. A Secretaria Municipal de Educação do Natal vem oferecendo formação continuada a todos os profissionais do magistério da Rede, incluindo os professores de Educação Física. O objeto desta pesquisa é o programa de formação continuada oferecido aos professores de Educação Física da Rede Municipal do Natal. A pesquisa se deu a partir da seguinte questão de estudo: como vem se configurando o programa de formação continuada de professores de Educação Física da SME/Natal? Ancora o estudo nas seguintes questões norteadoras: a) qual é a trajetória histórica do programa de formação continuada da SME/Natal oferecido aos professores de Educação Física? b) Como se caracteriza o planejamento pedagógico a partir dessa trajetória? c) Qual a concepção dos professores da Rede Municipal do Natal a respeito da formação continuada oferecida pela SME/Natal? No tocante aos procedimentos metodológicos opta pela pesquisa descritiva por meio da abordagem qualitativa. Os participantes da pesquisa foram todos os 137 professores que frequentaram a formação continuada oferecida pelo município do Natal no período entre 2014-2016 e assessores pedagógicos lotados na SME/Natal. As técnicas utilizadas para a coleta de dados foram a observação participante e o livro de registro produzido pela equipe de formadores, os documentos institucionais da SME/Natal, a Proposta de Formação e assessoramento do município do Natal, os relatórios e as fichas avaliativas anuais da formação continuada realizadas pelos professores. As interfaces do contexto investigado mostram que a forma, a qual o Programa de formação continuada oferecido aos professores de Educação Física foi planejado e executado, caminha em direção a uma perspectiva de concepção inovadora de formação continuada, à luz das características apontadas pelos referenciais teóricos contemporâneos – reflexão, ressignificação da prática docente, autonomia docente, aproximação com as reais necessidades dos professores, professor como protagonista de sua formação, valorização do saber docente e dialogicidade. Destaca a relevância da continuidade da parceria com as Instituições de Ensino Superior; dos investimentos na formação continuada; da continuidade e do aprofundamento desta pesquisa, que possa vislumbrar o acompanhamento dos professores em suas práticas escolares.. Palavras-Chave: Educação Física Escolar, Formação Continuada de Professores, Políticas Públicas..

(13) ABSTRACT. The Municipal Education Department of Natal has been offering continuing education to all professionals in the teaching profession of the Network, including Physical Education teachers. The object of this research is the continuing education program offered to Physical Education teachers of Natal Municipal Network. The research was based on the following study question: how has the SME / Natal Physical Education teachers' continuing education program been configured? We base the study on the following guiding questions: a) What is the historical trajectory of the SME / Natal continuing education program offered to Physical Education teachers? b) How is pedagogical planning characterized from this trajectory? c) What is the conception of the teachers of the Natal Municipal Network regarding the continuing education offered by SME / Natal? Regarding the methodological procedures, the descriptive research was chosen through the qualitative approach. The research participants were all 137 teachers who attended the continuing education offered by the municipality of Natal in the period between 2014-2016 and pedagogical advisors crowded at SME / Natal. The techniques used to collect data were participant observation and the lo gbook produced by the team of trainers, the institutional documents of the SME / Natal, the Training Proposal and advice of the municipality of Natal, reports and annual evaluative sheets of the teachers. The interfaces of the investigated context showed that the way in which the Continuing Education Program offered to Physical Education teachers was planned and executed, it moves towards a perspective of innovative conception of continuing education, in the light of the characteristics pointed out by contemporary theoretical references - reflection, re-signification of teaching practice, teaching autonomy, approach to the real needs of teachers, teacher as protagonist of their training, appreciation of teaching knowledge and dialogue. The relevance of the continuity of the partnership with the Institutions of Higher Education is highlighted; of investments in continuing education; the continuity and the deepening of this research, that can glimpse the accompaniment of teachers in their school practices.. Key words: Physical School Education, Continuing Teacher Education, Public Policies..

(14) LISTA DE QUADROS. Quadro 1 - Relação entre o período e a perspectiva de formação continuada de professores.............. 28 Quadro 2 -Síntese conceitual de termos empregados para formação continuada de professores ......... 50 Quadro 3 - Síntese dos termos utilizados para se referir à formação continuada a partir dos documentos legais .......................................................................................................................................... 51 Quadro 4 - Publicações relacionadas à formação de professores nos PPGEF.................................... 61 Quadro 5 - Distribuição dos periódicos a partir de publicações ....................................................... 63 Quadro 6 - Demonstrativo de Professores e municípios atingidos por eventos/modalidades ofertados pelo Núcleo Paidéia ..................................................................................................................... 73 Quadro 7 - Materiais elaborados e editados pelo Núcleo Paidéia ..................................................... 74 Quadro 8 - Datas e Temáticas Formação Continuada - 2014 ........................................................... 86 Quadro 9 - Datas e Temáticas Formação Continuada/2015 ............................................................. 90 Quadro 10 - Datas e Temáticas Formação Continuada/2016 ........................................................... 96 Quadro 11 - Quantitativo de professores por encontro de formação continuada – 2014 - 2016 ........ 103.

(15) LISTA DE FIGURAS. Figura 1 - Metodologias de ensino propositivas e não-propositivas ................................................. 58 Figura 2 - Quantidade de publicações nos PPGEFs por ano ............................................................ 62 Figura 3 - Quantidade de publicações em periódicos científicos por ano.......................................... 64 Figura 4 - Encontro de formação continuada professores SME/Natal-RN – vivência Goalball e Bocha adaptada ..................................................................................................................................... 87 Figura 5 - Aula de campo professores SME/Natal-RN – Trilha ecológica e Prática do Slickeline - 2014 .................................................................................................................................................. 89 Figura 6 - Encontro de formação continuada – Ginástica na Escola ................................................. 92 Figura 7 - Encontro de formação continuada 2015 – Experimentando Diferenças ............................ 93 Figura 8 - Formação Continuada – Oficina de Brinquedos Cantados/ Cidade da Criança .................. 93 Figura 9 - Formação Continuada – Mídias nas aulas de Educação Física ........................................ 98 Figura 10 - Formação Continuada – Vivências Esporte de Marca (materiais alternativos) / Esporte de Rede........................................................................................................................................... 99 Figura 11 - Formação Continuada – Vivências Esporte de Invasão – Hóquei e Corfebol................. 100 Figura 12 - Inclusão de pessoas com deficiência – Goalball, Bocha Adaptada e Vôlei sentado ........ 101 Figura 13 - I Mostra de Experiências Pedagógicas dos Professores de Educação Física do Município do Natal – MEPEF .................................................................................................................... 102 Figura 14 - Novas experiências – Aula de Campo/ Mídias............................................................ 107 Figura 15 - Formação Continuada - Relatos de Experiências ........................................................ 107 Figura 16 - Formação Continuada – Vivências (práticas corporais) ............................................... 116.

(16) LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS BM - Banco Mundial CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CEFD - Centro de Educação Física e Desportos da Universidade Federal do Espírito Santo CEMURE – Centro Municipal de Referência em Educação Aluísio Alves CIENTEC - Semana de Ciência, Tecnologia e Cultura da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. CNE - Conselho Nacional de Educação DEF - Departamento de Ensino Fundamental EJA - Educação de Jovens e Adultos EPS - Educação Permanente em Saúde FUNDEF - Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental. IES - Instituições de Ensino Superior GEPEC - Grupo de Estudos Corpo e Cultura de Movimento JERN´S - Jogos Escolares do Rio Grande do Norte LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LEFEM - Laboratório de Estudos em Educação Física, Esportes e Mídia LESEF - Laboratório em Educação Física MEC - Ministério da Educação ONU - Organização das Nações Unidas OPAS - Organização Pan Americana de Saúde PABAEE - Programa de Assistência Brasileiro-Americana ao Ensino Elementar PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais PME - Programa Mais Educação PNE - Plano Nacional de Educação PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PPGED - Programas de Pós-graduação na área de concentração da Educação PPGEF - Pós-Graduação em Educação Física SAPEF - Setor de Ações e Projetos SEDU - Secretaria Estadual de Educação SME - Secretaria Municipal de Educação do Natal UFES - Universidade Federal do Espírito Santo UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura UNICEF - United Nations Children's Fund.

(17) SUMÁRIO. INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 16. SEÇÃO I REFLETINDO ACERCA DA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES NO CENÁRIO NACIONAL......................................................... 26. SEÇÃO II A FORMAÇÃO CONTINUADA DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR EM DISCUSSÃO.............................................................................................................. 56 SEÇÃO III DO PLANEJAMENTO À AVALIAÇÃO DOS ENCONTROS FORMATIVOS – UMA ANÁLISE DA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA SME/NATAL................................................................ 84 3.1 O Que Revela as Impressões dos Professores Sobre os Encontros Formativos dos Anos de 2014 à 2016?......................................................................................... 103 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.................................................................. 122 REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 127. ANEXOS.................................................................................................................... 137 APÊNDICE................................................................................................................ 144.

(18) 18. INTRODUÇÃO. A discussão sobre as mudanças ocorridas na sociedade se mostra bem marcante nos dias atuais e a escola não pode estar alheia a estas transformações, uma vez que ela exerce uma função social que se distingue de outras práticas educativas por se constituir de forma sistemática, planejada e continuada, tendo como propósito contribuir para que os educandos se apropriem de conhecimentos sociais e culturais de maneira crítica e construtiva. Na busca por acompanhar essas transformações, muitas mudanças vêm acontecendo na educação brasileira: reformas curriculares, avaliações, programas de formação para docentes, entre outras. Neste contexto, o professor – personagem principal deste cenário – precisa, além de acompanhar, fazer parte destas mudanças. A formação dos professores passou a ser questionada e ganhou uma atenção especial, principalmente após a Lei de Diretrizes e Bases (LDB – Lei nº 9.394/96), que em seu art. 87, §4º, definiu que “... até o fim da Década da Educação somente serão admitidos professores habilitados ou formados por treinamento em serviço”. No intuito de atender tal exigência, a oferta de cursos para os professores da Educação Básica se expandiu, embora muitos deles deixem a desejar na qualidade. Para os professores que já se encontravam em exercício da docência e precisavam se adaptar as novas exigências, muitos programas foram criados, a exemplo o Programa de Formação Inicial para Professores em Exercício na Educação Infantil - PROINFANTIL, o Programa de Formação de Professores Em Exercício - PROFORMAÇÃO e o Programa de Formação Inicial para Professores em Exercício no Ensino Fundamental e no Ensino Médio PRÓ-LICENCIATURA 1 . Diante desse contexto, a formação continuada passou a ser uma bandeira levantada pelo Governo Federal, como forma de elevar a qualidade da educação e foi objeto imediato de discussão em diversos documentos, tais como a LDB, a Resolução nº 03/97 do Conselho Nacional de Educação e o Plano Nacional de Educação (Lei n.10.172/2001). Todos estes traziam a obrigatoriedade da formação continuada aos professores e demais profissionais da Educação Básica, envolvendo os Estados e Municípios. Nesse período, a formação continuada passou a ser tema de interesse do sistema educacional público de ensino, tendo o intuito de atender esses desafios postos pelo sistema educacional e de preencher as lacunas da formação inicial, resumindo-se muitas vezes a 1. Cursos de curta duração, uma média de dois anos, que tinham como objetivo aprimorar a prática dos professores que já estavam em sala de aula e oferecer a formação inicial exigida pela LDB..

(19) 17. propostas de atualização e capacitação dos professores, passando a ser instituída e garantida por diversos documentos, dentre eles a própria LDB, que define no inciso III, do art. 63, que “as instituições formativas deverão manter programas de formação continuada para os profissionais de educação dos diversos níveis”, além de estabelecer no inciso II, art. 67, “que os sistemas de ensino deverão promover aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento periódico remunerado para esse fim”. Visando atender essas demandas, diversos programas de formação continuada foram estruturados pelos estados e municípios, assumindo diferentes concepções – clássicas ou inovadoras 2 . Na primeira, pautado no racionalismo técnico, o professor era treinado para a melhoria das técnicas de ensino, e o segundo, baseado na reflexão e na criticidade, o professor é o protagonista do processo formativo. Apesar das exigências legais visando à formação continuada do professor só serem enaltecidas na década de 90, o Município do Natal já vinha desde a década de 60, por meio da Secretaria Municipal de Educação (SME), oferecendo formação continuada aos professores da rede, quando implantada a Campanha De Pé no Chão Também Se Aprende a Ler 3 e desde então investe na formação continuada. Em consonância com a Lei nº 11.738/2008, que aprovou o Piso Salarial Profissional Nacional para os Profissionais do Magistério Público da Educação Básica (PSPN), o município do Natal no ano de 2004 aprovou a Lei Municipal nº 058 que dispõe sobre o Plano de Carreira, Remuneração e Estatuto do Magistério Público Municipal do Natal e dá outras providências, garantindo, em seu Artigo 39, “o direito do contínuo processo de atualização, aperfeiçoamento e especialização profissional, além do período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na jornada de trabalho”. O texto disposto no Artigo supracitado nos anuncia uma visão fragmentada e limitada que se tem de formação continuada, quando se reduz aos conceitos “atualização, aperfeiçoamento e especialização”, ou seja, o professor precisa adequar-se à atualidade, procurando aprimorar-se e especializar-se para se tornar um melhor profissional, mostrando 2. Consideramos inovadoras práticas de formação continuada que ultrapassam as utilizadas por modelo de formação baseado em cursos exclusivamente transmissivos e receptivos. 3 Diante da necessidade da oferta de educação para a população mais pobre, e sem condições financeiras para construir prédios escolares, a Campanha “De pé no chão também se aprender a ler” foi implantada em Natal, capital do Rio Grande do Norte, a partir de fevereiro de 1961, na gestão de Djalma M aranhão como prefeito da cidade, até o Golpe M ilitar em 1964. Foram instaladas escolinhas em espaços cedidos por Sindicatos, sociedades beneficentes, sedes de clubes de futebol, igrejas de todos os credos e residências particulares. Com a expansão da campanha surgiram os acampamentos escolares que eram uma estrutura de madeira, coberta com palha de coqueiro e chão de barro batido. O professorado era constituído, em parte, por voluntários e, em parte, por assalariados da prefeitura do Natal. Alguns eram estudantes, outros eram pessoas indicadas pela localidade onde existia uma Escolinha; outros, ainda, concluí am o Curso de Formação de Professores e procuravam um local onde pudessem desenvolver o trabalho. (GERM ANO, 1982).

(20) 18. um foco puramente na técnica, no fazer, corroborando com a ideia de formação como espaço de capacitação, deixando de contemplar ações que consideramos de suma importância em uma formação continuada: refletir, experimentar, vivenc iar, inovar, dentre outras. No entanto, no ano de 2010 A Política de Formação Continuada e Projeto de Assessoramento Pedagógico para Rede Municipal de Ensino de Natal foi elaborada, apresentando orientações voltadas para a formação continuada e do assessoramento às escolas, superando a visão minimalista e compensatória envolvida no modelo clássico de formação. A formação continuada passou a ser considerada um processo de constante reflexão e de valorização dos saberes docentes daqueles que estão nas escolas. Nessa perspectiva, a formação continuada que ocorria de forma pontual, passou a contemplar os professores de todos os componentes curriculares de forma sistemática. Dessa forma, a SME/Natal oferece formação continuada a todos os profissionais do magistério, sendo de responsabilidade do Setor de Ações e Projetos – SAPEF, do Departamento de Ensino Fundamental – DEF, a formação continuada dos professores dos Anos Iniciais e Anos Finais do Ensino Fundamental, assim como dos mediadores de leitura, coordenadores e diretores pedagógicos. O SAPEF conta com assessores pedagógicos distribuídos em equipes por componente curricular, os quais são responsáveis por planejar e organizar a formação continuada, além de realizar assessoramento às escolas. Algumas destas equipes já oferecem formação continuada aos professores em exercício há quinze anos. No entanto, a equipe de Educação Física deste Setor, só foi composta no ano de 2014, contando anteriormente com a colaboração de assessores lotados em outros setores. A formação dos professores de Educação Física possui metas e objetivos que foram traçados levando em conta as particularidades desta área, entre elas a adequação desse componente curricular às propostas pedagógicas da escola, tendo em vista que a Educação Física apenas se tornou componente curricular obrigatório na Educação Básica no ano de 1996 por meio da LDB. Assim, a Educação Física passou a ter a mesma importância (ou deveria ter) que os demais componentes curriculares. Ao passar de uma atividade que tinha caráter complementar para esse novo componente curricular, aumentou a necessidade de investimentos na formação continuada para esses professores, visando despertar nos mesmos a mudança essencial para a consolidação desse componente curricular dentro das escolas..

(21) 19. Nesse sentido, a SME/Natal oferece para todos os professores de Educação Física da Rede Municipal de Ensino do Natal – atualmente cerca de 155 (cento e cinquenta e cinco)4 – distribuídos em 72 escolas, dos quais uma média de 137 professores 5 já frequentaram pelo menos um encontro de formação continuada oferecido pela SME/Natal desde o ano de 2014 – período em que a equipe de formadores de Educação Física foi composta. Os encontros de formação continuada ocorrem quinzenalmente. A formação continuada realiza-se no horário destinado ao planejamento desses professores, e não tem caráter obrigatório. Partindo da problemática apresentada e dos nossos anseios, assumimos como foco desta pesquisa a seguinte questão de estudo: como vem se configurando o programa de formação continuada de professores de Educação Física da SME/Natal? Para responder essa questão que tem como finalidade superar fragilidades existentes e adequar o programa ao suporte teórico contemporâneo, elencamos três questões norteadoras:a) qual é a trajetória histórica do programa de formação continuada da SME/Natal oferecido aos professores de Educação Física? b) Como se caracteriza o planejamento pedagógico a partir dessa trajetória? c) Qual a concepção dos professores da Rede Municipal do Natal a respeito da formação continuada oferecida pela SME/Natal? Dessa forma, objetivamos apresentar o programa de formação continuada instituído na SME para os professores de Educação Física da Rede Pública Municipal do Natal, bem como descrever o seu percurso histórico; discutir o processo de planejamento e execução dos encontros de formação continuada referente ao período 2014 e 2016; por fim, identificar a visão dos professores participantes sobre a formação continuada instituída pela SME/Natal. Visando atender os objetivos propostos, definimos o percurso metodológico optando pela pesquisa descritiva, como eixo metodológico a abordagem qualitativa, por entendermos que este tipo de pesquisa tem uma preocupação com o fenômeno, não somente com os resultados, buscando os significados dos dados coletados, dessa forma captando a essência dos mesmos. Conforme Chizzotti (2006), a pesquisa qualitativa busca interpretar o sentido desses significados que as pessoas atribuem ao que falam e fazem. A mesma será realizada em uma abordagem da investigação qualitativa por buscar os dados em seu ambiente natural, que nesse caso seria a formação continuada. (LUDKE; ANDRÉ, 1986). 4. Este nú mero é referente aos professores que estão em exercício da docência. Dessa forma não foi contabilizado aqueles que estão em outras funções, tais como d iretores de escolas. Esses dados foram retirados da relação de professores de Educação Física fornecidos pela Secretaria Municipal de Educação do Natal. 5 Dados obtidos a partir da análise das freqüências dos três anos em que ocorreu a p esquisa..

(22) 20. Além disso, embora a pesquisa qualitativa não nos aponte dados replicáveis e generalizáveis, por considerar buscar responder questões em um determinado contexto espaço-temporal ou histórico-social, ela nos fornece informações ricas e detalhadas sobre um determinado grupo, a partir das perspectivas dos sujeitos participantes, que podem ser utilizadas para a compreensão de outros fenômenos. Nesse sentido, a pesquisa descritiva é a que mais se aproxima, visto que, segundo Gil (2008), tem como finalidade principal a descrição das características de determinada população ou fenômeno. Além disso, Triviños (1987, p. 110) afirma que “o estudo descritivo pretende descrever “com exatidão” os fatos e fenômenos de determinada realidade”, de modo que o mesmo é utilizado quando a intenção do pesquisador é conhecer determinada comunidade, suas características, valores e problemas relacionados à cultura. Selecionamos como campo de investigação a formação continuada instituída pela Secretaria Municipal de Educação do Natal aos professores de Educação Física. Os sujeitos de nossa pesquisa foram todos os professores que frequentaram a formação continuada oferecida pelo município do Natal durante o período de 2014 a 2016, que atualmente soma uma média de sessenta professores participando dos encontros quinzenalmente, divididos nos turnos matutino e vespertino; os assessores pedagógicos que estão lotados na SME/Natal, responsáveis pelo planejamento e organização da formação continuada, equipe composta por quatro professores de Educação Física do S APEF/DEF, na qual estamos inseridos e o assessor pedagógico lotado na SME/Natal no Setor de Educação de Jovens e Adultos, responsável pelo planejamento da formação continuada ofertada aos professores do Ensino Fundamental nos anos anteriores ao presente estudo. Delimitamos o nosso estudo a partir do ano em que a equipe de formadores de Educação Física do SAPEF foi constituída - 2014, até o final de 2016 - período que encerramos nossa coleta de dados. No entanto, entendendo a importância do processo histórico, buscamos compreender as transformações ocorridas no processo de planejamento e desenvolvimento das ações de formação continuada oferecidas pela Secretaria Municipal do Natal aos professores de Educação Física nos anos anteriores a esse estudo. Utilizamos como técnica a observação participante, que, assim como a maioria das técnicas de pesquisa, precisa ser utilizada juntamente com outra técnica, pois, do ponto de vista científico, essa técnica possui vantagens e limitações. No caso da observação participante, o observador se envolve com o grupo, transformando-se em um dos seus membros (MARCONI; LAKATOS, 1996). Dessa forma, observamos todos os encontros entre.

(23) 21. o período de 2014 e 2016, totalizando 40 encontros – incluindo uma aula de campo e a Mostra de Experiências Pedagógicas dos Professores de Educação Física da Rede Municipal do Natal na qual obtivemos informações sobre a realidade da formação continuada. Para a coleta de dados utilizamos o livro de registro produzido pela equipe, na qual se encontram as pautas e convites de cada encontro, cartões de agradecimento entregue aos professores, lista de frequência e a descrição de alguns encontros 6 . Analisamos ainda documentos, tais como a Proposta de Formação e Assessoramento do Município do Natal, o Relatório Anual da formação continuada produzido pela equipe de formadores e as avaliações realizadas pelos professores participantes dos encontros de formação ao final de cada um deles, assim como a avaliação realizada ao final de cada ano. A partir dos dados coletados, construímos um conjunto de categorias descritivas as quais fundamentamos nos referenciais teóricos da nossa pesquisa, conforme sugerido por Gil (2008). Cabe ressaltar que, antes do início do estudo que resultou nesta dissertação, a pesquisadora já estava inserida no campo de investigação, conforme já dito anteriormente. Assim, a interpretação dos dados perpassa também pelo seu olhar na condição de formadora. Realizamos, ainda, uma entrevista semi- estruturada com o professor de Educação Física, atualmente assessor pedagógico lotado na SME/Natal no Setor de Educação de Jovens e Adultos, atuando na condição de formador desde o início da formação continuada oferecida aos professores de Educação Física, que nos auxiliou com informações necessárias para a construção do percurso histórico sobre o nosso campo de investigação. Em busca de responder o questionamento desta pesquisa, estruturamos a nossa dissertação em quatro seções. Na introdução, revelamos o nosso objeto de estudo – a formação continuada dos professores de Educação Física da Rede Municipal do Natal; apresentamos e discutimos sobre a problemática; justificamos a escolha pela temática, assim como levantamos argumentos que demonstram a relevância do nosso estudo e apontamos as nossas escolhas metodológicas. Uma pesquisa deve se justificar pela sua relevância – pessoal, científica e social – partindo na maioria das vezes da experiência pessoal de envolvimento do pesquisador com o objeto da pesquisa. Nesse sentido, um dos motivos que nos motivou na realização deste estudo foi a relação com a formação continuada oferecida pela SME/Natal aos professores de Educação Física, na condição de integrante da equipe formadora. Além disso, faz-se. 6. Apesar de possuir informações sobre todos os encontros de formação continuada desde 2014, apenas no ano seguinte a equipe passou a descrever os mesmos..

(24) 22. necessário percorrer a trajetória pessoal e profissional para o entendimento de outras razões que despertaram o interesse pela referida temática. Inicialmente, buscando compreender como ocorreu a nossa escolha pelo curso de Educação Física, percebemos que essa se diferenciou dos motivos da maioria daquele ano (1998), cuja escolha se deu devido à experiência exitosa em alguma prática esportiva. A nossa não surgiu pelas experiências de sucesso como atleta, pois o máximo que conseguimos foi a participação nos Jogos Esportivos Escolares do Rio Grande do Norte (JERN´S) sem nunca ter tido a vivência de subir ao pódio. Quando adolescente, tivemos experiências com as lutas, especificamente com o Jiu- jitsu, contudo com certeza não foi esse o motivo que nos levou à escolha do curso. Diferentemente de muitos vestibulandos do referido ano, a opção pelo curso ainda não havia sido realizada, ocorrendo apenas no ato de inscrição no vestibular. A aprovação no vestibular ocorreu no ano de 1999 quando ingressamos no curso de Licenciatura Plena em Educação Física. Muitas vezes questionamentos como “o que estou fazendo neste curso?” vieram à tona. Hoje, a maturidade nos leva a pensar que o motivo daquela escolha foi um tanto inconsciente. Foi uma forma de camuflar aquela decisão, para não contrariar as orientações maternas: “não invente de ser professora!”. O nosso desejo era ser professora. A educação nos atraiu de uma forma que, quando percebemos, já não tinha mais volta. Então, a saída foi fazer parte dos que queriam fazer o diferente na Educação Física Escolar. Em nosso trabalho de conclusão de curso preocupações relacionadas à Educação Física Escolar na Rede Pública do Município do Natal já surgiam. O mesmo trouxe a realidade deste componente curricular nas escolas do referido município, apontando em suas considerações finais uma reflexão sobre a prática pedagógica e a necessidade da formação continuada para esses profissionais. No ano de 2006, dois anos após a conclusão do curso de Licenciatura em Educação Física, passamos a fazer parte do quadro de professores do Município do Natal por meio de concurso público. Naquele ano, percebemos que a graduação não tinha nos preparado para a dura realidade que encontramos nas escolas públicas. Passamos a questionar a formação inicial e entender as angústias e lamentações encontradas por parte dos professores na pesquisa para a monografia de conclusão do curso. As lágrimas fizeram parte praticamente de toda a primeira semana de experiência na escola. Pensamentos de desistir surgiram naquele momento, mas fomos encorajados pela vontade de fazer a diferença na vida daqueles alunos..

(25) 23. Durante esse período, participamos poucas vezes da formação continuada oferecida pela SME aos professores efetivos. E uma das razões que não nos motivava a participar era o número reduzido de colegas e a metodologia utilizada nos encontros, fazendonos optar pelo planejamento na escola. Após três anos em sala de aula, recebemos o convite do diretor da escola onde lecionávamos para assumir a coordenação de um programa que acabava de chegar em Natal, o Programa Mais Educação - PME. Sentimo-nos lisonjeados, pois diante de um quadro com mais de 40 professores, ser escolhida para estar à frente de um Programa bem mais amplo que uma sala de aula era uma demonstração enorme de confiança. Porém, o sentimento de receio tomou conta pela falta de experiência em gestão, além de ser formada em uma área que limitava os conhecimentos pedagógicos devido à sua especificidade. Mesmo assim, aceitamos o desafio. Coordenamos por cinco anos o PME que nos trouxe conhecimentos que jamais seriam encontrados apenas nos livros, além de uma rica experiência que jamais conseguiria vivenciar se estivéssemos apenas ministrando a disciplina de Educação Física. Paralelamente a essa coordenação, a convite da chefia do Setor de Educação Integral da SME/Natal, ministrávamos voluntariamente a formação continuada para todos os monitores do PME vinculados às escolas municipais da cidade do Natal, especificamente do Macrocampo Esporte e Lazer, que engloba as práticas corporais. A partir dessa experiência, no ano de 2014 recebemos o convite para participar da equipe de Educação Física do Setor de Ações e Projetos (SAPEF) do Departamento de Ensino Fundamental (DEF) da SME/Natal. Mais uma vez sentimos receio em aceitar, pois, apesar da experiência trabalhando durante quatro anos com a formação continuada dos monitores, passaríamos a planejar e realizar uma formação para os colegas de profissão, muitos deles com bem mais experiência em relação à Educação Física Escolar. Porém, aceitamos mais esse desafio e hoje fazemos parte da equipe de assessores pedagógicos de Educação Física do SAPEF/DEF/SME. Considera mos que o receio em assumir tal função cedeu espaço para a ansiedade. A partir de leituras atualizadas relacionadas à formação continuada, procuramos ampliar o entendimento sobre o papel que um formador exerce, passando a compreender que no entendimento de uma formação continuada mais inovadora, seríamos mediadores desse processo em uma relação de parceria com os professores que se encontravam em sala de aula. Acreditamos que a busca incessante pela melhoria da educação, por meio de uma constante reflexão da prática pedagógica fez parte de todo o percurso, tenha sido na condição.

(26) 24. de professora, de coordenadora ou de assessora pedagógica, na qual nos enquadramos atualmente. Além das inquietações pessoais que nos levaram a propor uma investigação que envolve a qualidade da formação continuada oferecida aos professores de Educação Física pela SME/Natal, consideramos que o nosso estudo traz contribuições significativas para esse órgão central, a partir de elementos que apontam para a melhoria do processo formativo do professor. Nesse sentido, estudos que venham elucidar os caminhos nesse direcionamento são de suma importância também para os professores que estão nas escolas, pois podem lhes despertar, o interesse na participação da formação continuada, como protagonistas desse processo. O estudo poderá contribuir ainda, trazendo subsídios que possam instigar uma reflexão por parte de outras secretarias de educação que oferecerem formação continuada aos seus professores. Além disso, poderá incentivar parcerias com as Instituições de Ensino Superior, que tem o dever de contribuir para a formação continuada do professor, colocando em perspectiva a interação entre os saberes científicos e os saberes e experiências produzidos pelos professores no contexto escolar. No que diz respeito à relevância científica, justificamos nosso estudo a partir do estado da arte que nos apontou a necessidade de pesquisas voltadas a essa temática, pois verificamos que apesar de muitos trabalhos publicados sobre formação continuada, poucos são voltados para a formação continuada oferecida aos professores de Educação Física, quase inexistente na região nordeste, o que nos aponta uma necessidade de introduzir essa temática para elucidar essas questões e que lançam o olhar para as formações oferecidas pelas Secretarias dos estados e municípios. Assim, o levantamento bibliográfico de estudos realizados acerca do tema de nossa pesquisa foi relevante e se fez necessário a fim de compreendermos os trabalhos publicados sobre o mesmo, verificando as lacunas que, inclusive, serviram como elementos norteadores para nossa pesquisa. Acreditamos ainda, que nossa pesquisa traz dados empíricos que poderão referenciar práticas e políticas educacionais voltadas à formação continuada dos professores que estão em serviço nos municípios e estados do nosso país, contribuindo dessa forma para uma melhoria na qualidade da educação pública. Na Seção I, intitulada de Refletindo acerca da Formação Continuada de Professores no Cenário Nacional, contextualizamos a formação continuada de forma mais.

(27) 25. ampla a partir dos seus aspectos históricos e teóricos, além de apresentar uma discussão sobre as políticas que legitimam a formação continuada e os modelos que surgem a partir destas. Na Seção II, definida como A Formação Continuada da Educação Física Escolar em Discussão, dialogamos sobre a formação continuada voltada para os professores de Educação Física no contexto nacional por meio de um levantamento de pesquisas que apontam experiências nesse campo e apresentamos o programa de formação continuada ofertado pela Secretaria Municipal do Natal aos professores de Educação Física da Rede. Na Seção III, nomeada Do Planejamento à Avaliação dos Encontros Formativos – uma análise da formação continuada de professores de Educação F ísica na SME/Natal, apresentamos e discutimos o planejamento e a organização dos encontros da formação continuada oferecida aos professores de Educação Física desta Rede entre o período de 20142016, identificando por meio das avaliações dos encontros de formação continuada as impressões dos professores sobre os mesmos. Por. fim,. nas. Considerações. finais. e. Recomendações,. retomamos. à. contextualização do estudo e apontamos caminhos, tendo como referência os resultados encontrados na nossa pesquisa, por meio de dados empíricos e teóricos, no sentido de aguçar discussões sobre o programa de formação continuada oferecida aos professores de Educação Física da Rede Municipal de Natal..

(28) 26. SEÇÃO I REFLETINDO ACERCA DA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES NO CENÁRIO NACIONAL. Nesta seção abordamos temas que versam sobre formação continuada para professores,. estruturada. em. dois. momentos.. Inicialmente. trazemos. uma. breve. contextualização histórica acerca da formação continuada do professor, discutindo sobre a legislação que regulamenta esta formação no cenário nacional. Em seguida, direcionamos a discussão sobre modelos e concepções de formação continuada existentes no Brasil. Podemos afirmar que o ser humano vive em um processo de contínua formação em diversos aspectos da vida. No entanto, ao nos reportarmos à literatura existente sobre a temática, percebemos que a utilização do termo formação continuada associa-se, na maioria das vezes, à formação profissional, mais especificamente à educação, ou seja, aos professores. A formação continuada de professores vem sendo objeto de análise no âmbito nacional e internacional de diversos autores (ZEICHNER, 1993; CANDAU, 2003; GATTI, 2008; MIZUKAMI, 2002; NÓVOA, 1995; TARDIF, 2002; PIMENTA, 2002; PERRENOUD, 2001; PORTO, 2000), entre outros. Apesar da maior parte da literatura encontrada apontar para experiências de formação continuada que datam a partir da década de 60, Romanowski e Martins (2010) argumentam que ocorria anteriormente a esse período, alegando que quando o sistema de ensino foi instituído não existiam professores preparados para exercer a docência. Estes eram leigos indicados para serem professores e durante o exercício é que iriam adquirir prática profissional. Assim, a formação continuada assumiu o caráter de suprimento ou compensação. De acordo com Prada et al. (2010), foi a partir da década de 30, período pósPrimeira Guerra Mundial, que a formação continuada passou a ganhar ênfase, destacando as razões ideológicas, políticas e econômicas, quando foi necessário investir na prevenção contra o nacionalismo observado durante a guerra e também difundir as propostas pedagógicas que chegavam ao Brasil. Destacamos ainda algumas mudanças importantes que ocorreram nesse período na educação do nosso país: A criação do Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública em 1930; a Constituição de 1934 estabelecendo a necessidade de um Plano Nacional de Educação, como também a gratuidade e obrigatoriedade do ensino elementar, e as Reformas Educacionais. Nesse período a Tendência Tradicional predominava na educação brasileira, o professor assumindo o papel de transmissor de conteúdos, que eram.

(29) 27. conhecimentos repassados como verdade absoluta, ou seja, o professor detinha o saber e a autoridade, dirigia o processo, e, ainda mais, apresentava-se como um modelo a seguir. Dessa forma, o autor Fusari (1988) afirma que a Tendência Tradicional influenciou no “treinamento” dos professores durante décadas, e se objetivava nas propostas a aquisição de conhecimentos, o desenvolvimento de habilidades específicas e o desenvolvimento de atitudes, estimulando mudanças de comportamento no professor, objetivando melhor desempenho em sala de aula. Eram propostas de aulas expositivas, painéis, sínteses de textos discutidos a partir de folhas-tarefas, baseadas na crença de que a aquisição do conhecimento por si só levaria à mudança de atitude na prática. Há o estímulo da dicotomia entre teoria e prática, muitas vezes expressa pelos professores em comentários como “O curso foi bom, mas na prática a realidade é outra”, “a teoria é muito bonita, mas difícil é fazer”. A concepção de “treinamento” de formação continuada perdurou durante muito tempo e até hoje é um termo bastante utilizado em cursos oferecidos para diversas áreas. Porém, na educação essa concepção vem sendo criticada por atrelar-se a ações mecânicas, de transmissão de técnicas e modelagem de comportamento, o que não condiz com a formação de professores que pressupõe atitudes criativas, flexíveis e autônomas. A respeito dessa concepção de formação, corroboramos com o pensamento de Marin (1995, p.15), a saber:. Penso que, em se tratando de profissionais de educação, há inadequação em tratarmos os processos de educação continuada como treinamento quando desencadearem apenas ações com finalidades meramente mecânicas. Tais inadequações são tanto maio res quanto mais as ações forem distantes das manifestações inteligentes , pois não estamos, de modo geral, meramente modelando co mportamentos ou esperando reações padronizadas; estamos educando pessoas que exercem funções pautadas pelo uso da inteligência e nunca apenas pelo uso de seus olhos, seus passos ou gestos.. No entanto, não podemos negar que treinamento é uma modalidade de formação, principalmente quando nos referimos à ênfase em técnicas específicas, utilização de ferramentas, estratégias de ensino. Porém, não se pode resumir a formação aos procedimentos instrumentais, assim como reduzir a formação a uma “receita de bolo” sem que haja uma reflexão sobre essas técnicas. Segundo Romanowski e Martins (2010), a formação continuada sempre acompanhou as tendências da prática pedagógica como escolanovismo, tecnicismo, perspectiva crítica, teoria reprodutivista e, por fim, uma perspectiva de análise que tem como foco o cotidiano escolar. Elaboramos um quadro no qual apresentamos uma síntese sobre a.

(30) 28. relação entre essas tendências e concepções de formação continuada a partir das ideias dessas autoras.. Quadro 1 - Relação entre o período e a perspectiva de formação continuada de p rofessores Período. Tendência Pedagógica. Perspecti va de formação continuada de professores Até a década de 60 Escolanovismo Experimento das propostas indicadas nos estudos teóricos e, de acordo com essa perspectiva, com base nelas, os professores mudariam suas práticas. Final da década de 60 Tecnicis mo Co mplementação profissional. Os cursos de curta duração e palestras oferecidos aos professores têm como ênfase a organização do planejamento de ensino, materiais instrucionais e avaliação. Restringe-se à aplicação na prática dos modelos preconizados, visando à organização do ensino eficiente e eficaz. Final da década de 70 Teoria crít ica Ainda que as concepções críticas constituam a tendência da prát ica pedagógica, a formação continuada tinha um caráter de aperfeiçoamento, atualização, capacitação e educação permanente, tendo como enfoque os conteúdos de ensino na perspectiva crítica. Permanece o modelo de cursos de curta duração, palestras e seminários. Ênfase na transmissão de conhecimentos aos professores. Década de 80 Perspectiva de análise das A ênfase dos cursos se direciona para a estruturas educacionais organização pedagógica e os currículos escolares . A formação continuada passa a ser considerada na carreira docente. O tempo de serviço é considerado insuficiente para a progressão profissional. A avaliação do desempenho profissional é sistemát ica, por meio de u ma avaliação de desempenho definida e reg istrada em documentos escritos, iniciando o controle do trabalho docente. Década de 90 Foco no cotidiano escolar Na formação continuada o professor é sujeito de sua própria prática, e são consideradas as necessidades dos professores e os problemas do seu dia a dia. Deve favorecer processos coletivos de reflexão e interação. Contemporaneidade Neotecnicis mo A Formação continuada apresenta uma diversidade de formas e conteúdos, desde cursos de autoajuda, qualidade de vida, relação afetiva com os alunos, como usar as novas tecnologias no ensino, à análise da prát ica pedagógica. Mais u ma nova forma de regulação profissional do que rumo à pro moção da profissionalização docente. Fonte: Elaborado pela autora co m base nos estudos de Romanowski e Martins (2010). O quadro apresenta uma visão geral de como as tendências pedagógicas influenciaram nas concepções de formação continuada para os professores. Transitando pela década de 40, percebemos que iniciativas como criação de órgãos e programas presenciais e a distância são lançados a fim de impulsionar a formação.

(31) 29. continuada. De acordo com Romanowski e Martins (2010), um desses programas foi o Programa de Assistência Brasileiro-Americana ao Ensino Elementar –PABAEE,que consistia em assessorar a educação no Brasil. Os professores líderes de Escolas Normais Oficiais tinham acesso a introdução de novas metodologias e técnicas de ensino, assim como aos materiais didático-pedagógicos e passavam a ser multiplicadores dos demais professores das inovações necessárias a serem introduzidas na prática pedagógica. Ressaltamos que esse período foi marcado pelo movimento Escolanovista, considerado um momento de renovação no âmbito educacional que influenciou diretamente na formação do professor, que passou a ser um facilitador da aprendizagem no processo de ensino-aprendizagem e deveria despertar o interesse do aluno e estimular a curiosidade. Nesse sentido, os objetivos das formações [...] seriam atingidos, na medida em que os educadores vivenciassem as "novidades" apresentadas nos treinamentos. A vivência, o fazer, a troca de experiências foram amp lamente valorizados. Aqui, diferente da tendência tradicional, a mudança de comportamento do educador ocorreria mu ito mais através das experiências v ividas nos cursos em geral do que nos domínios dos conteúdos propriamente ditos. Era necessário introduzir "inovações" e "modernizar" a p rática docente (FUSARI,. 1988, p.18). No entanto, existe uma preocupação do autor em relação a essa concepção de formação, a qual, ele afirma, não considera a atividade docente do professor em sua totalidade e reforça sua preocupação ao alertar que “a escola tradicional, na medida em que se compromete com a transmissão de conteúdo, mesmo de forma autoritária, revela-se mais democrática, de fato, do que a proclamada liberdade da „escola nova‟, com mais atividades e menos conteúdo” (p.19). Para Altenfelder (2005), a formação gerava mudanças no discurso dos professores, mas não havia subsídios e instrumentos para desenvolver a prática, o que acabava gerando uma postura “espontaneísta” ou uma prática baseada no ensino tradicional. Na década de 50, o mundo inteiro passava por transformações pós-guerra e o Brasil sofreu influência dessas transformações, que exigia uma reestruturação da política econômica. Com vistas a construção de um projeto desenvolvimentista. De acordo com Oliveira (2008, p.26), o campo educacional nesse período foi marcado pela influência da Teoria do Capital Humano, que “surgiu da preocupação em explicar os ganhos de produtividade gerados pelo “fator humano” na produção”. A educação era tida como um meio de qualificar o trabalho humano, a fim de ampliar a produtividade econômica, e esse foi um fator que provocou “a necessidade de se estabelecer uma vinculação estreita entre trabalho.

(32) 30. e escolaridade” (IDEM, p.27) que apontou novas direções em relação à formação dos professores. Dessa forma, a década de 60 foi marcada pela produtividade oriunda do ingresso do Brasil no forte ciclo de industrialização, a necessidade urgente de mão de obra, o que acarretou em uma grande reforma educacional promovida pelo governo militar, trazendo mudanças que influenciaram mais uma vez na formação do professor, que passou a adotar uma proposta tecnicista. A escola deveria formar indivíduos capazes de se engajar rápido e eficientemente no mercado de trabalho de forma produtiva, racional e organizada. O professor passaria a exercer o papel de administrar as condições de transmissão de conteúdos, cabendo ao aluno ser um mero expectador passivo e executando sem questionamentos. Em busca por atender essas demandas, a década de 70 se inicia com a promulgação da Lei nº 5.692 em 11 de agosto de 1971, trazendo em seu Artigo 80 a obrigação para os sistemas de ensino desenvolver programas especiais de recuperação para os professores sem a formação, a fim de que pudessem atingir gradualmente a qualificação exigida no próprio documento descrita no artigo 29:. A formação de p rofessores e especialistas para o ensino de 1º e 2º g raus será feita em níveis que se elevem progressivamente, ajustando-se às diferenças culturais de cada região do País, e co m orientação que atenda aos objetivos específicos de cada grau, às características das disciplinas, áreas de estudo ou atividades e às fases de desenvolvimento dos educandos (BRASIL, 1971).. Entendemos que ao falar em desenvolvimento de programas de formação, mesmo não surgindo nenhum termo especifico referente à formação continuada, fica implícito na redação deste artigo que se refere a uma formação após a formação inicial. Além disso, percebemos que se trata de uma concepção de formação de suprimento devido a uma provável formação inicial precária desses professores. A partir desse documento, entre os anos de 1972 e 1974, foi elaborado o Plano Setorial de Educação e Cultura, que teve como pano de fundo um discurso de “respeitar e desenvolver uma educação humana voltada para o trabalho”, tendo em vista o crescimento econômico do país. Buscavam nas escolas de treinamento militar as técnicas e ideias relacionadas ao plano econômico nacional. Sobre esse período, Silva e Frade (1997, p.33) apontam que a formação continuada foi pautada na “valorização de princípios de racionalidade técnica, da hierarquização de funçõ es, da burocratização da escola”..

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