Origens e conceito de moeda
Conceito
“A moeda pode ser conceituada como um bem
econômico qualquer que desempenha as funções básicas de intermediação de trocas, que serve como medida de valor e que tem aceitação geral....Além disso, como a moeda representa um poder de aquisição, desde o momento em que é recebida até o momento em que é dada em pagamento de outra transação, ela também se caracteriza como uma reversa de valor.”
Nota-se que um produto apenas
é aceito como ativo monetário
quando existe uma aceitação
geral pelos membros do grupo
(sociedade) em aceitar esse
ativo como pagamento das
transações efetuadas.
Os primeiros agrupamentos humanos, em
geral nômades, viveram sobre padrões
simples de atividade econômica.
Não conheceram a moeda e suas transações
eram realizadas diretamente em espécie,
As bases sobre as quais desenvolviam suas
atividades econômicas eram:
Necessidades vitais: os grupos apresentavam
necessidades apenas vitais, como os
relacionados a alimentação e a proteção em
relação ao meio ambiente. O grupo não ia além dessas atividade rudimentares e para satisfazê-las justificava-se o nomadismo, pois fixar em uma única região deixaria o grupo em
Os membros do grupo tendiam a desenvolver instrumentos primitivos de conservação dos alimentos extraídos da natureza, acumulando
excedentes e garantindo o suprimento do grupo e as trocas entre membros do grupo e trocas com
membros de outros grupos.
Neste estágio de desenvolvimento, era relativamente fácil o encontro de indivíduos com excedentes de
certos produtos que não eram coincidentes. O indivíduo (grupo) A disponha de excedente
desejado por B. Por sua vez, o indivíduo (grupo) B dispunha de excedente desejado por A.
Essa dupla coincidência levava a uma operação
rudimentar de troca (escambo) que
realizavam-se diretamente em espécie sem a intervenção de instrumentos monetários.
Dentro do grupo, novas funções e
especializações foram definidas: guerreiros, agricultores, pastores, artesão e sacerdotes.
Ocorre o aparecimento do excedente
impulsionando novas trocas. Que tornam-se mais freqüentes devido a elevação da
produtividade e a sua diversificação oriundas da divisão de trabalho, especialização e o
surgimento de novos conhecimentos e técnicas de produção e manejo das culturas e rebanho.
Conseqüências:
A atividade econômica tornou-se mais complexa.
O caráter sedentário da vida criou a necessidade de
novos bens e serviços.
A dupla coincidência de desejos torna-se menos
comum devido a maior diversificação de bens e serviços disponíveis. Assim, a auto-suficiência dá lugar a interdependência.
A troca de produtos considerada antes como
acessória pelos grupos primitivos torna-se fundamental para o desenvolvimento e
Primeira revolução agrícola
Quando ocorre a fixação de certos grupos em
determinadas áreas (como os deltas do Nilo, Tigre e Eufrades) as formas rudimentares de
relacionamento econômico são profundamente alteradas.
Os grupos começam a desenvolver nestas regiões
práticas agrícolas organizadas e a domesticação de animais, deixando o nomadismo.
A vida social começou a ser mais complexa e a
produção diversificou pelo uso de novos instrumentos e técnicas.
As trocas diretas, antes comuns, começam a ceder
espaço a processos indiretos de pagamento.
As trocas são mais intensas e alguns produtos são
aceitos de forma mais generalizada nas trocas, configurando o surgimento da moeda.
Esses produtos são eleitos pelo(s) grupo(s) como
intermediário de trocas e mesmo quando não são úteis e/ou desejados, eles são aceitos sem
grandes restrições, pois todos sabem que eles
serão aceitos pelos demais indivíduos em futuras transações.
Resultado:
As trocas já não são mais diretas.
Os produtos aceitos como intermediários passam a
desempenhar a função de intermediários de troca.
O valor de todos os bens e serviços passa a ser
medido em relação a esses produtos-padrão. Estabelecem, assim, medidas de valor.
Quem detém a posse desses produtos-padrão passa
a ter uma reversa de valor, uma vez que estes
A evolução histórica da moeda
O aparecimento da moeda decorreu da
necessidade de superar obstáculos para o
desenvolvimento do sistema de trocas em
economias não primitivas.
Devido a divisão do trabalho e a
especialização, nessas primeiras economias
não primitivas, a moeda foi fundamental para
a circulação dos produtos (excedente) entre
indivíduos do mesmo grupo e entre grupos.
O crescente número de produtos disponíveis
nos mercados primitivos passou a prejudicar
as trocas diretas (escambo) e o surgimento de
um sistema monetário era inevitável.
O encontro de indivíduos com desejos e
disponibilidade duplamente coincidente era
cada fez mais raro e as relações justas mais
difíceis e custosas (tempo).
Suponha a seguinte situação:
O indivíduo A: produz sandáliasdemanda ovos
O indivíduo B: produz ovos
demanda sandálias
Resultado: existe uma dupla coincidência entre
Suponha agora a seguinte situação:
O indivíduo A: produz sandálias
demanda ovos
O indivíduo B: produz ovos
demanda roupas
O indivíduo C: produz roupas
demanda sandálias
Resultado: não há uma dupla coincidência entre os
desejos e a troca é indireta. O processo de trocas, de satisfação dos desejos dos indivíduos, demandará mais tempo. O indivíduo A deveria encontrar um novo
Processo de negociação:
O indivíduo A para conseguir os ovos deverá
ter roupas. Então ele deverá trocar suas sandálias por roupas com o indivíduo C e depois, com a posse das roupas, trocar as roupas por ovos com o indivíduo B.
Resultado: o processo demandará mais tempo,
o qual poderia estar sendo usado na produção de novos bens.
O tempo perdido poderia ser também usado como lazer.
O processo seria facilitado se houvesse um sistema monetário com moedas servindo como intermediário nas trocas.
Todos ganhariam em termos de mais produtos e lazer, seriam mais felizes.
As moedas-mercadorias
As primeiras moedas foram mercadorias e
estas deveriam ser raras (para ter valor) e
atender uma necessidade comum e geral
(para serem aceitas sem restrição nas
operações de trocas indiretas).
Assim, a moeda para ter aceitação geral
deveria ter valor de uso (poder ser utilizada e
atender a uma necessidade comum e geral,
para satisfação direta de determinadas
Deveriam também ter valor de troca (tendo o
valor de uso comum e geral passava a ter também valor de troca).
Assim, o valor de uso servia de garantia para o
valor de troca e, na realidade, eles se
confundiam (estavam altamente relacionados).
Garantia:
Para que as pessoas aceitassem a moeda, essa
deveria ter uma garantia que era, assim,
De acordo com o uso e costumes as
moedas-mercadorias variaram amplamente de
comunidade para comunidade e de época
para época.
Principais mercadorias utilizadas como moeda,
em diferentes épocas e regiões
Épocas e regiões Principais moedas-mercadorias
Antiguidade Egito Babilônia e Assíria Lídia Pérsia Bretanha Índia China
Cobre, anéis de cobre. Cobre, prata e cevada.
Peças metálicas cunhadas. Gado (bovinos e ovinos)
Barras e espadas de ferro, escravos.
Animais domésticos, arroz, metais (ouro e cobre).
Conchas, seda e metais. Instrumentos agrícolas. Cereais. Sal . Idade média Ilhas Britânicas Alemanha Islândia ... ...
Gado, ouro e prata.
Gado, cereais (aveia e centeio), mel, moedas (ouro e prata).
Gado, tecidos, peixes secos (notadamente bacalhau).
... ...
Épocas e regiões Principais moedas-mercadorias Idade média ... ... Noruega Rússia China Japão ... ...
Gado bovino, escravos, tecidos, manteiga, peles curtidas.
Gado bovino, peles, prata.
Arroz, chá, sal, peças de ferro, estanho e prata. Anéis de cobre, cobertos por ouro e prata.
Pérolas, ágata. Arroz. Idade Moderna Estados Unidos Austrália Canadá França Alemanha e Áustria Japão
Época colonial: fumo, cereais, carnes-secas, madeira e gado.
Rum, trigo e carne. Peles e cereais.
Metais preciosos e cereais. Gado.
Nota-se que as mercadorias aceitas são, de
forma geral, as de expressivo valor de uso
(tecidos, cereais, sal e gado).
Mesmo assim, dado o expressivo valor de uso,
estas moedas-mercadorias foram deixando de
ser usadas e foram progressivamente
Principais razões do descarte das
moedas-mercadorias:
Muitas mercadorias eram não homogêneas
(gado: pequeno, grande, magro, gordo,...).
Muitas mercadorias tinham o valor alterado ao
longo do tempo (bezerro, boi).
Muitas mercadorias não eram facilmente
divisíveis ou transferíveis (diferentes partes do boi).
A maior parte era de manuseio e/ou transporte
A origem e a evolução do metalismo
Como visto, grande parte das mercadorias
não desempenham as funções monetárias.
O intermediário de trocas deveria ser de fácil
transporte, manuseio, aceitação e
homogêneo.
Os metais mostraram-se mais ajustáveis as
funções monetárias.
Possibilitaram o processo de cunhagem, pelo
qual certificava-se seu peso e garantia sua circulação.
Embora existem dúvidas históricas, os lídios
(sec. XVII a.C.) teriam sido o primeiro povo a
cunhar moeda, atestando seu peso e título.
No Império Romano os imperadores usavam a
moeda cunhada como meio de integração das
regiões conquistadas.
Eram usadas como veículo de propaganda pela
cunhagem da própria efígie e de frases de efeito externo frente as populações conquistadas.
https://colnect.com/br/coins/coin/58304-1_Stater-388~380BC_-_Satrap_Tiribazos-Lidia
Na Idade Média os senhores feudais com o
poder de cunhagem de moedas podiam: a)
apropriar de substancias parcelas da base
monetária
A moeda possibilitava a cobrança de tributos.
Maior facilidade na arrecadação e transporte. Cada vez que os senhores impunham valores
nominais mais altos para iguais quantidades de metal ou reduziam essas quantidades em relação à unidade expressa de valor nominal elevava-se a sua
apropriação (caracterizada como uma cobrança de tributo) denominada como senhoriagem.
Os primeiros metais a serem cunhados e usados
como instrumentos monetários foram o cobre, o bronze e, especialmente, o ferro.
Porém, a abundância desses metais na natureza
comprometia o uso, em especial a função de reserva de valor (o metal deveria ser escasso para ter valor) e sua aceitação geral.
Nesse sentido, esses metais não nobres foram
progressivamente substituídos pelo ouro e prata (denominados como metais monetários por
As razões que fortaleceram as
substituições foram:
Os metais preciosos (ouro e prata)
foram muito procurados em todos os
países e épocas, sendo, assim,
altamente desejados.
Motivos: em razão de seus usos
materiais, caráter simbólicos e meio
de expressão de poder e riqueza.
O ouro e a prata eram suficientemente escassos e as
novas descobertas eram relativamente insignificantes em relação ao estoque existente.
Embora em alguns momentos da história fossem
verificados escassez destes metais e de suprimentos monetários, o crescimento da produção destes metais acompanhou o crescimento dos negócios.
Assim, seu valor era relativamente estável ao longo do
tempo, confirmando a confiança das pessoas no metal como reserva de valor e favorecendo sua aceitação.
O risco de elevação na oferta e queda no valor do ouro e da
O aparecimento da moeda-papel
Com o crescimento das trocas entre regiões
diferentes manifestaram-se alguns
inconvenientes do uso da moeda metálica
como forma de pagamento.
Entre eles:
O transporte dos metais a longas distâncias era
difícil (devido ao peso dos metais e a
precariedade das estradas) e sujeito a riscos (possíveis roubos).
Assim, dadas essas dificuldades e riscos,
desenvolveram-se novos instrumentos
monetários mais flexíveis.
Os judeus, cambistas, ourives, abadias e as
casas bancárias italianas passaram custodiar
o ouro e a prata fornecendo aos depositantes
certificados de depósitos, que devido a
comodidade e segurança, começaram a
circular no lugar dos metais monetários.
Com a circulação desses depósitos como forma
de pagamento surgiu uma nova modalidade de moeda, a moeda representativa ou
moeda-papel.
A moeda-papel, com lastro de 100%, podia ser
convertida em metal em qualquer momento.
O nome e a honradez das casas de custódia
acabou em transformar o moeda-papel na
forma preferível de troca e reserva de valor ao longo do tempo.
A criação da moeda fiduciária
O uso generalizado da moeda-papel levou ao
desenvolvimento de uma nova modalidade de moeda, a moeda não integralmente lastreada ou moeda
fiduciária (fidúcia=confiança).
A moeda fiduciária ou papel-moeda é o tipo de moeda
usada hoje, é o dinheiro que não tem valor intrínseco.
A moeda fiduciária não tem valor intrínseco, sendo
baseada na confiança de que o dinheiro será aceito nas transações por todos.
“O dinheiro que não tem valor intrínseco é chamado
de moeda fiduciária, porque é instituído como dinheiro por determinação do governo”. (Mankiw, 2004).
Antes, a moeda-mercadoria e moeda-papel possuíam
valor intrínseco (que existe por si mesmo), pois poderiam ser usadas para vários propósitos além das transações.
“A quantidade de moeda disponível é chamada de oferta
monetária. Em uma economia que utiliza moeda-mercadoria, a oferta de moeda é a quantidade dessa mercadoria. Em uma economia que utiliza moeda fiduciária, como as economias atuais, o governo controla a oferta de moeda: restrições legais concedem ao governo o monopólio de impressão da moeda.... o controle sobre a oferta monetária é chamado de política monetária”. (Mankiw, 2004).
Como surgiu a moeda fiduciária?
A experiência mostrou que a conversão da
moeda-papel em metais preciosos não era
solicitada por todos os seus detentores ao
mesmo tempo.
Além disso, enquanto um agente requisitava a
conversão da moeda-papel em metais
preciosos (sacavam) outros requisitavam
novas emissões (realizam depósitos).
Isso levou as casas de custódia a emitirem
progressivamente, ainda que cautelosamente,
certificados não lastreados.
Dada a confiança da comunidade nos
honrados depositários (casas de custódia)
criou, assim, a moeda fiduciária, isto é, a
moeda sem lastro em ouro e prata.
A qual é baseada na confiança, segurança e
certeza.
Características da moeda fiduciária (papel-moeda):
Lastro inferior a 100%.
Menor garantia de conversibilidade, uma vez que
todos não podiam ao mesmo tempo converter papéis em moeda.
Se isso ocorria, teria a quebra “geral do sistema”, como
ocorreu na França (nos anos imediatamente seguintes a morte de Luiz XIV) e na Inglaterra (Pânico de 1793) e nos EUA (corrida bancária, 1929).
Só então após a quebra dos bancos e do sistema é que o Estado passou a controlar o mecanismo das emissões e a exercer seu monopólio.
O Estado passou a regulamentar as emissões,
estabelecendo três sistemas básicos:
Sistema de cobertura integral: tornou as
emissões iguais ao montante do encaixe metálico.
Sistema de reserva proporcional: foi
estabelecida uma relação legal entre a emissão e o encaixe metálico (mais ou menos entre 30 e 40%).
Sistema de teto máximo: foi estabelecido um
Porém, a inflexibilidade do sistema levou as
instituições emitirem notas inconversíveis.
No entanto, após a Primeira Guerra Mundial, a
maior parte dos países procurou manter a conversibilidade das notas.
Porém, com a crise de 1929-33 (Grande
Depressão) os esforços mostraram-se inúteis e a idéia de conversibilidade foi abandonada e as
moedas nacionais (exceção do dólar que manteve a garantia de lastro metálico proporcional até
Assim , os lastros dos papéis em metais
preciosos ficaram no passado.
Hoje o sistema monetário é fiduciário e as
características que prevalecem, são:
Inexistência de lastro metálico. Inconversibilidade.
A moeda bancária
Juntamente com a moeda fiduciária, a moeda
bancária, são as duas formas convencionais
de moeda hoje usadas.
Também conhecida como moeda escritural,
por corresponder a lançamentos à débito e a
crédito nas contas correntes dos bancos.
O desenvolvimento da moeda bancária ocorreu
quando os bancos notaram, por uma questão de cálculo de probabilidade, ser possível emprestar parte dos depósitos recebidos à vista, pois era improvável que todos os depositantes sacassem seus fundos ao mesmo tempo.
Começou, assim, a surgir o fenômeno
multiplicativo, pois as pessoas que recebem os empréstimos realizam novos pagamentos que acabam sendo depositados nos bancos e, assim, novamente emprestados.
Sua movimentação é realizada por cheques,
que são instrumentos de transferência e
movimentação.
Pelo fato de não ter existência física, a moeda
bancária também é conhecida como moeda
invisível.
Funções da moeda e sua importância
Função de intermediária de troca
A moeda estabelece o padrão de troca (medida)
das transações.
Exemplo: o valor de um automóvel é dado em
dinheiro, exemplo: R$50.000,00, e não igual a 15 computadores.
É a razão principal de sua origem.
Permitiu a passagem do escambo (trocas
Os benefícios dessa função:
Reduziu o tempo empregado nas transações diretas,
elevando o tempo disponível para lazer e produção, e, assim, elevando o bem estar social.
Permitiu, assim, a maior produção.
Ao eliminar os inconvenientes da dupla coincidência
aumentou a liberdade de escolha. Qual produto irei demandar, produzido por A ou B?
Criou, assim, condições para a competitividade e
racionalidade dos sistema econômico.
Permitiu a seu detentor a liberdade de escolha em
relação ao tempo. Quando realizar a decisão de consumo?
Ao ser usada como meio de troca a moeda torna
possível a divisão do trabalho, a especialização e a elevação da produção.
A especialização eleva a produção por unidade de
tempo e fator, aumentando o bem estar da coletividade.
Nota-se que isso só é viável em economias
monetárias (a moeda permite transações de
volumosos e diversificados produtos em tempos reduzidos).
Função medida de valor:
A utilização generalizada da moeda leva a
criação de uma unidade-padrão de medida à qual são convertidos os valores de todos os bens e serviços.
Em sua ausência, os valores de cada bem ou
serviço são expressos em relação aos valores dos demais bens e serviços com os quais
Benefícios dessa função:
Permite a contabilização da atividade econômica e a administração racional das unidades de produção, fator indispensável ao desenvolvimento econômico e ao bem-estar.
Permite a construção de sistemas de contabilidade social (cálculo dos valores de produção,
investimentos, consumo, poupança) de grande
importância para a programação e administração da economia de um país.
Aumenta o volume de informações econômicas, via preço, tornando mais racional a produção e consumo.
Função reserva de valor:
Desde que a moeda é recebida até o instante que é
gasta por seu detentor, a moeda é uma reserva de valor.
A moeda é assim uma alternativa de guardar riqueza. A moeda transfere o poder de compra do presente
para o futuro, podendo o seu possuidor troca-lá futuramente por bens e serviços.
Dada a sua aceitação e possibilidades futuras de
conversão em outros ativos, produtos e bens, a moeda é caracterizada por ser o ativo mais líquido.
A moeda possui, assim, a liquidez por excelência. Até a Teoria Geral de Keynes (1936) essa
característica da moeda, embora já reconhecida, era desprezada.
Porém, Keynes ao enfatizar a incerteza em
economias monetárias trouxe essa função para o primeiro plano.
Quanto maior as incertezas sobre o futuro, maior a
proporção de moeda retida. Isso ocorre porque enquanto os outros ativos possuem liquidez
altamente variável, a moeda é um reservatório por excelência de poder de compra.
Benefícios da utilização da moeda como
reserva de valor:
Pronta e imediata aceitação da moeda em
convertê-la em outros ativos.
A imprevisibilidade do valor futuro de outros ativos.
Há bens duráveis que perdem praticamente seu
valor imediatamente quando adquiridos (máquinas, automóveis,...) e não são mais reversíveis ao valor que foram adquiridos.
Função liberatória:
A moeda possui o poder de saldar
dívidas, de liquidar débitos, de
livrar seu detentor de uma situação
passiva.
A moeda tem, assim, um poder
liberatório.
Função de padrão de pagamentos diferidos:
A moeda facilita a distribuição de pagamentos ao
longo do tempo, quer para concessão de crédito ou de diferentes formas de adiantamentos.
Facilita, assim, o crédito e viabiliza os processos
de investimento, de produção e consumo, através de pagamentos diferidos (distribuídos ao longo do tempo).
Exemplo: Permite que se antecipe a compra de bens
com promessas futuras de pagamento.
Permite que o empresário pague o salário do trabalhador antes que se venda o produto.
Função instrumento de poder:
A moeda pode servir como instrumento de
Representação esquemática dos fluxos monetário e reais: a moeda viabiliza esses fluxos ligando as unidades as famílias e empresas.
Fonte: Pinheiro (2007)
Características essenciais da
moeda
Para o bom desempenho das funções mencionadas da moeda, esta deve reunir uma série de características essências. São elas:
Indestrutibilidade e inalterabilidade
A moeda deve ser suficientemente durável para que
não se deteriore e destrua-se durante das trocas ao longo do tempo.
A impressão de cédulas em papel de qualidade inferior
levaria a sua destruição em poucas transações (ficariam irreconhecíveis), em prejuízo de seu último detentor.
Além disso, a indestrutibilidade e inalterabilidade
Características essenciais da
moeda
Indestrutibilidade e inalterabilidade
Ex.: O indivíduo A possui camisas e quer trocar
por sapatos.
O indivíduo B possui sapatos.
O arroz é a mercadoria usada como moeda. Então A troca camisas por arroz e troca o
arroz por sapatos com B.
Porém, o arroz pode “estragar” devido ao tempo de armazenamento e aos erros no armazenamento, dificultando a troca.
Homogeneidade
É necessário que unidades monetárias de mesmo valor sejam rigorosamente iguais.
Ex.: O indivíduo A possui camisas e quer trocar por sapatos. O indivíduo B possui sapatos.
O arroz é a mercadoria usada como moeda.
Então A troca camisas por arroz e troca o arroz por sapatos com B.
Porém, B poderá estar esperando arroz de grãos graúdos e inteiros e A poderá estar com arroz miúdos e quebrados, dificultando a troca.
Divisibilidade
A moeda deve possuir múltiplos e submúltiplos em
quantidade e variedade possibilitando tanto as transações de pequeno quanto de grande porte.
Ex.: A utilização do gado e de peles como moedas
são inviáveis, pois o fracionamento é impossível e/ou inviável.
O valor de um boi e/ou do couro é diferente de suas partes. Mesmo que se junte os pedaços do couro, o valor total da soma é diferente do couro original.
Transferibilidade
A moeda deve ser facilmente transferida nas
trocas.
O endosso das cédulas e, marcas em
mercadorias como no gado, identificando seu possuidor seria inviável no decorrer das
transações por falta de espaço nas cédulas e na mercadoria.
A facilidade na transferência da moeda facilita
Facilidade de manuseio e transporte
A moeda deve ser facilmente manuseada e
transportada.
O ouro e a prata eram moedas de fácil
manuseio e transporte, pois pequenas
quantidades possuíam altos valores de troca.
As mercadorias usadas como moeda eram de
difícil manuseio e transporte.
Ex.: O gado usado como moeda era de difícil
manuseio e transporte, especialmente quando usado em transações entre regiões distantes.
BIBLIOGRAFIA
LOPES, J. C.; ROSSETTI, J. P. Economia
monetária. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 1998.
MANKIW, N. G. Macroeconomia. 5ª ed. Rio de