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Qualidade e relevância da produção científica do Programa de Pós-graduação em Gestão Pública da UFRN

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

LÁZARO LAWRENCE PEREIRA DAMASCENO

QUALIDADE E RELEVÂNCIA DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA DA UFRN

NATAL 2019

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LÁZARO LAWRENCE PEREIRA DAMASCENO

QUALIDADE E RELEVÂNCIA DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICDA DA UFRN

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Administração da UFRN como requisito para obtenção de diploma de Graduação.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Pamela de Medeiros Brandão.

Natal 2019

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas – CCSA

Elaborado por Shirley de Carvalho Guedes - CRB-15/404 Damasceno, Lazaro Lawrence Pereira.

Qualidade e relevância da produção científica do Programa de Pós-graduação em Gestão Pública da UFRN / Lazaro Lawrence Pereira Damasceno. - 2019.

97f.: il.

Monografia (Graduação em Administração) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Departamento de Ciências Administrativas, Natal, RN, 2019.

Orientadora: Profa. Dra. Pamela de Medeiros Brandão.

1. Administração Pública - Monografia. 2. Produção científica - Qualidade - Monografia. 3. Programa de Pós-graduação em Gestão Pública - Monografia. 4. Strito Sensu - Monografia. I. Brandão, Pamela de Medeiros. II. Título.

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LÁZARO LAWRENCE PEREIRA DAMASCENO

QUALIDADE E RELEVÂNCIA DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICDA DA UFRN

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Graduação em Administração, da UFRN, como requisito parcial à obtenção do título de Graduado em Administração.

Aprovada em: __/12/2019

BANCA EXAMINADORA

______________________________________ Prof.ª Dr.ª Pamela de Medeiros Brandão (Orientadora)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

______________________________________ Prof. Dr. Fábio Resende de Araújo Universidade Federal do Rio Grande do Norte

______________________________________ Profa. Dr.ª Mariana Mazzini Marcondes Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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Decido este trabalho à minha família, que me apoiou muitíssimo no processo de produção do TCC, bem como pelo apoio que me vem sendo desde a minha infância para meu desenvolvimento pessoal e profissional.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais e aos meus parentes que apoiaram durante a jornada de elaboração, pois me foi dado pleno apoio em todas em todas as etapas da minha vida acadêmica e por todas as intervenções e incentivos para o desenvolvimento deste trabalho, como também, para o meu desenvolvimento pessoal, profissional e de cidadão.

Agradeço à professora-orientadora Pamela Medeiros Brandão pela orientação acadêmica deste TCC, bem como, pela atenção que me foi dada para o meu desenvolvimento acadêmico e incentivos de crescimento profissional.

Agradeço aos professores do curso de Administração pelo ensino de qualidade que me foi fornecido durante 4 anos e meio que permaneci na UFRN, pois o que aprendi posso levar para a minha vida pós-graduação.

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O Estado não é a ampliação do círculo familiar, e ainda menos, uma integração de certos agrupamentos, de certas vontades particularistas, de que a família é o melhor exemplo. Não existe, entre o círculo familiar e o Estado, uma gradação, mas antes uma descontinuidade e até uma oposição.

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RESUMO

Essa monografia avalia a qualidade e a relevância da produção técnica cientifica discente do Programa de Pós-graduação em Gestão Pública (PPGP) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Para tanto, traçou os seguintes objetivos específicos: apresentar um panorama dos trabalhos de conclusão do Mestrado Profissional em Gestão Pública do PPGP; elencar as expectativas de contribuições teórica e empírica dos trabalhos na perspectiva dos discentes-autores; e ponderar sobre as perspectivas de contribuição dos trabalhos produzidos para a eficiência da gestão pública. Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, que utilizou o estudo de caso como estratégia de pesquisa e a bibliometria como técnica de coleta e análise dos dados. A partir da pesquisa realizada, avalia-se que a produção científica dos discentes do PPGP/UFRN apresentam um satisfatório nível de qualidade e relevância tanto para a comunidade acadêmica, quanto para as organizações públicas atendidas evidenciadas, especialmente, pelas perspectivas de contribuir para o fomento ao debate, fornecimento de informações e a expansão da literatura no campo da administração pública; bem como a promoção de mudanças e desenvolvimento da organização estudada por meio da proposição de novas tecnologias, metodologias e procedimentos. Para além das perspectivas de contribuições teóricas e empíricas que demonstram a aplicabilidade das propostas, as produções técnica-científicas foram resultantes de pesquisas julgadas pelos pares, ou seja, por docentes que atuam na área de administração pública no Estado e no País.

Palavras-chave: Administração Pública. Produção Técnica-Científica. Qualidade.

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ABSTRACT

This Final Project Term measures the quality and relevance of the technical-scientific student paper of the Postgraduate Program in Public Management of the Federal University of Rio Grande do Norte (PPPM). To appraise the quality and the relevance, the subsequent goals have been set: to present a panorama of the Professional Master’s Degree in Public Management papers; to list the expectations of theoretical and empirical contributions of the papers from the perspective of the authors; to evaluate the expectations of the contributions for the public administration. This paper is an exploratory-descriptive study that used the case study as research strategy and the bibliometrics as collecting technique and data analysis. From the research done, it is possible to affirm that the PPPM papers have a satisfactory quality and satisfactory relevance levels, not only for the college community but also for the public institutions in focus, especially through the expectations of the contributions to the debate, through the use of information, through the expansion of the literature in the field of public administration, as well as to promote changes and to develop the organizations analyzed through the proposition of new technologies, methodologies and standard procedures. Besides the perspectives of the theoretical and empirical contributions that have shown the applicability of the propositions, the PPPM papers were the result of the judgment of the peers, in other words, the judgment made by university professors who work in public administration in both the National and State spheres.

Keywords: Public Management. Technical-Scientific Production. Quality. Relevance.

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LISTA DE SIGLAS

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CFA Conselho Federal de Administração

MEC Ministério da Educação

PPGP Programa de Pós-Graduação em Gestão Pública RIUFRN Repositório Institucional da UFRN

TCC Trabalho de Conclusão de Curso

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LISTA DE QUADROS

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Contribuição para a literatura. ... 39

Tabela 2 – Contribuição ao Debate. ... 39

Tabela 3 – Promoção de mudanças e desenvolvimento organizacional. ... 40

Tabela 4 – Uso de informações. ... 41

Tabela 5 – Tecnologia, metodologias e procedimentos... 42

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Quantitativo dos trabalhos do PPGP. ... 36 Gráfico 2 – Distribuição dos trabalhos do PPGP por membro das bancas examinadoras. ... 44 Gráfico 3 - Distribuição dos trabalhos do PPGP por organização da Banca Examinadora. ... 45 Gráfico 4 – Área territorial dos trabalhos do PPGP. ... 46 Gráfico 5 – Assuntos abordados no PPGP. ... 47

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SUMÁRIO

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ... 13

2 QUALIDADE E RELEVÂNCIA DA PESQUISA CIENTÍFICA NO CAMPO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ... 22

2.1 PESQUISA CIENTÍFICA: CONCEITOS, QUALIDADE E RELEVÂNCIA ... 22

2.2 PESQUISA CIENTÍFICA NA ADMINISTRAÇÃO ... 24

2.2.1 Administração como campo de atuação profissional: ... 25

2.2.2 Administração como arte: ... 28

2.2.3 Administração como ideologia: ... 28

2.2.4 Administração como ciência ou campo científico: ... 29

2.3 A PESQUISA CIENTÍFICA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ... 34

3 RESULTADOS ... 36

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 49

REFERÊNCIAS ... 51

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1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

No Brasil, o Estado é o principal agente na condução e na solução dos problemas sociais de todos os setores, de acordo com Tragtenberg (1971) e Cavalcanti (1981). Para isso, o Estado se utiliza da Administração Direta (governo) como a responsável pelo planejamento estatal de médio prazo (Plano Plurianual) e curto prazo (Lei de Diretrizes Orçamentárias e Lei Orçamentária Anual), bem como, para a definição de políticas públicas.

Segundo Bresser-Pereira (2010), para governar, o Estado gerencia as instituições públicas, escolhendo pessoas para operacionalizar as tarefas, outrossim, executar as leis e as políticas públicas, e melhorar continuamente o aparelho estatal com vista a comandar os serviços públicos qualitativa e eficientemente. Para tanto, o Estado se utiliza da Administração Pública como agente executor das políticas públicas.

Para Fanuck (1986, p. 481),

A administração pública pode ser entendida como a atividade que desenvolvem os órgãos que compõem o Poder Executivo com vistas à consecução da finalidade do Estado, traduzida na satisfação do interesse social e no cumprimento de suas obrigações fundamentais de Estado.

Corroborando com a definição supracitada de Fanuck, Gaetani (1999), Bergue et al. (2011), Cordeiro et al. (2014) e Silva (2017) complementam que a administração pública é o aparelhamento do Estado, que se organiza com objetivo de fornecer serviços públicos para atingir à satisfação das necessidades da população, tendo por fundamento o princípio basilar da legalidade em que há o domínio das leis e da política, o que determina aos gestores públicos estarem sempre sujeito aos ditames da lei, como também, submetem-se aos princípios constitucionais.

Os gestores públicos estão ligados a burocracia estatal por meio da legalidade, das leis e da política, e outros princípios. Tal ligação levou o Estado brasileiro a tornar-se burocrático. Entretanto, a burocracia estatal põe em dúvida a eficiência da Administração Pública.

Em razão disso, o Estado precisa de uma medida para mensurar as ações da administração pública e as consequências geradas para a sociedade. Para isso, será mensurada a qualidade da administração pública via resultados, que são interpretados como a capacidade governamental de formular e implementar com êxito decisões que beneficiem a sociedade. Esses resultados não têm objetivos financeiros, mas sim a prestação de serviços públicos de

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qualidade, que estão sujeitos a um controle social cada dia mais forte e exigente, por parte da população que deseja que suas necessidades sejam atendidas. (RICUPERO, 1994; REIS, MATOS, 2013; CORDEIRO et al., 2014; SANTOS; MENEGUIN, 2014)

As exigências populares refletem a importância da administração pública na sociedade e como suas ações têm repercussão no âmbito nacional e até mesmo alcance internacional. Silva e Crisóstomo (2019) relacionam essa importância ao gerencialmente do patrimônio público com o objetivo de gerar melhor nível de bem-estar social.

Nessa perspectiva, faz-se necessária a capacitação de servidores públicos objetivando transformá-los em gestores públicos diante de um cenário de mudanças sociais, econômicas e tecnológicas, que demandam pessoas qualificadas e com conhecimento. A capacitação de servidores públicos permitirá instrumentalizar o gerenciamento do patrimônio público e atender as demandas populares.

Visando a obtenção desses resultados, dentro da expectativa sobredita, e, ao mesmo tempo, incluir na prática administrativa a eficiência como ponto orientador da gestão pública, é imperativo que o gestor público se apresente como um profissional qualificado nas organizações públicas da Administração Direta e Indireta dos Poderes Constitucionais dos Entes Federativos. Para tanto, é imprescindível a existência de aparato estatal eficaz, ágil, disciplinado e com preparo técnico, o que torna imperativo o estabelecimento de capacidades técnicas e gerenciais no campo das organizações públicas. Esse aparato estatal só é obtido pela profissionalização da administração pública. (RICUPERO, 1994; BITTENCOURT; ZOUNAIN, 2010).

O aparato estatal supracitado é o próprio gestor público. Esse profissional tem como campo de atuação todos os órgãos da Administração Pública Direta e as Entidades da Administração Pública Indireta.

Esse gestor público, compreendido como aparato estatal, atua nas organizações públicas em suas três esferas, razão pela qual ele se torna indispensável à estrutura do Estado. Pois, segundo o entendimento de Silva (2008) e Reis e Matos (2013), almeja-se que suas ações direcionem a atividade estatal e os serviços públicos a pontos considerados importantes, tais como: efetividade do bem comum, imparcialidade, neutralidade e transparência.

Acrescenta-se, de acordo a compreensão de Albarello (2006), que compete ao gestor público adaptar-se a uma conjuntura de internacionalização de políticas sociais, econômicas e ambientais, complexidade dos mercados e a busca constante por inovação que levam às mudanças, por exemplo, de modo a reorganizar o processo de gestão. Para o desenvolvimento da adaptação e resiliência, são necessárias as seguintes habilidades:

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• Habilidades humanas: que lhe possibilite desenvolver sua capacidade de liderança, comunicação, negociação, administração de conflitos, enfrentar crises e lidar com mudanças descontinuadas;

• Habilidade profissional: que lhe propicie uma visão estratégica, incentive a criatividade e a inovação, a fim de ampliar a qualidade da gestão das organizações, incluindo-se aqui uma capacitação técnica que lhe possibilite o desenvolvimento de tecnologias administrativas adequadas às especificidades do setor público;

• Habilidade pública: que imbua de responsabilidade social em noções de ética, democracia e de compromisso com um projeto público nacional fundado na noção de cidadania. Esta habilidade que o diferencia, sobretudo, como administrador público. (KEINERT, 1994, p. 47).

Além dessas habilidades, saber responder às demandas da sociedade também faz parte do perfil que se espera encontrar no administrador público. Isso reforça a necessidade de sua profissionalização, devendo essa estar alicerçada no conhecimento técnico e na qualificação necessária focada para a obtenção de resultados eficientes e eficazes. No entanto, existe a barreira da inflexibilidade legal, que compele à inercia gerencial (SANTINELLI; LOURENÇO, 2012; CORDEIRO et al., 2014).

Independentemente das barreiras que perduram, a profissionalização do gestor público, e, por conseguinte, do próprio serviço público, fazem-se mais que necessária, para levar eficiência às políticas públicas. Nesse contexto, a qualificação do gestor público, necessária para uma boa governança pública, se tornou um dos principais pilares para a melhoria da qualidade dos serviços públicos (BISPO; SANTOS JÚNIOR, 2006).

Para tornar a profissionalização do gestor público possível, utilizam-se Instituições de Ensino Superior que capacitam pessoas, servidoras públicas ou não, por meio de seus cursos de técnicos, graduação e pós-graduação. Orban (2001) e Bergue (2008) salientam que existem no Brasil vários tipos de instituições vinculadas às três esferas de governo (federal, estadual e municipal), que atuam na capacitação, treinamento e formação profissional de gestores públicos nos moldes de organizações de excelência. Dentre essas, dá-se preferência pelas universidades e pelas Escolas de Governos, com diferentes denominações, estruturas organizacionais e linhas de atuação que não são similares.

Essas Escolas de Governo, de acordo com Orban (2001) e Magalhães e Tibúrcio (2017), atuam formando servidores públicos para atuarem no assessoramento técnico e em atividades de pesquisa, produção e divulgação de conhecimento, fornecendo ainda formação acadêmica, com programas de graduação e pós-graduação lato sensu ou stricto sensu.

Além das Escolas de Governo, conforme salienta Bergue (2008), as universidades se sobressaem como importantes agentes de fomento à produção e difusão de conhecimento

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especializado ao setor público, seja por meio do desenvolvimento de pesquisas, ou pela oferta de cursos de graduação e pós-graduação. Estas instituições destacam-se ainda pela realização de cursos de extensão. Nessa perspectiva, Severino (2007, p. 22-23) afirma que “a Universidade, em seu sentido mais profundo, deve ser entendida como uma entidade que, funcionária do conhecimento, destina-se a prestar serviço à sociedade no contexto da qual ela se encontra situada [...]”.

Dessarte, as universidades públicas brasileiras vêm assumindo a responsabilidade nesse processo formativo, e isso têm contribuído na formação de profissionais que atuam ou que desejam atuar na Administração Pública, por meio, especialmente dos cursos de ensino superior em administração que visam formar quadros profissionais capazes de atenderem as demandas advindas da sociedade com mobilidade, elasticidade, criatividade e inovação tanto nos níveis estratégico, quando operacional (OLIVEIRA; SAUERBRONN, 2007).

Nesse sentido, os cursos de administração têm por objetivo formar profissionais para atuar na gestão das organizações, quer sejam nas organizações privadas, públicas ou ainda nas organizações da sociedade civil (OSC), conforme observa-se nas Diretrizes Nacionais Curriculares de Educação para a Administração e para a Administração Pública.

Art. 3º O Curso de Graduação em Administração deve ensejar, como perfil desejado do formando, capacitação e aptidão para compreender as questões científicas, técnicas, sociais e econômicas da produção e de seu gerenciamento, observados níveis graduais do processo de tomada de decisão, bem como para desenvolver gerenciamento qualitativo e adequado, revelando a assimilação de novas informações e apresentando flexibilidade intelectual e adaptabilidade contextualizada no trato de situações diversas, presentes ou emergentes, nos vários segmentos do campo de atuação do administrador. (MEC, 2005)

Essa graduação tem como perspectiva a empresarial, o que pode ser observado em suas diretrizes curriculares, haja vista o MEC (2005), cujos conteúdos de formação profissional estão relacionados as áreas funcionais da administração. Denotando-se assim a importância dos cursos de graduação em administração pública, que têm contribuído na formação inicial do administrador público no país, pois tem como intento

[...] propiciar formação humanista e crítica de profissionais e pesquisadores, tornando-os aptos a atuar como políticos, administradores ou gestores públicos na administração pública estatal e não estatal, nacional e internacional, e analistas e formuladores de políticas públicas. (MEC, 2014)

Atualmente existem, conforme dados do MEC (2019), 2.980 cursos de administração de empresas e 92 cursos de administração pública. Diante disso, a formação profissional tem

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ocorrido inicialmente via cursos de graduação em Administração e Administração Pública ou Gestão Pública1.

Para Severino (2007), a forma como o ensino superior se consolidou historicamente no mundo Ocidental almeja alcançar três objetivos, que são articulados entre si: a formação de profissionais de diversas áreas aplicadas; a formação de cientistas; e, a formação de cidadãos.

Além da formação inicial, as universidades têm ofertado cursos de pós-graduação visando aprofundar a formação do gestor público na área de Gestão Pública2, seja por meio de cursos de especialização (lato sensu) ou por cursos de mestrado e doutorado (stricto sensu).

Houve um rápido crescimento na quantidade de cursos de pós-graduação das modalidades stricto sensu e lato sensu a partir da década de 1990, conforme disciplina Fonseca e Fonseca (2016). Isso é confirmado pela CAPES (2017), que argumenta que em 2013 havia 2.893 (dois mil oitocentos e noventa e três) cursos de mestrado, 1.792 (mil setecentos e noventa e dois) cursos de doutorado e 397 (trezentos e noventa e sete) cursos de mestrado profissional; em 2017, 3.398 (três trezentos e noventa e oito) cursos de mestrado, 2.202 (dois mil duzentos e dois) cursos de doutorado e 703 (setecentos e três) cursos de mestrado profissional.

Esse crescimento demonstra a importância que os cursos de pós-graduação têm na sociedade brasileira, o que justifica seu aumento percentual no referido período de cinco anos. Oliveira (1996) e Fischer (2003) elencam os objetivos dos cursos de pós-graduação, que são a formação de professores; a formação de pesquisadores; e a formação de profissionais de nível elevado para atender às demandas do mercado, tanto nas instituições privadas, quanto públicas.

Os cursos de pós-graduação são exclusivamente formados pelos sistemas stricto sensu e lato sensu. No tocante ao sistema de pós-graduação stricto sensu, que engloba o mestrado e doutorado, de acordo com Paixão e Bruni (2013) e Oliveira e Almeida (2015), originou-se com o propósito de formar pesquisadores e professores para trabalharem nas universidades e, por isso, tem natureza acadêmica, o que torna essa modalidade uma preparação para o doutoramento.

De modo específico, para Oliveira (1996), os cursos de mestrado formam professores, pesquisadores e profissionais qualificados, ou seja, uma qualificação acadêmica

1 Dependendo de como a Instituição de Ensino Superior registra o curso no Ministério de Educação e se é de graduação ou pós-graduação, o curso pode ser “Administração Pública” ou “Gestão Pública”.

2 Dependendo de como a Instituição de Ensino Superior registra o curso no Ministério de Educação e se é de

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que atende a diversos públicos, porém, há preferência em formar professores e pesquisadores, o que causa desinteresse nos profissionais atuantes do setor empresarial. De forma complementar ao mestrado, os cursos de doutorado, na visão de Oliveira (1996), estão vinculados a pesquisa, focando para o crescimento do conhecimento e da criação de novos saberes.

Além dos cursos de mestrado e doutorado acadêmicos, criaram-se os cursos de Mestrado Profissionais. O Mestrado Profissional3, diferentemente do seu congênere acadêmico, visa, segundo Paixão e Bruni (2013), a profissionalização, não focando tanto no desenvolvimento de pesquisadores.

Sob essa ótica, a CAPES (2014) informa que o mestrado profissional é uma modalidade de pós-graduação stricto sensu que objetiva a qualificação de profissionais que atuantes de diversas áreas do conhecimento com o auxílio de estudos de técnicas, processos, ou temáticas que acolham e responda a demanda do mercado de trabalho. O curso de nível superior almeja dar contribuições ao setor produtivo nacional com fim de agregar um nível maior de competitividade e produtividade a organizações de natureza pública ou privada.

De acordo com a CAPES (2019), no campo da pós-graduação em administração, existem 67 cursos de mestrado e 10 cursos de doutorado. Sendo destes 42 cursos de administração pública. E desses existem 33 cursos de mestrado profissional na área de administração pública, distribuídos nas seguintes regiões do Brasil, em ordem crescente: três na região norte; três na região na região sul; seis na região centro-oeste; nove na região nordeste; doze na região sudeste.

Esses cursos de Mestrado Profissional de Gestão Pública, além de atuarem na formação e capacitação do Gestor Público, realizam pesquisas que contribuem para o desenvolvimento das organizações públicas e sua gestão. Gerando assim conhecimento com uma maior aplicabilidade e ampliando as perspectivas de contribuir para eficiência da gestão pública, e consequentemente, para a melhoria dos serviços públicos prestados à sociedade.

No Rio Grande do Norte, existe apenas um curso de Mestrado Profissional em Administração Pública, sendo ofertado exclusivamente pela UFRN. Para atender esta demanda, tem-se o Programa de Pós-graduação em Gestão Pública (PPGP) da UFRN. O

3 A regulamentação desses cursos ocorreu em razão das Portaria MEC nº 389, de 23 de março de 2017 e Portaria CAPES nº 60, de 20 de março de 2019, de acordo com o MEC (2017a); MEC (2017b) e CAPES (2019). Os cursos de mestrado profissional foram regulamentados, inicialmente, pela Portaria CAPES nº 47, de 17 de outubro de 1995, de acordo com a CAPES (2019).

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programa foi criado oficialmente pela Resolução CONSEPE/UFRN nº 12, de 10 de fevereiro de 2015, tendo como objetivos:

I - capacitar profissionais de nível superior para o exercício de funções de direção e assessoramento em organizações públicas;

II - desenvolver pesquisas tendo em vista a formação de pesquisadores e o incremento da produção científica e tecnológica em Gestão Pública e áreas afins. (UFRN, 2015)

Além da formação profissional que atua na gestão pública, seja no âmbito municipal, estadual ou federal, o programa tem desenvolvido estudos e pesquisas de interesse da administração pública. O PPGP dispõe de duas modalidades de pesquisa: Dissertação e Projeto de Intervenção. “Na Dissertação de Mestrado, o candidato deve demonstrar domínio do tema escolhido, capacidade de pesquisa e sistematização do conhecimento” (UFRN, 2013). Já o projeto de intervenção refere-se a:

[...] proposições de mudanças em serviços ou sistemas administrativos existentes na instituição ou à criação de serviços ou sistemas administrativos completamente novos na instituição (inovação), cuja implantação tenha potencial de resultar em evidentes benefícios ao desempenho institucional, seja em termos de aumento de eficiência, redução de custos, aumento de efetividade (mudança social) ou responsabilização (accountability). (UFRN, 2018)

Independentemente da modalidade desenvolvida, ambas as pesquisas estão voltadas a compreender e propor ações de melhoria da gestão públicas. Sendo assim, a qualidade desses trabalhos se apresenta como de fundamental importância; devendo também apresentar relevância especialmente empírica, visto que se trata de Mestrado Profissional.

No PPGP, desde sua criação, já foram publicados 74 trabalhos, sendo 44 Dissertações e 30 Projetos de Intervenção. Valença (2018) realizou um estudo bibliométrico nos trabalhos científicos do Mestrado Profissional, em que analisou 72 dissertações e projetos de intervenção até o ano de 2018.

Esse estudo bibliométrico teve como foco de análise os aspectos metodológicos4 das Dissertações e Projetos de Intervenção do PPGP, considerando, por exemplo, tipo de pesquisa, técnica de coleta de dados e métodos de análise dos dados utilizados.

4 Nos trabalhos houve preferência pela junção de pesquisas teóricas e empíricas, como também, para o tipo de pesquisa, preferiu-se a modalidade descritiva, sendo a natureza de pesquisa mais escolhida a qualitativa, concomitantemente, com relação a coleta de dados, evidenciou-se e escolha preferencial pela entrevista. No que diz respeito à análise de dados, o estudo mostra uma preferência pela análise de conteúdo que pode ser

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No entanto, restando ainda saber: Qual é o nível de qualidade e relevância das

produções científicas do Programa de Pós-Graduação em Gestão Pública da UFRN?.

Buscando responder essa pergunta, esta monografia tem como objetivo geral avaliar a qualidade e relevância da produção técnica cientifica discente do Programa de Pós-graduação em Gestão Pública da UFRN. Para tanto, traçou os seguintes objetivos específicos:

a) Apresentar um panorama dos trabalhos de conclusão do Mestrado Profissional em Gestão Pública do PPGP;

b) Elencar as expectativas de contribuições teórica e empírica dos trabalhos na perspectiva dos discentes-autores; e

c) Ponderar sobre as perspectivas de contribuição dos trabalhos produzidos para a eficiência da gestão pública.

A relevância desses objetivos se justifica diante da necessidade de análise sobre a qualidade e impacto que a produção gera para a sociedade, como retorno de investimento público realizado. Cita-se que a CAPES avalia os cursos de nível superior, dentre outros critérios, pela qualidade dos trabalhos realizados e seu impacto na sociedade. Isso é justificável, porque existe um investimento público, que exige retorno, talvez não imediato, mas que a produção científica elaborada deve trazer resultados positivos para a sociedade que a banca financeiramente.

Esses dados servirão, portanto, para melhor compreender as contribuições geradas pelo Programa de Pós-Graduação em Administração Pública (PPGP) da UFRN, e, assim, direcionar futuros estudos; a apuração dos dados também contribui para o processo de avaliação institucional.

De acordo com as finalidades deste estudo ele se classifica como sendo exploratório-descritivo (GIL, 2002). E de acordo com a natureza dos dados, trata-se de uma pesquisa quantitativa (GÜNTHE, 2006; FREITAS; JABBOUR, 2011).

A pesquisa exploratória tenciona possibilitar maior familiaridade com o problema, com a expectação de torná-lo mais explícito ou de constituir hipóteses, tendo como objetivo principal de aperfeiçoar as ideias ou descobrir intuições (GIL, 2002, p. 41). Já a pesquisa descritiva visa a descrição “[...] das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis”. (GIL, 2002, p. 42)

justificada pela quantidade de trabalhos sincronicamente qualitativa quantitativa e isoladamente quantitativas. (VALENÇA, 2018, p. 44)

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Adota como estratégia de pesquisa o estudo de caso, conforme Yin (2005), tendo como unidade de análise as dissertações e os projetos de intervenção produzidos, defendidos e divulgados pelo PPGP. Esses trabalhos estão disponíveis no site do Repositório Institucional da UFRN5, compreendendo um universo de 74 trabalhos defendidos no período de 2013 até 2019. Desse modo, serão alcançados os objetivos dessa monografia.

A pesquisa realizada foi bibliográfica visando analisar a qualidade e a relevância da produção técnica-científica do PPGP, para responder ao objetivo geral deste TCC, tendo hipótese que aquela produção tem qualidade e relevância regional e nacional, uma vez que atende demandas de órgãos e entidades das três esferas de governo (federal, estadual e municipal) dos três Poderes Constitucionais (Executivo, Judiciário e Legislativo).

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2 QUALIDADE E RELEVÂNCIA DA PESQUISA CIENTÍFICA NO CAMPO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

2.1 PESQUISA CIENTÍFICA: CONCEITOS, QUALIDADE E RELEVÂNCIA

A ciência assume o dever de ser o meio eficaz destinado a promoção do progresso pela perenização do debate e da sua construção e desconstrução, porque passa a ser considerada como uma fonte de indagação sobre a realidade, desvelando a essência do conhecimento concernente ao objeto estudado por meio do desnudamento das aparências. (MIRANDA; VERÍSSIMO; MIRANDA, 2007)

Desse modo, a ciência se tornar um importante ator social, econômico e político com influência e poder. Assim, ela precisa ser sobremaneira enérgica, conforme dispõe Droescher e Silva (2014), um processo em se descobre sem interrupção; que gera novos resultados e novas perguntas. Para isso, a ciência frequentemente possui resultados de caráter temporário e transitório.

Contundo, a ciência precisa justificar sua importância para existir. Isso é explicado por Droescher e Silva (2014), que argumentam que a ciência tem como finalidade a percepção da natureza e o entendimento da natureza e seus fenômenos, o que faz com que seja abalizada como um instrumento indispensável na ininterrompível busca por respostas que realizem as mais diversas necessidades sociais, por ser sistema perene de investigação que utiliza os conhecimentos acumulados para criar novos saberes, configurando assim como um insumo essencial que leva para o progresso mundial.

Assim, para materializar a ciência é necessária a pesquisa científica. Essa representa a transposição das ideias para o mundo real, trazendo, presumidamente, resultados relevantes para as pessoas interessadas na pesquisa.

Desse modo, considerando Gil (2008) e Nascimento e Sousa (2017), afirma-se que as pesquisas científicas são o caminho para a geração de conhecimentos úteis a resolver problemas sociais. Nessa perspectiva, conceitua-se pesquisa como um procedimento racional e sistemático que almeja proporcionar oferecer respostas aos problemas apresentados. Ela é usada quando não se tem informação suficiente para responder à pergunta feita ou quando a informação disponível está num nível exacerbado de desorganização que torna dificílimo relacionar aquela ao problema.

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Com o avanço das fronteiras do conhecimento humano, a ciência proporciona aos povos que participam de fato de seu desenvolvimento melhor qualidade de vida. Isso é alcançado mediante libertação do homem quanto às necessidades básicas de sobrevivência e da conseqüente sofisticação da atividade humana em seus aspectos sociais, econômicos, culturais e artísticos. (VERCESI et al., 2002, p. 16-17)

Assim, para se alcançar o estágio de desenvolvimento pleno, a pesquisa precisa nascer, e para isso, tem sua origem associada, normalmente, a um problema, uma indagação e dúvida, conforme Silveira e Córdova (2009) e Del-Masso, Cotta e Santos (2014), o que justifica ser uma atividade investigadora, capaz de achar resposta ou, talvez, criar mais perguntas, possibilitando uma intervenção na realidade para a compreensão ou a solução de situações de caráter social, econômico e organizacional, dentre outros.

A pesquisa se caracteriza por ser a atividade nuclear da ciência, e em razão disso é basilar e, ao mesmo tempo, processo perenemente em construção, permitindo uma aproximação e compreensão da realidade a ser investigada, o que possibilita, a posteriori, uma intervenção. Ressalta-se também que por ser resultado de um inquérito ou de um exame minucioso, que foca em estudar resolução de problemas por meio de procedimentos científicos, busca entender os dados encontrados, os critérios objetivos, estruturados e explícitos por meio de teorias, linguagem adequada e métodos. (CHIZZOTTI, 2008; SILVEIRA; CÓRDOVA, 2009)

No entanto, a pesquisa científica precisa possuir alguns atributos que garantam que seus resultados sejam considerados verdadeiros e confiáveis, tanto frente aos pares e a comunidade científica, quanto a sociedade, receptora dos resultados científicos, quando são fruto de investimento público.

Vercesi et al. (2002) afirma que a pesquisa científica tem que possuir duas importantes características: qualidade e relevância6. Quando se trata da qualidade, há o julgamento dos pares, proposta de resolução de problemas e desafios históricos; já a relevância se aplica aos efeitos que a pesquisa traz para a sociedade.

A qualidade possui as seguintes características: não só se refere ao âmbito interno da área na qual a pesquisa desenvolve-se, concomitantemente, à sua profundidade, abrangência, à medida que lança luz sobre diferentes assuntos, resolvendo, também, problemas e desafios históricos, sendo, concomitantemente, o índico de quão bem feito a pesquisa está englobando o conhecimento que gera, sua precisão metodológica ou sua originalidade, por exemplo. (CAMÍ, 1997; VERCESI et al., 2002)

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Para a análise da qualidade existe o julgamento de pares, também conhecido como sistema de arbitragem, de avaliação de originais ou de avaliação de pares, sendo uma forma de avaliação que compõe o processo de construção do conhecimento científico. Os que opinam sobre qualidade são os especialistas, também chamados de consultores, pareceristas ou árbitros. Eles são mesma área de pesquisa e têm as competências de avaliar se o trabalho deve ser publicado na forma em que está, se precisa de alguma alteração ou se será aceito. (CAMÍ, 1997; DAVYT; VELHO, 2000; VERCESI et al., 2002; STUMPF, 2005)

Além da qualidade, há a relevância. Essa, de acordo Vercesi et al. (2002), tem correlação com a qualidade, pois quase tudo o que muita qualidade se torna relevante, e, provavelmente, nada do que não tem qualidade terá alguma relevância.

Dessarte, a relevância, de modo complementar à qualidade, possui as seguintes características: relaciona-se com a aplicabilidade a áreas externas à do desenvolvimento da pesquisa e com sua importância para a sociedade; refere-se aos critérios que vêm de fora da área, já que uma relevância “interna” iria se confundir com o que se denomina “qualidade” (VERCESI et al., 2002).

Ressalta-se a importância da busca por parte do pesquisador para que o trabalho tenha relevância, não se excluindo a qualidade do processo de elaboração. Isso é entendido por Campus (1984) como o ponto norteador que direciona para a preocupação com as relações entre teoria social e prática social, o que leva à fusão entre o interesse científico e o social, de maneira que se atinge a relevância quando a pesquisa contribui para a definição e o conseguimento de objetivos de desenvolvimento patíveis com o bem-estar dos indivíduos e o da coletividade, intentando compreender a realidade socioeconômica, política e institucional em transformação.

2.2 PESQUISA CIENTÍFICA NA ADMINISTRAÇÃO

A palavra “Administração” é originaria do latim (Administratione), que significa um modo dinâmico de tomar decisões sobre como os recursos serão utilizados a fim de possibilitar o atingimento das metas planejadas. A Administração é pertinente a todo o tipo de empreendimento humano que reúne, em uma única organização, pessoas com diferentes saberes e habilidades, sejam vinculadas às instituições com fins lucrativos ou não. Ela precisa ser aplicada aos sindicatos, às igrejas, às universidades, aos clubes, agências de serviço social, tanto como nas empresas, sendo responsável pelos seus desempenhos. (FERNANDES, 2010; BARRETO, 2017)

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Devido a suas características, a Administração se tornou uma das áreas mais importantes da humanidade, de modo que, para Barreto (2017) todos os problemas poderiam ser resolvidos se houver gestão responsável e de excelência. Para realizar essa gestão, faz-se necessário, de maneira eficiente e eficaz, fazer as coisas por meio das pessoas, bem como, a área consiste em realizar as tarefas da maneira mais adequada possível, com o mínimo de recursos a serem usados, sempre com a finalidade de se alcançar as metas.

A ideia apresentada por Barreto (2017) foca exclusivamente na visão da Administração como uma gestora de recursos. Para tanto, é preciso, segundo França Filho (2004), sair da visão restritiva da Administração como gestão de organizações.

Nesse sentindo, conforme França Filho (2004), entender a administração como um verbo de ação e ligada ao verbo “fazer” não deixa espaço para outras reflexões. De acordo com Gomes et al. (2013), nessa conformidade, a administração tem como marca ser uma ciência pluralista, que conversa com várias outras áreas do conhecimento, o que possibilita aquisição de novos saberes e diferentes visões de mundo.

Quanto a isso, França Filho (2004) defendendo a expansão do conceito de Administração e para responder à pergunta se a administração tem como motivo de existência a gestão como prática ou as organizações como fenômeno social, questiona o seguinte:

Afinal de contas, gerir uma organização não supõe de antemão uma compreensão acerca do que ela seja? Se uma organização pode ser vista como um sistema de atividades em funcionamento, será que tal funcionamento não existe exatamente numa ordem social específica? Se esta ordem social (sic) relaciona-se mais aos aspectos simbólicos do trabalho (remetendo ao significado das ações dos indivíduos), enquanto o funcionamento aos fatores mais de natureza técnica, como entender então essa dupla dimensão, técnica e simbólica, que estrutura o universo organizacional e repercute sobre o padrão de gestão adotado? (FRANÇA FILHO, 2004, p. 120-121)

Como há diversos aspectos a serem considerados na administração, ela pode ser concedida de diferentes formas. São elas: como campo de atuação profissional, como arte, como ideologia e como ciência ou campo científico.

2.2.1 Administração como campo de atuação profissional:

A administração como campo de atuação diz respeito a atuação de profissionais na gestão de organizações. A administração é uma prática antiga que remota ao ano de 5.000 A.C., quando as pessoas procuravam adotar formas de resolver problemas práticos (CFA,

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2017). Nesse sentido, a área era exercida por pessoas com vocação ou habilidades técnicas adquiridas na própria prática.

Recentemente, no Brasil, a Administração surge como profissão regulamentada, e, como consequência, criam-se os sistemas CFA/CRAs7 pela Lei nº 4.769, de 8 de setembro de 1965, emendada pelas Lei nº 6.642, de 1979, Lei nº 7.321, de 13 de junho de 1985 e Lei nº 8.873, de 16 de abril de 1994.

Como profissão, a Administração requer uma formação em nível superior. Os cursos de Administração podem contribuir em duas dimensões: na formação do profissional e na realização de pesquisas. No tocante à formação de profissionais, esta é regulada pela burocracia estatal via MEC e pela gestão acadêmica das Instituições de Ensino Superior; já a pesquisa científica não tem a mesma regulamentação da formação acadêmica, pois possui autonomia intelectual.

A importância da área se dá em razão da multiplicidade de possibilidades de estudos e aplicação prática dos conhecimentos. A atuação do Administrador é bastante ampla, sendo necessário em todo tipo de empresa. Ele atua em diversas áreas essenciais às organizações, tais como, a comercial, logística, financeira, compras, gestão de pessoas, marketing, entre outras. Vê-se que há uma grande possibilidade de atuação, podendo essa ser realizado nas áreas tradicionais ou inovadoras, ligadas, por exemplo, empreendedorismo e à Tecnologia da Informação.

Quando se trata da Administração como profissão, ela passou a existir, a priori, após a legitimação da Ciência Administrativa por Lei Federal8, e, a posteori, expandiu-se com o crescimento no número de cursos tanto superiores quanto técnicos oferecidos por instituição de ensino técnico-superior, por exemplo, as universidades, faculdades e Institutos Federais, por exemplo.

De modo complementar, a Administração, que passou a ter as mesmas garantias de outras profissões regulamentadas, tais como a de medicina, advocacia, e nisso, resultou-se no crescimento do número de cursos pelo país, conforme afirma o CFA (2018). Trata-se de uma profissão, que em decorrência do caráter interdisciplinar de seu processo formativo, pode atuar em campos diversos.

7 Ressalta que antes da edição da Lei no 7.321, de 13 de junho de 1985, o atual Conselho Federal de Administração e os Conselhos Regionais de Administração se chamavam Conselho Federal de Técnicos de Administração e Conselhos Regionais de Técnicos de Administração, respectivamente.

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Admite-se a existência de quatro esferas ou formas de propriedade, de acordo com Bresser-Pereira e Grau (1999), que são relevantes no atual capitalismo: a) pública estatal; b) pública não-estatal; c) a corporativa; e d) privada. França Filho (2004), argumentando diferentemente dos autores anteriores, afirma que as organizações são classificadas em três esferas, sendo: a) a gestão privada, b) a gestão pública e c) a gestão social, em que a primeira engloba as empresas; a segunda, as instituições públicas; e a última, públicas ou privadas as OS e OSCIP.

A esfera pública estatal tem como característica o poder do Estado, ou pode ou não estar diretamente subordinada ao Estado; a esfera privada, ao contrário da anterior, almeja o lucro e o consumo privado. (BRESSER-PEREIRA; GRAU, 1999).

A gestão social, conforme Bresser-Pereira e Grau (1999), França (2004) e França Filho (2004), se refere as entidades que atuam na sociedade civil, chamadas ainda de públicas não-estatal, e são administradas para prestar serviços coletivos sem qualquer objetivo financeiro como meta a ser alcançada. E não faz parte da Administração Pública, tem seu estatuto regido pelo direito privado, e está sujeita ao controle do Estado quando percebem recursos do Erário.

Considerando os campos de atuação do Administração, as áreas de conhecimento ganharam especificidades, de modo que se destaca dois campos de conhecimento: a) Administração de Empresas; e b) Administração Pública.

A Administração de Empresas, segundo Albarello (2006), foca na perspectiva do mercado. Aquela se concentra na visão do mercado, que abrange a necessidade dos clientes, a otimização dos recursos financeiros, da gestão de pessoas e de materiais, por exemplo, mas sempre concentrado na maximização de lucros. A Administração de Empresas requer de seu profissional o perfil da objetividade, porque visa, a qualquer custo, a eficiência, que será obtida por meio do uso de modernas técnicas administrativas e do conhecimento micro e macro empresarial.

Diferentemente da iniciativa privada, sua congênere pública é responsável pelos serviços públicos realizados através dos órgãos da Administração Direta e Entidades da Administração Indireta e seus servidores e empregados públicos. Silva (2017) pondera que o termo “Administração Pública” tem diferentes conceituações, que variam conforme a especificidade que se pretende apresentar em determinada situação, devendo-se considerar o amplo campo de atuação que aquela tem. A Administração Pública tem como guia diversos princípios, de acordo com Fanuck (1986), dentre eles, o da finalidade, em que suas ações, não importando o tipo de ato, que só podem ter como alvo o interesse público.

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A gestão pública, de acordo com Stewart e Ramson (1988 apud Saraiva, 2010), necessita de recursos públicos, sendo suas ações guiadas pela transparência, e, há equidade nas necessidades, busca a justiça, tem foca na cidadania, tem a ação coletiva como o instrumento da sociedade organizada e o consumidor dos serviços públicos (cidadão) pode modificar os serviços públicos.

Como agente da gestão pública, o gestor público tem que apresentar um perfil que visa a objetividade, mas também atinja a subjetividade, ou seja, que suas ações sejam voltadas para as áreas social, da cidadania, abrangendo discernimento sobre o direito administrativo e representação diante de contatos políticos administrativos. (SANTINELLI; LOURENÇO, 2012)

2.2.2 Administração como arte:

Arte é conceituada como uma habilidade, ações baseadas essencialmente na intuição e como o risco de decisão tomadas que os resultados sejam previstos, ou a mestria para alcançar um resultado definido esperado. Sob essa ótica, é possível argumenta que a administração é arte quando se tem o “dom” de gerir, isto é, os indivíduos possuem habilidades natas que permitem a eles prescindirem de uma educação superior formal, sendo chamados de “administradores natos”, ao contrário daqueles que tem, no mínimo, graduação, sendo chamados de “administradores de direito” (FERREIRA; REIS; PEREIRA, 2000; FRANÇA FILHO, 2004).

Comparam-se os administradores natos a artistas que não tem qualificação, derivando disso histórias de vida de pessoas “vitoriosas” que superaram desafios sem ter sequer uma formação técnica-acadêmica, que segundo França Filho (2004), é amplamente compartilhado em eventos motivacionais como um modelo de existência e de vida a ser seguido, pois o “vitorioso” é alguém em que as pessoas que o veem e escutam devem se inspirar, e ser como ele ou ela.

2.2.3 Administração como ideologia:

Entende-se a Administração como ideologia quando não é parcial na construção de seu saber, porque trabalha para o desenvolvimento e a manutenção do sistema capitalista, isto é, a favor dos empresários ou controladores das empresas que compõe a estrutura gerado de lucros e concentração de poder do mercado privado. Desse modo, a Administração está

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reforçando a lógica do uso do trabalho assalariado, para que esse transforme sua força de trabalho no meio do qual os inputs são transformados em outputs, o que sempre gera a mais-valia para o proprietário da empresa. (FRANÇA FILHO, 2004; MARX, 2013)

Assim, há, consequentemente, para França Filho (2004), relações de poder e lutas de classe, especialmente entre aqueles que detêm o capital e os que trabalham para o capital. Isso é corroborado por Caribé (2008), afirma que a Administração, como campo de conhecimento ascendeu com a evolução de uma determinada forma de produção e a sequente consolidação do Estado, o que foi feito com base na exploração do trabalho e na implementação da produção e fluxo de produtos.

Sob essa ótica, a construção, a manutenção e o aperfeiçoamento do capitalismo como força político-econômica faz com que se normalize as relações de poder entre os empresários (detentores do capital) e empregados (força de trabalho do capital), porque, segundo Ferreira, Reis e Pereira (2000), o desenvolvimento de um campo de estudos na condição de ciência que possui corpo teórico próprio, articulado de forma a indicar a seus seguidores como se portar em casos específicos, prevendo os resultados desse comportamento, suscita a concentração de poder financeiro e econômico por partes dos proprietários de empresas e a crescente subordinação de pessoas assalariadas à força esmagadora do mercado.

Isso tem como consequência a dominação de classes inferiores pelas superiores, que, de acordo com Caribé (2008), a administração passa a ser caracterizar mais como um sistema de dominação do que uma ciência, o que resulta na quantidade de discursos ideologizados, que não tem fundamento científico, mas que são grande utilidade prática. Isso poder ser comprovado pela grande quantidade de discursos motivacionais corporativos para criar trabalhadores “felizes”, “motivados”, “produtivos” e com “crescente necessidade de autodesenvolvimento”.

2.2.4 Administração como ciência ou campo científico:

A administração ainda está um estágio de desenvolvimento em que não há um consenso sobre se pode ser ou não considerada ciência. Para Ferreira, Reis e Pereira (2000) para que uma área se desenvolva como ciência é preciso que possua personalidade própria, mas pondera que o conhecimento gerado pela administração se alicerça em outras áreas, tais como, a sociologia, psicologia e economia, por exemplo.

Sob essa ótica, a Administração se apropria de saberes difusos de diversas áreas, o que comprova a influência de engenheiros e psicólogos para a gestão da produção, de

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processos e projetos e gestão estratégica de pessoas, respectivamente, de modo a proporcionar espaços para questionamento das teóricas basilares e para a criação de novos corpos teóricos, principalmente pela consolidação dos programas de doutorado e pós-doutorado em Administração.

Assim, conforme informa França Filho (2004), considerar a Administração como uma área do conhecimento é o mesmo que reconhecê-la como uma ciência, isto é, a ciência administrativa, ideia advinda da Administração Científica, que teve como expoentes Taylor, Fayol e outros, tais como, Gantt e os Gilbreths9, conforme França Filho (2004).

Acrescenta-se que, de acordo de França Filho (2004), os primeiros teóricos da Administração tentaram restringir a área apenas a iniciativa privada, principalmente aplicada ao ramo industrial, e idealizaram que deveria ter planejamento racional, previsibilidade, e controle, portanto, essas características tornariam a Administração uma ciência legítima, concomitantemente um conjunto de regras gerais para gerenciar o ato administrativo.

Outrossim, a administração foi evoluindo, e manteve-se a concepção da Administração Científica, o que pode ser comprovado pela definição dada pelo CFA (2017) : A administração é “[...] ciência da área humana fundamentada em sistemas e processos que buscam o planejamento, organização, direção e controle das realizações, tanto na esfera pública quanto na privada.”.

Em razão disso, a área possui capacidade técnica para lidar e resolver os problemas de todas as organizações em que atua. Ela age por meio de suas diversas áreas do conhecimento, que conversam entre si compartilhando dados e informações multidisciplinares.

Taffarel e Silva (2013), pensado similar ao CFA (2017), destacam que a Administração é ciência, pois investiga uma ampla variedade de organizações e procurar criar soluções, como também, é arte e concebe um espaço de aplicação de conhecimentos de origens diversas. Para se atingir o caráter científico na área é necessária subordinação da prática a um conjunto de modelos e teorias, dos quais não deve haver desvinculação, bem como, a interligação entre prática e a teoria tem que ser perene; a primeira fornece novos desafios à teoria; essa desenvolve os subsídios necessários para melhorar a prática.

Contrariando a ideia anterior, Administração, como campo científico, conforme disciplina Gomes et al. (2013) e Santos (2017), expressa-se como um saber interdisciplinar que ainda não tem reconhecimento e legitimação pela comunidade científica, por que está em

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fase de consolidação, de modo que se considerasse ciência exclusivamente as áreas de pesquisa das ciências naturais ou hard cience. Como consequência disso e em resposta ao não reconhecimento da Administração como ciência, a comunidade científica administrativa está se esforçando para conceder status de ciência à área.

Independentemente do reconhecimento ou não da Administração como ciência, conforme entende Chizzotti (2008), destaca-se que, juntamente, as ciências e a pesquisa cresceram e se desenvolveram inicial por um processo de procura metodológica das explicações das causas dos fatos ou do entendimento laborioso da realidade, usando-se de informações obtidas através de observações atentas ou outros meios adequados de se colecionar e compilar os dados singulares que fundamentassem afirmações mais amplas.

Desse modo, a Administração para se efetivar como campo científico, necessita se libertar dos entraves do pensamento epistemológico moderno, que constrói um conceito de ciência rejeitando e desqualificando as demais fontes de saberes (SANTOS, 2017). Isso prejudica a constituição de comunidade científica, que presume ter um corpo teórico, mas também absorve saberes de outras áreas para poder compor seu próprio corpo teórico, pois segundo Betero et al. (2013), a censura aos conhecimentos originados em áreas externas afeta a principal missão que uma comunidade científica tem, que é a construção de teorias que identifiquem fenômenos importantes e busquem os porquês de eles ocorrerem, o seu modo e as suas consequências.

De qualquer forma, o reconhecimento e o prestígio de determinada ciência estão intimamente ligados ao fato da mesma ser considerada e aceita, verdadeiramente, como ciência sendo que o sentido da ciência reside no fato de que o progresso não tem fim. (GOMES et al., 2013, p. 8)

Mesmo que a pesquisa científica em administração esteja com seus status científicos indefinidos ou questionados, a administração precisa construir uma comunidade científica forte que batalhe para a valorização social, econômica, política e científica da área. Isso geraria resultados positivos que tornariam o administrador um profissional respeitado no mercado, pois traria contribuições imprescindíveis ao mercado privado, e, não só a esse, mas também, ao setor público e ao terceiro setor.

Para a construção da comunidade científica administrativa, a área precisa se consolidar como campo de conhecimento, que para Tonelli et al. (2003) e Betero et al. (2013) tem crescimento notoriamente, de modo que o aumento da produção científico-acadêmica

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brasileira em Administração ocorre significativamente desde a década de 1990, tanto em nível de Graduação, quanto na pós-graduação.

Nesse sentindo, as pesquisas de pós-graduação têm se destacado, porque são publicadas em espaços além dos bancos de pesquisas institucionais, havendo tendência de privilegiar produções de mestrado e doutorado no tocante à publicação em eventos e periódicos científicos nacionais. Além desse fenômeno, à medida que houve, não só, o aumento dos programas de pós-graduação, bem como consequência do fator, o aumento na quantidade de artigos publicados em periódicos científicos nacionais, passe-se a questionar a qualidade dessas publicações. (CARDOSO, 2017)

Mesmo com esse avanço na produção científica, essa é, segundo Betero e Keinert (1994), divulgadora no tocante a repetição do que é produzido no exterior; é aplicada à proporção que utiliza conceitos modernos e recupera experiências estrangeiras com objetivos de aplicá-las às questões administrativas do Brasil; sendo também crítica e reflexiva à medida que indaga e procura eliminar de forma total ou parcialmente concepções e elucidações que são criadas em outras nações.

Assim, vale destacar o desempenho limitado da produção científica e dependência dos autores nacionais em relação aos estrangeiros. No tocante ao primeiro, Roesch (2003) afirma que diversos fatores podem influenciar o desempenho limitado, dentre eles:

[...] modelos teóricos, temas de pesquisa e metodologias, em vez de desenvolver algo original. [...] copiamos mal e desenvolvem pesquisas insuficientemente delineadas, metodologicamente confusas, e com pouco manuseio de dados empíricos; a ênfase na quantidade, na massificação e na subordinação às estatísticas de sucesso conduzem à perda de qualidade. Outros acreditam que este processo é inevitável, mas pode levar à aprendizagem. Outros, ainda, atribuem o problema à própria natureza da área de Administração, onde a urgência para solucionar problemas organizacionais práticos estimula a criação de modismos e impede espaços de reflexão e criação teórica.

Roesch (2003), contra-argumentando o que foi supracitado, informa que talvez nossas autocríticas estejam dando ênfase exagerada a fatores institucionais ou organizacionais, de modo que sugere que elas atribuem destaque desproporcional a fatores contextuais, como motivo para o desempenho limitado. Como resposta, diz que diferentemente do que é dito, as pesquisas científicas em Administração possuem a falta de rigor técnico; comodismo; rapidez na realização do trabalho científico; e o relato da pesquisa, com frequência, desmerece o trabalho que foi realizado.

O desempenho limitado também pode ser consequência da massificação do curso de Administração, conforme Oliveira, Lourenço e Castro (2015). Como a área passou pelas suas

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duas primeiras fases10, a terceira fase, fruto das mudanças históricas, políticas, internacionais e mercadológicas, representou o nascimento de novos cursos em quantidade colossal, o que é reforçado por Souza-Silva e Davel (2005): a maior parte das instituições de ensino superior não atinge seu objetivo educacional mais importante, que é a formação do cidadão competentemente crítico e reflexivo, pois o aluno passou a ver visto como um cliente, uma fonte de lucro.

Oliveira, Lourenço e Castro (2015) argumentam que pesquisadores como Nicolini (2003) e Alcadipani (2011) têm suas dúvidas quanto à formação acadêmica dos alunos, a qualidade do ensino e pesquisa, o tipo de profissional que está sendo formado e suas consequências para a sociedade e o mercado, de modo que questionam como a massificação afeta diretamente a qualidade do ensino, resultando em administradores medíocres sem base teoria desenvolvida e com foco exclusivo no mercado.

A formação e o ensino dos profissionais da área de administração sem um preparo adequado do pensar, refletir, questionar, pesquisar se tornam ações cada vez mais descompensadas (sic), inviabilizando um processo cíclico, autoalimentado e fundamentalmente crítico e fecundo. (CARDOSO, 2015, p.114)

No tocante à dependência dos autores nacionais em relação aos estrangeiros, é importante informar que “Parte essencial da missão de qualquer comunidade científica é a construção de teorias, ou seja, a identificação de fenômenos relevantes e a busca de explicações sobre por que ocorrem, como ocorrem e quais são suas consequências” (BETERO et al., 2013, p. 15), ou seja, os pesquisadores, que somados todos formam a comunidade científica, devem elaborar teorias que desenvolvam suas respectivas áreas de atuação. O desenvolvimento dessas deveria ser pautado pela originalidade e pela realidade local, porém o que realmente acontece é a importação de teorias estrangeiras, conforme discute Betero et al. (2013, p. 15):

Os pesquisadores brasileiros vêm sistematicamente se apropriando de teorias originadas fora do País, especialmente aquelas produzidas nos países anglo-saxões, e aplicando-as ao contexto local. Tal modus operandi abrange todo o espectro paradigmático, do neopositivismo às teorias críticas, incluindo as abordagens pós-modernas.

10 A primeira fase foi o currículo mínimo e a segunda foram as reformas promovidas pelas Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e Diretrizes Nacionais Curriculares, conforme informa Castro, Lourenço e Oliveira (2015).

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Betero et al. (2013) acrescenta que não há problema em se apropriar das teorias estrangeiras, pois, por meio delas pode-se ter acesso às mais modernas teorias para explicar fenômenos regionais, como também, há possibilidade de contribuição para o avanço dos sabe teórico em contextos diferentes daqueles em que as teorias importadas foram geradas.

Assim, pretendendo alterar a cultura de apropriação superficial das teorias estrangeiras, é necessário ter um processo de escolha consciente e estratégica delas que serão usadas e sobre sua aplicação real na realidade local, o que reforçado por Giroletti (2005), que diz que, na medida que a literatura acadêmica-científica nasce inicialmente nos países que pertencem ao primeiro mundo. A crítica passa a ter razão, porque reforça uma cultura colonialista que valoriza o que é estrangeiro em detrimento ao nacional.

Para superar esse paradigma, é necessária a construção de uma comunidade científica. Ela geraria contribuições para as três esferas que compõe a sociedade, conforme expressa França Filho (2004).

2.3 A PESQUISA CIENTÍFICA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A administração pública como área de pesquisa tem uma história recente quando comparada com a pesquisa em administração, porque surge, conforme Farah (2011) e Valença (2018) no século XX com o objetivo inicial de treinar servidores para atuarem em organizações públicas, de modo que a administração pública, como área de conhecimento, estava no século XX em processo de construção de seu corpo técnico-teórico, que quando entra no século seguinte, passa a buscar sua consolidação como área de conhecimento reconhecida e admirada.

O processo de desenvolvimento e posterior amadurecimento começou, de acordo com Soares, Ohayon e Rosemberg (2011), no ano 1938 com a criação do Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), criado por Getúlio Vargas e teve um momento marcante com a criação da Escola Nacional de Administração Pública (ENAP) em 1986.

Nessa perspectiva, a administração pública nasce como instituição de Estado quando o sistema burocrático foi implantado, a priori, pelo primeiro Governo Vargas (1930-1945) e, a posteriori, transformado pelo gerencialismo da administração neoliberal do Governo Collor (1990-1992), o que está sendo mantido até o presente momento da elaboração deste TCC.

Em razão disso, a gestão pública brasileira reflete a crescente produção de trabalhos científicos, que, igualmente aos trabalhos na área de administração, o incremento numérico não reflete necessariamente a melhoria da qualidade dos trabalhos científicos.

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Independentemente dos problemas ainda enfrentados, a administração pública, como área de pesquisa, de acordo com Camões, Paloti e Cavalcante (2014) tem produzido conhecimento pautado para o processo de tomada de decisão e o desenvolvimento de sistemáticas sobre temas que são afetos ao setor público. No entanto, sofre com a falta de uma pergunta basilar, que dê orientação.

Aditivamente, Valença (2018) destaca que a administração pública precisa deixar de ser apenas lócus de pesquisa, direcionando seus esforços para ser um campo que possui conceitos, abordagens e metodologias próprias, pois está em um contexto sociopolítico cuja diversidade de fatores fazem com que problemas sociais se transformem em públicos.

Diante dos argumentos expostos, argumenta-se que a gestão pública deve ser seguir o mesmo caminho que as pesquisas em administração tem caminhado: a busca por qualidade e relevância. Isso garantirá que elas possam ter reconhecimento nacional e internacional, pois quando se fala em qualidade de pesquisa científica, visa-se uma justa avaliação por parte dos pares, publicação em mídias renomadas, por exemplo, e aliado a isso, busca-se tornar a produção técnica-cientifica relevante seja para os órgãos públicos e servidores estudados, seja para a sociedade civil, usufrutuária dos serviços e políticas públicas.

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