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Tribunal de Contas da União

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Tribunal de Contas da União Dados Materiais:

Decisão Sigilosa 69/93 - Plenário - Ata 22/93

Processo nº TC 022.225/92-7 - SIGILOSO, c/ 21 Volumes.

Interessado: Gilmar Carneiro dos Santos, Presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de São Paulo.

Entidade: Banco do Brasil S.A. Vinculação: Ministério da Fazenda.

Relator: Ministro-Substituto BENTO JOSÉ BUGARIN. Representante do Ministério Público: não atuou. Órgão de Instrução: 8ª IGCE.

Assunto:

Denúncia de contratação pelo Banco do Brasil, sem licitação, de serviços de advocacia de terceiros para execução de devedores que teriam levado a composições de débitos lesivas aos interesses do Banco, tendo a improcedência do feito sido comprovada mediante Inspeção Extraordinária, e pedido de certidão formulado pelo denunciante.

Ementa:

Denúncia. Associação de Servidores. Banco do Brasil. Pessoal. Contratação de serviços de advocacia para cobrança de dívida, sem licitação. Composição de dívida com prejuízo para o Banco. Pedido de Certidão formulado pelo denunciante. Considerações sobre a matéria. Improcedência do fato denunciado. Conhecimento, para atendimento do pedido de certidão. Recomendação.

Data DOU: 22/06/1993 Página DOU: 8311 Data da Sessão: 09/06/1993

Relatório do Ministro Relator: GRUPO II - CLASSE V

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EMENTA: Denúncia. Contratação pelo Banco do Brasil, sem licitação, de serviços de advocacia de terceiros para execução de devedores, levando a composições de débitos lesivas aos interesses do Banco. Improcedência comprovada mediante Inspeção Extraordinária. Solicitação de certidão pelo denunciante. Art. 54, parágrafo único, da Lei nº 8.443/92. Conhecimento do pedido e expedição da Certidão. 1. NATUREZA: Denúncia.

2. AUTOR: Gilmar Carneiro dos Santos, Presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de São Paulo. 3. OBJETO: contratação pelo Banco do Brasil S.A., sem licitação, de serviços de advocacia de terceiros para execução de devedores do Banco, a despeito da existência de um quadro próprio de advogados na estrutura funcional da instituição. Com isto, além dos gastos desnecessários com serviços que poderiam estar sendo executados por funcionários, estariam ocorrendo, ainda, lesões aos interesses do Banco em decorrência de composições de dívidas feitas de forma inadequada ou irregular pelos profissionais contratados, destacando o denunciante, entre outros, o acordo firmado com as empresas Destilaria Alexandre Balbo Ltda. e Comercial e Construtora Balbo Ltda., que representou redução das dívidas daqueles estabelecimentos para, aproximadamente, 25% (vinte e cinco por cento) de seu valor real.

4. EXAME ANTERIOR: Sessão de 19.11.92, quando este Plenário, acolhendo Voto deste Relator, recebeu a presente Denúncia e determinou à 8ª IGCE a realização de Inspeção Extraordinária no Banco do Brasil com vistas à apuração da regularidade dos fatos narrados pelo denunciante nas cobranças de dívidas superiores a Cr$ 1.000.000.000,00 (hum bilhão de cruzeiros), em particular no caso das empresas Destilaria Alexandre Balbo Ltda. e Comercial e Construtora Balbo Ltda. (Ata nº 42/92-Plenário(Reservada) - Decisão nº 261/92 - cópia às fls. 288).

5. CONCLUSÕES DA EQUIPE DE INSPEÇÃO (fls. 319/321): diante do exposto no Relatório de Inspeção de fls. 292/319 e após análise das operações constantes dos Volumes anexos ao processo principal, são as seguintes:

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5.2. "não restou comprovado que os advogados externos tenham praticado qualquer espécie de fraude contra o Banco do Brasil S.A. em decorrência de sua atuação no patrocício das causas a eles confiadas, de acordo com informações constantes dos documentos acondicionados em processos criteriosamente analisados nos parágrafos 110 a 115" do Relatório de Inspeção;

5.3. "os advogados externos não têm poderes para firmar acordos com os devedores executados, quer na esfera judicial, quer na administrativa";

5.4. "os honorários correspondentes à prestação de serviços advocatícios são pagos pelos devedores executados, tanto nas ações judiciais quanto na hipótese de acordo celebrado

administrativamente entre o Banco do Brasil S.A. e seus devedores, não havendo, na eventualidade de ser o Banco vencido em juízo, o pagamento de honorários aos advogados externos representantes daquela instituição financeira";

5.5. "a conveniência de o Banco contratar serviços

advocatícios prestados por advogados externos ou confiar a condução das ações de cobrança unicamente aos advogados pertencentes a seu quadro de funcionários é ... matéria de administração interna que deve ser tratada exclusivamente no âmbito daquela instituição de crédito";

5.6. "no caso específico do acordo de confissão de dívidas firmado em juízo entre o Banco do Brasil S.A., como credor, e a empresa Destilaria Alexandre Balbo e outros, como devedores, apontado pela entidade denunciante como lesivo àquele Banco, ficou irrefutavelmente comprovado, pelo exame da substanciosa documentação requerida ao Banco e acostada aos autos, que não houve, como preconizado na denúncia, dispensa de correção monetária no período de 30.11.91 a 27.05.92, nem tampouco redução da dívida a 25% de seu valor real, como pode ser visto na exaustiva

demonstração" apresentada nos itens 116 a 145 do Relatório, e que "o referido ajuste foi conduzido em consonância com as pertinentes normas internas do Banco";

5.7. "com referência à adoção de concurso público defendida na denúncia como necessária para o Banco contratar advogados externos, cabe esclarecer que aquela instituição financeira contratou

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improcedente a denúncia, nesse particular";

5.8. a execução dos serviços advocatícios contratados "não exige notória especialização dos profissionais que os prestam, no caso que se aprecia, nem tampouco se reveste de singularidade que os afaste da licitação", não figurando a referida contratação nas hipóteses de dispensa ou inexigibilidade de licitação previstas no Decreto-lei nº 2.300/86.

6. OCORRÊNCIA POSTERIOR À CONCLUSÃO DA INSPEÇÃO: em 14.05.93, o autor da presente Denúncia requereu a esta Corte (fls. 322), com

fulcro no parágrafo único do art. 54 da Lei nº 8.443/92, a expedição de certidão dos despachos e fatos apurados no processo. 7. PARECERES DA 8ª IGCE (fls. 323/330): são uniformes no que tange ao mérito da Denúncia e ao conhecimento e atendimento do pedido de certidão, divergindo, entretanto, no tocante aos termos da aludida certidão.

7.1. INSTRUÇÃO (fls. 320/321 e 323/324): propõe:

7.1.1. seja determinada ao Banco do Brasil S.A. a adoção de providências com vistas à abertura de procedimento licitatório em todas as contratações de serviços advocatícios com profissionais estranhos ao seu quadro de pessoal, face ao disposto no Estatuto das Licitações e na Constituição Federal, devendo aquela entidade dar ciência ao Tribunal das medidas tomadas;

7.1.2. seja mantido o sigilo do processo, por envolver

operações bancárias contratadas com mutuária nominalmente identificada na Denúncia, estando sujeitas, assim, às disposições do art. 38, "caput" e § 7º, da Lei nº 4.595/64 e do art. 18 da Lei nº 7.492/86;

7.1.3. seja dada ciência da Decisão que vier a ser proferida ao Banco do Brasil e ao Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de São Paulo;

7.1.4. seja conhecido e provido o pedido de certidão, fornecendo-se a seu signatário cópia das peças processuais enumeradas às fls. 324.

7.2. SR. DIRETOR-SUBSTITUTO DA 2ª DIVISÃO DA 8ª IGCE (fls. 325): anui às propostas da instrução.

7.3. SR. INSPETOR-GERAL DA 8ª IGCE (fls. 326/328): aquiesce às sugestões dos pareceres que o precederam no tocante ao

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certidão lavrada nos termos da minuta lançada às fls. 329/330. É o Relatório.

Voto do Ministro Relator:

8. Assomam dos autos quatro questões fundamentais para formação de um juízo sobre o mérito da presente Denúncia e sobre o

encaminhamento a lhe ser dado: a regularidade da contratação de advogados externos para execução de dívidas do Banco, a regularidade das negociações conduzidas por estes profissionais com os devedores, o caráter sigiloso dos autos e o pedido de certidão encaminhado pelo denunciante.

9. Com relação ao primeiro ponto, é necessário discutir tanto a conveniência das contratações de profissionais externos quanto o cumprimento da legislação pertinente à matéria na consumação daqueles atos administrativos.

10. Embora não caiba ao Tribunal discutir a oportunidade das contratações, posto que a matéria situa-se na alçada da discricionariedade do administrador, é indiscutível que os

argumentos apresentados pelo Banco justificam plenamente a conduta daquela instituição (Vol. VIII, fls. 14/19).

11. De fato, o grande volume de ações judiciais movidas contra o Banco em decorrência dos diversos planos econômicos baixados pelo Governo Federal em anos recentes e o crescimento do número de devedores inadimplentes em virtude da conjuntura econômica adversa, associados ao restrito quadro de advogados daquela entidade, levou a uma sobrecarga de serviços exigidos daqueles profissionais, dificultando-lhes a defesa dos interesses da instituição, ainda

mais quando se considera que aqueles servidores permaneciam com a incumbência de apreciar as inúmeras novas operações de crédito que o Banco cotidianamente realiza.

12. Tal situação poderia sugerir ser necessário o recrutamento de novos profissionais para os quadros permanentes da entidade. Todavia, a índole cíclica das ações movidas tornava

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13. Verifica-se, destarte, que a contratação de serviços de profissionais estranhos aos quadros da instituição afigurava-se como sendo a alternativa mais racional e mais adequada para a solução do problema.

14. Cabe agora analisar a regularidade das contratações efetuadas, consideradas irregulares pelo denunciante por terem sido realizadas sem licitação e sem concurso público.

15. Em primeiro lugar, o instituto do concurso público não se aplicaria aos atos administrativos em foco, haja vista ser

indispensável, como preconiza a Constituição Federal, apenas quando se tratar da contratação de pessoal. E, no caso em exame, o que ocorreu foi a contratação de serviços profissionais, incompatível com a modalidade de certame defendida pelo denunciante.

16. Quanto à realização de licitação, o Banco, em defesa da inexigibilidade daquele procedimento para as contratações em foco, alegou a inviabilidade de competição com base na inexistência de critérios objetivos para seleção de propostas, já que não seria possível a utilização nem do tipo licitatório melhor técnica, visto que o contrato a ser assinado estabelecia as formas e condições de execução dos serviços, nem do tipo menor preço, uma vez que a remuneração dos profissionais dar-se-ia com os honorários decorrentes da sucumbência processual e estes não poderiam ser objeto de convenção entre partes, eis que fixados por ato do órgão judicial.

17. Os argumentos do Banco são, à primeira vista, irrefutáveis. Estipulando os contratos a serem firmados que a remuneração dos advogados externos seria exclusivamente "ad exitum", aqueles profissionais não perceberiam outra retribuição pela prestação de seus serviços que não os respectivos honorários, a serem pagos pelos devedores. E estes honorários, sendo fixados pelo juiz no curso do feito judicial em virtude da sucumbência processual, não poderiam ser discutidos pelos advogados, inviabilizando o procedimento licitatório do tipo menor preço. 18. Além disso, não seria possível a licitação do tipo melhor técnica, já que os profissionais externos não teriam como diferenciar a forma de prestação de seus serviços em decorrência da definição anterior, pelo Banco, do modo e das condições de sua execução.

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efetuação da despesa pública, visando à escolha da proposta mais vantajosa para a administração pública. Não havendo despesa no tipo de contratação em foco, visto que os honorários seriam pagos somente "ad exitum" e, neste caso, incumbiriam sempre aos devedores e não ao Banco, estaria afastada a necessidade de licitação.

20. Isto, entretanto, não se verifica. É certo que a licitação

busca selecionar a oferta que melhor atenda ao interesse público. Contudo, é, também, uma forma de assegurar o princípio da igualdade, insculpido no Texto Constitucional, no campo das relações econômicas do Estado com os particulares, assegurando a todos os indivíduos interessados em contratar com o poder público a chance de competirem em igualdade de condições.

21. Assim, o certame licitatório deve ter lugar ainda que não

haja dispêndios por parte da Administração na execução do objeto do futuro contrato, uma vez que não se pode negar aos cidadãos eventualmente interessados em contratar o direito de oferecerem seus préstimos ao Estado, inclusive porque, no curso da avença, podem estes particulares auferir benefícios dela decorrentes, até mesmo no campo financeiro. E esta é exatamente a situação que exsurge dos contratos firmados pelo Banco, pelos quais os profissionais externos poderão receber honorários algumas vezes de elevado valor, o que certamente também interessaria a outros advogados que foram preteridos na contratação direta.

22. Quanto aos motivos apresentados para sustentar a inviabilidade de competição, é procedente, apenas nos contratos em questão, que possuem as peculiaridades acima descritas, o argumento da impossibilidade de realização de licitação do tipo menor preço. O mesmo não valeria se houvesse qualquer outro tipo de pagamento aos advogados que não honorários "ad exitum", hipótese em que seria obrigatório o certame.

23. Também com respeito ao argumento da impossibilidade de adoção do tipo melhor técnica não há como discordar, já que a forma e as condições gerais de execução dos serviços são dadas pelo Banco. Inviabiliza-se, assim, o certame licitatório para cada contratação específica, pois não há condições objetivas para julgamento das propostas.

24. Verifica-se, destarte, a inviabilidade jurídica de

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inconveniência administrativa. É o direito, ele próprio, que torna inviável a competição. Daí serem inexigíveis licitações nesses casos." ("in" "Estatuto Jurídico das Licitações e Contratos Administrativos" - 2ª edição - São Paulo, Saraiva, 1990 - p. 43). 25. Tal restrição não impede, contudo, que o Banco, diante do grande número de causas a serem patrocinadas, da necessidade de garantir igualdade entre os interessados em contratar e da

necessidade de assegurar a qualificação técnica dos advogados, avalie, de forma imparcial, a capacitação dos profissionais externos, habilitando-os previamente para futuras contratações. Para tanto, aquela entidade pode valer-se do instituto da pré-qualificação, previsto no Estatuto das Licitações.

26. Como destaca o saudoso mestre Hely Lopes Meirelles, "o procedimento para a pré-qualificação é assemelhado ao da própria concorrência, iniciando-se com a definição de seu objeto, edital com ampla publicidade e especificação dos requisitos desejados pela Administração, abertura dos envelopes de documentação em ato público e julgamento dos participantes por Comissão, com a subseqüente homologação da decisão por autoridade competente. Na pré-qualificação não se apresentam propostas, mas apenas a documentação comprobatória dos requisitos de capacitação solicitados pela Administração" ("in" "Direito Administrativo Brasileiro" 15ª edição São Paulo, Revista dos Tribunais, 1990 -p. 283).

27. A adoção deste tipo de procedimento, apesar de assegurar uma qualificação mínima dos profissionais externos e,

conseqüentemente, a expectativa de um desempenho satisfatório, não garantiria, por si só, a igualdade entre os interessados, já que

poderia haver privilégios na distribuição de causas. Para que isto fosse evitado, seria necessária a implantação de uma sistemática objetiva para a adjudicação dos contratos aos advogados externos, o que poderia ser feito pelo Banco em respeito à transparência que deve permear todos os atos da administração pública.

28. Cabe, ainda, discutir a questão da necessidade ou não de licitação à luz dos dispositivos legais e regulamentares que disciplinam a matéria.

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30. Por sua vez, o item "b", inciso IV, do item 25 daquele normativo estabelece ser inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial "para a contratação, com profissionais ou firmas de notória especialização, dos serviços enumerados no item 10".

31. Já o Estatuto das Licitações trata do certame para contratação de serviços nos seguintes artigos, entre outros: "Art. 2º - As obras, serviços, compras e alienações da Administração, quando contratadas com terceiros, serão necessariamente precedidas de licitação, ressalvadas as hipóteses previstas neste Decreto-lei.

...

Art. 5º - Para os fins deste Decreto-lei, considera-se: ...

II - Serviço - Toda atividade destinada a obter determinada utilidade concreta de interesse para a Administração, tais como demolição, fabricação, conserto, instalação, montagem, operação, conservação, reparação, manutenção, transporte, comunicação ou trabalhos técnicos profissionais;

...

Art. 12 - Para os fins deste Decreto-lei, consideram-se serviços técnicos profissionais especializados os trabalhos relativos a:

...

V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;

...

Parágrafo único - Considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é o mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato.

...

Art. 23 - É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial:

...

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notória especialização. ...

Art. 85 - Aplicam-se aos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios as normas gerais estabelecidas neste Decreto-lei. Parágrafo único - As entidades mencionadas neste artigo não poderão:

a) ampliar os casos de dispensa, de inexigibilidade e de vedação de licitação, nem os limites máximos de valor fixados para as diversas modalidades de licitação;

...

Art. 86 - As sociedades de economia mista, empresas e fundações públicas e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União e pelas entidades referidas no artigo anterior, até que editem regulamentos próprios, devidamente publicados, com procedimentos seletivos simplificados e observância dos princípios básicos da licitação, inclusive as vedações contidas no parágrafo único do art. 85, ficarão sujeitas às disposições deste Decreto-lei."

32. Como se percebe, serviços técnicos profissionais, tais

como aqueles tratados no presente processo, somente podem ser contratados sem prévio certame licitatório se o forem com profissionais de notória especialização e, mesmo assim, na hipótese de se tratar de serviços de natureza singular.

33. Tais requisitos não se verificam no caso em tela. Além de se tratar de serviços de índole comum, que não possuiam complexidade maior que os individualizasse, a contratação deu-se com profissionais que não eram notoriamente especializados, como reconheceu o próprio Banco (Vol. VI, fls. 218).

34. Assim, poder-se-ia inferir que aquela instituição violou os dispositivos legais acima transcritos ao consumar as contratações em foco. Entretanto, deve-se atentar para o fato de que o art. 23 do Estatuto das Licitações estabelece ser "inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial" nas hipóteses que enumera em seus incisos.

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a possibilidade de competição em virtude das características peculiares de que se revestiram as contratações.

36. Constatada a conveniência e a regularidade da utilização dos serviços dos advogados externos, cabe agora discutir a regularidade dos acordos firmados por aqueles profissionais com devedores do Banco.

37. Como destacou a equipe de inspeção após análise dos autos, não foi detectada "qualquer relevante falha ou irregularidade na condução dos processos por parte dos advogados contratados. Os feitos correram em ritmo normal, fato que também afasta a possibilidade de atitudes negligentes ou em ritmo propositalmente vagaroso por parte dos contratados". Não foram encontrados, assim, "motivos para afirmar que a atuação dos advogados contratados nos dossiês examinados se deu de forma fraudulenta, negligente ou irresponsável", ainda mais que, "sem autorização do gerente responsável da agência credora, o advogado externo não tem como firmar acordo com o devedor".

38. No caso específico do acordo firmado pelo Banco com as empresas Destilaria Alexandre Balbo Ltda. e Comercial e Construtora Balbo Ltda., mencionado especificamente na peça inaugural da Denúncia, as conclusões da equipe de inspeção foram de que a aludida avença "foi conduzida, no âmbito daquela instituição financeira, em consonância com as diretrizes do Governo Federal sobre renegociação de dívidas e com as correspondentes normas internas do Banco", tendo os honorários advocatícios sido pagos pelas devedoras, sem representar despesa para aquele estabelecimento bancário, e tendo sido aplicados à dívida a correspondente correção monetária e demais encargos previstos nos normativos pertinentes. Outrossim, não seria procedente a afirmação do denunciante de que houve acordo lesivo aos interesses da entidade de crédito, "visto que não se confirmaram, no caso em exame, prejuízos ao Banco do Brasil em decorrência da" operação consumada.

39. Verificada a improcedência da Denúncia, cabe agora analisar o encaminhamento a ser dado ao feito e ao pedido de certidão formulado pelo interessado.

40. O § 1º do art. 55 da Lei nº 8.443/92 estipula que o

Tribunal, ao decidir, deverá deliberar sobre a manutenção ou não do sigilo do processo quanto ao objeto e à autoria da Denúncia.

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dispositivo e, ainda, no art. 38, "caput" e § 7º, da Lei nº

4.595/64 e no art. 18 da Lei nº 7.492/86, propõem a manutenção do "sigilo do processo quanto ao objeto da Denúncia, uma vez que o mesmo envolve, dentre outras questões, operações bancárias contratadas com mutuária nominalmente citada na peça" inaugural. 42. Não obstante a louvável precaução do órgão técnico, é de ver-se que a matéria tratada nos autos é apenas parcialmente protegida pelo sigilo assegurado às operações bancárias pelos dispositivos da Lei nº 4.595/64 acima mencionados.

43. De fato, todos os detalhes e toda a tramitação das operações analisadas pela 8ª IGCE, até o ajuizamento de sua cobrança, eram e permanecem reservados, recebendo a proteção da Lei do Sistema Financeiro.

44. Contudo, a partir do protesto dos títulos de crédito

vencidos e não pagos e do início da cobrança executiva, os atos praticados adquiriram caráter público.

45. Em primeiro lugar, o protesto cambiário é indispensável para resguardar direitos de regresso do legítimo portador de um título de crédito, sendo, por definição, um ato destinado a tornar público o inadimplemento de uma obrigação cambial. Não se compreenderia, assim, que pudesse ter índole reservada.

46. Da mesma forma, os atos processuais praticados na cobrança executiva também têm natureza pública, dado que todo o processo judicial é, na forma do Código de Processo Civil e da Constituição Federal, eminentemente público.

47. Finalmente, têm igualmente caráter ostensivo os atos praticados em cartório, tais como os acordos de confissão de dívida formalizados naqueles órgãos, uma vez que sua finalidade precípua é assegurar-lhes a veracidade e tornar seu conteúdo de domínio de todos os membros do grupo social.

48. A índole pública de todos os atos acima referidos pode ser facilmente aferida ao se constatar que, no que tange exclusivamente às operações com a empresa Destilaria Alexandre Balbo e outros, todos os elementos constantes da peça inicialmente encaminhada pelo denunciante ao Tribunal foram colhidos junto ao Poder Judiciário.

49. Não há como se pretender, pois, que o Tribunal, ao divulgar o resultado de sua avaliação das operações realizadas, esteja a violar o sigilo bancário que as resguarda, haja vista já possuírem os atos examinados natureza ostensiva.

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elementos protegidos pela reserva em questão, tais como movimentos de contas bancárias e outros atos praticados antes da transformação do caráter das respectivas operações. Assim, seria conveniente que fossem tornados públicos apenas os elementos encaminhados pelo denunciante, as Decisões proferidas por esta Corte, os Votos do Relator que as fundamentaram, o Relatório da Inspeção Extraordinária e os pareceres da 8ª IGCE, mantendo-se a chancela de reserva imposta às demais peças processuais. Com isto, ganhariam caráter ostensivo todos os elementos constantes do volume principal deste processo, permanecendo sigilosos os demais volumes.

51. Por fim, resta discutir a questão do pedido de certidão formulado pelo denunciante.

52. O art. 54 da Lei Orgânica desta Corte estabelece, "verbis": "Art. 54. O denunciante poderá requerer ao Tribunal de Contas da União certidão dos despachos e dos fatos apurados, a qual deverá ser fornecida no prazo máximo de quinze dias, a contar do recebimento do pedido, desde que o respectivo processo de apuração tenha sido concluído ou arquivado.

Parágrafo único. Decorrido o prazo de noventa dias, a contar do recebimento da denúncia, será obrigatoriamente fornecida a certidão de que trata este artigo, ainda que não estejam concluídas as investigações."

53. A presente Denúncia foi autuada, consoante Despacho da Presidência às fls. 285, em 22.10.92. Foi recebida por este Plenário, por outro lado, na Sessão Reservada de 19.11.92, conforme a Decisão nº 261/92. O pedido de certidão, por sua vez, foi apresentado a esta Corte em 14.05.93, não estando vencido, até a presente data, o prazo para seu atendimento.

54. Tendo sido o requerimento em foco formulado pelo próprio denunciante e não perdendo seu objeto apenas pelo fato do Tribunal estar, nesta oportunidade, proferindo uma Decisão de cunho definitivo, preenche aquele pleito os requisitos estipulados pelos dispositivos legais pertinentes à matéria, razão pela qual deverá ser conhecido e provido por esta Corte.

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qual constem, nos termos da lei, os despachos exarados e os fatos apurados.

Com estas considerações, acolho, em parte, os pareceres da 8ª IGCE e VOTO por que seja adotada a Decisão que ora submeto à apreciação deste Plenário.

Decisão:

O Plenário, ao acolher as conclusões do Relator, de acordo, em parte, com os pareceres, DECIDE:

1) considerar improcedente a presente Denúncia;

2) determinar ao Banco do Brasil que, dada a impossibilidade jurídica de competição para contratação de serviços de advocacia nas condições peculiares descritas nestes autos, faça realizar pré-qualificação dos profissionais aptos a prestar serviços ao Banco nas referidas condições, desenvolvendo, ainda, sistemática objetiva e imparcial de distribuição das causas entre os interessados pré-qualificados, de forma a resguardar a transparência da administração e a assegurar o respeito ao princípio da igualdade;

3) cancelar o sigilo dos elementos constantes do volume principal deste processo, mantendo o caráter reservado das demais peças processuais;

4) conhecer do pedido de certidão formulado pelo denunciante para determinar a expedição de instrumento contendo o teor dos despachos exarados e dos fatos apurados, na forma da minuta aprovada nesta oportunidade;

5) dar ciência desta Decisão ao interessado, encaminhando-lhe cópia do Relatório e do Voto que a fundamentaram.

Indexação:

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