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A vida ue não volta atrás

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Academic year: 2022

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Texto

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Mauricio Duarte

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Todos os direitos reservados a Mauricio Antonio Veloso Duarte (Sw. Divyam Anuragi).

Proibida a reprodução, armazenamento ou transmissão de partes deste livro a partr de uais uer meios, sem prévia autorização por escrito do autor.

3

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Sumário

Corpo …...………..……...………..…….……….. 7 Alma ……….…….. 26 Espírito ……….……….….. 49 Biografa do autor Mauricio Duarte ....…..….….………….…... 78

4

(5)

Agradeço a Deus.

Agradeço aos meus pais e à minha irmã.

5

(6)

Dedico este livro aos que, calados, gritam mais do que os que falam.

6

(7)

Corpo

7

(8)

A espera

Longe, muito longe, está minha espera.

E é Afrodite ue espero e ue me espera doutro lado do espelho...

Não é Alice ue já foi embora anos atrás, minha infância.

Porém, a flosofa estétca insiste em se esconder...

A arte não é mais do ue investmento.

E não há fé entre os habitantes da Lua, esses miseráveis da espera do longe...

8

(9)

A vida ue não volta atrás

Vórtces em uníssono.

Cabeça de Saddam Hussein:

“a Mãe de todas as batalhas”, com desenho do South Park...

Osama Bin Laden em vídeo ameaçando o Ocidente, as torres desabando por

controle remoto, não por aviões...

Vítmas da guerra suja, refugiados em profusão.

O menino morto na praia.

Limites ue não existem mais...

Rabi, cura-me, cura-me.

Cada um cuida do seu rabinho, ninguém cuida da vida ue não volta atrás...

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Quando

Quando Galilei Galileu foi condenado pela audácia de pensar,

pôneis azuis e unicórnios brancos não trotavam livres nas forestas...

Quando Joana D´Arc foi ueimada viva na fogueira do poder, as cabeças de elfos não carregavam coroas douradas...

Quando Edward Snowden é um exilado na Rússia, não há nem sombra de val uírias ue possam

fazer valer guerreiros na morte...

Quando Ahmed Mohamed é algemado e preso por levar um relógio digital para a escola, nos EUA,

não há mais magia de al uimistas...

Quando nem silfos do ar, nem ondinas do mar se atrevem a dar as caras;

os poucos gnomos da terra e salamandras do fogo já se foram…

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(11)

Vontades

Vestígios de ancestrais são achados em algum lugar.

Os da Atlântda

nunca são encontrados...

Especialmente hoje estve taciturno,

mas não me pergunte por ue...

A uarelas são tão bonitas uando só insinuam...

Municípios arborizados poderiam fazer parte das cidades lunares...

Tudo isso são desejos ou simples ansiedades, ue vem e vão, sem nexo...

Mas eu acredito ue minhas vontades serão descartadas sim.

Ad infnitum...

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O gongo da transcendência

En uanto dobra o Cabo da Boa Esperança, o velho torna-se o jovem; sua é a alma do mundo, não há mais nada a perder.

Exemplo das in uietudes de Loki, o deus da mentra; a vida passa com suas meias verdades ue nos trazem memórias e apagam tudo de ruim.

Quanto mais distante, mais bonito fca na saudade de uem já experimentou, a ferro e fogo, todas as mortes em vida.

O velho e o jovem são e não são, estão e não estão, sendo esse o gongo da transcendência ue o Oriente tanto preza e a gente despreza.

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(13)

Caminho torto

Caminho pelo caminho torto numa passada torta, eu, anjo de pernas tortas (seria Garrincha?).

Como numa viela torta, é, eu manjo!

Esse caminho torto, não é a ui, nem ali, muito menos acolá.

É apenas o meu caminho, meu, de mais ninguém; de índole má?

Não, não sou mal, nem bom, mas procuro estar em sintonia com meus sonhos, sem fazer pouco caso e nem adorá-los, sendo o ue somos...

Eu e meu caminho somos um e como diria, Ezra Pound, nenhuma época produzirá de novo

um Picasso, de forma alguma!

Não sou Garrincha, Pound, nem Picasso, mas nós somos únicos e há

uem tenha mais gênio, do ue todos gênios tortos, é toda gente, rá...

Torto é meu caminhar, mas é melhor assim, uem anda muito certo, acaba mal, senão nessa vida, por certo, na outra; fortuito!

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(14)

Ainda trago comigo

Ainda trago comigo a uele sorriso bom de gaiato sonâmbulo na beira da estrada, certo de ue vai se safar disso ou da uilo outro; claro...

Ainda trago comigo a uela vontade grande de revolucionar o

ue uer ue seja ou a uem uer ue seja ue esteja no caminho; melhor sair...

Ainda trago comigo a uela ginga, a uela manha de uem conhece o alvo, mas prefere errar.

Só para não dar o braço a torcer; uero distorcer...

Ainda trago comigo a uele rebelde ue fui ue sou, ue serei, dentro de mim, sim, pronto para sair.

Mostrando-me ue a vida vale a pena; é, sempre...

Ainda trago comigo a uela maior vontade de experimentar e ser uma metamorfose e ambulante, como diz o Raul, maluco; beleza...

Ainda trago comigo

um não sei uê de estar, ah...

fora de ordem, dentro de mim mesmo, perto da minha harmonia, do meu ser e caotcamente; enfm…

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(15)

O meditar do artsta gráfco

Por cima de todo styling, brochura, litografa, texto, está o pensamento gráfco, mas além, há essa pulsação, essa vibração do sentdo;

cujo sentmento não é só lettering, carimbo, ofset, computação gráfca, xerox.

É muito mais revelação, fotos das almas dos designers...

Dentro de toda tpografa, publicação, xilogravura, está o intuito composicional, mas além, há a liberação, a uela criação de um sentdo;

cujo sentmento não é só grafsmo, imagem, pigmento, luz, fotografa, exposição.

É muito mais transpiração, um exercício imagétco...

Bem abaixo de todo cartaz, mural, folder, grafte, marca, está o imaginário cultural, mas além, há o esforço de ver, perceber o ue há por trás;

cujo sentmento não é só cor, linha, essa mancha gráfca, jornal, revista, silk-screen.

É muito mais a transcendência, meditar do artsta gráfco...

15

(16)

Mata

Tanta mata, foresta, Mata tanta, gente.

É vida, mas é morte, Ao mesmo tempo...

Esse mote já vem Desde muito longe, Matando gente Que mata o tempo...

Matador ue mata...

Dor de uem Poderia ter matado A necessidade...

Morreu nas lutas Da mata como Chico Mendes, Morto na mata...

Mato ue mata...

Desmata toda A mata, ue implora Não me mate, não...

Mata bendita;

Maldito é o homem, Matando uma mata Que só lhe dá vida...

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(17)

Vazio

Era dos signos-marcas em todos espaços,

todos lugares, virtuais ou não.

Símbolos-identdades, tremeluzindo e

piscando ininterruptamente...

Sinergia dos logotpos em profusão cabalístca a sorrir e deitar-se para o sexo; vende-se o sexo, ual uer um, não importa.

Ícones da luxúria onipresente...

São os donos ilimitados das ruas, shoopings, praças, bares, avenidas, olhos, mentes.

Lembram-nos do grande vazio existencial

ue enchemos de nada...

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Ossos do ofcio

O tempo passa (como num moinho) moendo as carnes, as feições, os semblantes, os rostos...

tornando indistntos corpos e natureza...

aos poucos, só restando ossos, mas esses ossos não podem nos tornar melhores... só a carne...

O osso é inumano?

É... o osso é nossa parte mineral...

minérios de ferro, manganês, magnesífero, metalúrgico...

o homem de aço, Superman...

não, a caveira do Justceiro...

ou a do Fantasma...

O osso (e só o osso)

nos aproxima da mineralidade como só uma planta é capaz de se aproximar do solo...

mas por ue? Nenhuma razão especial, só por serem os últmos

ao apagar das luzes...

E o tempo passa como um triturador torcendo e destorcendo o ue temos de duro, sólido...

faca na caveira da polícia...

não há poesia no osso,

só essa constatação: vida e morte são os ossos do ofcio…

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(19)

Cada

Cada olhar teu Em mim, meu em t Foi uma gota d´água Límpida ue eu li Nos olhos, deságua Em nós, nesse clamor...

Cada to ue teu E meu foi um céu, A espelhar nuvens De aurora ao léu, Brilha nesses lúmens, Que nos trouxe tremor...

Cada beijo teu E meu foi uma luz;

Pedaços, grilhões Desfeitos ue pus Todos aos milhões, Na mesa do dispor...

Cada discussão

Nossa foi um dos testes Dos uais não passamos, Criação dessas pestes, Que não nos amamos, Levou toda dor...

Cada despedida Nossa foi uma treva, Que sombreava forte Nossos corpos, rela Também, nessa morte, A morte do amor…

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Anseio e amor na América

Devagar a alma alça voo, sim, morte e luz, vida e trevas.

Lamentos de um tal destno, nunca se completou não, só passou, mero átmo do átomo nuclear, oh vil, esplendor de destruição...

Os estranhos ue se encontram numa praça morta não

são espectadores, são tão protagonistas do mesmo enredo ue, ladina, é, latrina duma América Latna, ruidosa e triste...

Por uma ri ueza meio anacrônica, pôde ir para fora do espírito e margear o contnente;

saudosismo de dupla face, de um lado, anseio, moribundo, do outro, amor, fora da caixa...

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Sentmentos

Do universo dos meus sentmentos, retrei a uela for dália; fé

ue tnha no descompasso; ré do carro Brasília nesses asfaltos uentes de Brasília, anos 1970...

Quando vi e pensei, já era 2000, mas por ue meu Deus, por uê? Será?

Não, não, nunca será, nunca, tá?

São apenas lembranças, Lucy Liu.

Não vale a pena, o horizonte errou...

Sabe por uê? Por ue o Brasil é mais um sonho oriental no ocidente, não é original, não é como um oxente, é aguardente, garrafa de mé,

ue foi fabricada no Paraguai...

O ue sinto não traz nenhuma, é, redenção, só afasta o mal do bem, só mostra o uão idiota foi isto, vem, vamos es uecer, sim, Salomé;

morar no trailer dos nossos sonhos...

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Zeitgeist

Prisão sem muros, a morte em vida, as cadeias muitas dessa tal lida ue são só ruínas...

Descrença grande em tudo e em nada, por sim, por não, cegos, manada sem lei e razão...

Não há esperança, nem nunca houve, um simulacro, um micro, louve, outro urre, macro...

Zeitgeist desta mixórdia toda ue es ueceu o bem, o mal e chora por ue, por uem?

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Doce projeto

Doce projeto dos ue foram e nunca voltaram; é este ogro ue ora vem me lembrar ue o rei está para voltar. Mas ue

venha o rei, viva o rei, rei morto, rei posto, como o modernismo ue não deu certo não, ou foi para o brejo, suplantado pela

mediocridade reinante, é...

Doce projeto dos ue foram e nunca voltaram; é o jogo

ue ora vem me lembrar ue a dita ditadura está para voltar.

Mas ue venha essa dita cuja, maldita flha da outra, ue não deu certo não; tropicália ue o general degolou, sim, o fash de genialidade...

Doce projeto dos ue foram e nunca voltaram; é o logro ue ora vem me lembrar ue pela classe polítca em Brasília

está para voltar a uela previdência ue não deu certo.

Que venha essa débil reforma;

grafte criatvo banido e engabelação dessa elite…

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(24)

Tudo o ue é sólido, desmancha no ar

Ora, mas não é ue é verdade?

Corre, corre, porém nunca chega, em lugar algum não.

Apenas cai, como cair fosse a única coisa ue é possível para uem foi lá alto, muito alto, sendo depois convidado a decair, tanto mais, uanto mais subiu...

Ora, mas não é ue é verdade?

Grama come e regurgita, não anda nem foge, só cai, cai, como cair, fosse a coisa mais natural para uem alçou os píncaros da fé.

Não pôde lá fcar não, por ue nada há de, bem, sólido, nessa tal fé...

Ora, mas não é ue é verdade?

24

(25)

Ritmo dissonante

O ritmo dissonante do burburinho da cidade me faz raciocinar melhor...

Acostumei-me com esses barulhos urbanos.

O silêncio me atordoa...

Mas o som do grilo

lá pelas 6 da tarde, no campo, também não é bom...

Se eu fosse um futurista a declamar poemas-má uina,

como Marinet, ia bem, mas não sou...

A cidade é o lumiar de uma aurora

apocalíptca, decadente...

Mas só a ela podemos nos acostumar.

Somos sons dissonantes...

Somos seres humanos, existmos para ferir

a nossa natureza e a natureza em si…

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(26)

Alma

26

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Pela fresta da porta

Pela fresta da porta a minha alma se ia por vagas muitas, inteiros vagalhões soçobravam;

minha decrepitude, vinha salinidade, marejava as tais ondas da areia do es uecimento...

E eu via, via mesmo “ uanto

“Mar, uanto mar, sei uanto”

“é preciso, pá”, pois

“navegar” e “navegar.”

Pela fresta da porta, enxergava um oceano, a deslindar-se com imensos cachalotes...

Na uele mundo, desse amanhã de maresia, vinha um vento abafado de uentura da praia, ueimando rostos em grande letargia de

depois do almoço, uente;

pela fresta da porta...

27

(28)

Solidão de vento

Por inconse uente ue fosse não seria tão feliz, ao certo.

Sendo vento ue passa ao longe e distante, tão distante, ue o seu frescor não é verdadeiro, mas apenas um corri ueiro existr, meio cá, meio lá, sem saber onde estar, só em sua imensa solidão de vento...

28

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Refexos da noite

A luz dos faróis Nesses automóveis Estrada adentro, faz Parecer ue tudo É fugaz, não fca, Nunca permanece...

Mas uem diria ue Teu semblante iria Ficar; minha doce Memória, pra sempre?

Que lampejo tra Teus olhos dos meus?

Destno, engano Ou simples espelho D´água de um rio, Veneno, da ueles De matar rápido,

Sorte ou azar, transborda...

Lateja meu sexo Em busca do teu,

Mas não vem, não viemos;

Tempo algum não, Minha amada bela, De ual céu te perdi?

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Não me perguntes

Não me perguntes se eu te crucif uei há dois mil anos atrás...

Não me interessa a uela cantlena de sempre e de todo dia, por ue a cruz é esse símbolo antgo, mais antgo do ue o próprio cristão ardor ou pendor para a dor de ual uer Deus, ue nunca foi nem nunca será... mas f ue alerta, uerem trar da cruz, tu, Cristo verdadeiro e colocar uma assim...

rosa no lugar ou ual uer outra coisa em teu lugar, tanto faz,

desde ue te es ueçamos...

Não me perguntes se eu lavei minhas mãos como esse Pôncios Pilatos, tão comum hoje em dia, indiferença da

diferença ou do mesmo, tanto faz, já ue se só houver um Deus novamente e não esta miríade de poder, dinheiro e sexo, talvez lembremos de novo de t, Cristo, óh, tu ue nunca nos deixou nem nos es ueceu não.

Por nós, morreste na cruz; agora essa tal cruz é motvo de vergonha; sacrifcio...

Querem mesmo te es uecer...

Não me perguntes se eu te neguei umas três vezes antes do raiar do dia;

eu te neguei trezentas vezes três, de dia e de noite, sem cessar; este mundo é cão, mas Deus não desistu de nós, fomos nós os algozes de

30

(31)

t ue matamos a espiritualidade real ou a real religião, tanto faz, por ue agora não existe mais noção de bem e de mal, de certo e de errado, de moral ou imoral, de graça ou desgraça, tudo é uma mixórdia de

ganância e es uecimento...

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Peças de cristal

Orvalho congelado, estonteante beleza, numa geada bem tesa...

As fores, folhas, frutos, galhos, hastes vegetais se assemelham a cristais...

Efêmera é sua vida, mas, ah, uanta beleza!

Presente, é natureza...

Efeitos de cor, luz nas gotas, se acumulam brindam e cor emanam...

Refetndo raio solar, até mesmo teias brilham, elevam elã e acalmam...

Gotículas de água, transformadas em cristal, mostram fascínio real…

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(33)

Caminhes o bom caminho

Caminhes com a cabeça erguida, não há pior das mágoas ue a mágoa consigo mesmo, o ue só traz negatvidade e além de tudo, por ue olhar para baixo? Perdeste algo no chão? Se não, larga desse mau hábito e olha antes pro céu...

É de lá de cima ue vem nossa paz pra caminhar o bom caminho...

O bom caminho não é, por certo, moral nem amoral; simplesmente é o caminho justo, o caminho ue leva ao todo, à completude, a nossa inteireza como seres

humanos com bons e maus momentos...

O caminho ue nos traz o seu amor como subproduto do caminho trilhado, compartlhado em fé...

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O ue passa nos corações dos homens

Mulheres e homens são igualmente diferentes e diferentemente iguais...

Quando o homem precisa de colo maternal, faz contato com seu lado feminino psí uico.

Quando a mulher precisa do vigor fsico,

faz contato com seu lado masculino psí uico...

Mulheres e homens são igualmente diferentes e diferentemente iguais...

Não é preciso ser mulher para ter intuição.

Não é preciso ser homem para ter força;

nossa sensibilidade é perfeita como somos, tanto em gênero uanto em grau...

Mulheres e homens são igualmente diferentes e diferentemente iguais...

O mundo interior psí uico do homem é feminino, bem como o mundo interior psí uico da mulher é masculino; o mundo imediatamente além do nosso corpo é de outro sexo. Por uê...?

Mulheres e homens são igualmente diferentes e diferentemente iguais...

Por ue Deus e uilibra o Todo de modo perfeito. Também, a partr de certo nível, não há sexo diferenciado no mundo espiritual.

Deus é Pai e é Mãe, e sempre sabe o ue

passa nos corações dos homens...

Mulheres e homens são igualmente diferentes e diferentemente iguais...

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(35)

Lamentações

Lar das vagas lamentações...

Mortes infames seriam as de Hitlers, Mussolinis e Stalins... a dor vocifera

forte em meio a tanto ardor fora de hora e de sintonia com a harmonia... tão longe... tão distante ue nem pode ser chamada harmonia...

Lar das vagas lamentações...

Às vezes me pergunto se existe realmente uma decisão ue possa transmutar nosso corpo, mente e alma em luz... haverá?... se há, ue venha, venha logo... en uanto o amor ainda é vivo, moribundo... é...

verdade, mas respira ainda...

Lar das vagas lamentações...

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Em outros mundos

Ainda ue não existam mundos como a Terra, haverá...

Sempre imaginação, mundos e povos imaginários...

Gotas pingam no corredor...

alguma delas vai trazer o fm do mundo?

Não... Mas as gotas contnuarão,

sempre, até o fm do mundo...

Até o fm desse corredor da casa, por ue

as gotas caem...

Sempre e sempre;

mesmo com o

fm da casa, contnuariam...

Mesmo com o fm do mundo, também, é certo,

em outros mundos...

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(37)

Para as massas

Invólucro de especial estrpe para conteúdo igualmente nobre também.

Joga-se fora o bebê e cuida-se dessa placenta.

Placenta pode ser e é muito preciosa mas não é o bebê, ele é vida.

No entanto, é descartado.

Para as massas, isso ue se faz, para calar as vozes da ueles ue teimam em gritar.

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(38)

Poema do fm das águas

A lagou chorou.

Mas também, pudera:

O homem matou, O homem uebrou, O homem trou, O homem cagou, O homem zerou...

O rio, sim, chorou.

Mas também, pudera:

O homem pecou, O homem danou, O homem torou, O homem trocou, O homem gorou...

O mar, é, chorou.

Mas também, pudera:

O homem levou, O homem ueimou, O homem roubou, O homem tramou, O homem falhou...

A vida? Essa...

Essa acabou!

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(39)

Tudo é limbo

Espaço além algo ue preencha vazio, vintém, moeda furada...

Cabeça de alho, de camarão, nada ue valho, coco, não presta...

Cada passo, assim, tonelada é, moroso capim, boi pasta sempre...

Depois do sexo ela me diz:

É só refexo, não é de verdade...

Quando acaba isto?

Longe, sim, demais, somente um misto de dor e de ódio...

Os carros passam, mas, ah, não muda.

Esses trens passam, tudo é limbo, enfm...

39

(40)

Guetos sul-americanos

Os limites geográfcos desses tais guetos sinuosos, longitude, lattude,

sul do hemisfério sul...

Não há poder ue não venha por dor, autoritarismo, desmando e leviandade.

A ui é gueto, é gueto...

Berço dos tranos, os sul-americanos, nossos compatriotas, não há culpa, só desamor... muitos guetos...

Parasitas, mortos-vivos em grande número são fguras fáceis e não,

não podem sair desses guetos…

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(41)

Débil toldo

É um toldo, assim, uma espécie de toldo...

a proteção nossa contra o pecado ou o ue foi chamado noutros outros tempos assim... nada é mais...

Débil toldo.

O sol irradia e essas intempéries foram desgastando o toldo e ele se rasgou e se esburacou; os raios deletérios, é,

nos atngem sempre...

Débil toldo.

A chuva também nos atnge com a sua morbidade, bem como a neve da frieza e até as pedras de granizo da

violência e do mal...

Débil toldo.

Ainda há o próprio ar.

É, sim, pestlento, é vão todo toldo, o ar permeia tudo e mostra ue não tem salvação nem mesmo saída no pecado...

Débil toldo.

41

(42)

Desamor da indiferença

Dissemina e regurgita todo o desgosto e desprazer em sua grande ausência de consciência: está, a priori, além do bem e do mal, é tudo e é nada, assim, desse modo, ao mesmo tempo, é vivo e é morto, existe e não tem, sim, existência, não é, e é, também...

Fantasmátco desamor da indiferença de todos e de cada um, abstrato desamor ue não se mostra, nem se esconde; apenas se passa de um sujeito da matrix para outro sujeito da matrix: presente e etéreo;

é tão só música ambiente...

42

(43)

O Homem do Eldorado-Fim

O Homem do Eldorado-Fim possui verve e versos sem fm, ornando a sua fonte brilhante, em grã-maravilha, mui enorme...

As vozes ue acompanham esse Homem são vozes gravíssimas ue sempre ecoam nas montanhas e vales de todos lugares...

Agonizam, em uníssono, todas essas vozes da ueles ue tveram parte com nosso Homem, o do Eldorado-Fim...

Mas não morrem, renascem em uníssono, também, por serem do seu caráter como brilho no Homem do Eldorado-Fim...

Quem é este Homem ue designo?

A uele e tão somente o ue chegou ao Eldorado-Fim e soube ue chegara, sim, em sua casa…

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(44)

O fm dos horizontes

As mortes ue ocorrem Todos os dias deixam Dores amargas em Muitos, mortes dos Valores, ideais...

Morte dessa étca Que exista e não é Mais usada, as mortes Que ninguém vê, mas são Decisivas certamente...

Eu sinto uma dor Lancinante ue é a dor Do homem ue diante Da malha fna assim, Tão fna dessas mortes...

Não enxerga como pôde Acontecer de ontem Ser tão contraste de Hoje em escala de Visão do mundo enfm...

Tamanha dor esconde O ue de longe fez Essa dor ue distante, Nos traz tão perto antes Do fm dos horizontes…

44

(45)

Até o cume da sua alma

Flor, amor, alimento, o pão de cada dia, deste o Teu Corpo, sim, para todos, saudade, nostalgia, vida de lembrança, ue não volta lembrança desta vida...

Jesus Cristo desse adeus ue nunca deixa morrer.

A vida por um fo, mas não tem nosso rumo nosso prumo, bússola, astrolábio da nau ue se perdeu no mar...

Coração da vontade, esforço, força nossa, clarividência dos fatos, desfeitos, é, da ueles ue visitam a loucura e a cortejam até o cume da sua alma…

45

(46)

O silêncio e o grito

Uma mão de sangue pousa sobre meu ombro; o cão lambe as gotas ue caem...

Tudo é extremo, afônico e

sem vida, só cremo o ue já são cinzas...

Não temo silêncio, mas a parte de mim ue, estpêndio dos governos, grita...

A treva detesta o silêncio; é a morte ue resta à sombra no fm...

46

(47)

Li o livro

Li o livro com sofreguidão, esperando pelo próximo capítulo, de linha a linha, de parágrafo a parágrafo, de letra a letra, sem nenhuma vanglória, sem nenhuma má vontade; ao contrário, este sabor de ler me veio o tempo inteiro...

Li o livro assim. Grande efusão e contentamento me invadiam, en uanto lia e era só saudade uando acabava uma e iniciava outra parte, por ue era certo, para mim, ue, no fnal, seria só lembrança, nem boa, nem má, só memória de um tempo meu...

Li o livro de um fôlego só, sem parar pra descansar ou ual uer outra coisa e poderia dizer ue valeu a pena, ue sempre valeu a pena, mas digo, mais acertadamente, ue foi o ue tnha ue ser, nada mais, nada menos. Qual o livro?

Era só o livro da vida...

47

(48)

Por ue não o fazemos?

Todos os dias

pergunto-me por ue é tão necessário virar a mesa, trazer luz às trevas,

mostrar redenção, calar a traição...

Todos os dias

pergunto-me por ue é tão necessário agir, incentvar a paz, honrar a compaixão, privilegiar a vida...

E por ue, efetvamente, não o fazemos?

Talvez por ue as areias das praias e dos desertos de todo o mundo não seriam sufcientes

para aplacar a dor dos oceanos de homens famintos...

Talvez por ue as miríades de todas as galáxias do universo não bastariam para criar espaço

no desamor vazio de nós, seres humanos...

48

(49)

Espírito

49

(50)

Nossa força maior

Herança de tempos imemoriais vicejam hoje em formas diversas e de modos muito diferentes...

Raízes latnas, raízes inglesas, raízes ameríndias, raízes celtas, raízes árabes, raízes andinas...

Raízes lusitanas, raízes tupis, raízes mouras, raízes catalãs, raízes chinesas, raízes indianas...

Raízes judaicas, raízes eslavas, raízes bantus, raízes sudanesas, raízes nipônicas, raízes enfm...

Todos somos um só povo, sim, uma humanidade, ue é,

ue foi e ue será análoga sempre...

Nossa fé, nossa diversidade, nossa dor, nossa limitação,

são nossa força maior, a grandeza...

50

(51)

rosa

rosa dos lentos, traga-me os ventos da uela mais famosa for...

rosa dos centos, bem lamacentos caminhos, poder, desse dinheiro...

rosa dos tentos, bola, rebentos, nesse futebol, de todo dia...

rosa dos tempos, outros uinhentos, em uma singular passagem, enfm...

51

(52)

No interior

Quando começou a ladainha, ia explodir a cabeça minha, mas não, tudo é somente linha...

Mais uma linha nesse texto da vida que, taciturno, empresto a essa chepa, ao que resto...

Não saberia dizer se era para chorar ou rir, mas sim, fera do inusitado que gera...

Gera a poesia do cotidiano em tão grande exato meridiano que trouxe dúvida a esse ano...

E me mostrou sem demora, que não se pode buscar fora, o que dentro e no interior mora...

52

(53)

Passarinho

Passarinho machucou A asa, mal arremeter...

Ficou triste, até matou Vontade de recolher No ninho a amodorrar...

Tão logo veio a sorte, Largou mão do azar, esse Azar ue trazia a morte.

A luz, mesmo ue viesse, Não podia nunca brilhar...

Quando voltou a cantar, Passarinho se calou, Encantado com o amar, Tanto ue, mesmo, sarou, E pôs-se, livre, a voar...

53

(54)

Viajando

A viagem, a viagem, A estrada de chão E o meu coração?

Como poderia tanta Terra ter tanta dor, Que seria do meu amor?

Passa paisagem, passa, Flores, mato, cidade, E minha mocidade?

Infnito caminho;

Sempre viajar, em tempo, Viver, sim, o momento?

Que destno esse tal De não parar num canto;

Quando terei o remanso?

54

(55)

Dádiva

Os deuses ue o digam;

não há um só dos tais seres humanos ue tenha mérito celeste, a não ser, os iluminados...

Dádiva dos céus, destnada aos ue foram até o fm na sua devoção, em perseverança, união com o Todo...

Honraria da uelas hierar uias divinas, esta força pode permanecer sem manifestação, durante bom tempo...

Quando eclode, faz-se, a um só tempo, graça e valor; transcender da vontade do infnito, cuja luz nos justfca…

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Oceanos

Glacial Ártco: cheira a aventura pura De desbravadores ue foram conhecer, Que há após Groelândia, gelo gélido, A uilo ue nos impele sempre a Contnuar e explorar territórios muitos...

Atlântco: separa e une nosso Brasil, Dos extremos tropicais aos temperados De Portugal, do outro lado do oceano, Tão perto e tão longe, ue uimera; berra Em alto brado sua imensidão sem fm...

O mar absoluto da serenidade

É esse mesmo mar bravio dessa discórdia;

Costas da Costa Rica, nunca poderia Deixar de olhá-lo, Pacífco e,

No entanto, nunca vislumbrei nesta vida...

O Índico faz por bem banhar a uelas Terras das ilhas Maurício, terra-sonho, Duma África ue deu certo; mora sim, No coração de todos os habitantes

De ontem, hoje e sempre a cantar, a cantar...

O Glacial Antártco me força a

Querer con uista, batendo em “lonjuras”

Que não foram vistas por ninguém a menos Pelos corajosos, os ue foram ao

Encontro e além da Geórgia do Sul, enfm...

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o ue se espera de nós

cabe a vida nesse Todo, cabe a alegria desse povo, cabe em tudo o nosso soldo...

não cabe a morte de tudo, não cabe a tristeza, mudo, não cabe a miséria, chulo...

cabe a força para mudar, cabe a aliança para agrupar, cabe a esperança no lutar...

não cabe a fra ueza, trair, não cabe a discórdia, mentr, não cabe o medo, desistr...

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É a primavera

É a primavera, meu coração sorri.

É tempo de fores, crisálidas de lagartas tornam-se borboletas e, em festa, voam.

É tempo de luz, os raios de sol são mais vivos e brilhantes e o céu limpo, anil.

É tempo de graça, revigorar o espírito e

trazer, mais uma vez, esperança, sim.

É a primavera, meu coração sorri.

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Saudade

Saudade do teu olhar ue me ftava sempre ao sorrir com lábios ue murmuravam muitos bem- uereres do amor maior, do nosso amor...

Saudade da tua ginga ao me receber tão bem na tua casa para o namoro do fnal de semana, do começo do nosso namoro, sim...

Saudade do tempo ue passávamos juntos e sempre felizes, numa simbiose simples, em união amorosa,

verdadeira paz mesmo...

Saudade de não te ter enlaçada em laços do nosso sentmento apaixonado ontem.

Talvez os anjos saibam a medida... saudade...

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Movimento cósmico

Universos colidem... e se amalgamam em grandes e inúmeras galáxias... rodopiam, rodeadas por imensos uasares... energia em suas fronteiras de luz ue nunca terminam...

Mundos se formam... se desformam, num átmo.

Tudo ue era, deixa de ser... também tudo ue não era passa a ser... num balanço de grande monta ue não para, sem começo nem fm...

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Harmonia

Cristalina joia, e multfacetada, de bela história...

Especial vontade nessas linhas cósmicas, duma real bondade...

Cria das nossas mães, Terra da vida nossa, sacia a fome, pães...

Pensamento complexo, embora gesto simples, carinho do amplexo...

Força motriz, canção da alma, mundos em conformidade são...

Harmonia do natural ue espalha conosco e uilíbrio, afnal...

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Quando libertar o coração não basta

Girando, girando, o nosso carrossel não para não.

O carrossel do fm da liberdade...

Eu ue estava preso lá, me libertei, apenas para ver, sim, uantos permanecem.

E são muitos, muitos mesmo...

Livre da uelas cadeias ue me prendiam aos limites da incompreensão, da violência, pude perceber a luta

inclemente para ler nessas entrelinhas tal como elas são, mas não há...

Tudo é falsidade, tudo simulacro da verdade...

Ninguém será livre en uanto uns estverem girando no imenso carrossel do fm da liberdade em todos corações humanos...

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(63)

Quem está segurando uem?

Você é livre, meu amigo...

Estão as amarras com você?

Estão realmente segurando você e todos nós, com força?

Estão os problemas a nos afigir de modo tão grande?

Estão e não nos deixam viver?

Você é livre, meu amigo...

Nós ue estamos segurando essas amarras e nós ue as prendemos, nosso es ueleto.

Nós ue estamos nos prendendo nesses problemas e não os deixamos ir, morrendo sim.

Você é livre, meu amigo...

Estão as correntes nos pés?

Estão mesmo encarcerando você, eu e nossos amigos?

Estão as mentras prendendo?

Nossas almas presas em redes de ilusão, aprisionamento?

Você é livre, meu amigo...

Nós ue estamos agarrando as correntes e não ueremos nos livrar delas, olhe e veja.

Nós ue estamos amargurados nessas mentras e de modo nenhum desejamos deixá-las.

Você é livre, meu amigo…

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Quis clarifcar a mente (ou o seu futuro já chegou)

Quis clarifcar a mente e fui até a janela, mas ual não foi minha surpresa uando vi anjos, tantos eram, vi demônios, tantos eram, ue minha cabeça rodou...

Quis clarifcar a mente para ver a escatologia do mundo, mas ual não foi minha surpresa ao perceber:

o fm do mundo já havia acontecido, esse a ui é outro...

Quis clarifcar a mente e olhei o notciário, mas ual não foi minha surpresa uando vi anjos, tantos eram, vi demônios, tantos eram, ue minha cabeça rodou...

Quis clarifcar a mente, saber desse apocalipse, de todo dia e nunca, mas ual não foi minha surpresa, uando me dei conta ue o holocausto passara...

Quis clarifcar a mente, vi um cadáver no espelho, e sem nenhuma surpresa, vislumbrei anjos, tantos eram, vi demônios, tantos eram, ue minha cabeça rodou...

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Princípio

O ovo é a perfeita conjunção do início da

vida e do cosmos...

Como o ovo é próprio dessas teogonias mítcas dos gregos, latnos...

Assim também é próprio do vento serenar ao calor, tarde...

Assim também os namorados se tocam ao encontro, beijo...

Assim também meu coração

bate sempre, sempre, por t, amada

Assim também busco, sem cessar, essa bússola do nosso amor...

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Sempre ue alguém puder sonhar

Uma catástrofe se abaterá, não hoje, não da ui há anos ou da ui há séculos, mas neste momento, agora mesmo, sim, en uanto são lidos os versos nossos a ui e não poderá nenhum homem dizer isso, senão lhe vier extrema saudade de nada...

Tapetes persas e porcelana chinesa, o mais puro ouro ue reluz por inteiro e a minha mente não pôde deixar de pensar ue já era hora de abandonar esses tais tesouros ue nada dizem e nada dirão uando da grande catástrofe; e ela virá...

Por certo não se poderá rezar sem culpa ao deparar-se com toda sua magnitude, mas há de criar; ser um novo amanhã para mim, você, para todos, sem exceção.

Será um mundo em verdade, gratuidade e nascerá sempre ue alguém puder sonhar…

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Que é feito dos flhos teus?

Ó pátria amada, mil das tuas gentes encontra-se presa e encarcerada...

São muitos, sem esperança, mal deixam a infância ou ainda nela, vão sem herança para os morros morrer e matar, num jogo sujo da criminalidade, aos jorros, trafcando, prosttuindo, com vida desgraçada pelo vício ue ninguém, tapando o sol com a peneira, fnge ue não vê, já ue o problema, conduzido dessa maneira, vai explodir na mão de todos, levar consigo nossos

jovens na destruição...

Ó pátria amada, teus são os flhos do amanhã.

Quando irá ser resgatada?

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(68)

Seis da tarde

Bateram os sinos na hora da Ave-Maria e os meus dentes rangeram por ue os tempos são de morte e não por ue nalgum canto obscuro da minha alma eu me tenha ressentdo, não, esse perigo não existe mais, mas às seis da tarde, os tempos são de morte; minha cabeça dói.

Só esses loucos é ue sabem...

Bateram os sinos na uela hora dos culpados e dos ue culpam e a minha voz era rouca, a lágrima caía, meus olhos, inundando os mares do meu rosto; sem ue eu pudesse dizer nem ao menos: deixe-me, deixe-me.

Em si, fora da morte, sangue, carne; minha cabeça dói.

Só esses loucos é ue sabem...

Bateram os sinos no fm da uela tarde e o sol purgava os sons da tristeza, ue vinham ao encontro da nossa santdade ou do ue de diabólico temos.

Não faz diferença, por mim, por t, por todos nós e almas do purgatório, clamam, enfm, assim; minha cabeça dói.

Só esses loucos é ue sabem...

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(69)

Secura

Seco, é muito seco:

Cra uelê de pintura, sol de uarenta graus, sensação de um´asia, ressecamento d´olhos, morte fora de hora...

Seco, é muito seco:

discurso burocrata, tratamento de louco, vontade bem frustrada, sem força, combalida, esperança ue fugiu...

Seco, é muito seco:

espírito uebrado, erva daninha, for, dose de uís ue ruim, ue d´amargor na boca paisagem modorrenta...

Seco, é muito seco:

limite andarilho, lamentação de viúva, lágrimas mui perdidas, fm, todos os caminhos, ue acabam, sem fé...

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nuvem pó

se eu lembrar de es uecer o latente es uecimento...

não tenho nada, um zero...

uando me lembro de es uecer, recordo sempre, sem dó.

estranhamente essa tal lembrança não toma forma completamente, sendo só uma vontade de lembrar, algo ue vem e vai, assim, nuvem pó, fugaz, no vento...

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(71)

O planeta tristeza

Gravita na minha cabeça um pe ueno planeta, numa órbita ue dura sete anos para cumprir sua trajetória...

Ou sete mil anos, afnal, importa? Que importará?

O planeta tristeza vem, vai, ao sabor das nebulosas...

Pulsa como uasares e é poderoso com um buraco negro; o planeta é feito de matéria escura...

O planeta tristeza é, a um só tempo, aliado e algoz, por não deixar o momento ser eterno não...

Nem deixar ue esse momento passe rápido demais não...

O planeta é tão rápido...

É como um cometa, tão misterioso como os

anéis de Saturno, em grande profusão como numa chuva de asteroides no espaço...

O planeta tristeza não tem nenhum medo de mim e nem de minhas aspirações...

Para o planeta é, enfm, indiferente se eu estou nuvem ou se estou céu...

Gravita na minha cabeça um pe ueno planeta, numa órbita ue dura sete anos para cumprir sua trajetória...

Ou sete mil anos, afnal, importa? Que importará?

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Asas

Durmo e ganho as asas, escuto a voz do vento, passo por cima das casas...

Desperto, perco as asas, escuto a voz do tédio, passo por cima das farsas...

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(73)

Trabalho para uem?

Não há vagas.

Não há emprego.

Não há...

É muito real saber ue nossa produtvidade é uma das piores no mundo.

Brasil, pobre Brasil, é...

Não há vagas.

Não há emprego.

Não há...

É muito real saber ue nosso desenvolvimento é um dos piores mundialmente.

Brasil, pobre Brasil, é...

Não há vagas.

Não há emprego.

Não há...

É muito real saber ue nossa segurança e vida é uma das piores do mundo.

Brasil, pobre Brasil, é...

Não há vagas.

Não há emprego.

Não há...

Por ue será?

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Sonhos

Sonhos de anar uistas moribundos, dentro duma xícara de café.

Sonhos desses niilistas enjaulados em celas de vento, ao ar livre.

Perdidos sonhos dos comunistas clã-destnos em torno duma fogueira.

Empacotados sonhos de capitalistas pré-moldados em presentes de Natal.

Muitos sonhos de artstas fracassados em couraças de navio.

Sonhos de poetas, ao rebentar das ondas, sem rumo, nem razão.

Sonhos também de crianças singelas,

sobre doces e brin uedos.

E infndáveis sonhos dos deuses pagãos ue tecem nossas realidades.

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Soneto do novo

Novo caminho, deslumbrado de sonhos, é me, ao longe, oferecido com carinho.

Não sei dizer se o seguirei, se não o seguirei, mas é mostrado com toda fé, e se não for, os rins, cingirei.

Se for, todo resto será só resto, vida ue não se completou, anseio não concretzado.

Um novo alento no gesto do divino caduceu alçou, de Mercúrio sacralizado.

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Sem saber, nem deixar de saber

Trágico como os romances de Milan Kundera no seu desvendar da uelas tão nossas superfcialidades, eu

subo para tomar ar, depois do mergulho numa piscina...

A água ue me lembra isso!

Isso, isso o uê, meu Deus?

É tão tênue essa lembrança, ue foge da minha cabeça, como poema de Carlos Nejar, tão forte, tão fugidio também...

Mortal como os contos de Machado de Assis, tão bem longos uanto bem fuídos, é.

Infeliz e feliz ao mesmo tempo, eu varo madrugada, sem saber, nem deixar de saber...

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Todo dia sempre vem a manhã

Caiu a uela manhã encima de mim, Eu ue pensava ue fosse só a noite ue caísse; essas minúcias, fgura de linguagem, não são a manhã, tão novos raios de sol, me afigindo e lembrando assim do aroma: café e gosto do pão...

Resplandecente sol inundava As casas, o orvalho ia embora, Forte, o fardo da madrugada, Também desaparecia, mostrando Que o futuro guarda melhores Ares, melhores ânimos sim, Para superar difculdades...

A labuta esperava, dia

A dia, sem esmorecer por bem Dos ue podem, necessitam, fazem Uma nova fonte de vida a cada Amanhecer, ue por todos, deve Trazer a jornada renovada, Esperança sempre, todo dia...

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Biografa do autor Mauricio Duarte

Mauricio Duarte é natural de Niterói, RJ. Escritor, poeta , artsta plástco e ilustrador, Mauricio é formado em Desenho Industrial – Programação Visual na Escola de Belas Artes da UFRJ. Publicou sob demanda, em 2008, o livro Ant-arte . experimentos em artes visuais e poesia conspiracional. Fez parte do Catálogo Biennali Del Libro d´artsta da LineaDarte em Nápoles, na Itália em 2009. Já partcipou de duas exposições virtuais coletvas na Galeria Monalisa:

Talentos 2010 e Formas e Cores em 2011. Teve sua obra publicada no Catálogo Anuário Brasileiro de Artes Plástcas Consulte da Editora Roma, em São Paulo, 2011. Teve sua biografa incluída no livro Perfs Biográfcos de artstas gonçalenses pela São Gonçalo Letras e Prefeitura de São Gonçalo em 2011. Partcipou da exposição Livre para Criar, em 2011, da Nossa Galeria de Arte e da exposição virtual coletva Legado da Arte no ano de 2013. Atualmente faz parte do catálogo online da Nossa Galeria de Arte. Tem duas antologias de contos publicadas sob demanda: Conspiração Literária e Conspiração Quadrinhográfca, além das coletâneas de poemas, Poesia Brutsta, Simultaneísta e Estátca e Pedaços de uma vida. Concluiu o curso de Produção Textual com a poeta Maria Regina Moura na editora Canteiros. Foi premiado pela ABD com medalhas de prata e de desta ue concernentes a sua partcipação em salões de arte e literatura como poeta. Foi premiado também com a menção honrosa em poesia no XXXV Concurso Hermando Contnentes da Argentna. Teve poemas premiados relatvos ao 2o. lugar no 12o. Prêmio Nacional de Poesia - Cidade Ipatnga no âmbito do 14o. Circuito de Literatura do Clube de Escritores de Ipatnga . 2015. Foi selecionado para publicação na coleção Sementes Líricas com o livro de bolso Vozes ue calam . poesia em Concurso da Editora Literacidade. O artsta já foi colunista do site No Mundo e Nos Livros onde realizava contribuição bimestral para coluna sobre artes visuais e literatura. Atualmente é colunista do site Divulga Escritor. Membro Correspondente da Academia de Letras de Teóflo Otoni. Membro da SAL (Sociedade de Artes e Letras de São Gonçalo) e Membro Acadêmico da cadeira 18 da Academia de Letras Virtual do Grupo Intenção e Gestos. Na atualidade é estudante do curso à distância de Pós-Graduação (lato sensu) em Docência do Ensino Superior da Universidade Dom Bosco no Portal Educação.

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Referências

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