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O que somos é mais forte do que o que fazemos ou dizemos, Pedro Arrupe S.J.

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Academic year: 2021

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PLANO CURRICULAR DA EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR

A PEDAGOGIA INACIANA E A EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR

“O que somos é mais forte do que o que fazemos ou dizemos”, Pedro Arrupe S.J.

A Pedagogia Inaciana pressupõe uma educação humanista que radica numa espiritualidade. Neste sentido, assume-se que perante as problemáticas sociais do mundo atual, as crianças devem ser educadas no sentido do respeito do serviço assumindo com o Outro um compromisso social sério, enquanto pessoas conscienciosas e sensíveis às diferenças culturais, económicas, étnicas e religiosas.

O Colégio Pedro Arrupe acredita que o exercício democrático da vida em grupo na sala e no contexto escolar mais abrangente, através da criação de experiências reais de serviço comunitário e de uma verdadeira educação para os valores cívicos e morais, contribui para o desenvolvimento de homens e mulheres de paz e de justiça, comprometidos pessoalmente com a transformação do mundo.

Torna-se deste modo premente que os educadores, enquanto modelos inspiradores, transmitam às crianças a sua sensibilidade e preocupação social, bem como um olhar confiante perante o futuro, depositando nelas a segurança de que podem fazer mais e melhor pelos outros e, de forma indireta, por si próprios.

Deste modo, o esforço educativo dos educadores vai muito além do desenvolvimento cognitivo e de competências, para apostar no desenvolvimento humano integral (coração, inteligência e vontade) e cívico, tendo por caminho a criação de relações afetivas autênticas e o seu exemplo pessoal.

Este é o objetivo último do Colégio Pedro Arrupe: a promoção do desenvolvimento integral e harmonioso de cada criança, nas suas dimensões pessoal, social, espiritual e cognitiva, que a disporá para um promissor futuro académico mas, acima de tudo, para as múltiplas exigências da vida.

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PRESSUPOSTOS

A criança em idade pré-escolar, apesar de manifestar um comportamento essencialmente autocentrado, assume um sério desejo de se conhecer e um profundo empenho em descobrir, testar e experimentar o mundo que a rodeia. Cabe ao educador fomentar a criação de um clima de interações

seguras e afetivas, favorecendo o reconhecimento das limitações, talentos, possibilidades e

progressos de cada criança numa perspetiva de educação para a cidadania, fomentando o desenvolvimento da autoestima e autoconfiança de cada um, baseada numa correta autoimagem.

Reconhecendo nos pais os primeiros educadores, consideramos a ligação escola-família como um princípio central da realização da vida em comunidade e da estruturação do ser humano, e um elo primordial para uma escola que visa a promoção dos valores cívicos, sociais e morais fora dos seus muros e ao longo da vida.

Torna-se premente nos dias de hoje educar para a autonomia, consciencializando as crianças de que a conquista dessa liberdade envolve responsabilidades no seio do grupo, da escola e da comunidade alargada. O crescimento em autonomia e em liberdade depende da participação ativa de cada criança na construção do seu desenvolvimento e aprendizagem.

De salientar que nesta etapa do desenvolvimento humano, o jogo, a brincadeira e o caráter lúdico da

aprendizagem devem ser uma constante de todo o processo, conscientes de que o prazer de aprender

e de dominar determinadas competências exige concentração, esforço e investimento pessoal.

Um dos objetivos mais sérios da nossa ação educativa é o desenvolvimento e a valorização das múltiplas linguagens, o que pressupõe a articulação das diferentes áreas do saber e uma real diferenciação pedagógica.

Assumindo um compromisso sério com as Orientações Curriculares para a Educação Pré-escolar, as

Metas de Aprendizagem e de modo particular com a Pedagogia Inaciana, desenvolvemos um Currículo Emergente, contextualizado e constantemente reajustado às necessidades e interesses dos

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PRINCÍPIOS DA ORGANIZAÇÃO CURRICULAR

CURRÍCULO EMERGENTE

O que sabemos realmente é que estar com crianças é trabalhar menos com certezas e mais com incertezas e inovações (…). Desejamos estudar se a aprendizagem possui o seu próprio fluxo, tempo e lugar; como a aprendizagem pode ser preparada, que habilidades e esquemas cognitivos vale a pena apoiar, como oferecer palavras, gráficos, pensamento lógico, linguagem

simbólica, fantasia, narrativa e argumentação.

Lorris Mallaguzi

No Colégio Pedro Arrupe, acreditamos que o Currículo em Educação Pré-Escolar deve ser considerado

Currículo Emergente. Isso pressupõe que seja constantemente moldado aos interesses e necessidades

das crianças, numa reconstrução e adequação permanentes a um grupo em desenvolvimento e por isso em constante mudança relativamente às motivações, predisposições, necessidades e exigências. Deste modo, os educadores não formulam metas específicas para cada projeto ou atividade, mas traçam objetivos pedagógicos gerais, adequados às etapas de desenvolvimento e suficientemente flexíveis para que possam satisfazer as necessidades verificadas em contexto.

Os conteúdos programáticos devem ser estruturados em planos e projetos segundo a Metodologia de

Trabalho de Projeto, negociados entre o educador e as crianças envolvidas (em pequeno ou em grande grupo) partindo dos seus interesses e dos conhecimentos anteriores radicados nas suas experiências e tradições familiares.

METODOLOGIA DE TRABALHO DE PROJETO

Esta metodologia envolve o trabalho de pesquisa em livros e a descoberta em contexto, tempos de planificação (em grupo) do projeto a desenvolver e de intervenção, com a finalidade de responder aos problemas encontrados; exige a constante avaliação das descobertas feitas, numa permanente interação entre a teoria e a prática, facilitadora de futuros processos de ensino-aprendizagem.

O trabalho realizado assenta sempre na investigação rigorosa e no registo gráfico das descobertas, bem como na valorização das diferentes formas de expressão, da criatividade e das múltiplas inteligências (aceitação de diferentes formas de construção e representação do conhecimento), com o intuito de formar as crianças de forma integral.

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CONSELHO COOPERATIVO

Todo o processo é amplamente discutido em momentos de Conselho Cooperativo (de manhã no acolhimento e no final das atividades), momento de excelência para a planificação, comunicação e avaliação das atividades e projetos, mas, acima de tudo, para a valorização dos processos de desenvolvimento, maturação e aprendizagem individuais e coletivos. Os resultados das pesquisas e das atividades que se desenvolvem para responder à questão/problema levantado pelas crianças devem ser constantemente comunicados ao grande grupo, concedendo sentido imediato às aprendizagens feitas. Os momentos de comunicação organizados são o cerne do treino democrático em prol da livre expressão de ideias e saberes e da construção de uma atitude crítica – aspetos cruciais da construção da individualidade e da personalidade própria de cada ser humano.

O educador é o moderador e enriquecedor dos processos de aprendizagem ocorridos sob a forma de

trabalho de projeto. Sempre que considere pertinente, cabe-lhe, enquanto parte integrante do grupo, lançar propostas de pesquisa e atividades desafiadoras. Através desta metodologia, as crianças põem em prática diferentes formas de expressão (artística, motora, corporal, simbólica, verbal, escrita, etc.), satisfazendo os diferentes tipos de personalidade, desafiando a genuína apropriação das descobertas e das experiências e por isso, do conhecimento. Ajuda, ainda, cada criança a descobrir-se na sua diferença e a aceitar a sua forma genuína de ser e estar no mundo. Permite uma estruturação metódica do trabalho de descoberta do que a envolve, que será certamente transferido para outros processos cognitivos. Entende-se com esta dinâmica que a gestão do currículo seja feita pelos adultos e pelas crianças num trabalho de cooperação e de partilha constante das responsabilidades e do poder.

Em suma, a escola é vista como um espaço de iniciação às práticas de cooperação e de solidariedade, onde adultos e crianças criam condições humanas e materiais, afetivas e sociais para organizar um ambiente institucional que ajude cada um a aprender a aprender e a desenvolver uma consciência social e moral. Através da aprendizagem cooperativa, o sucesso de cada criança contribui para o sucesso do grupo, uma vez que todos trabalham para a superação dos mesmos objetivos, contrariando a tradição individualista e competitiva que ainda surge muitas vezes associada à escola.

COOPERAÇÃO COM AS FAMÍLIAS

A relação de cooperação com as famílias pretende-se constante, securizante e enriquecedora da prática pedagógica de cada um dos ambientes de aprendizagem (escola e casa). As interações manifestam-se através de reuniões (conjuntas e individuais, formais ou informais); partilha de informações acerca das experiências de vida, progressos e desenvolvimento; pedidos de colaboração

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por parte das crianças; pesquisa e recolha de informações em casa e visitas dos familiares aos espaços educativos do colégio.

Apesar da valorização do trabalho cooperativo e comunitário, fulcral para o desenvolvimento integral de cada criança, estamos conscientes dos seus direitos, ritmos e necessidades pessoais, os quais devem ser respeitados e tidos em consideração pelos adultos significativos e, gradualmente (através do exemplo), pelos seus pares. Pretendemos promover a construção do seu projeto pessoal enquanto aluno, concedendo-lhe um papel ativo no seu processo de ensino-aprendizagem, potenciando a sua motivação intrínseca e a sua vontade para aprender ao longo da vida.

Além de assumir um papel muito ativo e preponderante na sala de atividades, cada educador faz parte de uma equipa educativa mais abrangente, trabalhando em parceria com outros educadores e profissionais do colégio, com as famílias e com outros membros da comunidade, aumentando assim a qualidade dos serviços prestados. Os educadores assumem individualmente e em conjunto um compromisso sério de aprendizagem ao longo da vida.

MATRIZ CURRICULAR

EXPRESSÃO MOTORA E EXPRESSÃO MUSICAL

A Expressão Motora e a Expressão Musical, consideradas parte integrante do currículo da Educação Pré-Escolar, são asseguradas por especialistas nas respetivas áreas do desenvolvimento humano, assumindo-se como complemento do trabalho em regime de monodocência efetuado pelas educadoras na sala. Com o intuito de privilegiar a perspetiva globalizante da ação educativa da Educação Pré-Escolar, este trabalho de colaboração pressupõe uma planificação e uma avaliação concertada entre as educadoras e os professores especializados de Expressão Motora e de Expressão Musical.

ATIVIDADES DE COMPLEMENTO CURRICULAR

Enquanto as crianças frequentarem o primeiro ano da Educação Pré-escolar (grupo dos 3 anos de idade) não propomos Atividades de Complemento Curricular, sugerimos que, em caso de necessidade, usufruam apenas do Prolongamento escolar fornecido nos espaços educativos do setor Pré-Escolar. Trata-se de uma atividade de âmbito livre que privilegia a descoberta do mundo e dos papéis sociais, através da brincadeira livre num ambiente que lhe é conhecido, e que conta com a presença dos seus pares e adultos de referência. Os horários da educação pré-escolar são suficientemente exigentes para o seu desenvolvimento maturacional e fisiológico. Além do mais, as crianças mais pequenas sentem-se mais serenas e seguras com os adultos de referência que trabalham diariamente com elas no jardim de infância. Por isso entendemos que, nesta fase do seu desenvolvimento, não é muito benéfico alargar demasiadamente o seu leque de referências e muito menos sobrecarregar o seu dia com um horário mais exigente e extenso.

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Para as crianças de 4 e 5 anos, oferecemos algumas atividades de Complemento Curricular que as famílias e as crianças poderão escolher em função do que melhor complete e desafie a criança no seu próprio processo de crescimento.

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ESPAÇOS EDUCATIVOS

Um processo de aprendizagem assente na educação para a autonomia pressupõe que as crianças compreendam como os espaços educativos estão organizados e quais as potencialidades de utilização que oferecem. Nesse sentido, é importante que participem na sua organização e nas tomadas de decisão relativamente às mudanças que podem realizar, de modo a satisfazer as necessidades sentidas, facilitando as interações, as experiências de descoberta e a riqueza dos processos de desenvolvimento e aprendizagem.

As salas de atividade pressupõem um trabalho de parceria efetivo, potenciando novas oportunidades e novos contextos de aprendizagem que consideramos muito relevantes para o desenvolvimento cognitivo, pessoal e social de cada criança. Privilegiaremos ainda o contacto com crianças de outras instituições de ensino, fomentando o conhecimento de realidades e oportunidades próximas ou distintas das vividas no nosso colégio, bem como o contacto direto com diferentes culturas e diferentes propostas de trabalho, numa perspetiva de fomentar uma área de conteúdo tão relevante como seja a Área do Conhecimento do Mundo. O espaço das salas de atividade está organizado por áreas de conteúdo, facilitando uma correta organização mental dos construtos efetuados pelas crianças. Os recursos e materiais de desgaste e lúdico- pedagógicos estão ao alcance das crianças, facilitando a sua utilização autónoma e segura.

O Acolhimento e Prolongamento são efetuados numa sala específica, designada Sala do Barco, com materiais didáticos e zonas de jogo diferenciadas. Neste espaço, as Auxiliares de Ação Educativa dinamizam pequenas propostas de trabalho, jogo, divertimento e descontração.

EQUIPA PEDAGÓGICA

As Educadoras Responsáveis de Sala, as Auxiliares de Ação Educativa, os Professores Especialistas (de Expressão Motora e Musical) e a equipa técnica – Psicomotricista, Psicóloga e Terapeuta da Fala trabalham em efetiva parceria em prol do bem-estar e desenvolvimento integral de cada criança. Além dos espaços onde efetuam primordialmente a sua atividade curricular, todos estão disponíveis para apoiar momentos de recreio, visitas ao exterior, sestas, refeição e momentos de transição entre os diferentes tipos de atividade propostos diariamente. Conscientes de que a aprendizagem não se efetua num lugar ou momento próprio, mas sim em todos os momentos da rotina diária das crianças.

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AVALIAÇÃO

AVALIAÇÃO DOS EDUCADORES

Sendo fulcral para o seu desenvolvimento pessoal e profissional, cada educador e auxiliar de ação educativa será submetido a uma avaliação contínua sob a forma de supervisão da sua prática pedagógica e de uma auto e hetero avaliação no final de cada período. Fomenta-se assim a partilha de saberes e a troca de experiências em contexto educativo, potenciando a crítica construtiva e a melhoria de percursos e processos educativos, num ambiente de reforço positivo das conquistas e das propostas individuais, para enriquecimento da prática educativa de cada profissional e de toda a equipa.

AVALIAÇÃO DAS CRIANÇAS

Num ambiente respeitador dos ritmos, desenvolvimento e individualidade de cada criança (Cura

Personalis inaciana) e numa perspetiva socioconstrutivista, pretende-se que cada criança, enquanto

construtor do seu conhecimento, seja orientada por objetivos (que o educador entenda ser capaz de concretizar) experimentando o sentido de competência e a satisfação pessoal e intelectual. Para isso, cada educador, trabalhando na Zona de Desenvolvimento Próximo1 (Palincsar, 1998, citando Vygotsky) de cada criança, vai criando “andaimes”2 que desafiem cada criança a conhecer mais e a ser mais exigente consigo própria.

As crianças comunicam diariamente ao grupo as suas conquistas e descobertas do dia, avaliando desse modo o seu percurso de aprendizagem e comprometendo-se com objetivos e metas que sintam ser capazes de alcançar, descobrindo, com a ajuda da educadora e dos seus pares, novas estratégias e formas de os alcançar.

O apoio e reforço dos pares nos momentos de comunicação de construtos e conquistas são essenciais para o sentimento de pertença a um grupo e para o desenvolvimento da autoestima e de uma correta autoimagem. Momentos muito ricos de partilha e vivência de valores de amizade, cooperação, compreensão e aceitação, implícitos no Paradigma Pedagógico Inaciano.

Referências

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