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[Recensão a] Dunand, Françoise; Zivie-Coche - Dieux et hommes en Egypte. URI:

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Academic year: 2021

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[Recensão a] Dunand, Françoise; Zivie-Coche - Dieux et hommes en Egypte

Autor(es):

Ramos, José Augusto

Publicado por:

Instituto Oriental da Universidade de Lisboa

URL

persistente:

URI:http://hdl.handle.net/10316.2/24224

Accessed :

26-Jun-2021 10:56:05

digitalis.uc.pt impactum.uc.pt

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RECENSÕES

FRANÇOISE DUNAND; CHRISTIANE ZIVIE-COCHE, Dieux et hommes en Egypte (3000 a. v. J.-C. — 395 apr. J.-C.). Armand Colin Editeur, Paris,

1991, 368 pp.

As autoras da presente antropologia religiosa dedicam-se profis- sionalmente à história das religiões, especialmente à religião egípcia, respectivamente em Estrasburgo e no CNRS e na EPHE de Paris. O empreendimento a que lançaram mãos foi o de uma antropologia re- ligiosa egípcia que abarcasse explicitamente as questões da longa his- tória cultural dos 3500 anos que se estendem desde os inícios histó- ricos, que elas situam arredondamente por volta do ano 3000, a. C., até ao «fim do paganismo», marcado pela definitiva integração cultural no «império bizantino» cristão. Aqui está já alguma novidade deste livro relativamente ao hábito generalizado entre os autores de não ultra- passar a fronteira ptolomaica.

Distribuindo entre si a ampla tarefa, Christiane Zivie-Coche escreveu a introdução e todo o Livro I sobre o Egipto faraónico; Françoise Dunand, por seu lado, escreveu o Livro II, sobre o Egipto ptolomaico e romano.

Como princípios básicos da sua perspectiva, as AA. assumiram a frágil diferenciação egípcia entre politeísmo e monoteísmo, a impor- tância simbólica e a eficácia do texto escrito em matéria de religião egípcia, mesmo sem chegar ao fenómeno da canonização textual, e a unidade da religião egípcia vista como assentando sobretudo na unidade da experiência antropológica. Maiores diferenças sentiriam as AA. na perspectiva diacrónica da religião egípcia, nomeadamente considerando as diferenças entre o período puramente faraónico e o pós-faraónico, com a coexistência de religiões diferentes, de prove- niência culturalmente estrangeira.

A primeira questão suscitada, básica, decisiva e sintetizadora de muitas perspectivas parcelares, é a de se explicitar o mais possível

«0 que é um deus», nomeadamente o conteúdo semântico de netjer

e formas complementares de nomear os deuses, a relação entre os

deuses e as respectivas imagens, antropomorfismo e zoomorfismo e sobretudo os princípios de organização do mundo divino, a relação com o mundo, o problema do número, o sincretismo como identidade e alteridade e os mitos como histórias de deuses (pp. 15-51).

As cosmogonías, a criação e o tempo representam o espaço para tratar de aspectos teóricos abstractos e de virtualidade sistémica por parte dos Egípcios: a ontologia egípcia, o ser e o não-ser, o conceito, os intervenientes e os processos de criação e as várias versões

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egípcias de cosmogonia e o conceito de tempo, com os seus aprovei­ tamentos na cultura egípcia (pp. 52-78).

Não significando uma negação do culto aos deuses nas épocas antigas do Egipto, o facto é que a realidade e o modelo arquitectónico dos templos aos deuses só se nos oferece clara no Império Médio e sobretudo do Império Novo em diante. Fiel à sua preocupação de leitura bem articulada, a Autora preocupou-se sobretudo em sugerir que na fenomenologia da vida cultural e na decoração se pode de­ tectar uma gramática do tempo como microcosmos, uma sintaxe das suas representações figurativas (pp. 80-112).

Capítulo importante de uma antropologia religiosa é o da expe­ riência religiosa pessoal, quer seja enquadrada com os rituais sociais nos templos, quer tenha a ver com ressonâncias mais pessoais e até íntimas. É este domínio de práticas, crenças, princípios e critérios, que aparece sintetizado e actualizado no cap. I da II parte (pp. 113-158).

Num livro sobre antropologia religiosa egípcia, é claro que o pen­ samento, as mentalidades e as práticas relativas à morte e aos mortos teriam de ocupar um significativo espaço (pp. 159-196). Ch. Zivie-Coche tratou a questão, mantendo-se fiel às conotações valorizadas pela pers­ pectiva antropológica e sublinhou particularmente as mentalidades e as atitudes. A literatura expressiva destas atitudes bem como a evo­ lução das formas literárias destinadas ao espaço funerário espelham-se bem no multiplicador de livros de intenções e funções de algum modo análogas às que definem o mais conhecido livro dos mortos.

No Livro II, Françoise Dunand debruça-se sobre o Egipto ptolomaico e romano. Trata-se de uma abordagem menos frequentemente fa­ cultada aos leitores e que apresenta certamente interesse, no sentido de se dar uma imagem articulada da sua antropologia até ao final deste paganismo regional, no âmbito do Império Romano cristianizado, pelos finais do séc. IV. A antropologia religiosa desta época é evidentemente marcada pela menor coincidência entre o sistema do poder exercido por estrangeiros com o quadro simbólico tradicional egípcio. A lin­ guagem sacralizadora do poder continua a ser utilizada, mas não tem o mesmo enraizamento e naturalidade. À imagem egípcia de rei sobrepõe-se a imagem grega de rei, como figura ideal pelas suas vir­ tudes, bem notória na busca de propaganda dos reis lágidas, através dos cognomes reais utilizados (pp. 204-206).

Nos ambientes sacerdotais, o espírito relativamente ao poder dividia-se, na época ptolomaica, entre a oposição e a colaboração e está confinado a um estado de domínio e de resignação, apesar de colorido de protecção oficial da parte do Império Romano.

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RECENSÕES

As necessidades de integração entre os vários níveis históricos, ideológicos e sociais aparecem expressas e servidas na criação do novo deus Serápis, de figura grega e conteúdo egípcio e de grande utilidade para a imagem de poder da dinastia lágida.

Apesar destas novas criações, a vitalidade da religião tradicional manifesta-se através da construção de alguns santuários importantes e até pelo claro recrudescer da actividade teológica por parte da classe sacerdotal.

Quanto aos deuses e cultos novos que nesta época aparecem no Egipto, os gregos apresentam alguma interligação com os dados tra- dicionais do Egipto. Mas o judaísmo e o cristianismo egípcios (pp. 250- -263) aparecem algo justapostos. Espaços de contacto entre estes vários mundos são, no entanto, as transformações de imagem que ocorrem para alguns deuses; nomeadamente 0 Nilo, ísis, Harpocrates e Tot, que se encaminha para a sua imagem pós-egípcia de Hermes Trismegisto. Explicitações de contacto vêm também da concepção de Deus dividida entre politeístas e monoteístas.

No domínio das liturgias, com o primeiro capítulo da 3.a parte «com- portamentos humanos» são descritas: uma festa grega oficial em Ale- xandria, uma festa egípcia no templo de Esna e a descrição da vida quotidiana num templo egípcio.

A religião não se limitava ao ambiente oficial e erudito. A prática religiosa tinha também a sua dimensão privada. Assinala-se a prática de reclusão voluntária ao serviço de um templo (pp. 299-303). Sobre

0 Além, continuam a seguir-se as antigas ideias, mas cada vez mais misturadas com temas provenientes do mundo greco-romano. Dos le- gados egípcios ao cristianismo copta, a A. sublinha a cruz com a forma de ankh.

Os anexos constituídos por listas de deuses, mapas, cronologias, bibliografia para cada um dos capítulos do livro e um índice onomástico parecem ter recebido excessivo destaque ao ser-lhes atribuído, em con- junto, 0 estatuto de Livro III, pese muito embora a sua importância e interesse.

José Augusto Ramos

Referências

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