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Como os afro-descendentes são retratados nos filmes norte-americanos de diferentes épocas

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUI

MATHIAS BUENO RIBAS

COMO OS AFRO-DESCENDENTES SÃO RETRATADOS NOS FILMES NORTE-AMERICANOS DE DIFERENTES ÉPOCAS

Ijuí, 2016

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MATHIAS BUENO RIBAS

COMO OS AFRO-DESCENTES SÃO RETRATADOS NOS FILMES NORTE-AMERICANOS DE DIFERENTES ÉPOCAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, como requisito parcial à obtenção de aprovação na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso.

Orientadora: Rosita da Silva Santos

Ijuí, 2016

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela vida, saúde, força e

coragem. Por me iluminar, abençoar e ter colocado as

pessoas certas no meu caminho.

Agradeço á minha família e em especial ao meu pai Luiz,

minha mãe Marli e minha irmã Verônica que são a minha

vida e sempre estiveram comigo, me motivando e me

fazendo seguir em frente. A presença de vocês fez toda a

diferença e com certeza essa conquista não é apenas

minha, mas de vocês também. Serei eternamente grato por

tudo!

Agradeço a todos os professores que sempre estiveram

dispostos para ceder um pouco dos seus conhecimentos

para que pudéssemos tornar nosso sonho realidade. Além

disso, vocês também colaboraram para o meu crescimento

pessoal. Em especial a minha orientadora Rosita pela

atenção, conhecimento, dedicação e paciência prestados

na realização desse trabalho.

Agradeço a todos os ex-colegas e colegas, esses cinco anos

de academia foram muito mais divertidos com vocês. Em

especial as integrantes do trio inseparável que foi

separado pela vida, Anaíza e Denise. Vocês são

extremamente importante na minha caminhada.

Agradeço ao Escritório de Relações Internacionais pelo

seu trabalho, pois foi através dele que eu pude realizar

meu intercâmbio, um dos sonhos da minha vida.

Agradeço a professora Natália Klidzio da Universidade

Marie-Curie Sklodowska de Lublin e os estudantes do

Centro Camões de Língua Portuguesa que sempre

estiveram dispostos a ajudar com qualquer problema e a

lidar com a falta da família e falta de casa.

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DEDICATÓRIA

A todas as pessoas que, direta ou

indiretamente, me incentivaram, apoiaram e

contribuíram para essa conquista, fica aqui o

meu sincero agradecimento.

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A coisa que mais vale a pena na vida é tentar por

alegria na vida dos outros.

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RESUMO

Sabe-se da importância do papel e da contribuição do negro para a construção da sociedade, entretanto, ainda existe um preconceito velado por esta etnia, que também está presente nos filmes. Na maioria dos filmes, o afrodescendente foi estereotipado, sendo tratado muitas vezes como um mero objeto, não tendo seu devido reconhecimento como um dos pilares da sociedade. Através dos filmes Preciosa, Django Livre e 12 anos de Escravidão será possível analisar aspectos da cultura desta raça que foram de grande relevância para a construção da identidade do povo, assim como sua participação nos filmes. Em um primeiro momento. será realizada uma incursão pela trajetória da Cultura Negra e mostrado seu legado cultural. No segundo capítulo, será analisado o papel da mídia, pois o mesmo foi retratado ora como um ser submisso, ora com um ser selvagem, lascivo. Ainda será enfatizado que alguns escritores utilizaram os filmes como arma de combate para denunciar os abusos que eram cometidos contra esta etnia. Finalizando, o terceiro capítulo realiza um estudo sobre os filmes afrodescendentes que foram de grande destaque para os norte-americanos, e também como está sendo a atuação do negro no mercado da mídia contemporâneo.

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ABSTRACT

The importance and the contribution of the blacks for the construction of the society is well known, however, there still is a hidden prejudice against this ethnicity, and it is in the movies too. In most of the movies the blacks are stereotyped, sometimes as a mere object, and they are not recognized as a pillar of the society. Using the movies Precious, Django Unchained and 12

Years a Slave, will be possible to analyze some cultural aspects of this race

which has a great importance to build their identity and their roles in the movies. In the beginning will be realized a journey through their cultural path, showing their achievements. Secondly, will be analyzed the media role, because sometimes the blacks were shown as submissive and savage. Will be shown that some writers use the movies as a way to fight against the abuses that were committed to those people. For finishing in the third chapter there is a study about successful movies related to the blacks issue.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 9

1 CONTRUÇÃO DA IDENTIDADE NEGRA ... 11

1.1 O FIM DA ESCRAVIDÃO ... 13

1.2 DA ESCRAVIDÃO À LIBERDADE ... 14

1.3 DO PRECONCEITO, DO RACISMO E DA DISCRIMINAÇÃO. ... 14

1.4 A HERANÇA CULTURAL DO NEGRO EM NOSSA HISTÓRIA ... 16

1.5 MÍDIAS NA FORMAÇÃO DOCENTE DE LÍNGUA INGLESA ... 17

2 CINEMA E EDUCAÇÃO: UM PANORAMA HISTÓRICO... 20

2.1 MÍDIAS PARA A EDUCAÇÃO ... 20

2.2 AS NOVAS TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA ... 22

2.3 REFLEXOS DA MÍDIA NA SALA DE AULA ... 24

2.4 FILME COMO RECURSO DIDÁTICO ... 26

3 COMO OS AFRO-DESCENDETES SÃO RETRATADOS NOS FILMES NORTE-AMERICANOS DE DIFERENTES ÉPOCAS ... 30

3.1 ANÁLISE DO FILME PRECIOSA ... 34

3.2 ANÁLISE DO FILME DJANGO LIVRE ... 36

3.4 ANÁLISE DO FILME 12 ANOS DE ESCRAVIDÃO ... 39

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 41

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INTRODUÇÃO

A questão racial é um tema complexo e delicado. Ainda existe um preconceito encoberto contra este povo em vários setores da cultura e sociedade, inclusive no campo cinematográfico americano. Trata-se de uma verdade irrefutável o fato de que histórica e culturalmente os descendentes foram vistos como seres destituídos de valores sociais dignificantes. Dessa forma, devido ao aspecto de exclusão sofrida pelos africanos e sua descendência, estes passaram a ser estereotipados, ora como agressivos e rebeldes, ora como passivos, até mesmo considerados sem inteligência.

Para se entender as razões desta marginalização racial, é preciso deter-se no significado desta questão e suas implicações sociais, ideológicas e culturais. Faz-se necessário observar e apurar quais ideias persistem no consciente coletivo da sociedade em relação a esta etnia e que dificultam o acesso deles à cultura geral, inclusive no que se refere à esfera midiática.

Tendo em vista esses fatores, constatou-se a necessidade da realização de um estudo sobre o papel e a contribuição do afrodescendente nos filmes americanos, pois além da participação destes enquanto personagens, existem vários autores que descendem dessa etnia e possuem grande representação na arte cinematográfica, sendo este fato praticamente desconhecido por grande parte do público.

Com base nos fundamentos teóricos de verificar qual a real contribuição dos afrodescendentes para o universo cinematográfico norte-americano, analisa-se a trajetória histórica e cultural dessa etnia, com o intuito de promover a defesa e a valorização da cultura negra. Desse modo, a

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temática abordada nesta monografia será estruturada em três capítulos para melhor entendimento do assunto em questão.

No primeiro capítulo, será realizada uma análise sobre as origens deste povo, evidenciando a trajetória histórica e cultural do mesmo. Além disso, será apresentado o legado cultural do negro, demonstrando a riqueza e relevância do mesmo.

No segundo capítulo, será realizada uma investigação sobre o processo de inclusão na mídia. Além disso, será mostrado que os filmes refletem a visão que a sociedade tinha sobre o negro, ou seja, ele foi estereotipado como um ser selvagem, útil apenas para o trabalho braçal, destituído de valores sociais dignificantes e, portanto, nunca mereceu um papel de destaque, sendo apenas um coadjuvante em sua própria história. Neste momento, também será ressaltado que alguns autores utilizaram a literatura como forma de promover denúncias a respeito dos abusos cometidos contra este povo que tanto contribuiu para o desenvolvimento do país.

Por fim, o terceiro capítulo é voltado ao estudo dos filmes com afrodescendentes norte-americanos que muito contribuíram com a mídia, demonstrando que sua participação na mesma não está limitada somente como personagens nas obras ficcionais.

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1 CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NEGRA

Se nos reportamos à história, veremos que a escravidão teve início na metade do século XVI, período em que os comerciantes de escravos de origem portuguesa vendiam os negros africanos como se fossem mercadorias. Ou seja, os mais saudáveis e jovens valiam até o dobro daqueles mais fracos ou velhos. Valente (1987, p. 14) ressalta que, na colônia:

Os escravos eram postos à exposição dos compradores, como nas feiras de gado. Seus dentes eram examinados, como se faz com os cavalos... Examinavam seus corpos, como se fossem animais. Como não consideravam o negro um ser humano, os portugueses deram pouco atenção aos registros e documentos das diversas culturas, línguas e grupos étnicos dos africanos capturados.

De acordo com o autor, esse tipo de comércio, além de desumano, era imoral e inconsequente, uma vez que arrancavam bruscamente o ser humano de seu habitat social, levando-o a viver completamente desolado e esquecido de que é uma pessoa que possui sua história, sua cultura, sua crença, etc. Assim, a viagem ocorria em condições desumanas. Para Brito (2011, p. 12):

As condições da travessia eram bastante precárias. A diarreia e demais doenças provocadas por, mas condições de higiene e alimentação inadequada provocaram a morte de muitos daqueles que vinham amontoados nos navios.

Esse fato implicou na morte de muitos negros escravos que tinham seus corpos lançados ao mar sem nenhum cortejo ou celebração de despedida, pois os negros eram vistos como mercadoria sem valor afetivo. Os negros eram trazidos pelos portugueses e trabalhavam como mão-de-obra escrava nos engenhos de açúcar, mina de ouro, lavoura, mineração, pecuária ou em trabalhos domésticos. Logo, compreende-se que os negros escravos não se concentravam apenas no campo.

Brito (2011, p.15) ressalta que “nas cidades homens e mulheres escravizadas faziam todo tipo e trabalho: serviços domésticos, transportavam coisas, carregavam, limpavam, pescavam”. Todavia, as mulheres negras sofreram muito com a escravidão, embora os senhores de engenho utilizassem esta mão-de-obra, principalmente, para trabalhos domésticos. Cozinheiras,

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arrumadeiras e até mesmo amas de leite foram comuns naqueles tempos da colônia.

Todavia, o tráfico negreiro durou mais de três séculos, trazendo muitos lucros para o território brasileiro, pois registros históricos revelam que foram transportados vinte milhões de escravos aos países de comércio, sendo que o Brasil se destaca como o maior comprador de homens e mulheres africanas, recebendo 1/3 deles que trabalhavam excessivamente em nosso território.

Nessa trajetória, o povo africano, além de ser escravizado não podia manifestar sua crença, sua cultura. Era obrigado falar a língua portuguesa, ou seja, os senhores de escravos procuravam a todo custo impor a nossa cultura aos negros africanos. Entretanto, é importante ressaltar que o negro africano, ao ser retirado do seu país, passava a ter uma nova definição de pessoa. Conforme Cardoso (1990) aponta três características principais: sua pessoa é propriedade de outro homem; sua vontade está subordinada à autoridade do seu dono; seu trabalho é obtido mediante coação.

Nesse contexto, verifica-se que os escravos não eram reconhecidos como pessoas que possuem identidade, autonomia, etc. Na visão de Valente (1987, p. 11) as agressões físicas, abuso sexual e atribuições negativas aos negros africanos faziam parte de:

Um conjunto de instrumentos e técnicas de torturas e castigos para domar e subjugar os escravos. E mais do que subjugação física, o castigo era importante para fazer com que o escravo introjetasse uma ideia negativa de si mesmo e de sua raça.

Diante da citação, fica claro que, além da tortura física e sexual, os senhores donos de escravos faziam também uma lavagem cerebral nos negros africanos, com intuito de desvalorizá-los como seres humanos, levando-os a aceitar passivamente a triste vida a que eram submetidos. Os senhores de engenho, proibiam a prática da religião africana, bem como manifestações festivas. Alegava-se que pertenciam a uma raça inferior, possuíam costumes primitivos e, por isso, era necessário que fossem civilizados. Considerando-se também que como os negros já eram escravos na África, em nada se alteraria sua condição natural. No entanto, os escravos realizavam escondido, seus rituais, suas festas, suas representações artísticas. Essa cultura se faz

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presente nos dias atuais através das comidas típicas, da dança (capoeira), da religião, das festas, etc.

1.1 O FIM DA ESCRAVIDÃO

A triste realidade escravagista dos negros africanos começou a mudar a partir da Revolução Industrial, final do século XVIII. Naquele período as fábricas inglesas produziam toneladas e toneladas de mercadoria, porém faltavam compradores. Como os escravos não eram assalariados, portanto, não tinham condições de movimentar o comércio inglês, Carmo e Couto (1994, p. 21) ressaltam que:

Os escravos não recebiam salário, não eram consumidores; assim, para os ingleses, seria melhor que a escravidão acabasse em todo mundo. E o primeiro passo nesse sentido seria acabar com o trafico negreiro, começando por suas próprias colônias nas Antilhas.

Para abastecer o comércio inglês, os governantes da época não viram outra alternativa a não ser acabar com a escravidão, pois somente assim os trabalhadores que até então não recebiam nada pelo seu trabalho e esforço passariam a ter salário, podendo consumir os produtos ingleses, cujo comércio necessitava de se tornar forte, bem sucedido.

Para Memmi (apud Pereira, 1978, p. 22), o racismo como ideologia elaborada é:

Fruto da ciência europeia a serviço da dominação sobre a América, Ásia, e África. A ideologia racista se manifesta a partir do trafico escravo, mas adquire o status de teoria após a revolução industrial europeia. Aimé Césarie, em seu Discurso sobre o Colonialismo, escrito no imediato do pós-guerra, salienta que Cortez e Pizarro pilhavam e matavam na conquista da América, mas que nunca afirmaram “ser mandatários de uma ordem superior”(...) os hipócritas só vieram mais tarde.

A essa altura o negro africano agora se deparava com outro desafio tão ou quanto mais difícil do que a escravidão: o racismo. E mais, este se perpetuaria.

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1.2 DA ESCRAVIDÃO À LIBERDADE

Percebe-se que a libertação dos escravos não foi pensada de forma social, pois embora estivessem livres, não tinham para onde ir, nem o que fazer. Sendo assim, foram obrigados a se submeterem ao trabalho de subsistência, como na visão de Valente (1987, p. 22):

Desacreditado e descartado como trabalhador livre nas atividades de expansão e mesmo naquelas que puderam ser desenvolvidas com o seu trabalho, o negro se viu forçado a desenvolver atividades de pouco ou nenhum prestígio social, que reforçavam sua imagem negativa.

Nesse contexto, os negros africanos passaram de escravos para homens livres. Entretanto, na realidade, a vida desse povo não mudou muito, pois, como ressalta a autora na citação acima, o negro vivia agora uma nova situação: a do desemprego, do subemprego e da marginalização da sociedade. Todavia, a sociedade vigente procurou logo manter a desigualdade. Filho (2009, p. 21) ressalta que:

Se a violência física explicita não pode ser mais adotada, utiliza-se a linguagem, a mentalidade e o imaginário, a ideologia para criar palavras, imagens, formas e teorias que desprestigiem esses que se querem iguais, perpetuando e reforçando o discurso anterior.

Conforme a citação acima é considerável que essa política tenha sido uma estratégia bem pensada, pois os negros libertos sofreram muito para sobreviverem a tanta desigualdade, refletindo-se ainda até hoje em nossa sociedade e prejudicando os negros atuais.

1.3 DO PRECONCEITO, DO RACISMO E DA DISCRIMINAÇÃO.

No início do tráfico negreiro, a cor /raça desses seres humanos estava associada à escravidão, por isso Teixeira (2009, p.07) pontua que: “A sociedade conviveu com o racismo e a discriminação sem maiores problemas porque o escravo não era visto como cidadão dotado de direitos. Seu lugar estava determinado por nascimento”.

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Assim, a visão de que o negro era um ser humano sem valor se constituiu, efetivou, fortaleceu e perpetuou até os dias atuais. Nota-se que a visão de inferioridade do negro, impregnada de racismo, possui forte vestígio na história dos nossos antepassados, que escravizaram os negros africanos. Como se isso não bastasse, quando finalmente conseguiram sua liberdade, deparam-se com a discriminação, com o racismo e o preconceito.

Nesse pensamento, é interessante frisar que o preconceito, a discriminação e o racismo tomam proporções maiores quando são destinadas aos negros, pois Valente (1987 p. 24-25) ressalta que não há como um negro ou descendente seu negar que é negro, que pertence ao grupo. Para isso, seria preciso o negro abrir mão do próprio combate a essas formas de preconceito e discriminação, como se tudo não passasse de simples brincadeira...

Sob essa visão, a luta pela igualdade sem preconceito de raça, cor, sexo, etc. reveste-se de extrema relevância na atualidade, haja vista que os negros e seus descendentes já provaram que são tão capazes quanto os brancos em desenvolver qualquer atividade proposta. Construíram uma nova visão sobre a democracia racial, ou seja, no lugar de democracia racial passaram a colocar problema racial. Para Florestan Fernandes (1965 apud TEIXEIRA 2009, p. 17). A situação inferior ao negro e o preconceito racial seriam características do antigo sistema escravista que sobrevive na moderna sociedade de classes devidas ao atraso e demora na implantação, do novo sistema econômico-social.

Nesse sentido, a modernização crescente do sistema capitalista e os mais diversificados tipos de trabalho colocariam fim no pensamento racial, pois agora havia espaço para todos no mercado de trabalho, inclusive para os negros, que poderiam mudar os rumos da sua história. Entretanto, apesar dessa visão, o negro não foi novamente aceito como sujeito ativo, capaz de exercer funções na sociedade. Assim, a árdua luta na reprodução da sua existência, contra o racismo, na recriação da cultura, na reconstrução da religiosidade, continuaram, pois a cada dia o negro tinha que provar que era cidadão de direitos e deveres como qualquer indivíduo.

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1.4 A HERANÇA CULTURAL DO NEGRO EM NOSSA HISTÓRIA

Os negros africanos, trazidos no Século XVI como escravos, eram proibidos de vivenciar sua cultura. Porém, apesar das proibições dos senhores de engenho e imposições para que os negros se inserissem na nossa cultura, eles mantiveram escondidas suas crenças, comida, dança, etc.

Outra herança cultural africana apontada por Filho (2009), que permeia na atualidade, são os costumes ou comportamentos advindos dos negros, quais sejam: a) andar bamboleante, gingado, demonstrando a perfeição dos contornos do corpo; b) gosto por cores vivas, alegres, e vistosas, demonstra a homenagem às quatro estações; c) gosto pela música rítmica e instrumentos de percussão, demonstra a sinfonia pura das matas virgens, das corredeiras e cascatas, da fauna liberta, d) precisão no toque, cheiro e no apalpar, demonstra o amor sincero pelo próximo; e) comidas picantes, gordurosas, afrodisíacas, arborizadas, demonstram o comer no sentido real, figurado e imaginário.

Todavia, registram-se aqui algumas das mais diversificadas heranças culturais do povo africano, que apesar da crueldade sofrida, conseguiu impor suas manifestações culturais, transmitindo de forma sucinta seu acervo cultural, que influenciou nossos costumes, gostos, vestimentas, comidas, etc. Pode-se afirmar que durante o período da escravidão não houve valorização humana, uma vez que registros revelam que o negro era ser de outra espécie sem qualquer consideração ou valor, podendo ser comparados até mesmo a animais que são propícios apenas para o trabalho duro.

Portanto, o tráfico possibilitava uma mortalidade epidemiológica não somente durante a migração, mas também na chegada em um novo ambiente microbiano. O impacto que a chegada os negros provocava foi o fato do alto grau de mortalidade, uma vez que, vulneráveis e debilitados pela viagem, seus organismos não estavam prontos para entrarem em contato com um novo clima, com novas doenças próprias da localidade de desembarque. Era neste período de aclimatação, de adaptação a este novo ambiente que acontecia o maior número de morte de escravos. Era no período de maior desembarque que os escravos morriam em razão do tráfico. Não só os escravos, mas

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também a tripulação em razão dessa nova esfera epidemiológica. Ou seja, a mortalidade estava presente tanto a bordo quanto no desembarque. Ao entrar em contato com este novo ambiente, a população africana sofria com o choque do tráfico, porém não mais do que a população crioula, pois era quem recebia o choque da chegada de novos africanos, a vinda de novas moléstias africanas. O tráfico trazia mais e mais doenças.

Pode-se afirmar que o negro africano e seus descendentes, para serem reconhecidos como seres humano repletos de potencialidades e habilidades, teve que enfrentar muitas situações de preconceito e discriminação racial. Esse fator desvela uma grave situação de desvalorização humana. É como se o negro de hoje voltasse ao passado da escravidão, onde era denominado ser inferior.

Diante das considerações referentes a presença e história do negro em nossa sociedade levantadas até aqui, passamos aos dias atuais. Levantamos um questionamento sobre como o preconceito, a discriminação, os valores culturais, os modelos veiculam na sociedade de hoje?

Existem alguns fatores que reforçam a importância de se ensinar com as mídias. Sabe-se das influências das mídias dentro da sociedade; é notável o consumo elevado das mídias fora das escolas. Sua importância ideológica e nos processos democráticos, a comunicação e informação visual em todos os campos e o aumento das privatizações das tecnologias de comunicação, são reflexões que precisamos fazer para então adentrarmos no tema central de nosso trabalho.

1.5 MÍDIAS NA FORMAÇÃO DOCENTE DE LÍNGUA INGLESA

Para entendermos como o perfil de um profissional de ensino é formado, precisamos conhecer os fatores que participam desta formação. No caso do curso de Letras - Língua Inglesa existem agentes importantes que, segundo Moraes Bezerra (2007, p.730) fazem parte desse processo de formação. Aspectos como a importância da língua-alvo na sociedade, as influências dos docentes nos novos professores, o contato ou não dos licenciados com a Língua Inglesa antes da graduação, são fatores que apontam como se dará a construção deste profissional.

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Sabemos que a Língua Inglesa hoje é um dos requisitos para o mercado de trabalho, visto que é o idioma mais usado no mundo. Por esta razão é que se torna necessário que o jovem esteja com ela familiarizado, recebendo, portanto, um bom ensino, para que tenha sucesso na prática. No entanto, o que se vê nas instituições de ensino público para Nível Superior é uma problemática em se formar bons profissionais para a docência.

Como aponta Belloni (2009, p.89) sobre a situação do Ensino Superior no Brasil, dizendo que “nas Universidades, os professores queixam-se do baixo nível dos alunos egressos da escola de 2º grau, enquanto as administrações realizam pesquisas de avaliação do desenvolvimento docente, buscando explicações para a baixa qualidade do ensino.” Suas palavras mostram que algumas escolas ainda funcionam com precariedade de profissionais capacitados.

Apesar de tantos obstáculos, buscando uma visão mais otimista pode-se ver que o ensino de Língua Inglesa tem utilizado vários métodos de ensino, e nestes, a mídia participa como um instrumento de grande valor. Christofoletti (2009, p. 608), afirma que “no Ensino Superior, esse dispositivo poderia cumprir funções mais auxiliares, sendo mais influente e decisivo na formação dos futuros profissionais.” O cinema, assumindo a posição de dispositivo pedagógico, ajuda o aluno a observar outras realidades, fazendo menção a outras culturas. Por isso, é um instrumento capaz de socializar no momento em que se está ensinando.

No ponto de vista de Moraes Bezerra (2007), a aprendizagem de uma língua estrangeira não deve estar apenas ligada a obtenção de habilidades linguísticas, pois aprender uma língua envolve também conhecimento de mundo e relações sociais que ajudam no exercício da cidadania. É nesse sentido que o professor, entendendo a língua como um instrumento de ação social, constrói suas aulas visando os contextos históricos, culturais e institucionais.

O filme cinematográfico como recurso pedagógico tem ocupado espaços cada vez mais amplos dentro das instituições de ensino. Seu valor cada vez mais nítido para a aprendizagem agora chama a atenção de pesquisadores quanto a sua eficácia no nível Superior de ensino, sabendo-se que há poucos anos o empenho na melhoria da qualificação da prática docente

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tem crescido consideravelmente. Porém, há um longo caminho a ser percorrido para que cheguemos a uma educação de qualidade.

Constata-se nas instituições de ensino Superior que, se os professores obtiveram uma formação pouco satisfatória, eles só poderão transmitir também uma educação de baixa qualidade, como mostram Maia e Mendes (2009, p. 196), “esse profissional prepara os alunos de licenciatura, futuros professores da língua, promovendo apenas uma repetição de sua prática docente, fechando, assim, um círculo que se realimenta e que dá origem a outros profissionais pouco preparados.” O uso de outros recursos, então, é deixado em segundo plano. Devido a esta negligência é que o planejamento das aulas de forma dinâmica é fundamental para o fator motivacional dos alunos.

Como as instituições poderão promover aulas com os filmes para que estes sejam peças eficazes na aprendizagem e aquisição da língua? Napolitano (2010, p. 44) aponta que “o estudo do inglês a partir do cinema é um dos campos privilegiados de atividades em sala de aula” devido ao fato de que “cerca de 80% dos filmes exibidos no cinema ou disponíveis em VHS ou DVD são de origem americana ou em língua inglesa”. Isso ajuda o professor no trabalho das habilidades linguísticas (listenning, speaking, reading e writing), que são tão valorizadas pelos profissionais de ensino de Língua Inglesa.

Para que isto ocorra, é pertinente discutir sobre uma melhora e reciclagem por parte dos docentes das instituições de Ensino Superior, como defendem Maia e Mendes (2009, p. 197), que “considerando o evidente esgotamento da alternativa tradicional de ensinar/aprender, mas considerando que nesse espaço não há lugar nem para o espontaneísmo, nem para a acomodação”. E mais, “os cursos em nível superior oferecidos aos docentes brasileiros precisam contemplar todas as questões relativas ao magistério.”

Com isso podemos concluir que o perfil de um professor de Língua Inglesa deve-se compor de: a) uma formação para o exercício no campo da Educação; b) habilidades cognitivas requerentes ao eficaz exercício da docência (aqui se inclui a sólida formação linguística do profissional que lhe permita o domínio das habilidades de listenning, speaking, reading e writing) e, c) de sua perfeita sintonia e atualização com o universo midiático disponível de modo que isto o capacite a reciclar, escolher e adotar os recursos deste, como instrumentos de ensino.

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2 CINEMA E EDUCAÇÃO: UM PANORAMA HISTÓRICO

Diante dos diferentes métodos utilizados nas aulas de Língua Inglesa no Ensino Superior, buscamos um aprofundamento sobre a utilização de filmes em sala de aula. Para tanto, este capítulo trata de uma retrospectiva deste recurso dentro do espaço educativo, as mudanças na educação e os avanços nas tecnologias. Constam também as possíveis contribuições deste uso para o ensino-aprendizagem da Língua Inglesa.

2.1 MÍDIAS PARA A EDUCAÇÃO

A palavra mídia é de origem latina, derivada da palavra meio, que, segundo Rapaport (2008), é tudo aquilo que transmite informação, necessitando de uma fonte que libera o conteúdo para um receptor. No campo educacional, segundo a autora, “o primeiro meio utilizado para o processo ensino-aprendizagem foi a figura do professor” (RAPAPORT, 2008, p.107), fazendo a transferência de conhecimento entre os alunos, para que o processo de comunicação ocorresse.

Partindo desse ponto de vista, o professor continua sendo uma peça de extrema importância nas salas de aula. Porém, com o avanço da tecnologia, o mesmo passou a ter muitas opções de recursos que o auxiliam na elaboração e aplicação dos conteúdos nas aulas. Desta forma, professores e instituições se depararam com significativos avanços de tecnologias que passaram a ser ferramentas usadas em salas de aula como instrumentos de apoio para os docentes.

Conforme Bévort e Belloni (2009), por volta dos anos 20, os meios de comunicação já faziam parte da vida cotidiana, com uma crescente importância das mídias audiovisuais nas informações sobre as grandes influências ideológicas da época. Outros aspectos midiáticos foram surgindo com o passar do tempo, bem como o interesse na eficácia na comunicação que esta ferramenta despertou no meio social. A participação das mídias no universo educacional teve início nos anos 1950/1960 na Europa, nos Estados Unidos e no Canadá, como fonte principal de notícias políticas e sociais, mas não só

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neste aspecto. Foi nesta época que houve uma grande expansão audiovisual. Com o passar dos anos, as mídias começaram a ter significados diferenciados dentro do espaço escolar.

As grandes mudanças estavam sendo vistas como um novo fenômeno social, que o sociólogo francês G. Friedman definiu “como meio ambiente técnico” (BELLONI, 2009, p.17). As tecnologias de comunicação entraram nas escolas como uma pressão do mercado, cada dia mais voltado para as gerações mais jovens. Segundo Belloni (2009), com a tecnificação crescente, criou-se uma escola paralela, através da qual estaríamos aprendendo conteúdos mais interessantes. A partir deste momento, tornou-se um desafio compreender o impacto da tecnologia na sociedade e principalmente no meio educacional.

Isto porque a escola, como instituição social especializada em educação, ainda não absorveu, ou absorveu lentamente, as tecnologias eletrônicas de comunicação e, deste modo, mudanças sociais (sem falar nas cognitivas) importantes, há muito ocorridas em outras esferas, começam agora a repercutir no campo da educação. (BELLONI, 2009, p. 17-18)

Com isso, em 1960, deu-se início a uma discussão quanto à capacidade dos meios de comunicação para uma educação satisfatória, momento em que a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - UNESCO concretizou o termo “educação para as mídias” ou “mídia-educação”. Neste primeiro momento, o termo refere-se a uma leitura crítica das mídias, tendo como ponto principal de reflexão a maneira como os novos meios de comunicação poderiam ser úteis na alfabetização em massa, principalmente em lugares onde as condições de ensino eram precárias e havia má qualificação dos profissionais.

Diante desses debates quanto à difusão das tecnologias (principalmente nas indústrias culturais como cinema, televisão e rádio) em diversos setores dentro da sociedade, houve a transformação dos espectadores em usuários, mostrando que o papel da mídia-educação tornou-se mais complexo. No ponto de vista de Belloni (2009), um dos avanços mais importantes que aconteceram para a compreensão da importância das mídias no setor educacional foi o reconhecimento de que a educação para as mídias é

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um direito da humanidade. Para a autora, “a mídia-educação é hoje tão necessária ao exercício da cidadania quanto era a alfabetização no século XIX” (BELLONI, 2009, p. xiv). As consequências no uso dessas tecnologias podem ser vistas em todo o mundo, que tende a transformar-se culturalmente para acompanhar tais mudanças, que são inevitáveis.

2.2 AS NOVAS TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA

Como foi dito anteriormente por Rapaport (2008, p. 107), “o primeiro meio utilizado para o processo ensino-aprendizagem foi a figura do professor”, que, com o avanço da tecnologia, ganhou reforço na atuação dentro da sala de aula. Grandes foram as mudanças metodológicas que ocorreram desde então no campo educacional e a escola teve de se adaptar a estas mudanças.

Para Rapaport (2008), dentro do histórico no ensino de línguas, todo método ou ferramenta tecnológica consistia em auxílios meramente visuais, com gravuras e desenhos, ajudando na compreensão e fixação dos assuntos. Os professores recebiam materiais como pôsteres, mapas e fotografias.

Os filmes começaram a ser utilizados de forma educacional por volta do ano de 1905, nos Estados Unidos. Porém, estes eram de cunho teatral, industrial ou do governo, sendo que não possuíam áudio. Mais tarde, década de 1930 ainda nos Estados Unidos, a transmissão via rádio começou a ser utilizada como auxílio educacional. No entanto, no final desta mesma década, este uso declinou.

Ainda nas palavras da autora (2008, p. 108), “durante a Segunda Guerra Mundial, o uso de equipamentos educacionais diminuiu muito nas escolas” devido à falta de matérias para a fabricação destes. No entanto, foi nesta época que surgiu a primeira empresa de retroprojetores, equipamento bastante usado nas escolas até os dias de hoje. Com o pós-guerra, mais especificamente na década de 1950, houve a expansão audiovisual. Nos Estados Unidos, a televisão passou a fazer parte dos recursos instrucionais, onde foram criados diversos canais especificamente para fins educativos.

Por volta de 1960, deu-se início o uso de gravadores de áudio, que eram utilizados para gravar aulas e palestras, e os alunos podiam ouvir

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quantas vezes fossem necessárias para compreender o assunto. Este novo método foi bastante utilizado como material para aulas a longas distâncias, que segundo Rapaport (2008), ficou conhecido como sistema de tutoria em áudio. Apesar desta tecnologia ter sido usada inicialmente na área das ciências, este método ganhou espaço nos laboratórios de línguas, que adotou posteriormente os filmes, como lembra Rapaport (2008, p.124), afirmando que

[...] muitas universidades e institutos de idiomas passaram a oferecer e a integrar em seus programas atividades baseadas em filmes clássicos e contemporâneos, sendo que uso de idioma, vocabulário, estrutura, pronúncia e ritmo reforça e expande a prática executada em laboratório.

Com isso, a presença de outros instrumentos foram sendo incorporados aos métodos educativos, como o aparelho de TV e vídeo (ou DVD), possibilitando aos educadores a formação de videoaulas. A combinação áudio e vídeo tem contribuído muito para o processo de ensino-aprendizagem de maneira que o entretenimento chama a atenção do aluno, como afirma Rapaport apud Stempleski (2008, p.133): “adeptos concordam que os vídeos estimulam o interesse do aluno em adquirir a L2, bem como em incorporar aspectos culturais com os quais se identifique.”

Os recursos tecnológicos, em especial os meios de comunicação audiovisuais – televisão, cinema e o vídeo, CD ou DVD – são utilizados de forma lúdica nas salas de aula de Língua Inglesa. Estes transmitem ideias de valores, atitudes, comportamento, produzindo consciência sobre condutas e saberes nas diferentes fases psicossociais de um indivíduo: infância, adolescência, juventude e adulta.

Tais meios tecnológicos tem tido uma resistência quanto à adaptação no setor educativo. No entanto, vêm ganhando seus espaços a cada dia, provocados pela sede de renovação educacional e da crescente utilização feita por nossa sociedade contemporânea. Brito e Purificação (2008, p.41) afirmam que “o que precisamos saber é como reconhecer essas tecnologias e adaptá-las às nossas finalidades educacionais.”

Diante disso, o grande desafio do setor educacional é integrar as tecnologias vigentes às escolas, o que Belloni (2001, p.8) questiona: “como poderá a escola contribuir para que todas as nossas crianças se tornem

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utilizadoras (usuárias) criativas e críticas destas novas ferramentas e não meras consumidoras compulsivas de representações novas de velhos clichês?”

As tecnologias, principalmente as mídias audiovisuais como a TV, são meios que transmitem imagens e modelos de fatos reais ou imaginários, que chamam a atenção de crianças e adultos, provocando sensações, mexendo com o emocional. Segundo Soto (2009), todo instrumento pode modificar profundamente o homem. Todo o seu intelecto e a forma como o ser humano se relaciona com o mundo são afetados pelos diversos meios que o rodeiam. Sobre isso, Belloni (2009) diz que “as tecnologias são mais do que meras ferramentas a serviço do ser humano. Ao interferir nos modos de perceber o mundo, de se expressar sobre ele e de transformá-lo, estas técnicas modificam o próprio ser humano.” E se estas tecnologias estão fora da escola, e agora estão chegando também dentro da escola, o processo educativo tende a se modificar juntamente com os avanços.

2.3 REFLEXOS DA MÍDIA NA SALA DE AULA

Com o grande número de filmes estrangeiros vendidos para o Brasil, uma forte influência sobreveio na sociedade brasileira, no que se diz respeito a costumes e ideologias, transformando ainda mais o setor educacional. Como Franco (2004) afirma, o cinema abriu as portas para o setor televisivo, que bombardeou as casas com todo tipo de linguagem audiovisual, onde não existia um controle de acesso aos filmes por faixa etária.

Desde então, os educadores enfrentam este impacto que as mídias provocaram na sociedade. Concordamos com Brito e Purificação (2008, p.54), quando afirmam que “nossos alunos estão mais expostos aos conhecimentos que a televisão proporciona que àqueles advindos da escolaridade ou das relações familiares.” O papel da escola na formação do caráter de crianças e adolescentes, por exemplo, passou a ser uma tarefa bem mais árdua, devido o contato dos alunos com o meio televisivo. Aspectos como aptidões e reconhecimento da vocação de vida, deixaram de ser desenvolvidos pela escola. O uso desde a primeira infância das mídias audiovisuais transforma as personalidades em formação. Napolitano (2010, p.14) advoga que, “a tendência é que o aluno (e mesmo o professor) reproduza certa situação

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psicossocial trazida pela experiência na sala de projeção (ou na sala caseira de vídeo) para a sala de aula.”

Diante desses eventos ocorridos entre escola, alunos, professores e as mídias, as instituições chegaram a um ponto no qual não podem ignorar o uso das novas tecnologias nas salas de aula. Brito e Purificação (2008, p.25) constatam que:

A comunidade escolar depara-se com três caminhos: repelir as tecnologias e tentar ficar fora do processo; apropriar-se da técnica e transformar a vida em uma corrida atrás do novo; ou apropriar-se dos processos, desenvolvendo habilidades que permitam o controle das tecnologias e de seus efeitos.

Diante destes caminhos que a escola precisa escolher seguir, professores e instituições de ensino são conduzidos, em sua maioria, para o longo processo de adaptação aos novos conceitos de metodologias para a melhoria do sistema educacional. A partir do momento em que o problema educacional é detectado, e que o interesse profissional, institucional e governamental em adquirir mudanças é evidente, as necessidades dos alunos serão devidamente atendidas, proporcionando uma educação de qualidade, ou seja, a educação que desejamos. Para Moran (2008, p.10), “as mudanças são tais que afetam tudo e todos: gestores, professores, alunos, empresas, sociedade, metodologias, tecnologias, espaço e tempo”.

Para tanto, ressalta-se a importância dos professores como peças fundamentais para este desenvolvimento da educação a partir das tecnologias vigentes. Segundo Brito e Purificação (2008), com o comprometimento dos professores na assimilação crítica das inovações, o aproveitamento dos espaços criados para as mudanças no campo educacional serão maiores, promovendo transformações que não sejam simples expressões da modernidade. E mais, “quando se fala em prática pedagógica, o professor é aquele que, tendo adquirido o nível de cultura necessário para o desempenho de sua atividade, dá direção ao ensino e à aprendizagem”, (BRITO E PURIFICAÇÃO, 2008, p.45).

Em se tratando do uso dos filmes em sala de aula, a partir do momento em que o professor reconhece o valor didático dos vídeos, eles estarão mais bem preparados para a adaptação dessa ferramenta em suas aulas. Não é

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necessário que o professor seja um crítico cinematográfico especializado, como aponta Napolitano apud Almeida (2010, p.12), para este “incorporar o cinema na sala de aula e em projetos escolares, de forma a ir muito além do conteúdo representado pelo filme”. Mas, o certo é que o professor, de posse de um conhecimento necessário sobre como usar os vídeos de forma adequada, poderá ter ótimos resultados na aprendizagem de seus alunos.

2.4 FILME COMO RECURSO DIDÁTICO

Desde que o cinema passou a integrar-se ao campo educativo, não faltaram técnicas pedagógicas para auxiliarem os professores com o uso desta ferramenta tão peculiar e importante para o desenvolvimento e modernização educacional com as novas tecnologias. Napolitano apud Almeida (2001, p.48) asseguram a importância da utilização do cinema na educação:

[...] é importante porque traz para a escola aquilo que ela se nega a ser e que poderia transformá-la em algo vívido e fundamental: participante ativa da cultura e não repetidora e divulgadora de conhecimentos massificados, muitas vezes já deteriorados, defasados.

Partindo desse ponto de vista, podemos afirmar que os filmes, em conjunto com os temas transversais que a escola oferece, podem contribuir para a aquisição e modificação da cultura, o que poderia trazer benefícios para a sociedade, que muda a todo instante. Estas mesmas transformações também ajudariam a escola a manter-se atualizada contemporaneamente. Os filmes, então, não seriam utilizados apenas para se conhecer os fatos que ocorrem nestes, mas também seriam abordados assuntos tais como o contexto histórico em que se passa a história, a construção do caráter psicológico das personagens, bem como o figurino, o cenário e a trilha sonora que acompanha o filme. Todos esses aspectos abririam um leque de recursos, de possibilidades ao professor para serem usados e abordados nas salas após as sessões.

O filme é uma ferramenta que pode ser utilizada desde os primeiros anos escolares até o final das atividades acadêmicas. Com isso, tornam-se

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necessárias atividades preliminares às sessões para análise dos filmes e preparação de roteiros para as aulas. Napolitano (2010, p.16) diz que “ao escolher um ou outro filme para incluir nas suas atividades escolares, o professor deve levar em conta o problema da adequação e da abordagem por meio de reflexão prévia sobre os seus objetivos gerais e específicos”, de modo que tudo aquilo que foi planejado antes das sessões possa ser posto em prática, levando em consideração aquilo que se quer atingir em questões de aprendizagem.

Ainda no ponto de vista de Napolitano (2010, p.18), existem três categorias básicas para o ensino-aprendizagem: 1) o conteúdo curricular, que diz respeito aos temas abordados em sala, bem como os transversais, que são definidos pelos PCN’s (parâmetros curriculares nacionais); 2) as habilidades, tais como leitura e produção textual, acompanhadas do aperfeiçoamento crítico (sobretudo em torno das mídias), que ajudará o aluno a ser um consumidor mais exigente; e por fim, 3) os conceitos abordados nos conteúdos fílmicos.

Sabemos, então, que para que um filme seja escolhido para uma sessão em sala de aula, todas estas características acima referidas devem ser analisadas, como também o público-alvo e seus valores culturais, religiosos e morais. Napolitano (2010, p.20) explica que, “o início de todo o processo de ensino-aprendizagem deve partir de um diálogo com esses valores, evitando o fenômeno do bloqueio pedagógico ocasionado pelo choque sociocultural mal encaminhado pelo professor.” Se este bloqueio acontece, o aluno não sentirá mais prazer em participar das atividades que o professor poderá propor.

É de fundamental importância saber que vários fatores, em lugar de auxiliar, podem atrapalhar a utilização dos filmes nas escolas. Alguns estão relacionados às possibilidades técnicas que cada instituição possui; outros, por problemas pedagógicos e de planejamento das aulas. Sobre isso, Napolitano (2010, p.17) afirma que “esses dois tipos de problema são básicos e simples, e se diluem quando o professor planeja suas atividades e assume o uso do cinema como atividade sistemática.”

Outros problemas são apresentados por Napolitano (2010) quais sejam: o dos horários das aulas: como uma aula normalmente dura cinquenta minutos, há incompatibilidade com o tempo de duração de um filme, que pode chegar a duas ou três horas; ou ainda, quando o professor escolhe um filme

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muito antigo e, na última hora não consegue locar, pois o filme já está fora de catálogo nas locadoras; outro problema refere-se à adequação à faixa etária, que, muitas vezes, é desconsiderada; também o conteúdo discutido; são estes entre outros fatores que podem barrar o bom andamento das atividades com filmes.

Ainda sobre os problemas do uso inadequado dos vídeos, Napolitano (apud MORAN, 2010) alerta para o perigo de que, muitas vezes, o filme pode ser utilizado apenas como “tapa-buracos” em momentos em que, por exemplo, há ausência de professor; do mesmo modo, quando o vídeo não tem ligação com o assunto abordado em sala. Tais fatores, segundo o autor, juntamente com o uso excessivo de filmes, podem empobrecer as aulas e diminuir a sua eficácia. Os alunos recebem criticamente esta proposta e começam a associar a projeção dos filmes como sinônimo de “não ter aula” ou como popularmente por eles tratados por “matação de aulas”.

Propostas para o uso didático dos filmes são levantadas para facilitar o trabalho dos professores nas aulas com vídeos, onde eles podem ser encaixados de várias maneiras. Algumas dessas propostas são mostradas por Napolitano (apud MORAN, 2010). Os vídeos podem ser usados como: a)fonte se sensibilização para despertar a criatividade e facilitar o desejo dos alunos por pesquisas; b)servir como ilustração para compor cenários, trazer para a escola realidades que estão distantes dos alunos; c)podem simular fatos sequenciais em poucos segundos, que, na realidade, podem durar anos, como o crescimento de uma árvore; d)como conteúdo de ensino, mostrando o assunto de forma direta ou indireta; e)para produção dos mesmos, gravando aulas, experiências ou entrevistas, ou mesmo editar vídeos já existentes; f)podem ser usados como forma de expressão e incentivo aos alunos para produzirem os vídeos; para autoavaliação dos alunos e dos próprios professores, fazendo com que se conheçam melhor e conheçam também as características do grupo em que estão inseridos; e por fim, g)vídeos como integração ou suporte de outras mídias.

Ensinar com filmes, portanto, mostra-se uma atividade interessante no que diz respeito à dinâmica metodológica, de papel educacional relevante. Fatores únicos e indispensáveis para o processo educativo estão inseridos nesse contexto especial, que integram conceitos, visão de mundo, informação,

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linguagens diversificadas, modelos de comportamento, e equilíbrio do concreto com o abstrato. Tudo isso, no entanto, deve estar amparado na valorização dos professores como mediadores para utilizar diferentes técnicas de forma específica. “A abordagem adotada por esse professor reflete o conjunto ou a variação de métodos e as técnicas escolhidas para ensinar determinado grupo e/ou determinados aspectos da língua-alvo.” (RAPAPORT, 2010, p. 65) Por isso, a construção dos métodos e a abordagem adotada irão depender da visão do professor, que deverá reconhecer a melhor forma de aplicabilidade no ensino para seus alunos.

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3 COMO OS AFRODESCENDENTES SÃO RETRATADOS NOS FILMES NORTE-AMERICANOS DE DIFERENTES ÉPOCAS

A cultura afrodescendente tem sido alvo de uma série de críticas sobre suas tradições perante a sociedade em geral, em que uma pequena parte dominante da mesma trata desse assunto com pouco conhecimento, sem levar em conta a historicidade desse povo que tanto contribuiu e ainda contribui para a construção de uma identidade.

Essa tradição vem de séculos atrás e através da colonização, momento em que os negros eram trazidos como escravos de seus países de origem do continente Africano, sendo assim desembarcados para trabalharem nas fazendas. É sob essa ótica que vem procurando cumprir o seu papel de valorização da cultura local e de fortalecimento da autoestima dos afrodescendentes, agindo em todos os campos para tornar mais forte a identidade desse povo através da inclusão de suas tradições e suas crenças, para que não haja um falecimento de tudo o que já foi resgatado.

O uso de espaços culturais é de grande importância para que a arte e as atividades destinadas à disseminação da cultura de descendência africana para que se mantenha e sobreviva e dê respaldo maior à luta pela resistência desse povo, para se organizar e manter viva essas tradições, que os povos negros se apropriam de espaços mostrando suas festas, suas manifestações e um modo de socializar-se para a formação de uma identidade própria dentro de uma realidade que lhes são apresentadas. Para Kotler (2000, p.25) “à medida que as economias evoluem, uma proporção cada vez maior de suas atividades se concentra na produção de serviços [...]. Muitas ofertas ao mercado consistem em um mix variável de bens e serviços.”.

O ser humano possui uma identidade que é diferenciada através das crenças, formas de linguagem, culturas diferentes, etnias, e é a partir daí que mostramos nossa imagem socioeconômica através de gestos, atitudes, fala, em que nós conseguimos nos diferenciar das outras pessoas, pois somos seres políticos culturais e para que possamos passar algum tipo de cultura para outras pessoas precisamos estudar aquela determinada cultura sem ter que enxergá-la com olhar preconceituoso e também sem uma visão pejorativa, emergindo nessa cultura através dos vários eventos.

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Essas diferenças estão expostas na sociedade como os vários grupos étnicos que são formados para lançar o modismo, ou possuir objetos de grandes valores para serem aceitos em determinados grupos sociais, ou até possuir reações diferentes do que a pessoa realmente é para entrarem ou permanecerem em determinados clãs, interpenetrando na sociedade apresentando e se representando para que sociedade em si repare e perceba com sensibilidade as diversidades que existem dentro dela e fora dela, ou seja, aqueles que estão à margem.

Vemos, de forma mercadológica, como as crianças e os adolescentes, como os adultos e velhos podem desenvolver sua prática profissional, viabilizando da melhor forma seus estudos profissionais adequados que possibilitem o desenvolvimento na área pedagógica, entendendo melhor as diversas culturas. Assim também mostrando para eles, de forma clara, coesa e objetiva eles entendam que existem diversidades no espaço-meio em que vivem e resistem nos caminhos que eles possam seguir, além do que foram impostos pela sociedade e pela primeira classe social que foi violentada pela hegemonia eurocêntrica (família), ou seja, passando a ter um olhar de percepção para enxergar que o outro é diferente em termos de seus valores culturais: culinária, vestimentas, linguagem, etnias, músicas, valores esses que foram trazidos pelos seus ancestrais.

Com o advento das leis discriminatórias, foi necessário definir quem era negro nos Estados Unidos. Foi aplicada a One-drop rule (“regra de uma gota”) que dizia que qualquer pessoa com qualquer tipo de ancestralidade africana, mesmo que muito pequena, fosse considerado negro. O estado do Tennessee adotou a “regra de uma gota” em 1910, seguido pela Louisiana. Depois Texas e Arkansas em 1911, Mississippi em 1917, Carolina do Norte em 1923, Virgínia em 1924, Alabama e Geórgia em 1927, Oklahoma em 1931. Antes disso, os mestiços eram tratados como um grupo legalmente diferente dos negros. Muitos mestiços que “pareciam brancos” foram legalmente absorvidos pela população branca. Na Virgínia, a lei definia que um “mulato” era uma pessoa que tinha pelo menos um quarto de sangue africano (equivalente a um avô). Mas em 1924 esse conceito já havia sido derrubado, pois uma pessoa com qualquer ascendência africana era tida como negra. Dessa forma, americanos, mesmo que não tivessem traços africanos

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evidentes, passaram a ser considerados negros, como por exemplo, a atriz Lena Horne. Para evitar ser vítima de discriminação, algumas pessoas que não tinham traços negros evidentes, mas que tinham ascendência africana, passaram a esconder suas origens.

É o fenômeno denominado como passing (“passando”), pelo qual alguns americanos conseguiram esconder suas origens e foram assimilados pela população branca. Porém americanos de aparência branca, assumiam com orgulho uma identidade negra. Por exemplo, Walter Francis White, que era loiro de olhos azuis, mas tinha alguma ascendência africana, tornou-se um ativista pelos direitos civis dos afro-americanos e se considerava “negro”.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, é filho de pai africano e de mãe branca, mas se considera negro. A cantora Mariah Carey, que é filha de mãe branca de origem irlandesa e de pai afro-venezuelano declarou: “Neste país (Estados Unidos) eu sou negra”. Porém, as visões raciais dos americanos têm mudado nos últimos anos e se distanciando da concepção do one-drop rule.

No que se dispõe a entender o que é identidade, Hall (2006), exalta três diferentes concepções bastante distintas como o sujeito do Iluminismo, o sujeito sociológico e o sujeito pós-moderno. Relatando o que seria o sujeito do Iluminismo pode-se enfatizar que seria baseado na concepção de que é um ser humano centrado, unificado, dotado das capacidades de razão, de consciência de ação, em que se centralizava em seu núcleo interno, que ao nascer era desenvolvido, mas continuava sendo o próprio individuo. Sua identidade era constituída através de seu centro. Pode-se refletir sobre o sujeito sociológico em relação ao sujeito do Iluminismo que decorrente de sua complexidade, pois não era autônomo nem autossuficiente, o sujeito deveria ter relações entre outras pessoas, já que os indivíduos precisam ter referencias que reforce a identidade do seu eu.

Ao interagir seu eu com outros indivíduos ele se torna sociável, modificando de acordo com a vivência com os diversos mundos culturais externos.

Nessa concepção sociológica a identidade preenche um espaço entre o que é intrínseco e o que é externado a outras pessoas, que remete a uma objetividade e subjetividade dentro e fora do espaço social em que vivem e

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ocupam no mundo social e cultural. De outro olhar a estrutura de que se compõe a identidade unificada, cada dia mais se fragmenta e se desestrutura, pois o indivíduo cada vez mais se compõe de várias identidades muitas vezes contraditórias e até mesmo mal resolvidas.

A vivência entre seu eu interior e as vivências culturais que resultavam em sua identificação, entra em colapso com as corriqueiras mudanças que acontecem tanto estruturais quanto institucionais, tudo mais provisório, variável e problemático. Nesse processo caracteriza-se pelo sujeito pós-moderno, o sujeito não possui uma identidade fixa que permanece com ele a vida toda, mas sim vai a construindo de acordo com suas vivências existenciais definidas historicamente e não é uma implicação biológica.

Segundo Santos (2006), há tempos se tem uma preocupação com a cultura, e mais ainda nos tempos atuais, para se entender o que conduz a humanidade em todo seu contexto grupal em relação a uma perspectiva de futuro. Nota-se uma constante mudança que passa a sociedade em ações que remetem a cultura, pois a complexidade da realidade dos agrupamentos humanos dão as características que unem e diferenciam e que expressam claramente a cultura.

Podemos observar que a cultura não só diz respeito a um povo, e sim observa-se ao mesmo tempo toda a humanidade, pois ao constatar as particularidades existentes identifica-se grande variação delas, tendo cada realidade diferente que faz necessário conhecer para que faça sentido o que elas praticam, seus costumes e suas transformações ao qual passam ao longo da construção de sua história. O entendimento da cultura enfatiza a contribuição a ações que deixam de lado esferas que as rodeiam como o preconceito, e oferece respaldo maior para que se tenha respeito e dignidade nas relações entre os povos. Entretanto para saber da própria realidade social é de fato importante a discussão da cultura estrategicamente para pensar em sociedade de formas diferentes e até mesmo contraditório. (SANTOS, 2006).

Santos (2006), diz ainda que estudando sistematicamente e em todos os seus detalhes as várias culturas pode-se permitir a destruição de falsos contextos de concepções preconceituosas, pois a diversidade existente nas culturas acompanhada de uma variedade que há tempos acompanha a humanidade expressando uma sociedade organizada com diferentes formas e

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graus em que o ser humano domina a natureza. E isso se faz importante, todavia que se pode entender melhor o meio ambiente que se vive, ao qual a diversidade não é só feita de ideias e sim se relaciona ao modo como se atua na vida social.

3.1 ANÁLISE DO FILME “PRECIOSA”

Preciosa é uma garota de 16 anos que vive na cidade de Nova Iorque com sua mãe desempregada. Ela é raptada pelo pai, o que resulta em duas gravidezes, o que traz muitos problemas para a vida dela, inclusive na escola, onde a diretora providencia uma escola alternativa a Preciosa.

Preciosa é vista pela mãe como um objeto, sem valor, visto que, é necessária como um meio de subsistência material, inerente as avaliações dos assistentes sociais para a aquisição de um auxílio monetário.

Sem ter para onde ir, Preciosa invade a nova escola para se abrigar do frio. No momento que descobre da situação de Preciosa, sua nova professora Blu, que irá ajudá-la a terminar seus estudos e a superar suas dificuldades, tem a oportunidade de falar, de contar o que se passa com ela. Blu, Vai atrás de abrigo para Preciosa, que passa a viver em uma casa de apoio.

Depois da morte do pai de Preciosa, ela descobre que é portadora do vírus HIV, porém um de seus filhos não é. Mais tarde Preciosa encontra-se com sua mãe novamente junto com uma assistente social. A assistente questiona a mãe de Preciosa sobre todos os acontecimentos a cerca da vida da filha. Durante esse encontro, descobrimos que a mãe de Preciosa a culpa de todos os problemas de sua vida, inclusive a perda do marido.

Nesse momento, Preciosa decide que sua mãe nunca mais verá seus netos e nem preciosa. Na sequência, Preciosa planeja fazer um teste para conseguir um diploma de ensino médio e planeja também começar uma nova vida.

Pode-se afirmar que esse suporte social fora o alicerce para a reorientação da história de vida de ”Preciosa”, dando-lhe os meios e encaminhamentos necessários para que reorganizasse e se instrumentalizasse para enfrentar sua realidade que além de dificuldades uma dura dinâmica familiar incluía analfabetismo funcional, desemprego, baixa autoestima, AIDS,

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dois filhos para sustentar. Todos esses fatores alicerçados em uma personalidade que inicialmente estava completamente imersa nas situações traumáticas das quais revitimizava-se constantemente, como os abusos sexuais por parte do pai, por exemplo.

A proteção estatal não foi capaz de garantir a Preciosa seu direito à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Violentada de todas as formas possíveis, a garota Preciosa tem sua história mostrada em um filme que mistura sonhos bucólicos de uma adolescente com a crueldade de sua vida à margem da sociedade. Cada vez que se encontra vivenciando ou, até mesmo, lembrando de momentos ruins, de agressões verbais ou físicas, imagina-se em outro lugar, com outras pessoas, passando por situações agradáveis e enchendo-se, assim, de esperança para manter-se viva, para que o sopro de vida se faça presente onde antes havia somente angústia de morte.

Dentre as espécies de consequências inerentes às violências sofridas pela personagem, estão suas dificuldades com a alfabetização, tinha facilidade em matemática, em que fantasiava com seu professor um romance, porém não conseguia ter grandes progressos com a leitura

Preciosa também possuía crises de ansiedade; quanto à comida, ao passo que rouba um pedaço de frango e depois, talvez pela culpa, vomita a comida roubada. Ora, conflitava com sua imagem, ansiava por ser magra e loira, um estereótipo de beleza que não condizia com sua realidade.

“Às vezes eu desejo que não estivesse viva. Mas eu não sei como morrer. Não há nenhum botão para desligar. Não importa o quão ruim eu me sinta, meu coração não para de bater e meus olhos se abrem pela manhã”, pensava ela nos momentos mais conflitantes. Entretanto, arranjava forças para cuidar dos filhos com o carinho que não teve. Assim, Preciosa vivia em muita ambiguidade, numa confusão de sentimentos, duvidava do amor, rejeitava a si mesma.

É necessário apontar que o abuso sexual é uma modalidade de violência que pode deixar marcas profundas no desenvolvimento da criança e

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do (a) adolescente vitimizado (a) e por isso exige urgência na sua intervenção. Não se pode deixar para depois, para mais tarde, pois pode ser tarde demais.

Outro obstáculo à aplicação legal é a conivência ou o silêncio das famílias: existe um “acordo” entre seus membros de que tudo deve permanecer oculto. Este “acordo” consiste e é mantido através de ameaças à criança ou à família ou ainda através de promessas de benefícios para a criança/adolescente. Aliado a isso, as dificuldades da criança ou adolescente em compreender e relatar a situação é pelo fato do abuso sexual ser mascarado com cenas de carinho e sedução.

O sentimento de culpa da criança origina-se de seu senso equivocado de responsabilidade, que ela deriva do fato de ter sido uma participante no abuso. Essa confusão muitas vezes é reforçada pelas ameaças da pessoa que cometeu o abuso, de que a criança será responsável pelas consequências se revelar o abuso. A persistente experiência psicológica de participação e culpa também explica a baixa autoestima e o posterior comportamento de vítima dos adultos que sofreram abuso sexual quando crianças.

Para a criança/adolescente as consequências de se sentir culpada são mais graves, ela passa a acreditar que não possui nada de valor, pois os pais passam a ela esta mensagem. E estes pais são as pessoas mais importantes de suas vidas, principalmente quando pequenas. Quando adolescentes na maioria dos casos, a rua é a solução para esta situação de culpa.

Por outro lado, prover recursos materiais só resolveria as necessidades imediatas destas famílias que em muitos casos perderam o provedor. Mas, a existência de uma rede de apoio social comprometida pode servir de base para esta família buscar recursos dentro da sua própria rede de apoio familiar.

Qualquer destas medidas, quando aplicadas, devem levar em consideração desenvolvimento físico, emocional e cognitivo da criança/adolescente. E podemos perceber que foi a partir dessas medidas que Preciosa começou a melhorar de vida, em todos os aspectos.

3.2 ANÁLISE DO FILME DJANGO LIVRE

O filme Django Livre é do gênero ação-faroeste ambientado nos Estados Unidos em torno de 1861.

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