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Academic year: 2021

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Carvalho, P. C. F. et al. Manejo de animais em pastejo em sistemas de integração lavoura-pecuária. In: Moares, A. et al. International Symposium on International Crop-livestock Systems, Curitiba, 2007, Proceedings...

Manejo de animais em pastejo em sistemas de integração lavoura-pecuária

Paulo C. de F. Carvalho1, Jamir L. S da Silva2, Anibal de Moraes3, Renato S. Fontanelli4, Stefani Macari5, Carolina Bremm5, Julio K. da Trindade5

1. Introdução

O foco na produtividade em curto prazo, sem levar em consideração as conseqüências aos outros componentes essenciais do ecossistema, bem como suas possíveis implicações na estabilidade e sustentabilidade do ambiente de produção, tem sido apontado como a causa primária da degradação dos sistemas agrícolas. Isso se deve, em grande parte, a uma falta de visão mais abrangente no que diz respeito à produtividade e à estabilidade dos agroecossistemas.

Em contraponto, e mais recentemente, o setor agropecuário brasileiro está passando por um processo de transição socioeconômico e agroambiental. Apesar de lentas e silenciosas, observam-se a expansão do sistema plantio direto, a integração da lavoura com a pecuária, a preocupação sobre a utilização racional da água e de agroquímicos, as exigências de maior competitividade e sustentabilidade, as questões relacionadas à qualidade do ambiente de produção (Carvalho, 2005), dentre outras evoluções. Esses novos requerimentos visam a redução nos custos de produção, ao mesmo tempo em que se conserve atributos ambientais, uma vez que a recuperação da produtividade de áreas, tanto em uso com agricultura como em pastagem, pelos métodos tradicionais, tem acarretado grandes dispêndios com insumos químicos e outros (Kluthcouski & Stone, 2003).

Neste sentido, o renovado interesse nos sistemas de produção integrados (Entz et al., 2005) tem relação com o potencial deste conceito de produção em mudar, positivamente, a dinâmica biofísica e sócio-econômica dos sistemas de produção (Keulen & Schiere, 2004). Se por um lado os sistemas integrados haviam perdido seu apelo técnico frente à intensificação e especialização dos sistemas agrícolas que ocorreu na segunda metade do século passado, por outro lado eles nunca perderam a sua contundente representatividade. Dos pobres das áreas rurais, 2/3 têm animais em suas pequenas propriedades e 60 % desses utilizam sistemas mistos de exploração (Thomas, 2001). Segundo Keulen & Schiere (2004), os sistemas integrados de lavoura com pecuária alcançam 2,5 bilhões de hectares no mundo, sendo responsáveis por mais de 50 % da carne e mais de 90 % do leite consumidos.

Moraes et al. (2002) afirmam que a inclusão de forrageiras em sistemas agrícolas assegura inúmeras vantagens. Dentre elas destacam-se a manutenção das características físicas, químicas e biológicas do solo, o controle da erosão, o uso mais eficiente dos

1

Departamento de Plantas Forrageiras e Agrometeorologia – UFRGS – Porto Alegre-RS, Brasil. Autor para correspondência: paulocfc@ufrgs.br

2

Departamento de Plantas Forrageiras e Agrometeorologia – UFRGS – Porto Alegre-RS, Brasil.

3

Departamento de Fitotecnia e Fitossanitarismo – UFPR – Curitiba-PR, Brasil.

4

Embrapa, CNPT, Passo Fundo-RS, Brasil.

5

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recursos ambientais e o controle da poluição. Além desses, os autores mencionam o aumento de culturas de proteção, o aumento nos níveis de produção animal e vegetal, a rentabilidade maior e mais estável das culturas, o incremento no controle de plantas daninhas e a quebra de ciclos de pragas e doenças, dentre outros. No centro do país, a integração lavoura-pecuária tem sido proposta como uma estratégia de recuperação de solos com baixa fertilidade, sendo empregada particularmente na recuperação de áreas de pastagens degradadas no Cerrado brasileiro (Zimmer et al., 2004). Já no sul do Brasil a integração lavoura-pecuária tem sido proposta como diminuição de risco no negócio agrícola e alternativa ao menor interesse nas rotações com culturas de inverno (Carvalho et al., 2006).

Desta forma, a alternância de cultivos agrícolas com espécies formadoras de pastagens vai ao encontro da busca pela construção de sistemas sustentáveis para produção animal e vegetal, possibilitando melhorias nas propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, com menor revolvimento e maior diversidade de resíduos para renovar a sua matéria orgânica (Moraes et al., 2002).

Não obstante, o sucesso de um sistema de integração lavoura-pecuária depende de diversos fatores que, por sua vez, são dinâmicos e interagem entre si. Moraes et al. (2002) citam alguns conceitos básicos a serem priorizados na adoção do sistema de integração lavoura-pecuária, dentre eles: o plantio direto, a rotação de cultivos, o uso de insumos e genótipos melhorados, o manejo correto das pastagens e da produção animal em pastejo, sempre preconizando a manutenção de estruturas de pasto que otimizem a colheita de forragem pelo animal e o mantenham sob lotações que não venham a comprometer o sistema.

Em decorrência do acima exposto, e na medida em que boa parte das relações solo-planta-animal, que ocorrem por ocasião da integração da lavoura com a pecuária, seja mediada pelo efeito dos animais no sistema, este trabalho tem por objetivo discutir o manejo do processo de pastejo nos sistemas integrados. Para tanto, a discussão terá como base sistemas de sucessões de lavouras e pastagens anuais em sistema de semeadura direta típicas do Sul do Brasil, e o pressuposto de que o manejo dos animais seja capital para o sucesso de sistemas de integração lavoura-pecuária.

2. O processo de pastejo e as particularidades inerentes aos sistemas de integração lavoura-pecuária

O pastejo é um intrincado processo pelo qual os animais buscam alimento na pastagem. Ele se caracteriza pelas ações do animal na procura, seleção e captura da forragem, sendo o desferimento do bocado o momento central que resulta de uma complexa série de decisões de forrageamento por parte do animal. Dentre as decisões de maior relevância estão a definição do sítio de alimentação dentro da pastagem, das espécies a serem consumidas dentro do sítio escolhido e a definição sobre as partes das plantas a serem consumidas (Carvalho & Moraes, 2005).

Todas essas decisões terminam por influenciar características de como o animal transita pela pastagem, bem como a intensidade com que ele apreende o pasto, justamente dois aspectos de importância capital para os sistemas integrados. Neste sentido, para se controlar o impacto do pastejo animal nesses sistemas, é importante que se compreenda a natureza dos processos envolvidos no ecossistema pastoril, particularmente aqueles

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que dão sustentação à produção vegetal e animal do sistema. Para tanto, este item propõe-se a discutir tais processos a partir de um modelo conceitual do processo de pastejo, adaptado e enfocado nas características mais pertinentes dos sistemas de integração lavoura-pecuária (Figura 1).

Figura 1. Modelo conceitual de como o comportamento ingestivo dos animais em pastejo, ao longo da fase pastagem, afeta o sistema de integração lavoura-pecuária.

O modelo conceitual proposto sugere que a intensidade de pastejo empregada numa pastagem afetaria a estrutura e a quantidade do pasto em oferta para os animais. Isto determinaria, por sua vez, diferentes padrões de pastejo que afetariam não somente o nível da produção animal, mas também o da produção de grãos da fase lavoura. Neste contexto, a intensidade de pastejo seria uma das principais variáveis determinantes da produtividade do sistema.

O modelo prevê que o crescimento da biomassa no pasto seja determinado pela quantidade de carbono fixada a cada dia, a qual depende da quantidade de energia interceptada, que por sua vez é função da radiação solar incidente e da área foliar existente (Nabinger, 1996). Assim sendo, dependendo da intensidade de remoção das folhas, o pastejo afetaria a área foliar e a interceptação luminosa do dossel o que, por sua vez, afetaria as taxas de fotossíntese e a capacidade de produzir novas folhas.

Essas alterações na capacidade fotossintética do dossel, determinadas por variações na intensidade de pastejo, afetam o ritmo de crescimento do pasto (taxa de acúmulo de matéria seca) e a quantidade de forragem disponível (Silva & Pedreira, 1997). A quantidade de forragem presente no sistema, por conseguinte, definiria o ritmo de aquisição de forragem, pois ela afeta a freqüência com que os animais apreendem os bocados (Carvalho et al., 2005). De forma geral, quanto menor a massa de forragem, maior a freqüência de bocados que os animais desferem no pasto, pois bocados com pouca massa de forragem exigem poucos movimentos de mastigação, o que permite aos

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animais aumentarem a freqüência de apreensões buscando compensar a pouca quantidade de forragem adquirida em cada bocado.

A quantidade de forragem em oferta afeta, também, outro parâmetro associado ao ritmo de aquisição de forragem. Conforme Carvalho (2005), o nível de oferta de forragem imprime uma dinâmica particular aos ciclos de alimentação que ocorrem ao longo do tempo em que o animal pasteja, ciclos esses denominados refeições, cujo número e extensão são reflexos do nível de saciedade atingido pelo animal. Quanto menor este nível (situações de estruturas, ofertas ou massas de forragem limitantes), maior o tempo despendido no processo de alimentação, maior o deslocamento dos animais na busca pelo alimento e maior o número de estações alimentares visitadas (Figura 2).

Figura 2. Características do processo de pastejo de novilhos na fase pastagem de um sistema de integração lavoura-pecuária (dados calculados a partir de Baggio, 2007).

Como pode ser observado, o tempo em que um animal passa pastejando é função direta da quantidade de forragem disponível, e os animais chegam a aumentar em até 50% o tempo de pastejo em situações de restrição de alimento. Esse incremento no tempo de pastejo é uma resposta clássica do animal quando as condições vigentes sejam de escassez de alimento. Em tal situação, os animais pastejam por um período de tempo maior, pois este é um tipo de resposta dos ruminantes quando a ingestão de forragem está abaixo de sua demanda procurando, por meio dela, manter o consumo diário em níveis satisfatórios. Esse ajuste no tempo de pastejo diário ocorre, de forma geral, às expensas do tempo de ruminação, e de preferência no período diurno. O aumento no tempo de pastejo diário é conseguido pelo animal tanto por meio do aumento do tempo

y = 472,5 - 13,4x R2 = 0,5330 P=0,0165 CV= 15,20% 200 250 300 350 400 450 500 550 0 4 8 12 16 Oferta de forragem (kg MS/100 kg PV) T e m po de pa s te jo ( m in /d ia ) Altura (cm)

Massa de forragem (kg/ha MS)

2530 3870 5200 6530 19 30 41 52 y = 5624,6 - 183,3x R2 = 0,6053 P=0,0080 CV= 15,44% 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500 6000 6500 7000 0 4 8 12 16 Oferta de forragem (kg MS/100 kg PV) N ú m e ro to ta l d e p a s s o s Altura (cm)

Massa de forragem (kg/ha MS)

2530 3870 5200 6530 19 30 41 52 y = 4098,1 - 150,7x R2 = 0,6685 P=0,0039 CV= 15,63% 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 0 4 8 12 16 Oferta de forragem (kg MS/100 kg PV) N ú m e ro to ta l d e e s ta ç õ e s a lim e n ta re s Altura (cm)

Massa de forragem (kg/ha MS)

2530 3870 5200 6530 19 30 41 52 y = 90,7 - 3,6x R2 = 0,6095 P=0,0077 CV= 19,81% 30 50 70 90 110 0 4 8 12 16 Oferta de forragem (kg MS/100 kg PV) T e m po de dur aç ão da r e fe iç ão ( m in .) Altura (cm)

Massa de forragem (kg/ha MS)

2530 3870 5200 6530

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de duração médio da refeição, como pela diminuição do tempo de duração média do intervalo entre refeições (Carvalho, 2005).

O aumento do tempo de pastejo faz com que o impacto do pastejo no sistema seja incrementado, na medida em que implique, invariavelmente, num aumento do tempo em que o animal passa se deslocando na área. Não obstante, a restrição de pasto não aumenta simplesmente o tempo em que os animais passam se deslocando na área, mas aumenta também a velocidade com que eles transitam (Baggio, 2007), ou seja, os animais passam a dar um maior número de passos por unidade de tempo na tentativa de encontrar mais forragem para consumir. A conseqüência final é que o número total de passos incrementa em quase 100% quando se compara situações não limitantes com situações de restrição de forragem (Figura 2).

No que diz respeito às estações alimentares, essas são como “pratos de forragem”, cuja definição significa a área alcançada pelo animal quando pastejando e sem que se movam as suas patas dianteiras. Quando o animal está pastejando, as regras de escolha, utilização e abandono da estação alimentar envolvem a percepção, por parte do animal, da quantidade de nutrientes que pode ser obtida daquela estação. Quanto maior a quantidade de nutrientes existentes na estação alimentar, maior o tempo de permanência do animal nela. Na medida em que o tempo de permanência na exploração da estação alimentar seja diretamente relacionado à quantidade de forragem nela presente (ou quanto de pasto existe no prato), quanto menor esta quantidade, mais rapidamente o animal se vê obrigado a escolher um novo prato. Consequentemente, o número de estações alimentares visitadas aumenta em situação de limitação de forragem (Figura 2). Portanto, para visitar um maior número de estações alimentares é necessário que o animal caminhe mais e mais rapidamente, o que aumenta o seu gasto energético, com prejuízo ao seu desempenho e à produtividade da fase pastagem. Já a fase lavoura pode ser afetada na medida em que o maior deslocamento dos animais signifique um incremento no número de impactos do casco no solo e na área potencialmente atingida (Figura 3).

Figura 3. Efeito do manejo do pasto nos padrões de deslocamento de novilhos na fase pastagem de um sistema de integração lavoura-pecuária (dados calculados a partir de Baggio, 2007, considerando uma área de impacto de 90 cm2/casco a partir do sugerido por Di et al., 2001). Os dados se referem somente ao deslocamento decorrente do tempo diurno de pastejo, não envolvendo o deslocamento em outras atividades, bem como deslocamentos que ocorram no período noturno. y = 3715505 - 68199x R2 = 0,6730 P=0,0011 CV= 38,19% 500000 2000000 3500000 5000000 5 15 25 35 45 Altura (cm) N ú mer o t o ta l de im pa c to s n o s o lo (p a sso s/ h a ) Oferta de forragem (kg MS/100 kg PV) Massa de forragem (kg/ha MS)

3 6 9 13 200 3240 4470 5700 y = 25,53 - 0,47x R2 = 0,6729 P=0,0011 CV= 38,20% 0 6 12 18 24 30 36 5 15 25 35 45 Altura (cm) Á rea de im pac to (m 2/h a/ di a) Oferta de forragem (kg MS/100 kg PV) Massa de forragem (kg/ha MS)

3 6 9 13

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Os resultados ilustram o efeito final da confluência de diferentes parâmetros afetados pela natureza do manejo e que se associam na determinação última do impacto dos animais no sistema. Como visto anteriormente, situações de restrição de forragem determinam um maior trânsito do animal na área, porém, a isto se deve somar o fato de que tal situação de restrição seja decorrente da maior presença de animais por unidade de área. Portanto, em altas lotações, não somente cada animal individualmente caminha mais, mas o grupo de animais é maior, o que faz com que a área física de impacto dos animas seja, finalmente, três vezes maior quando se compara os extremos de altura de manejo do pasto (Figura 3).

Neste cenário de limitação de alimento, a baixa massa de forragem no sistema faz com que menos tecido vegetal esteja presente entre o casco e a superfície do solo para absorver o impacto do animal. A título de exemplo, as massas de forragem para pastagens de inverno conduzidas em alturas de manejo de 10, 20, 30 e 40 cm, médias de quatro anos, foram de 1686, 2594, 3734 e 4228 kg de MS/ha, respectivamente (dados de Cassol, 2001, Aguinaga et al., 2006 e Lopes et al., no prelo). Isto significa, em última instância, uma maior probabilidade de impacto negativo sobre os atributos físicos do solo, o que foi atestado por Conte et al. (2007).

A Figura 4 ilustra o impacto cumulativo dos animais na fase pastagem, onde o pasto foi conduzido com diferentes intensidades de pastejo, representadas por alturas de manejo de 10, 20, 30 e 40 cm, ao longo de cinco anos de sucessão pastagem/lavoura.

Figura 4. Carga animal mantida em pastagens manejadas em diferentes alturas e seu impacto na resistência do solo à penetração. A carga animal refere-se à média das cargas empregadas em cinco anos consecutivos na fase pastagem de uma sucessão pastagem de inverno/lavoura de soja (Cassol, 2001, Aguinaga et al., 2006, Lopes et al., no prelo, Rocha, 2007). A resistência do solo à penetração refere-se à demanda de tração das hastes sulcadoras do adubo medida na profundidade de 0-6 cm durante a semeadura da soja na quinta sucessão pastagem/lavoura (dados de Conte et al., 2007). SP refere-se às áreas testemunha sem pastejo.

Como podem ser observadas, as cargas animais médias, mantidas ao longo do ciclo de utilização do pasto, são maiores quanto menor a altura meta de manejo. Essas maiores cargas resultam de uma taxa de lotação maior, onde o número de animais por unidade de área chega a ser mais de quatro vezes superior no tratamento de manejo a 10 cm, em comparação com o manejo a 40 cm. Com uma taxa de lotação maior, menos forragem está disponível por animal e a massa de forragem presente no pasto é menor, fazendo com que os animais pastejem por mais tempo, e se desloquem com mais intensidade,

1931 1582 940 887 760 0 500 1000 1500 2000 2500 10 20 30 40 SP

Altura de m anejo do pasto (cm )

R e s is tên ci a d o so lo à pe ne tr a ç ã o ( k P a ) 1324 946 561 328 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 10 20 30 40

Altura de manejo do pasto (cm )

C a rg a an im al (k g d e p eso vi vo /h a )

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como se viu anteriormente. Após cinco anos, o resultado desses processos é o aumento da resistência do solo à penetração, particularmente quando a altura de manejo do pasto é inferior a 30 cm (Conte et al., 2007). Restrige-se que o solo das áreas com pastejo leve (30 e 40 cm) não apresentam maior resistência do que o das áreas protegidas do pastejo. A partir de 20 cm a resistência à penetração do solo aumenta fortemente, e no tratamento 10 cm ela se aproxima do nível tido como crítico ao desenvolvimento vegetal (a partir de 2000 kPa).

Segundo o modelo proposto, o impacto sobre os atributos físicos do solo seria, fundamentalmente, resultado da intensidade de deslocamento dos animais sobre a área, em conjunto com o efeito da maior ou menor proteção do solo por parte da biomassa vegetal. Portanto, o resultado das diferentes quantidades de forragem disponível, condicionadas pelo manejo da intensidade de pastejo, é a criação de diferentes ambientes para a implantação da cultura de verão, os quais poderão influenciar positiva ou negativamente seu rendimento, em razão de alterações dos atributos físicos e químicos do solo promovidos pelo pastejo anterior.

Em suma, a produtividade final do sistema de integração lavoura-pecuária resulta do rendimento de grãos obtido na cultura de verão somado ao desempenho animal obtido durante o inverno, ambos influenciados pela intensidade de pastejo empregada no manejo do pasto que, por sua vez, refletirá nas condições físicas e químicas do solo sobre as quais a produção é dependente.

3. Manejando o processo de pastejo nos sistemas integrados

De forma geral, levando-se em conta o que está, de fato, ao alcance de ser gerenciado em nível de sistema de produção, o manejo dos animais e do processo de pastejo em sistemas integrados é conduzido sob duas principais ações de manejo:

i) definição da pressão de pastejo via determinação da quantidade de animais por unidade de área;

ii) distribuição dos animais na área via definição do método de pastejo empregado (e.g., contínuo e rotativo);

Isto significa que a condução do pastejo tenha poucas, porém determinantes, variáveis passíveis de serem manipuladas pelo homem. E dentre elas, a definição da pressão de pastejo é que parece ser a principal condicionante do impacto do animal no sistema, muito mais do que as demais ações de manejo (Carvalho et al., 2005).

3.1. Pressão de pastejo e seu impacto nos sistemas integrados

Por definição, a pressão de pastejo nada mais é do que a relação entre a carga animal e a quantidade de forragem presente no pasto (FGTC,1991). As respostas, em termos de produção animal, a variações na pressão de pastejo e seu impacto sobre o desempenho individual e por unidade de área são representadas pelo clássico modelo de Mott (1984), onde em pressões de pastejo muito baixas o desempenho individual pode ser elevado, porém, o desempenho por unidade de área é baixo decorrente da baixa taxa de lotação existente. No extremo oposto de elevadas pressões de pastejo, ambos os desempenhos individual e por unidade de área são baixos, pois a alta taxa de lotação empregada imprime forte competição por uma baixa quantidade de forragem disponível, limitando

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o consumo de forragem e o desempenho individual dos animais. Na medida em que o desempenho por unidade de área seja não somente conseqüência da taxa de lotação, mas também do desempenho individual, ele acaba por ser baixo ao se ter vários animais de baixo desempenho por unidade de área.

Essas relações têm sido confirmadas por uma série de autores (vide Hodgson, 1985) e indicam a existência de “faixas de bom manejo” para cada tipo de pasto, as quais significam níveis de pressão de pastejo moderadas onde ambos os desempenhos, individual e por unidade de área, estejam próximos de seus níveis máximos. Tecnicamente, este ponto se refere à capacidade de suporte do pasto, cuja taxa de lotação decorrente é fruto, fundamentalmente, do ritmo de crescimento do pasto. Por exemplo, uma mesma faixa ótima de manejo para um azevém pode significar uma taxa de lotação de dois novilhos/ha no caso de não haver fertilização nitrogenada, ou quatro novilhos/ha no caso de uma razoável fertilização. Portanto, há que se buscar trabalhar com lotações moderadas em pastagens bem fertilizadas. A despeito de quão impreciso possa parecer a indicação de lotações moderadas, a exemplo da faixa ótima de manejo ela é dependente do nível de produção do pasto.

De forma geral, os sistemas de produção trabalham com pressões de pastejo elevadas, onde a taxa de lotação adotada fica acima da capacidade de produção do pasto. A conseqüência, para sistemas integrados, recai sobre ambas as fases, pastagem e lavoura, e podem ir desde a falta de acabamento dos animais em terminação (Aguinaga et al., 2006) até a menor cobertura de palha para o plantio direto em sucessão (Cassol, 2001), além da maior incidência de plantas invasoras (Lunardi, 2005) e menor retenção de água no solo (Conte et al., 2007).

A adoção de elevadas pressões de pastejo, por parte dos produtores, tem mais a ver com a sua percepção do negócio do que com a otimização da produção animal. Costa & Rehman (2005) demonstraram que os produtores tratam a lotação animal como uma poupança, um estoque financeiro de alta liquidez que traz uma percepção de baixo risco ao negócio. Além disso, Carvalho (2005) argumentou que os sistemas de produção trabalham com elevadas lotações em decorrência de um conceito equivocado de manejo, baseado na busca de um elevado índice de colheita da forragem. Como demonstrado pelo autor, elevados índices de colheita de forragem determinam o menor crescimento do pasto por restringirem o índice de área foliar, bem como por limitarem o desempenho individual dos animais por meio de uma restrição no consumo de forragem.

O impacto da intensidade de pastejo na produção da fase pastagem é ilustrado na Figura 5. y = -0,0007x2 + 0,0422x + 0,5075 R2 = 0,9758 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00 1,10 1,20 0 10 20 30 40 50

Altura de manejo do pasto (cm)

D ese m p e n h o an im al (k g /a n ./d ia ) y = -12,762x + 676,61 R2 = 0,9919 0,00 100,00 200,00 300,00 400,00 500,00 600,00 0 10 20 30 40 50

Altura de manejo do pasto (cm )

D ese m p e n h o an im al (k g d e p eso v ivo /h a)

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Figura 5. Desempenho de novilhos na fase pastagem de um sistema de integração lavoura-pecuária (dados médios de seis anos, calculados a partir dos resultados de Cassol, 2001, Aguinaga et al., 2006, Lopes et al., no prelo, Rocha, 2007 e Bravo et al., 2007).

A lotação média para manutenção do pasto nas alturas pretendidas foi, na média dos seis anos, de 4,4; 3,3; 2,0 e 1,1 animais/ha, respectivamente para as alturas de manejo de 10, 20, 30 e 40 cm. Observa-se que o desempenho individual dos animais, em termos de ganho de peso, é semelhante nos tratamentos de 20, 30 e 40 cm, atingindo 1,12 kg/animal/dia no tratamento de 30 cm. Trata-se de um valor bastante elevado em se tratando de alimentação exclusivamente a pasto, refletindo o bom valor nutritivo de associações de aveia com azevém. O manejo do pasto a 10 cm, no entanto, acarreta uma diminuição no desempenho individual dos animais, indicando a existência de maior restrição de alimento, neste caso, quando comparado aos demais tipos de manejo. Já a resposta linear negativa do desempenho por unidade de área, na medida em que a altura de manejo do pasto aumenta, reflete o impacto preponderante da taxa de lotação quando de uma situação de utilização de pastos de elevado valor nutritivo. Em tal situação, o ganho por animal apresenta relativamente pouca variação, e o ganho por hectare passa a ser reflexo direto da quantidade de animais presentes por unidade de área.

O exemplo acima ilustra a importância da pressão de pastejo na determinação do nível de produção da fase pastagem. Muito embora se pudesse concluir que o manejo em menores alturas pudesse ser o mais desejável, pois a produção de peso vivo/ha é maior, quando se observa o efeito de tais manejos na carcaça dos animais abatidos, ao final da fase pastagem, nota-se um distanciamento, entre tratamentos, superior ao que se observa em nível de ganho médio diário. Neste sentido, o manejo em alturas próximas a 30 cm produz carcaças com grau de acabamento bastante superior aos demais tratamentos (Aguinaga et al., 2006). Já as carcaças oriundas dos novilhos manejados em pastagens com altura de 10 cm apresentam não somente um acabamento deficiente, mas também um peso de carcaça inferior ao mínimo desejável para atingir classificação de novilho superprecoce, enquanto todos os animais dos demais tratamentos atingem tal classificação. Portanto, se o objetivo for terminar os animais na fase pastagem, de nada servirá priorizar o ganho por hectare por meio do emprego de pressões de pastejo mais elevadas.

O impacto das pressões de pastejo na fase lavoura é ilustrado na Figura 6.

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 0 10 20 30 40 50

Altura de manejo do pasto (cm)

R e ndim e nt o de s o ja ( k g /ha ) Safra 2001/02 Safra 2002/03 Safra 2004/05 Safra 2005/06 Safra 2006/07

Figura 6. Rendimento de soja na fase lavoura de um sistema de integração lavoura- pecuária (dados médios de cinco anos – não publicados).

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Os resultados do primeiro ano de integração foram claros em demonstrar o efeito negativo das maiores pressões de pastejo no rendimento da soja. Quanto menor a altura de manejo do pasto, menor foi o rendimento da soja na safra 2001/2002. No entanto, já a partir do segundo ano, os efeitos das pressões de pastejo se tornaram menos evidentes, a despeito de anos de elevado déficit hídrico, como o ocorrido na safra 2004/2005, ou anos de elevada precipitação com ocorrência do fenômeno El niño, como na safra 2002/2003.

Os exemplos acima atestam a complexidade do sistema de integração lavoura-pecuária, onde o resultado final das produtividades vegetal e animal não respondem a uma única variável ou relação causa-efeito.

3.2. Métodos de pastejo e seu impacto em sistemas integrados

Os principais métodos de pastejo em uso nos sistemas integrados são o pastejo contínuo e o pastejo rotativo. No pastejo contínuo os animais permanecem num mesmo piquete por um longo período de tempo. Já no pastejo rotativo o piquete é dividido em diversas unidades e os animais circulam nas diferentes subdivisões em um ritmo dependente da definição do ciclo de pastejo empregado (tempo de ocupação + tempo de descanso). Enquanto se tem observado o emprego de pastejo contínuo predominantemente em sistemas de pecuária de corte e de grandes escalas espaciais, já o pastejo rotativo predomina em propriedades menores, particularmente em sistemas de pecuária leiteira. Há diversas variações em ambos os métodos, mas a diferença fundamental está na quantidade e efetividade das ações passíveis de controle espaço-temporal do processo de pastejo. Do ponto de vista espacial, enquanto o pastejo rotativo distribui o pastejo de forma homogênea, obrigando os animais a explorarem toda a área do piquete ao longo do ciclo de pastejo, o pastejo contínuo tem pouco controle sobre a distribuição dos animais no piquete. Não obstante, o posicionamento de pontos de atração, tais como sombras, bebedouros, saleiros, etc., pode melhorar a distribuição do pastejo (Bailey, 2005).

A conseqüência do pastejo contínuo é a heterogeneidade do pasto, que compreende áreas com acúmulo de pasto rejeitado em virtude de pisoteio e dejeções, além de áreas com diferentes níveis de acúmulo de forragem pós-desfolha. Isto acontece porque a seletividade permitida pelo pastejo contínuo determina que o tempo de descanso entre desfolhações nas diferentes áreas do piquete seja variável. Consequentemente, áreas com diferentes níveis de acúmulo pós-desfolha estão distribuídas desordenadamente no piquete em pastejo contínuo, enquanto no rotativo os acúmulos de forragem pós-desfolha ficam ordenados pela seqüência da ocupação dos animais nas subdivisões sendo, portanto, claramente identificados no piquete. Muito embora a média dos intervalos de descanso nas áreas desfolhadas em pastejo contínuo possa ser semelhante aos intervalos de descanso em pastejo rotativo, particularmente quando do emprego de taxas de lotação moderadas, o ordenamento do pastejo no método rotativo o torna visualmente mais agradável, e mais fácil de interpretar os efeitos das ações de manejo. Isto acaba por causar uma falsa impressão de “superioridade” do método rotativo em relação ao contínuo, fomentando inférteis discussões sobre qual o melhor método de manejo do pasto.

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No pastejo contínuo o intervalo de descanso é minimamente controlado pela pressão de pastejo. Quanto maior a pressão de pastejo, menor o intervalo entre duas desfolhações sucessivas num mesmo local. Entretanto, a magnitude deste intervalo não pode ser definida precisamente no pastejo contínuo. Já no pastejo rotativo, o intervalo de descanso é claramente definido, pois o número de subdivisões, em conjunto com a escolha do tempo de ocupação, constitui-se na ferramenta que pode definir, com precisão, de quanto em quanto tempo os animais voltarão a ocupar a mesma área. Esta diferença de gerenciamento do intervalo de desfolha é capital quando do emprego de elevadas pressões de pastejo. Em tais situações de mau manejo, no pastejo contínuo o intervalo de descanso nas áreas do piquete diminui fortemente e a massa de forragem permanece em níveis muito baixos. Neste cenário o consumo de forragem por unidade de área, resultado de uma alta lotação, pode ser superior à taxa de acúmulo do pasto, e consequentemente o índice de área foliar é mantido baixo, e não consegue evoluir. A mesma situação em pastejo rotativo promove massas de forragem extremamente baixas na saída dos animais das subdivisões (massa pós-pastejo). Porém, na medida em que, pelo menos, haja um descanso ordenado e mínimo, o índice de área foliar consegue evoluir ao longo do período de descanso até a nova entrada dos animais, e o pasto se recupera minimamente, ainda que longe do seu potencial produtivo.

Muito embora o assunto de métodos de pastejo ainda seja polêmico no meio comercial, ao menos no meio científico há uma razoável concordância de que os resultados, em termos de produção animal, em ambos os métodos, sejam muito semelhantes quando do uso de intensidades de pastejo adequadas (Maraschin, 1986). Já o impacto dos métodos de pastejo nos sistemas de integração lavoura-pecuária é quase que desconhecido do meio científico. Para ilustrar tal temática, exemplificar-se-á o efeito dos métodos de pastejo por meio de um modelo de integração concebido para propriedades familiares, onde na fase pastagem se faz a recria e terminação de cordeiros e na fase lavoura sucede-se soja ou milho em rotação (Figura 7).

Figura 7. Efeito de intensidades e métodos de pastejo aplicados na fase pastagem sob o desempenho de cordeiros em modelos de sistemas de integração lavoura-pecuária adaptados para uma propriedade familiar. Os resultados de produção animal referem-se a uma média de quatro anos. As letras C e R referem-se aos métodos de pastejo contínuo e rotativo, enquanto os números indicam níveis de ofertas de forragem de 2,5 ou 5,0 vezes o potencial de consumo dos animais.

Os resultados, em termos de desempenho individual dos animais, refletem o conhecimento de literatura, onde as intensidades de pastejo afetam mais o ganho de peso do que os métodos. Isto porque o desempenho de um animal seja reflexo direto da quantidade e da qualidade da forragem que lhe é colocada a disposição. Não é o método que dá ganho de peso, e sim a quantidade de forragem que o animal consegue ingerir.

439 373 540 350 0 100 200 300 400 500 600 C2,5 C5,0 R2,5 R5,0

Tratamentos de manejo do pastejo

D e se m p e n h o an im al (k g de pe s o v iv o /ha ) 0,117 0,156 0,112 0,134 0,000 0,040 0,080 0,120 0,160 0,200 C2,5 C5,0 R2,5 R5,0

Tratamentos de manejo do pastejo

D e s e m p e n h o a n im a l ( k g/a n ./dia )

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Se esta quantidade for minimamente adequada, os métodos de pastejo constituem-se tão somente “na forma” com que esta forragem é apresentada aos animais. Na medida em que o pastejo contínuo redunde numa maior oportunidade de seletividade, o tratamento de pastejo contínuo com elevada oferta de forragem (C5,0) registra os maiores ganhos de peso. Entretanto, o ganho por hectare é superior no tratamento R2,5, como resultado da maior carga animal empregada (1504, 1238, 909 e 854 kg de peso vivo/ha, respectivamente para R2,5, C2,5, R5,0 e C5,0). Na medida em que os níveis de ofertas de forragem sejam os mesmos entre tratamentos, a maior carga animal do tratamento R2,5 reflete a interação método x intensidade de pastejo discutida anteriormente. Este fenômeno ocorre quando do uso de lotações demasiadamente elevadas, onde o intervalo de descanso permite que a massa de forragem média no tratamento R2,5 seja superior àquela encontrada no tratamento C2,5, por exemplo. Consequentemente, para oferecer a mesma quantidade de forragem/animal, em ambos os tratamentos, é necessário que se trabalhe com uma carga superior no tratamento R2,5, o que acaba se refletindo no ganho de peso/ha.

Enquanto em termos de produção animal as respostas sejam clássicas e de acordo com a literatura, no tocante ao seu impacto na lavoura os resultados são raros. Porém, também indicam que o método de pastejo seja secundário em relação à intensidade de pastejo empregada nos sistemas (Figura 8).

Figura 8. Efeito de intensidades e métodos de pastejo aplicados na fase pastagem sob o rendimento de lavouras de soja ou milho em modelos de sistemas de integração lavoura-pecuária adaptados para uma propriedade familiar. Os resultados da soja referem-se a uma média de quatro anos, enquanto os de milho referem-se a um único ano de sucessão. As letras C e R referem-se aos métodos de pastejo contínuo e rotativo, enquanto os números indicam níveis de ofertas de forragem de 2,5 ou 5,0 vezes o potencial de consumo dos animais.

A Figura 8 ilustra o efeito preponderante da intensidade sobre o método de pastejo no que diz respeito ao impacto na lavoura de soja. Nota-se que os tratamentos com maior oferta de forragem, onde maiores massas de forragem cobrem permanentemente o solo, são os que registram os maiores rendimentos de soja. Já para o milho, embora se considerando o efeito de um único ano, o efeito de intensidades e métodos é menos evidente, mas ainda assim indica maiores rendimentos para o manejo em pastejo contínuo com elevada oferta de forragem (C5,0). É interessante concluir, também, que as áreas testemunha sem pastejo, onde a pastagem de inverno funciona apenas como cobertura vegetal e tem função apenas de palhada para a lavoura em sucessão, não produzem mais do que as áreas em pastejo. Para sistemas em semeadura direta, a presença de animais em pastejo na área representa um paradigma e estes resultados são

839 1354 946 1185 700 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 C2,5 C5,0 R2,5 R5,0 Sem Pastejo

Tramentos de manejo do pastejo

R e ndim e n to d e s o ja ( k g /ha ) 5443 6424 5517 5668 5469 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 C2,5 C5,0 R2,5 R5,0 Sem Pastejo

Tratamentos de manejo do pastejo

R e ndim e nt o do m ilho ( k g /ha )

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muito importantes para demonstrar que o pastejo controlado não vem em prejuízo das lavouras em sistema de semeadura direta.

4. Conclusões

O ponto chave da sustentabilidade dos sistemas de integração lavoura-pecuária diz respeito à intensidade de pastejo empregada. A estrutura do pasto pode variar consideravelmente em relação ao manejo imposto, com conseqüências na produção animal durante a fase da pastagem, bem como nas condições de solo e na palhada para a produção de grãos. Pastagens manejadas com lotações moderadas podem permitir maiores ganhos individuais devido ao aumento da forragem disponível para cada animal e à melhor qualidade da forragem consumida. Nessas condições, o animal possui a sua disposição uma estrutura de pasto na qual é possível otimizar seu processo de pastejo, o que conduz a uma melhor oportunidade de seleção de sua dieta. Assim ele pasteja por menos tempo, caminha menos e sobre uma maior quantidade de tecido vegetal para proteger a superfície do solo do impacto do casco.

Os métodos de pastejo parecem não ser importantes quando do emprego de pressões de pastejo adequadas. Isto significa que a escolha, por um ou outro método, deva levar em conta fatores outros que não a produtividade do sistema. O importante é realmente trabalhar com taxas de lotação que não sejam excessivas.

O desafio, portanto, em sistemas integrados, é definir o nível intermediário de pressão de pastejo que beneficie tanto a cultura de verão instalada no sistema plantio direto, quanto a produção animal na fase da pastagem, de forma a garantir alta produtividade e sustentabilidade ao sistema.

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