r-A
Culrurade
füeimar ea
TeorfuQuântica
55 alemães,de
que a criseiria
durarum
tempo enorrne-
apesar de que, na verdade, se"resolveu"
em doisou
três anos, com a descoberta da mecânica quântica-,
pode em parte ser entendida como uma relutância em contemplar a possibilidade de abrir mão de sua prestigiosa e alogiável empreitada; mas, em outraparte,
também como expres-são deum
pessimismo spengleriano:"estou outra
vez convencido, em meu coração,de
que essa mecânicaquântica"
-
que eu, Werner Heisenberg, acabo de descobrir-"é
a resposta , razão pela qual Kramers me acusa deotimismo".l4
M.
"ABANDONÀR
A
CAUSALIDADE'"I+S'146
ADAPTAçAO
DO
CONHECI-MENTO AO
AMBIENTE INTELECTUAL
II.
1.Introdução:
O Conceito de &usalidødeEm agosto de 7922, ao compor seu artigo "Sobre a
Atual
Crise na Física Teórica",des-tinado
aum público
leigo, Einstein iniciáva com uma definição do objetivo e estrutura dateoria
física. "O
objetivo
dafísica teórica",
afìrmavaEinstein, "écriarum
sistema conceitualló$co
[!],
que repouse sobre o menor número possível de hipóteses mutua-mente independentes, e que nos permita entender causalmente[!]
todo
o complexo deprocessos
fí5isss.:'tez
p.
odo geral, a concepção de física teórica expressapor
tal
144"(...) mich des O¡rtimismus anklagt
(...)". W
Heisenberg a Wolfgang Pauli, 29 de junho de 1925, segundo citação de B. L. van der Waerden, Søtrces of Quantum Mechanics (Amsterdã, 1967; reeditado em NovaYoik,
1969),p.
27. O artigo de Heisenbergpropondo essamecânicaquântica que até era "schon richtig [já correta]", intitulava-se 'Über quantentheo¡etische
Um-deutung kinematischer und mechanischerBeziehungen",Zeitschr.
f.
Phys. 33 (18 de setembrode 1925), pp. 879-893, recebido em 29 dejulho de 1925;encontra-se t¡aduziiloem v.d. Wae¡-den, ob. cit., pp. 261-2'16, e reeditado em M. Born, W. Heisenberg, P. Jordan, Zur Begründung
der Matrizenmech¿nik, Dokumente der Naturwissenschaft, Abteilung Physiþ Band 2, ed. por Armin Hermann (Sfuttga¡tì 1962i pp. 31-45.
l4sEsse é o título do capítulo
inici'¡
de Albrecht Mendelssohn-Bartholdy, The lhar and GermønSociety (New Haven, 1937). Ali o eminente scl¡ olar jntídico emigrado afirma que 'i4. guerra can-celou a causalidade.
Ao
menos assim pareceu ao povo alemão(...)
independentemente de seu inteæsse na política, seu estado de educação ou sua profissão e posição na vida fwalk inlifel,
o povo como um todo percebeu a mudança bastante claramente, muito antes que pu-desse se¡ medida por historiadores ou sociólogos" þ. 20).146Qu¡as investigações que abordam o movirnento de abandono da causalidade a¡tes de 1926: Victor F. Lenzen, "The Philosophy of Nature
in
the Lightof
Contemporary Physics",Unr-venity
of
Califomia Publications in Philosophy 5 (L9U),pp.27-48;AloisGatterer,S.J., D¿s Problem des statistischen Nafitrgesetzes, Philosophie und Grenzwissenchaften, lheräusgegeben vom Innsbrucker lnstitut fü¡ scholastische Philosophie, 1. Band, 1. Heft (nnsbructç ilZ+1,f0
pp.; Sæfan Kis, Døs Kausalifiprtnzip in derPhysirt, dissertação de douto¡amento, Universida-de Universida-de Greifswald (Greifswald, 1925) 35 pp.; Hugo Betgmann,Der Kømpf um das Kausalgesetz
in
der jüngsten Physik, Sammlung Vieweg, Helft 98 (Braunschweig,lg2g),78
pp.; Philipp F¡anlç D¿s Kausalgesetz und,i,eine Grenzen, Schriften zur wissenschaftlichen Weltauffassung, Band 6 (Vien4 1932); Emst Cæsirer, Determinism and Indeterminísm in Modem Physics. Ilrs-torical and Systematic Studies of the Problem of Causality, 1aad" po¡ O. T. Benfey (New Haven, 1956); Max lammer, The Conceptual Development of Quantum Mechanícs (Nova York, 1966).1474. Einstein, ob. cit. (nota 143), p.
l.
56
Paul Forman,definição
não é
nem poucofamiliar
nem surpreendente; provavelmente, era compar-tilhada pela maioria dos físicos doperíodo.r{
Não obstante, duæ dæ restrições que Einsteinimpõe
a uma teoriaflsica
parecem supérfluæ (é claro, um sistema conceituallógico,
o
que mais?) ou então gratuitas(por
essa razão deve-se entenderprocesos
fí-sicæ causalmente?). São precisamente essas adições claramente supérfluas e gratuitas
àquilo
que constituíao
credo comum de seus colegas queidentificam
temæ considera-dospor
Einstein como cruciais para a físicateórica.
Deixarei oprimeiro
deles-
uma estrutura lógicapara
a
teoria física,
em oposição aoutra,
digamosintuitiva
-
quasecompletamente de
lado.rae
É,o
segundo tema, a"disputa
violenta sobre a sigrrificân-cia dalei
da car¡salidade"-
essefoi
o modo como Max Planckviu
a situação, em feve-reiro del923tso
-,
eue descrerærei e analisarei.Mas
o
que se entendepor
"causalidade", ou mÞlhor, qual era a noção que osfísi-cos
e
filósofos
que lhes eram maispróximos
associavama
esse termo, nessa época?Em
uma palavra, a noção é legiforme[bwfulness].
Nas palawas deMoritz
Schlick em 7920,"O
princípio
da causalidadeé
(...)
a expressão geral dofato
de que tudo o que acontece na Natureza ésujeito
a leis que se verificam semexceção."tsl
(Cf.
Spengler,"A
causalidade é coextensivacom o
conceito delei.
Existem apenas leis causais."ls2)E
lnesmo dez anos mais tarde, em seushincípios
Físicos døTeoiø
Quântíca,Heisen-berg aborda a questão dizendo que "sô se conseguirá a resolução dosparadoxos da
físi-14EA concepção é essencialmente aquela formulada integral e enfaticamente por Pierre Duhen,
La Théoie physique:
sot
objet, sa struclure, 2a. ed. (Pa¡is, 1914), trad. para o inglês por P. P. Wiener, The Aim and Structure of Physical Theory (Pnncnton, 1954), pp. 19, 52, 107 e passim.149 Há dois âspectos nesse tema: 1) uma oposição racionalista-ir¡acionalista que se reflete em
atitu-des perante a causalidade e que, portanto, abo¡da¡ei de pæsagem; 2) uma oposição que atraves-sa a linha divisória entre esses primeiros alinhamentos, ent¡e intuitividade e
abstração,Anschøu-Iichkcit e Unanschaulichlæit, como desejável ou necessária numa teoria física- A exigênciapor Anschoulichlæfl também se ligava intimamente às predileções e antipatiæ caracte¡ísticas do
nleio intelectual de Weimar. Tal oposição desempenhou papel importante na física e na
mate-mática alemãs no período de Weima¡ (ver æ notas 235 e 237) e, especialmente, no período næ zista- Contudo, não tentarei lidar, aqui, com esse difícil problema"
1s0¡r4. Planch ob.
cit,
(notal8),
p. 140:'Seitlangem ist über-die BedeutungdesKausalgesetzesin
de¡ Natw- und Geisteswelt(...)
nicht so heftig gestritten worden wiein
unseren Taçn.(...)
Fast hat es den Anschein, als ob die denkende Menschheit bezüglich dieser Frageninzweigeûennte Lager gespalten ist."
lsl
ì/f, Schlick "Naturphiloeophische Betrachtungen über dæ Kausalprinzip", Narurwiss. 8 (11 de junho cle f 920), pp. 461-474;parág¡afo iniciai. Essa era ainda a opinião geral cinco anos mais tarde, quando Kis, obcit.
(nota f46), p. 3, sustentava que "Das Kausalprinzip ist dasAlþe-meinste unær den Prinzipien der Naturwissenschaften. Es besagt, dæs die Naturvorgänge nach st¡engpn Gesetzen ablaufen, es ist mit den lVo¡ten Machs unsere Zuversicht in die Gesetzm8sig keit der Natur."
ls2|r[e1¿ 7?. Cf. Walter Rauschenberger ao resenhar Ernst Berg Das Problem der Kousalitut (Ber lim, 1922), em Kant-Sudìen 26 (1921),
p.
174: "Ve¡fasser ist also strenp¡ Determinist. Sein Kampf gegen dæ Kausalltätsgesetz encheint deshalb nicht ¡echt ventändlich. Kausalität undGesetzmässigkeit wurden bisher steb als gleichbedeutend angssehen." Ou sej4 determinismo:
I
A
Cttltum de
lüeimar ea
TeoriaQwôntica
57 ca atômicapor
meio da renúncia a velhæ e preciosasidéiæ.
A mais importante delæ éa de que fenômenos naturais obedecem a leis exatas
-
oprincípio
de causalidade."ls3É
claro que Heisenberg passou a elaborartal
formulação,introduzindo
distinções que apenas haviam surgido e sido empregadas após o desenvolvimento da mecânica quântica.Entretanto, no período
de'1919-1925,tanto
físicos como fìlósofos sustentavam a no-ção essencialmente kantiana de causalidade enquanto conformidade a leis; detal
mo-do
que,como
Hans Reichenbachpôs
em
1920, "se hácogrição
da Natureza, então oprincípio
da causalidade é vrálido; pois sem talprincípio
a cognição, por seupróprio
sigrificado, é imp ossível". lsa
Mas se essa era a noção que
o
físico
alimentava da causalidade, como ele pôdese-quer
ter
contemplado abandoná-la?A
questãofoi
levantada em 7924 por Alois Gatte-rer,filósofo
e jesuíta,como "uma esffcie
de argumentum qd hominen que deveriafa-zer
pensar especialmente aquglesflsicos
que, como
[Ftanz]
Exner,
se deliciam emtentar
degradartodæ
as leisfísicæ
e qurmicas em leis estatísticas, e que, apesar disso, cheios de confiança e orgulho, ao mesmo tempo conduzem magníficas pesquisas sobre a constituição do átomoquímico.
Ora, pergunto, como alguém pode abordar tal pes-quisa com esperança de sucesso, e se devotar ativamente a ela, se secretamente acalenta a convicção de que, ao menos em parte, os processos elementares se dão aleatoriamen-te, sem obedecer aleis (...)?'r t5s A
pergunta de Gatterer é boa, e seu interesse-
da-da
aprópria
noção dos físicos sobre causalidade-
deveriater
sido grande; evidente-mente, porém, a pergunta simplesmente não era cogente. Desse modo, se encontramos físicos a repudiar a causalidade-
e derivando prazer aofazêlo
-
sem qualquertenta-tiva
de revisar e analisar criticamente essa noção, creio então que somos forçados aþ-terpretar
esses repúdioscomo
dirigidos contrao tipo
de empreitada cognitiva com a qual os físicos até então entendiam estar comprometidos.E
existem precedentes para essa reação contra a atividade cognitiva da física; como Stephen Brushnos fez
æconhecer,tais
sentimentos proporcionarammuito
do calorpor
trás do movimento
positivista,na
virada
do
século.rs6Enquanto
Mach se con-tentava em desafìar a validade universal dæ leis da mecânica, as facções radicais reuni-dæ emtomo
dos cânones positivistæ-monistas avançaram até a negação da existência de quaisquerleis
exatas para os processos atômicos,com
ofìto
de abrir espaço parars3\\r. Hgj5s¡þry,The Physical Pinciples of the Quantum fneoryllCtttcAo, 1930),-p. 62. rs+ ¡1.
¡ji.¡.n¡ach,
"PhilosophischeKritik
der Wah¡scheinlichkeitrechnung", Naturwiss. 8 (20 defevereiro de 1920), pp. 146-153: "Dæs eine funktionelle Fornr existier! garantiert die
Kausali-tät.
(...)
Allerdings ist es denktar, dass das Naturgeschehen ohne funktiõnele Äbhengigkeiten verliefe; aber'wenn es ein e Erkenntn¡s der Nøtur gibt, dann gilt das Kausalprinzip, denn ohne die-ses ist E¡kenntinis ihrem Sinne nach nicht mögtich. (...)
Mr
könnten durchaus zu einer physikalischen Erkenntnis
to*rnrn,
wenn das Energiegesetz nicht gilt; die Gleichungen würden dann eben ande¡s lauten; aber ohne Geltung des Kausalgesetzes w?lre Erkenntnis unmöglich, weil wir überhaupt keine quantitativen Funktionalbeziehunçn aufstellen könnten."
rssA.
Gattercr, Das Problem des statístischen Nøturgesetzes,r (ob.cit,
nota 146), pp.45-46.1s6S. G. Brush, "Thermodynamics and History", The Graduate Joumal 7 (1967), pp.477-565.
58
Pøul Forman"um
elemento de indeterminação", espontaneidade ou acaso absoluto na Natureza"-como,
em
1892,c,s.
Peirce pediu emTfts
ll'I6nis¡.ts7 Não conheço nenhum outrofí-sico de renome que tenha advogado publicamente a doutrina da acausalidade no
senti-do
de Peirce nos vinte ecinco
anos æguintes, ou seja, antes dofim
daI
Guerra Mun-diallsE-
e esse, fundamentalmente, éo
sentido no qual era entendida no infcio dadé-cada de 1920.
158]r[9 s¡tant6, por algumas
to de ¡eito¡ ¡a do dia de
cas, surgido como ¡esultado da introdução da penpectiva estatística na físic4 "é considerado
de
Die
aosexagésimo
191g),Ma¡ian
atenção para.,
dominante,
físicæ(...)
à
condi_dos",
ossível" que, dado tempo, a teoria de elétrons de Lorentz,a
rela
da energia também seriam submetidas a esse programa. Noentan
owski era mostrar que ..o äcaso-
no sentido usualmenteEmbor¿ Planck e von Smoluchowski não identifiquem o bem possível que ambos estejam pensando especialmente em Smoluchowski certamente conheci4 de seus dias em Viena;e
molecula¡es de modo a conseguir acompanhar os processo molecr¡lare
ríamos nada senão um caos de eventos aleatórios, nos quais procur quer regularidade" (p.13). Em seguida Exner esboça uma ..visão de
L I
I
t I I i I ti
A
Cultum de
lleimqr
ea
TeoriaQuântica
59Naturalmente,
é
necessárioregistrar que
precisamente nesseperíodo
o
próprio
Mach, o movimento positivista em geral e mesmo neo-kantianos como Cassiret estavam
em
campanha contraum
conceito bem diferente da causalidade.Em
1913,Friedrich
PoSke
pôde
observarque
"recentemente,entre
aquelesque
se preocupÍrmcom
ateoria do método cientlfico, virou
moda
atirar
o
conceito
de causalidadeno
ces-to
de
üxo".ls
O
que estava emjogo
aqui nao efa,
Contudo, aidéia
de conformi-dade a leiS,mæ
antesa
doutrina "metafísiCa"l
"animista", "fetichista"
de CauSa eefeilo
lUrsacheund
Wirkungl enquantopresuposto ontológico,
que Mach e seus alia' dos queriamsubstituir pelo
conceito matemático defunção.lo
"Esse reunir de inter-conexões funcionais éno
que consiste defato
a físicateórica",
explicou Wilhelm Wienem
1914
auma
audiência leiga;"a
causalidade-
ou seja, der Satzvon
Unacheund
IUirkung
-
nadatem
a vercom
a históriaD.r61Em
1918, esseponto
de vistahavia setomado
quæecorriqueiro entre físicos
e
filósofos
estreitamente associados a eles-e
combatido apenaspor
alguns arqui-reacionários, comoEmst
Gehrckeló2-,
de mo-do que a "causalidade", despida de toda coloração ontológica, era encarada como equi'valente
a
determinaçãofuncional.
Freqüentemente, masnão
sempre;a
causalidade era especifìcada como a concepção"laplaciana"
de condições necessáriæ e suficientes paratal
deterrninação completa,ou
seja, uma seçãodo
"mundo"
num
dado momen'to;ror
,t
concepção derivavanão
apenasda
dinâmica clássica como também, igual' mente, da própria noção de uma teoria de campo.ausência de leis næ Geiteswissenschaften não se deve à natureza particlar de seu objeto de
estu-do, nem a "Dæ læbendige", nem ao [v¡e-arbítrio, mas resulta simplesmente do número relati-vafiente pequeno de eventos igualmente prováveis subjacentes aos feñomenos estudados. Além do mais, é digro de nota que P. Frank, Kausalgesetz (ob. ciL, nota 146), tratou "Die
energetische Naturauffassung" como uma dæ "Kausalitätsfeindliche St¡ömunge4";:e asseverou que "na época em que æ icleiæ daNaturphilosophie ostwaldranapareciam dominantes entre
pessoas ativæ na ciência natural, e mesmo entrc a maioria do público leigo interessado na
ciên-cia natural, podia-se considerar que havia sido eliminada a noção de causalidade mecânica no
sentido de Laplace, parecendo necessátia a íntrodução de fatores de tipo espiritualþoul-lilce
fac-fors]".
Comota¡tacoisanolivrodeFranlçissoé,largamente,nonsense;eîttetanto,ésugestivo,lse F. Poske, em Festschrîft
lilr
K. Sudhofl (1913), segundo citaçiÍo de A. Hofle¡, Zeitschr.f.
den physikat. u. chem. Unterricht 31 (ma¡ço de 1918), p. 39.160E. Mach, ftre Analysisof the Sensations, trad para o inglês da 5a. ediSo, 1906, por S. Waterlow
(Ìeeahtado ení Nova Yorlq 1959), p.81; Joseph Petzoldt, "Naturwissenschafl", Høtdwörter-buch der Natunvissenschaften (Iena"
L9I2),7, pp'
50-94, nas pp. 79-80; Paul Volkmann, Einfiihrungin
døs Studium der theoretischen Physik(...)
mít einer Einleítung in der Theorie der physikalischen Erkenntnis, 2u ed. aum. (Leipzig-Berlim, 1913), pp. 385-398;EmstCæsi-rc¡
Substonce and Function, trad, para o inglês da edição alemã de 1910 por W. C. e M. C, Swabey (Chicago, 1923; reeditado em NovaYork 1953), Cap. 5; Hans Kelsen, SocÍer) andNø-nre
ftítio
em alemão:K¿usalítdt und Vergeltungl:A SociologicalInquiry
(Oricago, 1943),p.381.
16rW.Men, "Ziele und Methoden der theoretischen Physik [1919]", (ob. ciù, nota 90), p. 156.
ló2E.Ghrcke, Physik und Erkenntnistheone, Mssenschaft und Hypothese 12 (Iæipzig-Berlim,
1921), pp.43-s1.
r63Por exemplo Rudolf Carnap, "Dreidimensionalität des Raumes und Kausalität",Annalen der
demons-60
Pøul Formanterminados sem ambigüidades, não
es
tecederam
a
descoberta de uma mecsar disso, o
ponto
essencial é quelevasæ a
um
relaxamentodo
de derada,como falha ou
abandonoda causaridade. Na verdade, encontraremos ocasio_
nalmente a palavra "causalidade" usada em diversos æntidos mais restritos,
e não mais
amplos,
do que
"determinismo"
-
,.causalidade,,enquanto
,quiurf¿n.ii;ì;r;;
mecânica clássica,à
conservaçãode
ção em espaço e
tempo,
à ausência d criçãopor
meio de
equações diferen especiais de caulidade
dalei
darém, essas defìni
minação
livre
de
ambigüidades-
eram conside¡adas equivarentes ao pressupostode
compreensbilidade da Natureza, e como tal repudiadas ou ¿eren¿i¿æ.
-IIL
2. Oshímeíros.sinais
deum,,&so,,, IgIg_1g20
Examinandose os
catárogos anuais deriwos
e periódicos referentesàs
primeiræ
dé-em não permanecer de
fora
dessa discusão;em
r9l5
a Academia prussiura de ciên_ cias oferecera
um þrêmio
Para amelhor rusto¡a. do problema
da causalidade desde
Descartes;
em
1919,
o
prêmio
foi
conferido
auma
devotada estudante doconheci-do determinista Benno Erdmaflr.16s
rcaDeusct.hes Brichervezeich¿¡lç-6
.g15'1g20),
p.770;10 (1g2r-rc25),p. 12gg, relaciona dez
r 6s Ehe wentsch er, Geschichte
P
A
Cultum de
Weimar ea
TeoriaQuântica
6l
Foi
exatamente nessa época-
não conheço qualquer exemploanterior a
1919-que,
na
correspondência privadae
em comunicações públicas de físicos alemães,co'
meçaram a aparecer as primeiræ indicações de que
uÍl
"caso"
se preparava. Respon' dendo auma
carta-
posteriormenteperdida
-
deMax Born,
Einstein perguntava,irônico, em 1919:
"Será que aum irmão-x
e determinista empedemido épermitido
dizer, com lágrimæ nos olhos, que perdeu a fé na humanidade? É precisamente o
com-portamento
instintivo
de nossos contemporâneos em assuntospolíticos
o
que é ade-quado para se manter uma crença vívida no determinismo.'!16ó Por um lado, Einstein ridiculariza carinhosamenteBom por
este sentir pena de si mesmo e de seupaís,lem-brandoo
daimagem
pública do
físico teórico,
a de deterministaempedemido;por
outro lado,
Einstein faz
uma pequenapiada,
que sópode fazer
algum sentido casofose fato
reconhecido que alei
da causalidade encontrava-se sob ataque na esferaso-cial, e em discussão entre os físicos.
No
início
de dezembro, Einstein ainda podia brincar com Born a respeito doassun-to,ró1 mas
no
fim
dejaneiro de
1920 seutom
se tornamuito
sério; com efeito, nessemeio
tempo, numa longa carta que também se perdeu, Born evidentemente confessava que estava disposto a considerar seriamente a idéia da acausalidade, fundamentandose em argumentos de seu subordinadoOtto
Stem, um ex-aluno deEinstein.l$
"Essahis-tória
de causalidade também me perturba bastante", admite Einstein, abaladocom
adefecção de
Bom
mas também preocupado em não ofendê-lo com uma afirmação de' masiado categórica de sua "relutânciamuito,
muito
grurde em abandonar acausalida-de completa". Mais interesante
do
que essas observaçõesé a
æsociação de idéias, reveladapor
suÍ¡s localizações precisæ na longa carta deEinstein
-
claramertte, uma respostaponto por ponto
a
Bom. Tal
associação apareceperto
dofim,
seguindo-se imediatamentea
comentários,não de todo
desprovidos de simpatia, sobre Oswald Spengler-
cujoA
Decadêncìado
Ocidente, publicadono
ano anterior, continha far-l66Einstein-Bom,Briefwechsel (ob. cit., notal4),
pp. 29-30.161Jbid.,
p.38.
Bom havia publicado uma curta exposiçao popular da relatividade geral, "Raum, Zeil und Schwerkraft", Frankfurter Zeitung,23 de novemb¡o de 1919, n9876, pp.1-3, em que, entre outas alfmetadas em Kan! obse¡vava que "Wer diese Entwicklung [da teoria darela-tividade] miterlebt
ha!
der wird sich des Zweifels am apriorischen Character auch ande¡er Ka-tegonen des Denkens nicht erv¡ehrtn können". Bom tomou-se então alvo dos ataques deRe
bert Drill, "Ordnung und Chaos. Beítràge zur Geschichte von der Erhaltung&rKtafl",
Frunk-lurtet Zeitung,30 de novembro de 1919,n4 895, pp. l-2;LQ de dezembro de 1919, ng 899, p. 1,um kantiano fanático e extravagante que tentou demonstra¡ o catâler a priori do conceito
[me-tafísico, ontológico] de causalidade empægando o exemplo tão concreto fomecido por nossa
antecipação do gosto de uma fatia dçWunt. Isso estimr¡lou o senso de humor de Einstein: "Seip Nachweis der Itausalität a priori ist wahrhaft erhebend.
"
l6EEinstein aBom,27 de janeiro del92O,Briefwechsel,pp.42-45. Seiaext¡emamenteinte¡essa+
te sabe¡ quais eram æ opiniões de Bom e de Stem. P¡ovavelmente, algumæ indicações estavam
contidas numa palestra sobre "l[ahrscheinlichkeit und Kausalität
in
der Physik", proferida por Bom na Physikalischer Verein, Franldurt, em 27 de julho de 1920 (Jahresbericht, I9L9-I925, p.107), mas que parece ter perinanecido inédita.62
Pøul Form¿nTal
associaçãoentre
Spenglere o
tema da acausalidade é certamente explícita na conferência que Wilhelm trVienproferiu
em feræreirode
l92O naAcademia prussiana de
ciênciæ,
sob¡e"As
ConexõesEntre
a Física e outras Disciplinas", apenas um mês depois [deEinstein ter
escrito sua resposta aBom].
Anteriormente,
usei essa mesma confer€ncia parailustrar a
adaptaçâo camaleônica da ideologia dofísico
a mudanças havidas em seu meiointelectual. Aqui,
porém, r€presenta aprimeira
de uma série detentativas de traçar uma
linha
de demarcação clara entre esse meio e a física enquanto empreendimentocognitivo.
A
contradição aparentereflete,
antes, a distinção quefìz
na ParteII,
entre æ peculiaridades centrais e periféricas da ideologiacientffìca.
Wien estavaPronto
a adiantar uma nova concepção dæ fontes e da funçãosóciointelectual
da atividadecientffica,
com o
propósito
detoma¡
a empresa estimável aos olhos dopúblico; no
entanto, não
estava dispostoa
comprometer os cânones que julgavaes-senciais ao método
científico
e seus objetivoscogritivos. A fonte
e o valor rærdadeiros da ciêncianatural
residem numa "necesidadeintema
da mente humana", mas talne-A
Culnm
de
lleimar
es
TeoriaQuântica
63 cesidade é deum
tipo
particular de conhecimento;trata-se deum'.ilesejo
de compre-ender a causalidade do curso dos fenômen os [die Kausalititt des Geschehensl".*
A
motivação de Wien emincorporar
a causalidade àprópria
definição de ciênciana-tural
se toma evidente nofìm
da conferência, quando ele abotdaA Decadência do Oci-dente. Apesæ de conceder que existe ampla evidência de que é acurada a caracterização que Spengler oferece para a situaçãocultu¡al
de entÍio, Wien rejeita emprincípio
a no-ção de leis histôricas, de qualquer curso'necessário para ahistória.
Qualquerlei
dessetipo
pode ser, e é, violada repetidamente"por
expressões irracionais do espíritohuma-no".
Fazendo Spengler voltar-se contra Spengler, Wien enfatiza que, se pressupomos umalei
universalmente válida para o processo de envelhecimento das culturas e a usa-mos para predizer ofuturo
de nossacultura, "então
estamos reintroduzindonahistó-ria
uma causalidadeescondida".
Parafræeandoum
epigrama bem conhecido de Kant, "gostaria deafirmar
que nahistória
hátanto
mais ciência histórica verdadeira quanto menos física elacontenha.
( . ..)
A
causalidade é a fundamentação da imagem domun-do físico,
mas setrata
de umacategorialDenlcforml
de nossa mente [Gei'sf],nãopo-dendo ser empregada também para a análise do mesmo
espírito
fGeistf , cujos efeitos cabe à históri ca Íetratar." t1rDepois de adotar a caugalidade de
modo
a obter uma separação entre suadiscipli-na e
omeio,
lVientem
pelafrente
a tarefa de afasta¡ atentativa
de Spengler dedes-crever
a física como
culturalmente
determinada;e,
eqpecialmente, derefutar a
as-serção de Spengler de que, perdendot
"garta",
a física estava renunciando à causali-dade.Foi a
Natureza quecompeliu
o físico
a recorrer crescentemente à estatística;e
estanão é
um
sinal de
"decadência",nem de
qualquer abandono da causalidade.Ao
contrário, toda
utilização
da
estatística "postula a
causalidade", masa
grande complexidadeimpede
que as interconexões causais sejam traçadasem
detalhe. Em 1914, Wien havia enfatizado que, detodæ
as ciênciæ naturais, a física te1ncaéaque-la
na qual
a personalidadedo
cientistaencontra
amaior amplitude e
importância,tanto na
construção
de
teorias quanto influenciando
o
rumo do
desenvolvimentocientífico;
agora,contra
Spengler,ele
se preocupa especialmente emenfatizar
que,"por
maisfortemente
quea
formação demodqs
de pensamento físicos dependa daconstituição
do
cientista, mesmo assim ela é determinada decisivamente pela nature-za das própriascoisas".
Os resultados de Arquimedes concordam inteiramente com osnossos,
e
os
dehoje
serão,com toda
probabilidade, utilizáveis pelos físicos de uma culturaposterior.lz
tNota
do îadutor. Há ligeira disparidade, no original, ent¡e essas citações de Wiencomoseapre-sentam neste trecho e em trecho anterior (cf. p.39). A discordância, porém, reside apenas na
for-ma, permanecendo inalterado o sentido.
l?l W. Men, ob. cit, (nota 100); æ citações são respectivamente rtas pp. 20, 35 e 38-39.
l?2lbid,
p.37;w.
wien, "Ziele und Methoden der theo¡etischenphysik
Fest¡ede(...)
1914",M
Pøul FormanA
atenção que Wien confere a Spengler,o
foco que dirige à questão da causalidade e seu esforço consistente em isola¡ a flsica-
enquanto empreendimentocogtitivo
guetem
na causalidade sua característica defìnidora-
do meio histórico acausal eirracio'
nal
em que d praticada,tudo
isso sugere que ele sentia uma conexãofntima
entre osmqrmurios
traiçoeiroscontra
a
causalidade .que apareciam êntre seus colegas, de umlado,
e
a brilhante expresão que
Spengler deu a certas cortentes poderosas que cir-culavam no milieu contemporâneo, deoutro.
III.3.
C;onversões àAcauslidade, 1919'1925
já
70
anos de idade, que vieramalu'
das Ciênciæ
Naturais".læ
APesar de leis da Natureza tenham sido elabora-dasmuito
antes,tanto
na mente quanto
nas conversasdo
eminente espectrocopista vienense, provavelmente jamaisforam
sequer incluldas nos cursos queproferiu
antes daguerra.rø
A
argumentação seinicia
com aaftmativa
de
que nenhuma de nossasleis da Natureza
é
exata.A
partir
desse postulado-
e aqui talvez esteja a ligaçã'o comtas'm
fim
do séculoXIX
-
Exnercon-que
que'
se examinado demodo sufì'
do,
o
que cai seÍlostraráperfeitamente
aleatório,
dirigido
tão freqüentemente pafa cima como parabaixo.r?s A
aparenteobe'
diência a leis que descobrimos no ruvel macroscópico é
'txplicada"
por Exnermedian-te
uma segunda tese: a de que todas as leis naturais macroscópicas têm caráter esen-cialmente estatístico, a regularidade sendo produzida-
de algum modo, que Pefmane' cenão-identificado
-
como resultado da colaboração de movimentos aleatórios. NÍio há, de maneira alguma, novidade na especulação de que todas as leis macroscÓpicas sãoessencialmente estatísticas, de que nenhuma é
exata,
A
inovação reside no salto dessepreisuposto para a conclusão de que a causalidade deixa de se
verificar,
Nenhumajus-tifìcdtiva
é oferecida paratal
salto, e Exner sequer aborda o problema de comomovi'
mentos microscópicos perfeitamente acausais podem resultar em regularidades estatfs-tica.
O experimentalista Exner assume uma postura radical
nominalista-empirista:
as leis absolutamente rigoroSas"são uma
criaçãodo
homem,e
não parte daNatureza".
E t?3F.Exner, Vorlevngen über die physikølßchen Grundlagen det Naturwissenschøften (1a. ed', viena, 1919;2u
ed. atrn., lnipzig e Viena,t922\.
As Vorlesungen cruciais, da 86a à 94a., são idénticas em ambas as edições, em todos os aspectos essenciais. As citações qr¡e se seguem são do prefácio à primeira edição e dæ 93a^ e 94a- Vorlesungen.r?AEvidêndas intemas pæsentes nessæ lições finais sobre as leis daNaturez4bem como areferên-cia que, no prefácio, Exne¡ faz a elæ como um "Anhang" [apêndice], sugglem que elæ jamais
foram proferidas como tais, mæ sinþtizadas durante a guerr4 quando o liwo foi esc¡ito' Con-tudo, ver a nota 158.
l?sf,l<r¡s¡sustentava
Þ
A
Cultum de
lleimar
ea
TeoriaQuântica
65 tampouco temoso
direito
de postular"a
existéncia de uma causalidadeab¡oluta",
me-nos ainda com base nofato
de que ela é necessá¡ia para que possamos entender a Natu-reza."ANatureza
nfo
pergunta se o homem a entende Qu não, e não estamos aquipara construir uma Natureza adequada a nossoentendimento;
nossa tarefa é, simplesmente,lidar
comaquilo
que nos é dado, da melhor maneirapossível."
Não obstante nõo con-seguir ao mesmo tempo manter consistentemente sua postura empirista e negÍIr catego-ricamente a existência de causalidadeno
nlvel microscópico, Exnet deseja fortementefazê-lo,
demodo
"a
chegar auma
imagemdo
mundounifìcada",
em quetodaleié
puramente estatfstica,
um
mundo depuro
acaso. PortantO, ele Se esforça aomáimo
para convencer sel¡s leitores (leigos) da implausibilidade da existência de tal substrato causal,
indo
e voltando-
e confundindo-as largamente-
ent¡e as questões da validade das leis da mecânica clássicano domfnio
atômico e da validade doprincípio
de causa' lidade no mesmo dominio.Apesar de indubitavelmente influentes, as lições de Exner exibem, sob diversos
as-pectos,
um
ar arcaico. Exner é uma mistura curiosa das correntes filosóficas das duas gerações precedentes:um
mecanicista-materialista confesso, mas ao mesrno tempo cla-ramenteum
positivista em
sua perspectiva acerca das estruturascientífìcas.
hatica-mente não há vestígios da Lebensphilosophie e
do
existencialismo, que figurarão tão proeminentemente na maioria das conversõesulteriores.
Os desenvolvimentos mais re-centes da física a que ele se refere são o movimento browniano e aradiatividade;
em seus esforços de lançar dúvidas sobreo
caráter causal dos processos atômicos, Exner deixa de fazer menção a qualquertipo
de"quantum".
Desse modo, oprimeiro
apelopor
uma renúncia à causalidade é claramente independente dos problemas levantados pela teoria guântica do átomo ou da radiação.Além
deExner,
o
primeiro
a
se levantar contra a causalidadefoi
Hermann Weyl. Este eraum
fenomenologista detipo
inteiramente diverso de seus ex-irmãos machia'nos.
Um
pouco
antesda
guerra, enquantohivatdozent
em Göttingen, Weyl
haviacaído
soba influência
do
programade
'fenomenologia
pura"
deEdmund
Husserl. Essa fenomenologiaplatônica
da
mente,
baseadanuma
intensa introspecção, devia sua origema
preocupações epistemológicas, mas, nesseperíodo,
degenerava em exis.tencialismo.
A
primeira intrusãoe*pllcita
da perspectiva filosófica de Weyl em seu tta-balhocientífìco
datade
I9l7
-
suatentativa
de situaro
contínuo
sobre umafunda'
mentação intuicionista.l?6, r?? l![¿s, como
indiquei
na SeçãoII.4,
Weyl logo setornou
r?óH. Weyl, "Erkenntnis und Besinnung (Ein læbensrückblick)", Studia Philosopåla (1954), æedi' tado nas Ges. AbhI. Vol. 4 de Weyl, pp. 631-649, recorda que em seus anos de estudante em
Göttingen, de 1906 a 1910, seu kantismo adolescente se transformouempositivismo
-eleleu
Mach, Poincaré e F. A. Lange
-,
e foi apenas pouco antes de sua partida para Zurique, em 1913,"que Husserl me livrou do positivismo, dirigindeme outra vez para uma visão rnais livre do
mundo". O contato com seu colega foi mediado por Helene Joseph, que formavaente os nu-merosos estudante estusiásticos de Husse¡l e com quem rüeyl se casou em 1913. Menções
ex-plfcitas a Husserl aparcceñrm pela primeira vez ern Das Kontinuum (Berlim, 1918), esc¡ito em 1917, e na int¡odução a Raum
-kit-Mateie,la-
ed. (Berlim, 1918), com prefácio datado da66
Paul Fortnano principal
campeio dointuicionisno
brouwe¡ianq na Alemanha. Ofato
de que ele en_ xergava uma conexãofntima
entre ointuicionismo
na matemática e a acausalidade naffsica se mostra claramente em seu manifesto
inicial
contra a causalidade, ,,A Relação da Abordagem Causal com a Abordagem Estatfstica naFísica",
publicado em agostode l92}.r7E,t7e
,,A estatísticaconstitui
meramenteum
atalhopara certasconseqüên-repetidas, semprc com total aprovaçâo, em seuPåÍIos ophy of Mathemotìcs ø¡td Natural Sclence (Prinæton: P¡inceton Unirærsitypæs, 1949), taduzidoparaoinglês daedi@o alení.de1927. Em contraparti
inægranæs:
os
seu¡ihrer
physikatir
"îl
schung6 (1923)'pp. 385-560, nas pp. 387-388. Po¡ volta de lg21,ent¡etanto,
*.ornpro¡nil-sos.fenomenologistas de Weyl haviam sido abalados pelo sucesso da metamatemática
fõrmalis-ta: "Se a perspectiva de Hilbert prevaleoer sobre o intuicionismo, como parece æ dar, entíío
ve-jo
nisso uma decisíva denota para a atitude frtosôfrca da fenomøologlaþrro, q*,assim, se demonstra insuficiente para a compreensão da ciência criativa
"té mes-ó nå área Oè óogrriçáo mAs fundamental e mais prontamenþ aberta à eúdência
-
a mateinática.,' (weyl, ob.cit,
not¿ 139)ver
tamtém Feter Beisswanpç "Hermann \ileyl and Mathematical Texts',, Røttò.g(l%6i,
pp.25-45.177ll¡¡3 descriçâo admi¡ável e singrfarmente inteligível
desse notável fenômeno intelectual é
fome-cida por Herbert Spiegelberg, The Phenomenotogtcat Movement: A Hístorícal
Int¡duction,
2ued"',2 vols. (Haia" 1965), qræ pode ser suplementado por Joseph
J. I(ockelmans e Theodorc J.
Kisiel (eds), Phenomenology and the Natu¡al Sciences: Essays
øtd
Ttørtsløtions (Evanston, Ill.,1970).
176ll'
\{syl,
"Das Verhältris der kausalen zurstatistischen Betrachtungsweise
in
der physik,,, SclweizerßcheMedizinischeWochenschrift 50 (19 de agosto de t92O), pp. 737-j41,¡eeditadoem Weyl' Ges. AbhI. Vol. 2, pp.
ll3-I22.
Weyl havia preparado uma confì¡ência com essetítu-lo pata um simpósio sobp
"A
Sigrificação da Probabilidadp pa¡a a C1éncia Natural e aMedici-na", que havia sido organizado por Heinrich Z¿¡rlgga4 professor de medicina forense em Zu¡i-que' Pala o congresso anual da Schweize¡ische Naturforschende Gesellschaft em Lugano, setem-bro de 1918. Contudo, o congrcsso
foi
cancelado em virtr¡de de uma epidemia de gripe; tlesæmddo, a tgmada de posig'o rnnir
pr""o."
tleï
yl de que dispom æ é o aistruct de 500 palawas da confeéncia que ele profedu no ano seguinte, 8 de seæmbro de l9l9;SchweizerischeNøtur-fonchende Gesellschaft, verhandlungen (1919), pa¡te 2,pp. 152-153. Esse abstract
tem a
mes-ma estrutura gsral do artigo publicado, condm jargão fenomenológico-existencialista
husse¡lia-no ("dæ
nu¡im
lVillen ertebte.'G¡und-sein"', etc.) e conclui.orn urnu afirmação dacrençade Weyl "de que na base da estatística existe um princípio independente, qu"r,ão poa. ser¡eduzi-do
à
obstmct suçre ioræment, qo", no-oot*o
de 1919, Weylainala
qræ assumiria em agostoe
lg2}
e que, em particular, eleaindâ
xão com o intuicionismo na matemáicá; em 1919, orepú-dio à causalidade e "der reinen Gesetzesphysik" baseava-se apen¿rs em sua incompatibilidade com
o "für dnser ganzes Erleben fun-damentale Einsinnigloit de¡ T:;it' .
rT9Embora deixe de menciona¡ Hermann Weyl nesse contexto, A. d'Abro, Decline of Mechmism
(Nova Yo¡k, 19 39), , reeditadoù com o
título
The Riseof
the New phy,sics,
1 vol. èm 2 (NovaYorlç 1952), pp' vti' 212, justificou a inclusâo de um capítulo
"t
rp.ito áe ..As Cont¡ovéniæsobre a Natuæza da Matemática" em sua exposi$o histôrica rla æoria guântica, com base em
que
'Em
nosa opinião, tais contrord¡siæ se originavam das mesmæ <liferençaspri*tOE.",
qu.pareciam æsponsáræis pela controvérsi4 entlio conente, a respeito Aop¡incípio
de causalidade na física-
"
Concluindo esse capítrf o, <t'Abro sugeria que "Poãe aé ser'diio qìe a físicamoder-
T-A
Cultum de Weil¡ur
ea
Teo¡iøQuântica
67 cias de leis causais", Weyl pergunta,"ou
elaimplica
que nenhuma interconexão cau' sal rigorosa governao
mundo e que, em vez disso, O 'acaso' deve ser reconheCido, aolado
dalei,
comoum
poder independente que restringe a validade dalei?
Os ffsicos,hoje,
são unânimesem
defender aprimeira
dessasopiniões".
Mas ontem; naprima'
vera de 1918, Weyl também efa dessa
opinião;
em sua proposta de extensão da teoriada
relatividade, ele haviafeito
uma
"tentativa",
como admitia,
"de
leva¡ adiante aidéia de
uma
pura física
de
leis
para
a
totalidade
do mundo".rm
Agora, porém, Weyl muda ¿e i¿¿ia e se coloca em oposição àopinido dominante.
Por que? Ele não está completamente satisfeitocom
a mecárúca estatística clássica e com o tratamento dos fenômenos deflutuação;
mas a questão principal, como ele admite, é quefinalmente, e acima de tudo, é a essência do contínuo que não pode ser apanhada como uma coisa existente
í$da
þtanl,
mas apenÍrs como algo que se encontra noato de
ufi
nuncø completado ptocesso internamente di¡lgido de devir.(.'.)
Num dado contíwo, é claro, esse p¡ocesso de devir pode apenas ter alcançado um oeltoponto; ou seja, as reiapes quantit¿tivas em uma palte ,S do mundo leste considerado como um contínuo quadrimensional de eventos] dada intuitivamente sa-o me¡amente aproximadas, e apen:u¡ determináveis com certa latitude, não somente como conse¡'
qüência da precisâo limitada dos meus órgãos sensoriaís e instfumentos de medida,
mas porque tais relações szþ em si mesfnas qfetodas pot uma esrtcie de vagueza.
(...)
E
apenæ 'Tro fim dos tempos", por æsim dizer'(.'.)
o plocesso nr¡ncacom-pletado
e S mantém em si mesmo aquele grau dedefini-ção
que
como seu ideal.(...)
Dessa manei¡a, a pressãorlgida
þ
se ¡elaxa e, sem prejuízo davalidade das leis na-turais, há espaço pøta decisões autônomas føntscheidungenl causalmenteindependen-tes de modo abloluto umas das ouffas,
cljo
lugar [locus] conside¡o sel o quantumelementar da matéria. Tais "decisões" são o que de fato é reø! no mundo, r81
Citei
longamente Weyltanto
porque elepróprio
se alonga qua1to porque opiniõese motivos
tão radicalmente existencialistasmuito
provavelmente seriam consideradosincríveis,
casolhe
fossem mer:rmenteatribrldos,
Mæ,
nitidamente, taismotivos
sãoprimordiais. Weyl
resolveu abandonaro
ideal de uma pura física de campo-
para aqual havia trabalhado
tanto,
e na qual havia conseguido resultados tão espetaculares-e adotar a matéria, ou antes o
livre-a¡bftrio
desta, como arealidadefinal.
Do mesmomodo como a
geometria antes de Einstein,o
campo e suas leis tra4sformaram-se em simplespano-de-fundo. Por
qud? Porque isso parecia necessftio pafa escaPaf ao de-terminismo envolvidono
conceito decampo.
No outono de 1919 e no verão de1920,
na está testemunhando a mesma ôrise que estivemos discutindo na matemática: os teóricos
quânticos ocup:rm a posição dos intuicionistas, enquarito Einstein e Planck assumem a dos for-malistas." Julgo que a conþctura de d'Abro é, essencialmente,
coÍeta-raoq.Weyl, Ges. Abhl.Vol.2, pp. LI6-IL7;"G¡avit¿tion und Etektrizität';,heuss.Akad.derWiss., Be¡Iin,'sitzungsber.(30demaiode1918),pp.465-480,reeditadonæGe¡.
AbhLYol.2,pp'
29-42e traduzido, com notas adicionais, em H. A. Lo¡entz et. al., The hinciple of Relativily(Lond¡es, 1923; ¡eeditado em Nova Yorlç L952),9p. 2Ol-2L6. 181H. ll/eyl, Ges. Abhl. Vol. 2, pp. l2I-122.
68
Pøul Fortnonweyl
nãodiz
uma palawa sequer a reqpeito do quantum de açâo deplanck.
Evidente-mente,
ainda não lhe haviaocorrido
que a teoria quântica poderia ser recrutada para proporcionar uma baseflsica
ostensiva para seu repúdio existencialista da causalidade. Foi apenæ no outono delg2o,enquanto
preparava a quarta edição deEspaço-Tempo-'Matéria,
quelveyl
acordou para a teoria quântica, compelindo - o a dizer, "cla¡a edis-tintamente,
que em seu estado presente a física simplesmente não é mais capaz de sus.tentar
a crença numa causalidade fechada, apoiada sobre leis rigorosamente exatas, pa-ra a Naturezamaterial".
E
aqui lVeyl acrescenta também aquela consideraçãoexisten-cialista
crucial, queo
acompanha há algumtempo
-
o
reprldio do
determinismo res-mais fundamental denosa
experiênciapriori.t62
Assim,'hão
apenas se restau-também a idéia genufna de causalidade, do modo maisimediato
em nossa von-tade, acorda para uma nova vida. Ta:tada de fetichismopor
Mach(...)"
dtc.,
etc.l83claro
-
e,
defato,
é caracterlstico dos acausalistas-
que otip
dial
que Weylatribui
à matéria simplesmente nãoé
aespéciede
cogniçâo física. Dessemodo,
ao levar zua ..teoria leibniziana d¿matéria
enquantoagente'
à conclusão lógicano
verão del924,wey|é
levado devolta ao campo como a realidade
f'sÍca,primordial:
a partlcula primordial em si mesma não é sequer um ponto no espaço, mas algo
situa-î
ao Ego, cujas ações,si
atavés de seu corpoo
a essência int¡ínsecadesse agente produto¡ de campos
-
talvez a úda e a vontade-,
na flsicaconsidera-mola apenas em temos das ações de campo que excita; e somos capazÊs de
caracte-rÞá-las numericamente (carga, mæsa) apenas em virtude dessas ações de campo.r8/t
weyl
tornou$e
capaz de æ reconciliar com tal resurreição do campoporçe
julga-va
ter
finalmente encontrado uma saída para a proposição de que as teorias clássicæde
campoincorporam e
impõem a concepção laplaciana de causalidade.Num
artigo semi-popular, escrito emforma
de diálogo, ele argumenta que, '.de acordo com ateo-ria
da relatividade geral,o
conceito de movimentorelativo
de diversos corlìos uns em relação aosoutros
é tão
pouco
sustentável quantoo
de movimento absoluto deum
único corpo".
conseqüentemente,o princfpio
da causalidade não pode envolver tais182
rE3l{' wsyl, "Feld und Materie', Annalen der physik 65 (1921), pp. 541-563,
recebido em 2g de maio de 1921; reeditado nas Ges. AbhL yol. 2 de Weyl, pp. 237-2Í9,na p. 255.
ttoT:Y"Il,^
':y1
irl
Matede?" Noturwiss. 12 (11, 18e
25 de julhoe
rgi/;),
pp, 561_569,A
Cltlnm
de
Weimm ea
TeoriøQwântica
69 estados insustentáveis de movimento,reiluzindo+e, portanto,
à afirmativa de que"o
mundo
dos eventos depende apenas da carga e da massa de todas as partlculasmate-riais,
e
deve ser determinado inequivocamentepor
elas. Como isso é obviamenteab-surdo
(...),
aqueleprinclpio
de causalidade deve ser abandonado."lasb.
Verõo e Outono de1921:
Von Míses, Schottky,Nernst
et. al.Durante
o
verãoe
o
outono
de
1920, as conversões quase-religiosas à acausalidade, das quais Weyl fomece o exemplo mais precoce, tornaram'se um fenõmeno corriqueiro na comunidade dos ffsicos alemães. Como que varridos por um grande despertarcole-tivo, um
atrásdo outro
os flsicos postaram-sefrente
a uma audiéncia acadêmicapú-blica
para renunciar
à
doutrina
satânicada
causalidadee pata
proclamara notícia
alvissareira de que os flsicos estavam prestes a
liberar
o
mundo de seus vlnculos comela.
Os casosde
quetenho
conhecimento sâ'oos
de WalterSchottky
emjunho,
Ri'
cha¡d von Mises em setembro, Walther Nernst em outubro.r sóParticula¡mente interessante é a conversão de von Mises à acausalidade. Não apenas
porque
mostra quão subitamentetal
regeneração podiater
lugar e como independia essencialmente das difìculdades encontradasna ffsica
atômica, mas também polqueproporciona
evidência prímafacie
de uma conexão direta entreo
repúdio da causali-dadepor um
rebentofiel
do
positivismo
austrlacoe
sua capitulaçãoà
lleltschmerz deA
Decadênciodo
Ocidente,de
Spengler,Na
aula inaugural(e
de
despedida) devon
Misesna
Technische Hochschule de Dresden,proferida
em fevereirode l92O
edo
modo
comofoi
publicada em agosto, a causalidade ainda era manejada,natural
enão-pejorativamente,
como
sendo equivalenteà
explicaçãofísica. "I.Ioje
testemu-nhamoscomo
um
campo de
fenômenos,novo
e
simplesmente enorme,a
multipli'
cidade dos elementos químicos,
é
trando
parao
domínio da
explicaçãocausal."
Evon
Mises considerava tranqiülamenteque
o
objetivo
daffsica
atômica,como o
detoda
ciência natural, é e deve ser"explicar
todos esses fenômenos com base em alguns poucosprincípios,
revelar sua causalidade".lE?No
entanto, quando se dirige âaten-ção ao
apêndice permeadamente spengleriano que, em setembro de L927,von
Misesadicionou à
republicação dessa aula inaugural, encontra+e umaatitude
inteiramente transformada com respeito à causalidade-
como em relação a tanta outra coisa.To'
do proceso
elétrico, térmico, óptico,
éum
fenômeno estatístico, e comotal
funda-mentalmenteincompatlvel com
o
conceito de causalidade. Enquanto nos basearmos l8sH.Weyl, "Mæsentr?lgheit und Kosmos.Ein
Dialog", Noturwiss. 12(I4
de março de 1924),pp. L9.7-204;Ges. Abhl. Vol. 2, pp. 478-485,
1¡ó\Y.Schottlry, "Dæ Kausalproblem der Quantentheorie als eine Grundf¡age der modemen
Natur-forschung überhaupt. Versuch einer gemeinventlindlichen Darstellung", Naturwiss. 9 (24 e 30
de junho deI92l),pp.492-496,506-511;R.vonMises,"Übe,rdiegegenw¿irtigeK¡isederMe-chanik" (ob cit., nota 143); W. Nemst, Zum GüItígkeitsbereich det Naturyesetze (Berlim, 1921), 26 pp., reeditadoemNaturwiss. 10 (26 de maio
e
1922), pp.489-495. Essaé aaulainaugu-ral de Nemst como reitor da Universidade de Berlim, 15 de outub¡o de 192I.7O
Paul Formannese
conceito,"a
teoria quântica, e tudo o que se relaciona com ela, parecerãoconsti-tuir
um
enigmainsolúvel.
Quem quer que trace a história da cognição física não pode deixa¡ de reconhecer que esse terreno exige inexoravelmente-
o
que está sendo gra-dualmentefeito
-
umø alteração essercial de nosso modo de pensamento, detodo
o esquema da'explicaçãoflsica'."l88
Deve+e
admitir
quevon
Misesinvocou
a
teoria
quânticacomo a
ocæião p:lra orepúdio
da causalidade. Mas ele não estava díspostoa
fazet disso rz¿ísdo
que aoca-sião;
emparticular,
não pretendia que suaprópria
disciplina, a mecânica clássicaapli
cada, permanecesse marcada
pelo
estigma da causalidade. Naquele mesmo mês dese-tembro de
1921,por
ocasião doprimeiro
congresso anual alemão de física ematemá-tica,
von Mises ofereceu a seus colegas uma conferência-
ou melhor, fezuma'confìs-são pública perante seus iguais
-
"Sobre aAtual
Crise na Mecânica".Apæsentada do modo mais conciso, a pergunta
-
em cuja resposta negativa reco nheço a crise no estado atual de mecânica-
se coloca da seguinte maneira: podemoscontinuar a assumir que todo os fenômenos de movimento e equilíbrio que observa
mo6 em corpoa visíveis são explicáveis no âmtúto dos axiomas newtonianos e de suas
exþnsões? Em outras palavræ, é possível que o cu$o iemporal de todo movimento em uma porção arbitrariamente delimitada de mæsa seja dete¡minado inequivoca-menæ por meio da especificação do estado inicial e da suposiçâo d,e que aþuma lei de força apropriada esbja atuando?
(...)
Tudo o que desejo tentar mostar aqui é qræos fatos acumulados de que somos hoþ poesuidores tomam evidente ser altamente
improvável que esse obþtivo da mecâqica clássica posa jamais. ser concretizado, e
que outras considerações, perfeitamerlte definidas e não mais estranhas, estão
desti-nadæ a aliviar:ou suplementar aestrutura causal rígida fden starren Kausalaufboul
da teoria ciássica
(...1
seja o sacriflcio grande ou pãqo.io, seja ele fácil ou difícil,paæce-me inevitável declarar, ao mesmo tempo clara e francamente, que na mecà nica puramente empírica exisþm fenômenos de movimento e equilbrio que.para
sempre escaparão a r¡ma explicação com bæe næ equações diferenciais da mecânica
'(...
).rDNão se pode deixar de se choca¡
com o
tom
de"eu
também" presente no repúdio devon
Misesà
"estrutura
causaldgida"
da mecânica clássica e em sua apresentação detal
renfurcia comoum ato
devirtude
moral.
E,
noentantq
precisamente essetom
suger€ queuma
conversão à acausalidade trazia consigo rÌma valorização socialsigri-fìcativa,
rccompensas sociaistão
substanciais quevon
Misesnão
conseguia suportar que os flsicos atômicos æ monåpolizæsem.Apesar de lVeyl
já
ter recorrido
à mecânica quântica em busca de apoio e muniçao para s€u ataque à causalidade, WalterSchottþ
parcceter
sido oprimeiro físico
atd
mico
apublicar
um manifesto acausal,tratando
"O
Problema da Causalidade naTeo-ria
Quântica
como
Questâo Básicapara
a
CiênciaNatural
Modernacomo
um
To
do".rs
Publicado emjunho
del92l
com
osubtltulo
"Tentativa
de uma ExposiçãotaE/þ¡6f., p. 3Q.
r8eR. v. Mises, ob.
cit,
(nota 143\,SelectedPøp¿¡s Vol, 2,pp.482,487. teoW Schottky, obciù (not¿ 18ó).l-A
Cultum de
lUeímar ea
TeoriaQuôntica
jl
Popular",
esæ artigo é claramente uma versão ampliada de alguma conferência-
mui-to
provavelmente,urna
aulainaugural
comohivatdozent
em física aplicada naUni
versidade de Würzburg, onde
Schottþ
havia ingressado após vários anos noslabora-tôrios
de pesquisas da Siemens e da Halske, emBerlim. Schottþ
sente-se seguro deque,
apesar de estar acostumado a considerar as leis rigorosas da física como modelo e ideal para"toda
contemplaçao analltica da Natureza", sua audiência receberia bem uma exposiçãohistórica
geralda
"crise",
da "revolução na concepção básica da for-ma eâmbito
das leis ffsicast', que estava em preparação.lelNa primeira
parte
do artigo,Schottþ
constrói a proposiçâo de que o campoeletro
magrrético e suas variáveis estão acabados, condenados. Pois, argumenta ele com lógica impecável, se não conhecemos as leis da interação de átomos com a radiação e, apesar disso, é só
por intermédio
de suas interaçoescom
a matéria que podemos observar asquantidades
do
campo eletromagnético, então essas "variáveis de estado da teoria decÍrmpo
(...)
não
mais
possuemqualquer signifìcado
para
a
pesquisacientífica".
Após
admitir
que"por
enquanto essa é uma conseqüência quemuitos
poucos físicosaceitaram",
Schottþ
pergunta imediatamenteque
tipo
de
quantidades observáveis, e quetipo
de conexões entre elas, devem ser colocadas no lugar do campoeletromag-nético. E
a
resposta: "Parece que aprópria
lei
da causalidade, com seucondiciona-mento completo
dosfenômenosfuturospor
aquelespresentes epassados,(...)
é pos-ta em dúvida."le2É
o bastante quanto à primeiraparte.
Na segìrnda, encontrarnos devolta
aotraba-lho
as variáveis e equaçoes convencionais do campo eletromagrrético; tudo o que resta da"análise"
anterioré
a insistência de que qualquer solução para o problema da inte-raçãoentre
átomose
radiação deve cancelar a causalidade.A
primeira
sugestão deSchottþ
é a conjectura, freqüentementerecorente,
de que as equações de campode-terminam
meramentea taxa
com que os processos quânticos elementares têm lugar. Mas essa"salda,
àprimeira vista
muito
atraente,é
impassável",pois
Einstein haviamostrado que,
devido ainexatidão
na satisfação das leis de consewação, ao cabo detempos sufìcientemente longos seria possível
obter,
apartir
do nada,um
movimentocom
velocidade arbitrariamente grande-
aspecto que escapariaa
Born,
Kramers eSlater três anos mais tarde.
Em
æguidaSchottþ
volta-se para sua idéiapredileta,
de que existe uma conexão direta entre os átomos que emiteme
os que absorvem radiação,por
meio
daaçãore-tardadaà
distância; demodo
que,no
momento em
queum
quantum éemitido,
já
está predeterminado onde, quando
e
por
qual átomo
será absorvido.Mæ
não seria isso causalidadecom
desforra,uma física
à
ls
Calvino?Foi
certamente desse modo queTetrode
-
um físico
teórico holandês imerecidamente obscuro*-
apresentou a. Noto do tradutor. Seu nome é associado à chamada expressão de Sackur-Tetrode para a entropia de um gás monoatômico.
ret Jbid., p. 4g2.
72
Paul Formansituação exatamente
um
ano mais tarde, aopublicar
as linhas gerais de uma teoriaba-ontudo, isso sequer passa pela cabeça de
Schottþ;
salidade, derivado do
fato
de que não é maispossf-como
um
fluir
contfnuo
euniforme",
de que as a emissão e a absorção se estendeminfìnitamelite
para o passado e para o
futuro,
tomandoimposível,
emprincípio,
prever ofuturo
apartir
deuma
seçãodo mundo
num
dandomomento.
E
finalmente,
paratornar
ata e sem
efeito direto",
"fora
da relação de causa eefeito".ts
Isso quanto ao Privatdozenr
Sdrottþ.
Mas a demonstração do fracasso da causali-dade oferecidaquatro
meses mais tardepelo
Geheimrathofessor
Walter Nemst em sua aula inaugural comoreitor
da Universidade deBerlim
-
e que produziu repercr¡¡i-sões corespondentemente matores-
teria sido menos tendenciosa, menos ræa e fala-ciosa?Difìcilmente.
Também neste caso o mais surpreendente é a intenção do autor defazer naufragar a
lei
da causalidade, por bem ou por mal. E sua motivação ésuficiente-mente
clara:"Mas podem a
filosofia e
a ciência natural defato
afirmar
com certeza que, Por exemplo,toda
ação humana éo
resultado inequívoco de circunstâncias pre. dominantesno
momento? Se leis naturais absolutamente rigorosas controlasseni o cupso
de todos os eventos, seria praticamente impossível escapar detal
conclusão." Mas afìlosofia
só adotou essa posição porquefoi
tiranizada pelæ ciênciæ naturais exatas, cuja "concepção doprincípio
de causalidade como umalei
da Natureza absolutamente rigorosa amarrou a mentelGeßtlem
botæ espanholæ;* portanto, é obrigação atual da pesquisa na ciêncianatural
afrouxar sufìcientemente esses cordões, para que oliwe
ca-minha¡ do pensamento fìlosófìco não mais seja.tolhids".tes
em
primeiro
lugar, que oprincípio
da s exatas; mæ nenhuma das leis que co. smo, que a causalidade não se verifique.r'Nòta do tradutot' Bota espanhola: instrumento medieval de tortura que, aplicado às pernas e pés
d,a vítima e apertado, provocava seu esmagamento.
mana; portanto,
p
ção? O resultado é notaval_mente
semelhante
tromagréticose tomairreal,a consenraçâo de
e
_, mas com objetivo exata_mente oposto, isto
1e41ry.5"¡ottry, ob. cit. (nora 186), pp. 509-511.