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AP LIT REALISMO-NATURALISMO PT BR

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Academic year: 2021

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REALISMO-NATURALISMO PERÍODO

Século XIX: Portugal (1875-1890), Brasil (1881-1893) CONTEXTO HISTÓRICO

 Capitalismo, Proletariado e Revolução Industrial  Descobertas científicas

 Proclamação da República (Brasil)  Abolição da escravatura

 Ciclo do café

 Geração de 70, Questão Coimbrã e Conferências do Cassino Lisbonense

 Novas concepções filosóficas: Positivismo, Determinismo, Darwinismo, Marxismo, Psicanálise

TEORIAS FILOSÓFICAS

 MARXISMO: Procurava despertar a consciência de classes. Pregava uma revolução que derrubasse a burguesia e o sistema capitalista e implantasse o comunismo.

 POSITIVISMO: O método geral do positivismo de Auguste Comte admite que só existe uma verdade se ela puder ser

comprovada por meio do experimentalismo. A sociedade é como um corpo humano, cujo funcionamento depende dos órgãos (os indivíduos e grupos sociais). Qualquer anomalia em um destes órgãos prejudicaria o funcionamento de todo o resto.

 DARWINISMO: No livro A Origem das espécies, Darwin elaborou a teoria da seleção natural, defendendo que a concorrência entre as espécies eliminaria os

mais fracos e favoreceria os mais fortes, ou seja, estes passariam pelo processo de evolução.

 DETERMINISMO: Taine afirmava que o comportamento humano era condicionado pelas influênias de raça, contexto histórico e meio-ambiente.

 PSICANÁLISE: Freud elaborou teorias de hipnose que têm como princípio as noções de inconsciente, subconsciente, id, ego, super-ego e libido.

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REALISMO-NATURALISMO CARACTERÍSTICAS

 Veracidade

 Contemporaneidade

 Retrato fiel das personagens

 Gosto pela descrição e lentidão na narrativa.

 Materialismo do amor: a mulher objeto de prazer/adultério.  Denúncia das injustiças sociais

 Relação entre causa e efeito

 Linguagem próxima à realidade, mas repleta de detalhes INFLUÊNCIAS

 GUSTAVE FLAUBERT: Madame Bovary  ÈMILE ZOLA: Germinal

PORTUGAL: REALISMO

 ANTERO DE QUENTAL: Sua poesia apresenta três fases: a) a das experiências juvenis; b) a da poesia militante, empenhada em agir como ―voz da revolução‖ e da ―ideia‖; c) a da poesia de tom metafísico, voltada para a expressão da angústia de quem busca um sentido para a existência. HINO À RAZÃO

Razão, irmã do Amor e da Justiça, Mais uma vez escuta a minha prece. É a voz dum coração que te apetece, Duma alma livre, só a ti submissa. Por ti é que a poeira movediça

De astros e sóis e mundos permanece; E é por ti que a virtude prevalece, E a flor do heroísmo medra e viça. Por ti, na arena trágica, as nações Buscam a liberdade, entre os clarões; E os que olham o futuro e cismam, mudos, Por ti, podem sofrer e não se abatem, Mãe de filhos robustos, que combatem Tendo o teu nome escrito em seus escudos!

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 EÇA DE QUEIRÓS: Possui três fases: a primeira fase começa com artigos e crônicas publicados na Gazeta de Portugal e termina em 1875, com a publicação de O Crime do Padre Amaro, considerado o romance que iniciou o Realismo em Portugal. Com a publicação dessa obra, inicia-se a segunda fase de sua carreira, aquela pela qual ficou mais famoso, e vai até 1888, com a publicação de Os Maias.

Eça intentava oferecer um painel tão variado quanto possível da sociedade portuguesa. Intitulou a sua obra dessa fase de ―Cenas da Vida Portuguesa‖, e em alguns de seus romances, usa subtítulos: ―Episódios da vida romântica‖, para Os Maias; ―Cenas da vida devota‖, para O crime do Padre Amaro e ―Episódio da vida doméstica‖, para O primo Basílio. A terceira e última fase da carreira do escritor demonstra a sua maturidade, em que a crença substitui o ceticismo cínico e corrosivo de antes. Obras: O mistério da estrada de Sintra, O crime do Padre Amaro, A tragédia da Rua das Flores, O primo Basílio, O mandarim, A relíquia, Os Maias, Uma campanha alegre, Correspondência de Fradique Mendes, A ilustre casa de Ramires, A cidade e as serras, A capital, O conde de Abranhos, Alves & Companhia.

RESUMO DE O CRIME DO PADRE AMARO Por decisão da marquesa que o educara na infância, Amaro seria padre. Dois anos antes de ir para o seminário, ele passou a morar na casa de um tio pobre, que o punha para trabalhar. O período sofrido na casa do tio o animou a ingressar no seminário, ainda que fosse somente para ficar livre daquela vida. No seminário, os rapazes são quase todos não-vocacionados, pois tinham desejos sensuais. Ordenado padre, Amaro ficou um tempo em Feirão,

mas foi a Lisboa e procurou a condessa de Ribamar, uma das filhas da marquesa que o educara, e uma semana depois, Amaro foi nomeado para Leiria, onde foi orientado pelo Cônego Dias. Foi morar na casa da S. Joaneira, mãe de Amélia, noiva de João Eduardo. Amaro e Amélia se sentiam atraídos um pelo outro. Uma tarde, Amaro flagrou o Cônego Dias na cama com a S. Joaneira. Em contato com outros padres, ficou sabendo que eles tinham casos com mulheres. Amaro pediu outra moradia ao Cônego, e ele passou a morar sozinho, frequentando de vez em quando a casa da S. Joaneira. João Eduardo ficou com ciúmes e tentou apressar o casamento, mas Amélia não quis, e para vingar-se do padre, Eduardo publicou um artigo no jornal sobre a imoralidade dos padres da cidade. João Eduardo perdeu o emprego, e Amaro disse que jamais permitiria que Amélia casasse com um ateu, e eles se beijam. Amélia deixa João Eduardo que certa noite, bêbado, deu um soco em Amaro, foi preso, mas o padre retirou a queixa para passar por santo. Um dia, voltando Amaro e Amélia sozinhos, sob forte chuva, da casa do Cônego Dias, que passara mal, Amaro levou Amélia para a casa dele, enquanto esperavam o tempo melhorar, e tiveram sua primeira relação sexual. No dia seguinte, a empregada alcoviteira Dionísia falou ao padre que era perigoso a moça ir lá daquele jeito. Insinuando-se como protetora da união dos dois, sugeriu que se encontrassem na casa do sineiro, o tio Esguelhas, ao lado da igreja. Tio Esguelhas, viúvo e sem uma perna, morava naquela casa com uma filha paralítica, Antônia, que ele chamava de Totó. Inteligentemente, o padre convenceu o sineiro da seguinte história: Amélia queria ser freira – o que devia ser mantido em segredo – e aquela casa era o lugar ideal para ele conversar com a moça, orientá-la espiritualmente,

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longe dos olhos de todos. Amélia concordou com o plano. Para a família e para os amigos, contudo, ela iria uma ou duas vezes por semana à casa do sineiro para ensinar leitura e religião à Totó. Isso seria sigiloso por se tratar de um ato de caridade, que não deveria ser divulgado para não favorecer a vaidade. Assim, Amaro e Amélia passaram a se encontrar regularmente na maior discrição. Totó apaixonou-se pelo padre e odiava Amélia, que lhe dava um pouco de atenção e depois ia se deitar com o padre no quarto de cima. As crises de ciúmes de Totó ficavam mais intensas, e Amélia enchia-se de remorso. Totó contou tudo ao Cônego Dias, que censurou Amaro, mas este disse que também o havia visto com a S. Joaneira. No final, reconciliados, fizeram um pacto de silêncio. Amélia, com o tempo, passou a ter medo do castigo de Deus, e ficou grávida. Amaro combina que Amélia deveria casar-se com João Eduardo e eles continuariam como amantes. Porém, João Eduardo fora para o Brasil. A S. Joaneira e o Cônego Dias foram para a praia, e Amélia ficou num sítio, acompanhando a irmã de Dias, que só aceitou porque Amaro contara-lhe que a moça engravidou de um homem casado. João Eduardo volta do Brasil, ainda apaixonado por Amélia. Amaro fica com ciúmes, e mais uma vez vai para a cama com a garota. Amaro encontra-se com Carlota, uma parteira que fica com as crianças e as mata depois, recebendo uma pensão para isso. Amélia decide casar-se com João Eduardo, mas o momento do parto chega. Amélia, depois de dar à luz, tem convulsões e morre. Amaro leva o recém-nascido a Carlota, depois volta para pegar o filho, mas a criança já havia morrido. Amaro pediu remoção de Leiria. Certa vez, encontrou em Lisboa o Cônego Dias, e Amaro percebe que já havia esquecido completamente Amélia.

RESUMO DE O PRIMO BASÍLIO

O casamento de Jorge e Luísa não é baseado em amor, mas ambos vivem bem. Luísa lê a notícia de que seu primo Basílio, com quem teve um namoro interrompido aos dezessete anos, está visitando Lisboa. Juliana, a empregada feia, doente e amarga que Luísa odeia e só não despede porque Jorge é grato por ela ter cuidado de sua tia doente, anuncia a chegada de Leopoldina, amiga de infância de Luísa, que Jorge considera má companhia, por possuir muitos amantes. O casal possui alguns amigos: Julião Zuzarte, um médico mal sucedido, que destila amargura em cada comentário e olha com inveja a prata do aparador; D. Felicidade, nos seus cinquenta anos, arde de paixão e perturba-se sensualmente ante o lustro da careca do Conselheiro

Acácio, um homem sério e cheio de cerimônias, sempre pronto a fazer um discurso oficial em favor da família, da pátria e da moral. Pura hipocrisia, já que sua moral não o impede de viver em concubinato com sua criada. Ernestinho Ledesma, um escritor que começa a fazer sucesso e encontra-se, nesse momento, às voltas com a criação da peça Honra e Paixão, na qual uma esposa, para salvar o marido de ser preso por uma dívida de jogo, recorre ao conde de Monte-Redondo, mas se apaixonam, e o marido devolve o dinheiro e mata a mulher. Por fim, chega o melhor amigo de Jorge, Sebastião, o único também a se diferenciar do grupo: pessoa sensível, simples, íntegra. Doze dias após partida de Jorge, que é engenheiro, Luísa recebe a visita de Basílio. Mas Basílio, em conversas com seu amigo que viera junto, Reinaldo, compara-a com a amante que deixara em Paris, Alphonsine, magra demais, e decide que as formas arredondadas da prima valem uma aventura. A presença de Basílio deixa Juliana alvoroçada. Ela, na esperança de viver dias melhores, anda sempre à procura de algum segredo, de algum escândalo de sua patroa. Juliana sofre do coração. Uma tarde, Basílio atira-se sobre Luísa, tentando beijá-la. Ela se assusta, resiste, fraqueja e acaba se irritando. Reconhecendo que foi muito apressado, muda de tática. Diz amá-la castamente, envolve seus sentimentos de espiritualidade. Basílio, cansado das negativas da prima, diz que vai partir. Luísa promete passear com ele, mas no dia seguinte, de propósito, Basílio não aparece. Luísa escreve, desesperada, um bilhete comprometedor para enviar ao hotel, mas Sebastião chega e ela esconde o bilhete no bolso. Leopoldina aparece para o jantar. Tarde da noite, Basílio faz uma entrada tempestuosa na sala de visitas, e Luísa deixa-se seduzir. Na manhã seguinte, Juliana encontra o bilhete no bolso do vestido, mas se controla e não o tira dali. Luísa recebe uma carta de Basílio, e quando começa a responder, D. Felicidade aparece. Luísa joga a

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resposta no lixo e quando volta, Juliana já o levara. Basílio providencia para se encontrarem num lugar barato que batizou de Paraíso. Com o tempo, Basílio mostra-se cada vez menos disposto a manter as atenções da primeira fase da conquista. Há brigas, mas há reconciliações ardorosas e a relação, mesmo abalada, continua. Um dia, Luísa encontra o Conselheiro Acácio na rua, e perde o encontro com Basílio. Volta para casa e despeja a raiva em Juliana, que reage contando sobre as cartas. Luísa resolve fugir com Basílio. Juliana e a tia Vitória planejam extorquir Basílio, que diz a Luísa que está pronto para pagar, mas ela se recusa. Basílio parte. Juliana passa a ameaçar Luísa, que resolve falar com Sebastião. Quando este aparece, diz que

recebeu duas cartas de Jorge, mas acaba trocando-as e Luísa descobre que ele tem uma amante, e não conta nada a Sebastião. Enquanto procura ganhar tempo e conseguir o dinheiro, Luísa vai ficando à mercê das exigências da criada, que começa a diminuir sua carga de trabalho. Para que Jorge não note o desleixo, Luísa passa a fazer o serviço escondido. As provocações aumentam até que Luísa, desesperada, procura Leopoldina. A sugestão da amiga é que ela se deixe seduzir pelo Castro, um banqueiro que é louco por ela, e arranje o dinheiro necessário. Na hora de entregar-se, Luísa é tomada de tal repulsa, que acaba chicoteando o banqueiro. Uma tarde, Jorge chega do trabalho mais cedo e dá com a Juliana lendo jornal na sala, enquanto Luísa engoma nos fundos. Fica irritado com a mulher, mas dado o estado nervoso dela, cala-se. Dias depois, estando a criada ausente na hora de servir a refeição, Jorge explode e a despede. Juliana ofende Luísa e é agredida por Joana, a outra criada. Juliana exige que a outra seja despedida, mas Joana, sentindo-se injustiçada, ameaça ir queixar-se ao patrão. Luísa chora e pede à criada que parta. Então, corre para a casa de Sebastião e conta-lhe tudo. Sebastião providencia ingressos para a ópera, e enquanto a família está fora, vai a casa na companhia de um policial e esclarece a situação com Juliana: ou entrega a carta, ou está presa. Vendo-se obrigada a ceder, o aneurisma estoura e cai morta. Luísa começa a ter febre. Em uma manhã, chega carta de Paris. Ocupado em ir buscar o Julião, Jorge enfia-a no bolso e esquece. O médico diagnostica uma excitação nervosa e recomenda que não se contrarie a doente. Já é tarde da noite quando Jorge lembra-se da carta. É de Basílio, explicando por que ainda não mandara o dinheiro, colocando-se à disposição e relembrando as boas manhãs passadas no Paraíso. Diante da notícia da traição da esposa, Jorge chora. Para não piorar a doença da esposa, controla-se. Conforme melhora, Luísa cobre-o de carinho e ele deseja perdoá-la e esquecer. Mas não é capaz, e mostra-lhe a carta. Luísa tem uma síncope. Inicia-se uma febre que derrota todos os esforços dos médicos. Ela falece e deixa Jorge completamente aniquilado. Pela manhã, Basílio, que chegara há pouco em Lisboa, encontra-se na frente da casa de Luísa. Fica realmente abatido quando sabe que ela faleceu. Até porque, confiando em reatar o caso com a prima, não trouxera com ele a amante Alphonsine.

RESUMO DE OS MAIAS

A ação passa-se em Lisboa, na segunda metade do século XIX, e apresenta-nos a história de três gerações da família Maia. A ação inicia-se no Outono de 1875, quando Afonso da Maia, nobre proprietário, se instala no Ramalhete com o neto recém formado em Medicina. Afonso da Maia era o personagem mais simpático do romance e aquele que o autor mais valorizou, pois não se lhe conhecem defeitos. Em Lisboa casa com D. Maria Eduarda Runa,

católica devota, com quem teve um filho, Pedro da Maia, que apresentava um temperamento nervoso e de grande instabilidade emocional. Como moravam na Inglaterra, Afonso desejaria educá-lo à inglesa, mas Maria Eduarda não consente. Após a morte da mãe, Pedro fica inconsolável, e só se recupera quando conhece Maria Monforte. Casa contra a vontade do pai, e iniciam a vida na Itália. Têm dois filhos: Maria Eduarda e Carlos Eduardo. Maria Monforte apaixona-se por um italiano, e foge com ele, levando a filha. Desesperado, Pedro refugia-se em casa

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do pai, levando o filho, ainda bebê. Nessa mesma noite, depois de escrever ao pai uma longa carta, Pedro suicida-se com um tiro. Afonso da Maia dedica a sua vida ao neto a quem dá a educação inglesa, forte e austera, que em tempos sonhara para o filho. Passados alguns anos, Carlos tornou-se médico. Um dia conhece uma mulher chamada Maria Eduarda e apaixona-tornou-se por ela, mas supõe-na casada com um cavalheiro brasileiro, Castro Gomes. Carlos e Maria torsupõe-nam-se amantes. Carlos pensava que a irmã e a mãe haviam morrido. Castro Gomes volta a Lisboa desagradado com a notícia de que Maria Eduarda é amante de Carlos, e diz a este que Maria, na verdade, é uma mulher paga para viver consigo, uma acompanhante. Maria conta a verdade do que sabe para Carlos, e eles pensam em fugir, mas adiam. Um tio de um amigo de Carlos, Guimarães, revela a Ega, grande amigo de Carlos, que Maria é irmã deste. O choque é grande, mas ambos continuam amantes. Afonso, quando descobre, morre de apoplexia. Carlos e Maria separam-se. Carlos vai dar uma volta ao mundo. Dez anos depois, Carlos regressa a Lisboa. Embora Ega e Carlos afirmem que "não vale a pena correr para nada" e que tudo na vida é ilusão e sofrimento, acabam por correr desesperadamente para apanhar um transporte público que os leve a um jantar para o qual estão atrasados.

 GOMES LEAL: Sua poesia mais bem realizada é a lírica, em que cantou os humildes e o sofrimento humano, num tom pessimista e com sentimentalismo místico, ou as imagens fortes e satânicas do Ultrarromantismo.

COISAS DIGNAS DE CASTIGO Nenhum corpo mais lácteo e sem defeito, mais róseo, escultural, ou feminino, pode igualar-se ao seu branco e divino imóvel, nu, sobre o comprido leito! Nada se lhe iguala! - O ferro do assassino podia, hoje, matá-la, que o meu peito seria o esquife embalsamado e fino daquele corpo sem rival, perfeito. Por isso é muito altiva e apetecida. E o gozo sensual de a ver vencida há-de ser forte, estranho, singular... Como o das coisas dignas de castigo - ou qual amante sacerdote antigo, derrubando uma deusa de um altar.

 CESÁRIO VERDE: Tem como peculiaridade a poesia do prosaico, extraindo do cotidiano temas que são considerados apoéticos, ou antilíricos. O realismo da poesia de Cesário é o de um repórter, fascinado

pelo ambiente urbano, que o atrai e causa repulsa. Seu poema mais famoso é o ―Sentimento de um Ocidental‖, dividido em quatro partes: Ave-Marias, Noite Fechada, Ao Gás e Horas Mortas, e foi dedicado ao poeta Guerra Junqueiro. Obras: O livro de Cesário Verde.

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REALISMO-NATURALISMO SENTIMENTO DUM OCIDENTAL I: AVE-MARIA

Nas nossas ruas, ao anoitecer,

Há tal soturnidade, há tal melancolia, Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia Despertam-me um desejo absurdo de sofrer. O céu parece baixo e de neblina,

O gás extravasado enjoa-me, perturba; E os edifícios, com as chaminés, e a turba Toldam-se duma cor monótona e londrina. Batem carros de aluguer, ao fundo,

Levando à via-férrea os que se vão. Felizes! Ocorrem-me em revista, exposições, países: Madrid, Paris, Berlim, S. Petersburgo, o mundo! Semelham-se a gaiolas, com viveiros,

As edificações somente emadeiradas: Como morcegos, ao cair das badaladas,

Saltam de viga em viga os mestres carpinteiros. Voltam os calafates, aos magotes,

De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos;

Embrenho-me, a cismar, por boqueirões, por becos, Ou erro pelos cais a que se atracam botes.

E evoco, então, as crónicas navais:

Mouros, baixéis, heróis, tudo ressuscitado! Luta Camões no Sul, salvando um livro a nado! Singram soberbas naus que eu não verei jamais! E o fim da tarde inspira-me; e incomoda! De um couraçado inglês vogam os escaleres; E em terra num tinir de louças e talheres Flamejam, ao jantar alguns hotéis da moda. Num trem de praça arengam dois dentistas; Um trôpego arlequim braceja numas andas; Os querubins do lar flutuam nas varandas; Às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas! Vazam-se os arsenais e as oficinas;

Reluz, viscoso, o rio, apressam-se as obreiras; E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras, Correndo com firmeza, assomam as varinas. Vêm sacudindo as ancas opulentas!

Seus troncos varonis recordam-me pilastras; E algumas, à cabeça, embalam nas canastras Os filhos que depois naufragam nas tormentas. Descalças! Nas descargas de carvão,

Desde manhã à noite, a bordo das fragatas; E apinham-se num bairro aonde miam gatas, E o peixe podre gera os focos de infecção!

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 GUERRA JUNQUEIRO: poemas de defesa de teses anticlericais, denunciando o descaso do governo para com os mais humildes. Seu tom é grandiloquente, intempestivo e febril, com imagens fortes e originais. FALAM POCILGAS DE OPERÁRIOS

Crianças rotas, sem abrigo... A exerga é pobre e a roupa é leve... Quarto sem luz, mesa sem trigo... Quem é que bate no meu postigo? - A Neve!

A usura rouba a luz e o ar

E o negro pão que a gente come... Inverno vil... Parou o tear... Quem vez sentar-se no meu lar? - A Fome!

Lume apagado e o berço em pranto Na terra húmida, Senhor!

A mãe sem leite... o pai a um canto... Quem vem além, torva de espanto? - A Dor!

Álcool! Veneno que conforta, Monstro satânico e sublime!... Beber! beber... e a mágoa é morta!... Quem é que espreita à nossa porta? - O Crime!

Doze anos já, e seminua!

A mãe, que é dela?... O pai no ofício... Corpo em botão d'aurora e lua!... Quem canta além naquela rua? - O Vício!

A fome e o frio, a dor e a usura, O vício e o crime... ignóbil sorte! Ó vida negra! Ó vida dura!... Deus! quem consola a Desventura? - A Morte!

BRASIL: REALISMO

 MACHADO DE ASSIS: Seus textos contêm aproximações realistas no que se refere à atitude crítica, objetividade e temas contemporâneos. Mas há também procedimentos impressionistas, como a recriação do passado através da memória. Machado optou

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por cultivar o fragmentário e interferir na narrativa com o objetivo de dialogar com o leitor, comentando seu próprio romance com filosofias, metalinguagens, intertextualidade. As obras de ficção machadianas possuem na maior parte das vezes um humor reflexivo, ora amargo, ora divertido. De fato, uma de suas características mais apreciadas é a ironia. Há uma ruptura com a narrativa linear, de modo que as ações não seguem um fio lógico ou cronológico, são relatadas conforme surgem na memória das personagens ou do narrador. Sua preocupação com o psicologismo das personagens obrigavam-no a escrever numa narrativa lenta que não prejudicasse o menor detalhe para que este não comprometesse o quadro psicológico do enredo. Sua atenção desvia-se comumente do coletivo para ir à mente e à alma do ser humano — fator denominado microrrealismo. Machado escreveu em diversos gêneros literários, porém, ficou mais conhecido pelos seus contos e romances, estes últimos podendo ser divididos em duas fases: a Romântica e a Realista:

RESUMO DE O ALIENISTA

Simão Bacamarte é o protagonista, médico conceituado em Portugal e na Espanha, decide enveredar-se pelo campo da psiquiatria e inicia um estudo sobre a loucura e seus graus, classificando-os. Funda a Casa Verde, um hospício na vila de Itaguaí e abastece-o de cobaias humanas. Passa a internar todas as pessoas da cidade que ele julgue loucas; o vaidoso, o bajulador, a supersticiosa, a indecisa etc. Costa, rapaz pródigo que dissipou seus bens em empréstimos infelizes, foi preso

por mentecapto. A tia de Costa que intercedeu pelo sobrinho também foi trancafiada. O mesmo acontece com o poeta Martim Brito, amante das metáforas, internado por que se referiu ao Marquês de Pombal como o dragão aspérrimo do Nada. Nem D. Evarista, esposa do Alienista escapou: indecisa entre ir a uma festa com o colar de granada ou o de safira. O boticário, os inocentes aficionados em enigmas e charadas, todos eram loucos. No começo a vila de Itaguaí aplaudiu a atuação do Alienista, mas os exageros de Simão Bacamarte ocasionaram um motim popular, a rebelião das canjicas, liderados pelo ambicioso barbeiro Porfírio. Porfírio acaba vitorioso, mas em seguida compreende a necessidade da Casa Verde e alia-se a Simão Bacamarte. Há uma intervenção militar e os revoltosos são trancafiados no hospício e o alienista recupera seu prestígio. Entretanto, Simão Bacamarte chega à conclusão de que quatro quintos da população internada eram casos a repensar. Inverte o critério de reclusão psiquiátrico e recolhe a minoria: os simples, os leais, os desprendidos e os sinceros. O alienista contudo, imbuído de seu rigor científico percebe que os germes do desequilíbrio prosperam porque já estavam latentes em todos. Analisando bem, Bacamarte verifica que ele próprio é o único sadio e reto. Por isso o sábio internou-se no casarão da Casa Verde, onde morreu dezessete meses depois, apesar do boato de que ele seria o único louco de Itaguaí, recebeu honras póstumas.

FASE ROMÂNTICA FASE REALISTA

Ressurreição Memórias póstumas de Brás Cubas

A mão e a luva Quincas Borba

Helena Dom Casmurro

Iaiá Garcia Esaú e Jacó

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REALISMO-NATURALISMO

RESUMO DE MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS O romance é constituído de 160 capítulos, em geral, curtos, e alguns de grande inventividade formal, como o que sugere a relação sexual entre os amantes, constituído basicamente de sinais de pontuação (cap. LV) ou o que nos mostra o epitáfio de Eulália (cap. CXXV) e o que explica o seu insucesso na carreira política (cap. CXXXIX). Outro elemento importante da obra é a grande quantidade de citações e referências intertextuais, principalmente da literatura inglesa e francesa. O ritmo da obra é lento, com várias digressões e narrado de maneira irreverente e irônica por um "defunto autor" (e não um "autor defunto"), Brás Cubas. Desde pequeno, o garoto já

revela a falha de caráter, pois montava no seu escravo Prudêncio e o chicoteava, não sendo punido pelo pai. Brás Cubas vai contando a sua vida e contando os vários episódios que viveu. Conta sobre a prostituta de luxo espanhola Marcela, que o amou "durante quinze meses e onze contos de réis". Para livrar-se dela, os pais de Brás Cubas decidem mandá-lo para a Europa. Volta doutor, em tempo de ver a mãe antes de morrer. De volta ao Brasil, namoro brevemente com Eugênia, uma moça simples e pobre, defeituosa de uma perna. Por interferência de seu pai, começa um namoro com Virgília, cujo pai poderia favorecer uma almejada carreira política. Virgília lhe é roubada por Lobo Neves, mais decidido e confiante. O pai de Brás Cubas morre, e anos depois, Brás Cubas, solteirão, e Virgília, esposa de Lobo Neves, tornam-se amantes, e encontram-se em uma casa cuidada por D. Plácida. Lobo Neves é nomeado para presidente de uma província do norte do Brasil, e Brás teme pela separação de Virgília. O próprio Lobo Neves, confiando no amigo, chega a convidar Brás Cubas para ser seu secretário na província. Porém, quando da publicação do edital de nomeação no diário oficial, Lobo Neves declina do cargo, pois fora publicado no dia 13, e ele tinha uma superstição com esse número. Virgília fica grávida de Brás Cubas, porém, a criança morre antes de nascer, e os amantes se separam. Lobo Neves é novamente nomeado para presidente de outra província e desta feita os amantes se separam. Sabina, a irmã de Brás, arranja-lhe uma noiva, Eulália, que morre vítima de uma epidemia. Numa certa ocasião, no passeio público, Brás reencontra Quincas Borba, um amigo de escola. Quincas é um mendigo, e num abraço rouba-lhe um relógio. Pouco depois, Quincas Borba aparece rico e filósofo, herdeiro de uma grande fortuna e propagador do Humanitismo, filosofia baseada na máxima: ―Ao Vencedor, às batatas‖. Noutro reencontro, Brás Cubas vê Marcela, velha e arruinada num subúrbio do Rio de Janeiro. Encontra Prudêncio, seu ex-escravo, que agora tem o seu próprio escravo e bate nele como forma de vingança pelo que Brás Cubas fazia-lhe. Sem conseguir ser político, Brás Cubas tenta lançar o emplastro Brás Cubas, que traria a glória buscada pelo personagem. Porém, Brás Cubas vem a falecer de pneumonia antes de realizar o seu intento.

RESUMO DE QUINCAS BORBA

A História gira em torno da vida de Rubião, amigo e enfermeiro particular do filósofo Quincas Borba. Quincas Borba vivia em Barbacena e era muito rico, e ao morrer deixa ao amigo toda a sua fortuna, herdada de seu último parente. Trocando a pacata vida provinciana pela agitação da corte, Rubião muda-se para o Rio de Janeiro após a morte de seu amigo, causada por infecção pulmonar. Leva consigo o cão, também chamado de Quincas Borba, que pertencera ao filósofo e do qual deveria cuidar sob a

pena de perder a herança. Durante a viagem de trem para o Rio de Janeiro, Rubião conhece o casal Sofia e Cristiano Palha, que logo percebem estar diante de um rico e ingênuo provinciano. Atraído pela amabilidade do casal e, sobretudo, pela beleza de Sofia, Rubião passa frequentar a casa deles, confiando cegamente no novo amigo. Palha se destaca como um esperto comerciante e administra a fortuna de Rubião, tirando parte de seus lucros. Com o tempo, Rubião sente-se cada vez mais

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atraído por Sofia, que mantém com ele atitude esquiva, encorajando-o e ao mesmo tempo impondo certa distância. Por outro lado, a ingenuidade de Rubião torna-o presa fácil de várias outras pessoas interessadas e oportunistas, que se aproximam dele para explorá-lo financeiramente. Depois de algum tempo, Rubião começa a manifestar sintomas de loucura, que o levará à morte, a mesma loucura de que fora vítima o seu amigo, o filósofo Quincas Borba, de quem herda a fortuna. Louco e explorado até ficar reduzido à miséria, o destino trágico de Rubião exemplifica a tese do Humanitismo. Rubião, após ser internado em um hospício pelo casal Palha, adoece e diz, no seu último momento de vida: Ao vencedor, as batatas! O cachorro Quincas Borba é abandonado, e, dias depois, morre de fome.

RESUMO DE DOM CASMURRO

Vivendo no Engenho Novo, quase recluso em sua casa, construída segundo o molde da que fora a de sua infância na Rua de Matacavalos, Bento de Albuquerque Santiago, com cerca de 54 anos e conhecido pela alcunha de Dom Casmurro por seu gosto pelo isolamento, decide escrever sua vida. Após a morte do pai, a mãe D. Glória é quem governa na casa, onde

moram Tio Cosme, Prima Justina e o agregado José Dias. A vida do protagonista/narrador transcorre sem maiores incidentes até quando, ao entrar em casa, ouve pronunciarem seu nome e esconde-se rapidamente atrás da porta. Na conversa entre sua mãe e José Dias, Bentinho fica sabendo que sua mãe se mantém firme na intenção de colocá-lo no seminário, promessa que fizera a Deus caso tivesse um segundo filho varão, já que o primeiro morrera ao nascer. Bentinho fica sabendo que a reativação da promess devia-se ao fato de José Dias ter informado D. Glória a respeito de seu incipiente namoro com Capitolina Pádua (Capitu), que morava na casa ao lado. O próprio Bentinho revela à mãe não ter vocação, o que também não a faz voltar atrás. Padre Cabral, um amigo de tio Cosme, decide finalmente cumprir a promessa e o envia ao seminário, prometendo, contudo, que se dentro de dois anos não revelasse vocação para o sacerdócio, estaria livre para seguir outra carreira. Antes da partida de Bentinho, este e Capitu juram casar-se. No seminário, Bentinho conhece Ezequiel de Souza Escobar, filho de um advogado de Curitiba. Os dois tornam-se amigos e confidentes. Em um fim de semana em que Bentinho visita D. Glória, Escobar o acompanha e é apresentado a todos, inclusive a Capitu. Esta, depois da partida de Bentinho, começara a frequentar assiduamente a casa de D. Glória. Enquanto isto, Bentinho continuava seus esforços junto a José Dias, que, tendo fracassado em seu plano de fazê-lo estudar medicina na Europa, sugeria agora que ambos fossem a Roma pedir ao Papa a revogação da promessa. A solução definitiva, contudo, partiu de Escobar. Segundo este, D. Glória prometera a Deus dar-lhe um sacerdote, mas isto não queria dizer que o mesmo deveria ser necessariamente seu filho. Sugeriu então que ela adotasse algum órfão e lhe custeasse os estudos. Livre do problema, Bentinho deixa o seminário com cerca de 17 anos e vai para São Paulo estudar, tornando-se, cinco anos depois, advogado. Por sua parte, Escobar, que também saíra do seminário, tornara-se um comerciante bem-sucedido, vindo a casar com Sancha, amiga e colega de escola de Capitu. Bento e Capitu finalmente casam-se, passando a morar no bairro da Glória. O escritório de advocacia progride e a felicidade do casal seria completa não fosse a demora em nascer um filho. Isto faz com que ambos sintam inveja de Escobar e Sancha, que tinham

tido uma filha, batizada com o nome de Capitolina. Depois de alguns anos, nasce Ezequiel, assim chamado para retribuir a gentileza do casal de amigos. Anos depois, Escobar, que gostava de nadar, morre afogado. No enterro, Capitu olha tão fixamente e com tal expressão para Escobar morto que Bento fica abalado e quase não consegue pronunciar o discurso fúnebre. Cerca de um ano depois, advertido pela própria Capitu, Bento começa a perceber as semelhanças de Ezequiel com Escobar. As relações entre Bento e Capitu deterioram-se rapidamente. A solução de colocar Ezequiel num internato não se revela eficaz, já que Bento não suporta mais

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ver o filho, o qual por sua vez, se apega a ele cada vez mais, tornando a situação ainda mais crítica. Num gesto extremo, Bento decide suicidar-se com veneno, colocado numa xícara de café. Interrompido pela chegada de Ezequiel, altera intempestivamente seu plano e decide dar o café envenenado ao filho, mas, no último instante, recua e em seguida desabafa, dizendo a Ezequiel que não é seu pai. Nesse momento Capitu entra na sala e quer saber o que está acontecendo. Bento repete que não é pai de Ezequiel e Capitu exige que diga por que pensa assim. Para manter as aparências, o casal parte pouco

depois rumo à Europa, acompanhado do filho. Bento retorna a seguir, sozinho. Anos depois, recebe a visita de Ezequiel, que era então a imagem perfeita de seu velho colega de seminário. Capitu morrera e fora enterrada na Europa. Ezequiel permanece alguns meses no RJ e depois parte para uma viagem de estudos científicos no Oriente Médio, já que era apaixonado da arqueologia. Onze meses depois morre de uma febre tifóide em Jerusalém e é ali enterrado. Mortos todos, familiares e velhos conhecidos, Bento/Dom Casmurro fecha-se em si próprio.

 RAUL POMPÉIA: ocupa posição controvertida na literatura. Apontado por alguns como pertencente ao Realismo-Naturalismo, é distinguido ainda como o iniciador da ficção impressionista no Brasil, graças aos traços psicológicos de suas personagens e à preocupação com a memória. Em sua obra há, também, alguns traços de expressionismo, como o gosto mórbido e grotesco e a deformação na caracterização dos personagens. Obras: O Ateneu.

RESUMO DE O ATENEU

Sérgio, narrador e personagem principal, relata os dois anos vividos no Ateneu, um internato para meninos, dirigido por Aristarco. Tinha em suas classes alunos provenientes de respeitáveis famílias cariocas e também de outros estados. No início do ano letivo, Sérgio, então com 11 anos de idade, chega ao colégio pelas mãos do pai que, profeticamente, lhe diz: "Vais encontrar o mundo (...). Coragem para a luta". Logo no início

das aulas, o professor Mânlio recomenda Sérgio a Rebelo, o mais sério de seus alunos, que o adverte da necessidade de ser homem e forte ali, não admitindo protetores. Os meninos tímidos e ingênuos eram protegidos pelos mais fortes, que exigiam favores sexuais em troca. Franco, menino pobre, agressivo e problemático, era considerado por todos o bode expiatório, sendo por isso alvo de severas punições. Barbalho, de cara amarela, olhos vesgos e gordura balofa, sentava-se no fundo, e, sempre que possível, com um riso cínico, fazia chacota de Sérgio que, um dia, não suportando mais, rolou com ele em uma briga feroz. Outra fonte de constrangimento explícito, no Ateneu, era a leitura das notas todas as manhãs por Aristarco que enaltecia os mais fortes e desmoralizava os mais fracos. Um dia, alguém puxou Sérgio pelas pernas dentro da piscina, para afogá-lo. Sanches o salva. Primeiro aluno da classe, além de proteção, Sanches o auxilia nos estudos, e Sérgio passa a demonstrar melhoras no rendimento escolar. Apesar de amigos, Sérgio sente asco pelo jeito pegajoso do companheiro que tenta mais e mais se encostar a ele. Um dia, o menino se afasta. Santa Rosália torna-se a sua padroeira-mor. Nesse período, o traço marginal de Franco também o atrai, e se aproximando dele acaba participando de uma traquinagem: para vingar-se da punição recebida no caso da urina na bomba do poço e, consequentemente, na água de lavar pratos, Franco convida Sérgio para irem aos arredores da escola, onde juntaram algumas

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garrafas velhas que trouxeram até a piscina. Franco quebrou-as e jogou os cacos no tanque para que todos se machucassem no dia seguinte. No desespero, atormentado pelo remorso e pela cumplicidade, Sérgio perde o sono e se põe a rezar. Por um feliz acaso, no dia seguinte, o tanque foi esvaziado e os meninos se banharam no chuveiro. Após este acontecimento, o garoto passa ver a religião de outra maneira. Rebaixando a função de Santa Rosália para uma mera marcadora de livros, e pouco tempo depois desaparece. O pai de Sérgio intervém a seu favor no colégio. Funda-se no colégio o Grêmio Literário Amor ao Saber, para exercício da retórica. Ali, Nearco da Fonseca, aluno novo, que nos esportes era um fracasso, revela-se excelente orador. Bento Alves, rapaz bom, forte e misterioso, é o bibliotecário do Grêmio. Torna-se conhecido e respeitado por ter segurado o assassino de um dos funcionários da escola. O crime foi passional e Ângela, camareira da esposa do diretor, tinha sido a causa. Sérgio e Bento Alves tornam-se companheiros. Barbalho fica de olho e conta a Malheiro, rival de Bento Alves, e pede que ele o provoque. Os dois brigam. Malheiro toma uma surra, Bento Alves é preso. Terminam as provas, nas quais Sérgio se sai bem, e finalmente chegam as férias. O comportamento de Bento muda, passa a agredi-lo. Lutam na frente de Aristarco, que não liga. Bento Alves sai do Ateneu. Um pequeno escândalo acontece: dois garotos estão namorando, e Aristarco, que tinha a carta amorosa de ambos, arma um clima de terror e medo entre os alunos. Além disso, estoura a revolta da falsa goiabada. Sérgio consegue uma nova amizade: Egbert é um garoto de origem inglesa. Como prêmio pelas boas notas, os amigos recebem um convite para jantar na casa do diretor, e Sérgio volta totalmente encantado por Dona Ema, a mulher de Aristarco. A camareira Ângela desperta nele e nos outros meninos uma incontrolável sensualidade. Sérgio visita Franco, que está doente. Morre alguns dias depois. Ao desmancharem a cama, cai dos lençóis um cartão: a gravura de Santa Rosália desaparecida. Solenidades de fim de ano: presença da princesa Regente e do Ministro do Império. Aristarco discursa empolgado eé homenageado com o seu busto em bronze. Depois da festa de Educação Física, Sérgio tem sarampo. Devido a isso e à enfermidade do pai que viajara com toda a família para a Europa, tem de ficar na enfermaria da escola no período de férias, sob os cuidados de Dona Ema. Américo, um menino estranho que ficara na escola obrigado pela família, incendeia a escola. A mulher do diretor foge com o amante, e Aristarco, desconsolado, presencia tristemente sua obra sucumbir.

BRASIL: NATURALISMO

 ALUÍSIO AZEVEDO: Introdutor do Naturalismo no Brasil. Como não é mestre na análise do íntimo de suas personagens, não cria tipos, mas dedica-se à

descrição das massas, observando-as do exterior e privilegiando o relato do pormenor. Suas narrativas se organizam em torno de episódios e diálogos frequentes, geralmente, comandados por narradores oniscientes. Obras: Uma Lágrima de Mulher, O Mulato, A Condessa Vésper, Casa de Pensão, Filomena Borges, O Homem, O Coruja, O Cortiço, O Livro de uma Sogra, Demônios, O Touro Negro.

RESUMO DE O MULATO

Saindo criança de São Luís para Lisboa, Raimundo viajava órfão de pai, um ex-comerciante português, e afastado da mãe, Domingas, uma ex-escrava do pai. Depois de anos na Europa, volta formado para o Brasil. Passa um ano no

Rio e decide regressar a São Luís para rever seu tutor e tio, Manuel Pescada. Bem recebido pela família do tio, Raimundo desperta logo as atenções de sua prima Ana Rosa que, em dado momento, lhe declara seu amor. Essa paixão correspondida encontra três obstáculos: o do pai, que queria a

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filha casada com um dos caixeiros da loja; o da avó Maria Bárbara, mulher racista; e o do Cônego Diogo, comensal da casa e adversário natural de Raimundo. Todos três conheciam as origens negróides de Raimundo. E o Cônego Diogo era o mais empenhado em impedir a ligação, uma vez que fora responsável pela morte do pai do jovem. Foi assim: depois que Raimundo nasceu, seu pai, José Pedro da Silva, casou-se com Quitéria Inocência de Freitas Santiago, mulher branca. Suspeitando da atenção particular que José Pedro dedicava ao pequeno Raimundo e à escrava Domingas, Quitéria ordena que açoitem a negra e lhe queimem as partes genitais. Desesperado, José Pedro carrega o filho e leva-o para a casa do irmão, em São Luís. De volta à fazenda, imaginando Quitéria ainda refugiada na casa da mãe, José Pedro ouve vozes em seu quarto. Invadindo-o, o fazendeiro surpreende Quitéria e o então Padre Diogo em pleno adultério. Desonrado, o pai de Raimundo mata Quitéria, tendo Diogo como testemunha. Graças à culpa do adultério e à culpa do homicídio, forma-se um pacto de cumplicidade entre ambos. Diante de mais essa desgraça, José Pedro abandona a fazenda, retira-se para a casa do irmão e adoece. Algum tempo depois, já restabelecido, José Pedro resolve voltar à fazenda, mas, no meio do caminho, é tocaiado e morto. Raimundo ignorava tudo isso. Em São Luís, já adulto, sua preocupação básica é a de desvendar suas origens e, por isso, insiste com o tio em visitar a fazenda onde nascera. Durante o percurso a São Brás, Raimundo começa a descobrir os primeiros dados sobre suas origens e insiste com o tio para que lhe conceda a mão de Ana Rosa. Depois de várias recusas, Raimundo fica sabendo que o motivo da proibição devia-se à cor de sua pele. De volta a São Luís, Raimundo muda-se da casa do tio, decide voltar para o Rio, confessa em carta a Ana Rosa seu amor, mas acaba não viajando. Apesar das proibições, Ana Rosa e ele concertam um plano de fuga, ela está grávida. No entanto, a carta principal fora interceptada por um cúmplice do Cônego Diogo, o caixeiro Dias, empregado de Manuel Pescada e forte pretendente, sempre repelido, à mão de Ana Rosa. Na hora da fuga, os namorados são surpreendidos. Arma-se o escândalo, do qual o cônego é o grande regente. Raimundo retira-se desolado e, ao abrir a porta de casa, um tiro acerta-o pelas costas. Com uma arma que lhe emprestara o Cônego Diogo, o caixeiro Dias assassina o rival. Ana Rosa aborta. Entretanto, seis anos depois, vemo-la saindo de uma recepção oficial, de braço com o Sr. Dias e preocupada com os "três filhinhos que ficaram em casa, a dormir".

RESUMO DE O CORTIÇO

JOÃO ROMÃO, português, bronco e ambicioso, compra pequeno estabelecimento comercial no subúrbio da cidade. Ao lado morava uma preta, escrava fugida, trabalhadeira, que possuía uma quitanda e umas economias. Os dois amasiam-se, passando a escrava a trabalhar como burro de carga para João Romão. Com o dinheiro de BERTOLEZA, o português compra algumas braças de terra e alarga sua

propriedade. Para agradar a Bertoleza, forja uma falsa carta de alforria. Com o decorrer do tempo, João Romão compra mais terras e nelas constrói três casinhas que imediatamente aluga. O negócio dá certo e os novos cubículos se vão amontoando. João Romão acaba construindo vasto e movimentado cortiço. Ao lado vem morar outro português, mas de classe elevada, com certos ares de pessoa importante, o Senhor MIRANDA, cuja mulher ESTELA é adúltera, tendo caso inclusive com HENRIQUE, o agregado de quinze anos da casa, protegido de Miranda. Miranda e Estela têm uma filha: ZULMIRA, e vivem ainda com o velho parasita BOTELHO. Miranda não se dá com João Romão, nem vê com bons olhos o cortiço perto de sua casa. No cortiço moram os mais variados tipos: a MACHONA, lavadeira gritalhona, mãe de ANA DAS DORES (filha desquitada), AGOSTINHO (pestinha que morre num acidente na pedreira) e NENÉM (filha virgem); ALEXANDRE (guarda), marido de AUGUSTA CARNE MOLE, pais de JUJU (afilhada de Leónie e futura prostituta); POMBINHA, moça franzina que é o orgulho da mãe D. ISABEL, e noiva de JOÃO DA COSTA, mas que se desencaminha por causa da madrinha prostituta LEÓNIE, que é lésbica. MARCIANA, mulata com mania de limpeza, mãe de FLORINDA, perde o juízo quando a filha engravida de um dos vendeiros de Romão e foge de casa. BRUNO, o marido traído de LEOCÁDIA, que comete adultério com Henrique e vive engravidando para ser ama de leite.

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LEONOR, negrinha virgem que se esquiva dos homens, PAULA, a bruxa, ALBINO, o lavadeiro homossexual, LIBÓRIO, velho pão-duro que esmolava, mas possuía uma fortuna escondida. RITA BAIANA, mulata faceira que andava amigada na ocasião com FIRMO, malandro valentão que vai morar no cortiço inimigo, dos Cabeça de Gato. Rita se apaixona por JERÔNIMO, português que trabalha na pedreira de Romão, que veio com a mulher PIEDADE para o Brasil e a filha SENHORINHA. FIRMO fica com ciúmes, esfaqueia JERÔNIMO, e para se vingar, este o mata com a ajuda de PATACA, que se torna um dos aproveitadores de Piedade quando Jerônimo foge para viver como malandro na companhia de Rita Baiana. Para vingar a morte de Firmo, os Cabeça de Gato travam uma briga com os Carapicus (moradores do cortiço de João Romão). João Romão reconstrói o cortiço, que fora incendiado pela Bruxa, e pretende se casar com uma mulher de educação fina: Zulmira. Romão arma com Botelho para conseguir a aceitação de Miranda, que agora é barão, e o casamento é marcado. Mas há uma dificuldade: Bertoleza. João Romão manda um aviso aos antigos proprietários da escrava, denunciando-lhe o paradeiro. Pouco tempo depois, surge a polícia na casa de João Romão para levar Bertoleza aos seus antigos senhores. A escrava compreende o destino que lhe estava reservado e se suicida, cortando o ventre com a mesma faca com que estava limpando o peixe para a refeição de João Romão.

 ADOLFO CAMINHA: Sua obra, densa, trágica e pouco apreciada na época, é repleta de descrições de perversões e crimes. Obras: A normalista, Bom-Crioulo.

RESUMO DE A NORMALISTA

Maria do Carmo é uma menina do interior que foge da seca com sua família e, por conta da morte da mãe e da migração do pai, passa a viver na casa de seu padrinho João da Mata, amanuense de Fortaleza amigado com D. Terezinha. Educada em colégio de orientação religiosa até tornar-se aluna da Escola Normal, Maria do Carmo torna-se mas atraente com o passar do tempo, e tem a curiosidade sobre o sexo inflamada pela amiga Lídia Campelo, cuja promiscuidade só não é menor que a da mãe, que tem um caso com o noivo da filha, José Pereira. Maria inicia um namoro com Zuza, jovem estudante de Direito, filho de um dos coronéis da cidade. A relação é

comentada maliciosamente em toda a cidade, e provoca a desaprovação do pai do rapaz, que exige o seu imediato retorno a Recife para concluir seus estudos. João da Mata, que planeja um meio de conseguir seduzir a afilhada, rompe as relações com D. Terezinha, que já desconfiava de suas intenções. Zuza parte, e uma noite, José da Mata seduz Maria do Carmo com promessas de aceitar o seu namoro com Zuza. Maria engravida, e se lida com o desprezo de D. Terezinha. Parte da cidade e espera o nascimento. Há um acidente durante o parto, e o bebê morre. Apesar dos comentários, a normalista retoma sua vida e se preparar para casar-se com o alferes Coutinho. RESUMO DE BOM-CRIOULO

Ainda num tempo em que a Abolição não fora proclamada, Amaro, aos dezoito anos, ingressa na Marinha. Não queria voltar à fazenda como escravo e embarcou na corveta, onde foi aceito como marinheiro. Os oficiais o estimavam pelo caráter bom e modos ingênuos, por isso é que recebeu o apelido de Bom-Crioulo. Ganhou fama de negro forte,

embora de caráter ameno. Aos poucos, durante uma viagem em que fora nomeado gajeiro (encarregado) de proa, pôs-se em contato com a cachaça e ficava violento de tal forma que os demais o temiam. Foi nessa viagem que conheceu o grumete Aleixo. Passou a dar conselhos ao rapaz sobre a vida de marinheiro: que não se metesse em brigas. Tornam-se amantes. Ao

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aportarem no Rio de Janeiro, Amaro vai procurar sua amiga Dona Carolina e ali encontra para ele e Aleixo um quartinho. Os três, Amaro, Dona Carolina e Aleixo, passavam a formar uma família. Bom-Crioulo começou, de repente, a emagrecer, a achar-se fraco e com dor no peito. Seu afeto ao menino já não era lúbrico nem tão ardente, e confiava que o menino não o trairia. Amaro foi nomeado para servir em outro lugar, mas não gostou porque o grumete não iria com ele. Dona Carolina, a quem Aleixo viu só em camisas (de roupa íntima) da porta do quarto, seduz Aleixo. Enquanto isso, Amaro foge no escaler das compras e vai à pensão. Depois de esperar inutilmente por Amaro, sai, bebe, briga, tenta voltar ao escaler e é preso. Aleixo, em dia de folga, vê Dona Carolina, já apaixonado. Amaro fica hospitalizado pela surra de chibata, e pede a um funcionário do hospital que escreva um bilhete ao rapaz, dizendo que estava ali há cerca de um mês, e que viesse vê-lo. Aleixo amiga-se com Dona Carolina, e ela não entrega o bilhete de Amaro, e só conta mais tarde. Amaro foge do hospital ao saber que Aleixo estava amigado com uma mulher. Amaro leva uma navalha, e imagina quem deve ser a mulher, descartando Dona Carolina. Foi para a rua da Misericórdia, e viu Aleixo sair. Houve um tumulto e gritos. Quando Dona Carolina chegou à janela do sobrado, viu Aleixo ensangüentado, levado por dois marinheiros porque foi morto à navalhadas. O Bom-Crioulo seguia rua abaixo, preso pelos guardas.

 INGLÊS DE SOUSA: A principal característica de sua obra é o enfoque no homem amazônico, com fidelidade a cenas regionais. Obras: O cacaulista, O coronel sangrado, Contos amazônicos, O Missionário.

RESUMO DE O MISSIONÁRIO

Tomando o hábito, o Padre Antônio de Morais vai para Silves, povoado paraense, à entrada da selva amazônica. Carente de vocação, mas tem prestígio de sacerdote correto. Para romper a rotina, o padre arma um audacioso sermão, e conquista opositores, entre eles Chico Fidêncio, um jornalista. O dia-a-dia de Silves, com seus mexericos e intrigas, passa a girar em torno do Padre Morais. Entrando na floresta a fim de catequizar os mundurucus, Morais acompanha-se do sacristão Macário, mas este regressa a Silves antes de chegar ao encontro com os

mundurucus. Doente, Morais chega ao sítio de João Pimenta, onde Clarinha, neta do agricultor, e prolongado repouso lhe restituem a saúde e lhe acordam o erotismo que a batina dissimulara até então. Clarinha, mameluca de comportamento algo imoral para os padrões religiosos, seduz o Padre. Levando consigo a menina, retorna a Silves e é recebido como um autêntico santo.

 JÚLIO RIBEIRO: Em A carne, Júlio Ribeiro foi muito criticado por mostrar o naturalismo dentro da sexualidade. A cegueira da sociedade foi contaminada pelo tom ―obsceno‖ do livro, e o mais importante foi esquecido: o surgimento de uma mulher independente, em todos os sentidos, mesmo que seja em romances.

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Conta a história da garota Lenita, cuja mãe morrera em seu nascimento e o pai educara-a ministrando-lhe instrução acima do comum. Aos 22 anos, após a morte de seu pai, tornou-se uma jovem extremamente sensível e teve sua saúde abalada. Com o intuito de sentir-se melhor, Lenita decide ir viver no interior de São Paulo, na fazenda do Coronel Barbosa, velho que havia criado seu pai. Lá, conhece Manuel Barbosa, o filho do coronel. Manuel era um homem já maduro, vivia trancado no quarto com seus livros e periodicamente partia para longas caçadas. Vivera por dez anos na Europa, onde se casara com uma francesa de quem se separara há muito tempo. Lenita firmara uma sólida amizade com Manuel, que se torna paixão. Lenita desde logo se revela uma moça dominada pelos desejos

da carne, o que ela buscava não era propriamente o amor, mas a satisfação de seus desejos sexuais. Lenita e o Coronel Barbosa chegam a se sentir atraídos um pelo outro, e o Coronel viaja a negócios. Lenita casa com Manuel, mesmo ele já tendo sido casado. Um dia, encontra cartas de outras mulheres guardadas pelo marido, e o abandona, estando grávida dee três meses. Casa-se com outro homem, e Manuel toma veneno. No último minuto, decide avisar sobre a existência de um antídoto, mas o veneno o paralisa, e ele morre.

 DOMINGOS OLÍMPIO: sua característica marcante é temática sertaneja e a presença da violência em suas obras. Obras: Luzia-Homem.

RESUMO DE LUZIA-HOMEM

O cenário é o interior do Ceará, nos fins de 1878, durante uma grande seca. Na construção da penitenciária de Sobral, muitos retirantes trabalham. Luzia, uma linda morena, faz serviços de homem para receber ração dobrada, pois a mãe está doente. Seu corpo é feminino, mas forte, por isso recebe o apelido de Luzia-Homem. O soldado Crapiúna era obcecado por Luzia, que só o desprezava. Luzia tinha um amigo respeitoso e bonito chamado Alexandre, que t rabalhava no armazém. Outra amiga sua era Teresinha, que há muito havia fugido de casa e se prostituíra. Um dia, Alexandre é preso por roubo, mas Luzia e Teresinha, acreditando na inocência dele, levam-lhe comida todos os dias. Tempos depois, Teresinha, na rede, vê nos fundos do quintal

Crapiúna abrindo um baú e apanhando uma bolsa com dinheiro. Teresinha conta a Luzia, que investiga e descobre com Quinotinha que Crapiúna confessara ser o autor do roubo a uma mulher que o amava. Luzia conta ao Delegado, Alexandre é absolvido, e Crapiúna é expulso da corporação e preso, jurando vingar-se. Teresinha encontra a família que a estava procurando pelo sertão e vão morar juntos na casa dela. Alexandre propôs a Luzia irem morar na serra, levando a mãe dela e a família de Teresinha. Luzia e Alexandre já se amavam platonicamente. Alexandre partiu no dia seguinte com a família de Teresinha. Teresinha, Luzia, Josefina, Raulino e outros quatro homens foram na tarde do dia seguinte. Teresinha foi na frente, e os cinco homens carregavam a rede com D. Josefina e Luzia atrás. Na serra, Raulino indicou um atalho à Luzia, que foi seguindo os passos de Teresinha no barro. Andou ao redor de um morro até que chegou a um rio cheio de pedras e de água pura. Quando ia atravessá-lo ouviu um grito. Olhou a sua esquerda e viu Crapiúna, que havia fugido da cadeia e que estava segurando Teresinha pelo braço. Crapiúna avançou sobre Luzia, puxando-a e rasgando toda sua roupa. Luzia cravou as unhas no rosto de Crapiúna, arrancando-lhe os olhos e o deixando desfigurado e tonto. Crapiúna arrancou uma faca e cravou-a no peito de Luzia, despencando do penhasco. Neste instante chega Raulino, que vê Teresinha horrorizada e, olhando a sua direita, aproxima-se de Luzia, já com os olhos arregalados e sem vida.

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 MANUEL DE OLIVEIRA PAIVA: em Dona Guidinha do Poço, mostra uma história que realmente aconteceu, mudando os nomes dos personagens e acrescentando alguns detalhes ficcionais e ilustrativos. Introduz as variações linguísticas do sertanejo.

RESUMO DE DONA GUIDINHA DO POÇO

Narra a história da poderosa Margarida Reginaldo de Oliveira Barros, a Guidinha, esposa do Major Joaquim, dona de cinco fazendas, prédios, gado, prataria e muitos escravos. Mulher bravia e apaixonada, envolve-se com um sobrinho de seu marido, Secundino, soldado elegante e vaidoso. Este, acusado de homicídio, esconde-se na casa do tio, que desconfiado de seus amores com a mulher, resolve entregá-lo à polícia. Como vingança, Dona Guidinha manda um caboclo matar o marido, e, como sempre altaneira, é conduzida a prisão, sob vaias da população.

TESTES

01. O realismo foi um movimento de: a) volta ao passado;

b) exacerbação ultra-romântica;

c) maior preocupação com a objetividade; d) irracionalismo;

e) moralismo.

Resposta: Alternativa C

02. A respeito do Realismo, pode-se afirmar:

I– Busca o perene humano no drama da existência.

II– Defende a documentação de fatos e a impessoalidade do autor perante a obra. III– Estética literária restritamente brasileira; seu criador é Machado de Assis.

a) São corretas apenas II e III. b) Apenas II é correta.

c) As três afirmações são corretas. d) São corretas I e III.

e) As três informações são incorretas.

Resposta: Alternativa B

03. O Realismo, como escola literária, é caracterizado:

a) pelo exagero da imaginação; b) pelo culto da forma;

c) pela preocupação com o fundo; d) pelo subjetivismo;

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Resposta: Alternativa E

04. Podemos verificar que o Realismo revela:

I– senso do contemporâneo. Encara o presente do mesmo modo que Romantismo se volta para o passado ou para o futuro.

II– o retrato da vida pelo método da documentação, em que a seleção e a síntese operam buscando um sentido para o encadeamento dos fatos.

III– técnica minuciosa, dando a impressão de lentidão, de marcha quieta e gradativa pelos meandros dos conflitos, dos êxitos e dos fracassos.

Assinale:

a) se as afirmativas II e III forem corretas; b) se as três afirmativas forem corretas; c) se apenas a afirmativa III for correta; d) se as afirmativas I e II forem corretas; e) se as três afirmativas forem incorretas.

Resposta: Alternativa B

05. Das características abaixo, assinale a que NÃO pertence ao Realismo:

a) Preocupação critica.

b) Visão materialista da realidade.

c) Ênfase nos problemas morais e sociais. d) Valorização da Igreja.

e) Determinismo na atuação das personagens.

Resposta: Alternativa D

06. (FUVEST) Leia:

Prosperava, com efeito! Não punha na cama senão lençóis de linho. Reclamara colchões novos, um tapete para os pés da cama, felpudo! (...) Tinha cortinas de cassa na janela, apanhadas com velhas fitas de seda azul; e sobre a cômoda dois vasos da Vista Alegre dourados! Enfim um dia santo, em lugar da cuia de retrós, apareceu com um chignon de cabelo! (Eça de Queirós – O primo Basílio)

O trecho acima se refere a: a) Luísa. b) Juliana. c) D. Felicidade. d) Leopoldina. e) Joana. Resposta: Alternativa B

07. (UNIBAN) Por meio dos personagens de O primo Basílio, Eça de Queirós, sendo fiel às teses realistas, critica a sociedade de seu tempo. Assinale a alternativa em que a caracterização do personagem não ganha dimensão de crítica social:

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a) Luísa é o protótipo da mulher burguesa que, por alimentar sonhos pueris, se frustra com a vida conjugal entediante.

b) Jorge, funcionário público, orienta-se por princípios conservadores e preocupa-se com a preservação das aparências.

c) Conselheiro Acácio é um intelectual superficial, raso, que valoriza as aparências, sendo, na realidade, sobretudo hipócrita.

d) Julião ressente-se de sua condição de inferioridade, no entanto, acomoda-se com o respeito discreto que um cargo público lhe confere.

e) D. Felicidade é a mulher que, não tendo casado até os cinquenta anos, conserva recato e pudor.

Resposta: Alternativa E

08. (FUVEST) Como se sabe, Eça de Queirós concebeu o livro O primo Basílio como um romance de crítica da sociedade portuguesa cujas "falsas bases" ele considerava um "dever atacar". A crítica que ele aí dirige a essa sociedade incide mais diretamente sobre:

a) o plano da economia, cuja estagnação estava na base da desordem social.

b) os problemas de ordem cultural, como os que se verificavam na educação e na literatura.

c) a excessiva dependência de Portugal em relação às colônias, responsável pelo parasitismo da burguesia metropolitana.

d) a extrema sofisticação da burguesia de Lisboa, cujo luxo e requinte conduziam à decadência dos costumes.

e) os grupos aristocráticos, remanescentes da monarquia, que continuavam a exercer sua influência corruptora em pleno regime republicano.

Resposta: Alternativa D

09. (UFPI) Das alternativas abaixo, indique a que NÃO condiz com o romance O Primo Basílio, de Eça de Queirós:

a) É uma obra realista-naturalista e nela o narrador aparece como um observador imparcial que vê os acontecimentos com neutralidade.

b) Apresenta como tema central o adultério e o autor explora o erotismo ao detalhar a relação entre os amantes.

c) Mostra-se como uma lente de aumento sobre a intimidade das famílias e revela criticamente a pequena burguesia do final do século XIX em Lisboa.

d) Ataca as instituições sociais como a Família, a Igreja, a Escola e o Estado, sempre com a preocupação de fazer um vasto inquérito da sociedade portuguesa e moralizar os costumes da época.

e) Caracteriza-se por ironia fina, caricaturismo e humor na composição das personagens, entre as quais se destaca o Conselheiro Acácio.

Resposta: Alternativa A

10. (VUNESP) Para responder à questão, leia o trecho seguinte, extraído de O Primo Basílio, de Eça de Queirós:

Bom Deus, Luiza começava a estar menos comovida ao pé do seu amante, do que ao pé do seu marido! Um beijo de Jorge perturbava-a mais, e viviam juntos havia três anos! Nunca se secara ao pé de Jorge, nunca! E secava-se positivamente ao pé de Basílio! Basílio, no fim, o que se tornara para ela? Era como um marido pouco amado, que ia amar fora de casa! Mas então valia a pena? Onde estava o defeito? No amor mesmo talvez! Porque enfim, ela e Basílio estavam nas condições melhores para obterem uma felicidade excepcional: eram novos, cercava-os o mistério, excitava-os a dificuldade... Por que era então que quase bocejavam? É

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que o amor é essencialmente perecível, e na hora em que nasce começa a morrer. Só os começos são bons. Há então um delírio, um entusiasmo, um bocadinho do céu. Mas depois! ... Seria pois necessário estar sempre a começar, para poder sempre sentir? E, pela lógica tortuosa dos amores ilegítimos, o seu primeiro amante fazia-a vagamente pensar no segundo!

No trecho, o amor é visto, predominantemente, como um sentimento

a) eterno, pois Luiza não deixa de amar seu marido, Jorge, apesar da distância que os separa. b) passageiro e frágil, pois, para Luíza, só os começos são bons.

c) intenso, pois Luiza se mostra profundamente dividida entre o amor de Basílio e Jorge. d) terno e carinhoso, como se pode notar na boa lembrança que Luiza tem do beijo de Jorge. e) sofrido, pois Luiza e Jorge sofrem por se amar demais e por não poderem ficar juntos.

Resposta: Alternativa B

11. (PUC) A obra O Primo Basílio, escrita por Eça de Queirós em 1878, é considerada uma das mais representativas do romance realista-naturalista português. Indique a alternativa abaixo que NÃO confirma o conteúdo desse romance:

a) Romance de tese, apresenta os mecanismos do casamento e analisa o comportamento da pequena burguesia de Lisboa.

b) Luísa, personagem central do romance, é caracterizada como uma mulher romântica, sonhadora e frágil, comportamento esse que a predispõe ao adultério.

c) O narrador do romance aproxima-se bastante do modelo proposto pela literatura realista, que se caracteriza pela objetividade e pelo senso da minúcia.

d) Entre as diferentes personagens que se movem na narrativa, está o Conselheiro Acácio, homem de caráter marcado por sagacidade, espírito crítico, franqueza e originalidade.

e) Basílio, personagem que dá título ao romance, não se compromete nem se envolve emocionalmente; apenas busca na aventura amorosa uma maneira agradável de ocupar o tempo.

Resposta: Alternativa D

12. (UEMS) Assinale a alternativa em que o discurso do narrador, no trecho transcrito de O crime do padre Amaro, de Eça de Queirós, NÃO reflete o ponto de vista do personagem indicado entre colchetes.

a) "A idéia da doença, da solidão que ela traz, faziam agora parecer a João Eduardo mais amarga a perda de Amélia. Se adoecesse, teria de ir para o hospital. O malvado do padre tirara-lhe tudo – mulher, felicidade, confortos de família, doces companhias da vida!" [JOÃO EDUARDO]

b) "Apenas fechou a carta, as folhas de papel branco espalhadas diante dela deram-lhe o desejo d’escrever ao padre Amaro. Mas o quê? Confessar-lhe o seu amor, com a mesma pena, molhada na mesma tinta, com que aceitava por marido o outro?... Acusá-lo de cobardia, mostrar o seu desgosto – era humilhar-se!" [AMÉLIA]

c) "O cônego soprava, agarrando fortemente o guarda-chuva contra o vento; Natário, cheio de fel, rilhava os dentes, encolhido no seu casacão; Amaro caminhava de cabeça caída, num abatimento de derrota; e enquanto os três padres, assim agachados sob o guarda-chuva do cônego, iam chapinhando as poças pela rua tenebrosa, por trás a chuva penetrante e sonora ia-os ironicamente fustigando!" [O CÔNEGO]

d) "Viera a suspeitar que a ela no fundo não lhe desagradava a mudança. João Eduardo por fim era um homem; tinha força dos vinte e seis anos, os atrativos de um belo bigode. Ela teria nos braços dele o mesmo delírio que tinha nos seus... Se o escrevente fosse um velho consumido de reumatismo, ela não mostraria a mesma resignação." [PADRE AMARO]

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Resposta: Alternativa C

13. (PSC) Assinale a opção que contém EXCLUSIVAMENTE títulos de romances de Eça de Queirós:

a) O Primo Basílio, Os Maias e A Relíquia

b) A Ilustre Casa de Ramires, O Moço Loiro e O Mandarim c) A Cidade e as Serras, Os Maias e O Seminarista

d) Casa de Pensão, O Crime do Padre Amaro e A Capital e) O Mandarim, Memorial de Aires e O Homem

Resposta: Alternativa A

14. (PSC) Leia inicialmente o enunciado a seguir:

Seu lirismo é o de um repórter, mas de um repórter atraído pela cidade, sensível a todos os seus aspectos, inclusive os degradantes. É um lirismo “realista”, porém diferente do parnasianismo, pois não é frio nem distante. A paisagem citadina o seduz como um visgo e, ao mesmo tempo, o repele, tornando-o um estranho a vagar pelas ruas. Essa é, pelo menos, a impressão que nos transmite uma de suas obras-primas: o poema “O Sentimento dum Ocidental”.

O texto acima se refere a: a) Antero de Quental b) Alphonsus de Guimaraens c) Cruz e Sousa d) Cesário Verde e) Alberto de Oliveira Resposta: Alternativa D

15. (PSC) No romance __________________, Eça de Queirós analisa com irreverência a hipocrisia religiosa. O protagonista Teodorico engana Titi com uma falsa crença, até que uma troca de objetos – um de caráter santo e outro uma peça de lingerie – desmascara definitivamente os propósitos com que viajara até o Oriente.

O enunciado acima deve ser corretamente completado com: a) O Mandarim

b) A Cidade e as serras c) A Ilustre casa de Ramires d) O Mistério da estrada de Sintra e) A Relíquia

Resposta: Alternativa E

16. (PSC) Leia o texto a seguir:

Noventa e cinco casinhas comportou a imensa estalagem. Prontas, João Romão mandou levantar na frente, nas vinte braças que separavam a venda do sobrado do Miranda, um grosso muro de dez palmos de altura, coroado de cacos de vidro e fundos de garrafa, e com um grande portão no centro, onde se dependurou uma lanterna de vidraças vermelhas, por cima de uma tabuleta amarela, em que se lia o seguinte, escrito a tinta encarnada e sem ortografia: “Estalagem de São Romão. Alugam-se casinhas e tinas para lavadeiras.”

Referências

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