Universidade Federal de Pernambuco
Departamento de Matem´atica - ´Area II 2oExerc´ıcio Escolar de ´Algebra Linear 17/03/2006GABARITO - SEGUNDO SEMESTRE DE 2005
[1a quest˜ao.] Considere o espa¸co vetorial V = M
2×2(R), a matriz A = · 1 2 −1 3 ¸
e o subespa¸co W = {B ∈ V : AB = BA} de V (conjunto das matrizes que comutam com
A).
(a) Determine uma base para W . (0.5 ponto)
Solu¸c˜ao: Se B ∈ W ´e tal que
B = · x y z w ¸ , ent˜ao · x y z w ¸ · · 1 2 −1 3 ¸ = · 1 2 −1 3 ¸ · · x y z w ¸
que equivale ao sistema: −y −2z = 0 x −2z −w = 0 2x +2y −2w = 0 y +2z = 0 Resolvendo, 0 −1 −2 0 1 0 −2 −1 2 2 0 −2 0 1 2 0 L1↔ (−)L2 ∼ 1 0 −2 −1 0 1 2 0 2 2 0 −2 0 1 2 0 L3← L3− 2L1 ∼ L4← L4− L2 1 0 −2 −1 0 1 2 0 0 2 4 0 0 0 0 0 L3← L3− 2L2 ∼ 1 0 −2 −1 0 1 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0
que representa o sistema ½ x −2z −w = 0 y +2z = 0 ou seja, B = · x y z w ¸ = · 2z + w −2z z w ¸ = z · 2 −2 1 0 ¸ + w · 1 0 0 1 ¸ , z, w ∈ R. Logo ½· 2 −2 1 0 ¸ , · 1 0 0 1 ¸¾
(b) Complete a base encontrada no item (a) para uma base de V . (0.5 ponto)
Solu¸c˜ao: Seja
B0 = ½ A1= · 2 −2 1 0 ¸ , A2= · 1 0 0 1 ¸ , A3= · 0 1 0 0 ¸ , A4= · 0 0 0 1 ¸¾ .
Vamos mostrar que B0 ´e uma base de W . Considere a matriz cujas linhas s˜ao
for-madas pelas coordenadas dos vetores de B0em rela¸c˜ao `a base canˆonica, e calculemos
seu determinante, usando a ´ultima linha:
det 2 −2 1 0 1 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 1 = (−1)4+4(1) det 2 −2 11 0 0 0 1 0 = 1 6= 0.
Assim, os vetores A1, A2,A3 e A4 s˜ao linearmente independentes e formam uma
base de V , pois V tem dimens˜ao 4.
(c) Calcule as matrizes de mudan¸ca de base entre a base do item (b) e a base canˆonica (1.0 ponto)
de V , a saber, C = ½· 1 0 0 0 ¸ , · 0 1 0 0 ¸ , · 0 0 1 0 ¸ , · 0 0 0 1 ¸¾
Solu¸c˜ao: as matrizes de mudan¸ca de base s˜ao obtida fazendo £ I¤BC0 =h£A1 ¤ C, £ A2 ¤ C, £ A3 ¤ C, £ A4 ¤ C i = 2 1 0 0 −2 0 1 0 1 0 0 0 0 1 0 1 £ I¤CB0 = ³£ I¤BC0´−1 = 0 0 1 0 1 0 −2 0 0 1 2 0 −1 0 2 1 (d) Encontre as coordenadas de C = · 1 1 1 1 ¸
em rela¸c˜ao `a base encontrada (b). (0.5 ponto)
Solu¸c˜ao: Sabendo que£C¤B0 =
£ I¤CB0· £ C¤C, temos, £ C¤B0 = 0 0 1 0 1 0 −2 0 0 1 2 0 −1 0 2 1 · 1 1 1 1 = 1 −1 3 2
[2a quest˜ao.] Seja T : R4−→ R3 definida por:
T (x1, x2, x3, x4) = (x2− 3x3+ x4, 2x1− 3x2+ x4, 2x1+ x2− x3).
(a) Encontre a matriz de T em rela¸c˜ao as bases canˆonicas de R4 e R3.
(1.0 ponto)
Solu¸c˜ao: Se denotarmos por C4 e C3 as respectivas bases canˆonicas de R4 e R3,
temos que £ T¤C4 C3 = h£ T e1 ¤ C3, £ T e2 ¤ C3, £ T e3 ¤ C3, £ T e4 ¤ C3 i ,
onde C4 = {e1, e2, e3, e4}. Assim, como T e1 = (0, 2, 2), T e2 = (1, −3, 1), T e3 =
£ T¤C4 C3 = 02 −31 −30 11 2 1 1 0 .
(b) Determine ker(T ) e Im(T ). (1.0 ponto)
Solu¸c˜ao: Se v ∈ R4, est´a no n´ucleo de T , temos que T v = ~0, ou, T (x
1, x2, x3, x4) =
(x2− 3x3+ x4, 2x1− 3x2+ x4, 2x1+ x2− x3) = (0, 0, 0), o que determina o seguinte
sistema de equa¸c˜oes lineares x2 −3x3 + x4 = 0 2x1 −3x2 + x4 = 0 2x1 + x2 − x3 = 0 Resolvendo, 02 −31 −3 10 1 2 1 −1 0 L1↔ 12L2 ∼ 1 −3 2 0 12 0 1 −3 1 2 1 −1 0 L3← L∼3− 2L1 1 −3 2 0 12 0 1 −3 1 0 4 −1 −1 L1← L1+32L2 ∼ L3← L3− 4L2 1 0 −9 2 2 0 1 −3 1 0 0 1 5 L1← L1+92L3 ∼ L2← L2+ 3L3 1 0 0 49 2 0 1 0 16 0 0 1 5
que equivale ao sistema x1 = −492x4 x2 = −16x4 x3 = −5x4 Logo, ker(T ) = D (49, 32, 10, −2) E .
Note, agora, que pelo teorema do n´ucleo e imagem, dim(Im(T )) = dim(R3) −
dim(ker(T )) = 4 − 1 = 3. Logo, Im(T ) ´e um subespa¸co de R3 de dimens˜ao 3,
portanto, Im(T ) = R3.
(c) T ´e injetiva? ´E sobrejetiva? Justifique. (0.5 ponto)
Solu¸c˜ao: Como ker(T ) 6= {~0} segue que T n˜ao ´e injetiva, e como Im(T ) = R3,
temos que T ´e sobrejetiva. 2
[3a quest˜ao.] Seja B = {v
1= (1, −1, 0), v2= (1, 1, 0), v3= (0, 0, −1)} ∈ R3.
(a) Determine as coordenadas de v = (x, y, z) em rela¸c˜ao `a base B. (0,5 ponto)
Solu¸c˜ao: (x, y, z) = a(1, −1, 0) + b(1, 1, 0) + c(0, 0, −1). −1 11 1 0 x0 y 0 0 −1 z L2← L∼2+ L1 L3← (−)L3 1 1 0 x 0 2 0 x + y 0 0 1 −z L2← 1 2L2 ∼ 1 1 0 x 0 1 0 x+y2 0 0 1 −z L1← L∼1− L2 1 0 0 x−y 2 0 1 0 x+y 2 0 0 1 −z , e, da´ı, v = (x, y, z) = x−y 2 v1+ x+y2 v2− z v3 e
[v]B = x − y 2 x + y 2 −z .
(b) Se T : R3 −→ R3 ´e uma transforma¸c˜ao linear tal que T v
1 = v3, T v2 = v2 e
T v3= −v1, determine T (x, y, z). (1.0 ponto)
Solu¸c˜ao: Usando que T v1= v3, T v2= v2e T v3= −v1, temos
v = x − y 2 v1+ x + y 2 v2− z v3, aplicando T T v = T µ x − y 2 v1+ x + y 2 v2− z v3 ¶ = x − y 2 T v1+ x + y 2 T v2− z T v3 = x − y 2 v3+ x + y 2 v2− z (−v1) = x − y 2 (0, 0, −1) + x + y 2 (1, 1, 0) + z (1, −1, 0) Ent˜ao T (x, y, z) = 1 2 ³ x + y + 2z, x + y − 2z, −x + y´.
(c) Determine (se existirem) os autovalores de T e os autovetores associados. (1.0 ponto)
Solu¸c˜ao: A matriz A = [T ]C
C´e dada por
A =h[T e1]C[T e2]C[T e3]C i = 1 2 12 1 1 2 12 −1 −1 2 12 0 ,
cujo polinˆomio caracter´ıstico ´e dado por
pA(λ) = det(A−λI) = det 1 2− λ 12 1 1 2 12 − λ −1 −1 2 12 −λ = −λ3+λ2−λ+1 = −(λ−1)(λ2+1)
Logo, λ = 1 ´e ´unico autovalor de T . Os autovetores associados s˜ao dados por (A − λI)v = ~0: −1 2 12 1 1 2 −12 −1 −1 2 12 −1 xy z = 00 0
Resolvendo o sistema acima, −1 2 12 1 1 2 −12 −1 −1 2 12 −1 L2← L2− L1 ∼ L3← L2− L1 −1 2 12 1 0 0 0 0 0 −2 L1← −2L1 ∼ L3← 12L3 1 −1 −2 0 0 0 0 0 1 L1← L1+ 2L3 ∼ L3← 12L3 1 −1 0 0 0 0 0 0 1 ⇔ ½ x = y z = 0
Assim, encontramos o auto-espa¸co associado a λ = 1: Vλ=1=
[4a quest˜ao.] Sejam T
1: R3−→ R3 e T2: R3−→ R3 transforma¸c˜oes lineares, tais que:
h T1 iC C= 1 0 01 1 0 0 0 2 e hT2iC C= −14 −22 −12 −5 4 −3 , onde C ⊂ R3`a base canˆonica.
(a) Determine se T1´e diagonaliz´avel. Idem para T2. 1,25 ponto
Solu¸c˜ao: Sejam A =hT1
iC Ce B = h T2 iC C. Para A temos pA(λ) = det 1 − λ1 1 − λ0 00 0 0 2 − λ = (1 − λ)2(2 − λ)
Assim, os “candidatos” a polinˆomio m´ınimo s˜ao
m1(λ) = (1 − λ)(2 − λ) e neste caso, A ´e diagonaliz´avel, ou
m2(λ) = (1 − λ)2(2 − λ) = pA(λ), e A n˜ao ´e diagonaliz´avel.
Lembrando que mA(A) = 0,
m1(A) = (I − A)(2I − A) = 1 0 00 1 0 0 0 1 − 1 0 01 1 0 0 0 2 · 2 0 00 2 0 0 0 2 − 1 0 01 1 0 0 0 2 = −1 00 0 00 0 0 −1 · −1 1 01 0 0 0 0 0 = −1 0 00 0 0 0 0 0 6= 0 0 00 0 0 0 0 0
logo, m1(λ) n˜ao ´e o polinˆomio m´ınimo de A e, obviamente, mA(λ) = m2(λ). Como
mA(λ) n˜ao ´e produto de fatores lineares, segue que A (ou T1) n˜ao ´e diagonaliz´avel.
Para B temos pB(λ) = det 4 − λ−1 2 − λ−2 −12 −5 4 −3 − λ = −λ(1 − λ)(2 − λ)
Como λ1= 0, λ2= 1 e λ3= 2, s˜ao autovalores distintos dois-a-dois de B, R3possui
uma base de autovetores de T2 e B (ou T2) ´e diagonaliz´avel.
(b) Se poss´ıvel, determine uma base de R3 de autovetores de T
1 e represente T1 nesta
base. Idem para T2. 1,25 ponto
Solu¸c˜ao: No item (a), vimos que n˜ao existe uma base de R3 de autovetores de
A. J´a os autovetores de T2 podem ser obtidos fazendo:
Para λ1= 0, (A − λ1I)v = ~0, 4 −2 2 −1 2 −1 −5 4 −3 ∼L 1 0 1 3 0 1 −1 3 0 0 0 ⇒ ( x = −1 3z y = 1 3z Logo, Vλ=0= ker(T2) = (−1, 1, 3)®.
Para λ2= 0, (A − λ2I)v = ~0, 3 −2 2 −1 1 −1 −5 4 −4 ∼L 1 0 0 0 1 −1 0 0 0 ⇒ ( x = 0 y = z Logo, Vλ=1= (0, 1, 1)®.
Finalmente, para λ3= 2, (A − λ3I)v = ~0,
2 −2 2 −1 0 −1 −5 4 −5 ∼L 1 0 1 0 1 0 0 0 0 ⇒ ( x = −z y = 0 Logo, Vλ=1= (−1, 0, 1)®.
Note que, tomando A = {w1= (−1, 1, 3), w2= (0, 1, 1), w3= (−1, 0, 1)},
T w1= 0 · w1= 0w1+ 0w2+ 0w3 T w2= 1 · w2= 0w1+ 1w2+ 0w3 T w3= 2 · w3= 0w1+ 0w2+ 2w3 Portanto, £ T2 ¤A A= 0 0 00 1 0 0 0 2