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Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 2.ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais

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Academic year: 2021

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Recurso Cível JEF: 2007.70.53.003644-4

Recorrente(s): JAIRO ALVES DA SILVA E INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Recorrido(s): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS E JAIRO ALVES DA SILVA

Relator: Juiz Federal Leonardo Castanho Mendes

RELATÓRIO

Trata-se de recurso de ambas as partes contra sentença que julgou parcialmente procedente o pedido para reconhecer como laborado no meio rural o período de 19/12/1963 a 12/04/1978 e para converter de especial para comum os períodos de 13/04/1978 a 04/10/1978, de 28/02/1983 a 09/07/1986, de 01/01/1987 a 30/04/1987, de 15/04/1988 a 27/03/1990, de 29/03/1990 a 14/02/1991 e de 02/04/1991 a 30/10/1991.

Com contrarrazões, vieram os autos a esta Turma. É o relatório.

VOTO Recurso do autor

Atividade especial

- Período de 01/06/1992 a 27/03/1996

Pretende o autor a conversão de especial para comum do período acima, alegando que a atividade de vigilante se enquadra no código 2.5.7 do Decreto n.º 53.831/64.

A sentença merece reforma quanto ao ponto.

No caso específico desses autos – vigilante –, a especialidade não decorre apenas da atividade - categoria profissional, mas em razão da exposição de modo habitual e permanente aos agentes nocivos, no caso o porte de arma de fogo, que se traduz em periculosidade para o obreiro.

O formulário apresentado no evento 8 (página 03 do doc. LAU3) destacou que, no período acima, o autor trabalhou para a empresa

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Metropolitana Vigilância Comercial e Indústria Ltda., exercendo a atividade de vigilante na Telepar Cianorte. O formulário ainda destacou que o autor portava arma de fogo no exercício de suas funções.

Assim, comprovada a utilização de arma de fogo, a atividade de vigia se enquadra como especial. Nesse sentido:

Súmula nº 10, da Turma Regional de Uniformização da 4ª Região: “É indispensável o porte de arma de fogo à equiparação da atividade de vigilante à de guarda, elencada no item 2.5.7 do anexo III do Decreto nº 53.831/64”.

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. ENQUADRAMENTO DE ATIVIDADE ESPECIAL. VIGILANTE. PROVA DO USO DA ARMA DE FOGO. PRESUNÇÃO. 1. Nos termos da súmula 10 desta TRU, para que a atividade de vigia seja equiparada à de guarda (código 2.5.7. do quadro anexo ao Dec. 53.831/64) e, por consequência, enquadrada como especial, é necessário o porte de arma de fogo. 2. (...). (IUJEF 2008.70.95.002940-4, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, Relatora Luciane Merlin Clève Kravetz, D.E. 20/11/2009).

Em que pese o formulário esteja datado de 20/12/1995, a carteira de trabalho do autor demonstra que ele trabalhou para a empresa Metropolitana Vigilância Comercial e Indústria Ltda. até 27/03/1996 (página 03 do doc. CTPS5 – evento 8). Dessa forma, é possível concluir que ele continuou portando arma de fogo até o término do contrato de trabalho, uma vez que decorreram apenas quatro meses entre a elaboração do formulário e o encerramento do contrato.

Assim, o período de 01/06/1992 a 27/03/1996 deve ser convertido de especial para comum (fator de conversão 1,4).

- Período de 01/10/1996 a 06/04/1997

Destaca o autor que no período acima também exerceu a atividade de

vigilante, razão pela qual deve ser reconhecida a especialidade de sua

função. Sem razão, contudo.

A sentença deve ser mantida quanto ao ponto, uma vez que para comprovar a especialidade da atividade desenvolvida o autor apresentou apenas a sua carteira de trabalho.

Ocorre que, como visto acima, a conversão de especial para comum da atividade de vigilante está relacionada à utilização de arma de fogo. Como o autor não comprovou o porte de arma de fogo durante o seu trabalho o período não merece ser convertido de especial para comum.

Vale lembrar que o ônus de provar a especialidade da atividade é do segurado e que a conversão de tempo de serviço especial em comum, por ensejar acréscimo ficto no tempo de contribuição, requer prova segura e

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material do exercício da atividade pelo trabalhador ou de sua exposição aos agentes nocivos previstos na legislação. Assim, nem mesmo a prova testemunhal ou a pericial poderiam comprovar o porte de arma de fogo, porquanto aquela não substitui a ausência de documentos e esta não tem o condão de comprovar que o autor efetivamente utilizava arma de fogo.

- Período de 01/09/1998 a 27/09/2000

O autor também pleiteia a conversão de especial para comum do período acima, alegando o exercício da atividade de vigilante.

No entanto, no caso do exercício da atividade de vigilante a especialidade não decorre apenas da atividade- categoria profissional, mas em razão da exposição de modo habitual e permanente aos agentes nocivos, no caso o porte de arma de fogo, que se traduz em periculosidade para o obreiro.

Pois bem, considerando o acima exposto, tenho que o reconhecimento da especialidade da atividade por periculosidade encerrou-se com a edição do Decreto nº 2.172, de 05.03.1997. Isso porque, de uma atenta leitura de referido diploma legal, percebe-se que, a partir dele, não há mais referências a agentes nocivos que se traduzam em periculosidade.

Note-se que esta ausência de previsão do agente periculosidade como legitimador de aposentadoria especial não afeta direito fundamental do indivíduo à Previdência Social. Tampouco importa em violação ao núcleo essencial deste, o que não implicaria, de outro lado, em vedação ao retrocesso, porquanto a Constituição Federal, em seu artigo 201, §1º, expressamente confere ao legislador infraconstitucional a liberdade de indicar as situações fáticas em que a atividade exercida pelo trabalhador venha prejudicar a sua integridade física ou saúde; o que, nessa ótica e excepcionalmente, poderá gerar-lhe direito a obtenção de um benefício com regras diferenciadas.

Logo, evidente a maleabilidade conferida ao legislador, para que, em face até da evolução da ciência e das condições de saúde da população, tenha liberdade de ora entender como especial uma atividade/agente nocivo, ora não, em face do progresso esperado da ciência e da tecnologia; até porque, se assim não fosse, nunca a utilização de um EPI eficaz afastaria o agente nocivo, o que não é o entendimento prevalente.

CF- Art. 201 (...)

§ 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob

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condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar.

Sobre o tema, convém destacar que a Turma Regional de Uniformização da 4ª Região uniformizou o entendimento de que o

reconhecimento de especialidade por periculosidade só é possível até a

data da edição do Decreto nº 2.172/97, não se podendo vinculá-la apenas a eletricidade, Veja-se:

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. TEMPO ESPECIAL.

PERICULOSIDADE. ELETRICIDADE. RECONHECIMENTO POSSÍVEL

SOMENTE ATÉ 05.03.1997, DATA DA EDIÇÃO DO DECRETO 2.172, DE 1997. 1. Não cabe o reconhecimento de especialidade por periculosidade

decorrente da exposição ao agente eletricidade após 05.03.1997, data de edição

do Decreto nº 2.172, de 1997, que não mais faz referência à periculosidade como causa de contagem especial de tempo de serviço nem ao agente eletricidade. 2. Uniformização regional mais recente mantida. 3. Recurso desprovido. (, IUJEF 0000583-06.2008.404.7065, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, Relatora Luísa Hickel Gamba, D.E. 25/10/2010)

No mesmo sentido, e especificamente sobre o tema tratado nos autos, de que não cabe o reconhecimento de especialidade por periculosidade: atividade de guarda/vigilante com arma de fogo, após 05.03.1997, decidiu a Turma Nacional de Uniformização:

PREVIDENCIÁRIO. VIGILANTE. PERÍODO POSTERIOR AO ADVENTO DA LEI Nº 9.032, DE 1995. PROVA. USO DE ARMA DE FOGO. DECRETO Nº

2.172, DE 1997. TERMO FINAL. EXCLUSÃO DA ATIVIDADE DE GUARDA, ANTERIORMENTE PREVISTA NO DECRETO Nº 53.831, DE 1964. PARCIAL PROVIMENTO DO INCIDENTE. 1. Incidente de uniformização

oferecido em face de acórdão que não reconheceu como especial o tempo de serviço prestado pelo autor na função de vigilante, após o advento da Lei nº 9.032, de 28.04.1995. 2. Esta Turma Nacional, através do enunciado nº 26 de sua súmula de jurisprudência, sedimentou o entendimento de que "A atividade de vigilante enquadra-se como especial, equiparando-se à de guarda, elencada no item 2.5.7. do Anexo III do Decreto n. 53.831/64". Mediante leitura do precedente desta TNU que deu origem à súmula (Incidente no Processo nº 2002.83.20.00.2734-4/PE), observa-se que o mesmo envolvia situação na qual o trabalho de vigilante fora desempenhado entre 04.07.1976 e 30.09.1980. 3. O

entendimento sedimentado na súmula desta TNU somente deve se estender até a data em que deixaram de viger as tabelas anexas ao Decreto nº 53.831, de 1964, é dizer, até o advento do Decreto nº 2.172, de 05.03.1997. 4. A despeito de

haver a Lei nº 9.032, de 28.04.1995, estabelecido que o reconhecimento de determinado tempo de serviço como especial dependeria da comprovação da exposição a condições prejudiciais à saúde ou à integridade física, não veio acompanhada da regulamentação pertinente, o que somente veio a ocorrer com o Decreto nº 2.172, de 05.03.1997. Até então, estavam a ser utilizadas as tabelas

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tabelas de tais regulamentos, entretanto, não subtraía do trabalhador a obrigação de, após o advento da citada Lei nº 9.032, comprovar o exercício de atividade sob condições prejudiciais à saúde ou à integridade física. 5. Com o Decreto nº 2.172, de 05.03.1997, deixou de haver a enumeração de ocupações. Passaram a ser listados apenas os agentes considerados nocivos ao trabalhador, e os agentes assim considerados seriam, tão-somente, aqueles classificados como químicos, físicos ou biológicos. Não havia no Decreto nenhuma menção ao item periculosidade e, menos ainda, ao uso de arma de fogo. 6. Compreende-se que o intuito do legislador - com as Leis nº 9.032, de

1995, e 9.528, de 1997 - e, por extensão, do Poder Executivo - com o Decreto mencionado - tenha sido o de limitar e reduzir as hipóteses que acarretam contagem especial do tempo de serviço. Ainda que, consoante vários precedentes jurisprudenciais, se autorize estender tal contagem a atividades ali não previstas (o próprio Decreto adverte que "A relação das atividades profissionais correspondentes a cada agente patogênico tem caráter exemplificativo"), deve a extensão se dar com parcimônia e critério. 7. Entre a Lei nº 9.032, de

28.04.1995, e o Decreto nº 2.172, de 05.03.1997, é admissível a qualificação como especial da atividade de vigilante, eis que prevista no item 2.5.7 do anexo ao Decreto nº 53.831, de 1964, cujas tabelas vigoraram até o advento daquele, sendo necessária a prova da periculosidade (mediante, por exemplo, prova do uso de arma de fogo). No período posterior ao citado Decreto nº 2.172, de 05.03.1997, o exercício da atividade de vigilante deixou de ser previsto como apto a gerar a contagem em condições especiais. 8. No caso 'sub examine',

porque demonstrado o uso de arma de fogo durante o exercício da vigilância (o que foi averbado no próprio acórdão), é de ser admitido o cômputo do tempo de serviço, em condições especiais, até o advento do Decreto nº 2.172, de 05.03.1997. 3. Pedido de uniformização provido em parte. (TNU, PEDILEF

2007.83.00.507212-3/PE, Rel. Juiz Joana Carolina L. Pereira, DJ 24.06.2010)

Dessa forma, como a parte pretende o reconhecimento da atividade de vigilante no período de 01/09/1998 a 27/09/2000 não é possível o deferimento do pedido. Anote-se, por fim, que no caso dos autos não houve sequer a apresentação de formulário que comprovasse a presença de agentes nocivos.

- Período de 01/05/1987 a 13/04/1988

No período acima, o autor alega que exerceu a atividade de frentista e que é devida a conversão de especial para comum em razão da periculosidade. Sem razão, contudo.

A atividade de frentista não pode ser enquadrada por categoria profissional, havendo necessidade de se comprovar a exposição aos agentes nocivos. Nesse mesmo sentido tem se posicionado a Turma Regional de Uniformização da 4ª Região:

IUJEF. CONHECIMENTO. FUNDAMENTOS DOS ACÓRDÃOS RECORRIDO E PARADIGMA. QUESTÃO DE ORDEM Nº 18 DA TNU.

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PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE ESPECIAL. FRENTISTA. PERICULOSIDADE. 1 - É inadmissível o pedido de uniformização quando a decisão impugnada tem mais de um fundamento suficiente e as respectivas razões não abrangem todos eles. Questão de Ordem nº 18 da TNU. Incidente conhecido apenas em parte. 2 - A atividade de frentista não gerava, pelo simples exercício da profissão, direito à aposentadoria especial, na vigência dos Decretos 53.831/64 e 83.080/79. 3 - Entretanto, conforme a súmula 198 do TFR, há o enquadramento especial se comprovado o exercício de atividade perigosa, insalubre ou penosa, mesmo não relacionada nos regulamentos. 4 - Nos termos de firme jurisprudência, a demonstração da periculosidade, até a entrada em vigor do Decreto 2172/97, pode-se dar por qualquer meio de prova e não só por laudo técnico. 5 - Uma vez comprovada a exposição permanente do frentista a condições de risco, por qualquer meio de prova, até 05/03/1997, há o enquadramento de atividade especial. (IUJEF 2007.70.51.001311-6, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, Relatora Luciane Merlin Clève Kravetz, D.E. 14/06/2010)

Nesse sentido, o autor teria que ter apresentado formulário e/ou laudo técnico para comprovar a exposição a agentes nocivos, o que não ocorreu.

Dessa forma, considerando que o autor não comprovou a exposição a agentes nocivos, conforme lhe incumbia, nos termos do artigo 333, I, do CPC, não é possível a conversão de especial para comum do período acima.

Recurso do INSS Atividade rural

Alega o INSS que não é possível o reconhecimento de atividade rural entre os doze e quatorze anos de idade. Além disso, destaca que o autor apresentou início de prova material apenas para o ano de 1970, razão pela qual os demais períodos não podem ser reconhecidos.

A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos.

Transcrevo a seguir trecho da sentença que adoto como razão de decidir:

A controvérsia acerca da atividade rural, nesta demanda, cinge-se na demonstração ou não do tempo de serviço rural pelo autor no período de 19.12.63 a 12.04.78.

A fim de provar o labor rural o autor junta os seguintes documentos: a) 1970 - Declaração do Serviço Militar – profissão lavrador;

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b) 1962 – 1964 - Declaração da Secretaria Municipal de Educação no sentido de que estudou em escola rural no período.

Consigno que a Declaração do Sindicato anexada aos autos pouco acrescenta à demanda, porquanto se trata de documento produzido unilateralmente, sem o crivo do contraditório. Também não constitui prova material do labor rural alegado na inicial documentos de propriedade em nome de terceiros. Por fim, não aproveitam ao autor documentos em nome de seus irmãos, extemporâneos ao período que se pretende provar nesta ação. Ouvido perante este Juízo o autor disse que começou a trabalhar na lavoura desde os 7 anos de idade; que trabalhava junto com sua família como empregados; que eram em 14 irmãos; que em Cianorte trabalhavam na lavoura para Miguel Sena, como porcenteiros; que tomavam conta de 6,5 mil pés de café; que também trabalharam para o Sr. Natal e em outros sítios na região; que depois mudaram para São Lourenço para trabalhar no sítio da D. Luzia, também com café; que aí deu derrame em seu pai e por isso teve que trabalhar muito; que trabalhou com café nesse local até a geada de 1975; que depois da geada plantaram algodão, milho; que no tempo de colheita trocavam dias com os colegas; que não tiveram empregados; que com a D. Luzia ficaram cerca de 5 anos; que depois foi para Curitiba fazer curso de segurança.

A testemunha José Raimundo disse que conhece o autor desde 1963; que o conheceu na estrada Rincão, em Cianorte; que o autor trabalhava na roça; que o autor tinha cerca de 12-13 irmãos; que eles tocavam roça de café por porcentagem; que a família do autor tomava conta de aproximadamente 8 mil pés de café; que quando o serviço apurava trocavam dias de serviço; que perdeu o contato com o autor em 1968-1969, voltando a encontrá-lo em 1978-1979, quando passaram a trabalhar como vigilantes no Banco;que sabe que antes de trabalhar no Banco o autor estava no sítio pelos lados de São Lourenço.

A testemunha Gisele do Carmo disse que conhece o autor há cerca de 35 anos; que o autor foi morar no sítio de sua mãe, Luzia; que eles eram empreiteiros de café; que lá eles ficaram cerca de 6 anos; que eles cuidavam de 11 mil pés de café; que trabalhavam o autor, seu pai e seus irmãos; que eles não contratavam ninguém para ajudá-los; que quando apurava trocavam dias de serviço; que o autor ficou ali até aproximadamente 1978.

Assim, tendo em vista as provas colhidas, reconheço o trabalho do autor como segurado especial de 19.12.63 (quando completou 12 anos de idade) até 12.04.78 (data anterior ao primeiro vínculo urbano).

Registro, em atenção às razões recursais, que o simples fato de estudar e de ter idade entre 12 e 14 anos não impede o reconhecimento do trabalho rural. Aliás, quanto ao termo inicial da contagem do tempo de trabalho rural em regime de economia familiar, "a jurisprudência do STF,

do STJ e desta Seção Previdenciária é pacífica no sentido de admitir o aproveitamento do tempo rural em regime de economia familiar a partir dos doze anos de idade consoante os seguintes precedentes: STF - RE

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104.654-6/SP, 2ª Turma, Rel. Min. Francisco Rezek, DJU 25/4/1986 e AI 529.694-1/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJU 11/03/2005; STJ - REsp 497724/RS, 5ª Turma, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJU 19/6/2006 e AgRg no RESP 419601/SC, 6ª T, Rel. Min. Paulo Medina, DJU 18-04-2005; TRF4ªR - 3ª Seção, EI 2000.04.01.091675-1/RS, Rel. Des. Federal Celso Kipper, DJU 07/6/2006, EI 2000.04.01.06909-7/RS, Rel. Des. João Batista Pinto Silveira, DJU 22/6/2005" TRF - 4ª R., 3ª Seção, Embargos Infringentes na Apelação Cível 2001.04.01.021612-5, DE de 20.06.2007, relator o Desembargador Federal Ricardo Teixeira do Valle Pereira.

Ademais, cumpre anotar que os documentos escolares, por si só, não descaracterizam o trabalho rural do estudante durante o período em que freqüentou as aulas. Podem, ao contrário, constituir início de prova material de seu labor agrícola quando indicam a freqüência a estabelecimento de ensino localizado na zona rural, ou a qualificação dos pais como lavradores, desde que corroborados pela prova testemunhal, como ocorre no caso dos autos.

Quanto aos documentos apresentados pelo autor, é importante destacar que as declarações e históricos escolares anexados aos autos com a petição inicial (páginas 28/30 do doc. PROCADM10 e páginas 01/30 do doc. PROCADM11) demonstram que seus irmãos também estudaram em escola localizada na zona rural de Cianorte até 1984.

Dessa forma, é possível concluir que o autor trabalhou no meio rural até 12/04/1978 (data anterior ao primeiro vínculo urbano).

Atividade especial

- Períodos de 13/04/1978 a 04/10/1978, de 28/02/1983 a 09/07/1986, de 15/04/1988 a 27/03/1990, de 29/03/1990 a 14/02/1991 e de 02/04/1991 a 30/10/1991.

A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos quanto a conversão de especial para comum dos períodos acima.

Isto porque, conforme já fundamentado acima, o autor comprovou a utilização de arma de fogo durante o exercício de suas funções (docs.

LAU2/LAU3 – evento 8).

Dessa forma, a atividade de vigilante desenvolvida nos períodos acima, equipara-se à de guarda.

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Destaca o INSS que o período acima não deve ser convertido de especial para comum, uma vez que o autor não apresentou nem formulário e nem laudo técnico. Assiste razão à autarquia.

Como o autor não comprovou a utilização de arma de fogo durante o exercício de suas atividades, o período acima não merece ser convertido de especial para comum, conforme já fundamento acima.

- Fator de conversão

Decidiu a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais:

TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. FATOR DE CONVERSÃO DE TEMPO DE SERVIÇO PRESTADO SOB CONDIÇÕES ESPECIAIS EM TEMPO COMUM. LEGISLAÇÃO VIGENTE AO TEMPO DE CONCESSÃO DA APOSENTADORIA. PRECEDENTE DA TNU. 1. Em uniformização que resultou na revisão da jurisprudência então existente neste colegiado, firmou-se o entendimento no sentido da aplicação do fator de conversão previsto à época da concessão da aposentadoria. Precedente da TNU (Processo nº 20065151003901-7). 2. É devida a conversão do tempo de serviço prestado sob condições especiais em tempo comum, mesmo quanto ao período anterior à Constituição Federal, pelo fator multiplicador 1,4. Incidência do art. 70 do Decreto nº 3.048/99, com redação dada pelo Decreto nº 4.827/2003. 3. Pedido de Uniformização parcialmente provido, determinando-se o retorno dos autos à Turma Recursal de origem para fins de adaptação do julgado (fl. 154).

O INSS, contudo, interpôs incidente de uniformização no Superior Tribunal de Justiça por entender que a orientação acolhida pela TNU contraria jurisprudência dominante do STJ, que prestigia a adoção do fator de conversão constante da legislação em vigor na ocasião em que o serviço foi prestado.

No entanto, o Superior Tribunal de Justiça, no julgamento da Petição n.º 7.519 – SC (2009/0183633-0) entendeu que deve ser aplicado o fator de conversão vigente no momento da concessão da aposentadoria, conforme decisão transcrita a seguir, que adoto como fundamento de decidir:

“Com relação ao tema, a tese ora defendida pela autarquia foi afastada pela egrégia Terceira Seção que, no julgamento do REsp n. 1.151.363/MG sob o rito do art. 543-C do CPC e Resolução n. 8/2008-STJ, pacificou o entendimento de que a tabela contida no art. 70 do Decreto n. 3.078/99 é aplicável para o trabalho desempenhado em qualquer época. Essa compreensão tem como premissa a circunstância de que a adoção deste ou daquele fator de conversão depende, tão somente, do

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tempo de contribuição total exigido em lei para a aposentadoria integral, ou seja, deve corresponder ao valor tomado como parâmetro, numa relação de proporcionalidade, o que corresponde a um mero cálculo matemático. Como cediço, o fator de conversão é o resultado da divisão do numero máximo de tempo comum (35 para homem e 30 para mulher) pelo número máximo de tempo especial (15, 20 e 25). Ou seja, o fator a ser aplicado ao tempo especial laborado pelo homem para convertê-lo em comum será 1,40, pois 35/25=1,40. Se o tempo for trabalhado por uma mulher, o fator será de 1,20, pois 30/25=1,20. Se o tempo especial for de 15 ou 20 anos, a regra será a mesma. Trata-se de regra matemática pura e simples e não de regra previdenciária. Com efeito, o índice de 1,2 para conversão de tempo especial em aposentadoria comum com 30 anos de contribuição e o índice de 1,4 em relação à aposentadoria com 35 anos têm a mesma função. A propósito, eis como foi lavrada a ementa do aludido julgado:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. RITO DO ART. 543-C, § 1º, DO CPC E RESOLUÇÃO N. 8/2008 - STJ. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO COMPROVADA. AUSÊNCIA DE IDENTIDADE FÁTICA. DESCABIMENTO. COMPROVAÇÃO DE EXPOSIÇÃO PERMANENTE AOS AGENTES AGRESSIVOS. PRETENSÃO DE REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA. ÓBICE DA SÚMULA N. 7/STJ. 1. Para a comprovação da divergência jurisprudencial é essencial a demonstração de identidade das situações fáticas postas nos julgados recorrido e paradigma. 2. Segundo asseverado pelo acórdão objurgado, o segurado estava "exposto de modo habitual e permanente, não ocasional nem intermitente", ao frio e a níveis médios de ruído superiores ao limite regulamentar (e-STJ fl. 254). A modificação dessa conclusão importaria em revolvimento de matéria fática, não condizente com a natureza do recurso especial. Incidência, na espécie, do óbice da Súmula n. 7/STJ.

PREVIDENCIÁRIO. RECONHECIMENTO DE ATIVIDADE ESPECIAL APÓS 1998. MP N. 1.663-14, CONVERTIDA NA LEI N. 9.711/1998 SEM REVOGAÇÃO DA REGRA DE CONVERSÃO. 1. Permanece a possibilidade de conversão do tempo de serviço exercido em atividades especiais para comum após 1998, pois a partir da última reedição da MP n. 1.663, parcialmente

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convertida na Lei 9.711/1998, a norma tornou-se definitiva sem a parte do texto que revogava o referido § 5º do art. 57 da Lei n. 8.213/1991. 2. Precedentes do STF e do STJ.

CONVERSÃO DE TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL EM COMUM. OBSERVÂNCIA DA LEI EM VIGOR POR OCASIÃO DO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE. DECRETO N. 3.048/1999, ARTIGO 70, §§ 1º E 2º. FATOR DE CONVERSÃO. EXTENSÃO DA REGRA AO TRABALHO DESEMPENHADO EM QUALQUER ÉPOCA. 1. A teor do § 1º do art. 70 do Decreto n. 3.048/99, a legislação em vigor na ocasião da prestação do serviço regula a caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob condições especiais. Ou seja, observa-se o regramento da época do trabalho para a prova da exposição aos agentes agressivos à saúde: se pelo mero enquadramento da atividade nos anexos dos Regulamentos da Previdência, se mediante as anotações de formulários do INSS ou, ainda, pela existência de laudo assinado por médico do trabalho. 2. O Decreto n. 4.827/2003, ao incluir o § 2º no art. 70 do Decreto n. 3.048/99, estendeu ao trabalho desempenhado em qualquer período a mesma regra de conversão. Assim, no tocante aos efeitos da prestação laboral vinculada ao Sistema Previdenciário, a obtenção de benefício fica submetida às regras da legislação em vigor na data do requerimento. 3. A adoção deste ou daquele fator de conversão depende, tão somente, do tempo de contribuição total exigido em lei para a aposentadoria integral, ou seja, deve corresponder ao valor tomado como parâmetro, numa relação de proporcionalidade, o que corresponde a um mero cálculo matemático e não de regra previdenciária. 4. Com a alteração dada pelo Decreto n. 4.827/2003 ao Decreto n. 3.048/1999, a Previdência Social, na via administrativa, passou a converter os períodos de tempo especial desenvolvidos em qualquer época pela regra da tabela definida no artigo 70 (art. 173 da Instrução Normativa n. 20/2007). 5. Descabe à autarquia utilizar da via judicial para impugnar orientação determinada em seu próprio regulamento, ao qual está vinculada. Nesse compasso, a Terceira Seção desta Corte já decidiu no sentido de dar tratamento isonômico às situações análogas, como na espécie (EREsp n. 412.351/RS). 6. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa extensão, desprovido (REsp 1151363/MG, de minha relatoria, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 23/3/2011, DJe 5/4/2011) (grifou-se).

(12)

Ante o exposto, rejeito o presente incidente, nos termos do art. 14, § 3º, da Lei n. 10.259/2001.”

Dessa forma, acertado o entendimento do juiz monocrático.

Conclusão

Esse o contexto, voto por DAR PARCIAL PROVIMENTO AOS

RECURSOS DO AUTOR E DO INSS, nos termos da fundamentação.

Sem honorários.

Liquidação a cargo do juízo do origem (inclusive a apuração do tempo de contribuição do autor).

Considero prequestionados especificamente todos os dispositivos legais e constitucionais invocados na inicial, contestação, razões e contrarrazões de recurso, porquanto a fundamentação ora exarada não viola qualquer dos dispositivos da legislação federal ou a Constituição da República levantados em tais peças processuais. Desde já fica sinalizado que o manejo de embargos para prequestionamento ficarão sujeitos à multa, nos termos da legislação de regência da matéria.

É como voto.

Leonardo Castanho Mendes Juiz Federal Relator

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