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OS IMPACTOS PSICOLÓGICOS DA C R P 0 4 / PORNO GRAFIA E - B O O K. Por Diego Araújo

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(1)

E - B O O K

PORNO

Por Diego Araújo

OS IMPACTOS PSICOLÓGICOS DA

C R P 0 4 / 4 0 5 1 6

(2)

04 INTRODUÇÃO

05 PARTE 1 - O SEXO FAZ O MUNDO

14 PARTE 2 – O VÍCIO BATE À PORTA

(OU À TELA DO CELULAR)

23 PARTE 3 – NEM TUDO TEM CURA, MAS

CERTAMENTE TEM TRATAMENTO

06 HISTÓRIA DA SEXUALIDADE HUMANA 08 ENTRE DEUSAS E DEUSES

10 DESCOBRINDO O CORPO 11 COMERCIALIZAÇÃO DO SEXO

13 O QUE OS OLHOS NÃO VEEM O CORAÇÃO NÃO SENTE

16 PARA ELE 17 PARA ELA

18 JUNTE TUDO E VEJA O QUE VIRA 20 QUANDO MAIS SIGNIFICA MENOS 22 OUTROS SINTOMAS

24 NADA MUDA SE NADA MUDAR 25 QUE COMEÇEM OS JOGOS 26 TRATAMENTOS

27 QUANDO PRECISAR, PEÇA AJUDA 28 COMO NÃO VICIAR EM ALGO VICIÁVEL 29 MOVIMENTOS CONTRA A PORNOGRAFIA 30 PARA LER, VER E OUVIR

(3)

QUEM

SOU EU?

Desde criança, fui um bom ouvinte: atento, disponível e reflexivo. A escolha pela formação em Psicologia, portanto, não foi surpresa. O curso me deu as bases teóricas e científicas de que eu tanto precisava para sair da posição de “uma pessoa interessada” sobre o com-portamento humano para a posição de “um estudioso e especialista na área”. Ademais, a vontade de ajudar o outro a se desenvolver e se transformar é parte do meu objetivo tanto profissional como pessoal. Sinto-me realizado por fazer parte dessa classe. Acredito que a Psicologia é, antes de tudo, um ato de amor. É minha vocação, meu chamado e minha profissão. Ajudar as pessoas em suas dificuldades de forma ética, profissional e fundamentada no mais alto padrão da ciência é parte da minha missão.

Sou especialista em Psicanálise, Gestão de Pessoas e Psicologia Organizacional. Tenho experiência profissional com

grupos de adolescentes, jovens e adultos. Atualmente, estou psicotera-peuta, atuando no consultório, além de laborar também como psicólogo orga-nizacional em uma empresa multina-cional.

Somado a isso, presto serviços de formação, ministro workshops, e pro-firo palestras e conferências, tendo par-ticipações em eventos científicos, con-gressos, seminários e outros. Minhas formações e comunicações estão ins-eridas nos campos da especialização psicoterapêutica que realizei. São mais de 10 anos de comprometimento, dedi-cação e investimento na busca pela ex-celência!

(4)

Começo afirmando que o intuito deste e-book é esclarecer e alertar sobre os riscos à saúde relacionados ao consumo de pornografia. Além disso, mostro que a pornografia não está presente apenas em cenas explícitas espalhadas por locais diversificados em nossa sociedade. Há formas variadas de se acessá-la. Ademais, ressalto que o sexo será tratado nesses textos como algo natural à existência humana, e que a masturbação, seja femi-nina ou masculina, não será retratada de maneira pejorativa, mas sim como um caminho para o autoconhecimento e descobertas.

Sendo assim, boa leitura!

INTRO

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O SEXO

FAZ O

MUNDO

(6)

A sexualidade faz parte da vida humana desde a sua existência, a questão é a intenção e o significado designado a ela. Em seu artigo, intitulado de “A sexualidade também tem história: comportamentos e atitudes sexuais através do tempo”, Paulo Rennes Marçal Ribeiro nos apresenta um traço histórico sobre os comportamentos sexuais e sobre a sexualidade humana. O primeiro ponto apresentado por Ribeiro (2005) são os significados dos termos: sexualidade e sexo. O primeiro é definido como um conjunto de vários fatores, como sentimentais e percepções vinculados ao sexo e à vida sexual; já o segundo termo é visto por ele como o resultado das concep-ções existentes e comportamentos vincu-lados ao ato sexual.

Rapidamente resumindo, o artigo começa dizendo sobre as posições sociais exer-cidas pelas pessoas em diferentes localida-des, e como isso influenciava nas relações sexuais. Países onde mulheres detinham de mais direitos e ocupações na sociedade

HISTÓRIA DA

SEXUALIDADE

HUMANA

(7)

costumavam ser os países onde os temas envolvendo sexualidade eram tratados com mais naturalidade, como por exem-plo, o Egito. Em contrapartida, os países altamente hierarquizados e com o poder exclusivamente nas mãos dos homens mantinham o sexo como tabu, principal-mente em relação às mulheres, que eram vistas como passivas perante à sociedade, e o sexo era apenas considerado honroso após o casamento e sem a necessidade de afetividade entre o casal.

Em seus altos e baixos na história, o sexo, por muito tempo, foi compreendido apenas para procriação, mas na atualidade é entendido como prazer, principalmente após a década de 1960, com a revolução dos anticoncepcionais, iniciada nos Estados Unidos, dito na época como a verdadeira revolução sexual. A partir de então, as mulheres “largaram mão” do que era socialmente aceito como honroso e respeitável em seu comportamento se-xual, para experimentar os prazeres do mundo. E fizeram muito bem.

(8)

As culturas antigas consideravam o sexo como algo sublime, e por isso criaram, em sua homenagem, deusas e deuses.

Afrodite, na mitologia grega, mais conhe-cida como Vênus na mitologia romana, era a deusa do amor, da beleza e do sexo. Durante sua vida teve muitos amantes, mortais e deuses. Hefesto, o deus do fogo, foi o primeiro de seus maridos.

Quando se casou com o deus mensageiro, Hermes, gerou Hermafrodite, que, além de uma beleza sem comparações, possuía os órgãos genitais de ambos os sexos. Com Apolo, teve Hmeneu, o famoso deus do casamento; e com Dionísio, o deus das festas, casamento e vinho, gerou Príapo, o deus da fertilidade.

Além dos filhos gerados com outros deu-ses, seduziu diversos mortais, como Adóns, Faetonte, Cíniras e Anquises, tendo como filho Enéias.

Deméter era conhecida como a deusa da fertilidade, era responsável pelas colheitas

ENTRE DEUSAS

E DEUSES

(9)

anuais, pela agricultura e pelas estações do ano.

Conhecida como a rainha do Olimpo, Hera era a esposa de Zeus, e está diretamente relacionada ao casamento e à monoga-mia.

Assim como em diversas culturas e mito-logias, a nórdica possui também suas deusas. Frigg é a deusa-mãe, esposa de Odin, e vinculada à família, ao casamento e à maternidade.

Freyr e Freya são gêmeos e estão ligados à abundância, tanto na natureza quanto na sexualidade. Freyr, o gêmeo masculino, é a representação da colheita e da virilidade. Freya, por sua vez, representa as mulheres quanto à busca do prazer e do desconhe-cido.

(10)

No Egito, conforme já fora dito, o sexo era considerado algo natural da existência humana, quase como hoje, mas consoante qualquer antiga cultura, é rodeada de rituais, a exemplo do que acontecia no Rio Nilo.

Acreditava-se que o fluxo das águas do Nilo fora causado pelo Deus da criação, conhecido como Atum. Em sua home-nagem, os Faraós, todos os anos, promo-viam um evento com o objetivo de conti-nuar o percurso feito pelo rio. Junto a ele, outros homens praticavam a masturbação perante o rio.

Em algumas tradições, como os nativos do Havaí, costumam nomear seus próprios órgãos genitais, além de compor canções que as descreviam, como forma de celebrar as futuras gerações que viriam. Ainda relacionada à sexualidade, a masturbação, no dicionário, é definida como um substantivo feminino que, por meio de estimulação manual das geni-tálias, tem o objetivo de levar ao prazer.

DESCOBRINDO

O CORPO

Existem vários estudos demonstrando que, em quantidade saudável, a mastur-bação é benéfica para a saúde de mulheres e homens. A saber:

1. Autoconhecimento; 2. Prazer;

3. Alivia a pressão;

4. Ajuda na imunidade (isso é uma ótima notícia!);

5. Ajuda a fortalecer os músculos pélvicos; 6. Alivia as dores menstruais;

7. Melhora a relação amorosa (caso esteja em uma!);

8. Melhora o sono e diminui a insônia; 9. Ajuda na prevenção de câncer de

próstata;

(11)

Antes de entrarmos no assunto ao qual este e-book realmente se destina, pror-rogarei as expectativas mais um pouco, e levantarei um questionamento: Você sabe por que a pornografia existe?

Como foi possível refletir até aqui, o sexo é símbolo de saudação e de tabu ao redor do mundo, mas, além disso, o sexo é um dos maiores mercados do mundo e um dos mais antigos. Restringirei aqui à análise da pornografia.

Acumulando lucros bilionários por ano ao redor do mundo, a pornografia explícita atenta-se à modernização tecnológica, estando presente em streamings de

COMERCIALIZAÇÃO

DO SEXO

assinatura e em sites especializados, bem como tendo seus próprios influen-ciadores digitais. Mas, mesmo atuali-zando seus formatos, o objetivo conti-nua o mesmo.

As imagens de conteúdos explícitos têm a capacidade de “satisfazer” as expectativas dos consumidores e idea-lizar o desejo, majoritariamente mas-culino. Para conseguir tal objetivo, dis-põem de hierarquia, onde o homem manda e a mulher obedece.

Entender a problematização desse formato em situações não reais, como o filme, é entender sua responsabilidade na vida real. Essa sistemática compul-sória induz nas relações o corpo femi-nino como subjetivo, submisso em rela-ção ao corpo masculino, que exerce, segundo as mensagens transmitidas por esses conteúdos, seu poder e autoridade. O 'X' da questão é justamen-te esse, além de acreditarem no sexo apenas como personagens Ativos,

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desassociam o real corpo feminino e suas necessidades com os corpos ilustrados. Essa situação fica pior se pensarmos que cada vez mais cedo os garotos estão tendo contato com a pornografia.

Como todo nicho de mercado, essa porno-grafia possui sua persona, ou seja, o cliente perfeito. Diversos estudos já mostraram que os vídeos pornográficos são produ-zidos para homens, cis, héteros e brancos, colocando os demais de maneira hiper-sexualizada.

Então, de maneira geral, a pornografia está no mundo para justamente isso, agradar e satisfazer as necessidades de seu público alvo, mesmo que isso esteja diretamente ligado à fomentação de diversos precon-ceitos, como a misoginia, racismo e a sexualização compulsória.

(13)

O QUE OS OLHOS

NÃO VEEM O

CORAÇÃO NÃO

SENTE

Por trás das câmeras, existe um mundo muito desconhecido, principalmente quando o que importa são as cenas realistas e a boa qualidade das imagens. Mas o 'lado B', como chamaremos aqui, pode ser muito mais perverso do que possamos imaginar. Diversas são as denúncias feitas por mulheres ex-atrizes pornôs relacionadas a abusos sexuais por parte dos parceiros de cena, maus-tratos e péssimas condições de trabalho. É como se tudo o que conhecemos e que nos man-tém seguros não existisse ali, principal-mente por não ser muito vigiado pelas au-toridades.

Além de tudo isso, quando se é mulher em tal situação, não há um distanciamento entre a atriz e a pessoa, por parte dos sumidores, sendo assim apontada e con-denada por onde passam.

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O VÍCIO

BATE À

PORTA

P A R T E 2

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Há um tempo, fiz uma postagem em minha rede social sobre os impactos negativos do consumo da pornografia, reproduzirei aqui também.

“Você sabe o que o consumo de porno-grafia provoca no cérebro? Sabe quais são as dificuldades que um viciado em con-teúdo pornográfico enfrenta para superar o vício?

Especialistas afirmam que as alterações químicas que ocorrem no cérebro de um viciado em pornografia são semelhantes às de pessoas que são viciadas em drogas psicoativas como cocaína, por exemplo. O consumo excessivo de material porno-gráfico ativa regiões do cérebro respon-sável pelo prazer, acionando o chamado sistema de recompensa, que envolve a liberação de dopamina, neurotransmissor relacionado ao prazer, humor, compulsões etc.

Desse modo, por estar intimamente ligado ao prazer, o consumo de pornografia pode se tornar uma válvula de escape do individuo quanto aos seus problemas. A interação com material pornográfico oferece prazer imediato, além de propor-cionar à pessoa que consome satisfação sem que precise se esforçar muito. A partir da ideia de que é mais “fácil” utilizar da pornografia a interagir com uma pessoa na vida real, por não ser necessário lidar com

risco de passar a evitar relações sexuais na vida real e buscar somente a satisfação imediata proporcionada pela pornografia. Ademais, a pessoa que está viciada em masturbação com auxílio de conteúdos pornográficos pode ter uma série de alterações nos seus relacionamentos reais, como ato sexual, por necessidade dos estímulos visuais e sonoros representados por vídeos, que apresentam em sua maio-ria situações irreais e incompatíveis com a realidade da maioria das pessoas.

Muitos estudos concluem que o uso da pornografia está diretamente ligado, de maneira negativa, à instabilidade e não à qualidade da relação íntima, nos casais namorados ou casados. Além destes, os estudos indicam ligação direta com de-pressão, disfunção sexual e no orgasmo, falta de ânimo/motivação e diversos problemas na formação e manutenção das relações pessoais.

Aqui, como definição para pornografia, usaremos “reproduções de nudez e comportamento sexual, escritas em imagens ou em formato audiovisual”.

(16)

PARA ELE

Uma coisa é inegável: os maiores consu-midores de pornografia são os homens, o que levou pesquisadores a entenderem por que isso acontecia. Começando com os estudos de Brown, constatou-se que o estimulador que desencadeava negativa-mente a busca incessante por materiais pornográficos é a sensação de insatisfação sexual, que o consumo rotineiro e os pró-prios vídeos ou fotos acabam causando. Em outro estudo, Poulsen concluiu que a utilização rotineira de tais recursos acar-reta uma má qualidade sexual para o homem, e também para a parceira, o que, juntos, traz como resultado uma insatis-fação relacional.

As pesquisas destes dois teóricos também revelam que, majoritariamente, o consu-mo é realizado individualizado, e a porno-grafia é utilizada para a masturbação. Contudo, relembro que a masturbação não será neste e-book descrita de forma pejorativa, considerando frequência/ equi-líbrio/ papel da masturbação na sua vida, apenas sua prática com o auxílio da porno-grafa será julgada.

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PARA ELA

O consumo da pornografia por elas gerou uma série de pesquisas, como, por exemplo, a de Bridges e Morokoff ao mos-trar que o consumo por parte feminina (com a presença do companheiro) está diretamente ligada a uma satisfação sexual e relacional do companheiro, mas não dela própria.

Brown, por sua vez, complementa dizendo que o consumo individual das mulheres está negativamente associado a sua insatisfação sexual, e que, de maneira geral, conclui-se que o consumo delas está relacionado ao prazer do companheiro em nome do seu. Por fim, de acordo com os pesquisadores norte-americanos Shawn Corne, John Briere e Lillian M. Essim, mulheres que foram precocemente expos-tas à pornografia tendem a aceitar alguns mitos do estupro e ter fantasias sexuais que envolvam agressividade no sexo.

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JUNTE TUDO E

VEJA O QUE VIRA

Agora, gostaria de apresentar algumas teorias para o melhor entendimento sobre os riscos relacionados ao consumo da pornografia. Também gostaria de descul-par-me, pois, como a pornografia é uma fatia da indústria do sexo, e possui como sua persona comercial o homem (branco, hétero, cis, e preferencialmente bem fi-nanceiramente) como já foi dito por aqui, as análises teóricas e cientificas acabam sendo heteronormativa.

A teoria dos scripts sexuais são diretrizes que foram construídas de maneira social e ao longo do tempo e servem para “des-creverem” os encontros sexuais, através dos valores, das experiências pessoais de cada um, e que “indicam” os comporta-mentos ideais e quais as consequências. A questão é: Esses scripts podem ser mudados de acordo com a mudança soci-al e, a cada dia, os materiais pornográficos enraízam em nossa sociedade, tornando-se cada vez mais um componente de socialização sexual. Logo, essas variáveis

(19)

pertencentes aos scripts sexuais vão mu-dando, tornando-se um script compatível com o mundo da pornografia.

A segunda teoria aqui apresentada será a teoria da Comparação Social. Sempre há uma comparação quando consideramos algo ou alguém melhor, e, como toda com-paração, sempre almejamos o comparado. Entretanto, quando isso está relacionado ao sexo, o consumo excessivo de materiais pornográficos, leva à comparação com os atores, almejando aquelas performances, e aquele domínio (no caso dos homens), mas toda comparação traz consigo um pre-juízo, que pode, no caso sexual, ser listado como: dificuldade no entusiasmo, no desempenho, e dificuldade em reco-nhecer os corpos das parceiras sexuais, o que nos leva à última teoria: A Objeti-ficação do corpo.

Bom, podemos começar dizendo que cada lugar do mundo possui seu padrão de beleza, mas, fazendo um recorte na beleza compreendida ideal aos padrões femi-ninos sociocultural ocidental, o consumo de pornografia acaba resultando em uma objetivação do corpo da mulher por parte dos homens consumidores e uma auto-objetificação vinda das mulheres consu-midoras do material, nesse segundo caso, estudos indicam que podem ser fruto de uma insatisfação para com a relação, e para com a satisfação sexual.

Nesse sentido, Ziitzman e Butler (2009, p.231) dirão que isso ocorre porque “as mulheres tornam-se desconhecidas e não-conhecidas em termos de qualquer exis-tência que não a dimensão objetificada a sua sexualidade. Mesmo assim, a sexu-alidade das mulheres não é uma grande preocupação, uma vez que a atenção está focada apenas na sua exploração para a gratificação sexual masculina”.

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QUANDO MAIS

SIGNIFICA MENOS

Da mesma forma que o consumo de mate-riais pornográficos cresce no Brasil e no mundo, o número de pesquisas e estudos sobre as disfunções causadas cresce também.

Um estudo realizado pelo Instituto Max Planck para o desenvolvimento humano em Berlim, publicado em 2015, revelou que quando maior o consumo de material pornográfico, menor o volume de massa cerebral e suas atividades. Segundo eles, “encontramos um importante vínculo negativo entre o ato de ver pornografia durante várias horas por semana e o volume de matéria cinzenta no corpo estriado direito, assim como a atividade do córtex pré-frontal.”

Além desse estudo, muitos outros anali-sam a plasticidade do cérebro, que seria a capacidade dele de se adaptar após alguma experiência, comprovando que o cérebro das pessoas viciadas em porno-grafia torna-se cada vez mais vulneráveis aos efeitos hiperestimulantes.

(21)

Algumas sequelas são destacadas nesses estudos, como a disfunção sexual, princi-palmente em forma de conseguir uma ereção ou para alcançar o orgasmo du-rante a relação sexual.

De maneira bioquímica, cada vez que o indivíduo se expõe às imagens porno-gráficas, o cérebro responde aos estímulos sexuais liberando dopamina, um neuro-transmissor responsável por antecipar re-compensas, atuando também na progra-mação de memórias e informações no cérebro. Isso quer dizer que toda vez que o corpo sentir falta do sexo, ele saberá exatamente o que fazer, da mesma forma que acontece com as outras necessidades. Nesse caso, acessar conteúdos adultos. Uma questão para se destacar é: quando há no cérebro uma liberação antinatural de dopamina (ou de qualquer ou hor-mônio/ neurotransmissor), há uma adapta-ção antinatural do cérebro, resultando na inutilização das fontes de prazer natural. Esse é o motivo pelo qual os viciados em pornografia possuem tanta dificuldade em excitar-se em companhia do parceiro ou da parceira.

O psiquiatra Norman Doidge explica o ocorrido: “A pornografia satisfaz cada um dos requisitos prévios para a mudança neuroplástica. Quando os pornógrafos se orgulham de ir um passo além ao introdu-zir temáticas novas e mais fortes, admitem

que precisam fazer isso porque seus clientes estão desenvolvendo uma tole-rância ao conteúdo habitual.”

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OUTROS

SINTOMAS...

Além das disfunções sexuais, a pornografia traz consigo outros sintomas. Estudos indicam que as alterações na transmissão de dopamina contribuem para o desenvol-vimento de depressão e ansiedade.

Como o circuito de recompensa está dese-quilibrado, os usuários continuam assis-tindo aos vídeos, mesmo não gostando daquilo.

Outro estudo, realizado pelo Instituto Max Planck, concluiu que a busca por “sexo convencional” na internet está cada vez menor, sendo substituído por cenas mais violentas. Tais comportamentos podem perpetuar a violência sexual na vida real. O professor de psiquiatria na Universidade da California, em Los Angeles, Marco Iacoboni explica essa reação: “O mecanis-mo de imitação do cérebro indica que somos automaticamente influenciados por tudo que percebemos, então é possível que exista um mecanismo neurobiológico que contamine o comportamento vio-lento”.

(23)

NEM TUDO

TEM CURA,

MAS

CERTAMENTE

TEM

TRATAMENTO

P A R T E 3

(24)

NADA MUDA SE

NADA MUDAR

A frase que encabeça o texto que você está lendo agora é comumente encontrada em placas, letreiros e avisos dos alcoólicos anônimos dos Estados Unidos. Lá eles acreditam que a mudança é a principal chave, e que da inércia não pode acontecer algo totalmente diferente; basicamente tem o mesmo significado do nosso “você não pode esperar algo diferente, fazendo o mesmo.”

Nessa vertente, o primeiro passo para buscar ajuda de profissionais é entender

que o consumo exagerado de porno-grafia é reconhecido pela psicologia como um vício, então será tratado como tal.

O segundo passo é identificar os sintomas. Citarei aqui os contidos no Inpa (Instituto de psicologia Aplicada): 1. Pouca satisfação e maior frequência

de masturbação estimulada pela pornografia;

2. Dificuldade de ereção com pessoas reais;

3. Ansiedade social, que com o tempo pode se agravar;

4. Objetificação ao corpo oposto; 5. Dificuldade de concentração; 6. Ejaculação precoce ou retardada; 7. Desinteresse sexual pelo/pela

par-ceiro/parceira; 8. Depressão,

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QUE COMECEM

OS JOGOS

Após a parte mais complexa, que é iden-tificar a necessidade de ajuda, chega a etapa de realmente começar os tratamen-tos.

Contudo, entre se ter um diagnóstico e estar em tratamento psicológico, reside a vergonha. Anteriormente comentei que assistir pornografia se tornara um convívio social, mas assumir o vício gera um conflito moral na vida das pessoas.

Existe um tabu muito comum em nossa sociedade: o do atendimento psicológico. Para muitas pessoas, isso é visto de forma pejorativa e comumente associado à lou-cura ou fragilidade, nascendo aí o medo de parecer inferior ao procurar essa ajuda especializada.

Nesse momento, mesmo procurando um amigo para conversar, ele não terá os aportes para ajudar da maneira ideal, mesmo existindo a boa intenção.

Então, caso esteja precisando de ajuda para começar o tratamento, apresentarei

algumas formas, mas lembro que o reco-mendado é procurar um especialista, que identificará a melhor maneira de dar essa assistência.

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TRATAMENTOS

Assim como qualquer outra compulsão, existe tratamento para o vício em porno-grafia. É possível encontrar diversos fóruns e grupos em redes sociais onde as pessoas dividem suas experiências como parte do tratamento. Além disso, há o auxílio de diversas instituições e profissionais especi-alizados que estão espalhados pelo Brasil. Um dos principais métodos de tratamento é conhecido como Reboot, termo em in-glês que significa reiniciação. Funciona desassociando o prazer sexual com a pornografia, dando um tempo de todos os

estímulos sexuais, muitas vezes nos perí-odos de abstinência. Depois, o trabalho consiste em associar o prazer às relações reais de sexo. Tudo isso é possível graças à capacidade plástica do cérebro.

Podemos listar alguns benefícios do Re-boot:

1. Fim da disfunção erétil e volta das ereções espontâneas;

2. Maior socialização;

3. Volta do foco, concentração, memó-ria e capacidade de planejar e concluir metas;

4. Maior atração;

5. Normalização da libido; 6. Melhora na autoestima;

7. Fim da compulsão em consumir materiais pornográficos;

8. Entre outros...

Outro tratamento existente teve início na Universidade Federal do Rio de Janeiro e costuma ser usado em viciados em tecno-logia e internete. Como atualmente o material pornografia encontra-se na inter-net, o tratamento foi adaptado. Hoje é aplicado pelo instituto Delete e consiste em fazer um “detox digital”, com a finali-dade de combater a compulsão por víde-os/imagens pornográficas.

(27)

QUANDO

PRECISAR, PEÇA

AJUDA

Nos casos da compulsão pela pornografia, a melhor forma de buscar ajuda é por meio de psicólogos, sexólogos e grupos de apoio. Entre todos os tratamentos ofertados pela psicologia, a terapia comportamental po-de ser um importante aliado para a recu-peração. Essa modalidade funciona desen-volvendo habilidades sociais, com a finali-dade de reaprender ou aprender as formas de prazer existente de maneira orgânica, além da criação de metas e táticas de autocontrole.

A terapia cognitivo-comportamental é outra abordagem recorrentemente usada nos tratamentos. Ela nos explica que nosso emocional não é afetado pelos eventos que acontecem em nossas vidas reais, mas

sim como eles são interpretados e incor-porados por nós.

Vale lembrar que os tratamentos psico-lógicos supracitados podem ser feitos individualmente por adultos, e, em casos de crianças e jovens, com a família.

A psicologia procura compreender o in-divíduo em sua singularidade, propor-cionando um tratamento que atinja o problema de acordo com as singulari-dades de cada um. O autoconhecimento é uma estratégia muito comum, pois se reconhecendo e se conhecendo é possível identificar os porquês que o levaram até ali, como por exemplo: O que o levou a começar a consumir pornografias? O que você sentiu quando assistiu pela primeira vez? Por que você continuou assistindo? Por que você identificou que esse hábito estava destruindo sua vida?

São tantos porquês que poderíamos des-crevê-los por páginas, mas, meu maior intuito aqui é fazer o indivíduo pensar e repensar sobre a necessidade de come-çar...

Começar a mudança para melhor, come-çar a destruir maus hábitos, comecome-çar o tratamento, começar a experenciar as rela-ções afetivas e sexuais da melhor forma. Nós podemos e devemos decidir começar a ser o melhor de nós.

(28)

COMO NÃO

VICIAR EM ALGO

VICIÁVEL

Por trás de cada objeto viciante, existe a sedução e a promessa.

Promessa de uma experiência mágica, promessa de melhorar algo que não está bom, promessa de esquecer os problemas externos, e tudo isso gera sedução. Mas, quando a sedução acaba, o que sobra são os prejuízos. Por isso, reuni aqui uma série de atitudes para se evitar o vício em pornografia:

1. Faça terapia. Converse com o psicólogo sobre as questões sexuais que te inco-modam;

2. Reconheça o que pode te fazer buscar o material pornográfico, e drible-o;

3. Socialize. Como o consumo em sua maioria é feito de maneira solitária, estar entre pessoas desviará a vontade de consumir;

4. Aprenda um novo hobby. Ocupe o tem-po ocioso com algo de que você goste: correr no parque, assistir a um filme ou série divertida. Escolha algo que não atraia a pornografia;

5. Não desista. Caso você esteja em tratamento contra o vício, saiba que a batalha acontece todo dia, então não desista;

6. Mude o foco. Sempre que você estiver tentado a assistir, mude o foco; Saia para caminhar por cinco minutos ou beba um copo de água, por exemplo.

(29)

MOVIMENTOS

CONTRA A

PORNOGRAFIA

Nos Estados Unidos, durante meados do século XX, iniciou-se um movimento denominado Nofap, contra o consumo de pornografia.

Outro existente também é o Reboot, o mesmo já supracitado. Esse movimento propõe o desafio dos 90 dias. Segundo as teorias e os estudos envolvidos, três meses é o tempo médio observado para uma reiniciação de sucesso, mas é claro que depende de pessoa para pessoa, geral-mente quanto maior a idade, menor o tempo. E vice e versa.

Durante esse processo, caso haja uma recaída, é necessário reiniciar a contagem, e o sexo com pessoas reais estão liberados. Possivelmente você encontre alguns obstáculos enquanto estiver fazendo seu período de Reboot, e é normal. Seu cérebro foi programado por você para funcionar em relação a estímulos de uma forma, e agora você está forçando-o a reagir de outra.

É intuitivo o seu cérebro agir como sempre

agiu, até porque é mais confortável e não exige esforço, mas muitos benefícios são listados depois do período do reboot:

1. Melhora da memória; 2. Melhora da autoestima; 3. Energia e disposição; 4. Maior clareza mental;

5. Maior alegra em realizar as atividades diárias;

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PARA LER,

VER E OUVIR

Os custos sociais da

pornografia (livro)

Este livro é o resumo de um congresso sobre o tema, que reuniu especialistas de diversas áreas. Reunindo 8 descobertas, escancara os efeitos colaterais do que antes era consi-derado um entretenimento inofensivo.

Escrito por MArryEderstadt e Mary Anne Layden

(31)

Escrito por Pamela Paul, o livro reúne o resultado de uma série de entrevistas e uma pesquisa exclusiva: o resultado do consumo da pornografia, além de mostrar que a pornografia não está apenas em imagens explícitas.

(32)

Escrito pela jornalista Naomi Wolf, foi orgi-nalmente publicado em 1991, e traz como centro do debate a busca e o culto a beleza e juventude feminina. Mais especificamente como a beleza é usada contra as mulheres, seja no trabalho, na cultura, na religião e no sexo.

O mito da beleza:

Como as imagens

de beleza são usadas

contra as mulheres (livro)

(33)

Sex & love é um documentário do Netflix estrelado pela correspondente internacional da CNN, Christiane Amanpour. Ela investigou em 6 diferentes cidades espalhadas pelo mundo, como as pessoas se relacionam, co-mo são tratadas as questões sexuais e afe-tivas.

Amor e sexo pelo

mundo (série)

(34)

Ÿ

BARR, Rachel Anne. O consumo de pornografia faz o cérebro reduzir a

um estágio infantil. Disponível em:

https://www.semprefamilia.com.br/saude/o-consumo-de-pornografia-faz-o-cerebro-regredir-a-um-estagio-infantil/. Publicado em 2020.

Ÿ

CALÓ. Fábio Augusto. Vício em pornografia: causa, sintomas e

tratamentos.

https://inpaonline.com.br/blog/vicio-em-pornografia-causa-sintomas-e-tratamento/

Ÿ

CRUZ, Ricardo Pedro. Bastidores da indústria pornô: O que ninguém

conta sobre filmes adultos. Disponível em:

https://entretenimento.r7.com/bastidores-da-industria-porno-o-que-ninguem-conta-sobre-filmes-adultos-04092020.

Ÿ

CUMINALE, Natalia. Como o excesso de pornografia pode afetar sua

vida. Disponível em:

https://veja.abril.com.br/saude/como-o-excesso-de-pornografia-pode-afetar-sua-vida/ publicado em 2016.

Ÿ

DECLERCQ, Marie. A ‘uberização’ do pornô: influencers do sexo estão

mudando o mercado adulto. Disponível em:

https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2020/02/04/a-uberizacao-do-porno-osinfluenceres-estao-mudando-o-mercado-adulto.htm

Ÿ

EBERSTADT, Mary; LAYDEN, Mary Anne. Os custos sociais da

pornografia.

Ÿ

G1. Como a indústria pornô está aumentando a audiência com a

quarentena pelo corona vírus. Disponível em:

https://g1.globo.com/pop-

arte/noticia/2020/03/23/como-a-industria-porno-esta-aumentando-a-audiencia-com-a-quarentena-pelo-coronavirus.ghtml

(35)

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GLOBO. Estudo diz que pornografia pode ser prejudicial ao cérebro

http://glo.bo/1pp3wlL

Ÿ

MURARO. Cauê. 22 milhões de brasileiros assumem consumir

pornografia e 76% são homens, diz pesquisa. Disponível em:

https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/22-milhoes-de-brasileiros-assumem-consumir-pornografia-e-76-sao-homens-diz-pesquisa.ghtml

Ÿ

PACIEVITVH, Thais. Afrodite. Disponível em:

https://www.infoescola.com/mitologia-grega/afrodite/

Ÿ

Ribeiro, Paulo Rennes Marçal. A sexualidade também tem história:

comportamentos e atitudes sexuais através dos tempos. In.:

BORTOLOZZI, Ana Cláudia; MAIA, Ari Fernando (Org). Sexualidade e

infância. Bauru: FC/CECEMCA; Brasília: MEC/SEF, 2005, p.17-32.

Ÿ

VEJA. Disfunção erétil e consumo de pornografa: a relação é

comprovada. Disponível em:

https://veja.abril.com.br/saude/disfuncao-eretil-em-jovens-esta-associada-ao-alto-consumo-de-pornografia/

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VEJA. O cérebro pornô: estamos diante de um novo vício? Disponível

em:

https://veja.abril.com.br/saude/o-cerebro-porno-estamos-diante-de-um-novo-vicio/

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WOLF, Naomi. O mito da beleza: Como as imagens de beleza são

usadas contra as mulheres. 2018

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WILSON, Gary Sexo na cabeça: como a pornografia destrói o cérebro

humano.

(36)

Os textos deste e-book pertencem ao autor e não podem ser usados para

fins comerciais sem autorização. Os dados advindos de pesquisar terão seus

autores citados na referência, juntamente com o link da pesquisa.

Outubro de 2020.

(37)

OBSERVAÇÃO

O conteúdo e dicas deste E-book não substituem terapia ou um tratamento contra transtornos psíquicos e emocionais, nem se trata de uma aconselhamento sobre qualquer tipo de transtorno. A terapia é de extrema importância para o desenvolvimento e autoco-nhecimento.

(38)

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