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Medida de Erdös: uma introdução

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Academic year: 2021

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(1)

Universidade de Lisboa

Faculdade de Ciˆ

encias

Departamento de Matem´

atica

Medida de Erd¨

os

Uma Indrodu¸

ao

Jo˜

ao Carlos Salvado da Costa Carmona e Silva

Disserta¸c˜

ao de Mestrado em Matem´

atica

(2)
(3)

Universidade de Lisboa

Faculdade de Ciˆ

encias

Departamento de Matem´

atica

Medida de Erd¨

os

Uma Indrodu¸

ao

Jo˜

ao Carlos Salvado da Costa Carmona e Silva

Disserta¸c˜

ao orientada pelo

Professor Doutor Pedro Miguel Nunes da Rosa Dias Duarte

Disserta¸c˜

ao de Mestrado em Matem´

atica

(4)
(5)

Agradecimentos

Agrade¸co: `

A minha M˜ae e aos meus Filhos, por tudo; a eles dedico isto. `A Professora Odete Botelho, minha primeira Professora de matem´atica; sem ela n˜ao sei se algum dia teria querido aprender matem´atica. Ao Professor Jo˜ao Paulo Carvalho Dias pelo eterno apoio e incentivo que sempre me deu. Ao Pedro Miguel Duarte, aqui meu orientador, mas antes de mais meu amigo, pela forma empenhada com que me orientou neste tra-balho, a constante e paciente disponibilidade, os valiosos ensinamentos que n˜ao s˜ao apenas de agora. Devo-lhe tamb´em o esclarecimento de muitos pontos em que tropecei ao longo desta reda¸c˜ao. Agrade¸co, de um modo geral, a todos os familiares, amigos, colegas e professores, que me apoiaram, incentivaram e ajudaram. Agrade¸co tamb´em `

a nos terra Mindelo que com a sua morabeza me proporcionou a necess´aria tranquili-dade. E finalmente agrade¸co `a Soraia que, demonstrando-me como se pode harmonizar beleza e complexidade, tanto me inspirou.

pingo

(6)

Resumo

Estas notas constituem uma introdu¸c˜ao `a medida de Erd¨os, determinada pela distri-bui¸c˜ao da vari´avel aleat´oria,

X

i=0

xiλi

soma infinitas das vari´aveis aleat´orias x0, x1, x2, x3, · · · que podem tomar os valores 0

ou 1, de forma independente e com igual probabilidade; λ ´e um parˆametro real previa-mente fixado entre 0 e 1. Desde 1935 que se sabe que esta medida, independenteprevia-mente de λ, ´e absolutamente cont´ınua ou continuamente singular relativamente `a medida de Lebesgue, sabendo-se tamb´em que, para λ < 1/2 a medida ´e singular e que para λ = p1/2 com n = 1, 2, 3, · · · a medida ´e absolutamente cont´ınua. At´e ao fim dosn

anos 30 nada mais se esclareceu relativamente aos outros parˆametros mas conjeturava-se que originasconjeturava-sem tamb´em distribui¸c˜oes absolutamente cont´ınuas. Por´em em 1939 Erd¨os descobriu uma fam´ılia numer´avel de n´umeros maiores que 1/2 que d˜ao origem a medidas singulares, e em 1940 provou que, numa vizinhan¸ca de 1, quase todos os parˆametros d˜ao medidas absolutamente cont´ınuas. Conjeturou ent˜ao que quase todos os parˆametros maiores que 1/2 originam medidas absolutamente cont´ınuas. Em 1958 Garsia exibiu outra classe numer´avel de parˆametros que concordava com essa conje-tura, a qual, veio a ser provada por Solomyak em 1995. Permanecem em aberto v´arias outras quest˜oes, nomeadamente, saber se existem outros parˆametros que originem me-didas singulares al´em dos encontrados por Erd¨os. Exp˜oe-se de uma forma que pretende ser t˜ao aut´onoma quanto poss´ıvel, os v´arios resultados supra referidos e outros. H´a a preocupa¸c˜ao de usar uma linguagem uniforme, previamente preparada, que permita desencadear os resultados numa sequˆencia dedutivamente natural. N˜ao tratamos aqui o recente resultado de Solomyak, que se reservou para uma continua¸c˜ao natural deste trabalho onde a perspetiva assenta na varia¸c˜ao do parˆametro, e n˜ao apenas na ob-serva¸c˜ao pontual est´atica que aqui ´e feita.

Palavras-chave: Medida de Erd¨os, convolu¸c˜ao infinita de Bernoulli, n´umeros de Pisot, n´umeros de Garsia.

(7)

Abstract

These remarks are meant as an introduction to the Erd¨os measure, which is determined by the distribution of the random variable

X

i=0

xiλi

, the infinite sum of random variables x0, x1, x2, x3, · · · that can independently and

with equal probability take the values 0 or 1; λ ´e is a real parameter which is fixed beforehand at a value between 0 and 1. It has been known since1935 that this measure is, independently of λ ´e, absolutely continuous or continuously singular relative to the Lebesgue measure. It is also known that the measure is singular if λ < 1/2 and abso-lutely continuous if λ = p1/2 where n = 1, 2, 3, · · · . Up until the end of the thirtiesn

nothing further was concluded regarding the other parameters, although it was conjec-tured that they would generate absolutely continuous distributions as well. However, in 1933 Erd¨os discovered a numerable family of numbers greater than 1/2 that generate singular measures, and in 1940 he proved that in a neighbourhood of 1 almost every parameter generates absolutely continuous measures. He went on to conjecture that almost every parameter greater than 1/2 generates absolutely continuous measures. In 1958 Garsia showed another numerable parameter class which fulfilled the conjecture. The conjecture would be borne out only in 1995 by Solomyak. A few issues remain nevertheless open, in particular the possible existence of parameters other than the ones found by Erd¨os which generate singular measures. The abovementioned results as well as a few others are laid out here in hopefully as autonomous a way as possible. It is intended to use a consistent, preset language allowing generating the outcomes in a deductively natural sequence. Solomyak’s recent result is left out as it should form a natural continuation of this work designed to be based on the variation of the parameter rather than the static, single-point observation carried out here.

Key-words: Erd¨os measure, infinite Bernoulli convolutions, Pisot numbers, Garsia numbers.

(8)

Conte´

udo

1 Introdu¸c˜ao 1

1.1 O problema . . . 1

1.2 Alguma hist´oria . . . 2

1.3 G´enese . . . 3

1.4 Formula¸c˜ao matem´atica . . . 4

1.5 Nota¸c˜oes, defini¸c˜oes e conven¸c˜oes . . . 7

2 Ferramentas 9 2.1 Os espa¸co 2n. . . . 9

2.2 As fun¸c˜oes λn e as suas imagens . . . 11

2.2.1 Dimens˜ao de Kλ . . . 12

2.2.2 As fatoriza¸c˜oes de λN . . . 14

2.3 As semelhan¸cas Si e o operador S . . . 15

3 A medida de Erd¨os 18 3.1 Os casos λ ≤ 1/2 . . . 19

3.2 Dinˆamica e ponto fixo: . . . 21

3.3 Densidade . . . 26

4 Crit´erios de singularidade ou regularidade 34 5 Apˆendice 45 5.1 Teoria da Medida . . . 45

5.2 Alg´ebricos inteiros . . . 51

5.3 Distribui¸c˜ao binomial . . . 55

5.4 Diversos . . . 56

(9)

Cap´ıtulo 1

Introdu¸

ao

1.1

O problema

Estas notas tratam de somas, finitas ou infinitas, da forma:

λ0+ λ1+ λ3+ λ6+ λ11+ . . .

em que as parcelas s˜ao potˆencias λ0, λ1, λ2, λ3. . . de um n´umero real λ do intervalo

(0, 1). Supomos que cada potˆencia λipode ou n˜ao ocorrer na s´erie, de forma aleat´oria e independente, com probabilidade 1/2. O problema consiste em conhecer como se distri-buem, probabilisticamente, os valores dessas somas assim formadas. Numa formula¸c˜ao mais rigorosa, que adiante faremos, pretendemos conhecer, tanto quanto poss´ıvel, a medida de probabilidade na reta real definida por:

νλ(B) := P ( X i=0 xiλi ∈ B )

supondo que, para cada i, P {xi = 0} = P {xi = 1} = 1/2.

Sabe-se que, dependendo de λ, νλ ´e absolutamente cont´ınua ou continuamente

sin-gular relativamente `a medida de Lebesgue, ou seja, n˜ao pode ter uma composi¸c˜ao mista nem a presen¸ca de ´atomos. O problema consiste ent˜ao em saber para que valores do parˆametro λ a medida νλ ´e uma coisa ou outra. No caso de λ ser suficientemente

pe-queno, e isso significa λ < 1/2, as somas ficam distintas umas das outras, distribuindo-se num intervalo da reta com lacunas que distribuindo-se reproduzem infinitamente, formando os

(10)

cl´assicos conjuntos de Cantor; neste caso λ apenas determina a escala, isto ´e o tama-nho relativo das lacunas, tanto menores quanto mais pr´oximo λ est´a de 1/2. O Caso λ = 1/2 ´e um ponto de equil´ıbrio em que aquelas lacunas se reduzem a nada e as somas distribuem-se uniformemente no intervalo [0, 1]. No caso λ > 1/2 as somas come¸cam a repetir-se, para sequˆencias de parcelas diferentes, criando zonas de sobreposi¸c˜ao que tamb´em se v˜ao reproduzir indefinidamente. Apesar de νλ ter uma distribui¸c˜ao

equiva-lente `a medida de Lebesgue para quase todos os λ > 1/2, h´a exce¸c˜oes surpreendentes, isto ´e, valores de λ para os quais a medida νλ fica singular. Distinguir os valores de λ

que determinam um comportamento ou outro ´e um problema que permanece aberto h´a mais de 70 anos.

1.2

Alguma hist´

oria

Pelo menos desde os anos 30 do s´eculo passado que o comportamento desta distribui¸c˜ao tem sido mat´eria de estudo, tendo ao logo destas d´ecadas revelado aplica¸c˜oes em v´arias ´

areas da matem´atica especialmente ligadas a an´alise harm´onica, n´umeros alg´ebricos, sistemas dinˆamicos e teoria da dimens˜ao. Por isso ´e vasta a literatura produzida sobre o assunto. Em [20] pode encontrar-se um resumo hist´orico dos principais resultados. Apesar de tudo o problema est´a longe de estar esgotado n˜ao s´o pelas in´umeras novas quest˜oes que tem suscitado, em liga¸c˜ao a diversos outros problemas como tamb´em pela resistˆencia de tantas outra que permanecem por esclarecer. Por isso o problema ´e repu-tado de dif´ıcil. Desde 1935 que Wintner e outros mostraram algumas das propriedades b´asicas da distribui¸c˜ao νλ, nomeadamente que ´e sempre singular ou absolutamente

cont´ınua, de tipo puro; que os parˆametros inferiores a 1/2 s˜ao singulares e que 1/2 e as suas ra´ızes 1/√n

2 s˜ao regulares. Esses resultados e outros, como a crescente re-gularidade das densidades, faziam acreditar que a partir de 1/2 todos os parˆametros seriam regulares. Por´em, logo em 39 Erd¨os descobriu, com enorme surpresa, que s˜ao singulares os todos parˆametros λ > 1/2 cujo cujo inverso seja um n´umero de Pisot. Por outro lado, logo em 40 o pr´oprio Erdos mostrou numa vizinhan¸ca de 1 quase todos os os parˆametros s˜ao regulares, embora sem explicitar nenhum. At´e 1958 parˆametros regulares concretos apenas eram conhecidas as ra´ızes de 1/2, ano em que Adrano Gar-sia mostrou que uma certa caracter´ıstica oposta `a que caracteriza os n´umeros de Pisot garante a regularidade da medida. Os por isso esses n´umeros foram acabaram por ser batizados como n´umeros de Garsia. Desde ent˜ao que ´umeros de Pisot e n´umeros de Garsia tˆem sido ampla e profundamente estudados havendo no entanto in´umeras quest˜oes em aberto em rela¸c˜ao a ambos. Desde a´ı e durante quase 40 anos pouco se

(11)

adiantou sobre a quest˜ao essencial do problema, ou seja, quanto `a classifica¸c˜ao de novos parˆametros. Em 1995 Solomyak [16] provou que quase todos os parˆametro maiores que 1/2 s˜ao regulares. Apesar disso continua sem se saber existem outros singulares para al´em dos de Pisot ou, t˜ao pouco, se s˜ao em quantidade numer´avel. J´a em 1998 Mauldin e Simon [17] provaram que sendo absolutamente cont´ınua a medida ´e de facto equi-valente `a medida de Lebesgue, naturalmente, restringida ao suporte daquela. Outro resumo de resultados e conjeturas pode encontrar-se nos slides de De-Jun Feng [22].

1.3

enese

N˜ao fosse o infinito discretamente presente nas reticˆencias da express˜ao:

λ0+ λ1+ λ3+ λ6+ λ11+ . . .

e tudo seria menos complicado. Mas, por mais reduzida que seja a forma de o repre-sentar, o infinito ´e grande e encerra em si mist´erios dificilmente acess´ıveis a seres de natureza finita. O infinito ocorre naturalmente ao esp´ırito humano quando observa sequˆencias de acontecimentos que parece n˜ao acabarem. Habituado que est´a a que tudo tenha um fim e sendo da sua natureza arranjar solu¸c˜oes para os problemas que se lhe deparam, trata de inventar uma coisa que ponha fim ao que parecia n˜ao terminar, e –algo contradit´orio– chama-lhe infinito. O infinito com que vamos lidar nasce assim mesmo, a partir de somas finitas:

λ0+ λ1+ λ3+ λ6+ λ11.

Somas a que podemos ir acrescentando mais e mais parcelas, em quantidade finita mas sem um limite estabelecido. A cada soma finita podemos acrescentar uma nova parcela, e assim sucessivamente. S˜ao assim essas somas finitas, cada uma obtida a partir da anterior, que nos conduzem `aquilo a que chamamos soma infinita. Inevit´avel ser´a tentar entendˆe-la atrav´es das pr´oprias aproxima¸c˜oes finitas que servem para a conceber. O car´ater geracional das somas que, de alguma forma, se v˜ao obtendo umas ap´os as outras ser´a um cunho indel´evel que se vai manifestar repetidas vezes num padr˜ao evolutivo comum:

• Uma sucess˜ao intermin´avel de indiv´ıduos ωo, ω1, ω2, . . ., ωn, ωn+1 . . .,

existen-tes em algum habitat natural Ω, gerados a parir do original ω0, sucessivamente

atrav´es de um gerador dinˆamico, Γ, que reproduz cada ωn+1 como sucessor de

ωn:

(12)

• E um indiv´ıduo final, ωN, resultado do apuramento da esp´ecie, ao qual os ωn se

v˜ao assemelhando, e que, de t˜ao perfeito, ´e reproduzido num igual a si mesmo:

ωN= ΓωN

Se por um lado, para a compreens˜ao das caracter´ısticas gen´eticas de ωN, ´e fundamental atender `a heran¸ca inevitavelmente transmitida pelos seus antepassados ωn, n˜ao menos

importante ser´a atender `a sua condi¸c˜ao de clone de si pr´oprio, facto que, por si s´o, lhe imp˜oe caracter´ısticas peculiares.

Enfim, uma linguagem agora mais matem´atica, o cen´ario t´ıpico do teorema do ponto fixo de Banach que nos levar´a a procurar uma m´etrica, definida num espa¸co Ω que cont´em os ω0s, devidamente adaptada, quer dizer, para a qual Γ seja uma contra¸c˜ao. Uma vez definido esse contexto temos as conclus˜oes do teorema, nomeadamente, a uni-cidade do ponto fixo, a garantia de convergˆencia da sucess˜ao ωn independentemente da

escolha do objeto original ω0 e uma estimativa da rapidez da convergˆencia relacionada

com a raz˜ao da contra¸c˜ao. Isso ser´a especialmente ´util para inferir propriedades para o ponto fixo ωN, quer transmitidas pelas aproximadas ωn, em geral mais acess´ıveis, quer

impostas pela pr´opria equa¸c˜ao de ponto fixo. Observe-se desde j´a que nas situa¸c˜oes em que vamos encontrar este padr˜ao dinˆamico, o ponto fixo ´e conhecido como tal `a priori, n˜ao tendo qualquer interesse a conclus˜ao de existˆencia, geralmente o ponto forte dos teoremas de ponto fixo.

1.4

Formula¸

ao matem´

atica

O problema pode ser −e ´e− formulado e formalizado de diversas maneiras equivalentes dependendo das diversas abordagens e pontos de vista de que pode ser observado. Para introduzir a formula¸c˜ao que aqui adotamos, come¸camos por uniformizar a express˜ao das somas:

λ0+ λ1+ λ3+ λ6+ λ11+ . . . na forma:

1.λ0+ 1.λ1+ 0.λ2+ 1.λ3 + 0.λ4+ 0.λ5+ 1.λ6+ . . . + 1.λ11+ . . .

em que todas as potˆencias de λ ocorrem, afetando-as do coeficiente 0 ou 1 consoante a respetiva parcela seja ou n˜ao considerada na soma. Por um lado uniformizamos a

(13)

representa¸c˜ao na forma geral: x0.λ0+ x1.λ1+ x2.λ2+ x3.λ3+ . . . ou abreviadamente, ∞ X i=0 xiλi,

e por outro lado isolamos o car´ater aleat´orio do problema, exatamente nesta sequˆencia de coeficientes, x0x1x2. . ., em que cada coeficiente xi´e 0 ou 1 e que supomos ocorrerem

de forma aleat´oria, independente e com igual probabilidade. Note-se que desta forma abarcamos tamb´em as somas finitas que correspondem simplesmente a sequˆencias que s˜ao nulas a partir de certo ponto: x0x1x2. . . xn−10000 . . . e que podemos naturalmente

encarar apena como sequˆencias finitas x0x1x2. . . xn−1.

Vamos assim tratar o aspeto probabil´ıstico do problema justamente considerando as probabilidades associadas a acontecimentos que s˜ao representados por conjuntos de sequˆencias daquelas, considerando que cada s´ımbolo 0 ou 1 ocorre com igual probabi-lidade e de forma independentes uns dos outros. Para sequˆencias finitas, de compri-mento n, a hip´otese de equiprobabilidade e independˆencia e os conceitos rudimentares de probabilidades conduzem-nos imediatamente a que cada sequˆencia de n s´ımbolos, x0x1x2. . . xn−1 ´e t˜ao prov´avel como qualquer outra, valendo ent˜ao a Lei de Laplace:

P (A) = #A 2n ,

sendo A um qualquer conjunto de tais sequˆencias de comprimento n, uma vez que o n´umero total de sequˆencias poss´ıveis ´e 2n, e ficando assim, neste caso, perfeitamente definido e quantificado o conceito intuitivo de probabilidade. Para sequˆencias infinitas torna-se mais delicado definir e quantificar o que entendemos por probabilidade. Neste caso as mesmas hip´oteses levam-nos tamb´em a concluir que cada sequˆencia infinita ´e t˜ao prov´avel como qualquer outra n˜ao podendo ent˜ao deixar de ser considerada de probabilidade nula, pois que de outra forma, por mais pequena que fosse essa probabili-dade, sendo igual para todas as sequˆencias que por sua vez s˜ao em quantidade infinita, levaria a contrariar a condi¸c˜ao b´asica de ser 1 a probabilidade total.

Com vista a encontrar uma defini¸c˜ao matem´atica de probabilidade no espa¸co de todas as sequˆencias infinitas de s´ımbolos 0 e 1, podemos argumentar do seguinte modo: Dado um conjunto A de sequˆencias infinitas de 0’s e 1’s, podemos decompˆo-lo na uni˜ao

(14)

disjunta dos dois conjuntos A0 e A1 constitu´ıdos, respetivamente, pelas sequˆencias de

A iniciadas por 0 e as iniciadas por 1:

A = A0∪ A1.

Depois, representando em geral por σ(B) o conjunto das sequˆencias de B `as quais foi suprimido o primeiro termo, e observando que uma sequˆencia x0x1x2x3... est´a em

A se, e s´o se, x0 = 0 e x1x2x3... est´a em σ(A0) ou (exclusivamente) x0 = 1 e x1x2x3...

est´a em σ(A1), conclu´ımos que:

P (A) = 1

2P (σ(A0)) + 1

2P (σ(A1)),

ou seja, a fun¸c˜ao de probabilidade, P , que queremos definir, verificar´a a equa¸c˜ao de ponto fixo:

P (A) = P (σ(A0)) + P (σ(A1))

2 . (1.1)

De facto existe uma ´unica medida de probabilidade no espa¸co daquelas sequˆencias infinitas que satisfaz esta equa¸c˜ao. Repare-se tamb´em que as probabilidades Pn, para

as sequˆencias finitas de comprimento n, verificam a correspondente f´ormula recursiva:

Pn+1(A) = P

n(σA

0) + Pn(σA1)

2 . (1.2)

Este ´e, por um lado, o contexto em que ser´a matematizado o lado probabil´ıstico do problema, cuja formaliza¸c˜ao necess´aria faremos na sec¸c˜ao seguinte. O outro lado do problema surge pela introdu¸c˜ao do fator λ que atuar´a pelo produto da sua expans˜ao geom´etrica

λ0, λ1, λ2, . . . sobre as sequˆencias aleat´orias

x0x1x2. . . formando as somas: ∞ X i=0 xiλi

Agora o ambiente ´e simplesmente o campo dos n´umeros reais onde as somas s˜ao feitas, misturando o fator dinˆamico das sequˆencias aleat´orias com o fator contrativo do n´umero λ. Essa mistura traduz-se na aplica¸c˜ao iterada das duas contra¸c˜oes em R

(15)

S1 : t → 1 + λt

de forma aleat´oria, equiprov´avel e independente. Repare-se que as somas em causa s˜ao assim obtidas, por exemplo,

1 + λ2+ λ3 = S1S1S0S1(0).

E ent˜ao o padr˜ao dinˆamico original da probabilidade de Bernoulli, presente nas f´ormulas (1.1) e (1.2), h´a-de dar origem ao padr˜ao dinˆamico,

ξ → ξS −1 0 + ξS −1 1 2 (1.3)

e outros derivados deste. Na met´afora gen´etica atr´as usada, dir´ıamos que o problema cont´em dois genes: o primeiro, de Bernoulli, simbolizado por σ, sendo respons´avel por um comportamento dinˆamico e aleat´orio relativamente simples de entender; o segundo, de Erd¨os, simblolizado por λ, respons´avel pelas semelhan¸cas contrativas podendo en-cerrar dentro de si e transmitir ao problema toda a complexidade que um simples n´umero real pode conter.

1.5

Nota¸

oes, defini¸

oes e conven¸

oes

1. O s´ımbolo 2n ocorre aqui, e ocorrer´a daqui em diante, tanto para representar o

sub-conjunto de 2N em cima definido, como para representar o n´umero natural 2 elevado

ao expoente n. Esta ambiguidade representativa −ou, pelo menos, interpretativa− ´e pouco recomendada num texto de matem´atica. Contudo, acreditamos que tal confus˜ao n˜ao ser´a aqui motivo de ambiguidade, uma vez que nas instˆancias em que o s´ımbolo ocorre o pr´oprio contexto ser´a esclarecedor da sua interpreta¸c˜ao. A verdade ´e que, de um certo ponto de vista, esta confus˜ao ´e at´e desej´avel, porquanto confere `as f´ormulas uma harmonia expressiva da harmonia dos seus significados.

2. Alguns objetos v˜ao ser definidos simultaneamente e de forma an´aloga sobre os conjuntos

n = {0, 1, 2, 3 . . . , n − 1} e N = {0, 1, 2, 3 . . .}. Nesses casos utilizamos a letra n como vari´avel que tanto pode tanto ser um dos primeiros conjuntos finitos como o pr´oprio N; referimos isso escrevendo abreviadamente n ≤ N. Tipicamente tais defini¸c˜oes tˆem na sua origem rela¸c˜oes do tipo:

(16)

e

ωN= ΓωN

que se repercutir˜ao noutras da mesma forma e que unificamos na primeira, dizendo que ´e v´alida para n ≤ N, convencionando que N + 1 = N.

3. Por vezes, para aliviar a nota¸c˜ao, e n˜ao havendo risco de ambiguidades, omi-timos o ´ındice N; por exemplo escrevemos apenas P em vez de PN, ou ν

λ no lugar

de νλN. Dentro do mesmo esp´ırito, em contextos em que o parˆametro λ esteja fixado,

podemos abreviar a nota¸c˜ao omitindo a referˆencia a ele; por exemplo νn abreviando

νλn, Kn = Kλn, ou K = Kλ = KN= KλN.

4. Usaremos o s´ımbolos + e Σ para representar uni˜oes de subconjuntos disjuntos de 2N. ´E uma nota¸c˜ao sugestiva, especialmente quando as f´ormulas se destinam a aplicar

medidas (fun¸c˜oes aditivas). No entanto, entre subconjuntos de R, o s´ımbolo + ser´a usado exclusivamente para representar a soma aritm´etica: A+B := {a+b : a ∈ A b ∈ B}.

5. Representamos a medida de Lebesgue em R por L e por LA a sua restri¸c˜ao a

um qualquer A ⊂ R, isto ´e,

LA(E) := L(A ∩ E).

Para o intervalo Iλ = [0, lλ], que ser´a definido adiante, interessa-nos a restri¸c˜ao

norma-lizada:

Lλ :=

LIλ

.

6. Para comodidade do leitor, inclu´ımos no apˆendice muitas das defini¸c˜oes comuns com que vamos lidar, enunciados de alguns resultados cl´assicos. Inclu´ımos tamb´em al-gumas demonstra¸c˜oes de resultados eventualmente comuns dentro das respetivas ´areas espec´ıficas. De um modo geral procur´amos expurgar o texto as mat´erias necess´aria mas que n˜ao se prendem especificamente com o assunto em estudo, sejam referentes a teorias utilizadas ou c´alculos de car´ater t´ecnico. Serve o apˆendice tamb´em para indicar referˆencias para resultados pontuais ou assuntos mais gerais de que fazemos uso. Para indicar ao leitor que uma parte do texto deve ser acompanhada da leitura da respetiva sec¸c˜ao do apˆendice assinalamo-lo com o s´ımbolo .

(17)

Cap´ıtulo 2

Ferramentas

2.1

Os espa¸

co 2

n

Para cada n ∈ N, 2n representa o espa¸co das sequˆencias finitas definidas em n = {0, 1, . . . , n − 1}

com valores em 2 = {0, 1}, que consideramos naturalmente inclu´ıdo em 2N,

conside-rando as sequˆencias finitas prolongadas com zeros. Pn´e a probabilidade uniformemente

distribu´ıda sobre 2n, ou seja definida por:

Pn(A) = #A 2n

para A ⊂ 2n.

2N´e o espa¸co das sucess˜oes de definidas em N, com valores em 2 = {0, 1}, munido

da topologia produto da topologia discreta em {0, 1}; da probabilidade PN potˆencia

infinita da probabilidade uniforme em {0, 1}; da dinˆamica σ : 2N → 2N definida por

(σx)i = xi+1, para x ∈ 2N. Com esta estrutura 2N ´e um espa¸co topol´ogico compacto,

metriz´avel, separ´avel, completamente desconexo e sem pontos isolados; a probabili-dade, ´e uma medida de Borel regular, invariante e erg´odica em rela¸c˜ao e esta dinˆamica, usualmente chamada shift de Bernoulli.

Defini¸c˜oes:

(18)

o cilindro de centro em x, ou seja, o conjunto das sequˆencias que come¸cam como x,

Cn(x) :=y ∈ 2N : y|n= x|n

onde x|n ´e a restri¸c˜ao de x a n = {0, 1, . . . , n − 1}.

os operadores σ−10 , σ1−1 inversos direitos de σ,

σ0−1(x) := 0x σ1−1(x) := 1x onde 0x := 0x0x1. . . e 1x := 1x0x1. . .. a proximidade de x a y, D(x, y) := sup {n ∈ N : x|n= y|n} a distˆancia de x a y d(x, y) := 1 D(x, y)

A desigualdade triangular para d = 1/D ´e consequˆencia de

D(x, z) ≥ D(x, y) ∧ D(y, z) Com efeito, d(x, z) = 1 D(x, z) ≤ 1 D(x, y) ∧ D(y, z) = 1 D(x, y) ∨ 1 D(y, z) ≤ d(x, y) + d(y, x) Assim, d = 1/D ´e uma pseudom´etrica em 2N que define a topologia produto em

2N e para a qual as bolas de centro em x e raio 1/n, fechadas e abertas abertas

respe-tivamente, isto ´e, incluindo ou n˜ao os pontos `a distˆancia 1/n de x, s˜ao extamente os cilindros:

Cn(x), Cn+1(x);

(19)

2.2

As fun¸

oes λ

n

e as suas imagens

Para λ ∈ (0, 1) e n ≤ N, definimos as fun¸c˜oes λn :2n→ R por:

λnx :=

X

i∈n

xiλi

No caso finito representamos por Kn a imagem de λn,

Kn:= λn(2n) e kn := #Kn

e por Iλn o menor intervalo que cont´em Kn, ou seja,

Iλn := [0, lλn] onde lλn :=

1 − λn 1 − λ No caso infinito pomos,

Kλ := λN(2N)

e

Iλ := [0, lλ] := [0, (1 − λ)−1]

´

E imediado verificar que estas imagens formam uma sucess˜ao crescente de conjuntos e que,

[

n∈N

Kn= Kλ ⊂ Iλ

Para a inclus˜ao S

n∈NKn ⊂ Kλ importa o facto de λN ser cont´ınua. De facto se

V ´e um aberto de R e x ∈ λ−1

N V , ent˜ao, como se reconhece facilmente, para n ∈ N

suficientemente grande,

λN(Cn(x)) ⊂ λnx + λnIλ ⊂ V

o que prova a continuidade de λN. Assim, sendo λN cont´ınua num compacto, e sendo P uma medida de Borel regular tamb´em νλ ´e uma medida de Borel regular. (♦).

As fun¸c˜oes λNaqui definidas sobre 2N, aplicam-se naturalmente a qualquer sucess˜ao

limitada. Assim se Y ⊂ [0, M ]Ne Y |

n:= {x|n: x ∈ Y }, podemos generalizar a inclus˜ao

de cima:

λN(Y ) ⊂ λn(Y |n) + λnλN([0, M ]N)

e estabelecer a seguinte estimativa que ser´a usada adiante,

(20)

2.2.1

Dimens˜

ao de K

λ

Para λ ∈ (0, 1) definimos as m´etricas ρλ, dλ e δλ em 2N, por

dλ(x, y) = λN|x − y| (2.2)

ρλ(x, y) = |λNx − λNy| (2.3)

δλ(x, y) = λD(x,y) (2.4)

Note-se que, para λ ≥ 1/2, λN n˜ao ´e injetiva e por isso ρλ ´e apenas uma semi-m´etrica.

Mas, para λ < 1/2, a m´etrica ρλ ´e especialmente ajustada para estudar os efeitos de

λN na sua imagem, uma vez que ´e exatamente o transporte da m´etrica de [0, 1] para 2N

por meio daquela fun¸c˜ao, ou seja, aquela para a qual λN ´e uma isometria (se λ = 1/2 este discurso carece de algumas observa¸c˜oes que ser˜ao feitas quando nos detivermos nesse caso).

Destas defini¸c˜oes resultam facilmente as desigualdades que (juntamente com λ1/d

d/(e. log λ−1)) asseguram as rela¸c˜oes:

ρλ 4 dλ ≡ δλ 4 d (2.5)

v´alidas para qualquer λ ∈ (0, 1). Para λ < 1/2, a desigualdade,

ρλ(x, y) ≥

1 − 2λ 1 − λ · λ

D(x,y) (2.6)

implica tamb´em a equivalˆencia m´etrica ρλ ≡ δλ, portanto

ρλ ≡ dλ ≡ δλ 4 d (2.7)

Apesar de δλ n˜ao dominar d, da defini¸c˜ao de δλ = λ1/d, resulta claro que δλ e d s˜ao

uniformemente equivalentes, portanto as m´etricas referidas s˜ao todas uniformemente equivalentes entre si, mesmo com parˆametros λ diferentes, incluindo as m´etricas ρλ

com λ < 1/2.

Da defini¸c˜ao de δλ resulta imediatamente

δγ = δλq (2.8)

onde q = log λlog γ, ou seja, γ = λq, igualdade que se repercute imediatamente `as respetivas

medidas de Hausdorff de qualquer dimens˜ao s ≥ 0,

Hs δγ = H

qs

(21)

Por outro lado de (2.5) e (2.7) saem, respetivamente, Hs ρλ  H s dλ ≡ H s δλ  H s d para qualquer λ, e Hs ρλ ≡ H s dλ ≡ H s δλ  H s d

para λ < 1/2. Conjugado esta equivalˆencia com (2.9) temos tamb´em, Hs

dγ ≡ H

qs dλ

para quaisquer λ, γ.

Tendo em conta as equivalˆencias de cima, conclu´ımos que as m´etricas dλ e δλ, e

tamb´em ρλ, no caso λ < 1/2, determinam as mesmas dimens˜oes de Hausdorff (de

conjuntos ou medidas) as quais representaremos apenas em fun¸c˜ao do parˆametro λ, por

dimλ

Al´em disso de (2.9) temos a rela¸c˜ao, para quaisquer λ, γ,

dimλ =

log γ

log λdimγ (2.10) que nos permite calcular a dimens˜ao de Kλ. Com efeito, sendo λN uma contra¸c˜ao

relativamente a dλ, temos que, para A ⊂ 2N,

dim(λN(A)) ≤ dimλ(A)

e ent˜ao1, para λ ≥ 1/2, dimλ 2N ≥ dim Iλ = 1. Por outro lado, para λ < 1/2, λN

´e uma isometria relativamente a ρλ, e assim,

dim (Kλ) = dimλ 2N =

log 1/2

log λ dim12 2

N

donde se tira que dim1 2 2 N = 1 e ent˜ao, dim (Kλ) = log 1/2 log λ = dimλ 2 N

sendo a primeira igualdade v´alida para λ ≤ 1/2 mas a segunda para qualquer λ ∈ (0, 1). Adiante veremos que Kλ = Iλ no caso λ ≥ 1/2, pelo que, nesse caso, dim Kλ = 1.

1Adiante veremos que para λ ≥ 1/2 K

λ = Iλ o que ali´as pode ser visto por mero c´alculo, sem

(22)

2.2.2

As fatoriza¸

oes de λ

N

Agrupando as parcelas da s´erie em grupos de d > 1 parcelas,

λNx =X i∈N xiλi = X i<d X n∈N xdn+iλdn ! λi = λdλdNx~d

sendo, ~xd∈ (2N)d o vetor de sequˆencias definido, para x ∈ 2N, n ∈ N e i < d, por

((~xd)i)n= xdn+i

e vendo λd N:= (λ

d)

N a atuar sobre cada uma das d componentes de ~xd produzindo um

vetor de (Kλd)d, isto ´e, λdN~xd  i = λ d N((~xd)i). Esquematicamente: λd N λd λN: 2N ≈ (2N)d −→ (Kλd)d −→ Kλ

onde o s´ımbolo ≈ representa o isomorfismo 2N ≈ (2N)d determinado por x ≈ ~x d,

relativamente ao qual,

PN

≈ (PN)d

quer dizer, a probabilidade transportada por este isomorfismo, de 2N para (2N)d, ´e

(PN)d.

Alternativamente, agrupando as parcelas da s´erie por ordem inversa, temos,

λNx =X i∈N xiλi = X n∈N X i<d ~ xdn+1λi ! λdn = λdNλdx~d.

onde, agora, ~xd∈ (2d)N, ´e a sequˆencia de vetores definida, para i < d, n ∈ N, por

((~xd)n)i = xdn+i

e λd ´e visto como atuando sobre as infinitas componentes de ~xd produzindo uma

sequˆencia de Kd, isto ´e,

(23)

Esquematicamente: λd λdN λN : 2N ≈ (2d)N −→ (K λd)N −→ Kλ, com PN ≈ (Pd)N.

Referir-nos-emos a estas duas decomposi¸c˜oes ou fatoriza¸c˜oes de λN, respetivamente, pelas express˜oes:

λN≈ λdλdN

e

λN ≈ λdNλd.

2.3

As semelhan¸

cas S

i

e o operador S

Olhando para as somas, finitas ou infinitas, agora representadas pelas fun¸c˜oes λn,

observamos a rela¸c˜ao, para n ≤ N:

λn+1x = λ1x + λλnσx

ou, em termos de fun¸c˜oes:

λn+1= λ1+ λλnσ (2.11)

a qual sugere a introdu¸c˜ao das semelhan¸cas contrativas em R, S0 e S1 definidas por:

S0t := λt e S1t := 1 + λt

para t ∈ R. A composi¸c˜ao de uma sequˆencia de comprimento n destas duas semelhan¸cas representamos por

Sx:= Sx0Sx1. . . Sxn−1 (x ∈ 2

n)

e facilmente se verifica que, para t ∈ R,

Sxt = λnx + λnt.

Em particular, como j´a observ´amos na introdu¸c˜ao,

(24)

e substituindo t por B ⊂ R, temos

SxB = λnx + λnB. (2.12)

De outro ponto de vista, estas semelhan¸cas s˜ao afinal conjugados dos operadores σ0−1 e σ1−1, no sentido de que:

λn+1σ0−1 = S0λn

e

λn+1σ1−1= S1λn.

Da mesma forma, a uni˜ao dos dois S = S0∪ S1, vistos como operadores de conjuntos,

ou seja, definida por:

S(B) := S0(B) ∪ S1(B)

para B ⊂ R, ´e conjugado de σ−1, exatamente no mesmo sentido: λn+1σ−1 = Sλn.

Daqui resulta que, para A ⊂ 2N,

λn+1σ−1(A) = Sλn(A),

e ent˜ao, se A ´e σ−invariante, temos a rela¸c˜ao dinˆamica com o operador S, de recursi-vidade e ponto fixo:

λn+1(A) = Sλn(A).

Em particular, para A = 2N, sai:

Kn+1= S(Kn)

As iteradas de S assumem a forma:

Sn(B) = [ x∈2n Sx(B) = [ x∈2n (λnx + λnB) = Kn+ λnB. Em particular, Sn(K 0) = Kn.

Consideramos agora no espa¸co K, constitu´ıdo pelos subconjuntos compactos e n˜ao vazios de Iλ, a m´etrica de Hausdorff, definida por:

(25)

Obtemos assim um espa¸co m´etrico compacto [6]. Para esta m´etrica S ´e uma λ−contra¸c˜ao,

d(SX, SY ) ≤ λd(X, Y ) como se verifica com base nos seguintes factos:

i) d(λX, λY ) = λd(X, Y ) ii) d(1 + λX, 1 + λY ) = λd(X, Y ) iii) d(∪iXi, ∪iYi) ≤ sup i d(Xi, Yi)

Verificando (iii), temos, sup x∈∪Xi d(x, ∪Yi) = sup i sup x∈Xi d(x, ∪Yi) ≤ sup i sup x∈Xi d(x, Yi) ≤ sup i d(Xi, Yi) e analogamente sup y∈∪Yi d(∪Xi, y) ≤ sup i d(Xi, Yi)

o que prova (iii).

Assim, sendo S uma contra¸c˜ao, tem um ´unico ponto fixo em K, que como vimos atr´as ´e justamente Kλ. Al´em disso temos:

Sn(X) → Kλ

para qualquer X ∈ K, e, em particular,

Kn→ Kλ

Se X ⊂ Iλ ´e outro ponto fixo de S, n˜ao vazio e n˜ao compacto, tendo em conta que

SX = SX, temos que X tamb´em ´e ponto fixo de S, logo X = Kλ. Assim fica provada

a igualdade j´a anunciada:

Kλ =

[

n∈N

Kn,

uma vez que aquela uni˜ao dos Kn´e ponto fixo de S. Podemos tamb´em concluir agora

(26)

Cap´ıtulo 3

A medida de Erd¨

os

Para n ≤ N, definimos as proje¸c˜oes de Pn por meio das fun¸c˜oes λ

n sobre Kn:

νλn := P

n

λ−1n

O caso n = N, objeto destas notas ´e a medida de Erd¨os, ou Convol¸c˜ao Infinita de Bernoulli, que representamos por:

νλ

Observamos j´a que:

Spt(νλ) = Kλ

isto porque, se V ´e um aberto tal que V ∩ Kλ 6= ∅, ent˜ao, tomando x ∈ λ−1N V e

como vimos a prop´osito da continuidade, para n suficientemente grande, νλ(V ∩ Kλ) ≥

P (Cn(x)) = 2−n> 0.

Adiante, na sec¸c˜ao 3.2, veremos que, para qualquer probabilidade de Borel, em Iλ,

µ, as iteradas Tnµ convergem fracamente para ν

λ (♦), onde T ´e um certo operador

para o qual νλ ´e ponto fixo, em particular veremos que,

νn* νλ

e portanto,

νn(B) → νλ(B)

para qualquer B ⊂ Iλ cuja fronteira tenha medida νλ nula. No entanto tem interesse

estabelecer diretamente esta convergˆencia para certos conjuntos B entre os quais se incluem os intervalos [a, b) ⊂ Iλ.

(27)

Escrevemos:

yn → y−

para dizer que yn → y com yn ≤ y para n suficientemente grande, e dizemos que

B ⊂ R ´e aberto `a direita, ou fechado `a direita, se, respetivamente, yn → y− ∈ B

implica yn ∈ B para n suficientemente grande, ou B 3 yn → y− implica y ∈ B.

Obviamente que abertos s˜ao abertos `a direita e fechados s˜ao fechados `a direita. Um exemplo simples de aberto e fechado `a direita s˜ao os intervalos da forma (a, b]. Tendo em conta que λnx → (λNx)

, podemos estabelecer a inclus˜ao

λ−1

N B ⊂ lim infn→∞ λ −1 n (B)

quando B ´e aberto `a direita. Ent˜ao, aplicando P , vem

νλ(B) ≤ lim inf n→∞ νn(B). Analogamente se vˆe que, lim sup n→∞ νn(B) ≤ νλ(B)

no caso de B ser fechado `a direita. No caso de B ser simultaneamente aberto e fechado `

a direita, as duas desigualdades fundem-se em:

νλ(B) = lim

n→∞νn(B)

Assim se vˆe, que νλ * νλn. Esta a convergˆencia ´e v´alida, mais geralmente, para

con-juntos B tais que νλ(∂B) = 0.[14]

3.1

Os casos λ ≤ 1/2

O caso λ = 1/2: Designemos, λN por Λ, isto ´e,

Λ : 2N→ [0, 2] x −→ Λx = ∞ X i=0 xi2−i

Neste caso, x ´e uma representa¸c˜ao bin´aria de Λx. Λx = Λy implica x = y, exceto se xi = 1 e yi = 0 para todo o i > D(x, y). A um tal y chamaremos d´ızima finita

(28)

e, a um tal x, d´ızima infinita impr´opria associada a y. Repare-se que, no presente contexto, n˜ao consideramos impr´opria a d´ızima x = 11111 . . . porque Λx = 2 n˜ao tem d´ızima finita que o represente atrav´es Λ. Assim, para cada z ∈ [0, 2], existe um ´unico x ∈ 2N, tal que Λx = z, exceto se z ∈ (0, 2) for a imagem de uma d´ızima finita e

da respetiva d´ızima impr´opria. Representamos por I o subconjunto de 2N das d´ızimas

infinitas impr´oprias. Assim, a restri¸c˜ao de Λ a 2NI ´e uma bije¸c˜ao sobre [0, 2]. A

imagem de P (restringida a 2NI) por esta bijec¸c˜ao ´e exatamente L

1/2. Isso porque, ΛCn(x) = Λn(x) + 2−n[0, 2] donde que L1/2(ΛCn(x)) = P (Cn(x)) o que determina L1/2Λ = P e ν1/2 = L1/2.

Por outro lado, ρ1/2´e tamb´em a m´etrica transportada de [0, 2] para 2N−I por Λ, donde

que,

P = Hρ1 2

Note-se que o conjunto das d´ızimas finitas ´e numer´avel −logo de probabilidade nula− raz˜ao pela qual n˜ao nos preocupamos em distinguir Λ ou P das suas restri¸c˜oes a 2NI.

Ou seja, do ponto de vista da medida os espa¸cos 2N e [0, 2] podem ser identificados

por meio de Λ, apesar de Λ n˜ao ser injetiva. O mesmo j´a n˜ao se pode dizer do ponto de vista da topologia: 2N (com a sua topologia) e portanto 2NI s˜ao completamente

desconexos, este n˜ao compacto, em contraste com [0, 1].

O caso λ < 1/2:

Neste caso resulta de (2.6) que λN ´e injectiva sendo por isso um homeomorfismo entre 2N e K

λ, que por ser a uni˜ao de duas suas semelhan¸cas de raz˜ao inferior a 1/2

Kλ = S0(Kλ) ∪ S1(Kλ)

tem de ter medida de Lebesgue nula, portanto νλ ⊥ L e νλ ´e cont´ınua, isto ´e νλ(y) = 0

para qualquer y ∈ Kλ, porque ´e isomorfa a P que ´e cont´ınua.

Os conjuntos Sn[0, 1] = K

n+ λn[0, 1] formam uma sucess˜ao decrescente de compactos

n˜ao vazios cuja interse¸c˜ao ´e um compacto n˜ao vazio, ponto fixo de S, logo Kλ =

\

n∈N

(29)

Por outro lado, cada Kn+ λn[0, 1] ´e a uni˜ao disjunta dos 2nintervalos y + λn[0, 1], com

y ∈ Kn. Assim, para y ∈ Kλ e x ∈ 2N, λNx = y significa que a sequˆencia x codifica a

posi¸c˜ao de y na interse¸c˜ao de cima, no sentido de que, para cada n, y ∈ λnx+λn[0, 1], ou

seja Kλ ´e o cl´assico conjunto de Cantor de raz˜ao 2λ, do qual j´a calcul´amos a dimens˜ao

de Hausdorff:

dim Kλ =

log(1/2) log λ .

Ficam assim esclarecidos os casos λ ≤ 1/2, quanto `a quest˜ao principal do problema, ou seja a rela¸c˜ao de singularidade ou continuidade absoluta de νλ com a medida de

Lebesgue. Apesar disso, no que se segue salvo indica¸c˜ao expressa, n˜ao limitamos λ sem necessidade objetiva. Assim tentamos manter uma vis˜ao geral da dependˆencia de νλ

em rela¸c˜ao ao parˆametro λ por vezes reencontrando resultados j´a observados de outros pontos de vista.

3.2

Dinˆ

amica e ponto fixo:

Da seguinte rela¸c˜ao para as imagens inversas,

λ−1n+1(B) = (σ0−1λ−1n S0−1)(B) + (σ1−1λ−1n S1−1)(B)

para n ≤ N e B ⊂ R, ou seja, em termos de operadores de conjuntos, λ−1n+1 = (σ0−1λ−1n S0−1) + (σ1−1λ−1n S1−1)

sai, aplicando Pn+1, a correspondente rela¸c˜ao de dinˆamica e ponto fixo para as medidas:

νn+1 =

νnS0−1+ νnS1−1

2 , (3.1)

evidenciando o padr˜ao aludido em (1.3), que nos leva a considerar o operador:

ξ → T ξ := ξS −1 0 + ξS −1 1 2 .

Este operador surge assim atuando sobre fun¸c˜oes de conjuntos, neste caso medidas, mas imediatamente se reconhece que, de igual modo, pode aplicar-se a fun¸c˜oes reais de vari´avel real. Num caso e noutro as semelhan¸cas Si−1 s˜ao vistas da foram corres-pondente. Interessa-nos, para j´a, olhar para T com essa liberdade, admitindo que se aplique a fun¸c˜oes definidas para alguns subconjuntos ou pontos de R, podendo tomar

(30)

valores em todo o intervalo [−∞, +∞], produzindo assim objetos do mesmo tipo, defi-nidos no maior dom´ınio em que a express˜ao fa¸ca sentindo, excluindo-se assim os casos de indetermina¸c˜ao tipo ∞−∞. Trata-se claramente de um operador ”linear”mon´otono (sem aspas quando restringido a espa¸cos vetoriais), isto ´e:

T (ξ + η) = T ξ + T η

T (tξ) = tT ξ ξ ≤ η ⇒ T ξ ≤ T η, cujas iteradas assumem a forma:

Tnξ = 1 2n

X

x∈2n

ξSx−1.

Notando que (3.1) abrange o caso limite, n = N, vemos que νλ ´e ponto fixo de T ,

T νλ = νλ.

O facto de νλ ser ponto fixo de T , garante a ausˆencia de ´atomos a medida de Erd¨os e

tamb´em a seguinte lei de equil´ıbrio: νλ  L implica Lλ  νλ.

Claro que, por linearidade, qualquer m´ultiplo de νλ ´e tamb´em ponto fixo de T . Por

outras palavras, restringindo T ao espa¸co vetorial das medidas complexas sobre R, podemos dizer que 1 ´e valor pr´oprio de T e que νλ ´e um vetor pr´oprio associado.

Adiante, com o aux´ılio de uma m´etrica conveniente1, veremos que o subespa¸co pr´oprio

associado ao valor pr´oprio 1 se reduz `a reta gerada por νλ, o que usaremos j´a para

para provar a lei 0-1. Enunciamos e demonstramos estas importantes propriedades da medida de Erd¨os no teorema seguinte, ap´os ver algumas propriedades b´asicas do operador T .

Proposi¸c˜ao 1. Seja µ uma medida em R. i) (T µ)(R) = µ(R)

ii) Spt(T µ) = S(Spt(µ))

iii) T µ  L ⇔ µ  L.

(31)

iv) T µ ⊥ L ⇔ µ ⊥ L.

v) Se µ ´e de Borel, finita e de suporte compacto, ent˜ao:

T µ = µ ⇔ µ = µ(R)νλ.

Demonstra¸c˜ao: i) Trivial.

ii) Para um aberto V ⊂ R. V ⊂ ΩT µ ⇔ S0−1(V ) ∪ S

−1

1 (V ) ⊂ Ωµ ⇔ V ⊂ S0(Ωµ) ∩ S1(Ωµ)

portanto,

ΩT µ = S0(Ωµ) ∩ S1(Ωµ)

tomando complementares temos a igualdade para os suportes.

iii) A implica¸c˜ao ⇐ ´e imediata. A rec´ıproca ⇒: L(A) = 0 ⇒ L(S0A) = 0 ⇒

T µ(S0A) = 0 ⇒ µ(A) = 0.

iv) ⇐: Se L(A) = 0 e µ(R − A) = 0, ent˜ao L(S(A)) = 0 e 2(T µ)(R − S(A)) = µ(S0−1(R − S(A))) + µ(S1−1(R − S(A))) = µ(R − S0−1S(A)) + µ(R − S1−1S(A) ≤ µ(R − A) + µ(R − A) = 0.

⇒: Se L(A) = 0 e (T µ)(R − A) = 0, ent˜ao µ(S0−1(R − A)) = µ(R − S −1

0 (A)) = 0 e

L(S0−1(A)) = 0.

v) Podemos supor, sem perda de generalidade, que mu tem suporte contido em Iλ.

Para verificar esta propriedade (trivial no caso µ = 0) basta dividir µ por µ(R), ter em conta a linearidade de T e a unicidade do ponto fixo de T no espa¸co M a seguir tu Teorema 1. Para qualquer λ ∈ (0, 1):

Lei de Pureza: νλ n˜ao tem ´atomos.

Lei de Equil´ıbrio: νλ  Lλ se, e s´o se, Lλ  νλ.

(32)

t u Pureza:

Claramente 0 n˜ao ´e ´atomo de νλ. Se a > 0 fosse um ´atomo de medida m´axima, ent˜ao

tendo em conta que

νλ(a) =

νλ(S0−1a) + νλ(S1−1a)

2

S0−1a = λ−1a tamb´em seria um ´atomo de medida m´axima; e assim tamb´em λ−ia seriam

´

atomos, mas tal n˜ao pode ser porque λ−ia > 1 depois de certa ordem.

Equil´ıbrio:

Suponhamos que νλ  Lλ. Em primeiro lugar observamos que existe l < lλ tal

que L(A) ≤ l para todos os A ⊂ Iλ que anulam νλ. Se assim n˜ao fosse, tomando

complementares em Iλ, ter´ıamos uma sucess˜ao Bn⊂ Iλ tal que νλ(Bn) = 1 e L(Bn) →

0, contrariando a hip´otese νλ  L. Seja ent˜ao um A ⊂ Iλ um boreliano com νλ(A) = 0

e t um ponto qualquer de Iλ. Como Sn(Iλ) = Iλ, para cada n ∈ N existe xn ∈ 2n tal

que t ∈ Sxn(Iλ) =: En.

diamounssuit Calculando a densidade de LA em t, DL(t)

LA(En) L(En) = L(A ∩ En) λnl λ = L(Sxn(S −1 xn(A) ∩ Iλ)) λnl λ = L(S −1 xn(A) ∩ Iλ) lλ ≤ l lλ < 1.

A primeira desigualdade em cima justifica-se pelo facto de νλ ser ponto fixo de T , e

portanto de todos os Tn, pois, tendo em conta a express˜ao das iteradas de T , ν

λ(A) = 0

obriga a νλ(Sx−1(A)) = 0, para todo o x ∈ 2n, e, consequentemente, L(S −1

x (A) ∩ Iλ) ≤ l.

Conclui-se ent˜ao que, para quase todo o t ∈ Iλ,

DLA(t) < 1.

Mas, por outro lado, sabemos que DLA(t) = 1, para quase todo o t ∈ A, pelo que

L(A) = 0, provando, como quer´ıamos, que Lλ  νλ. A implica¸c˜ao rec´ıproca resulta

da dicotomia a seguir.

0-1:

Considerando a decomposi¸c˜ao de Lebesgue de νλ relativa a Lλ,

(33)

com νac  L e νs⊥ L, aplicando T vem

νac+ νs= T νac+ T νs

com T νac  L e T νs ⊥ L. Ent˜ao, pela unicidade da decomposi¸c˜ao, temos que νac e

νs s˜ao pontos fixos de T , logo proporcionais a νλ e ent˜ao, necessariamente, νac = νλ e

νs = 0 ou vice-versa, νs = νλ e νac = 0. No caso n˜ao singular a continuidade absoluta

implica a equivalˆencia como j´a se viu na lei anterior. tu A m´etrica L em M

Seja M o conjunto das medidas de probabilidade de Borel, (definidas em R) de suporte contido em Iλ. Em M define-se a m´etrica L, conhecida por m´etrica de

Monge-Kantorovich, tamb´em referida em alguma literatura como m´etrica de Hutchinson, do seguinte modo: L(µ, ν) := sup Z Iλ φdµ − Z Iλ φdν : φ ∈ Lip1(Iλ, R)  onde, Lip1(Iλ, R) := φ ∈ RIλ : |φ(t) − φ(s)| ≤ |t − s|, ∀t, s ∈ Iλ .

Esta m´etrica define em M a topologia da convergˆencia fraca, relativamente `a qual M ´e um espa¸co m´etrico compacto [19],[18], [15], [9]. Relativamente a esta m´etrica, T ´e uma λ-contra¸c˜ao. Com efeito, para φ ∈ Lip1(R, R) e Lip (ψ) = λ, temos λ−1φψ ∈ Lip1(R, R), e Z Iλ φd(µψ−1) = λ Z Iλ λ−1φψdµ.

Usando esta igualdade com ψ = S0, S1, conclu´ımos que,

L(T µ, T ν) ≤ λL(µ, ν)

Assim sabemos que o ponto fixo νλ de T ´e o ´unico em M e que

Tnµ → νλ

para qualquer µ ∈ M.

Representamos por M e M⊥ os subconjuntos de M formados pelas medidas

absolutamente cont´ınuas e pelas medidas singulares, respetivamente, relativamente `a medida de Lebesgue. Decorre da proposi¸c˜ao anterior que T aplica M em sim mesmo e que aqueles subconjuntos de M s˜ao invariantes para T .

(34)

3.3

Densidade

♦ Tendo presente a teoria da deriva¸c˜ao de medidas, nomeadamente os teoremas Radon-Nikodim, da decomposi¸c˜ao de Lebesgue e afins, sabemos que para qualquer medida positiva de Radon em R, µ, a sua derivada Dµ(t) est´a definida para quase todo o t ∈ R, sendo uma fun¸c˜ao mensur´avel. Assim D define um operador que transforma essas medidas em fun¸c˜oes mensur´aveis, positivas e localmente som´aveis, que tem como inverso direito o operador de integra¸c˜ao que a cada fun¸c˜ao mensur´avel, positiva e localmente som´avel, definida em quase todos os pontos de R (e identificadas se diferem apenas em conjuntos de medida nula), faz corresponder o seu integral indefinido R f , isto ´e, a medida positiva definida por

A → Z

A

f dL

para A ⊂ R mensur´avel `a Lebesgue. A imagem deR ´e exatamente o espa¸co daquelas medidas que s˜ao absolutamente cont´ınuas em rela¸c˜ao `a medida de Lebesgue, pelo que a restri¸c˜ao de D a este espa¸co ´e uma bije¸c˜ao cujo inverso ´e este operador de integra¸c˜ao. Estamos essencialmente interessados em aplicar estes resultados ao estudo da medida de Erd¨os conjuntamente com a dinˆamica T e a m´etrica L, pelo que restringimos desde j´a o operador D ao espa¸co M e o operador R `a imagem daquele, isto ´e ao espa¸co da fun¸c˜oes, de L1(I

λ) n˜ao negativas de norma-L1 igual a 1, o qual representamos por D.

Temos ent˜ao, esquematicamente:

D : M → D Z : D → M µ ∈ M ⇔ Z Dµ = µ µ ∈ M⊥ ⇔ Dµ = 0. Com a bije¸c˜ao M D ←→ R D

podemos transportar ou traduzir objetos ou estruturas de um espa¸co para o outro, por exemplo, como νλ ´e o ´unico ponto fixo de T em M, podemos concluir j´a que

νλ ∈ Mse, e somente se, o conjugado de T por meio desta bije¸c˜ao tem ponto fixo em

(35)

trasportada para em D. Ora, derivando uma medida µ transformada por T obtemos, D(T µ) = (Dµ)S −1 0 + (Dµ)S −1 1 2λ = λ −1 T Dµ ou seja, DT = λ−1T D

portanto o resultado de transportar T , como dinˆamica em M, para D ´e justamente

o denominado operador de Perron:

Q := λ−1T

para a qual o integral de Lebesgue sobre R ´e um invariante, Z R Qf dL = Z R f dL.

A m´etrica L, transportada para D, ´e dada por:

M (f, g) = sup Z

φ(f − g)dx : φ ∈ Lip1(Iλ, R)



que determina tamb´em a seguinte convergˆencia fraca em D:

fn * f se, e s´o se, Z Iλ φfn→ Z Iλ φf

para toda a fun¸c˜ao φ ∈ C(Iλ).

Neste contexto podemos enunciar v´arias caracteriza¸c˜oes da continuidade absoluta ou singularidade da medida de Erd¨os:

Proposi¸c˜ao 2.

νλ ∈ M ⇔ Dνλ 6= 0 ⇔ Q tem ponto fixo em D

(36)

Transformada de Fourier:

♦ Adiante iremos usar a transformada de Fourier de νλ ou Dνλ para estudar a

natureza da medida, particularmente para reproduzir a demonstra¸c˜ao de Erd¨os da singularidade dos inversos de n´umeros de Pisot. Al´em disso, ´e um facto interessante em si mesmo a possibilidade de as determinar explicitamente e a forma aparentemente simples que revestem. Para tal comecemos por ver o efeito da transformada de Fourier sobre o operador T .

Se µ ´e uma medida complexa de Borel em R, um c´alculo simples usando a mudan¸ca de vari´avel (5.1), mostra que,

c

T µ(t) =bµ(λt)1 + e

−it

2 . (3.2)

Como νλ ´e ponto fixo de T vemos que,

b

νλ(t) =νbλ(λt) ·

1 + e−it 2 . Iterando esta equa¸c˜ao, vem,

b νλ(t) =νbλ(λ n t) · n−1 Y k=0 1 + e−itλk 2 ,

e tendo em conta queνbλ ´e cont´ınua, e que νbλ(0) = νλ(R) = 1, vem,

b νλ(t) = ∞ Y k=0 1 + e−itλk 2 . (3.3)

Um c´alculo similar pode ser feito para dDνλ, aparecendo dDνλ(0) = kDνλk1 em vez de

b νλ(0) = νλ(R) = 1, obtendo-se ent˜ao, d Dνλ(t) = kDνλk1· ∞ Y k=0 1 + e−itλk 2 . (3.4)

Esta f´ormula tamb´em pode ser obtida a partir de (3.3), uma vez que, tendo em conta as defini¸c˜oes, temos por um lado,

b f = \ Z f  ,

(37)

e, por outro lado, R Dνλ = 0 ou R Dνλ = νλ, consoante seja λ singular ou regular

respetivamente. Repare-se que kDνλk1 ´e 1 ou 0 conforme o parˆametro λ seja regular

ou singular, podendo assim funcionar como indicatriz da sua natureza.

Aproxima¸c˜ao:

Caso Dνλ ∈ D,

Qnf * Dνλ

para qualquer f ∈ D. Em particular, de acordo com (3.1), as medidas discretas νn s˜ao

as iteradas por T a partir de ν0, pelo que,

νn* νλ.

Afim de usar a deriva¸c˜ao tem interesse considerar medidas absolutamente cont´ınuas em vez de medidas singulares, para aproximar νλ. Para isso podemos tomar como ponto

de partida qualquer medida de M. Tem interesse, naturalmente, tomar a medida de

Lebesgue restringida a Iλ e normalizada,

Lλ := (1 − λ)LIλ

e a sua derivada,

DLλ = (1 − λ)χIλ

onde χIλ ´e a fun¸c˜ao caracter´ıstica de Iλ.

Para calcular pontualmente as iteradas de DLλ por meio de Q, resolvemos a

condi¸c˜ao Sx−1t ∈ Iλ em ordem a x, para x ∈ 2n e t ∈ R,

Sx−1t ∈ Iλ ⇔ t ∈ SxIλ

⇔ t ∈ λnx + λnIλ (3.5)

⇔ λnx ∈ t − λnIλ

⇔ x ∈ λ−1n (t − λnIλ).

Pelo que, sendo In(t) := t − λnIλ,

X x∈2n χIλ S −1 x (t) = #λ −1 n (In(t)) (3.6)

(38)

e ent˜ao, dividindo por 2nλnl

λ e notando que L(In(t)) = λnlλ, temos,

(QnDLλ) (t) =

νn(In(t))

L(In(t))

.

Sabemos que QnDLλconverge fracamente para Dνλ, mas esta igualdade sugere que

possa convergir tamb´em pontualmente. Para estudar esse limite pontual consideramos os limites inferior e superior da sucess˜ao,

fn(t) := (QnDLλ) (t) = νn(In(t)) L(In(t)) , (3.7) f (t) := lim inf n→∞ fn(t) e F (t) := lim supn→∞ fn(t).

Trata-se claramente de fun¸c˜oes mensur´aveis, com valores em [0, ∞], nulas fora de Iλ e

que, como resulta lema 3-(i), est˜ao em L1. Representamos ent˜ao as suas normaliza¸c˜oes

em L1 por g e G respetivamente isto ´e, g := f /||f ||

1 se f 6= 0 e g = 0 se f = 0. Assim

g 6= 0 implica g ∈ D; idem para G.

Seguindo as ideias do recente preprint de Tom Kempton [25] compilamos na pro-posi¸c˜ao seguinte algumas propriedades e rela¸c˜oes das fun¸c˜oes f, F, g e G com Dνλ.

Proposi¸c˜ao 3.

i) S˜ao v´alidas as desigualdade pontuais,

0 ≤ f ≤ F ≤ 2Dνλ ≤ 2lλkDνλk∞· f

ii) Tem-se sempre,

kf k1 ≤ 1 e kF k1 ≤ 2

e se (supnfn) ∈ L1, ent˜ao tamb´em

1 ≤ kF k1

iii) G = Dνλ

(39)

Demonstra¸c˜ao:

i) As duas primeiras desigualdades s˜ao ´obvias. Quanto `a terceira, usamos o seguinte argumento atribu´ıdo a Peres:

Para x ∈ 2N e m ≥ n, temos, λnx ∈ In(t) ⇒ λmx ∈ In(t) + λnIλ =: Jn(t) ent˜ao, #λ−1m (Jn(t)) ≥ #λ−1n (In(t)) · 2m−n νm(Jn(t)) ≥ νn(In(t)) 2νm(Jn(t)) L(Jn(t)) ≥ νn(In(t)) L(In(t)) ,

agora fazendo primeiro m → ∞,

2νλ(Jn(t)) L(Jn(t))

≥ fn(t)

e depois n → ∞, obtemos a terceira desigualdade,

2Dνλ(t) ≥ F (t).

Quanto `a ´ultima, tendo em conta que Q ´e linear mon´otono e que Dνλ ´e seu ponto fixo,

da desigualdade, Dνλ(t) ≤ lλkDνλk∞· DLλ(t) resulta, Dνλ(t) = (QnDνλ)(t) ≤ lλkDνλk∞· fn(t) e ent˜ao, Dνλ(t) ≤ lλkDνλk∞· f (t).

ii) A primeira e ´ultima desigualdades decorrem meramente do lema de Fatou, e kF k1 ≤ 2 decorre de (i).

iv) g ´e ponto fixo de Q, porque, por um lado,

Qf = Q  lim inf n→∞ (fn)  ≤ lim inf n→∞ (fn+1) = f

(40)

e, por outro lado, Z R Qf = Z R f

logo, f e, portanto g, s˜ao pontos fixos de Q. Mas tendo em conta a unicidade do ponto fixo a menos de escala e que, f ≤ 2Dνλ, tem de ser g = 0 ou g = Dνλ; e sendo g 6= Dνλ

tem de ser kDνλk∞= ∞ em virtude da ´ultima desigualdade em (i). Isto prova (iv).

iii) Analogamente a g se vˆe que G = 0 ou G = Dνλ, mas neste caso G = 0 implica

Dνλ = 0, porque G = 0 significa que fn(t) →= em quase todo o t ∈ IΛ; mas tamb´em

fn converge fracamente para Dνλ o que obriga a que Dνλ = 0, como resulta do lema

(5) em apˆendice. tu

Nota:

Na sec¸c˜ao 5 de [25] ´e formulada uma conjetura, separando o caso singular do absolu-tamente cont´ınuo, que, na nota¸c˜ao aqui usada, se traduz unificadamente em:

f = F = Dνλ ?

Ora, no caso singular, podemos responder afirmativamente a essa conjetura; isso de-corre das trˆes primeiras desigualdades da al´ınea (i) da proposi¸c˜ao 3. No caso regular a conjetura mant´em interesse e, a ser verdadeira, implicar´a tamb´em que temos sempre g = G = Dνλ, portanto, a condicionante g = 0 e Dνλ ∈ L/ ∞ da al´ınea (iv) na

proposi¸c˜ao 3 ser´a imposs´ıvel.

Kempton estabelece a liga¸c˜ao destas no¸c˜oes com a no¸c˜ao de contagem das β-expans˜oes (β = λ−1) de n´umeros reais,

t =X

i∈N

xiλi

contexto em que se define a quantidade,

Nn(t)

como sendo o n´umero de sequˆencias x ∈ 2n prolong´aveis a 2N como λ-expans˜ao de t,

isto ´e,

X

i∈N

(41)

Essa liga¸c˜ao ´e estabelecida atrav´es da igualdade,

Nn(t) = #λ−1n (In(t)) (3.8)

que resulta da equivalˆencia em (2.7),

t ∈ λnx + λnIλ ⇔ x ∈ λ−1n (In(t))

Em [23] (Teoremas 1.1 e 1.3) Feng e Sidorof provam (algo mais geral) que, sendo λ−1 um n´umero de Pisot,

lim

n→∞

n

pNn(t) < 2λ (3.9)

para quase todo o t ∈ Iλ, que a seguir usaremos para provar a singularidade destes

(42)

Cap´ıtulo 4

Crit´

erios de singularidade ou

regularidade

Vamos finalmente estabelecer alguns crit´erios que determinam a natureza de νλ ser

singular ou equivalente a Lλ:

(C1) Se λ−1 < 2 ´e um n´umero de Pisot, ent˜ao νλ ⊥ Lλ

(C2) Se λ−1 ´e um n´umero de Garsia ent˜ao νλ ≡ Lλ

(C3) Se νλ ≡ Lλ ent˜ao νλ1/d ≡ Lλ, ∀d ∈ N

(C4) Se νλ ⊥ Lλ ent˜ao νλd ⊥ Lλ, ∀d ∈ N

(C5) Se (supnfn) ∈ L1 ent˜ao νλ ≡ Lλ (fn definido em 3.7)

(C6) Se existem d ∈ N e B ⊂ Kd tais que,

b < a e b a(1 − b)1−a aa(1 − a)1−a · λ d· k d< 1 ent˜ao νλ ⊥ Lλ, onde b := #B kd a := #A 2d A := λ −1 d (B).

(43)

Antes de entrar nas demonstra¸c˜oes destes crit´erios vamos fazer alguns coment´arios.

(C1) ´e o crit´erio estabelecido por Erdos em [3] que deu origem ao problema de que se ocupam estas notas. Adiante incluiremos duas demosntra¸c˜oes: uma adaptada da demonstra¸c˜ao original de Erd¨os, via transformada de Fourier, mas sobre Dνλ em vez

de νλ; e outra, aparentemente nova, baseada na estimativa do limite (3.9) e no lema (3).

(C2) ´e o crit´erio estabelecido por Adriano Garsia [5] que deu origem `a classifica¸c˜ao dos n´umeros que hoje tˆem o seu nome. Estes dois primeiros crit´erios, permanecem os ´

unicos em que se consegue determinar, em casos concretos, a natureza da medida de Erd¨os. Permanece em aberto a quest˜ao de saber se existem parˆametros singulares no intervalo (1/2, 1) que n˜ao sejam inversos de n´umeros de Pisot. Como a demonstra¸c˜ao deste crit´erio ´e baseado na proposi¸c˜ao 4.2, temos de facto as desigualdades,

νλ ≤ rλlλLλ kDνλk∞ ≤ rλ

Exemplos de n´umeros de Garsia s˜ao as ra´ızes de 2 e as ra´ızes dos polin´omios da forma, zn+p− zn− 2

com n ∨ p ≥ 2. Em [24] pode encontrar-se dezenas de exemplos e muitas propriedades destes n´umeros.

(C3) foi estabelecido autonomamente dentro destas notas, decorrendo como co-rol´ario da fatoriza¸c˜ao λN ≈ λdλdN. Ilustra assim uma aplica¸c˜ao desta fatoriza¸c˜ao e

aplica-se imediatamente ao caso λ = 1/2 provando que os parˆametros p1/2 s˜ao regu-d

lares, facto provado inicialmente por A. Wintner [1] e que tamb´em ´e assegurado por (C2) uma vez que esses parˆamteros s˜ao inversos de n´umeros de Garsia.

(C4) ´e apenas o contra-rec´ıproco de (C3) e poderia ter interesse aplicar a parˆametros singulares com algumas potˆencia no intervalo (1/2, 1). No entanto os ´unico parˆametros singulares atualmente conhecidos s˜ao os inversos dos n´umeros de Pisot, cujas potˆencias mantˆem a mesma qualidade, nada adiantando aplicar-lhes este crit´erio.

(C5) Tem interesse enunci´a-lo por ser corol´ario imediato do lema 3 embora desco-nhe¸camos algum caso diferente de 1/2 que satisfa¸ca a sua hip´otese.

(C6) ´e o famoso crit´erio de Garsia apresentado simultaneamente com (C2) em [5]. Garsia afirma que se λ−1 ´e um n´umero de Pisot ent˜ao a hip´otese deste crit´erio ´e satis-feita, dizendo que isso pode ser facilmente deduzido do lema 2.5 desse artigo. Assim

(44)

sendo este crit´erio aplicar-se-´a aos n´umeros de Pisot generalizando (C1). Infelizmente n˜ao consegui alcan¸car essa dedu¸c˜ao e na literatura consultada em que o facto ´e referido apenas encontrei o eco das palavras de Garsia. Socorrendo-me da ajuda de alguns especialistas na mat´eria, e apesar das indica¸c˜oes que gentilmente me foram dadas, con-tinuei sem compreender a dedu¸c˜ao a que Garsia se refere. Perante este impasse, Pedro Duarte teve a amabilidade de me escrever os comandos que fez correr no programa Mathematica c para pesquisar conjuntos B ⊂ 2d que satisfizessem a hip´otese de (C6)

para o parˆametro λ = (√5 − 1/2)/2 e d ≤ 18, mas o resultado indicou a inexistˆencia de tais conjuntos. Possivelmente existir˜ao para d > 18 mas o crescimento exponencial do volume de c´alculo torna impratic´avel essa pesquisa com os meios mecˆanicos dispon´ıveis.

Demonstra¸c˜oes de (C1):

(a) ♦ A demonstra¸c˜ao de Erd¨os: Fazendo t = −2πλ−n em (3.4), temos, Dνdλ(−2πλ −n ) = kDνλk1· n Y k=0 1 + e2πiλk−n 2 = kDνλk1· ∞ Y k=1 1 + e2πiλ−k 2 · ∞ Y k=0 1 + e2πiλk 2 ≥ kDνλk1· ∞ Y k=1 1 + e2πiλ−k 2 · ∞ Y k=0 1 + e2πiλk 2

sendo o produto destes trˆes fatores necessariamente nulo porque, dDνλ(t) → 0

quando |t| → ∞. Mas, como veremos, o terceiro fator ´e sempre positivo e o segundo tamb´em ´e positivo no caso de λ−1 ser um n´umero de Pisot, obrigando a kDνλk1 = 0,

ou seja, λ singular. Vejamos ent˜ao: por um lado, temos em geral,

1 − 1 + ei2πθ 2 ≤ 1 − 1 + e i2πθ 2 ≤ 2π|Z − θ|,

onde |Z − θ| representa a distˆancia de θ a Z. A ´ultima desigualdade pode explicar-se por simples interpreta¸c˜ao geom´etrica. Ora no primeiro produto, sendo α = λ−1 um n´umero de Pisot, sabemos que existe r < 1 tal que |Z−αk| < rk

para todo o k ∈ N ([3]; e no segundo simplesmente |Z − λk| = λk. Resta observar que em ambos os produtos

(45)

alg´ebrico inteiro, ´e irracional ou inteiro. Assim, pelo lema 6 os produtos s˜ao positivos.tu

(b) demonstra¸c˜ao alternativa:

Das defini¸c˜oes de fn e νn e de (3.8) vem,

Nn(t) = 2nλnlλfn(t) (4.1) e aplicando 3.9 temos, n q lim n→∞fn(t) < 1

para quase todo o t ∈ Iλ, o que implica F = 0, e ent˜ao, pela proposi¸c˜ao 3, Dνλ = 0,

portanto λ ´e singular. tu

Demonstra¸c˜ao de (C2) - prepara¸c˜ao:

A prova de (C2) ´e baseada, em parte, nas propriedades assint´oticas de certas carac-ter´ısticas das distribui¸c˜oes finitas νλn que determinar˜ao a natureza de νλ. Esta an´alise

parte da forma como as imagens de λn se distribuem sobre a a reta, nomeadamente a

quantifica¸c˜ao das sobreposi¸c˜oes ou afastamento desses pontos, para o que introduzimos as seguintes

Defini¸c˜oes:

Representamos por εn = εn(λ) e δn = δn(λ), respetivamente, os afastamentos

m´ınimo e m´aximo de pontos consecutivos de Kλn,

1 M

n = Mn(λ) ´e o valor m´aximo

das probabilidade νn(t) com t ∈ Kn,

mn := n p Mn rn := Mn εn mλ := lim inf n→∞ mn rλ := lim infn→∞ rn

Dizemos que um parˆametro λ ´e injetivo se, para cada n ∈ N, a fun¸c˜ao λn´e injetiva. H´a

algumas rela¸c˜oes imediatas entre todas estas caracter´ısticas que importa real¸car desde

1Isto ´e, o m´ınimo e m´aximo das distˆancias de pontos de #K

λnentre os quais n˜ao h´a outros pontos

(46)

j´a:

A injetividade de λ ´e obviamente equivalente a qualquer das trˆes igualdades:

kn = 2n Mn= 2−n mn = 1/2,

alidas para para todo o n ∈ N.

Como 0 e λn−1 ao os dois primeiros pontos de K

n, temos,

εn≤ λn−1.

Naturalmente que temos a correspondente desigualdade para δn, mas neste caso

pode-mos determinar exatamente o seu valor, dependendo de ser λ ≤ 1/2 ou λ ≥ 1/2, tepode-mos respetivamente, δn= 1 − 2λ + λn 1 − λ ou δn= λn−1.

Isso pode ser verificado indutivamente, tendo em conta que Kn+1= λKn∪ (1 + λKn).

Porque Kn⊂ Iλn = [0, lλn], temos claramente,

εn(kn− 1) ≤ lλn ≤ δn(kn− 1)

o que ´e ´util para estabelecer o seguinte enquadramento de kn no caso λ > 1/2,

c

λn ≤ kn ≤

C εn

para determinadas constantes positivas, C e c, que n˜ao interessa agora otimizar. Adi-ante veremos que, sendo λ−1 um n´umero de Pistot, verifica-se uma estimativa do tipo, εn ≥ cλλn, donde se tira que kn tem um crescimento assint´otico equivalente a λ−n.

Lema 1. Para qualquer λ ∈ (0, 1),

lim

n→∞Mn(λ) = 0.

(47)

Sejam y, yn∈ [0, 1] tais que νn(yn) = Mn e yn → y; e sejam a, b tais que a < y < b.

Para n suficientemente grande yn∈ (a, b] e por isso

νn(a, b] ≥ Mn

tomando o limite superior, vem

νλ(a, b] ≥ lim sup n→∞

Mn

fazendo a, b → y, e tendo em conta que νλ(y) = 0, sai o resultado. tu

Lema 2. Para qualquer intervalo [a, b] ⊂ Iλ,

νλ[a, b] ≤ rλ(b − a) (4.2) Demonstra¸c˜ao: ´ E claro que, #(Kn∩ (a, b]) ≤ (b − a) εn + 1 e ent˜ao, νn(a, b] ≤ Mn εn (b − a) + Mn

de onde, tomando limites, obtemos (4.2). tu

Deste lema resulta como corol´ario imediato o seguinte crit´erio de regularidade, ba-silar na prova de (C2), correspondente ao teorema 1.2 em [5] embora enfraquecendo a hip´otese2

Proposi¸c˜ao 4. Se rλ < ∞ ent˜ao, νλ ≡ Lλ.

Al´em disso tem-se νλ ≤ rλlλLλ e kDνλk∞≤ rλ.

2De facto a quantidade 2nm

n(Epr) em [5] corresponde a 1/rn se λ injetivo como ´e o caso; assim a

(48)

Outra consequˆencia importante de (4.2), tamb´em usada na demonstra¸c˜ao de (C2), obt´em-se fazendo [a, b] = Iλ em (4.2):

0 < 1 − λ ≤ rλ (4.3)

Mas em geral nada impede que seja rλ = ∞, o que acontece seguramente nos

parˆametros singulares.

♦ Os dois lemas seguintes estabelecem rela¸c˜oes relativas aos conceitos agora defi-nidos, no caso de α := λ−1 ser um n´umero alg´ebrico inteiro. Tais rela¸c˜oes dependem propriedades de natureza aritm´etica determinadas pelo conjunto dos conjugados de Galois de α. Estes conceitos alg´ebricos, e as propriedades fundamentais de car´ater geral de que vamos fazer uso, est˜ao expostos no apˆendice ou na bibliografia a´ı referida. Aqui introduzimos algumas defini¸c˜oes mais espec´ıficas e outras criadas ad hoc com vista a aliviar as express˜oes.

Dado um inteiro alg´ebrico, α:

Polin´omio m´ınimo de α, denotado por pα, ´e o (´unico) polin´omio m´onico de grau

m´ınimo entre os que anulam α.

Conjugados de α s˜ao as restantes ra´ızes de pα:

Cα := {z ∈ C : pα(z) = 0 ∧ z 6= α}

Entre os conjugados de um alg´ebrico inteiro, α, ser´a essencial a fazer a parti¸c˜ao:

Cα− := {β ∈ Cα : |β| < 1}

Cα0 := {β ∈ Cα : |β| = 1}

Cα+ := {β ∈ Cα : |β| > 1}

Produtos de todos os elementos de um conjunto finito representaremos com o simbolo de produto, por exemplo:

Y

Cα− := Y

β∈Cα−

β.

O produto do conjunto vazio ´e a unidade e, recorde-se que, como consequˆencia da fatoriza¸c˜ao em C[z],

Referências

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