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CAPITULO 1 Introdução a Vetores

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Academic year: 2019

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CAPÍTULO I

O que é Vetor?

Considerações:

O conceito de vetor é entendido quando se estuda as Estruturas Algébricas apresentadas nos cursos de Álgebra.

Tomando-se um conjunto V (podendo ser conjunto de matrizes, polinômios, números complexos, funções lineares, etc) e sobre ele definindo-se uma operação interna chamada de adição, podemos verificar a existência de alguma das propriedades tais como: associativa, comutativa, elemento neutro, elemento inverso aditivo (oposto). Podemos, também, definir sobre V uma operação externa chamada de multiplicação por escalar com propriedades que veremos abaixo.

Uma operação é chamada de interna de V se opera dois elementos de V e tem resultado em V e chamada de externa se opera um elemento de V com outro do conjunto K, diferente de V, e tem resultado em V.

O conjunto V, munido das operações de adição ou de adição e multiplicação por escalar (elemento de K), terá uma determinada Estrutura Algébrica de acordo com as propriedades que possuir.

--- EXEMPLO 1.1

Seja V o conjunto de matrizes quadradas de ordem 2 e K o conjunto de números reais.

Sejam as matrizes 1 2 3 4 a a A a a       , 1 2 3 4 b b B b b       , 1 2 3 4 c c C c c       , 0 0 0 0 0     

 , com ai,bi e ci, 1, 2,3, 4

i , reais e as operações habituais de adição de matrizes (operação interna) e multiplicação de número real por matriz (operação externa):

A: 1 2 1 2 1 1 2 2

3 4 3 4 3 3 3 4

a a b b a b a b

A B

a a b b a b a b

 

     

    

 

     

M: 1 2 3 3 ka ka kA ka ka     

 , o número real k é chamado de escalar, kK Verificam-se as propriedades:

1) Adição (+) :

A1 : Associativa A(BC) ( AB)C, A B C, , V (“” lê-se: todo ou qualquer) Exemplo numérico:

A(BC) 1 0 2 4 0 5

3 2 0 1 1 3

 

     

  

     

     =

1 0 2 9 3 2 1 4

(2)

(AB)C= 1 0 2 4 0 5

3 2 0 1 1 3

     

 

     

     

  =

3 4 0 5 3 3 1 3            = 3 9 4 6      

A2 : Elemento neutro: 0V, pois A   0 0 A A,  A V Exemplo numérico:

0 1 0 0 0 3 2 0 0 A     

   = 1 0

3 2    

  =A =

0 0 1 0 0 0 3 2   

   

   = 0A A3 : Elemento inverso aditivo (oposto)

 A V existe ( A) V tal que A ( A)(  A) A 0 Exemplo numérico:

A ( A) 1 0 3 2      + 1 0 3 2        = 0 0 0 0    

 = 0 e (A) A

1 0 3 2        + 1 0 3 2      = 0 0 0 0    

 = 0 A4 : Comutativa A  B B A, A B, V

Exemplo numérico: AB= 1 0 2 4

3 2 0 1

            = 3 4 3 3       =

2 4 1 0 0 1 3 2

   

   

   =BA

2) Multiplicação (.) :

M1 :  A V e   , , tem-se  .( . )A

 

 .A Exemplo numérico:

   

( ) 0

1 0 0

.( . ) . . .

3 2

3 2 3 2

A  

                        =

 

1 0 . 3 2  

 =

 

 .A M2 :  A V e   , , tem-se

 

.A .A.A

Exemplo numérico:

 

0

1 0 0 0 1 0 1 0

. . .

3 2 3 2 3 2 3 2 3 2 3 2

                                              

M3 : A B, V e  , tem-se .(AB).A.B Exemplo numérico:

.(AB) . 1 0 2 4 3 2 0 1            =. 3 4 3 3      =

3 4 2 0 4

3 3 3 0 2

                        =

= 0 2 4

3 2 0

                   

1 0 2 4

.

3 2 0 1

 

(3)

O conjunto V munido das operações A de adição e M de multiplicação por escalar têm a estrutura algébrica de ESPAÇO VETORIAL. Neste caso, os elementos de V são chamados de Vetores e, portanto, as matrizes de ordem 2 são vetores.

Assim, podemos construir Espaços Vetoriais de polinômios, números complexos, funções lineares, etc, com suas respectivas operações A e M. E, nestes casos, polinômios, números complexos, funções lineares, etc, são vetores também.

--- 1. ESPAÇO VETORIAL FORMADO DE SEGMENTOS DE RETA

Vamos apresentar um Espaço Vetorial V sobre , onde cada elemento de V é um conjunto especial de segmentos de reta (segmentos eqüipolentes).

Faremos algumas analogias utilizando o conjunto Q dos números racionais para melhor entendermos os elementos de V e as suas operações de adição e multiplicação por escalar.

1.1. CONSTRUÇÃO DO CONJUNTO V

Consideremos uma reta

l

e sejam A e B dois de seus pontos. Teremos, então, o

segmento de reta AB.

Necessitamos do elemento oposto de AB para garantir a propriedade do elemento

inverso da adição a ser definida. Isto pode ser conseguido associando-se ao segmento AB

um sentido de A para B e indicado por AB. Diz-se que AB é segmento orientado de

origem A e extremidade B.

Se A não coincide com B, então

BA



é o segmento orientado de origem B e

extremidade A e tem sentido oposto de AB. Desse modo o segmento orientado AB é

distinto de



BA

. Assim, denotamos que

BA



=  AB.

Necessitamos também do elemento neutro para a adição.

Admitiremos, para contornar este problema, o segmento nulo, que são segmentos orientados da forma AA (ou BB), onde a origem destes segmentos coincide com a

extremidade. Notação: AA= BB = ... =0.

Fixada uma unidade de comprimento, a cada segmento orientado pode-se associar um número real  positivo ou zero que é a sua medida em relação à unidade estabelecida. O número  é o comprimento do segmento orientado. O comprimento do segmento

    

l

B

A

(4)

Vamos entender, agora, como devem ser os elementos de V.

Sejam



AB

e

CD



não nulos. Diz-se que os segmentos orientados



AB

e

CD



têm mesma direção (ou que são paralelos) se os segmentos de reta AB e CD são paralelos (inclui

o caso das retas suportes de AB e CD coincidirem).

Os sentidos de dois segmentos orientados só podem ser comparados se possuírem mesma direção.

mesmo sentido Fig 1.2 sentidos contrários

Observamos que dois segmentos orientados AB e CD coincidem se, e só se,

coincidem A com C e B com D.

Definição 1.1

Consideremos todos os segmentos orientados que possuem mesma direção, mesmo sentido e mesmo comprimento de AB (existem infinitos). Diz-se que cada um destes

segmentos é eqüipolente ao AB.

O conjunto dos segmentos que são equipolentes a um dado segmento orientado constitui uma classe de equivalência (ver nota abaixo).

Define-se que dois segmentos nulos são equipolentes. Notação de segmentos equipolentes: AB

CD.

Nota: Podemos fazer analogia entre um conjunto de segmentos equipolentes e um conjunto de números racionais de mesmo valor: Se tomarmos, por exemplo, o número 1

2 veremos

infinitos outros de igual valor (2

4, 36, 48, ... ) formando uma classe de equivalência

semelhante ao que ocorre com os segmentos equipolentes a AB.

Exemplificando: Considere a figura abaixo

a) AB é eqüipolente a CD. (mesma direção, mesmo sentido e mesmo comprimento)

B D E I

H

(5)

a) AB é eqüipolente a CD. (possuem mesma direção, mesmo sentido e comprimento)

b) AB não é eqüipolente a EF. (sentido oposto)

c) AB não é eqüipolente a GH. (comprimentos diferentes)

d) AB não é eqüipolente a I J. (direções diferentes)

Pode-se afirmar, pela eqüipolência, que: Se AB

CD e os pontos A, B, C e D não

estão alinhados, então os pontos A, B, D e C, nesta ordem, são vértices consecutivos de um

paralelogramo.

Fig 1.4

Existe uma infinidade de segmentos orientados que diferem em tamanhos, direções ou sentidos. Cada um destes diferentes segmentos representa uma classe de equivalência formada com os seus respectivos equipolentes. Fig 1.5.

Entendemos, deste modo, que o conjunto V é constituído por conjuntos de classes de equivalência de segmentos equipolentes.

Os segmentos AB, CD, EF, 0, ....etc, distintos em tamanho, direção ou sentido,

são representantes de classes de equivalência.

Então, V = {AB, AB, CD, CD,

0

, EF, ... , XY, ... }

NOTAÇÃO: As classes de equivalência de segmentos orientados são usualmente denotadas por AB, CD, EF,

0

, ... ou por (v AB ), (v CD ), (v EF ),

0

, ... ou , então,

por u, v,

w



, ... .

AB 

CD



EF 

I J



FE  EF  

0

. . . XY

Fig 1.5 B D

A B C D

A C

(6)

Analogamente, o conjunto

Q

dos números racionais é formado por classes de equivalência de números racionais. Fig 1.6.

Exemplificando: 1

2 é representante da classe de equivalência 1 2,

2 4,

3 6,

4 8, ...

1

3 é representante da classe de equivalência 1

3,

2 6,

3 9,

4 12, ...

Fig 1.6

O conjunto V é formado por infinitas classes de equivalência de segmentos equipolentes, quer sejam considerados os segmentos orientados sobre uma reta, um plano ou espaço.

a) Reta: V1

A B C D F E r

Fig 1.7 b) Plano: V2

c) Espaço: V3

1 2

1 3

1 2 

5 3

0

5 3 

5

. . .

Q

y B

D E C

A

F

x

(7)

Definição 1.2

Chama-se módulo (norma ou comprimento) de uma classe v ao comprimento de

qualquer um de seus representantes. Indica-se o módulo de v por v.

Se v= 1, então a classe

v

diz-se unitária (ou unidade). Se v= 0, então v é

a classe nula.

A direção de uma classe AB é dada pela direção da reta que contém o segmento AB e o sentido da classe AB pelo sentido do segmento orientado de A para B.

Não é definido a direção e o sentido da classe 0. Definição 1.3

Diz-se que as classes u e v não-nulas têm mesma direção (são paralelas),

indica-se por u//v , se um representante de u é paralelo a um representante de v.

Sendo u//v, as classes u e v têm o mesmo sentido ou sentidos contrários se,

respectivamente, seus representantes possuírem mesmo sentido ou sentidos contrários. A classe



BA

é chamada de oposta de AB. É conveniente considerar que a classe

nula 0 ( 0=AA= BB= ...) é oposta de si mesma.

A notação AB deve indicar a classe (ou o segmento orientado)



BA

oposta de

AB 

. Assim, u= AB= v AB(), u= AB=



BA

=v BA()=v(AB)= v AB() e 0= 0.

z

C D

A B E

F

y

(8)

Definiremos abaixo as operações A de adição e M de multiplicação por escalar sobre o conjunto V dos segmentos orientados, satisfazendo as propriedades citadas para se ter um espaço vetorial.

Nestas condições, cada classe de segmentos equipolentes de V será chamada de VETOR.

1.1.1. ADIÇÃO DE CLASSES DE EQUIVALENCIA DE SEGMENTOS EQUIPOLENTES DE V (VETORES) : A = (+)

Dadas as classes de segmentos equipolentes u e v.

Definição 1.4

Considere um segmento orientado representante da classe

u

com origem num ponto O. A sua extremidade estará num ponto P. Tome um representante de

v

que tenha origem em P. A sua extremidade estará num ponto Q do plano OPQ.

A classe de equivalência do segmento orientado

OQ



é chamada de soma de u e v

, representada por u+v.

u+ v =

OP



+

PQ



=

OQ



A operação de adição acima definida não depende da escolha dos representantes das classes u e v. Tomando-se outro ponto 'O , distinto de O, e um representante ' 'O P

de u e outro representante de

v

com origem em P', cuja extremidade é Q', teremos o

segmento orientado O Q' ' que também é um representante de u+

v

. u+

v

= O P' ' + P Q' ' =

O Q



' '

Nota:

A adição de classes de equivalência de segmentos equipolentes pode, por analogia, ser comparada com a adição das classes de equivalência de números racionais.

uvu

v

P

uv

u

v

O P Q

O u+vQ u+ v

(9)

Consideremos, por exemplo, as classes 1 2 e

1

3 de racionais.

A substituição de representantes das classes u e v para se obter a soma u+ v a

partir do ponto O pode ser comparada com a substituição de 1

2 e 1

3 pelos representantes 3 6 e 2

6 para se obter a classe 1 1

2 3 , ou seja,

1 1 3 2 5

2 3  6 6  6.

O fato da soma

u

+ v ser obtida a partir de qualquer outro ponto O’, não

dependendo da escolha dos representantes de u e v, é interpretada, nos racionais, pela

obtenção da soma 1 1

2 3 , utilizando-se outros representantes: 6 12+

4 12 ,

9 18+

6 18 , etc.

1.1.1.1. PROPRIEDADES DA ADIÇÃO: A = (+) A1 : Associativa:  u

, v, wV, (u + v) + w = u + (v + w)

Sejam u = AB, v = BC e w = CD elementos de V.

(u + v) + w = (AB+BC) + CD e u + (v + w) = AB+ (BC+CD)

= AC + CD = AB + BD

= AD ( I) = AD (II)

Comparando ( I ) e (II), vemos que (u + v) + w = u + (v + w)

A2 : Elemento neutro: 0

Existe 0 V tal que  u V, u + 0 = 0 + u = u.

Sejam u = AB e 0 = BB = AA elementos de V.

u + 0 = AB + BB = AB =

u

e 0 + u = AA + AB = AB = u.

Portanto,  + 0 = 0 +  = . C

v

B

w

Fig 1.10 (u + v) (

v

+ w)

u

(u + v) + w = u + (v + w)

(10)

A3 : Elemento inverso aditivo (oposto): 

u

 V, existe (u)  V tal que u + (u) = (u) + u = 0.

Sejam u = AB e (u) = AB = BA elementos de V.

u + (u) = AB + BA = AA = 0 e (u) + u = BA + AB = BB = 0.

Portanto, u + (u) = (u) + u = 0.

A4 : Comutativa:  u

, v  V, u +

v

= v + u.

Sejam u = AB e

v

= BC elementos de V.

Temos que u + v = AB + BC = AC ( I )

Seja D um ponto tal que AB

CD. Logo, u = AB = CD

. (

ver Fig 1.11)

Temos que v + u = BC + CD = BD (II)

Sendo ABCD e ACBD (lados opostos de um paralelogramo), segue

que de ( I ) e (II) que

u + v = v + u.

1.1.2. MULTIPLICAÇÃO DE NÚMERO REAL POR UMA CLASSE DE V : M = ()

Serão utilizadas letras gregas minúsculas:  , ,  , ... para representar números reais. Os números reais são também chamados de escalares.

A multiplicação de um número real por uma classe de V é também uma classe de V Definição 1.5

Seja v V e  . A classe (.v) é produto de  por v tal que:

a) Se  = 0 ou

v

= 0, então  .

v

= 0.

B v + u D

uvu u + v

(11)

b) Se   0 e

v

 0, então i) .

v

//

v

.

ii) .v e v têm mesmo sentido se >0 e sentidos opostos se < 0.

iii)  . v =   v.

Nota: Entendemos da definição acima que ao multiplicarmos um segmento orientado por 3 , o segmento obtido terá a mesma direção e mesmo sentido do primeiro e comprimento três vezes maior. Mas, multiplicando-se por (3) o segmento obtido terá a mesma direção e sentido oposto ao primeiro e comprimento três vezes maior.

Fato análogo percebe-se com os números racionais. Multiplicando-se um racional por 3 , o racional obtido tem mesmo sinal do primeiro e módulo três vezes maior. Mas, multiplicando-se por (3) o número obtido tem sinal oposto ao primeiro e módulo três vezes maior.

1.1.2.1. PROPRIEDADES DA MULTIPLICAÇÃO: M = (.) M1 :  , e  v

 V , . (.v) = ( ) . v

Exemplificando: Sejam  = 2,  = 3 e 3. v

2. (3. v)

( 2 . 3) . v

Fig 1. 12 M2 :   e u

,v V , . (u +

v

) =  . u +  . v

Exemplificando: Sejam  = 2,

Fig 1.13

Os triângulos ABC e A’B’C’ são semelhantes (lados respectivamente paralelos). v

uv

B B’ uv 2 .u 2 .v

A u + v C A’ C’

(12)

M3 : , e  u

 V , (+).u =  . u +  . u

Exemplificando: Sejam  = 2 e  = 3 e

2 . u

3 . u

(2 + 3). u

Fig 1.14 M4 : 1 e  u

 V, 1. u = u

As classes 1. u e u têm o mesmo módulo, direção e sentido. Logo, são iguais.

Portanto, satisfeitas as propriedades, (V, +, . ) é um espaço vetorial sobre . E, daí, cada uma das classes de equivalência de segmentos equipolentes u, v, w, ... são

chamadas de VETORES.

1.1.3. VETOR NULO E VETOR UNITÁRIO

Retomando a definição 1.2, vemos que o vetor vé unitário se v= 1 ou que v é

vetor nulo se v= 0.

1.1.4. VETORES PARALELOS

Pela definição 1.3, dois vetores não nulos são paralelos se possuírem mesma direção não importando os seus sentidos.

Definição 1.6

Dois vetores não nulos w e v são paralelos se existir um número real  tal que

w =  .v

Nota:Vemos, neste caso, que um deles é múltiplo escalar do outro. Se os vetores possuírem mesmo sentido, então  é positivo, mas se os vetores possuem sentidos opostos, então  é negativo.

u

vv

w = .v, >0 w = .v, <0

(13)

Temos que 0 = 0.

v

, para todo

v

 V . Logo, estendendo a definição, pode-se dizer que o vetor nulo é paralelo a todo vetor de V.

1.1.5. VERSOR DE UM VETOR NÃO NULO Seja v um vetor não nulo de V.

Definição 1.7

Chama-se versor de v ao vetor de modulo unitário com mesma direção e sentido

de v.

Se u é versor de v, então u e vsão paralelos. Logo, existe o número real

1

v

  tal que

u

= . v = v v   .

u v v 1

v v

  

 

 

1.1.6. VETORES COPLANARES

Consideremos um conjunto com mais de um vetor de V. Definição 1.8

Diz-se que dois ou mais vetores são coplanares se existir um plano que possui representantes de cada um destes vetores.

É imediato entender que dois vetores quaisquer não nulos são coplanares. uv

uv

Fig 1.16 v

(14)

1.1.7. ÂNGULO ENTRE DOIS VETORES

Considerando-se que dois vetores u e vnão nulos são coplanares, podemos tomar

seus respectivos representantes OA e OB de mesma origem. Definição 1.9

Chama-se ângulo entre os vetores u e v não nulos ao menor dos ângulos

formados pelas semi-retas OA e OB .

Nota: Sendo  o ângulo entre os vetores não nulos ue v, ( , )u v  ,então 0o   180o.

Se 0o, então //

u v  e ambos têm o mesmo sentido. Se  180o, então //u v  e

possuem sentidos opostos.

Os vetores não nulos uevsão ditos ortogonais se 90o. Indicamos por uv.

1.1.8. VETOR DIFERENÇA

Sejam u e v dois vetores de V.

Chama-se vetor diferença dos vetores u e v do espaço vetorial V ao vetor u v tal que

u

 

v

= u + (v).

Fig 1.19

A diagonal AC do paralelogramo representa o vetor u + v e a diagonal DB

representa o vetor diferença u v.

vvB v C

uuu +

v

u v u + vu v

A D

A u

Fig. 1.17  v

O B

v

O uvv O u O u

(15)

Nota: Se o segmento da diagonal do paralelogramo fosse dado por BD, ao invés de DB,

então o vetor diferença seria v u.

--- EXEMPLO 1.2

1) Obtenha o vetor resultante da soma indicada nas figuras abaixo

Temos que AB BC CD DE AE        e AB BC CD AD      .

A construção mostra que a extremidade de um vetor coincide com a origem do outro, logo o segmento que possui a origem do primeiro e a extremidade do último é o vetor resultante. Então, na Fig 1.20 o vetor resultante é AE e na Fig 1.21 é AD.

2) Mostre que o segmento que une os pontos médios de dois lados de um triângulo é paralelo ao terceiro lado e tem comprimento igual a sua metade.

Sejam M e N os pontos médios dos lados AC e BC do triângulo ABC. O segmento orientado MN representa o vetor resultante das somas:

MN MC CN    ( I ) MN MA AB BN      ( II )

C B

D A

E Fig 1.20

B D

A

C Fig 1.21

C

M N

(16)

2MN MC       MA AB CN BN   ( III )

Visto serem opostos os segmentos MC e MA, também, os segmentos BN e CN, segue que:

MC + MA = 0 e CN + BN = 0 ( IV ) Substituindo ( IV ) em ( III ) tem-se 2MN AB  ( V ) A relação (V) evidencia que MN é paralelo a AB, pois AB é resultado do produto do número real 2 por MN, e que o módulo de AB é o dobro de MN, conforme pretendíamos demonstrar.

3) Mostre que num quadrilátero qualquer (de um plano) os pontos médios dos seus lados são vértices de um paralelogramo.

O quadrilátero ABCD tem M, N, O e P como pontos médios dos lados AB, BC, CD e DA, respectivamente.

Considerando a diagonal AC do quadrilátero ABCD, vemos pelo exemplo 2 acima, que os segmentos orientados MN e OP são paralelos a AC. Logo, MN e OP são paralelos entre si. Temos também que MN  OP , pois são iguais a metade de AC . Considerando a diagonal BD do quadrilátero ABCD e, pelo mesmo raciocínio, temos que os segmentos PM e NO são paralelos e têm módulos iguais.

O quadrilátero formado pelos pontos médios dos lados de ABCD tem lados opostos paralelos e, respectivamente, de mesmo comprimento, logo, é um paralelogramo. 3) Prove que as diagonais de um paralelogramo interceptam-se nos seus pontos médios.

D

O

C P

N A B

M Fig 1. 23

D C

M N Fig 1.24

(17)

Seja ABCD um paralelogramo com M sendo o ponto médio da diagonal AC e N ponto médio da diagonal BD.

O segmento orientado MN representa o vetor resultante das somas: MN MA AB BN      ( I ) MN MC CD DN      ( II ) Adicionando-se os respectivos membro de ( I ) e ( II ), temos:

2MN MA        MC AB CD BN DN    ( III ) Visto serem opostos os segmentos MA e MC, os segmentos BN e DN e, também, AB e CD, segue que:

MA + MC = 0, BN + DN = 0 e AB CD 0    ( IV ) Substituindo ( IV ) em ( III ) tem-se 2MN 0  . Logo, MN 0  e, daí, MN. Portanto, os pontos médios das diagonais do paralelogramo coincidem.

4) Se M e N são os pontos médios dos lados não paralelos do trapézio ABCD, conforme figura abaixo, então

MN AB DC 2  

  

O segmento orientado MN representa o vetor resultante das somas: MN MA AB BN      ( I ) MN MD DC CN      ( II ) Adicionando-se os respectivos membro de ( I ) e ( II ), temos:

2MN MA        MD AB DC BN CN    ( III )

Visto serem opostos os segmentos MA e MD, também, os segmentos BN e CN, D C

M N

A B

(18)

MA + MD = 0 e BN + CN = 0 ( IV ) Substituindo ( IV ) em ( III ) tem-se 2MN AB DC    ( V )

Segue da relação (V) que MN AB DC 2  

  

Entende-se, também, que o comprimento do segmento que une os pontos médios dos lados não paralelos de um trapézio é a média aritmética dos comprimentos dos seus lados paralelos.

5) Seja M o ponto médio do lado AB do triângulo ABC. Supondo que u CA e v CB,

pede-se determinar o vetor CM como função dos vetores u e v.

Se M é ponto médio de AB, então AM MB  . Portanto, AM é oposto de BM. O segmento orientado CM representa o vetor resultante das somas:

CM CA AM    ( I ) CM CB BM    ( II )

Adicionando-se os respectivos membros de ( I ) e ( II ), temos: 2CM CA      CB AM BM  ( III )

Visto serem opostos os segmentos AM e BM, segue que: AM BM 0    ( IV ) Substituindo ( IV ) em ( III ), tem-se 2CM CA CB    ( V )

Segue da relação (V) que CM CA CB 2  

  

. Daí, CM 2

uv

  

.

6) Considere o triângulo ABC. O ponto M esta a 2/3 de A para B. Supondo que u CA e CB

v  

, pede-se determinar o vetor CM como função dos vetores u e v.

C

Fig 1.26

A M B

C

Fig 1.27

(19)

Se M esta a 2/3 de A para B, então AM 2.MB  e BM AM 2  

 

( I ) O segmento orientado CM representa o vetor resultante das somas: CM CA AM    ( II )

CM CB BM    ( III )

Adicionando-se os respectivos membro de ( II ) e ( III ), temos: 2CM CA      CB AM BM  ( IV )

Substituindo ( I ) em ( IV ), tem-se 2CM CA CB AM AM 2 

   

    

. Logo, AM

2CM CA CB 2

  

   

( V )

Temos que AB AC CB      u v e AM 2 AB 2( )

3 3 u v

   

   

(VI) Substituindo (VI) em (V), segue que 2CM 1( )

3

u v u v

    

    

. Portanto, CM 2

3 3

u v

 

  

7) Considere o hexágono regular ABCDEF. Sabendo-se que AB u e AF v, obter AE

em função dos vetores u e v.

Outro modo:

1) AE AB BE AB 2.BO AB 2.AF            u 2v

2)   AE AD DE 2.AO DE 2.[AF FO] DE 2.[           v    u] u 2v u

3) AE AB BC CD DE        Tem-se que:

AB u, BC AO AF FO         v u, CD AF   v, DE AB u

Portanto,       

C

B D O

A E

F Fig 1.28 Temos que

AE AF FE    , onde

AF v e

FE AO AF FO         v u

Portanto,

(20)

8) Seja o paralelogramo ABCD. Considere o ponto X á 1/3 de A para D e o ponto Y tal que C esta a 2/3 de D para Y. Sendo u AB e  vAD, escrever o vetor XY em função de u e

v

.

--- EXERCÍCIOS PROPOSTOS 1.1

1) Obtenha, utilizando propriedades, o vetor resultante nos exercícios abaixo a) AB BC CD    R. AD

b) AB AC  R. CB c) RB CM RM    R. CB d) XB RB DR XR      R RD e) ZR CD RC DZ      R. 0 f) BD LC LD    R. BC g) BD AD DB CA      R. DC

2) Considerando a figura do paralelogramo ABCD, complete cada uma das igualdades:

g) v DB ... h) AC  u ... i) BM ... v

j) AD DC CB BA ...      

R. a) DC, b) BC, c) MC, d) MD, e) AC, f) DB, g) u, h) v , i) MC, j) 0

Temos que XY XD DY    2 AD 3 DC

3 2

  

2 3 3 v 2 u   

Y

B C

A X D Fig 1.29

B C

M

A D Fig 1.30

(21)

3) As fig 1.31 e fig 1.32 nos sugerem que o vetor resultante c dado em função de a e b é:

R. Fig1.31: 2 2

a

c  b

 

e Fig 1.32:

2

b c a

  

4) Seja o paralelogramo ABCD. Considere o ponto F tal que D é ponto médio de AF e o ponto E médio de BC. Sendo u AB e v AD, obter EF em função dos vetores u e

v

.

R. EF 3 2v u  

  

5) Sejam os pontos A, B, C e D do espaço. Considere o ponto Y a 1/4 de A para D e X tal que B está a 3/4 de C para X. Sendo u AB,  vAC e w AD, obter o vetor XY em

função de u, v e w.

R. XY 4 1 1 3u 3v 4w    

   

6) Sejam os pontos A, B, C e D do espaço. Considere o ponto F tal que A é ponto médio de FB e G a 1/4 de C para D. Sendo u AB,  vCB e w CD, obter o vetor FG em

função de u, v e w.

R. FG 2 1 4

u v w

  

   

7) Sejam os pontos A, B, C e D do espaço. Considere X ponto médio de AB e Y tal que D esta a 1/3 de Y para C. Sendo u AB,  vBC e w DC, obter o vetor XY em

função de u, v e w.

R. XY 1 3

2u v 2w

  

   

8) Considere os pontos A, B, C e D do espaço. Os pontos R e S tais que B é ponto médio de AR e S esta a 3/4 de C para D. Sendo u AB, v AC e w AD, obter o vetor RS em

função de u, v e w.

R. RS 2 1 3

4 4

u v w

   

   

a

c

O b

Fig 1.31

a

c

O b

(22)

9) Considere os pontos A, B, C e D do espaço. Os pontos M e N tais que A esta a 2/3 de M para C e B esta a 2/3 de D para N. Sendo u AB, v BC e w AD, obter o vetor

MN



em função de u, v e w.

R. MN 7 2 1

2u v 2w

  

   

10) Num triângulo ABC tem-se que M , N e P são, respectivamente, os pontos médios dos lados AB, BC e AC. Mostre que AN BP CM 0      .

11) Sejam A, B, C e D vértices consecutivos de um trapézio. Sabendo-se que M é ponto médio da diagonal AC e N ponto médio da diagonal BD, prove que MN 1[AD BC]

2

 

  

. 12) Marque nas figuras abaixo a soma u   v w dos vetores u, v e w indicados

R. Fig 1.33: AC, Fig 1.34: AH e Fig 1.35: AG E

w

v

D C

u

A B Fig 1.33

H G w

E F v

D C u

A B Fig 1.34

H G E F

w

D C v

u

Referências

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