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Meio passo à frente e a revolução para trás: os governos petistas de conciliação de classes no Brasil (2003-2016)

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(1)MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL. JUARY CHAGAS. MEIO PASSO À FRENTE E A REVOLUÇÃO PARA TRÁS: Os governos petistas de conciliação de classes no Brasil (2003-2016). NATAL/RN 2019.

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(3) JUARY CHAGAS. MEIO PASSO À FRENTE E A REVOLUÇÃO PARA TRÁS: Os governos petistas de conciliação de classes no Brasil (2003-2016). Tese de doutorado apresentada como parte dos requisitos exigidos para fins de obtenção do Título de Doutor no Programa de PósGraduação em Serviço Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sob orientação da Profª. Drª. Silvana Mara de Morais dos Santos.. NATAL/RN 2019.

(4) FICHA CATALOGRÁFICA. Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede CHAGAS, Juary. Meio passo à frente e a revolução para trás: os governos petistas de conciliação de classes no Brasil (2003-2016) / Juary Luís Chagas. – 2019. 283 f.: il. Tese (doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Programa de PósGraduação em Serviço Social. Natal, RN, 2019. Orientadora: Profª. Drª. Silvana Mara de Morais dos Santos. 1. Governos petistas – Tese. 2. Conciliação de classes – Tese. 3. Partido dos Trabalhadores (Brasil) – Tese. I. Santos, Silvana Mara de Morais dos. II. Título. RN/UF/BCZM. CDU 32(81). NATAL/RN 2019.

(5) TERMO DE APROVAÇÃO JUARY CHAGAS MEIO PASSO À FRENTE E A REVOLUÇÃO PARA TRÁS: Os governos petistas de conciliação de classes no Brasil (2003-2016) Tese de doutorado apresentada como parte dos requisitos exigidos para fins de obtenção do Título de Doutor no Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e avaliada pela seguinte comissão examinadora:. APROVADO Resultado: _______________________________________. COMISSÃO EXAMINADORA ______________________________________ Profª. Drª. Silvana Mara de Morais dos Santos (PPGSS/UFRN) Orientadora ______________________________________ Profª. Drª. Andrea Lima da Silva (PPGSS/UFRN) ______________________________________ Profª. Drª. Rita de Lourdes de Lima (PPGSS/UFRN). Por videoconferência ______________________________________ Profª. Drª. Erlênia Sobral do Vale (UECE). Por videoconferência ______________________________________ Profª. Drª. Telma Gurgel da Silva (PPGSSDS/UERN) Natal/RN, 25 de janeiro de 2019. II.

(6) MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL. ATA DA SESSÃO DE AVALIAÇÃO DE TESE DE DOUTORADO EM SERVIÇO SOCIAL No dia 25 de janeiro de 2019, às 15h30min, na sala F4 do Setor 5/CCSA, a Profª. Rita de Lourdes de Lima, Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social, instalou a Comissão Examinadora responsável pela avaliação da tese de doutorado intitulada “MEIO PASSO À FRENTE E A REVOLUÇÃO PARA TRÁS: os governos petistas de conciliação de classes no Brasil (2003-2016)”, como trabalho final apresentado pelo aluno, Juary Luís Chagas, matrícula 20161027346, ao Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da UFRN. A Comissão Examinadora foi composta pela Profª. Drª. Silvana Mara de Morais dos Santos (orientadora) e contou com a participação das docentes doutoras Andrea Lima da Silva - UFRN, Luciana Batista de Oliveira Cantalice - UFPB, Erlênia Sobral do Vale UECE, Telma Gurgel da Silva - UERN e Rita de Lourdes de Lima - UFRN (suplente) na qualidade de examinadoras. Após a abertura, a Profª. Drª. Rita de Lourdes de Lima passou a presidência dos trabalhos para a Profª. Drª. Silvana Mara de Morais dos Santos (orientadora), que, imediatamente, passou a palavra aos demais membros da banca examinadora, que teceram considerações sobre o trabalho e arguiram o candidato. Após a arguição, a presidente, Profª. Drª. Silvana Mara de Morais dos Santos, passou a palavra para o candidato, a fim de responder às questões e tecer considerações sobre os aspectos abordados pela banca. 4:30h e a Comissão Examinadora examinadora. A sessão teve a duração de __________ emitiu o seguinte parecer: o discente foi (X ) aprovado ( ) reprovado no seu trabalho de conclusão para obtenção do título de Doutor em Serviço Social na área de concentração em Sociabilidade, Serviço Social e Política Social. A versão final da tese deverá ser entregue ao programa no prazo máximo de 90 dias, contendo as modificações sugeridas pela banca examinadora e constante na folha de correção anexa, conforme o Artigo 46 da Resolução 197/2013 – CONSEPE. O candidato não terá o título se não cumprir as exigências acima. III.

(7) Banca Examinadora: Profª. Drª. Silvana Mara de Morais dos Santos. ____________________________. (Orientadora – UFRN) Profª. Drª. Andrea Lima da Silva. ____________________________. (Examinadora Interna – UFRN) Profª. Drª. Luciana Batista de O. Cantalice. ______. ____________________________. (Examinadora Interna – UFPB). Por videoconferência ____________________________. Profª. Drª. Erlênia Sobral do Vale (Examinadora Externa – UECE). Por videoconferência ____________________________. Profª. Drª. Telma Gurgel da Silva (Examinadora Externa – UERN) Profª. Drª. Rita de Lourdes de Lima. ____________________________. (Suplente – UFRN). ______________________________________ (Doutorando). Natal, 25 de janeiro de 2019.. IV.

(8) MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL. FOLHA DE CORREÇÕES ATA N.º 01 Autor: Juary Luís Chagas Título: MEIO PASSO À FRENTE E A REVOLUÇÃO PARA TRÁS: os governos petistas de conciliação de classes no Brasil (2003-2016) Banca examinadora: Profª. Drª. Silvana Mara de Morais dos Santos. ____________________________. (Orientadora – UFRN) Profª. Drª. Andrea Lima da Silva. ____________________________. (Examinadora Interna – UFRN) Profª. Drª. Luciana Batista de O. Cantalice. ______. ____________________________. (Examinadora Interna – UFPB). Por videoconferência ____________________________. Profª. Drª. Erlênia Sobral do Vale (Examinadora Externa – UECE). Por videoconferência ____________________________. Profª. Drª. Telma Gurgel da Silva (Examinadora Externa – UERN) Profª. Drª. Rita de Lourdes de Lima. ____________________________. (Suplente – UFRN) Os itens abaixo deverão ser modificados, conforme sugestão da banca. 1. [ ] INTRODUÇÃO ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________. V.

(9) 2. [ ] REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 3. [ ] METODOLOGIA ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 4. [ ] RESULTADOS OBTIDOS ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 5. [ ] CONCLUSÕES ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ COMENTÁRIOS GERAIS:. A banca reconhece a relevância social e acadêmica da tese, destacando: ___________________________________________________________________ referencial teórico-metodológico; capacidade analítica e reflexiva do autor, ___________________________________________________________________ exposição objetiva dos resultados da pesquisa e apreensão e síntese das ___________________________________________________________________ determinações que incidem no objeto de estudo. Indica revisão das normas ___________________________________________________________________ da ABNT e orto-gramatical. ___________________________________________________________________ Declaro, para fins de homologação, que as modificações, sugeridas pela banca examinadora, acima mencionada, foram cumpridas integralmente.. ___________________________ Profª. Silvana Mara de Morais dos Santos - Orientadora VI.

(10) Para Fátima e Juarez, meus pais, pelo incansável apoio, motivação e incentivo. Para Karina, eterna amizade, sempre presente mesmo nas minhas ausências. Para Florizel (in memorian), pelo companheirismo e coragem. É o que a vida quer de nós. VII.

(11) AGRADECIMENTOS. À Professora Doutora Silvana Mara, minha orientadora, pela parceira insubstituível e pela confiança depositada durante o processo de elaboração deste trabalho; À professora Doutora Rita de Lourdes, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e membro da banca examinadora desta tese, pelo apoio e disponibilidade com que, à frente do programa, me dispensou toda a colaboração necessária no decorrer do curso de doutorado; Às professoras Andréa Lima, Erlênia Sobral e Telma Gurgel, membros da banca examinadora desta tese, por terem aceitado prontamente a tarefa de ler, avaliar e contribuir com meu trabalho mesmo sacrificando o período de férias; À professora Luciana Cantalice, que participou da banca do exame de qualificação desta tese e não pode estar presente na defesa por questões de saúde da família; pela leitura, oportunidade de diálogo e contribuições dadas a este trabalho; Ao Professor Doutor Valério Arcary, camarada de militância e mestre imprescindível, pela contribuição decisiva de suas observações, desde o início de minhas pesquisas sobre o tema deste trabalho; Ao professor Doutor Felipe Demier, camarada e amigo com o qual sempre pude contar; Ao professor Doutor Ruy Braga, pela amizade e oportunidade de debatermos o tema deste trabalho presencialmente em 2015, durante o Encontro Nacional de Política Social; Às professoras Leile Silvia, Sara Granemann, Ângela Amaral, Antoinette Madureira e Alessandra Genú, pelo apoio e companheirismo; À Liana Carvalho e Thaísa Simplício, colegas de turma do doutorado, pelo carinho e torcida incondicional que sempre me prestaram;. VIII.

(12) Às assistentes sociais Ízala, Andreza, Rozangela, Any, Lanissa e Brunilla, minhas colegas de trabalho, pelo apoio, solidariedade, compreensão e desafios que enfrentamos no cotidiano profissional; Aos servidores Andierison Macedo, Márcia Aratusa e Mauricéia Medeiros, da Pró-Reitora de Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte; ao servidor Jefferson Rocha, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte; ao trabalhador terceirizado Marcos, também do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte; e à servidora Maria Lúcia (Lucinha), do Programa de PósGraduação em Serviço Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte; sempre prestativos quando precisei de ajuda e fundamentais para que a defesa desta tese pudesse ocorrer. À camarada e amiga Rielda Alves, que ajudou na tradução do resumo deste trabalho; À professora Lédja Lorena Madeiro, pelo trabalho de revisão final. Aos dirigentes, aos trabalhadores e trabalhadoras da base do Sindicato dos Bancários do Rio Grande do Norte, a todos(as) os(as) ativistas e organizações sindicais, políticas, estudantis, mandatos parlamentares, etc. que se envolveram na campanha pela minha reintegração à Caixa Econômica Federal durante os anos de 2016 e 2017. Sem essa solidariedade de classe inestimável as dificuldades para a elaboração deste trabalho seriam muito maiores; Por fim, a todos(as) os(as) camaradas da RESISTÊNCIA no Rio Grande do Norte, pelo apoio que nunca faltou, pela compreensão e pela oportunidade de ombro a ombro quebrarmos uma série de paradigmas e limites com os quais não seria possível o desenvolvimento deste trabalho.. IX.

(13) Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual. Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade. consciente,. de. humanidade. desumanizada, nada deve parecer natural. Nada deve parecer impossível de mudar.. Bertolt Brecht. X.

(14) RESUMO. Ao tomar como referência um conjunto de determinações que têm como solo histórico a totalidade social no quadro do capitalismo periférico brasileiro e da dinâmica da experiência objetiva e subjetiva da classe trabalhadora, este trabalho busca apreender as implicações dessas determinações objetivas e subjetivas que imprimiram na estratégia de conciliação de classes dos governos petistas no Brasil (2003-2016) uma interdição da perspectiva de implementação de reformas sociais e uma radicalização das forças conservadoras que culminaram no golpe parlamentar que destituiu o Partido dos Trabalhadores da Presidência da República. Analisado em sua dinâmica histórica e permeado pelas contradições postas na realidade e pelas tensões da luta de classes, o objeto de estudo é apreendido por meio de estratégias de investigação que privilegiam a pesquisa bibliográfica e documental, de onde são extraídos elementos para a análise dos determinantes estruturais e conjunturais que possibilitaram o processo de gênese, desenvolvimento e decadência dos governos Lula e Dilma; a investigação das bases históricas, sociais e econômicas da formação da sociedade brasileira e sua articulação com a forma de representação política do Estado contemporâneo, destacando os limites e possibilidades que marcam uma tendência histórica antirreformista nas nações periféricas; a análise das ações e da direção social assumidas pelas experiências petistas na materialização de seu projeto político governamental, elegendo a adoção da ortodoxia monetarista neoliberal, a relação com a institucionalidade e o trato com a luta de classes e os movimentos como eixos de análise. Por fim, a análise concretiza, na esteira da apreensão do fim desse ciclo governamental petista e de seu papel histórico na pavimentação das condições para uma ofensiva dirigida pela classe dominante de forma genuína, a apresentação de sugestões conclusivas acerca dessa experiência de conciliação de classes no Brasil, destacando tanto a interdição da possibilidade de reformas mediante os limites impostos pela adoção do pacto de classes no contexto de dependência estrutural, quanto a trajetória de submissão dessas experiências governamentais aos limites da ordem econômica, social e política como elementos importantes na discussão sobre a superação dos obstáculos que ainda hoje impõem desafios à materialização de uma estratégia socialista de transformação social. PALAVRAS-CHAVE: Governos petistas. Conciliação de classes. Partido dos Trabalhadores (Brasil).. XI.

(15) ABSTRACT. When taking as reference a set of determinations that have as a historical ground the social totality in the framework of Brazilian peripheral capitalism and the dynamics of the objective and subjective experience of the working class, this work seeks to apprehend the implications of these objective and subjective determinations that they printed in the conciliation strategy (2003-2016) of the Workers’ Party's government from Brazil an interdiction of the prospect of implementing social reforms and a radicalization of the conservative forces that culminated in the parliamentary coup that deposed the Workers’ Party of the Presidency of the Brazilian Republic. Analyzed in its historical dynamics and permeated by the contradictions put in reality and by the tensions of the class struggle, the object of study is apprehended through investigation strategies that privilege the bibliographical and documentary research, from which are extracted elements for the analysis of determinants structural and conjunctural determinants that enabled the process of genesis, development and decadence of the Lula and Dilma governments; the investigation of the historical, social and economic bases of the formation of Brazilian society and its articulation with the form of political representation of the contemporary State, highlighting the limits and possibilities that mark a historical anti-reformist tendency in the peripheral nations; the analysis of the actions and social direction assumed by the Workers’ Party's experiences in the materialization of its governmental political project, choosing the adoption of neoliberal monetarist orthodoxy, the relation with the institutionality and the deal with the class struggle and the movements as axes of analysis. Finally, the analysis concretizes, in the wake of the apprehension of the end of this Workers’ Party's government cycle and its historical role in paving the conditions for an offensive directed by the ruling class in a genuine way, the presentation of conclusive suggestions about this experience of class conciliation in the Brazil, highlighting both the interdiction of the possibility of reforms in front of the limits imposed by the adoption of the class pact in the context of structural dependence, and the trajectory of submission of these governmental experiences to the limits of the economic, social and political order as important elements in the discussion about the overcoming obstacles that still pose challenges to the materialization of a socialist strategy of social transformation. KEYWORDS: Workers’ Party’s governments. Class conciliation. Workers’ Party (Brazil).. XII.

(16) RESUMEN. Al tomar como referencia un conjunto de determinaciones que tienen como suelo histórico la totalidad social en el cuadro del capitalismo periférico brasileño y de la dinámica de la experiencia objetiva y subjetiva de la clase obrera, este trabajo busca aprehender las implicaciones de esas determinaciones objetivas y subjetivas que imprimieron en la estrategia de conciliación de las clases de los gobiernos petistas en Brasil (2003-2016) una interdicción de la perspectiva de implementación de reformas sociales y una radicalización de las fuerzas conservadoras que culminaron en el golpe parlamentario que destituyó al Partido de los Trabajadores de la Presidencia de la República. El objeto de estudio es examinado por medio de estrategias de investigación que privilegian la investigación bibliográfica y documental, de donde se extraen elementos para el análisis de los determinantes estructurales y coyunturales que posibilitar el proceso de génesis, desarrollo y decadencia de los gobiernos Lula y Dilma; la investigación de las bases históricas, sociales y económicas de la formación de la sociedad brasileña y su articulación con la forma de representación política del Estado contemporáneo, destacando los límites y posibilidades que marcan una tendencia histórica anti reformista en las naciones periféricas; el análisis de las acciones y de la dirección social asumidas por las experiencias petistas en la materialización de su proyecto político gubernamental, eligiendo la adopción de la ortodoxia monetarista neoliberal, la relación con la institucionalidad y el trato con la lucha de clases y los movimientos como ejes de análisis. Por último, el análisis se concreta, en el marco de la incautación del fin de este ciclo gubernamental petista y de su papel histórico en la pavimentación de las condiciones para una ofensiva dirigida por la clase dominante de forma genuina, la presentación de sugerencias concluyentes acerca de esta experiencia de conciliación de clases Brasil, destacando tanto la interdicción de la posibilidad de reformas mediante los límites impuestos por la adopción del pacto de clases en el contexto de dependencia estructural, como la trayectoria de sumisión de esas experiencias gubernamentales a los límites del orden económico, social y político como elementos importantes en la discusión sobre la superación de los obstáculos que aún hoy imponen desafíos a la materialización de una estrategia socialista de transformación social. PALABRAS CLAVE: Gobiernos petistas. Conciliación de las clases. Partido de los Trabajadores (Brasil).. XIII.

(17) SUMÁRIO. 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 2 A. ESTRATÉGIA. GOVERNAMENTAL. PETISTA. SOB. 22. LIMITES. ESTRUTURAIS ............................................................................................... 38. 2.1 As propostas de “projeto nacional de desenvolvimento” sob a estratégia de conciliação de classes como mecanismo para as reformas ................................................................................................... 41. 2.2 A relação entre desenvolvimento, Estado e a forma da representação política no regime democrático-burguês: noções teóricas, limites e possibilidades ........................................................................................... 47. 2.2.1 Estado, um complexo de dominação de classe resultante da totalidade das relações sociais ...................................................... 49. 2.2.2 Os limites da forma da representação política no Estado capitalista contemporâneo frente os dilemas da experiência governamental petista .................................................................... 54. 2.2.3 Pode o Estado ser um “indutor de desenvolvimento” em caráter geral? ............................................................................................. 63. 2.2.4 O desenvolvimento no capitalismo concorrencial e em sua fase superior .......................................................................................... 67. 2.2.5 Representação política e a formação social: os limites do Estado brasileiro à luz da lei do desenvolvimento desigual e combinado e da teoria da Revolução Permanente ........................................... 74. 2.3 As especificidades da formação brasileira: dependência estrutural e tendências antirreformistas ...................................................................... 80. 2.3.1 A colonização: escravidão, concentração fundiária e inserção subordinada ................................................................................... 82. 2.3.2 Sob o jugo imperialista: endividamento e submissão fiscal como produtos da colonização ............................................................... XIV. 87.

(18) 2.3.3 Atraso. secular,. insolvência. fiscal. e. desenvolvimento. dependente: uma tendência antirreformista permanente como obstáculo intransponível para a estratégia política petista ........... 3 GÊNESE. E. MATERIALIZAÇÃO. DO. CICLO. 97. GOVERNAMENTAL. PETISTA: A MARCHA DA CONCILIAÇÃO REPRESENTADA POR LULA E DILMA ......................................................................................................... 102. 3.1 Ofensiva neoliberal e o saldo político petista do ascenso nos anos 1980: as bases sócio-históricas para um governo burguês híbrido preventivo ................................................................................................. 103. 3.2 Entre o gigantismo social e a fragilidade estratégica: a experiência político-organizativa e ideológica da classe trabalhadora como sustentação dos governos petistas de conciliação de classes ................ 124. 3.3 Um “país de todos” na “década de inclusão”: a solidez dos governos Lula em uma situação de relativa estabilidade ........................................ 145. 3.4 Projeto continuísta e ações heterodoxas numa conjuntura dinâmica: o “equilíbrio instável” do Governo Dilma ..................................................... 168. 4 CRISE, IMPEACHMENT E FIM DE CICLO: ENTRE O ENCANTO E A MISÉRIA DA ESTRATÉGIA REFORMISTA .................................................. 184. 4.1 Antecedentes econômicos e a fidelidade do projeto petista com o pacto da governabilidade: tensões preliminares ................................................. 186. 4.2 Golpe parlamentar e ofensiva burguesa: o papel dos governos petistas de conciliação de classes na perspectiva das reformas sociais ............... 205. 5 LIÇÕES HISTÓRICAS: BALANÇO E DESDOBRAMENTOS COM A EXPERIÊNCIA. DA. CONCILIAÇÃO. DE. CLASSES. COMO. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 247. REFERÊNCIAS .................................................................................................... 267. XV.

(19) LISTA DE ILUSTRAÇÕES. Gráfico 1: Evolução da dívida pública brasileira em percentual relativo ao PIB nacional (1978-2015) ............................................................................................ 93. Gráfico 2: Evolução dos gastos com juros da dívida pública em percentual relativo ao total de despesas da União (1997-2016) ............................................ 94. Gráfico 3: Previsão de participação dos fatores de rolagem da dívida no Orçamento Geral da União, segundo o Tesouro Nacional ................................... 95. Gráfico 4: Percentual ocupado pelo pagamento de juros, encargos, amortizações e refinanciamento da dívida pública brasileira nos gastos totais anuais da União (1997-2016) ............................................................................... 96. Gráfico 5: Taxa percentual de sindicalização no Brasil segundo a População Assalariada Adulta (1992-2002) .......................................................................... Gráfico. 6:. Dinâmica. do. percentual. de. votos. dos. deputados. 140. nas. propostas/posições que foram à votação na Câmara Federal durante do Governo Lula (03/2003-11/2006) ......................................................................... 160. Gráfico 7: Índice de confiança na presidente Dilma Rousseff (03/201103/2013) ............................................................................................................... 179. Gráfico 8: Evolução do Índice de Preços para o Consumidor Amplo (IPCA) (2009-2012) ......................................................................................................... 192. Gráfico 9: Evolução do total anual de greves deflagradas no Brasil (19962012) .................................................................................................................... 193. Quadro 1: Quantidade de escravos desembarcados nos países em períodos de 50 anos (1501-1900) ...................................................................................... 85. Quadro 2: Estatísticas descritivas entre amostra de todos os municípios, os que pertenceram e os que não pertenceram a alguma capitania hereditária (Ano base: 2000) ................................................................................................. XVI. 86.

(20) Quadro 3: Evolução da dívida externa brasileira, seus serviços e sua relação com as exportações e as receitas nacionais (1830-1940) .................................. 91. Quadro 4: Financiamento das principais candidaturas que concorreram às eleições presidenciais do ano de 2002, segundo o setor econômico .................. 118. Quadro 5: Comparativo do financiamento das duas principais candidaturas que concorreram às eleições presidenciais dos anos de 2002 e 2006, segundo o setor econômico ................................................................................................ 156. Quadro 6: Principais reivindicações das greves deflagradas no Brasil (2012) ... 194. XVII.

(21) LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS. ABC (Paulista) – Região formada pelas cidades de Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul ABCD (Paulista) – Região formada pelas cidades de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e Diadema ABEPSS – Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social AEB – Associação de Comércio Exterior do Brasil AP – Amapá ARENA – Aliança Renovadora Nacional BA – Bahia BBC – British Broadcasting Corporation BC – Banco Central do Brasil BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BR – Rodovia brasileira CBIE – Centro Brasileiro de Infraestrutura CCSA – Centro de Ciências Sociais Aplicadas CEAD – Centro de Educação à Distância CEN – Comissão Executiva Nacional CFESS – Conselho Federal de Serviço Social CGTB – Central Geral de Trabalhadores do Brasil CNI – Confederação Nacional da Indústria CNT – Confederação Nacional dos Transportes CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSP-Conlutas – Central Sindical e Popular/Conlutas CTB – Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil CUT – Central Única dos Trabalhadores DEM - Democratas DIEESE – Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos EPSJV – Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio XVIII.

(22) EUA – Estados Unidos da América FEBRABAN – Federação Brasileira de Bancos FHC – Fernando Henrique Cardoso FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo FIFA – Federação Internacional de Futebol FLACSO – Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais FMI – Fundo Monetário Internacional IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBOPE – Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística IDEC – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor IDH – Índice de Desenvolvimento Humano IEDI – Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial ILAESE – Instituto Latino-Americano de Estudos Sócio-Econômicos INSEAD – Instituto Europeu de Administração de Empresas IPCA – Índice de Preços ao Consumidor IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados ISEAD – Instituto Superior de Economia e Administração LRF – Lei de Responsabilidade Fiscal MBL – Movimento Brasil Livre MD – Ministério da Defesa MDB – Movimento Democrático Brasileiro MPL – Movimento Passe Livre MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra NOVO – Partido Novo OMPI/WIPO – Organização Mundial da Propriedade Intelectual ONU – Organização das Nações Unidas PAC – Programa de Aceleração do Crescimento PCB – Partido Comunista Brasileiro PCdoB – Partido Comunista do Brasil PCO – Partido da Causa Operária PCS – Plano de Cargos e Salários PDT – Partido Democrático Trabalhista PDS – Partido Democrático de Esquerda (Itália) XIX.

(23) PE – Pernambuco PEC – Projeto de Emenda Constitucional PEN – Partido Ecológico Nacional PFL – Partido da Frente Liberal PGT – Partido Geral dos Trabalhadores PHS – Partido Humanista da Solidariedade PIB – Produto Interno Bruto PL – Partido Liberal PL – Projeto de Lei PLR – Participação nos Lucros e Resultados PMDB – Partido do Movimento Democrático Brasileiro PMN – Partido da Mobilização Nacional PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PNAES – Programa Nacional de Assistência Estudantil PP – Partido Progressista (atual Progressistas) PPGSS – Programa de Pós-Graduação em Serviço Social PPGSSDS – Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e Direitos Sociais PPP – Parceria Público-Privada PPS – Partido Popular Socialista PR – Partido da República PRB – Partido Republicano Brasileiro PROUNI – Programa Universidade Para Todos PRP – Partido Republicano Progressista PS – Partido Socialista (francês e português) PSB – Partido Socialista Brasileiro PSC – Partido Social Cristão PSD – Partido Social Democrático PSDB – Partido da Social Democracia Brasileira PSDC – Partido Social Democrata Cristão PSL – Partido Social Liberal PSOE – Partido Socialista Operário Espanhol PSOL – Partido Socialismo e Liberdade PSTU – Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado PT – Partido dos Trabalhadores XX.

(24) PTB – Partido Trabalhista Brasileiro PTC – Partido Trabalhista Cristão PTdoB – Partido Trabalhista do Brasil PTN – Partido Trabalhista Nacional PV – Partido Verde PWC – PricewaterhouseCoopers REUNI – Reestruturação e Expansão das Universidades Federais RN – Rio Grande do Norte SD – Solidariedade (partido) SELIC – Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SPD – Partido Social-Democrata Alemão STF – Supremo Tribunal Federal SUAS – Sistema Único de Assistência Social SUS – Sistema Único de Saúde TV - Televisão UECE – Universidade Estadual do Ceará UERN – Universidade Estadual do Rio Grande do Norte UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte UGT – União Geral de Trabalhadores UnB – Universidade de Brasília UNDP – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento UNIDO – Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial UOL – Universo Online URL – Uniform Resource Locator URV – Unidade Real de Valor US$ - Dólar dos Estados Unidos USP – Universidade de São Paulo WWW – World Wide Web. XXI.

(25) 1 INTRODUÇÃO. Na tarde do dia 1º de janeiro de 2003, em Brasília, o operário metalúrgico Luis Inácio da Silva, o Lula, se encaminhava ao prédio do Congresso Nacional brasileiro para proferir o seu primeiro discurso como Presidente da República do Brasil. Após três tentativas eleitorais frustradas (1989, 1994 e 1998), o Partido dos Trabalhadores (PT) finalmente concretizava o seu principal objetivo político, delineado ainda na década de 1980: constituir um governo dito “democráticopopular” como o mecanismo possível de transformações sociais no país por meio de reformas1. Contudo, no momento em que se conclui este trabalho, as forças burguesas exibem o controle político integral das instituições do Estado brasileiro2, sem intermediários, sem pactos de conciliação de classes e deflagrando uma ofensiva reacionária em todos os terrenos: econômicos, políticos, sociais, ideológicos e culturais. E, para além das análises sobre as causas e consequências desse fenômeno político, o drama petista decorrente do fato de que sua experiência à frente do Estado brasileiro não tenha conduzido a um trânsito em direção sequer. 1. A ideia de que a conquista da Presidência da República (a mera ocupação da representação institucional) seria o mecanismo responsável por estabelecer um governo que finalmente atendesse os interesses também dos trabalhadores é – considerando, evidentemente, que durante a década de 1990 o discurso classista foi paulatinamente desaparecendo dos programas governamentais petistas, até dar lugar à ideia de “governo de todos” – o fundamento da proposta denominada “democrático-popular”, uma construção ideológica formulada nos debates internos do PT nos anos 1980 cujo objetivo era dar coesão a uma estratégia reformista eleitoral (transformações sociais através de reformas, sem investir em movimentos de ruptura com o regime “democrático” da ordem capitalista), conforme se verifica em Chagas (2014). 2. Após treze anos de governos de conciliação de classes liderados pelo PT, um novo período político marcado pelo controle exclusivo da burguesia sobre o principal posto de representação política do país é inaugurado. O PT havia elegido pela primeira vez Luiz Inácio Lula da Silva como Presidente da República nas Eleições Gerais de 2002, reelegendo-o novamente em 2006. Lula governa até 2010, quando nas eleições desse ano o PT consegue conduzir Dilma Rousseff à presidência. Dilma se reelege em 2014 e, em 2016, sofre um processo de impeachment por meio de manobras institucionais que a afastaram e conduziram Michel Temer (então vicepresidente) ao cargo de Presidente da República, após votações na Câmara dos Deputados e Senado. No governo, Temer implementa um duríssimo conjunto de medidas contra os trabalhadores e durante o pleito que elegeria seu sucessor a partir de 2019, o PT apresenta Lula novamente como candidato. Mesmo sendo líder das pesquisas, Lula tem sua candidatura impugnada em função de condenação penal em segunda instância resultante do julgamento das acusações de corrupção contidas na Operação Lava Jato. Com Lula condenado, preso e impedido de concorrer às eleições, o PT lança Fernando Haddad como seu candidato nas eleições presidenciais de 2018; entretanto, ao final do pleito, o candidato de ultradireita Jair Bolsonaro (PSL) derrota Fernando Haddad no segundo turno e é eleito Presidente da República (período 2018-2022), anunciando para seu governo uma agenda – em todas as dimensões – ainda mais regressiva do que a proposta por Temer, consolidando e aprofundando a situação de ofensiva da burguesia aberta a partir de 2016, com o impeachment de Dilma..

(26) às reformas que o PT tanto defendeu se coloca hoje, mais do que em qualquer outro tempo, como uma candente questão. Evidentemente, as recentes experiências históricas do século XX em que partidos com referências entre os trabalhadores e de orientação originária reformista conformaram blocos políticos com a classe dominante fornecem, no mínimo, um panorama a partir do qual se pode extrair pressupostos profundamente críticos a respeito dessa estratégia3. No entanto, passados treze anos que corresponderam a três mandatos completos e um interrompido prematuramente, os balanços da experiência governamental petista, em particular, seguem diversos e dissonantes entre si. Mas, o fato indiscutível de que não ocorreram as mudanças econômicas, políticas e sociais (tanto as consideradas necessárias do ponto de vista do interesse histórico da classe trabalhadora, como as reformas que foram objeto de proposição do próprio PT num passado não muito distante) e que o fim dessa experiência tenha desencadeado uma situação mais desfavorável para os trabalhadores sugere o quanto a conciliação de classes – estratégia historicamente adotada pelo PT para governar o Brasil enquanto um suposto “mecanismo de acumulação de forças”– ainda persiste como problema teórico-político a ser desvendado. Ao se constituir como um problema teórico e político complexo, o desvelar de seu significado para dele extrair as pistas que auxiliem na formulação de uma estratégia de reafirmação dos direitos, de defesa dos interesses e da organização dos explorados, de enfrentamento e superação de todas as formas de exploração e opressão (ou seja, da via anticapitalista, revolucionária, apontada como horizonte ético-político do projeto profissional do Serviço Social) exige, portanto, um movimento amplo de apreensão, em dinâmica histórica, das razões que impossibilitaram um desenlace positivo dessa estratégia política assentada na conciliação de classes para o Brasil e cujas distintas interpretações geraram uma série de pertinentes questionamentos. 3. A respeito dessas experiências em que a implementação de reformas sociais não se concretizou é possível resgatar, conforme Demier (2017, p. 44), os “casos do Partido Socialista francês (PS), de Mitterrand, no Partido Trabalhista inglês (o “New” Labour Party), de Tony Blair e Gordon Brown, do Partido Social-Democrata da Alemanha (o histórico SPD), de Schröder, no Partido Democrático de Esquerda na Itália (o PDS, surgido com o fim do Partido Comunista Italiano), de Massimo D’Alema, no Partido Socialista português (PS), de Mário Soares e no Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), de Felipe González e Zapatero, entre outros partidos europeus que aderiram à chamada ‘terceira via’ nas décadas de 1980 e 1990. Em alguns casos excepcionais, vale acrescentar, alguns desses partidos oriundos do reformismo social foram ‘mais realistas que o Rei’, superando os partidos de direita em velocidade e profundidade no que diz respeito à aplicação dos planos neoliberais”.. 23.

(27) Por quais razões não ocorreu esse desenlace? Por que reformas sociais não foram implementadas nos governos petistas? Havia condições para tal? O PT esteve de fato comprometido com sua implementação? A adoção da estratégia de negociações de um projeto de reformas com a classe dominante sob as condições contemporâneas pode permitir avanços em perspectiva histórica? Ou trata-se, diante das determinações da realidade contemporânea, de um obstáculo? Foi uma estratégia que se esgotou pela mera mesquinhez da burguesia brasileira, ao romper unilateralmente o pacto com o PT? Ou seu esgotamento foi o resultado dos próprios limites da estratégia diante de uma determinada realidade que interdita a possibilidade de transformação social no Brasil sem rupturas? As respostas para tais questionamentos podem ser acessíveis apoiandose nas ferramentas teórico-metodológicas capazes de captar a relação desse objeto de estudo com a totalidade das relações estabelecidas na realidade social, ou seja, a partir da uma análise das implicações que as determinações objetivas e subjetivas imprimiram na estratégia de conciliação de classes dos governos petistas no Brasil de modo a interditar perspectivas de implementação de reformas sociais, além de – no marco do esgotamento dessa estratégia – contribuir com a pavimentação do caminho para uma radicalização das forças conservadoras e sua agenda ainda mais regressiva de direitos. Este é o objetivo central de Meio passo à frente e a revolução para trás: os governos petistas de conciliação de classes no Brasil (2003-2016), cujo resultado analítico permite conferir base para conclusões teórico-metodológicas e éticopolíticas a respeito do caráter da via reformista e de conciliação no contexto do capitalismo contemporâneo em suas particularidades na realidade brasileira. Concretizar essa proposta analítica pressupõe ir além da aparência do fenômeno, o que por si já é um desafio. Boa parte das interpretações sobre o resultado da estratégia de conciliação de classes adotada pelos governos petistas invoca uma “interferência” da imprensa burguesa e do judiciário no que se considerou o “curso normal e progressivo” do governo do PT sustentado no pacto de classes. Segundo tal visão, a forma como o PT “amadureceu” buscando novas alianças políticas figura como o fundamento que teria possibilitado não apenas sua chegada ao governo central, mas, sobretudo, o sucesso de uma via política que teria permitido a “estabilidade do país” e a “diminuição da desigualdade” por meio principalmente das políticas compensatórias de transferência de renda. E a classe 24.

(28) dominante, liderada por suas frações alojadas na grande mídia e no comando da Operação Lava Jato4 teriam – motivadas pelo seu histórico “incômodo” e “preconceito de classe” para com o PT – patrocinado o golpe que cindiu o pacto social e conduziu a burguesia ao posto de comando do Estado brasileiro com um de seus genuínos representantes. Trata-se de uma narrativa que evoca que houve não apenas uma remoção do governo, mas também uma interrupção do caminho de “estabilidade” que conferiria no futuro, possibilidade de reformas sociais. Outras apreciações que tentam explicar as razões do que resultou a estratégia governamental petista transitam entre as que se valem de interpretações que recorrem a um “complô internacional” que estimulou a derrubada do governo do PT para “retomar a subordinação do Brasil aos ditames imperialistas” – como se a experiência de conciliação de classe permitisse de fato transformações que viabilizassem um desenvolvimento independente e, portanto, uma perspectiva de reformais sociais –; e, em sentido oposto, as que imputam a um alinhamento do PT com os interesses alheios aos da maioria do povo essa inexistência de reformas sociais durante seus governos – como se o fato de ocupar o principal posto governamental do país por si só conferisse essas possibilidades –, conjurando a fúria da população diante dos escândalos de corrupção (amplamente canalizados para uma “sede de justiça” que protagonizou o papel das manifestações ocorridas em 2015 e do judiciário e sua Operação Lava Jato) como elemento central da perda de. governabilidade. que. foi. devidamente. “aproveitada. pela. direita”.. Sem. desconsiderar a possibilidade de esta ou aquela intencionalidade estar presente na dinâmica da realidade – inclusive enquanto expressões ideológicas da luta de classes –, este trabalho pretende ir além. Analisar as razões que imprimiram na estratégia de conciliação de classes dos governos petistas uma interdição da perspectiva de implementação de. 4. A Operação Lava Jato foi um conjunto de investigações iniciadas pela Polícia Federal em março de 2014, visando apurar esquemas de lavagem de dinheiro que tinham como centro principal o envolvimento de políticos dos mais variados níveis ligados aos governos petistas de Lula e Dilma na utilização indevida da empresa Petrobrás e seus recursos, em troca de apoio e financiamento de grandes empreiteiras. Durante todo o ano de 2015, a Lava Jato se populariza, fortalecendo tanto a Polícia Federal quanto o judiciário (sobretudo na figura do juiz Sérgio Moro, que se utilizou de mecanismos de busca e apreensão, prisões preventivas e conduções coercitivas em larga escala, mesmo sem julgamentos concluídos) e ganhando apoio na opinião pública. Nesse período, incentivadas pela grande imprensa e financiadas pelos principais grupos empresariais brasileiros (então já rompidos com o governo), grandes manifestações protagonizadas sobretudo pela classe média irromperam em todo país, colocando o governo de Dilma Rousseff (também objeto das denúncias de corrupção e já com baixíssima popularidade) em xeque. Esse processo que combinou intervenção jurídica, apelo midiático, mobilização de massas e rearticulação parlamentar criou as condições políticas para o processo de impeachment de Dilma Rousseff em 2016.. 25.

(29) reformas sociais e uma posterior radicalização das forças conservadoras, numa perspectiva de totalidade na apreensão da vida social, exige ir além do que propunha a literatura programática petista para seus governos, do que uma análise do que foi feito durante os quatro governos do PT e de uma apreensão dos fenômenos da crise política que se desenvolve durante o segundo mandato de Dilma Rousseff e interrompe a experiência da conciliação de classes no Brasil. Entendendo que a implementação da estratégia de conciliação de classes no Brasil se estabelece em meio a uma série de determinações que têm como solo histórico uma totalidade social inserida no quadro de um capitalismo tardio e periférico, com influências decisivas do papel contemporâneo do Estado e das especificidades da formação social brasileira e atravessada por toda uma experiência (objetiva e subjetiva) de segmentos de classe em um contexto de permanente flutuação nas relações de força, é que este trabalho busca apreender esses determinantes a partir de uma perspectiva teórico-metodológica que não se restrinja nem ao determinismo das estruturas e nem ao voluntarismo da política, mas que busque a tradução da dinâmica histórica que fundamenta e desenvolve este objeto tão complexo. Há, explicitamente, uma relevância política no objeto de estudo deste trabalho. Seus pressupostos e questões levantadas sugerem uma investigação que possa dar respostas que, por sua vez, conferem bases importantes para a análise, por exemplo, dos adágios invocados pela direção petista que tentam justificar o projeto de conciliação de classes para seguir administrando o capitalismo brasileiro como elemento de transição às tão sonhadas mudanças. No mesmo sentido, analisar se o momento político atual marcado por uma ofensiva das forças conservadoras é resultante de meros “equívocos” que poderiam ser evitados, ou do resultado inescapável de uma estratégia que – frente às condições objetiva e subjetivamente. postas. –. bloqueou. as. transformações. de. interesse. dos. trabalhadores, também confere uma importância à presente pesquisa, na perspectiva de contribuir com o debate crítico acerca da (re)construção de uma estratégia anticapitalista efetiva para a esquerda brasileira. Contudo, considerando este trabalho como uma pesquisa que se desenvolve a partir de um projeto vinculado a um programa de pós-graduação em Serviço Social, não é menos relevante buscar refletir de que modo a análise do presente objeto de estudo pode contribuir para o Serviço Social como profissão e 26.

(30) área de conhecimento. Tal reflexão não é uma mera formalidade, ao contrário, integra a perspectiva teórica em que o objeto está sendo apreendido. Uma das contribuições mais decisivas que uma análise desse objeto de estudo pode oferecer ao Serviço Social se revela a partir da relação entre as estratégias adotadas pela esquerda com vistas à superação do capitalismo e a direção social hegemônica do projeto ético-político da profissão. Analisar as razões pelas quais uma estratégia de proposição reformista, que foi hegemônica na esquerda brasileira pelo menos nas últimas três décadas, ao ser posta em prática, não se concretizou e ainda se converteu na antessala de uma situação que se mostra como a antítese de sua intenção originária, adquire uma importância particular para o Serviço Social, na medida em que seu projeto profissional tem procurado firmar compromissos com a defesa de direitos (o que inclui, portanto, ampliação de políticas sociais e a defesa de toda uma rede de proteção social) e a construção de uma direção social crítica, que indique e tensione na perspectiva de um projeto emancipatório de sociedade. Esse compromisso do projeto profissional do Serviço Social brasileiro é resultado de um processo de constante construção que vem sendo realizado desde a segunda metade da década de 1970; que avançou e amadureceu politica e teoricamente nos anos 1980; consolidou-se na década de 1990; e que, nos dias de hoje, segue sustentado por uma importante vanguarda identificada no campo da esquerda, pelo espraiamento na formação e no exercício profissional; ao mesmo tempo em que é ameaçado e pressionado pela decadência capitalista e pelas tensões provenientes da disputa contra uma direção social conservadora e suas variantes travestidas de progressistas, na profissão. Em que pese o contínuo processo de disputa de hegemonia – aqui entendida como capacidade de coesão e direção do conjunto dos sujeitos profissionais para reivindicar um norte teórico-metodológico e empreender ações práticas –, há uma primeira premissa, fundamental em qualquer projeto que se pretende socialmente sério, que opera um corte de distinção entre este atual projeto profissional dos(as) assistentes sociais e a relevante maioria (para não dizer quase a totalidade) dos projetos que norteiam as práticas dos demais ofícios e profissões: a postura de tornar explícito o projeto profissional como um projeto ético-político.. 27.

(31) Ético5 porque – a despeito das confusões que esta terminologia possa produzir em razão das inúmeras interpretações de senso comum e de concepções teóricas distintas – se referencia na defesa de um projeto profissional com diretrizes orientadas em valores que propugnam um enfrentamento com o conservadorismo; e político porque ao mesmo tempo toma partido pela luta por conquistas democráticas, combinadas com a estratégia de um projeto societário de transformação da ordem social capitalista. Segundo Engels (In: MARX; ENGELS, s.d., p. 202), “as lutas históricas, quer se processem no domínio político, religioso, filosófico ou qualquer outro campo ideológico, são na realidade apenas a expressão mais ou menos clara de lutas entre classes sociais” e na sociedade capitalista, as relações econômicas, políticas e ideológicas desenvolvem-se em meio a uma clivagem central entre duas classes de interesses antagônicos. Burguesia (que detém os meios sociais de produção e se apropria do excedente produzido pelo trabalho coletivo) e classe trabalhadora (que apenas dispõe da sua capacidade de trabalho a ser disponibilizada por um salário) estão enredadas em um conflito perene, indissolúvel, enquanto persistir a contradição entre produção coletiva e apropriação privada; e isto quer dizer que também os projetos profissionais – mesmo aqueles que advogam “neutralidade” – vinculam-se, de um modo ou de outro, a uma direção social ligada a um interesse de classe, uma vez que se expressam em tendências e horizontes estratégicos de transformação da ordem social (emancipação), ou, de sua manutenção e conservação. O mérito do projeto ético-político do Serviço Social tem sido, seguramente, o de abandonar o traço característico conservador que difunde a negação do caráter político dos projetos profissionais, expondo sua vinculação de classe e defendendo-a – em consonância com a exigência que sua direção teóricometodológica e política impõe –, a partir de uma atuação que estabeleça as necessárias mediações frente a uma realidade objetiva que limita e bloqueia as intervenções transformadoras; mas sem deixar de construir, apontar, propor e reposicionar táticas de enfrentamento que favoreçam o interesse da classe 5. Aqui se menciona a Ética não como um conjunto de valores universalmente postos (o que, do ponto de vista marxista, conduziria necessariamente uma crítica a este conceito). Esta abordagem, resultado de um acúmulo de elaborações no Serviço Social brasileiro, indica a rejeição de uma análise moralista da realidade, denunciando uma prática profissional coletiva cujos resultados são funcionais ao fortalecimento da alienação moral e de projetos conservadores e, consequentemente, optando pela construção de um ideário emancipatório que hegemonicamente tem servido de referência à profissão.. 28.

(32) trabalhadora, na medida em que “vincula-se a um projeto societário que propõe a construção de uma nova ordem social, sem dominação e/ou exploração de classe, etnia e gênero” (NETTO, 1999, p. 105). Certamente o grau de maturidade intelectual da vanguarda dos(as) assistentes sociais – e isto pode ser comprovado pela vasta produção a respeito do tema – não abre espaço para dúvidas sobre a ausência da relação de identidade entre o seu projeto ético-político e o que pode ser efetivado profissionalmente no âmbito de uma sociedade com natureza exploratória como é o capitalismo. Tampouco é correto imputar ao projeto ético-político a intenção de transformar os(as) assistentes sociais nos “sujeitos da revolução”, como se estes, ao não conseguirem concretizar o objetivo de investir resolutamente para “superar o capitalismo” (em razão de múltiplas determinações sobre as quais esses sujeitos não dispõem de controle absoluto); estivessem ratificando uma “inviabilidade” desse projeto. Esta, além de uma visão estreita, abre flancos tanto para um idealismo – que supõe a transformação da realidade como um produto mecânico do que se pretende no plano subjetivo, sem considerar a necessidade da organização, da ação política e das determinações que a materialidade objetiva imputa à realidade –, quanto para um fatalismo – que decreta a realidade como imutável e destinada a manter-se indefinidamente, em razão da “impossibilidade” de concretização de uma estratégia transformadora. É preciso, por conseguinte, compreender o projeto éticopolítico do Serviço Social brasileiro a partir de uma convivência com as determinações histórico-sociais inalienáveis do capitalismo, que tensionam para a incorporação de posicionamentos e práticas funcionais aos interesses da classe dominante, ao mesmo tempo em que ameaçam essa hegemonia historicamente construída no marco das disputas que se processam no interior da profissão e fora dela. Consequentemente, o que se pretende é ratificar a importância de projetos profissionais como o do Serviço Social brasileiro, nos marcos da sua consolidação como instrumento que apresente elementos de enfrentamento das dificuldades da profissão frente à necessidade de construção de compromissos intelectuais, morais e políticos que só são compatíveis com uma sociedade que tenha superado o capitalismo; mas, ao mesmo tempo, auxiliar na busca de uma compreensão cada vez mais explícita sobre que caminhos os trabalhadores – e 29.

(33) também o conjunto dos profissionais do Serviço Social como parte da classe e como sujeitos críticos socialmente orientados numa perspectiva de transformação – devem seguir para evitar erros históricos que muito mais reforçam o poderio capitalista do que avançam na luta pela sua superação definitiva. Trata-se, portanto, de refletir qual deve ser o norte teórico dos sujeitos orientados por um projeto ético-político de natureza libertadora, frente à necessidade de incorporar às suas práticas humanas, enquanto indivíduos e categoria profissional, uma dimensão intelectual, econômica e política da luta de sua própria classe que, de fato, apresente uma estratégia consequente de superação do capitalismo. E isto só é possível, sem excluir a infinidade de outras questões necessárias para a construção dessa estratégia, avançando no conhecimento acerca dos limites e de até onde pode ir a estratégia de governar em conciliação de classes, seja ela vista sob as condições postas como etapa supostamente condutora senão a algum tipo de transformação radical, mas rumo às reformas e direitos amplamente reivindicados pela esquerda; seja como obstáculo real à construção de qualquer projeto emancipatório. A relevância deste objeto de estudo para a profissão reside, portanto, na constatação de que se trata de um tema de interesse na medida em que o Serviço Social define posicionamento “em favor da equidade e justiça social, que assegure universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais, bem como sua gestão democrática” (CFESS, 2012, p. 23) e trabalha com a perspectiva “de construção de uma nova ordem societária, sem dominação, exploração de classe, etnia e gênero” (Idem, ibidem, p. 24), sendo, por conseguinte, de grande importância a discussão sobre o entendimento a respeito da viabilidade das estratégias que ao longo do tempo são postas à prova da história e da prática social. Historiograficamente falando, a experiência governamental ancorada na estratégia de conciliação de classes é inaugurada enquanto projeto político a partir da vitória eleitoral do PT em 2003. Ao assumir seu primeiro mandato no governo central, o PT estreava como a primeira organização vinculada e construída nas lutas sociais da classe trabalhadora brasileira a assumir o principal posto de comando do Estado brasileiro. Ainda que nessa ocasião seu projeto originário já houvesse. 30.

(34) completado. o. processo. de. transformismo6,. de. partido. independente. dos. trabalhadores com traços “anticapitalistas” para um instrumento de gestão do capital, a proposta petista de governo “fruto de ampla negociação nacional” (FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO, 2002a) se postulava como aquela supostamente capaz de “abrir o caminho de combinar o incremento da atividade econômica com políticas sociais consistentes e criativas [...] [, o] caminho das reformas estruturais que de fato democratizem e modernizem o país, tornando-o mais justo” (Idem, ibidem, comentário e grifos nossos). Desse modo, consonante com a perspectiva ético-política vigente do Serviço Social brasileiro, o resultado deste estudo possibilita questionar se esse projeto que visa combinar o interesse da acumulação capitalista e as aspirações por direitos e reformas sociais de fato tem viabilidade sob as condições postas na ordem capitalista vigente e se, em algum momento, pode ser concebido como processo de acumulação de forças visando transformações mais profundas. Trata-se de retomar análises clássicas e contemporâneas sobre o papel político e ideológico da efetivação de projetos de conciliação de classes, conduzidos por forças políticas situadas no campo da esquerda e refletir sobre a (im)possibilidade de uma paulatina “substituição da ordem capitalista” fundada em progressivas conquistas econômicas e políticas para os trabalhadores, até que em determinado momento a correlação de forças entre exploradores e explorados se modifique a ponto de ser possível uma “viragem social”. Isto posto, em que medida o capitalismo na sua fase atual pode conceder vantagens materiais gradual e progressivamente? É possível que isso se dê em perspectiva permanente aliada com a defesa do “incremento da atividade econômica”? A democracia – por mais radicalizada e ampla que esta possa ser – sob a lógica desta sociedade capitalista permite que governos de conciliação de. 6. Entendendo como transformismo o conceito que define os fenômenos de “absorção gradual mas contínua, e obtida com métodos de variada eficácia, dos elementos surgidos dos grupos aliados e mesmo dos adversários e que pareciam irreconciliavelmente inimigos” (GRAMSCI, 2002, p. 63), aqui se resgata a análise de Chagas (2014, p. 233-234) quando afirma que o PT “surge vinculado à luta da classe trabalhadora e num momento de ascenso que o empurrou [...] para a defesa de um programa cujo conteúdo correspondia às características do momento político: de ruptura com a ordem vigente”; e que o partido “mudou, em parte, pelo papel consciente cumprido pela sua direção, [mas que] [...] foi também decisiva para o transformismo do PT a postura assumida pelo partido [...] frente os processos reais de adaptação, institucionalização, burocratização e de crescente dependência material da burguesia e seus aliados. Na medida em que ia se enredando, se envolvendo, se integrando à ordem capitalista, os vínculos do partido com o regime e o sistema iam se tornando cada vez mais sólidos e o desenlace cada vez menos possível – até imiscuir-se com o conteúdo do próprio PT e tornarem-se, assim, irreversíveis” (Idem, ibidem, p. 234, comentário nosso), antes mesmo de chegar ao governo central em 2002.. 31.

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