• Nenhum resultado encontrado

Experiência do usuário no uso de livro didático digital

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Experiência do usuário no uso de livro didático digital"

Copied!
110
0
0

Texto

(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE –UFRN PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES - CCHLA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESIGN - PPGDSG MESTRADO PROFISSIONAL EM DESIGN. EXPERIÊNCIA DO USUÁRIO NO USO DE LIVRO DIDÁTICO DIGITAL. CHARLES BAMAM MEDEIROS DE SOUZA. NATAL 2016.

(2) CHARLES BAMAM MEDEIROS DE SOUZA. EXPERIÊNCIA DO USUÁRIO NO USO DE LIVRO DIDÁTICO DIGITAL. Dissertação apresentada como requisito para obtenção do título de Mestre em Design, no Programa de Pós-Graduação em Design, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Área de Concentração: Ergodesign. Linha de Pesquisa: Interação HumanoComputador, Usabilidade e Ergonomia Informacional. Orientador: Prof. Dr. Marcos Alberto Andruchak. NATAL 2016.

(3) Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Departamento de Artes - DEART. Souza, Charles Bamam Medeiros de. Experiência do usuário no uso de livro didático digital / Charles Bamam Medeiros de Souza. - 2016. 110 f.: il. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Programa de Pós-graduação em Design, Natal, 2016. Orientador: Prof. Dr. Marcos Alberto Andruchak.. 1. Interação homem-máquina - Dissertação. 2. Experiência do usuário - Dissertação. 3. Livros eletrônicos - Dissertação. 4. Livro digital - Uso - Ensino médio - Dissertação. 5. Tablet Dissertação. 6. Design centrado no usuário - Dissertação. 7. Ergonomia - Dissertação. I. Andruchak, Marcos Alberto. II. Título. RN/UF/BS-DEART. CDU 004.5(043.3).

(4) CHARLES BAMAM MEDEIROS DE SOUZA. EXPERIÊNCIA DO USUÁRIO NO USO DE LIVRO DIDÁTICO DIGITAL. Dissertação apresentada como requisito para obtenção do título de Mestre em Design, no Programa de Pós-Graduação em Design, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Área de Concentração: Ergodesign. Linha de Pesquisa: Interação HumanoComputador, Usabilidade e Ergonomia Informacional. Orientador: Prof. Dr. Marcos Alberto Andruchak. Aprovada em: 12 de agosto de 2016. BANCA EXAMINADORA _____________________________________________ Prof. Dr. Marcos Alberto Andruchak Universidade Federal do Rio Grande do Norte Orientador _____________________________________________ Prof.ª Dra. Helena Rugai Bastos Universidade Federal do Rio Grande do Norte Examinador _____________________________________________ Prof. Dr. Bruno Santana da Silva Instituto Metrópole Digital - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Examinador _____________________________________________ Prof. Dr. Manoel Pereira da Rocha Neto Universidade Potiguar - UNP Examinador.

(5) DEDICATÓRIA Dedico este trabalho primeiramente a Deus, em quem tenho crido e buscado conhecer. Que me susteve na trajetória não pouco difícil. À Izabel, minha esposa e meus filhos, Letícia e Daniel. À minha mãe e meus irmãos que, mais que todos, sabem de onde eu vim e a importância de ter chegado até esta conquista..

(6) AGRADECIMENTOS Aos mestres do Programa de Pós-Graduação em Design da UFRN, pelo compartilhamento do conhecimento que transforma vidas. Obrigado por ampliar os horizontes do design e me mostrar as fontes de onde beber para ser cada vez mais profissional. À minha esposa Izabel, pela compreensão, suporte e por sempre acreditar em mim. Aos meus filhos pequenos. Que eu seja exemplo para eles nas coisas importantes. Ao meu sogro e minha sogra, por me aceitarem como filho e me permitir ser parte deles nas dificuldades e nas vitórias. À Igreja Batista Zona Sul, por me incluir como família e ser um ambiente que me proporciona o caminho que me leva a ter uma fé aumentada, alimentada e concreta. Obrigado especialmente ao Pr. Marcelo França, que, por ser um amante dos estudos, sabe bem a importância de vencer essa etapa da vida. Ao IFRN que me abriu a chance do mestrado e aos amigos do trabalho, José Yvan, Jerônimo Santos, Paulo Pereira, Rafael Hernandez, Marcus Vinícius e Elisomar Nobre que me deram tanta força e me incentivaram sempre. Aos colegas do mestrado por compartilharem não apenas seus desafios, mas também seu conhecimento. Obrigado Monteiro, Annioly, Caio, João, Nivaldo, Moally, Márcia e Gusmão. Aos amigos sempre presentes, seja fisicamente ou por meio do digital..

(7) "Nós estamos apenas no primeiro segundo da era digital." Nathalie Trutmann.

(8) RESUMO. SOUZA, C. B. M. Experiência do usuário no uso de livro didático digital. 2016. 110f. Dissertação (Mestrado profissional em Design) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal, 2016. Experiência do usuário no uso de livro didático digital Com a intenção de investigar o uso do livro didático em formato digital no aprendizado do aluno de Ensino Médio, tendo como referencial a experiência do usuário (UX), este trabalho buscou captar a experiência que o aluno tem ao utilizar este tipo de material didático, através do tablet1. De maneira a traçar um panorama dos pontos positivos e negativos percebidos por eles, trilhou-se um caminho baseado no Design Centrado no Usuário, para então sugerir considerações que permitam o aprimoramento desse tipo de produto auxiliar à educação contemporânea. Por meio de uma avaliação cooperativa, na qual o aluno interfere no andamento do teste de usabilidade do produto, é possível perceber imediatamente o que causa repulsa ou o atrai, o que causa engajamento ou desmotivação quando manuseando o livro digital. O aluno foi ouvido a todo tempo, enquanto manuseava o tablet, externando suas opiniões. Ao final do teste, aplicamos um questionário para medir a satisfação do aluno na interação com o livro, o Questionaire for User Interaction Satisfaction – QUIS (SHNEIDERMAN, 1986), que nos permitiu obter detalhes subjetivos desta interação. O livro didático digital de história do Ensino Médio, História, Sociedade & Cidadania - Volume 1, de Alfredo Boulos Júnior, editora FTD, foi escolhido para esta pesquisa por apresentar características adequadas ao público-alvo, como uma boa apresentação visual, recursos multimídia, elementos de interação e por atenderem aos requisitos de seleção utilizados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE para o edital 01/2013 do Programa Nacional do Livro Didático no ano de 2015 e nas Políticas para a aprendizagem móvel da UNESCO. Este edital foi o primeiro do governo federal a incluir o livro didático em formato digital no seu programa educacional, que distribui os livros que as escolas públicas utilizarão em todo o país. Os apontamentos desta pesquisa permitiram sintetizar uma tabela de recomendações e revelam áreas do design e da usabilidade do livro didático em versão digital, acessado em tablets, que podem ser considerados para uma melhoria no design deste tipo de ferramenta de apoio ao ensino e aprendizagem. Palavras-chaves: Experiência do usuário. Livro didático Digital. Tablet. Design Centrado no Usuário.. 1. Tablet é um computador portátil com tela sensível ao toque que, geralmente tem tamanho pequeno. e uma espessura fina que o torne leve e facilmente manuseável..

(9) ABSTRACT SOUZA, C. B. M. Student's perception in the use of digital textbooks. 2016. 110f. Dissertação (Mestrado profissional em Design) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal, 2016. Student's perception in the use of digital textbooks With the goal of investigating the use of digital textbooks on the learning process of high school students, having as reference the user experience (UX), this study aimed to capture the experience that the student has by using this type of learning material, through the tablet. In order to draw a picture of the positive and negative aspects perceived by them, a path was traced based on User Centered Design, so that suggestions can be made that allow the enhancement of this type of product aid to contemporary education. By means of a cooperative evaluation, in which the student interferes on the progress of the product’s usability test, it is possible to perceive immediately what repels or attracts him, what causes engagement or lack of motivation when maneuvering the digital textbook. The student was heard the entire time while handling the tablet, expressing his opinions. By the end of the test, a survey was applied to measure the level of satisfaction that the student felt through the interaction with the book, the Questionaire for User Interaction Satisfaction – QUIS (SHNEIDERMAN, 1986), which allowed us to obtain subjective details of this interaction. The high school history digital textbook – History, Society and Citizenship – Volume 1-, by Alfredo Boulos Junior, FTD publishing, was chosen for this research for presenting characteristics that were adequate to the target audience, with great visual presentation, multimedia resources, elements of interaction and for meeting with the selection requirements used by the National Fund of Educational Development – FNDE, for the public notice 01/2013 of the National Textbook Program of 2015 and for the policies for mobile learning from UNESCO. This notice was the first by the federal government to include textbooks in digital format in its educational program, which distributes the books that public schools will use around the country. The notes of this research allowed us to synthesise a table of recommendations and reveal areas of design and usability of the digital textbook, accessed through tablets, that may be considered for an improvement of this type of support tool for teaching and learning. Keywords: User experience. Digital textbook. Tablet. User Centered Design..

(10) LISTA DE SIGLAS PDF. Portable Document Format. PNLD. Programa Nacional do Livro Didático. IFRN. Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologias. ISBN. Número Internacional Normalizado para Livros. NTICS. Novas Tecnologias da Informação e Comunicação. WEB. Word Wide Web. MEMEX Memory Extender NISO. National Information Standards Organization. EPUB. Eletronic Publication. IDPF. International Digital Publishing Forum. OEB. Open e-Book. OED. Objeto Educacional Digital. DAISY. Digital Accessible Information System. DTB. Digital Talking Book. HTML. Hypertext Markup Language. W3C. World Wide Web Consortium. API. Application Programming Interface. APPs. Application / Aplicativo. FNDE. Fundo Nacional para Desenvolvimento da Educação. LADP. Laboratory for Automation Psychology and Decision Processes. LDD. Livro Didático Digital. QUIS. Questionnaire for User Interaction Satisfaction. UX. User Experience.

(11) LISTA DE QUADROS Quadro 1: Produção e vendas do setor editorial brasileiro ............................. 27. Quadro 2: Definições de App do ponto de vista dos livros digitais ................. 37. Quadro 3: Diferenças entre Ebook, Enhanced Book e App do ponto de vista. 39. dos livros digitais ............................................................................................. Quadro 4: Sujeitos selecionados pela filtragem .............................................. 57. Quadro 5: Tarefas elencadas para a avaliação cooperativa ........................... 62. Quadro 6: Definições de Experiência do Usuário - UX .................................. 63. Quadro 7: Questões para a filtragem ............................................................. 66. Quadro 8: Sujeitos participantes da avaliação cooperativa ............................ 68. Quadro 9: Questões inseridas por adaptação no QUIS para esta pesquisa .. 79. Quadro 10: Resultados do Questionário de Satisfação do usuário no uso do. 80. livro didático digital .......................................................................................... Quadro 11: Recomendações ........................................................................... 90.

(12) LISTA DE FIGURAS Figura 1: Seção do Livro dos Mortos no Papiro de Nani c. 1040 a.C.–945 a.C.. 19. Figura 2: Bíblia de Gutenberg ............................................................................ 20. Figura 3: MEMEX: projeto original de Vannevar Bush ..................................................... 24. Figura 4: MEMEX criado por Trevor Smith com base no projeto de Vannevar. 24. Bush ............................................................................................................................................................. Figura 5: Tendência dos gastos do consumidor com livros no Brasil ................ 28. Figura 6: Expectativa de crescimento médio ao ano por segmento .................. 29. Figura 7: Alice For The iPad ............................................................................... 38. Figura 8: Esquema de desenvolvimento modular de fluxo de trabalho em. 42. HTML .................................................................................................................. Figura 9: Fatia de mercado ocupada pelos principais sistemas operacionais. 44. para tablet 2010-2015, por trimestre ................................................................. Figura 10: Imagens de aplicativos educacionais para iPad ............................... 45. Figura 11: Esquema do processamento da aprendizagem multimídia .............. 53. Figura 12: Relação Ergodesign, Princípios da Teoria do Aprendizado. 54. Multimídia e Teoria da Carga Cognitiva no ambiente do Design Instrucional .... Figura 13: Capa do livro didático digital História, Sociedade & Cidadania -. 60. Volume 1, da Editora FTD .................................................................................. Figura 14: Número de usuários testados x quantidade de erros encontrados. 65. Figura 15: Total de visitas e respostas ao questionário de filtragem.................. 67. Figura 16: Aplicativo Leitor da FTD .................................................................... 69. Figura 17: Ativação de etapas no mapa “A colonização grega”. Página 116 ..... 70. Figura 18: Paginação desconexa ....................................................................... 73. Figura 19: Campo para digitar número de página ............................................. 74. Figura 20: Proximidade entre os ícones Sumário e o de voltar para início do. 75. aplicativo leitor .................................................................................................... Figura 21: Ícones de acesso à fazer anotações ................................................. 75. Figura 22: Imagem da figura da loba com ícone ao lado ................................... 76. Figura 23: Marcação de texto selecionado ......................................................... 77. Figura 24: Apresentação de ícones de Objetos Educacionais Digitais da obra. 77. Figura 25: Lista de Objetos Educacionais Digitais disponíveis .......................... 78.

(13) LISTA DE GRÁFICO Gráfico 1: Experiência do aluno no uso do LDD por categoria .................................... 86.

(14) SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 14. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................ 19. 2.1 Origem e Definição do Livro ....................................................................... 19. 2.2 Do Livro Impresso do Digital ...................................................................... 22 2.3 Definições e Contexto Atual do Livro Digital ............................................ 27. 2.4 Formatos de Livros Digitais ....................................................................... 30. 2.4.1 PDF - Portable Document Format ............................................................ 31. 2.4.2 Eletronic Publication – EPUB .................................................................. 31 2.4.3 MOBI e KF8 ................................................................................................ 33. 2.4.4 IBA: iBooks Author ................................................................................... 34. 2.4.5 MEC/DAISY ................................................................................................ 36. 2.4.6 Livro aplicativo .......................................................................................... 37. 2.5 Hypertext Markup Language (HTML) ......................................................... 41 2.6 O Tablet Como Ferramenta Educacional ..................................................................... 44. 2.7 Aprendizado Multimídia ............................................................................... 49. 3 MÉTODOS E TÉCNICAS DA PESQUISA ....................................................... 56 3.1 Tema .............................................................................................................. 56. 3.2 Objetivos ....................................................................................................... 56. 3.2.1 Objetivo geral............................................................................................. 56 3.2.2 Objetivo específico ................................................................................... 57 3.3 Hipótese ........................................................................................................ 57. 3.4 Sujeitos Da Pesquisa ................................................................................... 57. 3.5 Procedimentos Metodológicos ................................................................... 59. 3.6. Critérios para escolha do livro .................................................................. 59 3.7. Avaliação cooperativa ................................................................................ 62 3.7.1 Tarefas para a avaliação cooperativa ..................................................... 63 3.8 Avaliação da Satisfação do Usuário .......................................................... 64 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ..................................... 68 4.1 Resultados do Questionário de Filtragem ................................................. 68. 4.2 Resultados da Avaliação Cooperativa ....................................................... 70. 4.2.1 Pontos positivos .......................................................................................................................... 72.

(15) 4.2.2 Pontos negativos ........................................................................................................................ 74. 4.3 Resultados da Avaliação de Satisfação do Usuário ................................. 80. 5 CONSIDERAÇÕES .......................................................................................... 89. 5.1 Ergonomia Informacional e Aprendizagem ............................................................... 90 5.2 Recomendações ........................................................................................................................... 91. 5.3 UMA CRÍTICA ............................................................................................... 95 5.4 Limitações da Pesquisa .......................................................................................................... 96. 5.5 Considerações Finais ............................................................................................................... 97. REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 98 APÊNDICES ......................................................................................................................................... 103. APÊNDICE A - TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE USO DE ENTREVISTA. 104. APÊNDICE B - AVALIAÇÃO COOPERATIVA. 105. APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO DEAVALIAÇÃO DE SATISFAÇÃO DO USUÁRIO NO USO DE LIVRO DIDÁTICO DIGITAL. 106. APÊNDICE D - LINHA DO TEMPO DO LIVRO DIGITAL E SURGIMENTO DE DISPOSITIVOS DE LEITURA, ATÉ MEADOS DE 2015. 108.

(16) 15 1 INTRODUÇÃO A contemporaneidade traz grandes desafios para a educação, no âmbito dos livros didáticos, plenamente estabelecidos como uma ferramenta segura para apoiar o ensino e aprendizagem e que têm na sua versão impressa em papel um lugar solidamente estabelecido em todos os programas educacionais. No entanto, o livro didático enfrenta dificuldades quando esbarra numa cultura do digital, da mobilidade e do acesso à Internet plenamente presentes na vida dos alunos dos nossos dias. Pensar o livro didático formatado para esta realidade é um desafio a ser encarado, pois, corre-se o risco de não tirar proveito de uma ferramenta que pode facilitar o engajamento dos alunos, que pode motivar o prazer de aprender e trazer resultados relevantes aos índices de aprendizado na esfera do Ensino Médio. Essa dissertação, portanto, é motivada principalmente por uma preocupação concentrada na abordagem que envolve o design do livro didático para ser lido em tablets, que se traduz num foco inicial no aluno, ou seja, num design centrado no usuário. Desde a interferência de Joannes Gutemberg na história, inventando uma maneira de replicar o conhecimento por meio de cópias idênticas, acessíveis a qualquer pessoa com capacidade de ler, as transformações sociais tornaram-se mais rápidas, fortes e permanentes. O conhecimento popularizado, distribuído então em livros, tornou-se inevitavelmente libertador e, assim como a educação, percorreu a história sofrendo mudanças em suas abordagens, mas sempre mantendo seu poder de esclarecer, iluminar os horizontes nas realidades sociais. O livro impresso sofreu mudanças das mais diversas, desde a época do papiro até os dias atuais, passando por processos como impressão offset até a digitalização por escaneamento, e, com o advento da Internet, principalmente, passou a ser concebido como produto digital do início ao fim do seu ciclo, ou seja, da diagramação à distribuição. Softwares de editoração eletrônica substituíram os processos manuais de pasteup, de datilografia, de montagem de caracteres em prensa e ampliação fotográfica analógica. Eles agora geram arquivos totalmente digitais, recebendo fotos e textos gerados em editores como Adobe Photoshop e Microsoft Word para, então, finalizar arquivos em PDF – Portable Document Format, o formato de arquivo digital mais comum e acessível na grande maioria das plataformas computadorizadas de impressão gráfica..

(17) 16 Essa digitalização da indústria do livro, pois o processo todo é digitalizado (PINSKY, 2009), é facilitada pela rede mundial de computadores e favorece o compartilhar de livros neste formato, uma vez que devemos perceber que a importância da Internet é algo até certo ponto inquestionável, tendo em vista que hoje ela alcança algo em torno de 3.3 bilhões de usuários2 e cresce sem parar. De fato, a Internet é parte indissociável da vida em nossos dias. O livro digital, mais popularmente identificado como ebook, passa a se popularizar e possibilita a criação de um mercado para disponibilizá-lo a partir da Internet, para as mais diversas formas de acessá-lo. Os formatos do livro digital se proliferam atingidos por diversos fatores, dentre eles uma busca por uma padronização que não acontece de fato, pois, muitos interesses estão por trás desses assuntos, a exemplo de quem deterá direitos de uso dos padrões. Desse conflito surgem vários formatos proprietários, como o Kindle da Amazon e o iBooks da Apple. Aquele direcionado ao leitor, que aprecia mais a literatura, e este focado no universo dos aplicativos, basicamente desenvolvidos para sua plataforma, o iOS (que roda nos produtos da empresa como iPads e iPhones). O livro aplicativo tem uma maneira própria de desenvolvimento, que busca inserir os recursos permitidos pelos dispositivos e sistemas operacionais como, por exemplo, geolocalização, câmera fotográfica e tela sensível ao toque. Além disso, diferente do ebook em PDF ou mesmo o Kindle da Amazon, o livro em formato de aplicativo tem a peculiaridade de possibilitar ao usuário acessos a recursos multimídia em seu conteúdo: vídeo, áudio, slides de fotos, acesso à Internet, redes sociais, cenas interativas, animação, gravação de voz, narração guiada, glossário instantâneo, controle de pais, entre outras. O desempenho do livro aplicativo depende do dispositivo de leitura, o qual deve dispor de processador adequado ao bom desempenho dos recursos inerentes ao equipamento. Desde 2010, os tablets passaram a fazer parte do dia a dia de empresários, estudantes e curiosos em geral, quando o iPad foi lançado pela Apple. Apesar de muito antes já existirem dispositivos como este, a aceitação foi imediata devido a dois fatores: acesso a Internet e processamento de dados otimizados. Por ser. 2. Segundo contagem em tempo real disponibilizada pelo site http://www.internetlivestats.com/internet-. users/. Acessado em 27 de fevereiro de 2016. Esta fonte levanta dados imediatos monitorando o que acontece na Internet..

(18) 17 portátil, o tablet com acesso à Web e com uma potência comparada a de notebooks possibilita acesso a muitos recursos e permite uma mobilidade que os computadores portáteis até então não viabilizavam. Praticamente todos os fabricantes de computadores passaram a criar suas alternativas para o mercado, elevando as vendas e diminuindo os custos para o consumidor final. Devido aos fatores já citados, os tablets tornam-se uma ferramenta útil para o ensino/aprendizado pois, segundo a UNESCO, dispositivos como tablets e smartphones já são utilizados por alunos e educadores em todo o mundo, facilitando a aprendizagem de maneiras novas e inovadoras (UNESCO, 2013). A presença de tecnologia na sala de aula é um quesito discutido em todos os ambientes educacionais e tem sua necessidade atribuída a um alunado que, muitas vezes, em disparidade com os educadores, utilizam tecnologias atuais, em seus smartphones e tablets com total desenvoltura. Para eles é natural lançar mão dos dispositivos para fazer pesquisas, acessar vídeos, fotografar e, claro, interagir nas redes sociais. Ignorar estas informações é permitir que uma ferramenta tão rica seja inutilizada como acessório ao conteúdo educacional, correndo o risco de, em determinado grau, conduzir o aprendizado num processo monótono, descontextualizado. Esta pesquisa é direcionada pelo ergodesign, particularmente no âmbito da interação humano-computador, partindo do pressuposto de Norman (2006) de que é preciso pensar a partir do ponto de vista do usuário. É essencial entender como o usuário, aqui o aluno de Ensino Médio, enxerga o livro didático digital disponibilizado em tablet. Centrando no aluno o foco do design, a partir de um levantamento da sua experiência com o manuseio do livro no dispositivo, procuramos entender o que atrai e prende à tecnologia ou o que afasta, reprime uma boa experiência com o manuseio do livro didático digital. Diante desta breve contextualização, esta pesquisa parte da hipótese de que o uso de livro didático digital aprimora a experiência do usuário/aluno do Ensino Médio, o qual tem nesta ferramenta um auxiliar da sua aprendizagem contextualizada com o que ele assimila no seu cotidiano e alinhado com as Diretrizes tanto do Programa Nacional do Livro Didático - PNLD quanto da UNESCO..

(19) 18 O objetivo geral é verificar, através de uma avaliação cooperativa com alunos de Ensino Médio Integrado 3 do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, Campus Natal-Central, sua experiência no uso de Livro Didático Digital em tablet, tendo como objeto o livro digital História, Sociedade & Cidadania - Volume 1, de Alfredo Boulos Júnior, editora FTD. O objetivo específico da pesquisa é revelar pontos positivos, negativos e apontamentos a serem considerados para nortear o desenvolvimento de livros didáticos digitais no contexto da sua leitura em tablets. A pesquisa foi estruturada iniciando com um apanhado teórico sobre o livro, sua transformação em digital, um levantamento sobre definições e formatos digitais do livro eletrônico. Buscou-se contextualizar neste tópico a presença e importância de dispositivos móveis na educação, levando em conta orientações da UNESCO e do PNLD, e como o aprendizado multimídia, pela lente da Teoria Cognitiva do Aprendizado Multimídia (MAYER, 2001) e a Teoria da carga Cognitiva (SWELLER; AYRES; KALYUGA, 2011). Então, aplicou-se um teste de usabilidade no formato de avaliação cooperativa, de maneira que o aluno pudesse interferir ao máximo no teste de usabilidade e, dessa maneira, uma gama maior de apontamentos pudesse ser listados, de acordo com as categorias do questionário de satisfação, a saber itens que envolvem ajustes na escolha, criação e visualização de multimídia; itens que envolvem melhoria do aprendizado do ponto de vista da facilitação do design; ajustes quanto à interface gráfica e aos aspectos gerais da interação com o livro didático digital. Para tanto, aplicamos um questionário de filtragem de perfil com todos os alunos matriculados no primeiro ano dos cursos de Ensino Médio integrado do IFRN, Campus Natal-Central e, a partir dessa coleta, identificamos aqueles com perfil mais alinhado com os objetivos, que têm acesso a tablet e a leitura de livros digitais, didáticos ou não. Após a pesquisa de filtragem, foi feita avaliação cooperativa com 4 alunos representantes do universo do público-alvo, que testaram o livro no iPad e, em sequência, responderam ao questionário QUIS e ao Debriefing com questões sobre como eles poderiam apontar melhorias e identificar as piores características do livro. 3. Ensino Médio Integrado: modalidade de cursos técnicos, com duração de 4 anos, para alunos que. concluíram o ensino fundamental. O ingresso se dá de três formas distintas: ProItec (antigo PROCEFET), EJA Integrado ou Exame de Seleção. Fonte: portal.ifrn.edu.br/ensino/processosseletivos/tecnico-integrado..

(20) 19 Ficou claro nos testes que o livro didático digital é uma ferramenta atraente, alinhada com o que os alunos vivenciam no seu cotidiano e que, caso os cuidados com o design dos aplicativos, a usabilidade, a ergonomia informacional e a escolha adequada do conteúdo multimídia forem devidamente tomados, o Livro Didático Digital será um instrumento facilitador do aprendizado..

(21) 20 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Neste capítulo abordaremos os referenciais que esclarecem e relatam a história por trás do surgimento do livro digital, sendo abordado desde seu antecessor, o livro impresso, sua importância para a transmissão do conhecimento e, em seguida, o caminho que culminou nas versões digitais de livros, definindo-os, categorizando-os e analisando empiricamente um futuro supostamente proposto para o mesmo, finalizando na listagem dos principais dispositivos que permitem o seu uso. Serão abordadas também as teorias do aprendizado multimídia e da carga cognitiva, como aspectos a serem considerados no âmbito do design de conteúdo didático digital. 2.1 Origem e Definição do Livro O livro no formato tradicional que conhecemos, impresso em papel, é um meio estabelecido e completamente aceitável em praticamente todas as culturas, tornando-se o veículo primordial para a transferência de conhecimento através da leitura. Embora a versão histórica mais simplificada conta que o autor do primeiro livro impresso seja Johannes Gutenberg, outros autores atribuem aos chineses a autoria da invenção do livro e alguns dedicam a invenção aos egípcios. Segundo Haslam (2007), o livro é a forma mais antiga de documentação. Ele registra o conhecimento, as ideias e as crenças dos povos e sua história está intimamente ligada à história da humanidade. Os antigos egípcios usavam as largas folhas planas de palmeiras para nelas escrever, iniciando uma transformação da matéria com intuito de adequá-la à escrita mais precisa. Os papiros eram plantas que, após triturados os seus talos, entrelaçados e secos, formavam uma superfície própria para a escrita, não em forma de páginas como conhecemos hoje, mas em rolos, colando os papiros um no outro e então enrolando em formato cilíndrico, recebendo mesmo nome da planta (HASLAM, 2007, p. 6)..

(22) 21 FIGURA 1 - Secção do Livro dos Mortos no Papiro de Nani c. 1040 a.C.–945 a.C.. Fonte: Biblioteca da Universidade de Chicago (2015). Um outro anteparo para a escrita de livros foi o códex de pergaminho4, que era basicamente extraído da pele de animais (principalmente do carneiro). O nome originou-se como possível derivação de Pérgamo, antiga cidade grega, por volta de 197-158 a. C., onde a técnica foi inventada. É também nesta época que o livro passa a se parecer mais com a versão que conhecemos hoje, pois, a partir do trabalho dos juristas romanos, começou-se a dobrar o pergaminho, criando assim a noção de páginas. Com isso, a leitura torna-se mais funcional e agradável (DARNTON apud GONÇALVES, 2011, p. 26). Sobre como era preparado o anteparo em pergaminho, Haslam (2007) relata que Os sábios do reino de Pérgamo produziram uma pele de animal (carneiro) com dois lados, que após ser esticada em um caixilho, era secada, branqueada com giz e, então, polida e alisada com pedra-pomes (HASLAM, 2007, p. 6).. Tanto as criações em papiro quanto em pergaminho eram práticas artesanais, 4. O códex consiste no formato do livro impresso como o conhecemos hoje: um determinado número. de páginas individuais, agrupadas e cosidas numa lombada, protegidas por uma capa. Códex foi o termo atribuído à tecnologia que veio substituir o rolo de papiro manuscrito (GONÇALVES, 2011, p. 25)..

(23) 22 replicadas manualmente, o que tornava o processo de duplicação excessivamente demorado. Essa problemática começa a mudar com a invenção dos tipos móveis, que permitiam a impressão de vários livros, de forma igualitária, basicamente através da imersão de tipos (letras) em tinta e pressionada contra o papel. O primeiro registro da técnica acontece na Coreia com a impressão de um livro datado do ano de 1377, que exibe a informação de ter sido impresso com tipos móveis fundidos em moldes de areia, como relata Haslam (2007). O tipo móvel e seu descendente, o livro impresso, permitiram que uma única pessoa, após compor um texto, pudesse reproduzi-lo (...) o método de impressão é mais rápido que a cópia caligráfica e, como consequência, os textos se tornaram acessíveis e bastante disponíveis (HASLAM, 2007, p. 12).. Em 1455, o inventor e gráfico alemão Johannes Gutenberg, produziu o primeiro livro5 impresso usando os tipos móveis de metal, montados de maneira a serem encaixados numa máquina de impressão. O processo realizado por Gutenberg teve como resultado a impressão de uma Bíblia impressa em estilo gótico alemão, no total de dois volumes, contendo 1.282 páginas. Cada página continha entre 400 e 500 peças de tipo (SANTOS, 2012, p. 26). FIGURA 2 - Bíblia de Gutenberg.. Fonte: Biblioteca do Congresso Americano (2015). 5. Como há relatos de livros impressos com técnica similar à de Gutenberg bem anterior à sua época,. isso permite afirmar que o alemão seria o precursor, de fato, no que diz respeito ao continente europeu apenas..

(24) 23 De acordo com Haslam (2007), apesar do surgimento do rádio, televisão e o telefone, que apresentaram novos meios de comunicação, o livro, juntamente com seus derivados (jornais, revistas e diversos tipos de periódicos) permaneceu como a principal forma escrita de comunicação de massa. Conforme o Dicionário Houaiss (1999), livro é uma "coleção de folhas de papel, impressas ou não, reunidas em cadernos, cujos dorsos são unidos por meio de cola, costura etc., formando um volume que se recobre com capa resistente" (HOUAISS, 2009, p.1190). Há a definição de livro feita pela UNESCO em 1964, que diz: “livro é uma publicação impressa e não periódica de pelo menos 48 páginas, excluindo as capas, colocada a disposição do público (FLATSCHART apud UNESCO, 2013, p. 13)”, e ainda outra da ABNT, de 2016, para não se estender a tantas outras, afirmando que “livro é uma publicação não periódica que contém acima de 49 páginas, excluindo as capas, e que é objeto de Número Internacional Normalizado para Livros (ISBN) (FLATSCHART apud UNESCO, 2013, p.14)”. Tais definições apontam para uma certa dissonância com os dias atuais, quando livros são disponibilizados em tantos formatos e dispositivos (saindo da versão em papel) que, segundo Flatschart (2013), estas definições caem por terra se encaramos o livro como sendo conteúdo e desvinculado de seu suporte físico. 2.2 Do Livro Impresso ao Digital Com a invenção da tecnologia digital o tempo para que um meio se torne obsoleto diminuiu radicalmente. A migração do livro saindo do pergaminho para o papel demorou cerca de mil anos, o que parece não apenas inaceitável no mundo de hoje, mas que, de fato, constata-se na quantidade de meios criados para a entrega do livro para leitura. É insuficiente, hoje em dia, manusear a informação apenas em suporte físicos, impressos. A transição do livro para o meio digital se dá de maneira inevitável na cultura moderna pois, segundo Levy (1999) as imagens, as palavras, as construções de linguagem se entranham nas almas humanas, fornecem meios e razões de viver aos homens. e. suas. instituições,. são. recicladas. por. grupos. organizados. e. instrumentalizados, como também por circuitos de comunicação e memórias artificiais (LEVY, 1999, p. 22). A comunicação, quando abraça a tecnologia digital, passa a interferir na produção de livros assim como em tudo o mais em sua volta,.

(25) 24 modificando não apenas processos de fabricação, armazenamento e logística, mas inclusive a maneira como as pessoas interagem com novos meios. Segundo Mafra e Coscarelli (2013, p. 901), as Novas Tecnologias da Comunicação (NTICs) têm influenciado toda a sociedade com presença e frequência cada vez maior, permitindo que a comunicação entre as pessoas aconteça em diferentes formas de manifestação, a exemplo das redes sociais. O condutor que permite essa expansão é a Internet. O advento da Internet se dá entre a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria e, apesar de haver o mito de que pode ter sido uma iniciativa com foco em segurança nacional, visando à garantia do compartilhamento de informações entre as bases militares americanas, o que mais se constata historicamente é que ela surge mais como um efeito colateral inesperado, resultado de pesquisas que buscavam estabelecer sistemas de comunicação e trocas de mensagens (pacotes) entre computadores em geografias distintas (STEVEN apud DE SOUZA FILHO, 2014, p. 39). Com esse tipo de comunicação, que não respeita limites geográficos, tornou-se fácil compartilhar arquivos, comunicar-se e distribuir conteúdos que agora migram dos meios analógicos para o digital. Embora os tipos de arquivos digitais tenham surgido bem antes da Internet, é com ela que eles encontram um ambiente natural para se espalhar. É importante aqui citar a diferença entre a Internet e a Word Wide Web (WWW ou Web), aquela que usamos em nível estrutural e esta em nível informacional. Portanto, segundo Levy (1999) Embora seja geralmente pensada como sendo uma rede, a Internet na verdade é o conjunto de todas as redes e gateways que usam protocolos TCP/IP. Note-se que a Internet é o conjunto de meios físicos (linhas digitais de alta capacidade, computadores, roteadores etc.) e programas (protocolo TCP/IP) usados para transporte de informação. A Web (WWW) é apenas um dos diversos serviços disponíveis através da Internet, e as duas palavras não significam a mesma coisa (LEVY, 1999, p. 255).. É na World Wide Web (Web) que a digitalização de livros encontra a sistemática perfeita para sua propagação, uma oportunidade de se transformar de algo milenar, com corpo firme e sólido, em virtual, acessível e, acima de tudo, multiplataforma, acompanhando a humanidade em tempos formatados pela comunicação digital. A Internet passou a ser também o meio de comunicação na indústria do livro tradicional, permitindo a agilidade no processo produtivo, na medida em que une o.

(26) 25 autor, a editora e a gráfica na engenharia desse processo. Uma simples percepção mostra o quanto o livro já é digital há anos: basta notar que do momento em que o autor envia o original à editora, até esta remeter para a gráfica, tudo é digitalizado, segundo Pinsky (2013, p. 17). A alteração na mecânica produtiva na indústria do livro também interfere na vida do leitor que passa a ter acesso aos formatos de livros em arquivos digitais que podem ser acessados nos mais diversos meios aos quais ele tem acesso: computador, celular, TV inteligente, e-readers 6, tablets etc. Apesar de não haver consenso, o surgimento do livro em formato digital tem início um pouco antes de Tim Berners-Lee7 inventar a Web, com o projeto MEMEX (Memory Extender) do cientista americano Vannevar Bush. O sistema Memex proposto por Bush (1945) era um dispositivo no qual a pessoa pudesse guardar todos os seus livros, revistas, jornais, fotos e correspondências, e consultá-los de forma rápida e flexível, como se fosse uma extensão de sua memória. O armazenamento das informações seria feito em microfichas, microfilmes ou fitas e o acesso a essas informações seria mecânico e através de índices. Dois itens quaisquer seriam codificados para associação através de uma trilha, que poderia ser gerada e/ou manipulada pelo sistema. O acesso às informações seria feito através de uma tela de televisão munida de alto-falantes. Além dos acessos clássicos por indexação, um comando simples permitiria ao usuário criar ligações independentes de qualquer classificação hierárquica entre uma dada informação e uma outra. Uma vez estabelecida a conexão, cada vez que determinado item fosse visualizado, todos os outros que tivessem sido ligados a ele poderiam ser instantaneamente recuperados, através de um simples toque em um botão. (ARAYA; VIDOTTI, 2010, p. 30). O MEMEX foi apresentado no artigo escrito por Bush para o periódico The Atlantic Monthly8, intitulado “As we may think”, no qual o autor idealiza um tipo de biblioteca universal futurista, onde “uma pessoa armazena todos os seus livros, registros e comunicações, e que é mecanizado de maneira que possa ser consultado com rapidez e flexibilidade (BUSH, 1945, tradução nossa)”.. 6. E-reader é um dispositivo desenvolvido para a leitura de livros em formato digital.. 7. Tim Berners-Lee é um cientista britânico que inventou a Word Wide Web por volta de 1980. Em. 1990 ele realiza com sucesso a primeira comunicação entre um cliente HTTP e um servidor de dados, dando início à transferência de hipertextos entre computadores domésticos e data centers. 8. The Atlantic Monthly é uma revista originária de Boston, Estados Unidos, que mensalmente. publica artigos sobre cultura, ciência e assuntos internacionais..

(27) 26 FIGURA 3 - MEMEX: projeto original de Vannevar Bush.. Fonte: Wired Magazine, (1997). FIGURA 4 - MEMEX criado por Trevor Smith com base no projeto de Vannevar Bush.. Fonte: MEMEX #001 (2015). Segundo Pinsky (2013, p. 29) o livro não é mais um objeto, mas sim um conteúdo a ser “amoldado” em diferentes formas, realinhando-se aos dispositivos que o carregam, saindo do formato fechado, previamente definido pela editoração e disponibilizados em prateleiras de livrarias. Segundo Senh (2014), No caso do livro impresso, o processo de produção de uma edição culmina em um objeto com cópias consideradas idênticas; portanto todos os leitores.

(28) 27 de uma ou outra edição terão acesso ao "mesmo" livro. Já ao pensar no livro digital, o próprio equipamento do leitor, que permitirá a visualização e interação com o exemplar, por possuir características especificas, pode apresentar-se de forma diferente a cada leitor, conforme o aparelho que este utilizar (SENH, 2014, p. 49).. O livro em formato eletrônico ou digital, ou e-book, passou ainda por outras etapas, como por exemplo o Dynabook, uma espécie de livro dinâmico predito pelo cientista da Xerox Corporation, Allan Kay, que previu o surgimento desse dispositivo por volta dos anos 1990. Segundo Silva e Bufrem (2001), o Dynabook seria uma espécie de computador portátil, de baixo consumo de energia, com o tamanho e aspecto de um livro, com duas telas em forma de páginas, com textos e ilustrações, em cores, e legibilidade perfeita, iguais às de um livro impresso. Pressionando-se uma tecla ou encostando o dedo nas páginas, o leitor provocaria um “virar de páginas” eletrônico, permitindo avançar ou recuar no texto (SILVA; BUFREM, 2001, p. 3).. No ano de 1996 é lançado o Data Disc pela Sony, um dispositivo medindo mais ou menos 14cm x 10cm que continha uma tela de cristal líquido, inserindo um pequeno disco laser, tinha-se acesso a um grande número de ilustrações e livros. No Data Disc havia uma coleção de obras consideradas importantes como versões digitais de Shakespeare e a Bíblia Sagrada. O Data Disc tinha uma boa vantagem em relação ao Dynabook pois, segundo Silva e Bufrem (2001, p. 4), existia um programa de busca, que permitia especificar a palavra ou palavras que se desejaria encontrar no texto, mostrando o resultado, o trecho encontrado na tela. O marco histórico mais aceitável como ponto de partida para a criação do ebook, no entanto, acontece com o Projeto Gutenberg, uma iniciativa voluntária liderada por Michael Hart, que, em 1971, passou a digitalizar obras culturais e livros, em sua maioria de domínio público. Hart digitalizou a Declaração da Independência dos Estados Unidos, que passou a ser a primeira obra a ser disponibilizada eletronicamente pelo projeto (ALMEIDA e NICOLAU, 2013, p. 5). O Projeto Gutenberg tem o objetivo de disponibilizar cópias digitais de publicações enquadradas como domínio público em diversos países, que possam ser acessados na maioria dos computadores e dispositivos de leitura. Atualmente, o acervo contempla aproximadamente cerca de 50 mil e-books gratuitos9 para download e atua em diversos países, inclusive os de língua portuguesa. 9. Fonte: https://www.gutenberg.org/ acessado em 25 de março de 2016..

(29) 28 Um quadro disponível no apêndice 5 mostra uma linha do tempo para o livro digital e surgimento de dispositivos de leitura, até meados de 2015. 2.3 Definições e Contexto Atual do Livro Digital A respeito da definição atual de e-book, esta pesquisa parte do mesmo pressuposto defendido por Flatschart (2013), que utiliza o termo “livro digital” a despeito de “livro eletrônico”, pois, “o dispositivo pode ser analógico, mas a informação que ele manipula, processa e lê é digital (FLATSCHART, 2013, p. 13)”. Isso porque o temo digital se relaciona honestamente com os dados informatizados que dão forma ao conteúdo, através de sua digitalização, ou seja, a transformação do mesmo em software. A seguir, algumas definições sobre livro digital com abordagem mais contemporânea. De acordo com Gruszynski (2010), O termo é uma abreviação de eletronic book (livro eletrônico ou livro digital). Indica, em princípio, a versão eletrônica de um livro impresso que pode ser lido por meio de um e-reader (eletronic reader), um computador – inclusive personal digital assistants (PDAs) – ou outro dispositivo que permita acesso a dados digitais, como alguns celulares (GRUSZYNSKI, 2010, p. 427).. O National Information Standards Organization – NISO, em publicação de 2013 diz que ebooks são Documentos digitais, licenciados ou não, em que o texto pesquisável é prevalente, e que pode ser visto como uma analogia a um livro impresso (monografia). O uso de e-books é, em muitos casos dependentes de um dispositivo dedicado e/ou um leitor especial ou software de visualização (NATIONAL INFORMATION AND STATISTICS, 2013, p.17).. Na descrição na NISO é apontado a dependência que o livro digital tem de um dispositivo de leitura. Isso acontece, pois, o arquivo digital precisa ser embarcado, encapsulado em algo que possa decodificar seus dados e disponibilizar visualmente a informação ao leitor. Diferente do que acontece com o livro impresso que, em si mesmo, constitui-se um exemplar. Na definição apresentada no dicionário Houaiss (1999), o e-book tem uma similaridade com o próprio artefato para leitura, pois afirma que ele é um dispositivo portátil, próprio para recepção, armazenamento e visualização de livros transmitidos.

(30) 29 por telemática ou por outros meios informáticos, como disquete e CD-ROM (HOUAISS, 1999, p. 718). Sobre a quantidade no acervo de livros digitais no Brasil, pesquisa sobre a produção e vendas do setor editorial brasileiro, realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) a pedido da Câmara Brasileira do Livro (CBL), relata que, no ano base de 2014, o total de obras digitais editadas no Brasil era de 34.625 títulos, como indica o quadro abaixo. 10. QUADRO 1 - Produção e vendas do setor editorial brasileiro . DIDÁTICOS. OBRAS GERAIS. RELIGIOSOS. CTP. PDF. 8.737. 12.088. 3.125. 5.658. E-PUB. 29%. 41%. 11%. 19%. 106. 4.667. 241. 3. 2%. 93%. 5%. <1%. 8.843. 16.755. 3.366. 5.661. 29.608. APP. TOTAL. TOTAL. 5.017. 34.625. Fonte: Fipe - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, 2015.. Segundo esta mesma pesquisa, as vendas de e-books continuam em ritmo de alta. Partindo de um acervo de cerca de 35 mil títulos, as editoras respondentes de nossa amostra registraram com essas vendas, em 2014, um faturamento de cerca de R$ 17 milhões (contra 13 milhões em 2013) (FIPE, 2015).. É relevante notar que existe uma grande disparidade entre a quantidade dos livros produzidos e disponibilizados em formato PDF ou EPUB (29.608 títulos) e os desenvolvidos como aplicativos (5.507 títulos). Estes últimos, como será minuciado mais adiante, são títulos acessados por meio de aplicações instaladas nos dispositivos e que, por isso, utilizam melhor os recursos dos aparelhos, permitindo um conteúdo multimídia e interativo. Abordaremos essas peculiaridades e disparidades entre formatos no tópico seguinte. Ainda há uma distância entre a disponibilização de livros digitais em comparação com impressos, porém o crescimento do interesse em adquirir livros. 10. Disponível em: http://goo.gl/pgpyL2.

(31) 30 digitais deve aumentar em torno de 85% até 2019, como mostra a pesquisa Global entertainment and media outlook 2015-2019, da PriceWaterhouseCoopers - PWC. FIGURA 5 – Tendência dos gastos do consumidor com livros no Brasil. 11. Fonte: PriceWaterhouseCoopers, 2015.. No caso do mercado americano, principal consumidor de publicações digitais, enquanto o crescimento do consumo de livros impressos deverá aumentar 0,8% entre 2014 e 2019, o aumento da quantidade de e-books adquiridos será de 1,3% ao ano até 2019, segundo a previsão da PWC. Isso fará com que a diferença entre os impressos e digitais diminua consideravelmente. O crescimento médio ao ano do mercado de livros digitais para educação, segundo a PWC, será de 23% até 2019 (COOPERS, PRICE e WATERHOUSE, 2015). No comparativo Brasil e mundo, a pesquisa mostra a expectativa de crescimento médio ao ano, conforme figura 6.. 11. Disponível em: http://goo.gl/fg4hm3.

(32) 31 FIGURA 6 – Expectativa de crescimento médio ao ano por segmento. 12. Fonte: Adaptado de PriceWaterhouseCoopers (2015).. Livros digitais estão presentes num momento importante em que a educação recebe a interferência das novas tecnologias, de novos costumes e de uma cultura rodeada de recursos e conteúdos digitais disponibilizados via aparelhos móveis, nos processos de compartilhamento de experiência e no conhecimento baseado em rede. Numa tendência global apontando para uma maior presença de publicações digitais no mercado, é possível deduzir um impacto relevante nos meios de ensino, na escola, no ensinar e aprender. 2.4 Formatos de Livros Digitais Atualmente os livros digitais são desenvolvidos em diversos formatos, e não há um acordo formal que sirva de padronização, para orientar uma determinada extensão de arquivo, fazendo com que uma ampla, porém homogênea, disponibilização de produtos digitais chegue às pessoas sem tantas limitações trazidas por tipos de dispositivos, plataformas e sistemas operacionais diferentes.. 12. Disponível em: http://goo.gl/fg4hm3.

(33) 32 2.4.1 PDF - Portable Document Format O. formato. de. arquivo. que. trouxe. uma. sensação. de. uniformidade. multiplataforma na área da computação foi o PDF. Desenvolvido pela Adobe Systems em 1993, o Portable Documento Format surgiu como uma maneira de compartilhar arquivos entre plataformas que, diferente das limitações dos documentos de layout formatado até então, garantia que tal documento mantivesse sua formatação visual em qualquer computador onde fosse aberto. Em 2008, o formato PDF foi entregue à ISO na versão 1.7, para controle de especificação de versão a partir de então. Segundo A ISO 32000-1:2008, O objetivo do PDF é permitir aos utilizadores trocar e visualizar documentos eletrônicos de maneira fácil e confiável, independente do ambiente no qual eles foram criados ou o ambiente no qual eles são visualizados ou impresso (ISO, 2008, p. vii).. A utilização de arquivos PDF abriu a possibilidade de transmitir livros por emails e downloads a partir de páginas na Internet. Além disso, ele tornou-se padrão na geração de arquivos de impressão na indústria gráfica, através do PDF/ X1a, indicado como modelo para fechamento de arquivo pela maioria das gráficas, pois tem ajustes adequados para a composição de cor de impressão e manutenção da qualidade de fontes e imagens. Duas grandes vantagens do livro em PDF podem ser consideradas desvantagens, quando acessado em dispositivos móveis, quais sejam, a fidelidade ao projeto gráfico e a manutenção do comportamento do arquivo em qualquer dispositivo (FLATSCHART, 2013, p. 23). Isso faz com que os arquivos não se ajustem às tantas resoluções de telas disponíveis, causando desconforto na leitura, dependendo do tamanho da tela. 2.4.2 Eletronic Publication - EPUB O EPUB, abreviação para Eletronic Publication, foi desenvolvido para atender a necessidade crescente de padronização de conteúdo editorial como livros e revistas. Essa padronização se baseia no conceito de Web Standards, utilizado na.

(34) 33 construção de soluções para websites e demais conteúdos a serem acessados via WWW. Segundo o International Digital Publishing Forum (IDPF),. EPUB é o formato padrão de distribuição e intercâmbio de publicações digitais e documentos baseados em Web Standards. Ele define um meio de representar, embalar e codificar conteúdo Web estruturados e semanticamente reforçado - incluindo XHTML, CSS, SVG, imagens e outros 13 recursos - para distribuição em um formato de arquivo único (IDPF) .. O EPUB foi criado para substituir o formato OEB – Open e-Book, em meados de 2007, apresentando-se como um formato mais versátil para criação e distribuição de livros digitais. Ao fazer uma leitura de um livro em EPUB, Spalding relata que Diferentemente do PDF, que é lido pelos aparelhos como uma imagem fechada, um arquivo EPUB tem cada letra reconhecida, o que permite ao leitor configurar tipo e tamanho da fonte, fazer anotações, copiar um texto, consultar determinada palavra no dicionário ou fazer buscas dentro do livro (SPALDING, 2012, p. 77).. A última versão do formato EPUB é a 3.0.1, atualizada em 2014, que traz melhorias em relação à versão 2.0, a versão que popularizou o formato. O IDPF define, no EPUB 3.0.1, especificações que pretendem dar um salto nas características do formato para concorrer inclusive com desenvolvimento de aplicativos. Inspirada nas possibilidades do HTML5, segundo Flatschart, a atualização do formato permite soluções que dão uma nova vida ao conteúdo: plasticidade,. organicidade,. modularidade,. interatividade. e. ubiquidade. (FLATSCHART, 2013, p.48). As principais implementações da versão atual são: •. Software livre e de código aberto;. •. Conteúdo de layout fluído ou fixo;. •. Conteúdo construído em HTML (XHTML na versão EPUB 3);. •. Permite o uso de imagens rasterizadas (JPG, PNG) ou vetorial (SVG);. •. Metadados incorporados;. •. Apoio a Gestão de direitos digitais, como DRM (Gestão de Direitos Digitais);. 13. Definição encontrada no IDPF – International Digital Publishing Forum, órgão criador do formato. EPUB. Disponível em www. http://idpf.org/epub. Acesso em: 29 set. 2015..

(35) 34 •. Permite a criação de estilos CSS (lista de Estilo em Cascata);. •. Permite a inclusão de conteúdo de áudio e vídeo (dependente do programa e aparelho de leitura);. •. Permite a inclusão de scripts em Javascript (dependente do programa e aparelho de leitura);. •. Media Queries: possibilita o ajuste do layout (responsividade) a partir da verificação automática da resolução/formato do dispositivo de leitura;. •. Acessibilidade: a nova estrutura baseada em HTML5 facilita a leitura por dispositivos provedores de acessibilidade (leitores de texto).. Estas características do EPUB são muito importantes para o mercado atual de livros digitais, e é por isso que ele tem avançado para se tornar um padrão reconhecido e muito utilizado pelas editoras. 2.4.3 MOBI e KF8 Desenvolvido pela Amazon, a maior empresa do mundo no ramo de livros, o formato MOBI (.mobi) foi por um longo tempo o padrão dos livros digitais da empresa, disponibilizados para leitura através do seu e-reader, o Kindle, desde sua primeira versão. Os livros criados na extensão mobi apresentam como principais características, de acordo com Duarte (2010, p. 11): •. Formato aberto;. •. Inserção de DRM;. •. Uso de imagens;. •. Uso de tabelas;. •. Conteúdo de layout fluído;. •. Permite anotações;. •. Permite marcações.. Porém, a Amazon aderiu à necessidade de oferecer um formato de arquivo mais flexível e atual, atendendo à demanda de conteúdo mais rico para experiência do leitor. Dessa maneira, em meados de 2015 foi lançada a extensão KF8 (Kindle.

(36) 35 Format 8) que, de acordo com Pinheiro (2011), permitirá aos editores produzir de forma fácil livros ilustrados, história em quadrinhos, graphic novels e outros tipos de conteúdos que exijam gráficos muito elaborados (2011, p. 21). As vantagens do KF8 são basicamente as mesmas apresentadas pelo EPUB 3, as quais se baseiam nos benefícios do HTML5 e do CSS3, a saber (AMAZON, 2015): •. Suporte a HTML5;. •. Capitulares;. •. Suporte a CSS3;. •. Texto Pop Up (interatividade em camada);. •. Layout fixo;. •. Kindle Panel View (controle de roteiro de leitura);. •. Fontes embutidas.. 2.4.4 IBA: iBooks Author Em meados de 2010 a Apple, fabricante americana de computadores Macintosh e do iPhone, colocou no mercado o iPad e, junto com ele um aplicativo chamado iBooks. Este aplicativo, basicamente um leitor de EPUB para o iPad, iPhone e iPod Touch, foi oferecido pela empresa para competir com tantos outros de várias empresas já disponíveis à época. Porém, aqui falaremos da extensão .IBA, gerada no iBooks Author, o aplicativo da empresa capaz de criar livros digitais multimídia. O iBooks Author, de acordo com o fabricante, é um aplicativo para sistema operacional OSX para criação de livros interativos multimídia, que podem ser visualizados através do iBooks no iPhone (smartphone), iPad (tablet) ou Mac14 (computador)(APPLE INC., 2015). O iBooks, desde sua primeira versão, tem se mostrado altamente robusto, tendo como finalidade não apenas criar livros eletrônicos, mas, fazê-lo com proposta altamente rica em interação e recursos multimídia: vídeos, áudio, recursos 3D, HTML5 via widgets, interação com o Keynote15 etc.. 14. Computadores de mesa da fabricante Apple.. 15. Software para apresentações da fabricante Apple..

(37) 36 Porém o iBooks Author tem algumas limitações, segundo Flatschart (FLATSCHART, 2013, p. 52): •. Compatível apenas com dispositivos da Apple;. •. Comercialização exclusiva pela iBookstore;. •. A produção e o envio dos arquivos exigem uma máquina com plataforma Mac.. Apesar de ser um aplicativo gratuito, estas limitações colocaram os livros em .iba numa ilha, com produção e distribuição engessados. Apesar disso, a contribuição da Apple para o mercado editorial tem sido relevante, pois os livros digitais criados com a ferramenta são, em sua grande maioria, ricos em interação e dispõem de layouts pré-instalados com design profissional. Essa visão da empresa criou uma oportunidade imediatamente aproveitada: o direcionamento do iBooks Author para o desenvolvimento de livros didáticos, os quais exigem bem mais da produção do que simplesmente aplicar um texto corrido para leitura, pois necessitam de mais multimídia e mais cuidado pedagógico. Dentre os benefícios oferecidos pela extensão .iba na versão atual (2.4), podemos citar16: •. Templates: o aplicativo disponibiliza vários modelos de arquivos, o que favorece a leigos criarem livros com design minimamente agradável;. •. Arrastar e soltar: o recurso drag and drop facilita a montagem da publicação, pois não é preciso digitar códigos ou selecionar menus através de caminhos extensos;. •. Fontes customizadas: é permitido utilizar fontes do sistema nas publicações, que ficam protegidas na visualização da leitura;. •. Widgets: São pequenos programas que permitem inserir novos recursos aos livros. Por meio deles pode ser acrescentado: vídeo, áudio, elementos 3D, galerias de imagens obedecendo ao toque, popover (elementos flutuantes) etc.;. •. 16. Voice-over: recurso de acessibilidade que lê o texto dos livros.. Lista de recursos elencados a partir do site do iBooks Author. http://www.apple.com/ibooks-author.. Acessado em 03 de outubro de 2015..

(38) 37 2.4.5 MEC/DAISY O formato Daisy foi desenvolvido em 1994 por iniciativa do Daisy Consortium, uma iniciativa global sem fins lucrativos voltada à padronização e divulgação de soluções de publicação assistivas. De acordo com o Daisy Consortium, os livros formatados em DAISY (Digital Accessible Information System) podem ajudar alunos de qualquer idade, pois (DAISY, 2015): •. É um padrão internacional aberto;. •. Permite a criação de Livros Falados Digitais com texto, áudio e imagens sincronizados;. •. Provê uma experiência de leitura acessível e navegável;. •. Gravações em áudio podem ser realizadas com narração profissional ou amadora, ou geradas através de sintetizadores;. •. Suporta saída em Braile;. •. Permite ajuste de caracteres;. A norma ANSI/NISO Z39.86-2002, na qual o Daisy se orienta, cria as recomendações para o livro digital falado (Digital Talking Book - DTB) e, estabelece especificações para livros falados digitais (DTBs) para cegos, deficientes visuais, deficientes físicos, com dificuldades de aprendizagem, ou leitores com recurso de impressão desativado. Sua finalidade é garantir a interoperabilidade entre as organizações de serviços e fornecedores que oferecem sistemas de conteúdo e de reprodução para este público (NISO, 2002).. Segundo a NISO, Os arquivos de livros falados, os fluxos, processos de transformação, e tocadores tem sido planejados para apresentar seu conteúdo a pessoas com uma ampla gama de habilidade e deficiências. Eles são projetados para permitir a apresentação de outras formas de impressão convencional, devido à falta de acesso aos documentos impressos para esses usuários (NISO, 2002).. Visando uma solução brasileira para livros digitais acessíveis, o Ministério da Educação orientou, a partir do edital 01/201317 (Programa Nacional do Livro Didático. 17. Edital PNDL 2015 disponível em http://www.fnde.gov.br/programas/livro-didatico/livro-didatico-. editais..

(39) 38 - PNLD 2015), o uso do Daisy, para possibilitar acessibilidade aos livros didáticos em versão digital. Segundo o edital, os editores participantes da seleção são obrigados a converter suas obras aprovadas no programa para versão MecDaisy (BRASIL, 2014). Ainda segundo o edital do MEC, algumas exigências são elencadas para que as editoras tenham suas obras MecDaisy aprovadas. Dentre elas, destacamos: •. Deve ser apresentado em DVD;. •. Deve ser produzido exclusivamente para leitor MecDaisy;. •. Deve corresponder à obra impressa;. •. Deve apresentar o conteúdo em ordem definida pelo edital.. O formato MecDaisy tem, portanto, um objetivo muito específico que, segundo o Ministério da Educação é Promover a acessibilidade, no âmbito do Programa Nacional Livro Didático – PNLD e Programa Nacional da Biblioteca Escolar - PNBE, assegurando aos estudantes com deficiência visual matriculados em escolas públicas da educação básica, livros em formatos acessíveis (BRASIL, 2015).. Dessa maneira, o MecDaisy busca aplicar regras de acessibilidade na produção de livros que possam ser disponibilizados para a rede educacional pública brasileira.. 2.4.6 Livro aplicativo Os livros criados para funcionarem como aplicações, ou APPs (de Application) se destacam dos outros formatos principalmente por serem desenvolvidos para plataformas/sistemas. operacionais. e. dispositivos. determinados,. obedecendo. guidelines de fabricantes de dispositivos, como iOS (Apple) e Android (Google). Apesar da visível limitação a um único sistema operacional, segundo Flatschart (2013), o Livro Aplicativo pode extrair do sistema para o qual ele foi desenvolvido uma série de recursos extras que amplificam seu poder de comunicação (FLATSCHART, 2013, p. 53)..

(40) 39 Os aplicativos estão em todo lugar, em smartphones e tablets, seja qual for o sistema operacional que o permite operacionalizar dados, passando pelos computadores de mesa, nos modelos atuais de televisores, nos relógios (smartwatches), pulseiras inteligentes e muito mais. O dicionário Houaiss (1999) diz que aplicativo é um programa de computador concebido para processar dados eletronicamente, facilitando e reduzindo o tempo de execução de uma tarefa pelo usuário (HOUAISS, 1999, p. 160). O papel do aplicativo é, portanto, facilitar o uso da informação, a sua leitura, a sua apropriação. O quadro 2, abaixo, reúne as definições de App numa abordagem voltada para o livro no formato digital: QUADRO 2 - Definições de App do ponto de vista dos livros digitais.. DE ACORDO COM. DEFINIÇÃO DE APP. (PINHEIRO, 2011, p.7). Designa um software aplicativo ou aplicação concebido normalmente para dispositivos móveis (tablets e smartphones).. (PROCÓPIO, 2013). Programa de computador, notebook, smartphone ou tablet.. (MELLO, 2012, p. 445). (...) programas, que funcionam em dispositivos eletrônicos pessoais, como tablets e smartphones, e utilizam os recursos de tais dispositivos para promover interatividade ao conteúdo. Por exemplo, mecanismos normalmente usados para jogar games eletrônicos passam a ser utilizados no conteúdo dos e-book apps e tornam a experiência da leitura diferenciada. Fonte: Elaboração própria, 2016.. Dessa maneira, quando livros digitais são desenvolvidos para serem embutidos em aplicativos, utilizando os recursos dos dispositivos para potencializar a experiência da leitura, enriquecendo-a com multimídias, interações e ubiquidade eles recebem a denominação de Book app (FLATSCHART, 2013, p. 53), Enhanced Book (MELLO, 2012, p. 446), Livro-aplicativo (PROCÓPIO, 2013) dentre outras. Para resumir as definições a um termo simplificado, Procópio diz que formato de aplicativo é aquele criado para que o conteúdo rode nativamente em um programa desenvolvido com base em uma linguagem de programação (PROCÓPIO, 2013). O.

Referências

Documentos relacionados

Pretendendo problematizar a relação intrínseca entre os três elementos, elegi como objeto de pesquisa, o Manual do Professor do livro didático de História do Ensino Médio no

sendo considerado INAPTO no Teste de Esforço Físico e, consequentemente, eliminado do Concurso. Em razão de condições climáticas, a critério da Comissão de Concurso, o Teste

Suggested Citation: Corseuil, Carlos Henrique; Foguel, Miguel N.; Tomelin, Leon Faceira (2017) : Uma avaliação de impacto de um programa de qualificação profissional na empresa sobre

Sendo assim, o livro didático é fundamental para o processo ensino - aprendizagem e para construção da cidadania, no qual cada cidadão tem o direito de ter acesso a uma educa- ção

Os trabalhadores ocupados como funcionário público, autônomo e empregador, auferem rendimentos mais elevados em relação aos empregados sem carteira de trabalho, que se constituem

EXECUÇÃO DE SERVIÇOS TÉCNICOS PROFISSIONAIS CONSULTORIA JURÍDICA COMPREENDENDO O CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO, A REPRESENTAÇÃO LEGAL JUNTO AOS TRIBUNAIS E ÓRGÃOS

Aplicando as modelagens de equilíbrio químico e de fases conclui-se que a separação do MTBE sob condições não reativas é impraticável, visto que há a formação

- Toxicidade para órgãos-alvo específicos (STOT), a exposição repetida: Com base nos dados disponíveis, os critérios de classificação não são preenchidos, no entanto,