A ABIN na imprensa: dimensão dialógica da construção de uma imagem
Texto
(2) ANA VAZ . A ABIN NA IMPRENSA DIMENSÃO DIALÓGICA DA CONSTRUÇÃO DE UMA IMAGEM . Tese apresentada ao Programa de PósGraduação em Letras e Lingüística da Universidade Federal de Pernambuco, para obtenção do grau de doutor. . Orientadora: Prof a . Dra. Dóris de Arruda Carneiro da Cunha . RECIFE 2009.
(3) Vaz, Ana A ABIN na imprensa: dimensão dialógica da construção de uma imagem / Ana Vaz. Recife: O Autor, 2009. 2 v.: il., quadros. Tese (doutorado) – Universidade Federal de Pernambuco. CAC. Letras, 2009. Inclui bibliografia e anexos. 1. Lingüística. 2. Dialogismo. 3. Análise do discurso. 4. Agência Brasileira de Inteligência. 5. Imprensa. 6. Jornalismo. I. Título. 801 410 . CDU (2.ed.) CDD (22.ed.) . UFPE CAC200931.
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(5) AGRADECIMENTOS . A minha orientadora Profª Drª Dóris de Arruda Carneiro da Cunha, pela paciência e pela seriedade com que realizou a orientação de minha pesquisa. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela oportunidade que me foi dada de realizar um doutorado sanduíche na França, o que me permitiu um aprofundamento teórico no campo das teorias enunciativas e do discurso. A Jacqueline AuthierRevuz, pelo importante apoio recebido durante o meu doutorado sanduíche junto à Universidade de Paris III. Ao Professor Luis Antonio Marcuschi, pelo brilhantismo de suas inesquecíveis aulas e pelas proveitosas observações por ele tecidas em relação à minha tese. À Professora Maria da Piedade M. de Sá por sua importante orientação e aconselhamento quando da minha banca de qualificação. A Profª Drª Gilda Lins pelo inestimável apoio dado ao início deste trabalho. A todos os professores e colegas do PG Letras, pela oportunidade de um convívio enriquecedor durante a realização do doutorado. A meus filhos Elisa, Fábio e Renata, que eu amo tanto. ..
(6) RESUMO . A presente tese realiza um estudo analítico de matérias veiculadas na imprensa escrita, que fazem referência à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) órgão do Poder Executivo encarregado da produção de conhecimentos de interesse estratégico para a Presidência da República. No acompanhamento dos textos veiculados na imprensa, observase a existência de uma espécie de “descompasso” entre a missão legalmente atribuída àquele órgão de inteligência e as formas como as suas atividades são representadas na mídia escrita. A constatação da polêmica aí fundada, englobando múltiplos dizeres e refletindo posicionamentos diversos, evidenciou a necessidade de uma análise mais profunda dos fios discursivos enredados nessa complexa teia de opiniões e de pontos de vista em confronto, tomando como base a teoria dialógica bakhtiniana e estudos contemporâneos da enunciação e do discurso. A análise busca elucidar os efeitos de sentidos criados pela multiplicidade de dizeres presentes nas matérias de jornais diversos, aí englobando o discurso do próprio órgão de imprensa, do jornalista e colaboradores, bem como de representantes legais da Agência Brasileira de Inteligência. Explicita também os procedimentos que presidem tal funcionamento discursivo, levando em conta as várias vozes que ali se entrecruzam e fundam uma relação polêmica. Evidencia que esses discursos, ao mesmo tempo em que propiciam o fortalecimento dos lugares enunciativos ocupados por cada uma das instâncias envolvidas, revelam a existência de uma interdependência mútua, de um dialogismo marcado pela presença da heterogeneidade constitutiva, cujas marcas se exteriorizam em uma heterogeneidade mostrada tanto no campo da interlocução como no campo interdiscursivo. Por outro lado, a polêmica instaurada constrói uma imagem da Abin e dos sujeitos envolvidos nos diversos discursos, que termina por lançar indagações acerca da sua real efetividade e do necessário, mas sempre problemático equilíbrio entre a opacidade e a transparência de suas ações. . Palavr as chave: dialogismo, discurso jornalístico e Abin..
(7) RESUME . Cette thèse de doctorat fait une analyse des articles de la presse quotidienne brésilienne dont le thème est l’ABIN (Agência Brasileira Brasileira de Inteligência ) – agence du gouvernement brésilien chargée de l’élaboration des renseignements pour informer le Président de la République. Dans l’enssemble d’environ un millier de textes, extraits des principaux jounaux en circulation au Brésil, on a pu vérifier l’existence d’un certain écart entre la mission atribuée à ce service de renseignement et leurs formes de représentation dans la presse écrite. La constatation de l’existence d’une relation polémique au sein de ces articles – tant dans la pluralité de dires que dans la multiciplité de points de vue – a été la raison par laquelle on a essayé de saisir les différents effets de sens produits par les discours de la presse sur l’ABIN, et de l’ABIN, tissés dans un courant dialogique ininterrompu. Le point de départ de cette recherche est la conception dialogique du langage de Mikhail Bakhtin et son Cercle, enrichie par des recherches contemporaines sur l’énonciation et le discours. Pour arriver à la compréhension des sens construits dans la tessiture de ces différents discours, on a fait l’usage des articles de presse contenant les voix des journalistes, des journaux et celles des représentants légaux de l’ABIN. L’étude realisée montre que les discours construits renforcent des places énonciatives, tout en dévoilant l’interdépendence de ces discours marqués par la présence d’une hétérogénéité constitutive. D’autre part, la polémique instaurée construit une image de l’ABIN dans la presse qui pose des questions à propos de son effectivité et sur le point d’équilibre toujours necéssaire entre l’opacité et la transparence du travail qu’elle réalise. . Motsclés: dialogisme, discours de la presse écrite, Abin..
(8) ABSTRACT . This thesis performs an analytic study of newspaper articles published in written press in regard to the Agência Brasileira de Inteligência (Abin – Brazilian Intelligence Agency), an Executive Branch bureau in charge of producing knowledge that may interest the Presidency from a strategic point of view. Considering texts published in the press, it is possible to recognize some kind of “inconsistency” when the mission legally assigned to the intelligence agency is compared to how its activities are actually portrayed in written media. This controversial finding, which carries multiple voices and reflect different positions, made clear how necessary was to carry out a deeper analysis of the discursive threads woven in such a complex web of opposing opinions and points of view, based on Bakhtin’s dialogism theory and contemporary studies on utterance and discourse. Such analysis attempts to clarify effects of meaning produced by the multiple voices within the articles of different newspapers, including the discourses of the news agency itself, the journalist’s, the collaborators’ as well as the discourse of the Brazilian Intelligence Agency legal representatives. It also explains the procedures that guide this discursive mechanism considering the several different voices that intertwine in the text and establish polemic relations. It shows that these discourses, while strengthening the enunciative positions occupied by each and every one of the participants, reveal the existence of a mutual interdependence, a dialogism, that is, a constitutive . heterogeneity and a enunciative heterogeneity, both in the interlocutional and in the interdiscursive fields. On the other hand, this controversy forms an image of the Abin and the subjects involved in various discourses that puts into question the agency’s real effectiveness and the imperative—but always intricate—balance between obscurity and transparency in its actions. . Keywords: dialogism, journalistic discourse, Abin.
(9) LISTA DE ANEXOS . ANEXO A ─ CORPUS DE TRABALHO 1. TEXTOS SELECIONADOS 2. QUADRO DO CONJUNTO DE MATÉRIAS JORNALÍSTICAS COLETADAS, NO PERÍODO DE 1999 A 2004, TENDO POR TEMA A AGÊNCIA BRASILEIRA DE INTELIGÊNCIA (ABIN)..
(10) LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES . ABIN . – . Agência Brasileira de Inteligência . ABRAJI . – . Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo . AD . – . Análise do Discurso . ADF . – . Análise do Discurso Francesa . BNDES . – . Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social . CIA . – . Central Intelligence Agency (Agência Central de Inteligência) . DD . – . Discurso Direto . DI . – . Discurso Indireto . DIL . – . Discurso Indireto Livre . FARCs . – . Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia . FBI . – . Federal Bureau of Investigation (Escritório Federal de Investigação) . FD . – . Formação Discursiva . GSI . – . Gabinete de Segurança Institucional . IRE . – . Investigative Reporters and Editors (Repórteres e Editores Investigativos) . MA . – . Modalização Autonímica . MI5 . – . Security Service (Serviço de Segurança Britânico) . MI6 . – . Secret Intelligence Service (Serviço de Inteligência Britânico) . PC . – . Paulo César Farias . PNPC . – . Programa de Proteção ao Conhecimento . PT . – . Partido dos Trabalhadores . SNI . – . Serviço Nacional de Informações . TER . – . Tribunal Regional Eleitoral . UnB . – . Universidade de Brasília . Unicamp . – . Universidade Estadual de Campinas.
(11) SUMÁRIO APRESENTAÇÃO........................................................................................................ . 1 . I – BASES TEÓRICAS 1. O DIALOGISMO BAKHTINIANO........................................................... 2. A ANÁLISE DO DISCURSO FRANCESA............................................... 3. ALTERIDADE E HETEROGENEIDADE ENUNCIATIVAS.................. . 5 8 31 41. II – MODELO METODOLÓGICO 1. A CONSTRUÇÃO DO CORPUS................................................................ 1.1 Critério Cronológico.............................................................................. 1.2 Temas e Objetos de Discurso................................................................. 1.3 Gêneros Discursivos............................................................................... 1.4 Órgãos de Imprensa................................................................................ 2. O CORPUS ELABORADO......................................................................... . 47 49 50 55 67 73. III – A ABIN E A IMPRENSA 1. A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA.......................................................... 2. A ATIVIDADE JORNALÍSTICA................................................................ 3. INTELIGÊNCIA E JORNALISMO.............................................................. . 78 85 93 . IV – A ABIN NA IMPRENSA 1. O DISCURSO DA ABIN............................................................................. 1.1 Monofonia Enunciativa......................................................................... 1.2 Dimensões Dialógicas do Discurso da Abin......................................... 2. O DISCURSO SOBRE A ABIN................................................................. 2.1 Plurivocalidade Discursiva.................................................................... 2.2 Dimensões Dialógicas do Discurso sobre a Abin.................................. 3. A ORIENTAÇAO DIALÓGICA DO DISCURSO .................................... 3.1 ORIENTAÇÃO DIALÓGICA EM DIREÇÃO AO OUVINTE 3.1.1 O OUVINTE EFETIVO............................................................ 3.1.1.1 A Refutação Explícita................................................... 3.1.1.2 O Silenciamento do Oponente...................................... 3.1.1.3 A Refutação Irônica...................................................... 3.1.1.4 Posicionamentos Assumidos quanto ao Ouvinte Efetivo 3.1.2 O OUVINTE IDEALIZADO.................................................... 3.1.2.1 O Ouvinte Aliado.......................................................... 3.1.2.2 O Ouvinte Simpatizante................................................ 3.1.2.3 O Ouvinte Testemunha................................................. 3.1.2.4 O Ouvinte Juiz.............................................................. 3.1.2.5Posicionamentos Assumidos quanto ao Ouvinte Idealizado..................................................................... 3.2 ORIENTAÇÃO DIALÓGICA EM DIREÇÃO AO OBJETO DE DISCURSO 3.2.1 A Disputa Dialógica quanto ao Objeto de Discurso................. 3.2.2 Duas Palavras para uma Mesma Coisa..................................... . 109 109 114 119 119 126 132 132 134 135 141 145 153 154 157 162 169 173 179 181 181 191 . CONSIDERAÇÕES FINAIS: A CONSTRUÇÃO DE UMA IMAGEM.................. . 198 . REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... . 207.
(12) 1 . APRESENTAÇÃO . A tese ora apresentada realiza um estudo analítico de matérias jornalísticas veiculadas na imprensa escrita, que fazem referência à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) – órgão do Poder Executivo encarregado da produção de conhecimentos de interesse estratégico para a Presidência da República. Uma das motivações para a realização desse trabalho de pesquisa prendese ao fato de que essas matérias, embora relacionadas a eventos específicos ocorridos no meio social, findam por promover um questionamento acerca da missão institucional dada à Abin, lançando indagações acerca da sua real efetividade e do necessário, mas sempre problemático, equilíbrio entre a opacidade e a transparência de suas ações. No acompanhamento que fiz dos textos veiculados na imprensa acerca do tema, pude observar a existência de uma espécie de “descompasso” entre a missão legalmente atribuída àquele órgão de inteligência e a representação de suas atividades no discurso da mídia. A constatação da polêmica aí fundada, englobando múltiplos dizeres e refletindo posicionamentos diversos, evidenciou a necessidade de uma compreensão mais profunda dos fios discursivos enredados nessa complexa teia de opiniões e de pontos de vista que se confrontam e dialogam entre si. Busquei, no presente trabalho, elucidar os efeitos de sentidos criados pela multiplicidade de dizeres presentes nas matérias de jornais diversos, aí englobando o discurso do próprio órgão de imprensa (sob a forma de editoriais), do jornalista (com suas notícias, colunas e artigos de opinião), dos leitores (através de cartas publicadas nos jornais), assim como o discurso da Abin, por meio dos seus representantes legais (em entrevistas e artigos de autoria própria, além de citações localizadas em matérias jornalísticas diversas). Tentei, então,.
(13) 2 . explicitar os procedimentos que presidem tal funcionamento discursivo, as estratégias argumentativas desenvolvidas, levando em conta as várias vozes que se entrecruzam no espaço da imprensa, se respondem mutuamente, e fundam ali uma relação polêmica. Em seguida, tentei verificar se os discursos veiculados sobre o tema “Abin”, abrigando várias vozes, caracterizariam a presença de uma polifonia discursiva ou implicariam a existência de um dialogismo marcado pela bivocalidade retórica cujos efeitos de sentido seriam monovalentes. A pesquisa assim realizada foi distribuída em quatro capítulos, aos quais se seguem algumas considerações finais bem como referências à bibliografia utilizada. O primeiro dos capítulos faz uma explanação dos principais fundamentos epistemológicos utilizados em meu trabalho, partindo de três vertentes teóricas – a Teoria . Dialógica do Círculo de Bakhtin, a Análise do Discurso de Orientação Francesa e a Heterogeneidade Enunciativa de Jacqueline AuthierRevuz – as quais me pareceram, em alguns de seus postulados, complementares entre si. O segundo capítulo trata da metodologia adotada na construção do meu corpus de trabalho de modo a tornálo passível de análise, tomando por base não apenas o critério da distribuição cronológica das matérias coletadas, mas também a questão dos temas e dos gêneros discursivos ali presentes, assim como a consideração dos órgãos de imprensa nos quais essas matérias foram produzidas e veiculadas. O terceiro capítulo aborda questões vinculadas às principais instâncias discursivas postas em cena no espaço da imprensa escrita, tentando realizar uma análise comparativa entre a atividade de inteligência e a atividade jornalística, de modo a evidenciar diferenças e similitudes no que diz respeito aos seus modos de ação e às suas formas de elaboração discursiva..
(14) 3 . Finalmente, o quarto capítulo faz uma análise do tema na Abin na imprensa, buscando explicitar as diversas vozes ali emergentes, bem como as diferentes dimensões dialógicas instauradas através da adoção de estratégias discursivas específicas. Tomando por base a noção da dupla orientação dialógica bakhtiniana foi possível estudar o material coletado tanto no que diz respeito a sua orientação em direção ao objeto de discurso quanto no que diz respeito aos vários posicionamentos assumidos quando o discurso se dirige a diferentes tipos de ouvinte, partindo da distinção presente na reflexão teórica de Mikhail Bakhtin entre o ouvinte efetivo e o ouvinte idealizado. O estudo realizado evidenciou que esses discursos, ao mesmo tempo em que propiciam o fortalecimento dos lugares enunciativos ocupados por cada uma das instâncias envolvidas, revelam a existência de uma interdependência mútua. Por outro lado, o dialogismo ali instaurado, longe de se ater unicamente ao paradigma da busca de uma verdade absoluta, funda diferentes níveis dialógicos no interior do discurso, implicando, para além do campo da interlocução imediata, um permanente diálogo dos sujeitos envolvidos com os diversos tipos de ouvinte produzidos no e pelo discurso. A hipótese inicialmente formulada – de que esses discursos, por seu caráter polêmico, tenderiam a criar uma “circularidade” monossêmica de cunho argumentativo –, foi, no desenvolvimento do trabalho, sendo revista, e abriu espaço a novas indagações que trouxeram à tona questões relacionadas à visão psicanalítica do imaginário e ao fenômeno da modalização autonímica. O trabalho desenvolvido não fornece respostas definitivas às questões levantadas, pretendendo tãosomente contribuir, na medida do possível, para uma melhor compreensão de aspectos vinculados ao fenômeno do “dialogismo” discursivo, voltado para a questão da criação e representação de eventos na mídia escrita..
(15) 4 . Segundo Lúcia Santaella (1996, p. 212), “devemos lutar contra o hábito de só nos propormos a debater uma questão quando já temos respostas prontas para ela. Isso seria negar a essência mesma do debate e do diálogo que é a indagação e a busca”. De fato, se houvesse respostas prontas, transparentes e unívocas para o que é aqui investigado, esse trabalho perderia a sua razão de existir. Espero, assim, que a tese ora apresentada possa, por um lado, contribuir para uma compreensão mais precisa da imagem pública e institucional da Abin – das formas pela quais ela se diz e é dita na imprensa brasileira –, criando, por conseguinte, a possibilidade de uma reflexão sobre o próprio agir comunicativo da instituição, o qual tem papel determinante em um processo de legitimação que se queira efetivo 1 . Espero, por outro lado, que a pesquisa realizada possa contribuir com os estudos hoje realizados no campo da teoria dialógica de Mikhail Bakhtin e desperte algum interesse não apenas de lingüistas e pesquisadores do tema inteligência, mas do cidadão de uma maneira geral, enquanto parte legitimamente interessada no fortalecimento das nossas instituições públicas e do Estado Democrático de Direito. . 1 . Uso aqui “legitimação” no sentido habermasiano do termo. Para Habermas (citado por GNERRE, 1985, p. 5): “A legitimação é o processo de dar ‘idoneidade’ ou ‘dignidade’ a uma ordem de natureza política, para que seja reconhecida e aceita”..
(16) 5 . I BASES TEÓRICAS . O presente trabalho tem como marco teórico fudamental a Teoria Dialógica de Mikhail Bakhtin 2 , com ênfase no caráter dialógico dos textos estudados. O dialogismo constitui, na realidade, o leitmotiv de toda a obra bakhtiniana, o que pode ser claramente observado na passagem seguinte: A relação discursiva [...] dividese em dois momentos: a enunciação, que diz respeito ao locutor; a compreensão do enunciado pelo ouvinte, a qual contém, desde já e sempre, elementos de resposta. De fato, em condições normais, estamos sempre em acordo ou em desacordo com o que é dito; e trazemos, via de regra, uma resposta a todo enunciado do nosso interlocutor [...]. Podese, pois, afirmar que toda comunicação, toda interação verbal se realizam sob a forma de uma troca de enunciados, assumindo a dimensão de um diálogo. 3 (BAKHTIN/ VOLOSHINOV, 1981, p. 292). . É, portanto, fazendo uso da metáfora do diálogo que o autor representa, como afirma o lingüista Carlos Alberto Faraco (2003, p. 57), a “dinamicidade do universo da cultura humana”, o qual, intrinsecamente responsivo, se move como se fosse um grande diálogo. Mas esse diálogo, [...] deve ser compreendido num sentido amplo, isto é, não apenas como a comunicação em voz alta de pessoas colocadas face a face, mas toda comunicação verbal, de qualquer tipo que seja. O livro, isto é, o ato de fala impresso, constitui igualmente um elemento da comunicação verbal. [...] Assim, o discurso escrito é de certa maneira parte integrante de uma discussão ideológica em grande escala: ele responde a alguma coisa, refuta, . 2 . A referência aqui feita unicamente ao nome de Mikhail Bakhtin devese ao fato de que esse autor é hoje considerado o principal expoente do chamado “Círculo de Bakhtin”, o qual envolve também a produção teórica de outros pensadores, tais como Valentin Voloshinov e P. Medvedev. Muitos dos textos consultados são, inclusive, assinados por mais de um autor, prática que findou por gerar uma ampla controvérsia no que diz respeito à autoria do conjunto de obras produzidas pelo Círculo. Optei por citar textualmente os autores quando me refiro às obras especificamente assinadas por cada um deles, e utilizar unicamente o nome de Bakhtin quando trato do pensamento filosófico–lingüístico do Círculo como um todo. 3 Todas as citações extraídas do ensaio La structure de l’énoncé (traduzido diretamente do russo para o francês por Tzvetan Todorov) correspondem a uma tradução por mim realizada do idioma francês para a língua portuguesa. De modo semelhante, livros e artigos consultados em língua estrangeira também foram objetos de tradução com o objetivo de harmonizar a língua utilizada na apresentação da tese..
(17) 6 . confirma, antecipa as respostas e objeções potenciais, procura apoio, etc. (BAKHTIN/VOLOSHINOV, 1997b, p. 123) . Essa noção de dialogismo, implicando a presença – explícita ou não – do outro no discurso, mostrouse valiosa para a compreensão dos modos pelos quais a relação polêmica, presente nos textos em estudo, é discursivamente construída. O ponto nodal que serviu de fundamento a minha pesquisa diz respeito às diferentes formas de orientação dialógica de que fala Bakhtin (1988a, p. 85), remetendo ao mesmo tempo para o discurso de outrem a partir do seu objeto (ou tema) e para o discurso de outrem na resposta antecipada do ouvinte, caso em que o discurso corrente é diretamente determinado pela resposta futura a lhe ser dada. A teoria dialógica bakhtiniana foi trabalhada em uma interface com as modernas tendências da Análise do Discurso de linha francesa (ADF), partindo da premissa de que, muito embora o dialogismo bakhtiniano e a ADF sejam vertentes teóricas distintas, ambas são voltadas para uma visão da linguagem enquanto fenômeno eminentemente social e de clara conformação ideológica. A teoria do sujeito desenvolvida pela ADF clássica, qual seja a de um sujeito que não é senhor absoluto do seu dizer, mas clivado/dividido entre o eu e o(s) outro(s) permitiu enfocar a noção bakhtiniana de dialogismo trazendo, no desenvolvimento do trabalho, aspectos relacionados à noção lacaniana de alteridade, alteridade esta também basilar na produção intelectual de Bakhtin, sobretudo em seus estudos sobre a poética do escritor russo Fiódor Dostoievski. Temse ali evidenciada a multiplicidade das vozes dispersas em um discurso – vozes próprias e vozes alheias, vozes próximas e vozes longínquas – que atravessam os processos enunciativos. O que significa dizer que, de modo similar ao que ocorre na perspectiva da ADF também para Bakhtin o sujeito não é onipresente nem é unívoco o seu discurso..
(18) 7 . É também nessa perspectiva que vão inserirse as reflexões de Jacqueline Authier Revuz acerca da heterogeneidade discursiva, tema que a pesquisadora desenvolve a partir das idéias de Mikhail Bakhtin e de Jacques Lacan, formulando as premissas da “nãocoincidência interlocutiva”, da “nãocoincidência do discurso consigo mesmo”, da “nãocoincidência entre as palavras e as coisas”, e da “nãocoincidência das palavras consigo mesmas”. Trabalhando com a questão do dialogismo do ponto de vista da alteridade que lhe é constitutiva, Jaqueline AuthierRevuz nos fornece um interessante estudo das formas de modalização autonímica, ou seja, dos modos pelos quais o sujeito se representa em seu próprio discurso enquanto nãoum, mas aspirando à unidade ou criando para si mesmo a ilusão de uma unidade redentora. . Em síntese, as principais vertentes teóricas utilizadas em minha pesquisa equivalem a três diferentes dimensões discursivas que me parecem complementares entre si: (a) os aspectos dialógicos do discurso, com base nas reflexões de Bakhtin; (b) as instâncias enunciativas reveladas através dos lugares sociais que ocupam e de uma memória discursiva que se manifesta na interdiscursividade, com base nos postulados básicos da ADF; (c) as marcas lingüísticas da alteridade e da heterogeneidade a partir das concepções de Authier Revuz. A essa trilogia vêm se somar contribuições de Dominique Maingueneau, como uma espécie de bússola quanto à metodologia aplicável, capaz de atender às exigências específicas do corpus de trabalho. Os principais fundamentos da teoria dialógica bakhtiniana, bem como aqueles referentes à ADF e à heterogeneidade enunciativa, são rapidamente esboçados a seguir e constituem a base do trabalho analítico por mim realizado. Base esta que, na medida em que a própria análise dos textos o exigiu, foi constantemente retomada e complementada, de modo a.
(19) 8 . evidenciar as formas pelas quais as várias vozes presentes nos discursos estudados se enredam umas nas outras, se complementam e se autonomizam, assumindo feições as mais diversas em sua luta por serem ouvidas e acatadas. . 1 O DIALOGISMO BAKHTINIANO . O princípio dialógico, como já ressaltado, atravessa toda a produção teórica de Bakhtin e constitui o elementochave para a compreensão dos fenômenos discursivos na perspectiva desse autor. A primazia ali dada não é à “língua” enquanto sistema abstrato e normativo, mas à linguagem enquanto prática ativa de sujeitos capazes de operar mudanças nesse sistema. A palavra vai mais além da sua significação dicionarizada e, integrando processos dinâmicos de interação verbal cotidianamente presentes na vida das pessoas, estabelece, como diz Bakhtin, uma espécie de ponte entre o “eu” e o “outro”. Muito embora a questão da alteridade tenha sido também abordada por outros pesquisadores de peso, podese afirmar que foi o Círculo de Bakhtin o responsável pela elaboração de uma teoria verdadeiramente dialógica, desdobrando a percepção do diálogo em múltiplas dimensões e tomando como elementobase de suas análises o enunciado e os processos enunciativos que a ele dão origem, como se pode verificar nas passagens seguintes: A verdadeira substância da língua não é constituída por um sistema abstrato de formas lingüísticas nem pela enunciação monológica isolada, nem pelo ato psicofisiológico de sua produção, mas pelo fenômeno social da interação verbal, realizada através da enunciação ou das enunciações. A interação verbal constitui assim a realidade fundamental da língua. (BAKHTIN/VOLOSHINOV, 1997b, p. 123). O enunciado concreto (e não a abstração lingüística) nasce, vive e morre no processo de interação social dos participantes de um enunciado. Sua significação e sua forma são determinadas essencialmente pela forma e pelo caráter desta interação. Se se retira o enunciado desse solo fecundo e bem.
(20) 9 . real, perdese a chave que dá acesso à compreensão da sua forma e do seu sentido e não se tem, entre as mãos, senão um envelope vazio, seja ele o da abstração lingüística, seja ele o, tão abstrato quanto, esquema de pensamento. (BAKHTIN/VOLOSHINOV, 1981, p. 199). . Essa concepção dialógica de base enunciativa, ao migrar do Leste Europeu para o Ocidente, foi e permanece sendo responsável por inúmeros desenvolvimentos teóricos no campo dos estudos lingüísticos 4 . Mas essa ampla difusão gerou, por assim dizer, um movimento “inflacionário” quanto ao uso feito das principais idéias do pensador russo, o que, se por um lado possibilita o enriquecimento e aprofundamento das reflexões ali presentes, por outro, opera, em alguns casos, uma banalização de seus conceitoschave. Em muitos dos trabalhos produzidos reina, inclusive, uma forte diversidade terminológica (também presente, é bem verdade, nos próprios escritos bakhtinianos 5 ), diversidade esta que, no caso, dá origem a desdobramentos teóricos portadores de sentidos fortemente diferenciados. É assim, por exemplo, que a semioticista Júlia Kristeva, no ambiente do estruturalismo francês dos anos 60, introduz o termo “intertextualidade” como sinônimo de dialogismo, o que, como afirma José Luis Fiorin (2003: 29), corresponde a um “conceito redutor, pobre e, ao mesmo tempo vago e impreciso”. Outros estudiosos, tal como Ubaldina Lorda (1997), falam da noção polifônica de Bakhtin como sendo equivalente ao próprio dialogismo quando é possível ter, na realidade, processos dialógicos sem que esses impliquem necessariamente em polifonia. Um outro exemplo que se pode citar diz respeito à 4 . Tais desenvolvimentos tornaramse possíveis pelo fato de que, muito embora Bakhtin tenha se ocupado, sobretudo, da produção literária, muitos dos seus trabalhos demonstram a necessidade do exame de aspectos do enunciado verbal que não dizem diretamente respeito à obra de arte, mas ao discurso da vida cotidiana. Em Le Discours dans la vie et dans la poésie (1926), por exemplo, Bakhtin/Voloshinov destacam que os fundamentos e as potencialidades da forma artística ulterior já se encontram, justamente, nesse tipo de enunciado. E assim afirmam em La structure de l’énoncé (1981, p. 301): “É nos enunciados mais simples que nós encontraremos a chave da estrutura linguistica dos enunciados literários”. 5 Bakhtin (2000b, p 397) se autocomenta: “Meu fraco pela variação e pela variedade terminológica que abrange um único e mesmo fenômeno...” Sobre essa questão, afirma Beth Brait (2003, p. 16): “A incompletude interna do pensamento bakhtiniano, mais do que um arcabouço teórico e inacabado, é uma postura científico filosófica, uma forma de investigação que aponta para uma totalidade aberta em que o discurso, forma histórica e falante, fazse ouvir através de suas inúmeras vozes, dirigese a um interlocutor e impõe uma atitude dialógica, a fim de que os vários sentidos, distribuídos entre as vozes, possam aflorar. Nessa perspectiva, o discurso, e seu concerto de incessante produção de efeitos de sentido, não é jamais um objeto pacífico e passível de submissão ao monologismo de uma teoria acabada”..
(21) 10 . aplicabilidade da noção de polifonia no domínio da estrutura lingüística, tal como desenvolvida por Oswaldo Ducrot (1977). Para esse autor, há polifonia quando é possível distinguir em uma enunciação dois tipos de personagens: os enunciadores e os locutores. Em Bakhtin, entretanto, a presença de interlocutores longe de indicar uma identidade direta com o fenômeno polifônico pode apontar simplesmente para a presença de posições enunciativas nas quais domina a bivocalidade, cada instância interlocutiva defendendo o seu próprio ponto de vista e lançando, em direção ao outro, a sua contrapalavra. Bakhtin estuda o fenômeno dialógico a partir de diferentes patamares ou dimensões, indo do mais amplo ao mais restrito, ou, em termos propriamente bakhtinianos, do “grande” ao “microdiálogo” 6 . Para ele, não só as pessoas dialogam entre si como também dialogam consigo mesmas; os textos, os discursos, se respondem uns aos outros; o jádito dialoga com o que ainda não foi dito; e o próprio fenômeno lingüístico é marcado pela heteroglossia, ou seja, pela presença de um plurilingüismo dialógico que lhe é constitutivo. Nesse sentido, diz o autor (eu grifo): As relações dialógicas são possíveis não apenas entre enunciações integrais (relativamente), mas o enfoque dialógico é possível a qualquer parte significante do enunciado, inclusive a uma palavra isolada, caso esta não seja interpretada como palavra impessoal da língua, mas como signo da posição semântica de um outro, como representante do enunciado de um outro, ou seja, se ouvimos nela a voz do outro. [...] Por outro lado, as relações dialógicas são possíveis também entre os estilos de linguagem, os dialetos sociais, etc. desde que eles sejam entendidos como certas posições semânticas, como uma espécie de cosmovisão da linguagem [...]. Por último, as relações dialógicas são possíveis também com a sua própria enunciação como um todo, com partes isoladas desse todo e com uma palavra isolada nele, se de algum modo nós nos separamos dessas relações, falamos com ressalva interna, mantemos distância face a elas, como que limitamos ou desdobramos a nossa autoridade. Uma abordagem ampla das relações dialógicas nos mostra que elas são possíveis também entre outros fenômenos conscientizados, desde que estes estejam expressos numa matéria sígnica. Por exemplo, as relações dialógicas são possíveis entre imagens de outras artes, mas estas relações ultrapassam os limites da metalingüística. (BAKHTIN, 1997a, p. 184). 6 . Bakhtin (1997a, p. 42) se refere ao grande diálogo como sendo típico da obra dostoievskiana, na qual coexistem “vários diálogos” que o condensam e iluminam, instaurando o fenômeno da polifonia. Já o microdiálogo (1997a, p. 223) é definido como “a combinação de vozes no âmbito de uma consciência”..
(22) 11 . Até mesmo no plano da formação da consciência, que dá origem ao discurso interior, Bakhtin/Voloshinov vêem uma base dialógica ao afirmarem que o próprio pensamento já encontra a palavra povoada. Segundo esses autores: Tudo o que me diz respeito, a começar por meu nome, e que penetra em minha consciência, vemme do mundo exterior, da boca dos outros (da mãe, etc.), e me é dado com a entonação, com o tom emotivo dos valores deles. Tomo consciência de mim, originalmente, através dos outros: deles recebo a palavra, a forma e tom que servirão para a formação original da representação que terei de mim mesmo. [...] Assim como o corpo que se forma originalmente dentro do seio (do corpo) materno, a consciência do homem desperta envolta na consciência do outro. (BAKHTIN, 2000b, p. 378). Aquele que apreende a enunciação de outrem não é um ser mudo, privado da palavra, mas, ao contrário, um ser cheio de palavras interiores. Toda a sua atividade mental, o que se pode chamar o “fundo perceptivo”, é mediatizado para ele pelo discurso interior e é por aí que se opera a junção com o discurso apreendido do exterior. A palavra vai à palavra. É no quadro do discurso interior que se efetua a apreensão da enunciação de outrem, sua compreensão e sua apreciação, isto é, a orientação ativa do falante. (BAKHTIN/VOLOSHINOV, 1997b, p. 147148). . Bakhtin/Voloshinov (1997b, p. 63) chamam às unidades do discurso interior . impressões globais de enunciações, fazendo empréstimo da expressão cunhada por Gompertz para designar “uma impressão ainda não isolada do objeto total e que oferece uma impressão do todo, que precede e lança os fundamentos da cognição clara do objeto”. Tais impressões globais encontramse, segundo os autores, ligadas umas às outras e se sucedem, não segundo as regras da lógica ou da gramática, mas segundo leis de convergência apreciativa (emocional), de concatenação de diálogos, e numa estreita dependência das condições históricas da situação social. Vêse que a concepção que Bakhtin/Voloshinov têm do diálogo interior – forma emblemática de microdiálogo – faz com que os autores se interessem, sobretudo, pelo movimento que ele realiza em direção ao exterior, ou seja, na utilização que os interlocutores fazem da palavra na comunicação verbal ativa. Podese falar, portanto, na presença de duas.
(23) 12 . dimensões dialógicas – a do discurso interior e a do discurso exterior – as quais, complementandose mutuamente, não podem ser pensadas de forma isolada: A orientação da atividade mental no interior da alma (a introspecção) não pode ser separada da realidade de sua orientação numa situação social dada. E é por essa razão que um aprofundamento da introspecção só é possível quando constantemente vinculado a um aprofundamento da compreensão da orientação social. (BAKHTIN/VOLOSHINOV, 1997b, p. 62). Vivo no universo das palavras do outro. E toda a minha vida consiste em conduzirme nesse universo, em reagir às palavras do outro (as reações podem variar infinitamente), a começar pela minha assimilação delas [...] para terminar pela assimilação das riquezas da cultura humana. (BAKHTIN, 2000b, p. 383). . Entretanto, como diz Bakhtin, ainda que as palavras se dividam para cada um de nós em palavras pessoais e palavras do outro, as fronteiras entre essas categorias podem ser flutuantes, sendo justamente nessas fronteiras que se trava o “duro combate dialógico”. Nesse contexto, é possível afirmar que o moderno conceito de intertextualidade (como já visto, introduzido por Kristeva nos anos 60), bem como a ênfase atualmente dada aos modos de apropriação discursiva da palavra do outro, vinculamse à reflexão bakhtiniana acerca do dialogismo, muito embora o autor não faça uso desses termos. Os fenômenos da intertextualidade e da interdiscursividade estão implicitamente presentes no princípio dialógico do Círculo de Bakhtin, como se pode perceber na passagem seguinte: Não pode haver enunciado isolado. Um enunciado sempre pressupõe enunciados que o precederam e que lhe sucederão; ele nunca é o primeiro nem o último; é apenas o elo de uma cadeia e não pode ser estudado fora dessa cadeia. Existe entre os enunciados uma relação impossível de definir por termos de categorias mecânicas ou lingüísticas. (BAKHTIN, 2000b, p. 375). . Aqui, abro um parêntese para analisar um pouco a sempre controversa distinção entre interdiscurso e intertextualidade. Muitos estudiosos debruçamse sobre a questão sem chegarem, entretanto, a um denominador comum, provavelmente em razão da própria diversidade com que as noções de texto e de discurso são, por cada um deles, trabalhadas. É.
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