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(1)FACULDADE DE EDUCAÇÃO E LETRAS Programa de Pós-Graduação Mestrado em Educação. O Diretor de Escola Pública – que profissional é este?. Maria Aparecida Fava Igreja. São Bernardo do Campo, SP 2008.

(2) Maria Aparecida Fava Igreja. O Diretor de Escola Pública – que profissional é este?. Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Metodista de São Paulo, sob orientação do Prof. Dr. Joaquim Gonçalves Barbosa, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Educação, defendida em 12 de setembro de 2008.. São Bernardo do Campo, SP 2008. ii.

(3) FICHA CATALOGRÁFICA Ig7d. Igreja, Maria Aparecida Fava O diretor de Escola Pública: que profissional é este? / Maria Aparecida Fava Igreja. 2008. 140 f. Dissertação (mestrado em Educação) --Faculdade de Educação e Letras da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2008. Orientação: Joaquim Gonçalves Barbosa 1. Diretor escolar 2. Gestão escolar 3. Escolas públicas - Brasil I. Título. CDD 379. iii.

(4) iv.

(5) DEDICATÓRIA À. minha. família,. que. soube. compreender. a. importância deste projeto e o desafio que este representou para mim e colaborou comigo, cada um de uma forma muito preciosa.. v.

(6) AGRADECIMENTOS. À Deus, que em sua bondade infinita me fortaleceu durante toda esta caminhada, segurando-me com sua mão firme nos momentos de dificuldades. Ao meu esposo Joaquim, sempre ao meu lado e às minhas filhas Olivia, Melina, Marina e Flávia pelo apoio e pela compreensão, pelo amor incondicional. Muito Obrigada! Vocês são a razão do meu viver! Aos meus pais Roberto e Hylda e aos meus irmãos Márcia, Marisa e Roberto pelas palavras de incentivos. Aos meus genros Adriano e Fernando pelo carinho e incentivo. Ao Professor Dr. Joaquim Gonçalves Barbosa, pelo aprendizado, pela compreensão das minhas dificuldades e por saber principalmente respeitar o tempo de cada um crescer e amadurecer, exercendo sempre um olhar plural sobre os seus alunos,. contribuindo. imensamente. para. esta. pesquisa. e. por. todo. meu. desenvolvimento como ser humano, meu eterno muito obrigado e minha enorme admiração. Ao Professor Dr. Waldemar Marques, pela sua gentileza e disponibilidade em participar do meu exame de qualificação e defesa de dissertação contribuindo de maneira muito significativa para esta pesquisa, com sugestões teóricas valiosas, muito obrigada. À Professora Dra. Ana Paula Hey, com a qual tive o prazer de estudar enquanto aluna no Programa de Mestrado em Educação, meus agradecimentos especiais pela sua disponibilidade em participar do meu exame de qualificação e defesa de dissertação e pelas suas contribuições teóricas para a presente pesquisa. À todos os professores do Mestrado em Educação da UMESP, de quem tive a oportunidade de ser aluna e com os quais muito aprendi: Elydio dos Santos Neto, Joaquim Barbosa, Leila Alves, Marília Duran, Décio Saes, Danilo Almeida e Ana Paula Hey, cada um com sua maneira de ensinar e transmitir seus enormes conhecimentos.. vi.

(7) Às amigas Alessandra Domeniquelli, Márcia Silva e Regina Luz, que acolhem com muito carinho e competência a todos os mestrandos, sempre com palavras de incentivos. Aos amigos Sergio Hiroshi Yada e Rose Rodrigues Silva Morelli e Roseli Aos meus colegas de mestrado na UMESP pela amizade e companheirismo, compartilhando nossas dificuldades e vitórias. À supervisora Dona Helenir pelo carinho e paciência. A Professora Judith Vilas Boas Ribeiro pela amizade, incentivo, pelas sugestões e correção ortográfica da pesquisa.. Agradeço a todos que direta ou indiretamente me ajudaram, incluindo todos os autores lidos, citados ou não neste trabalho, ao Governo do Estado de São Paulo pelo programa Bolsa Mestrado, pela bolsa de estudo concedida.. vii.

(8) RESUMO IGREJA, Maria Aparecida Fava. O Diretor de Escola Pública: que profissional é este? São Bernardo do Campo; UMESP, 2008, 93 p.. Este estudo tem como propósito pesquisar o diretor de escola pública, refletindo sobre a sua prática cotidiana, suas perspectivas e realizações, visando atender a tantas e tão diferentes tarefas que lhe são impostas. Para tanto, fizemos uma investigação teórico-bibliografica sobre a gestão da escola pública, sua finalidade social, autonomia e a busca pela qualidade do ensino oferecido, além de uma análise dos concursos e formas de provimento do referido cargo e analisamos também a oferta de atualização profissional que foi oferecida pela SEE à equipe gestora das escolas públicas estaduais, através do curso de formação continuada Progestão. Na parte prática desta, realizamos uma roda de conversa - uma nova metodologia de pesquisa - com quatro diretores concursados e que atuam frente às escolas públicas estaduais de São Paulo e do Grande ABC e ouvimos deles depoimentos autênticos que retratam suas práticas diárias, tensões, dificuldades e realizações no desempenho de sua função, o que contribuiu em muito para a pesquisa aqui proposta. Apontamos ainda, como uma possível saída para essa situação, a gestão escolar na perspectiva multirreferencial e finalizando este estudo apresentamos as conclusões da pesquisa.. Palavras-chaves – gestão escolar, concursos públicos, diretor de escola. viii.

(9) ABSTRACT. Igreja, Maria Aparecida Fava. The Public School Principal: Who is this Professional? UMESP, 2008, 93p.. This study has as its purpose to research over the public school principal, reflecting his daily routine, his perspectives and achievements, in order to better meet the so many different tasks to him attributed. For so, a theoretical and bibliographic investigation about the public school management, its social objective, autonomy and the search for the quality from the offered education was held. The open examination process and the recycling of professional competences provided by SEE to public school management board through Progestão were also analyzed. Four school principals from Sao Paulo and Grande ABC region were interviewed concerning their daily practices, tensions, difficulties and performance. The school management in a multirreferential perspective was indicated as a possible solution for this research question.. Key words: school management, open competitive examination, school principal. ix.

(10) LISTA DE ABREVIATURAS. APM – associação de Pais e Mestres CONSED – Conselho Nacional de Secretários de Educação DE – Diretoria de Ensino FDE – Fundação para o de Desenvolvimento da Educação FEBEM – Fundação Estadual do Bem Estar do Menor FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço LDBEN – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional HTPC – Horário de trabalho pedagógico coletivo SEE – Secretaria Estadual de Educação SEESP – Secretaria Estadual de Educação de São Paulo SESI – Serviço Social da Indústria UMESP – Universidade Metodista de São Paulo UNESCO – Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas. x.

(11) SUMÁRIO DEDICATÓRIA...................................................................................................v AGRADECIMENTOS........................................................................................vi RESUMO.........................................................................................................viii ABSTRACT.......................................................................................................ix LISTA DE ABREVIATURA................................................................................x INTRODUÇÃO....................................................................................................1 CAPÍTULO 1 O MOMENTO DA PESQUISADORA..................................................................4 CAPÍTULO 2 O PAPEL DA ESCOLA NA VIDA, SUA FUNÇÃO SOCIAL E A GESTÃO DEMOCRÁTICA...............................................................................................12 2.1.O PAPEL DA ESCOLA NA VIDA E SUA FUNÇÃO SOCIAL..............................................13 2.2.A GESTÃO DEMOCRÁTICA DA EDUCAÇÃO PÚBLICA...................................................18 2.3.AUTONOMIA DA ESCOLA E GESTÃO DEMOCRÁTICA- UMA REFLEXÃO ...................................................................................................................................................23. CAPÍTULO 3 O DIRETOR DE ESCOLA PÚBLICA- COMO DESEMPENHAR ESSE PAPEL?............................................................................................................26 3.1.OS CONCURSOS PÚBLICOS E AS DIFERENTES MANEIRAS DE SE ELEGER UM DIRETOR DE ESCOLA PÚBLICA.............................................................................................34 3.1.1.O Concurso Público de Diretor de Escola do ano de 2007 – Perfil do candidato....................................................................................................................................36. CAPÍTULO 4 CAPACITAÇÃO DE GESTORES EM EDUCAÇÃO - DIFERENTES PERSPECTIVAS TEÓRICAS...........................................................................40 4.1.PROGESTÃO – CURSO DE CAPACITAÇÃO PARA GESTORES EM EDUCAÇÃO.........40 4.2.PARA O DIRETOR DE ESCOLA PÚBLICA, NOS DIAS DE HOJE, EXITE UMA SAÍDA POSSÍVEL?................................................................................................................................52 4.3.SÍNTESE DOS PERFIS PROFISSIONAIS APONTADOS PELA PESQUISA TEÓRICA....................................................................................................................................59. CAPÍTULO 5 O DIRETOR DE ESCOLA PÚBLICA – QUE PROFISSIONAL É ESTE?....... 65 5.1.CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE A REUNOÃO COM OS DIRETORES.......................40. CONCLUSÃO....................................................................................................90 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................93. xi.

(12) ANEXOS............................................................................................................97 A PROVA DO CONCURSO PÚBLICO PARA O PROVIMENTO DE CARGO DE DIRETOR DE ESCOLA DE 2007......................................................................................................................98 GABARITO DA PROVA............................................................................................................117 O TEXTO PARA A REFLEXÃO COM OS DIRETORES..........................................................119. xii.

(13) INTRODUÇÃO. Este estudo tem como propósito investigar a prática do diretor de escola pública que se encontra atuando, de modo particular, na Rede Estadual de Educação de São Paulo. Concentra-se em refletir sobre a atuação do mesmo, no sentido de identificar as suas principais inquietações e os principais entraves para a realização de uma gestão escolar de qualidade.. Sabemos que são muitas as. atribuições impostas ao ocupante deste cargo e queremos verificar como o diretor de escola pública se organiza para dar conta de tantas e tão diferentes tarefas.. Sabemos que a Gestão Democrática da Escola Pública, que tem no desempenho do seu diretor uma condição necessária para ser realizada, tem sido amplamente discutida através de seminários, artigos e trabalhos científicos diversos, mas acreditamos que este tema ainda mereça maiores reflexões, pois todos nós somos conhecedores da necessidade de se melhorar a qualidade do ensino em nossas escolas públicas, que não atingem, na maioria das vezes, os objetivos que lhes são propostos, que são em última análise, a formação de cidadãos com valores como solidariedade, justiça, respeito e cidadania, aptos a viver e atuar numa sociedade em constante transformação, como é a nossa.. Para o desenvolvimento do tema em questão foi realizada uma pesquisa bibliográfica de autores que enfocam principalmente aspectos de gestão escolar, bem como buscamos fundamentação na abordagem multirreferencial, pela qual se propõe compreender com maior profundidade as relações humanas desenvolvidas no interior da escola. Analisamos, ainda, o concurso público realizado em 2007 para o preenchimento de vagas ao cargo de diretor de escola pela Secretaria do Estado de Educação de São Paulo e também o curso de formação continuada Progestão, com a intenção de se levantar um rol de atribuições pertinentes ao cargo em questão. Tivemos também a oportunidade de realizar uma roda de conversa com quatro diretores de escolas estaduais da cidade de São Paulo e Grande ABC, no intuito de ouvir deles próprios a maneira como realizam a sua prática cotidiana, suas dificuldades, tensões e realizações, o que muito enriqueceu esta pesquisa.. 1.

(14) Esclarecemos que a roda de conversa se trata de uma nova metodologia de pesquisa, indicada pelo Prof. Dr. Joaquim G. Barbosa, orientador do presente trabalho e consiste em uma conversa dirigida, com o objetivo de discutir um tema predeterminado, com a presença das pessoas entrevistadas, selecionadas conforme uma pesquisa tradicional. Nesta metodologia, as pessoas se sentem mais confiantes em dar os seus depoimentos e o resultado tem se mostrado muito eficaz no sentido de colher os dados com muita espontaneidade. Espera-se com este trabalho, oferecer contribuições significativas na busca por uma área de síntese entre os elementos teóricos, técnicos e práticos, relativos à atuação do gestor escolar. O trabalho está exposto em cinco capítulos assim apresentados: o primeiro capítulo aborda um pouco do percurso de vida da pesquisadora, no intuito de revelar a mudança de olhar, necessário para a realização do mesmo.. O segundo capítulo apresenta a pesquisa sobre a escola e a gestão democrática do ensino público, estudo esse que se justifica pelo fato de a gestão democrática exigir do diretor novas atribuições e uma mudança na sua forma de atuar; também define o papel social da instituição escolar, pois nos preocupamos ainda com a qualidade de ensino hoje oferecido, que não deixa de ser também uma forma de exclusão social.. O terceiro capítulo direcionou-se a uma reflexão sobre o que vem a ser a função de diretor de escola pública, especificamente no Estado de São Paulo, como ele desempenha o seu papel, as habilidades profissionais necessárias ao cargo, além das formas de acesso ao mesmo. Para tanto, analisamos o concurso público de 2007 para o provimento do cargo de diretor de escola, realizado pela SEE com o intuito de estabelecer o perfil do profissional desejado.. No quarto capítulo, foi analisada a questão do aperfeiçoamento profissional, através do curso Progestão oferecido aos diretores em exercício pela SEE como uma forma de qualificar o profissional que já está atuando na função, corroborando com o perfil delineado no concurso, como também buscamos num referencial. 2.

(15) teórico, tendo em vista a abordagem multirreferencial, uma concepção crítica do ser diretor hoje, procurando um caminho para a condução da escola pública rumo à qualidade. . O quinto capítulo destina-se ao diretor de escola propriamente dito. Nele, procurou-se definir sua identidade como profissional e relatamos a pesquisa empírica, ou seja, todos os detalhes da roda de conversa realizada com os diretores convidados, quando pudemos ouvir dos mesmos, considerações a respeito de suas práticas cotidianas, do concurso público como forma de acesso ao cargo, do curso Progestão, entre outras formas de capacitação do profissional em serviço. Antes desse bate-papo, apresentamos aos diretores uma síntese de quatro perfis levantados durante a pesquisa teórico-bibliográfica que embasa este trabalho, Procuramos na conversa, verificar o que eles acharam dos perfis apresentados e se estes correspondem de alguma forma, ao que lhes é exigido hoje em dia, no desempenho de suas funções.. Finalizando, temos as considerações finais que apontam a pertinência da utilização da visão multirreferencial para a compreensão das relações que se desenvolvem no interior da escola, procurando dar voz e vez aos atores que nela desempenham seus papéis, exercendo uma escuta sensível do outro e uma gestão escolar de cunho pedagógico, sem que o diretor saia do seu papel de gestor para isso, evitando-se assim um conflito entre o administrativo e o pedagógico.. 3.

(16) CAPÍTULO 1. O momento da pesquisadora. Se eu conto a vocês minha vida na sua dimensão atualmente instituinte de um novo momento é para dizer que nunca é tarde para criar uma nova dimensão de nossa personalidade. (...) Com o tempo, temos tendência a nos enraizar nos momentos que vivemos todos os dias, a não sair mais dali. A rotina se instala e não vivemos mais esses momentos tão intensamente. Para renascer em si mesmo, às vezes é preciso deixar morrer momentos para que outros possam nascer e se desabrochar. (Hess, 2004, p.34). A partir da reflexão sobre a Teoria dos Momentos, da qual Remi Hess é um dos maiores expoentes, fui inspirada a escrever sobre a minha trajetória de vida, sobre os meus momentos, numa concepção não temporal, nem antropológica, mas sob o enfoque da referida teoria, que conceitua o momento como algo constituído de um conjunto de elementos materiais, psicológicos (afetivos) e passionais. Cada momento que construímos leva em conta o passado. (...) Nós podemos aceitar ou recusar os momentos que herdamos, é certo, mas não entramos por acaso em um momento. É preciso um ou mais elementos desencadeadores. No começo esse momento se alimenta de nossa herança, depois cresce e evolui. Como o fogo da alegria, que preparamos, o momento é feito de numerosas ramificações, tomadas aqui e lá, reunidas um pouco em torno dos nossos momentos já presentes. ( Hess, 2004, p. 34). Antes de chegar ao mestrado em educação, vivenciei vários momentos em minha vida que acho importante relatar aqui com o objetivo de facilitar a compreensão de meu modo de ser e de pensar.. Em minha vida, tive os momentos antropológicos e biológicos: nascimento, primeira infância, infância, adolescência e juventude, todos dentro de uma normalidade, sem grandes fatos a destacar. Na juventude, desempenhando meu papel de filha, pude fazer a minha primeira faculdade, orientada pelo meu pai que,. 4.

(17) por possuir duas pequenas empresas, queria muito ver seus negócios nas mãos dos filhos e coube a mim, como primogênita, desempenhar essa missão. Como era muito jovem - tinha dezoito anos quando entrei na faculdade de Administração São Marcos, em São Paulo - não questionei tal direcionamento e me formei administradora de empresas no ano de 1978, mesmo ano em que me casei com meu marido Joaquim, amado, amigo e companheiro de sempre. Pude exercer a minha primeira profissão por quase cinco anos; nela senti-me realizada e aprendi a comandar, organizar e dirigir os negócios da família.. Por ocasião do nascimento da primeira filha, Olívia, parei de trabalhar por opção, por um período de dez anos, durante o qual se deu o nascimento das outras filhas Melina, Marina e Flávia. Fui então viver outros momentos, o momento mãe, esposa e dona de casa.. Num momento de crise financeira nos negócios da família, voltei a fazer parte da administração dos mesmos, junto com meus irmãos, atuando por dez anos, ora como conselheira, ora como operária, ora como gestora, enfim, fui “pau para toda a obra” como se diz. Providencialmente, aquele período de auxílio à minha família, tornou-se um enorme aprendizado, pois na crise, vivemos nossos maiores desafios e provas, favorecendo muito nosso amadurecimento, humildade, disciplina aprendizados que levarei comigo para o resto da minha vida, pois alguns deles me marcaram profundamente. Há momentos nos quais nós somos sujeitos e outros em que nós somos objetos. Sofremos ou investimos nossos momentos. Pode-se fazer revoluções na nossa vida, transformar esses momentos sofridos em momentos investidos, passar do objeto ao sujeito? Ser clínico dos momentos é ajudar o outro a fazer revoluções na sua vida. Ajudá-lo na escolha e no investimento de seus momentos, na sua reestruturação. ( Hess, 2004, p.42). Passada a turbulência financeira que nos atingiu e os problemas familiares entrarem nos eixos, pude retomar minha trajetória pessoal em busca de um recomeço de carreira. Foi quando, através de uma amiga, Fátima, inscrevi-me para ministrar aulas num projeto de Recuperação de Férias, em Janeiro de 1997, quando,. 5.

(18) após receber um treinamento, atuei como professora para alunos que tinham sido eprovados no decorrer do ano letivo e tinham nesse projeto a chance de serem /movidos, se freqüentassem e estudassem por trinta dias os principais conteúdos da série em que estavam. Foi a minha primeira experiência como docente titular, já que possuía outras no período da faculdade de administração, como aluna monitora e a partir daí nunca mais parei de lecionar, participando sempre de cursos de capacitação que eram oferecidos pela Diretoria de Ensino ou pela Secretaria da Educação, tais como: Classes de Aceleração, Projeto Ensinar e Aprender, PEC Programa de Educação Continuada através de oficinas sobre diversos temas de conteúdos matemáticos e metodológicos, entre outros.. Pela minha postura em sala de aula, reconhecendo no outro um alguém que possuía valores e merecia respeito, sempre me saí bem na função e era constantemente reconhecida pela direção da escola, sendo indicada a participar de cursos e oficinas que eram oferecidos aos professores pelos referidos órgãos. Gostaria de esclarecer que, a partir do momento em que ingressei na educação, senti-me realizada, mas ao mesmo tempo angustiada por não possuir, naquela época, uma licenciatura específica e como queria ser uma boa profissional, busquei outra faculdade para me licenciar como professora e, dessa vez, escolhi a Faculdade de Matemática da Fundação Santo André, onde obtive o meu diploma de Licenciatura Plena em Matemática, no ano de 2001. Para entrar em um momento, como a pintura, não há apenas o sonho, mas também o organizacional. Entrar em um ambiente é se dar os meios de entrar em uma corporação, em suas dimensões ideológicas, mas também técnicas, jurídicas, organizacionais. Pode-se ser um amador. Mesmo assim, é preciso se confrontar com os profissionais. (Hess, 2004, p.33). Foi com esta intenção, de me preparar para o momento de professora, que voltei para a faculdade e a escolha da Matemática acredito que se deve à minha afinidade com a matéria, adquirida durante a primeira faculdade de administração, curso que envolve muito desta disciplina. Lembro ainda que quando iniciei na escola pública, eu era considerada professora II, aquela que não era habilitada e por isso sofria discriminação por parte dos colegas habilitados, sem falar nos colegas. 6.

(19) efetivos, que se sentiam melhores do que os demais. Fiz o curso de Matemática, trabalhando em escolas estaduais da região Sul de São Paulo, conhecendo diversas realidades e percebia diferenças nas escolas, umas melhores que as outras, no sentido de melhor organização, desenvolvimento do trabalho pedagógico e também do administrativo.. Coincidentemente, não havia nem terminado o curso de. licenciatura, já ocupava na escola a função de coordenadora pedagógica, pois havia prestado um concurso e sido aprovada, no mesmo ano de 2001.. Durante os seis anos que estive na função, busquei aprimorar meus conhecimentos e postura pedagógica para exercer a Coordenação Escolar e pude vivenciar o outro lado da escola, não o pedagógico da sala de aula, mas o lado administrativo, o do funcionamento da organização. A formação em administração e a experiência docente anterior facilitaram-me bastante a conciliação das tarefas, mas percebi na época, que havia falhas no comando da maioria das escolas públicas com as quais mantive contato, como por exemplo, desmotivação, desunião da equipe, seja docente ou gestora, falta de uma linha norteadora da ação administrativa que envolvesse os diversos membros da equipe escolar, o que não permitia o alcance das metas estabelecidas fossem elas de evasão escolar ou de melhoria dos índices do Saresp, talvez pela má formação do diretor, que centraliza o poder, da escolha das equipes gestoras e até mesmo da política pública de contratação desses profissionais.. Novamente voltei a estudar; desta vez fiz o curso de Pedagogia, incentivada pelos colegas de trabalho que queriam que eu fosse diretora ou vice-diretora da escola onde atuava. Concluí este curso em 2005, ano em que já era professora efetiva do Estado e também trabalhava na Rede SESI de Ensino como professora desde 2003. Prestei outros concursos para professores e também ingressei na Rede Municipal de Educação de São Paulo, no ano de 2006, mesmo ano em que ingressei no Programa de Pós Graduação em Educação da UMESP, o qual me deu grandes momentos de reflexão sobre a minha prática pedagógica e é o motivo pelo qual escrevo minha história de vida. Por falar no mestrado em Educação, meu mais recente desafio, preciso contar como aqui cheguei.. 7.

(20) No mês de Outubro de 2005, estava vivendo um novo momento de crise de descontentamento com a escola pública, pela política implantada e que favorece uma grande rotatividade da equipe gestora, mesmo do diretor; posto que, em algumas escolas, havia troca de comando todos os anos. O mesmo acontecia com o quadro de docentes, pois, todos os anos, os professores entram num processo chamado de remoção e que possibilita a rotatividade dos mesmos entre as diversas escolas, o que atravanca o trabalho pedagógico, sem falar nos baixos salários e na própria qualidade do ensino oferecido. Assistia todos os dias à escola atender cada vez mais o lado assistencial da comunidade, geralmente carente, (o que também é importante), mas deixando de lado a sua função primordial: ensinar, proporcionar momentos de aprendizagem significativa, se quisermos realmente prepararmos as nossas crianças e jovens para atuar numa sociedade em constante modificação, como cidadãos responsáveis. Foi então que resolvi prestar a prova para o mestrado, primeiro por inquietação minha na busca de algumas respostas ao meu conflito, a minha insatisfação com a realidade do sistema de ensino principalmente o Estadual, e atraída pela bolsa de estudos de setenta por cento que a Secretaria do Estado da Educação oferece aos professores interessados e aceitos em um programa de pósgraduação.. Durante os dois anos de estudo, atravessei um outro momento de transformação, uma vez que o tema do meu projeto aborda a gestão escolar, o papel do diretor, o seu comprometimento com o sucesso ou não da escola, na consecução dos objetivos propostos e eu vinha com uma idéia pré-concebida de que eu tinha uma resposta para o problema como, aliás, acredito que acontece com muitos de nós, mestrandos.. Fui aprendendo a me distanciar do objeto pesquisado, a analisar dialeticamente a realidade brasileira das escolas de educação básica; assim, precisei mudar o meu modo cartesiano de ver os fatos, aquele reducionismo que cega, que de tanto procurar a análise da parte, se esquece de que esta está intrinsecamente ligada a um todo, de uma forma complexa, como são todos os fatos. 8.

(21) analisados pelas ciências sociais. Enfim, foram tantos os momentos de reflexão, de leituras, de pesquisa até me sentir mais madura, consciente, serena e entender todo o curso do mestrado como um momento poiético, um momento de criação só meu, de crescimento interior sem igual. O importante é a mudança. Basta mudar um pouco cada um para criar uma revolução. Antes de tentar mudar os outros, é preciso mudar-se a si mesmo. Se nós não mudamos em nossas cabeças, nós não podemos pretender mudar a sociedade. É a mudança do macro e do micro. (Hess, 2004, p.44.). Ingressei no curso como aluna numa vaga remanescente, ou seja, graças a uma desistência ocorrida, num momento em que já dava como certa minha não participação no mesmo.. Foi um susto quando recebi um telefonema da Universidade, dizendo que se quisesse iniciar o curso, teria de efetuar o pagamento da matrícula e da primeira mensalidade em dois dias e iniciar o estudo das disciplinas no terceiro dia. Já era fevereiro de 2006; já tinha todos os meus horários de trabalho organizados nas escolas, sem falar no dinheiro que deveria dispor de imediato, uma quantia que certamente iria me desestabilizar por alguns meses, até obter a bolsa de estudos do Governo do Estado; mesmo assim, resolvi me matricular e iniciar o curso. Não conhecia o funcionamento do mesmo e me inscrevi nas disciplinas que se encaixavam no meu horário já acertado na escola; precisei estabelecer prioridades, abrir mão da função de coordenadora pedagógica, voltando para a sala de aula, como professora de matemática, fazendo uma verdadeira reviravolta em minha carreira profissional e iniciei o mestrado, cursando as disciplinas de Abordagens Filosóficas da Educação, com o Prof. Danilo e Seminário de Pesquisa em Educação – Escola e Democracia: Fundamentos Políticos e Realidade Brasileira, com a Prof. Marília Duran.. O meu primeiro projeto falava da linha de formação de professores, pois como era coordenadora pedagógica, esse tema era o meu preferido, até o primeiro encontro com o meu orientador Prof. Dr. Joaquim G. Barbosa, que não pertence à linha de formação de professores e sim, à linha de Políticas Públicas e Gestão da Educação, quando tive de encontrar um novo tema para a minha pesquisa e passei. 9.

(22) então a pensar na gestão escolar, em especial na atuação dos diretores das escolas públicas, a quem considerava a “cabeça” da instituição escolar, o grande maestro da orquestra, aquele que deveria ser tão comprometido com a mesma, que a conduziria com bravura à consecução de seus objetivos e ao que eu chamava de sucesso, ou seja, uma escola reconhecida pela comunidade por seus serviços prestados, pela sua qualidade de ensino, com suas classes sempre cheias de alunos, com pouca evasão, com todos os membros da comunidade escolar felizes e unidos, cada qual cumprindo seu papel dentro da organização, valorizados como profissionais que são, com os conflitos existentes sendo sempre resolvidos através do diálogo e do respeito ao ser humano, uma escola eficiente, bem administrada e valorizada até mesmo pela Diretoria de Ensino à qual ela pertencesse.. Com o cursar das disciplinas: Seminário Temático - Teorias da Escola na Sociedade Contemporânea; Políticas Educacionais na Perspectiva Histórica; além de Seminários Avançados e Seminários de Dissertação de Mestrado, foi como se uma venda estivesse sendo retirada dos meus olhos. Aquele olhar romântico de uma escola igualitária para todos e democrática foi se perdendo um pouco, ao avançar os estudos de autores como Pierre Bourdieu, Passeron, Snyders, entre outros, que mostravam a escola como um aparelho reprodutor de classes sociais; os textos de Certeau, com idéias das classes dominadas encontrarem meios de burlar o que é instituído; todos esses estudos me colocaram numa posição de insegurança, abalaram tudo em que acreditava até então.. Era urgente rever minha maneira de pensar a escola, a gestão da mesma, reorganizar meu modo de analisar os fatos, pois, reitero que fui muito influenciada pela maneira cartesiana de pensar e precisei ver os fatos e analisá-los sob um prisma de complexidade, que faz parte das ciências sociais, para entender esse processo de reforma íntima e pessoal por que venho atravessando.. Por último, no contato mais direto com as disciplinas - Teorias da Educação e Realidade Brasileira e Gestão da Educação e Pensamento Plural - é que eu começo a encontrar um equilíbrio, para que possa crer em uma saída para a escola e. 10.

(23) continuar acreditando nela e nos profissionais que lá atuam, já que muitos como eu, felizmente, fazem isso por amor à profissão e estão à procura de sua realização profissional.. 11.

(24) CAPÍTULO 2. O papel da escola, sua função social e a gestão democrática. Neste capítulo são abordados aspectos da gestão democrática, como pressuposto básico para uma escola de qualidade, bem como um estudo sobre o papel social da mesma, a sua finalidade e a autonomia necessária ao seu bom funcionamento. Sabe-se que a escola de hoje está inserida numa sociedade em constante mutação, em que o conhecimento se torna imprescindível e urgente.. A escola, esse organismo vivo, espaço de múltiplas vivências, onde crianças, jovens e adultos encontram um lugar que os recebe sem distinção, é hoje, sem dúvida, foco de muitas reflexões por parte de estudiosos que propõem explicações para os processos que se desenvolvem no seu interior.. Independentemente de suas modificações no decorrer da história, a escola foi a instituição que a humanidade criou para socializar o saber sistematizado, ou seja, onde é veiculado o conhecimento que a sociedade julga necessário transmitir às novas gerações. Procuraremos olhar a escola de maneira não fragmentada, tomando a mesma como uma instituição única, onde seus personagens se instituem, ganham papéis e os desempenham de maneira satisfatória ou não.. Para cumprir este papel de contribuir com o pleno desenvolvimento da pessoa, prepará-la para a cidadania e qualificá-la para o trabalho, como está definido na Constituição Brasileira de 1988 e na LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (lei nº. 9394/96), é preciso ousar construir uma escola que acolha a todos e que estes tenham sucesso em seus percursos.. Penso na escola que hoje conhecemos, e sabemos que esta tem história recente. É verdade que, desde um passado bem distante, existia a tarefa de transmitir às novas gerações o conhecimento sistematizado e as normas de convivência consideradas necessárias aos mais jovens. Já na Antiguidade, tanto em. 12.

(25) Roma como na Grécia, a preocupação da escola era com a formação cultural daqueles que iriam constituir as camadas dirigentes da sociedade. A educação dos meninos para a convivência pública e para a guerra era objeto de muita atenção. O ensino organizado e realizado em instituição própria começou pelas universidades. Quando existia, a escola destinava-se apenas aos filhos das camadas mais ricas da população. Foi através dos ideais da Revolução Francesa e da democracia americana, que a escola passou a ser compreendida como uma instituição importante tanto para os filhos da elite como aos filhos das camadas trabalhadoras, pois que, tanto na Revolução Francesa como na Independência dos Estados Unidos, encontrava-se a busca pela democracia. Iniciava-se então uma proximidade entre a escola e a democracia, numa luta para transformar a escola que era para poucos numa organização para todos.. No Brasil, a educação permanecia como um privilégio de poucos, uma vez que as escolas, quando existiam, eram para os filhos das elites, de preferência os homens. Tal situação só veio a mudar com a República, no início do século XX, por volta dos anos 20 e 30, quando se destacam eventos importantes que a marcaram como: a Semana de Arte Moderna em 1922, a Quebra da Bolsa de Nova York em 1929, a Revolução de 1930, o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova em 1932 e o Início do Estado Novo em 1937.. No Brasil de 1932, reformas educacionais aconteceram em diversos Estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Ceará, e por trás dessas iniciativas estavam educadores como Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, Lourenço Filho entre outros, que divulgaram o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, o qual defende a idéia de uma educação pública, gratuita e laica, para todos os brasileiros.. 2.1 O papel da escola na vida e a sua função social ...a escola, campo específico de educação, não é um elemento estranho à sociedade humana, um elemento separado, mas uma instituição social, um órgão feliz e vivo, no conjunto das instituições necessárias à vida, o lugar onde vivem a creança, a adolescência e a mocidade, de conformidade com. 13.

(26) os interesses e as alegrias profundas de sua natureza (...) Dessa concepção positiva da escola, como uma instituição social, limitada na sua acção educativa, pela pluralidade e diversidade das forças que concorrem ao movimento das sociedades, resulta a necessidade de reorganiza-la, como um organismo malleável e vivo, aparelhado de um systema de instituições susceptíveis de lhe alargar os limites e o raio de acção (...) Cada escola, seja qual for o seu gráo, dos jardins às universidades, deve, pois reunir em torno de si as famílias dos alumnos, estimulando as iniciativas dos paes em favor da educação; constituindo sociedades de ex-alumnos que mantenham relação constante com as escolas; utilizando, em seu proveito, os valiosos e múltiplos elementos materiais e espirituaes da collectividade e despertando e desenvolvendo o poder de iniciativa e o espírito de cooperação social entre os paes, os professores, a imprensa e todas as demais instituições directamente interessadas na obra da educação.. (Trecho extraído do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova). O trecho acima descrito nos fornece o ideal de escola defendida pelos pioneiros da Educação Nova, ideal esse que é perseguido por todos nós até hoje. Quem não deseja ver a escola como um organismo vivo e feliz, o lugar onde possam viver desde a criança até a juventude, numa concepção positiva de respeito às diferenças, de desenvolvimento pleno das pessoas, uma instituição que possa aproximar-se da comunidade onde está inserida e que possa contar com a colaboração de todos os envolvidos no processo educacional para a consecução desses objetivos?. Os anos se passaram, a sociedade foi mudando, a idéia de democracia se espalhando pelo mundo, com a igualdade de direitos para todos os cidadãos e a escola básica se torna acessível para todos, atendendo hoje no Brasil, aproximadamente 98% da população em idade escolar, com o ensino básico de nove anos obrigatório por força da Lei. A Constituição de 1988 estabelece que a educação é um direito de todos e um dever do Estado e da família. Sua finalidade é o “pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para a cidadania e sua qualificação para o trabalho. (Constituição, art. 205) .. A LDBEN, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96 também aborda esse dispositivo em seu artigo 2°, incluindo-o entre os Princípios e Fins da Educação Nacional.. 14.

(27) É sempre bom ressaltarmos que o pleno desenvolvimento da pessoa, preparada para a cidadania e qualificada para o trabalho é sim a grande finalidade, a função da escola. Essa instituição valoriza a transmissão do conhecimento, mas também enfatiza outros aspectos: as formas de convivência entre as pessoas, o respeito às diferenças, o sentido de cidadania, o aprender a conhecer, o aprender a fazer, o aprender a ser e o aprender a conviver, (os quatro pilares da educação da UNESCO), a cultura escolar, ou seja, as diferentes aprendizagens requeridas ao cidadão do século XXI.. A finalidade da escola do século XXI é construir uma cultura orientada para o pensamento crítico que dote o indivíduo de um sentido mais profundo de seu lugar no sistema global e de seu papel como protagonista na construção de uma sociedade melhor e de sua própria história.. A função da escola básica de transmitir o saber sistematizado não é um fim em si mesmo, mas o “meio de se atingir a finalidade da escola, de desenvolver o educando de maneira plena, de prepará-lo para o exercício da cidadania e fornecerlhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores” (LDB. 9394/96, art.22).. Vimos, no entanto, que o ideal da escola para todos, defendido por numerosos brasileiros há muitas décadas e inscrito nas principais leis do Brasil, vem sendo lentamente atingido, pois persiste o grave problema de ainda termos dificuldades de atender parte da população mais carente e dos alunos que não tiveram oportunidade de estudar na idade certa, bem como de garantir a permanência daqueles que estão no sistema público de ensino, assegurando também a qualidade de sua aprendizagem.. Desde a década de 1930, a evasão e múltiplas repetências já preocupavam as autoridades, pois percebiam que a escola era exclusiva, pois poucos podiam freqüentá-la pela falta de vagas e que os alunos que lá já se encontravam sofriam também uma outra forma de exclusão – as múltiplas repetências.. 15.

(28) Ao final de 1970, a reprovação, seguida de evasão já era identificada como o principal problema de nossa educação. Os sistemas públicos de ensino do país se apresentavam inchados, ou seja, em seu interior havia muitos alunos com defasagens de idade/série e faltavam vagas para atender à demanda.. Pudemos observar, no Brasil, nas últimas três décadas, a expansão do ensino fundamental que promoveu uma democratização do acesso à educação. Tivemos também medidas para a correção de fluxo, que permitiram regularizar esse inchaço a que nos referimos anteriormente. É claro, que, tais medidas estão implicadas numa vertente de economia de recursos. Uma das críticas que tem sido levantada contra este processo é que tal “regularização” do fluxo estaria ocorrendo em detrimento da qualidade do ensino. O que está se observando aqui é que um dos tradicionais mecanismos de exclusão da escola, reprovação seguida de evasão, está sendo minimizado. Esse processo coloca o sistema escolar, talvez pela primeira vez em nossa história educacional, ante o desafio de assumir as crianças e jovens, responsabilizando-se por seu sucesso ou fracasso. (Oliveira, 2007, p.14). Por conta disso, a exclusão e a desigualdade geradas pelo ensino mudaram de natureza e de lugar, sendo, hoje em dia, a qualidade do que se aprende, o maior fator de exclusão. ... Se não percebermos que a desigualdade gerada pela educação atualmente é outra, não estaremos preparados para enfrentá-la adequadamente.... Paradoxalmente, mais educação gera demanda por mais educação. A superação da exclusão por falta de escola e por múltiplas reprovações dá visibilidade à exclusão gerada pela ausência de aprendizado ou pelo aprendizado insuficiente, remetendo à discussão acerca da qualidade do ensino...(Oliveira, in Alcântara, 2007). .Atualmente, estamos enfrentando esse desafio, que está ligado à expressão “ensino de qualidade”, procuramos encontrar as causas do fracasso escolar de nossas crianças que, cada vez, aprendem menos e apontar os reais motivos responsáveis para tal defasagem. Esses motivos vão desde as condições precárias de funcionamento das escolas (equipamentos, instalações e material didático), aos baixos salários, à má formação dos professores e por que não dizer, à má gestão da escola, à sua organização pouco flexível, não atendendo aos anseios da sua comunidade, entre outros. 16.

(29) Ao deixar de ser um privilégio, com o ingresso de quase a totalidade de crianças de 7 a 14 anos de idade no ensino fundamental, a importância dessa etapa de escolarização, ou seja, o seu diploma vai perdendo importância, fazendo-se necessário aos concluintes da mesma a busca pela continuidade dos estudos, pressionando o sistema a ampliar também as vagas oferecidas no ensino médio. Sendo assim, o desafio a ser enfrentado já não é mais garantir o acesso, a permanência e o sucesso, que é a conclusão do ensino fundamental, mas uma mudança na qualidade da educação brasileira.. Para Oliveira, (2007, p.19) a desigualdade e a exclusão permanecem, visto que o ensino fundamental ainda não deixou de ser uma etapa produtora de desigualdade educativa. Além disso, afirma o autor, os discriminados de ontem continuam a ser os discriminados de hoje, só que a desigualdade existente não é mais a mesma. Setores mais pobres reprovam mais, evadem mais, concluem menos, o mesmo ocorre com os negros e meninos, mas, mais importante que isso, aprovam mais, permanecem mais e concluem mais do que em qualquer outro momento de nossa história educacional, ainda que permaneçam como os setores mais excluídos. Entretanto, se não percebermos que a exclusão é outra, não estaremos preparados para enfrentá-la adequadamente, uma vez que mais educação gera demanda por mais educação, haja vista a demanda por mais escolas de ensino médio e até pelas universidades.. Pensar numa escola de qualidade é cobrar da mesma não só bons resultados na aprendizagem dos alunos, como também a adequação do que ela ensina, o preparo para a vida em sociedade, tendo em vista as mudanças constantes dos processos que a civilização mundial vive. Neste momento, é a qualidade que ocupa o centro da crítica ao processo de expansão, tornando-se questão central da política educacional referente à educação básica nos próximos anos.. A escola é uma organização complexa e como tal exige competência de diferentes ordens. Torna-se necessário que a escola repense profundamente a respeito de sua organização, de sua gestão, de sua maneira de definir os tempos, os. 17.

(30) espaços, os meios e as formas de ensinar, em outras palavras, seu jeito de se fazer escola. Para a escola pública, tais reflexões representam uma oportunidade de reconhecer que as mudanças necessárias no sistema educacional são urgentes e demandam esforços de todos que fazem educação: profissionais da educação, governos e sindicatos, assim também da sociedade como um todo.. 2.2 A gestão democrática da educação pública.. A Gestão Democrática é um tema muito presente em discussões na educação, desde a escola básica até os programas de pós-graduação, margeando, especialmente, os campos da política e da legislação educacional.. Tal notoriedade deve-se ao fato dessa fazer parte de nossa Constituição Federal, bem como da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN 9394/96). O artigo 206 da Constituição Federal apresenta os princípios sobre os quais se edificará o desenvolvimento do ensino no país e em seu item VI atesta: ”gestão democrática do ensino público, na forma da lei”. Como os sistemas de ensino são descentralizados no país, compete a cada Estado e/ ou Município o estabelecimento dessas “regras” para o ”método” democrático. Como a LDB, mostra através do artigo 3, VIII: “gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino e complementa ainda em seu artigo 14: “Os sistemas de ensino definirão normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades(...)” (Souza,2006, p.17).. Tratando-se de gestão democrática, cabe ainda ressaltar, no mesmo artigo 14 da LDB, o que esta lei define minimamente acerca dos princípios sobre os quais se edificará a gestão democrática: I- participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II- participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes, o que vem a ser complementado, no artigo 15, ao se afirmar que os sistemas de ensino assegurarão progressivos graus de autonomia às escolas.. 18.

(31) Como parecem fenômenos que só podem se expressar adequadamente coexistindo, democracia e autonomia dão o nível de desenvolvimento um do outro, isto é, quanto mais autonomia, há mais espaço para a democracia e vice-versa. (Souza, 2006, p.17). Na bibliografia existente sobre essa questão, encontra-se uma interessante discussão teórico-conceitual entre o significado e o uso dos termos direção e gestão no campo da administração educacional. Autores, como Dourado, Paro, Felix, entre outros, que examinam a evolução das teorias de administração educacional, apontam que a distinção entre direção e gestão é dada pela predominância do sentido político da primeira, “selecionando valores e orientações” e pela predominância do sentido técnico da segunda, exigindo, sobretudo, capacidade de organização e de implementação; apontam também o sentido ético da ação administrativa como ato e como fim, que envolve toda a organização e seus atores, ou em outras palavras, a necessidade de articulação entre a filosofia da decisão política de um lado e a ciência da gestão de outro. (Silva, 2002, p.200). A administração escolar configura-se, antes do mais, em ato político, na medida que, requer sempre uma tomada de posição...Entendemos que a administração escolar, por não se resumir à dimensão técnica, mas por configurar-se como ato político, tem a sua trajetória reduzida, no bojo desta modalidade, à rotinização das atividades administrativas e burocráticas, secundarizando, desse modo, a compreensão mais abrangente do processo político-pedagógico. (Dourado, in Souza, 2006.p.19).. Vitor Paro (1995), por sua vez, também apresenta argumentos semelhantes ao de Dourado, especialmente no que tange às distâncias entre a teoria e prática da gestão democrática pelos diretores escolares, vendo nestes, muito mais a função de “gerentes” da escola do que a função de dirigentes da organização do trabalho educativo....Outra questão abordada pelo autor diz respeito a uma possível dualidade / contraditoriedade de funções do diretor escolar, na medida em que as pessoas que ocupam esta função percebem-se divididas entre as tarefas de natureza mais pedagógica e as de natureza mais administrativa na escola, e noutra dimensão, também vêem-se no meio das disputas de poder entre o Estado e a corporação de professores e os interesses da comunidade na qual a escola está inserida. (Paro, in Souza, 2006, p. 19).. 19.

(32) Observamos que o uso das palavras administração da educação ou gestão da educação vem sendo aplicada por muitos como sinônimos ou quando muito, parece-nos que a gestão da educação vem carregada de uma conotação de avanço sobre a administração, uma evolução da administração escolar, dando a esta um novo enfoque, mais abrangente e de caráter potencialmente transformador. Neste trabalho, usaremos a palavra gestão como sendo a ação própria do diretor e de sua equipe auxiliar: vice-diretor e coordenador pedagógico.. A Gestão da Educação acontece dentro da escola e, nesse estudo, vemos esta organização como um centro de decisão fundamental na gestão do serviço público de educação. Nesse contexto, a escola pode ficar sujeita às mesmas tensões que levaram o Estado a descentralizar a gestão da educação nacional, ou seja, uma das razões para a descentralização da educação, constituindo-se como unidade base do trabalho de reconstrução do laço social em educação. (Derquet, in Estevão, 2002, p.83). Para Estevão a escola como local de trabalho é atravessada por plurirracionalidades decorrentes de ordens institucionais diferentes, por novas visões sociais, culturais e éticas que a transformam num sistema micropolítico imensamente variável, de contestação e desencontros. Logo, é fácil concluir que a gestão de qualquer escola pública enfrenta desafios nem sempre previsíveis, que entre outros aspectos atenuam ou reforçam a profissionalidade de seus atores.. Para o autor, estudos sobre a eficácia das escolas levaram a assentar as bases de reconceitualização das mesmas no discurso da gestão. Este novo discurso faz crer que os diferentes atores educativos, nomeadamente os professores serão ainda mais profissionais, uma vez que, uma nova gestão induz uma maior razoabilidade, no sentido de consolidá-los como entes racionais, capazes de uma ação mais eficaz.. Assim, a gestão e eficácia constituir-se-iam como uma configuração que mutuamente se reforçariam na referencialidade específica de cada uma delas. Em. 20.

(33) outras palavras, teríamos organizações eficientes. Gestão, portanto, emerge fundamentalmente como uma especialidade da administração, que permite resolver questões anômalas verificadas no funcionamento da organização, das estruturas que se institucionalizaram na sociedade como condutoras à qualidade ou à excelência. (Estevão, 2002, p.200). Assim, a gestão educacional é uma expressão que ganhou corpo na literatura e no contexto educacional; sendo que, em geral, está associada ao fortalecimento da idéia de democratização do processo pedagógico, entendida como participação de todos nas decisões e na sua efetivação.. Na gestão, encontramos a ação distributiva de recursos, oportunidades, expectativas e especificamente na gestão escolar, alocamos bens, recursos, informações e conhecimentos nem sempre, de modo igualitário, instituindo-se assim, como um mecanismo organizacional de inclusão/exclusão ou de distribuição de subordinações. (Estevão, 2002, p.201).. Gadotti (1996) reforça a idéia democrática de um processo que rege o funcionamento da escola, compreendendo a tomada de decisões conjuntas, baseada nos direitos e deveres de todos os envolvidos. Assim, uma preocupação forte para que a escola seja realmente um centro de conhecimento e de aprendizagem passa a nortear as políticas e os estudos de vários pesquisadores.. No enfoque da gestão participativa, a gestão da educação, que tem como eixo central do processo educacional toda a comunidade escolar como sujeitos dessa ação, possibilita a promoção da democracia, da qualidade de ensino e do desenvolvimento humano, pois o papel social da escola é ser o centro de excelência do processo educacional.. Paro (1985), em sua tese de doutorado denominada “Administração Escolar: uma introdução crítica”, defendida na PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), identifica a administração como fenômeno exclusivo do homem que pode estar voltada tanto à mudança das condições sociais como à sua manutenção. Vê na escola, como toda instituição social, um poder de transformação social,. 21.

(34) promovendo aos trabalhadores a apropriação do saber historicamente acumulado e o desenvolvimento de uma consciência crítica da realidade. Paro vê a administração escolar como um fenômeno marcado pelo conservadorismo, na teoria e na prática, e avalia isto por identificar que faltaria uma vinculação orgânica entre a utilização dos recursos da escola e um compromisso político que a articulasse com os interesses das camadas mais populares. (Paro in, Souza, 2006, p.25). A gestão democrática dos sistemas de ensino e das escolas públicas requer a participação coletiva das comunidades escolar e local na administração de recursos educacionais, financeiros, de pessoal, de patrimônio, na construção e na implementação. de. projetos. educacionais;. implica. compartilhar. o. poder,. descentralizando-o. É possível, se incentivar a participação e respeito às pessoas e suas opiniões, desenvolver um clima de confiança entre vários segmentos da escola, ajudando a desenvolver competências básicas necessárias à participação, como por exemplo, saber ouvir, saber comunicar suas idéias.. A participação proporciona mudanças significativas na vida das pessoas, na medida em que elas passam a se interessar e se sentir responsáveis por tudo o que representa interesse comum. Assumir responsabilidades, escolher e inventar novas formas de relações coletivas faz parte do processo de participação e traz possibilidades de mudanças que atendam a interesses coletivos.. Acreditamos que essa discussão seja necessária para entender que a implantação da gestão democrática, nas escolas públicas, requer um novo desempenho do profissional que está à frente dessa organização, uma pessoa capaz de compartilhar as suas decisões com os órgãos colegiados, chamá-los à participação e dar-lhes vez e voz, não mais na maneira individualizada de tomar decisões. Sabemos que essa nova postura de gestor deve ser construída através de atitudes, que muitas vezes se chocam até com o que é esperado pela maioria, uma vez que é comum em toda a comunidade escolar ver a escola como um retrato de seu diretor e neste profissional a autoridade máxima da escola.. 22.

(35) 2.3 Autonomia da Escola e Gestão Democrática – uma reflexão.. O uso de algumas palavras como “autonomia”, “gestão democrática”, “participação” e outras correlatas mostram, em grande parte, a mentalidade pedagógica recente na Educação Brasileira.. Quem, no Brasil de hoje, teria a. ousadia de colocar-se contra a autonomia da Escola ou de pôr em dúvida a conveniência de sua gestão democrática? Quem teria a temeridade de afirmar que a insistência na participação comunitária na vida da Escola é uma insensatez pedagógica? No entanto, não é difícil mostrar que, muitas vezes, essas palavras “sagradas” transformaram-se em meros slogans e não numa indicação de soluções. (Azanha , in Borges, 1995, 37). Como já mencionado anteriormente neste trabalho, autonomia e democracia são palavras que caminham juntas, pois quanto mais autonomia, mais espaço para a democracia e vice-versa. O mesmo podemos dizer quanto à descentralização do Sistema Educacional, seja Municipal ou Estadual.. Na LDB, quando se fala em. gestão democrática e de participação, precisa-se entender que, para acontecer de fato esses pressupostos, há a necessidade, de que, em cada uma das escolas, desenvolva-se o Projeto Político Pedagógico, bem como o seu Regimento Escolar, instrumentos de auto-gestão, que em última instância são os mecanismos de que dispomos na educação para a efetivação da descentralização, por mínima que seja, dos órgãos centrais.. A palavra autonomia, aplicada à situação escolar, segundo Azanha, aparece poucas vezes em documentos importantes na História da Educação brasileira, particularmente em São Paulo. Em 1932, no “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova”, já mencionado anteriormente neste trabalho, a palavra autonomia aparece duas ou três vezes e apenas para indicar a conveniência de que, além das verbas orçamentárias, fosse constituído um fundo especial destinado exclusivamente a atender empreendimentos educacionais que assim ficariam a salvo de injunções estranhas à questão educacional.. 23.

(36) Em tempos mais recentes, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (lei nº. 5692/71), embora sem usar a palavra “autonomia”, fixou a norma de que cada estabelecimento, público ou particular, deveria organizar-se por meio de regimento próprio. Na lei nº. 4024, essa norma estava expressa no art. 43, revogado pela Lei nº. 5692/71, mas que manteve em seu corpo a norma de regimento próprio. Podemos perceber que, na prática, a autonomia proposta está longe de ser uma autonomia de fato, restringindo-se a uma “meia-autonomia”. “Sem democracia interna e autonomia, a escola abandona o seu papel básico de produção de conhecimento e criatividade, reproduzindo repetitivamente procedimentos a partir de decisões tomadas de cima para baixo” (Azanha, in Borges, 1995, p.39). Azanha afirma, ainda, que o discurso da autonomia da escola colide frontalmente com a instituição do regimento comum, ou seja, as escolas podem ter o seu próprio regimento, mas deve estar de acordo com um regimento comum a todas as escolas. Não porque a autonomia escolar tenha no regimento próprio, a sua única expressão legítima, mas porque o regimento comum exonera a Escola de refletir sobre a sua própria organização. E, assim, libertada dessa obrigação fundamental de ter o seu próprio regimento, a Escola pública, seja ela Municipal ou Estadual, busca, no regimento comum, as oportunidades de iniciativas e de inovações que lhe restaram. Na verdade, hoje, o princípio da autonomia escolar transformou-se numa expressão vazia. A adesão verbal de todos - políticos, administradores e professores – ao princípio, retirou-lhe qualquer força operativa. A preocupação é estabelecê-lo, na letra das normas. É claro que a autonomia de cada escola de uma Rede não exime a Administração do Sistema de Ensino da responsabilidade de fixar as diretrizes e as metas de uma política educacional. Mas, quando as escolas não têm sua autonomia e responsabilidades claramente definidas, a tendência da Administração é a de regulamentar em excesso e a das escolas, a de ficarem imobilizadas aguardando as ordens. ...É preciso uma clara consciência, por parte da Administração Estadual, de que a autonomia não é algo a ser implantado, mas sim, a ser assumido pela própria Escola. Não se pode confundir ou permitir que se confunda a autonomia da escola com apenas a criação de condições administrativas e financeiras. A autonomia escolar não será uma situação efetiva se a. 24.

(37) própria escola não assumir compromissos com a tarefa educativa... A escola é uma instituição social que possui uma mentalidade própria, historicamente assentada, e que, por isso mesmo desconfia da inovação e resiste à mudança....E a mudança das práticas escolares não é uma simples questão de levar novas tecnologias ao magistério. As práticas da vida escolar estão ligadas a uma mentalidade vigente. “(Azanha, in Borges, 1995, p.44e 45). A palavra “Autonomia”, que etimologicamente quer dizer o governo de si próprio, em educação pode não ter esse significado na prática. A visão de Gestão Democrática, nas escolas nos dias de hoje, se resume basicamente à existência de órgãos colegiados, como APM (Associação de Pais e Mestres ), Conselho de Escola e no máximo o Grêmio Estudantil, isto na visão da maioria dos profissionais que atuam nas mesmas. Outra questão é a descentralização da verba que chega à escola, com destinação pré-estabelecida, a qual deve ser usada e prestada as contas aos órgãos competentes em prazo também determinado.. Souza, (2006, p. 25) ressalta que a gestão escolar, por muitas vezes, tem sido entendida de forma um pouco equivocada, sendo confundida como a própria razão de ser da educação, ou pelo menos como o processo mais importante que ocorre na escola pública; e a abordagem que vários estudos dão à gestão escolar parece refletir essa mesma compreensão, olhando a gestão como um fim em si mesma e menos como ferramenta a serviço da organização e desenvolvimento do trabalho pedagógico.. .. 25.

(38) CAPÍTULO 3. O Diretor de Escola Pública – como desempenhar esse papel? Neste capítulo faremos uma reflexão sobre o que vem a ser a função de diretor de escola pública no Estado de São Paulo, quais as habilidades e quais as competências que precisa ter esse profissional para um bom desempenho no cargo e formas de acesso ao mesmo.. Há uma tendência para que o cargo ou função de gestor escolar seja ocupado por profissionais da educação. O Diretor seria o principal professor da escola, aquele que, à luz de sua formação, de sua experiência e de seu compromisso, poderia ajudar seus companheiros na caminhada em comum que todos passam a encarar, uma vez que foi o domínio de situações e do processo de ensino, que credenciou alguém, pela primeira vez, ao exercício da administração escolar.. Neste ponto, cabe-nos indagar sobre qual o perfil desejado do Gestor da escola pública em nossos dias? Quem é o personagem que dará conta de tantas e tão diferentes tarefas, como a elaboração e implementação do Projeto Pedagógico, Plano de Desenvolvimento da Escola, avaliação interna e externa, necessidade de ter um Conselho ou Colegiado Escolar que assuma suas verdadeiras funções, salas de aula com alunos de pouco poder aquisitivo e cujos professores comentam terem aprendizagem e desempenho inferiores ao esperado, além da evasão, indisciplina e, por vezes, violência.. Uma forma apontada para a solução da problemática acima está na gestão democrática, em que a participação é um processo educativo tanto para a equipe gestora, quanto para os demais membros das comunidades escolar e local. Ela permite confrontar idéias, argumentar com base em diferentes pontos de vista, expor novas percepções e alternativas, e para tanto, requer um novo perfil de gestor. A exigência desse novo perfil dos gestores escolares tem criado instabilidade e inquietude no campo da educação e da formação de professores e demais profissionais da educação. O grande desafio é oferecer educação de qualidade para todos os estudantes, tendo que lidar. 26.

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