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PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

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A C Ó R D Ã O 6ª TURMA

DANO MORAL. A doutrina e a jurisprudência têm entendido que o dano moral decorre de ofensa aos chamados direitos da personalidade, que são os direitos subjetivos absolutos, incorpóreos e extrapatrimoniais, correspondentes aos atributos físicos, intelectuais e morais da pessoa. Nesta esteira, o dano moral está jungido ao desconforto sentimental do titular do direito ofendido, podendo ser caracterizado por todo sofrimento psicológico decorrente de aflição, turbação de ânimo, desgosto, humilhação, angústia, complexos etc. O fato de a punição sofrida pelo autor ter sido anulada em juízo, não torna o ato disciplinar da empregadora um ato ilícito que demande reparação por danos morais e isto porque, ainda que a reclamada tenha agido com rigor no exercício de seu poder diretivo/disciplinar, não houve violação da honra ou imagem do trabalhador. A penalidade imposta ao empregado, no caso a suspensão, é admitida, assim como a advertência e a demissão por justa causa, não possuindo nenhum caráter vexatório, humilhante ou discriminatório em qualquer grau ou intensidade. Negado provimento ao recurso ordinário do reclamante.

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de Recurso Ordinário em que são partes:JOÃO DE PAIVA LEÃO como recorrente, sendo recorrido

CLUBE DOS CAIÇARAS.

Inconformando-se com a r. sentença de fls. 38/40, confirmada prolatada pela ilustre Magistrada Astrid Silva Britto da MM. 24ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, que julgou procedente em parte o feixe de pedidos, recorre ordinariamente o reclamante às fls. 41/44.

Pretende o acionante a reforma da decisão de primeiro grau alegando, em síntese, que faz jus à indenização por danos morais. Afirma que teve seu patrimônio imaterial atingido pela ré que aplicou uma pena de suspensão de cinco dias, ilegalmente, tanto que o juízo a quo reputou incorreta a punição aplicada. Acrescenta que o fato de a ré ter enviado ao endereço anterior do autor

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correspondência contendo a comunicação da punição lhe trouxe constrangimentos, pois reside atualmente no endereço sua ex-mulher e sua filha que teve conhecimento da penalidade aplicada ao seu pai. Com se isso não bastasse, a ré fez constar da ata das 26a e 27a Reuniões da Comodoria do Clube que o Gerente de Recursos Humanos havia fornecido informações erradas acerca da rescisão de um empregado antigo, o que levou a recorrida a tomar decisão errada.

Sem contrarrazões.

Deixei de remeter os autos ao douto Ministério Público do Trabalho em razão da hipótese não se enquadrar na previsão de sua intervenção legal (Lei Complementar nº 75/1993) e/ou das situações arroladas no Ofício PRT/1ª Região nº 171/06-GAB, de 05/05/2006.

É o relatório.

DA ADMISSIBILIDADE

Conheço do recurso porque satisfeitos os requisitos legais de admissibilidade.

NO MÉRITO

DA REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS

Pretende o acionante a reforma da decisão de primeiro grau alegando, em síntese, que faz jus à indenização por danos morais. Afirma que teve seu patrimônio imaterial atingido pela ré que aplicou uma pena de suspensão de cinco dias, de forma ilegal, tanto que o juízo a quo reputou incorreta a punição aplicada. Acrescenta que o fato de a ré ter enviado ao endereço anterior do autor correspondência contendo a comunicação da punição lhe trouxe constrangimentos, pois reside atualmente no endereço sua ex-mulher e sua filha que teve conhecimento da penalidade aplicada ao seu pai. Com se isso não bastasse, a ré fez constar da ata das 26a e 27a Reuniões da Comodoria do Clube que o Gerente de Recursos Humanos havia fornecido informações erradas acerca da rescisão de um empregado antigo, o que levou a recorrida a tomar decisão errada.

Na inicial, narrou o reclamante que, orientado pela ré para dispensar o empregado Francisco Rodrigues, elaborou um primeiro cálculo em 24/6/2009. Alertado pelo próprio Sr. Francisco sobre um período anterior à opção pelo FGTS, no mesmo dia do aviso prévio, solicitou uma consulta ao escritório que assiste a ré, conforme correspondência eletrônica juntada aos autos. Diante da resposta do referido escritório em 25/06/2009 refez o cálculo, considerando o período anterior à opção pelo FGTS. Informa que foi pago ao citado empregado o valor das verbas

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rescisórias corrigido. Negou que tivesse orientado a ré a proceder de forma incorreta.

A reclamada, na contestação, alegou que solicitou ao acionante, exercente do cargo de Gerente de Recursos Humanos, que apurasse o valor de uma possível rescisão de contrato do empregado Francisco Rodrigues. Foi elaborado o cálculo das verbas rescisórias no importe de R$30.000,00, demitindo a ré o mencionado trabalhador.

Depois de demitido o empregado, que foi dispensado do aviso prévio, o autor informou a ré que o cálculo estava errado e que o valor correto das verbas rescisórias era, na verdade, quase o triplo. Sustenta que a reclamada demitiu o empregado, baseando-se em um valor incorreto, apurado sem que o demandante tenha verificado na ficha de registro do empregado a ser demitido que ele tinha 10 anos de serviço anteriores à opção pelo FGTS. Argumenta que a conduta do ora recorrente causou-lhe prejuízos, visto que a ré pagou ao Sr Francisco o valor constante no Termo de Rescisão (fls. 13), motivo pelo qual aplicou uma punição disciplinar consistente em suspensão por cinco dias.

A sentença reputou incorreta a suspensão de cinco dias aplicada pela reclamada, ao fundamento de que, embora restasse incontroverso nos autos que houve o erro apontado, a demandada não logrou êxito em demonstrar que a decisão de demitir o Sr Francisco estava lastreada no cálculo incorreto das verbas rescisórias. Aditou o juízo de origem que não foi observada gradação da pena, punindo a ré a desídia do reclamante com suspensão de cinco dias, sem antes tê-lo advertido.

Todavia, foi julgado improcedente o pedido de indenização por danos morais, pelos motivos abaixo expostos:

“Não se pode imputar a ré o fato de sua ex-mulher ter violado o sigilo de correspondência, ainda que a carta tenha sido remetida para o antigo endereço do reclamante.

Outrossim, quanto à empregadora ter aplicado determinada punição, a qual fora elidida em juízo, por si só, não caracteriza a obrigação de ressarcir danos morais. O empregador só é responsabilizado se o faz de modo abusivo, ferindo a ética das relações que devem viger entre as partes da relação de emprego, extrapolando os limites do Poder Disciplinar, e conferido publicidade dos atos do trabalhador. Assim, constar na ata da Comodoria os fatos relatados pela ré, não é dar publicidade aos mesmos, porque a ata consiste em registro restrito aos responsáveis pela reclamada. Situação diferente seria se tais fatos tivessem sido divulgados em todo o âmbito do Clube réu.

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Nestes termos, improcede o pedido de indenização.

Não há nada a ser alterado no julgado.

O artigo 5º, X, da Constituição da República de 1988, assegura a inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas, assegurando indenização por dano moral decorrente da violação de tais direitos.

A doutrina e a jurisprudência têm entendido que o dano moral decorre de ofensa aos chamados direitos da personalidade, que são os direitos subjetivos absolutos, incorpóreos e extrapatrimoniais, correspondentes aos atributos físicos, intelectuais e morais da pessoa. Tal posicionamento decorre, inclusive, da interação evidenciada no inciso X do artigo 5º da Carta Magna de 1988.

Nessa esteira, o dano moral está jungido ao desconforto sentimental do titular do direito ofendido, podendo ser caracterizado por todo sofrimento psicológico decorrente de aflição, turbação de ânimo, desgosto, humilhação, angústia, complexos etc. O dano moral é aferido em comparação com o que sentiria o homem médio se submetido à situação em tela. Em outras palavras, o dano moral é aferido

in re ipsa, de acordo com as regras comuns de experiência.

O fato de a punição sofrida pelo autor ter sido anulada em juízo, não torna o ato disciplinar da empregadora um ato ilícito que demande reparação por danos morais e isto porque, ainda que a reclamada tenha agido com rigor no exercício de seu poder diretivo/disciplinar, não houve violação da honra ou imagem do trabalhador. A penalidade imposta ao empregado, no caso a suspensão, é admitida, assim como a advertência e a demissão por justa causa, não possuindo nenhum caráter vexatório, humilhante ou discriminatório em qualquer grau ou intensidade.

Reputada como incorreta a penalidade, foi condenada a acionada ao pagamento dos cinco dias descontados do salário do acionante. Dessa feita, foi reparado o dano material que o manejo da sanção incorreta causou ao acionante.

Por outro lado, com efeito, não pode a ré ser responsabilizada se outras pessoas tomaram ciência do conteúdo da carta endereçada ao autor, ainda que esta tenha sido enviada para o seu antigo endereço.

De igual modo, a circunstância de constar nas atas de reunião da Comodoria do Clube que, na reunião do Conselho Deliberativo, foi ventilado que a ré havia tomado decisão incorreta, em virtude de informação errada prestada pelo Gerente de Recursos Humanos, muito embora possa causar aborrecimentos ao reclamante não pode ser tomada como divulgação irrestrita de fato que efetivamente não restou provado.

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Dessa forma, evidencia-se que o reclamante não demonstrou que o ato praticado pela ré tenha ocasionado ferimento ao seu patrimônio imaterial, não tendo jus à reparação por danos morais.

Assim, nego provimento.

Ante o exposto, conheço do recurso e, no mérito, nego-lhe provimento, nos termos da fundamentação supra.

A C O R D A M os Desembargadores da Sexta Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe provimento, nos termos do voto do Excelentíssimo Juiz Relator.

Rio de Janeiro, 27 de junho de 2011.

JUIZ CONVOCADO MARCELO ANTERO DE CARVALHO

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