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Recurso de Reconsideração em face do Acórdão APL- TC 00363/2018. Processo nº 03388/2016/TCE-RO

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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE RONDÔNIA GABINETE DO CONSELHEIRO FRANCISCO CARVALHO DA SILVA

PROCESSO: 03482/2018/TCE-RO

SUBCATEGORIA: Recurso de Reconsideração

ASSUNTO: Recurso de Reconsideração em face do Acórdão

APL-TC 00363/2018. Processo nº 03388/2016/APL-TCE-RO INTERESSADO: Instituto de Previdência dos Servidores Públicos do

Município de Rolim de Moura

RECORRENTE: César Cassol – ex-Prefeito Municipal

CPF nº 107.345.972-15

ADVOGADOS: Adriana do Nascimento Cordeiro de Almeida - OAB/RO

8.275

Ana Caroline Dias Cociuffo Villela - OAB/RO 7.489 Castiel Ferreira de Paula - OAB/RO 8.063

Denyvaldo dos Santos Pais Júnior - OAB/RO 7.655 Elton José Assis - OAB/RO 631

Felippe Roberto Pestana - OAB/RO 5.077 João André dos Santos Borges - OAB/RO 8.052 Kátia Pullig de Oliveira - OAB/RO 7.148 Raul Ribeiro da Fonseca Filho - OAB/RO 555 Thiago da Silva Viana - OAB/RO 6.227

BENEFÍCIOS: Não se aplica

RELATOR ORIGINÁRIO: Conselheiro José Euler Potyguara Pereira de Mello

RELATOR DO PEDIDO DE VISTA: Conselheiro Francisco Carvalho da Silva

GRUPO: II

SESSÃO VIRTUAL Nº 1 , de 4 de maio de 2020

RECURSO DE RECONSIDERAÇÃO. TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. INDIVIDUALIZAÇÃO

DA CONDUTA. SITUAÇÃO

ECONÔMICA/FINANCEIRA DO MUNICÍPIO. PREDEDENTE DO ACÓRDÃO 313/2018.

1. A exigência de nexo causal demanda a individualização da conduta, considerando os períodos de gestão.

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2. O comprometimento da gestão pelo volume de obrigações herdadas do antecessor, sem lastro financeiro, por decorrer de motivo alheio à vontade do Gestor, tem o condão de afastar sua responsabilidade pela geração de encargos (juros e multa) por atraso no pagamento de obrigações previdenciárias.

3. O precedente fixado no Acórdão APL-TC 00313/2018 reclama, ex offício, a correção na definição do valor dos encargos de responsabilidade dos gestores que não recorreram e, por consequência, na gradação das multas aplicadas, em atendimento aos critérios de razoabilidade e proporcionalidade.

RELATÓRIO

Versam os presentes autos sobre Recurso de Reconsideração interposto pelo Senhor César Cassol, por meio de seus advogados constituídos1, contra os termos do Acórdão APL-TC 363/2018, proferido no julgamento2 do Processo n° 3.388/2016 referente à Tomada de Contas Especial originária da conversão da Auditoria3 realizada no Instituto de Previdência dos Servidores Públicos do Município de Rolim de Moura (Rolim Previ), in verbis:

Acórdão APL-TC 363/2018

I – Julgar irregulares as Contas Especiais, com fundamento no art. 16, inc. III, alínea “b”, da Lei Complementar Estadual nº 154/1996, por inobservância do princípio do equilíbrio financeiro e atuarial previsto no artigo 1º, inciso II, da Lei Federal n. 9.717/98, no artigo 24 da Orientação Normativa MPS/SPS n. 02/2009, e no caput do artigo 40 da Constituição Federal, com infringência dos artigos 37, caput, e 70, caput, da Carta Magna, gerando despesas impróprias, desnecessárias, antieconômicas e atentatórias ao princípio da eficiência e, igualmente, do equilíbrio financeiro, orçamentário e atuarial dos institutos de previdência, de responsabilidade:

I.1 – do Senhor SEBASTIÃO DIAS FERRAZ, Ex-Prefeito Municipal, pela não quitação em momento oportuno das contribuições previdenciárias devidas pelo Poder Executivo de Rolim de Moura ao ROLIM PREVI, referentes ao período de 01/2010 a 13/2012, o que gerou encargos (atualização e juros) no valor de R$784.630,33;

I.2 – do Senhor CESAR CASSOL, Ex-Prefeito Municipal:

a) pela não quitação em momento oportuno das contribuições previdenciárias devidas pelo Poder Executivo de Rolim de Moura ao ROLIM PREVI, referentes ao período de 01/2013 a 05/2015, o que gerou encargos (atualização e juros) no valor de R$1.066.666,16; e,

1 ID=638216.

2 Sessão plenária realizada em 13 de setembro de 2018. 3 No período de 15 a 19.2.2016 (Proc. 435/2016).

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b) por ter efetuado em atraso o pagamento de parcelas do acordo de parcelamento n. 1492/2013, o que gerou encargos (atualização e juros) nos valores de R$1.413,55 e R$3.868,31;

I.3 – do Senhor LUIZ ADEMIR SCHOCK, Ex-Prefeito Municipal:

a) pela não quitação em momento oportuno das contribuições previdenciárias devidas pelo Poder Executivo de Rolim de Moura ao ROLIM PREVI, referentes ao período de 06/2015 a 10/2015, o que gerou encargos (atualização e juros) no valor de R$ 140.527,00; e,

b) por ter efetuado em atraso o pagamento de parcelas dos acordos de parcelamento n. 0306/2012, 1492/2013, 0895/2015 e 0901/2015, o que gerou encargos (atualização e juros) no valor de R$ 12.145,40;

I.4 – do Senhor JOÃO ROSSI JUNIOR, Ex-Presidente da Câmara Municipal: a) pela não quitação em momento oportuno das contribuições previdenciárias devidas pelo Poder Legislativo de Rolim de Moura ao ROLIM PREVI, referentes ao período de 01/2010 a 13/2010 e 01/2015 a 04/2015, o que gerou encargos (atualização e juros) no valor de R$ 9.954,17; e

b) por ter efetuado em atraso o pagamento de parcelas do acordo de parcelamento n. 0909/2015, o que gerou encargos (atualização e juros) no valor de R$ 555,58;

I.5 – do Senhor JAIRO PRIMO BENETTI, Ex-Presidente da Câmara Municipal, pela não quitação em momento oportuno das contribuições previdenciárias devidas pelo Poder Legislativo de Rolim de Moura ao ROLIM PREVI, referentes ao período de 01/2011 a 13/2014, o que gerou encargos (atualização e juros) no valor de R$ 16.689,98.

II – Deixar de imputar o débito aos responsáveis indicados no item I, em razão da modulação dos efeitos, para vigência a partir de janeiro do exercício de 2019, a fim de evitar o indesejável efeito surpresa e possibilitar que os gestores responsáveis pelos repasses efetuem um planejamento sério e factível para impedir que eventuais consequências práticas decorrentes da nova decisão ocasionem graves prejuízos para a gestão administrativa, orçamentária e financeira da unidade, precedente fixado pelo Acórdão n. APL-TC 00313/18-Pleno, no processo nº 2699/2016;

III – Aplicar multa individual:

III.1 – ao Senhor SEBASTIÃO DIAS FERRAZ, Ex-Prefeito Municipal, no valor de R$20.000,00 (vinte mil reais), com fundamento no art. 55, incisos II e III, da Lei Complementar Estadual nº 154/96, em razão do fato descrito no item I.1;

III.2 – ao Senhor CESAR CASSOL, Ex-Prefeito Municipal, no valor total de R$25.000,00 (vinte e cinco mil reais), com fundamento no art. 55, incisos II e III, da Lei Complementar Estadual nº 154/96, em razão dos fatos descritos nos itens I.2, “a” e “b”;

III.3 – ao Senhor LUIZ ADEMIR SCHOCK, Ex-Prefeito Municipal, no valor total de R$3.500,00 (três mil e quinhentos reais), com fundamento no art. 55, incisos II e III, da Lei Complementar Estadual nº 154/96, em razão dos fatos descritos nos itens I.3, “a” e “b”;

III.4 – ao Senhor JOÃO ROSSI JUNIOR, Ex-Presidente da Câmara Municipal, no valor total de R$3.000,00 (três mil reais), com fundamento no art. 55, incisos II e III, da Lei Complementar Estadual nº 154/96, em razão dos fatos descritos nos itens I.4, “a” e “b”; e

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III.5 – ao Senhor JAIRO PRIMO BENETTI, Ex-Presidente da Câmara Municipal, no valor de R$3.500,00 (três mil e quinhentos reais), com fundamento no art. 55, incisos II e III, da Lei Complementar Estadual nº 154/96, em razão do fato descrito no item I.5;

IV – Fixar o prazo de quinze dias, contados da notificação dos responsáveis, para o recolhimento das multas ao Fundo de Desenvolvimento Institucional do Tribunal de Contas (conta corrente n° 8358-5, agência n° 2757-X do Banco do Brasil), com fulcro no artigo 25 da Lei Complementar n° 154/96 e no artigo 31, III, “a”, do Regimento Interno; V – Autorizar, caso não sejam recolhidas as multas mencionadas, a formalização dos respectivos títulos executivos e as cobranças administrativa e judicial, em conformidade com o art. 27, II, da Lei Complementar n° 154/96 c/c o art. 36, II, do Regimento Interno, sendo que incidirá apenas a correção monetária a partir do vencimento (artigo 56 da Lei Complementar n° 154/96);

VI – Dar ciência deste acórdão aos responsáveis identificados no cabeçalho, via Diário Oficial Eletrônico deste Tribunal de Contas, cuja data de publicação deve ser observada como marco inicial para possível interposição de recurso, com supedâneo no art. 22, inciso IV, c/c o art. 29, inciso IV, da Lei Complementar n. 154/1996, informando-os que o Voto e o Parecer Ministerial, em seu inteiro teor, estão disponíveis para consulta no endereço eletrônico www.tce.ro.gov.br, em atenção à sustentabilidade ambiental;

VII – Dar ciência deste acórdão, por ofício, ao atual Prefeito Municipal de Rolim de Moura, para que adote ações no sentido de evitar o atraso dos repasses das contribuições e parcelamentos aos institutos de previdência;

VIII – Autorizar o arquivamento dos presentes autos, após os trâmites regimentais.

2. Em 9.10.2018, o Senhor César Cassol interpôs o presente Recurso de Reconsideração4, o qual foi distribuído à Relatoria do Conselheiro José Euler Potyguara Pereira

de Mello5 que proferiu juízo positivo de admissibilidade provisório, conforme Despacho nº 20/2018-GCJEPPM6.

3. No pedido formulado em Petição de Recurso, o Recorrente ao fim pugna “para que este Egrégio Tribunal de Contas profira nova decisão, afastando o reconhecimento de ato impróprio e excluindo a multa aplicada.”

4. Na sessão plenária do dia 24 de outubro de 2019, o Conselheiro Relator José Euler Potyguara Pereira de Mello em seu juízo de admissibilidade definitivo, apresentou voto pelo conhecimento do recurso, argumentando ao fim que diante do prejuízo altíssimo julgou razoável a multa expondo não merecer guarida os argumentos lançados pelo ora Recorrente, coadunando no mérito com o Parecer Ministerial pelo não provimento, nos termos a seguir transcrito:

I - Conhecer do recurso de reconsideração interposto por César Cassol, CPF n.º 107.345.972-15, contra o Acórdão n.º 363/2018-Pleno, do Processo n.º 3.482/2018, porque preenchidos os seus requisitos de admissibilidade;

4 ID=682230.

5 Certidão à pág. 25 (ID=682246). 6 ID=684512.

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II - Negar provimento a esse recurso de reconsideração, mantendo, inalterado, o acórdão recorrido;

5. Naquela oportunidade, durante a fase de discussão, no sentido de obter um juízo completo sobre a matéria, requeri vista dos autos, utilizando da prerrogativa inserta no artigo 147 do RI/TCE-RO.

São esses os fatos que, a meu juízo, merecem destaque. FUNDAMENTAÇÃO

6. De início, se faz necessário detalhar as despesas impróprias, desnecessárias, antieconômicas e atentatórias ao princípio da eficiência e, igualmente, do equilíbrio financeiro, orçamentário e atuarial do RPPS que integram os montantes consignados no Acórdão APL-TC 363/2018, uma vez que o relatório de análise de defesa da Tomada de Contas Especial (ID=591691) ao contrário do relatório de complementação da Auditoria (ID=321040) deixou de pormenorizar as despesas que remanesceram após a apresentação das justificativas, as quais são fundamentais para a presente análise.

7. Desse modo, com subsídio nos Demonstrativos Consolidados de Parcelamento (DCP), nos Acompanhamentos de Acordos de Parcelamento e nos Autos da Auditoria7 e Tomada de Contas Especial8, tem-se a seguir a exigida identificação das despesas:

I.1 – do Senhor SEBASTIÃO DIAS FERRAZ, ex-Prefeito Municipal, pela não quitação em momento oportuno das contribuições previdenciárias devidas pelo Poder Executivo de Rolim de Moura ao ROLIM PREVI, referentes ao período de 01/2010 a 13/2012, o que gerou encargos (atualização e juros) no valor de R$784.630,33;

Quadro 1 - Contribuições Previdenciárias Devidas e não Pagas no Momento Oportuno

ACORDO COMPETÊNCIA ATUALIZAÇÃO

(a) JUROS (b) TOTAL (c) = (a+b) 306/2012 05/2012 a 10/2012 59.783,419 59.783,41 1492/2013 11/2012 a 13/2012 26.010,02 45.645,97 71.655,99 895/2015 01/2010 a 13/2012 209.585,25 443.605,68 653.190,93 TOTAL GERAL 784.630,33

I.2 – do Senhor CÉSAR CASSOL, ex-Prefeito Municipal:

7 Proc. 435/2016, apenso a TCE. 8 Proc. 3388/2016.

9 Por não haver disponível o Demonstrativo Consolidado de Parcelamento (DCP) referente ao Acordo 306/2012 a

Unidade Técnica obteve o valor original da dívida a partir de informação fornecida pelo Senhor SÉRGIO DIAS DE CAMARGO, Assessor Financeiro/Contador do Rolim Previ e o valor consolidado e atualizado no respectivo Acompanhamento de Acordo de Parcelamento (PT 07), consoante nota de rodapé 5 do relatório de complementação da Auditoria (pág. 666 do Proc. 453/2016 - ID=321040).

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a) pela não quitação em momento oportuno das contribuições previdenciárias devidas pelo Poder Executivo de Rolim de Moura ao Rolim Previ, referentes ao período de 01/2013 a 05/2015, o que gerou encargos (atualização e juros) no valor de R$1.066.666,16; e

Quadro 2 - Contribuições Previdenciárias Devidas e não Pagas no Momento Oportuno

ACORDO COMPETÊNCIA ATUALIZAÇÃO

(a) JUROS (b) TOTAL (c) = (a+b) 895/2015 01/2013 a 04/2015 391.478,28 619.482,22 1.010.960,50 901/2015 05/2015 21.981,54 33.724,12 55.705,66 TOTAL GERAL 1.066.666,16

b) por ter efetuado em atraso o pagamento de parcelas do acordo de parcelamento 1492/2013, o que gerou encargos (atualização e juros) nos valores de R$1.413,55 e R$3.868,31;

Quadro 3 - Parcelas do Acordo 1492/2013 Pagas em Atraso

PARCELA VENCIMENTO PAGAMENTO ATUALIZAÇÃO

(a) JUROS (b) TOTAL (c) = (a+b) 7 10/01/2014 15/01/2014 0,00 167,61 167,61 8 10/02/2014 12/02/2014 0,00 170,12 170,12 17 10/11/2014 10/12/2014 98,19 387,03 485,22 23 10/05/2015 10/06/2015 158,65 431,95 590,60 TOTAL GERAL 1.413,55

Quadro 4 - Parcelas do Acordo 1492/2013 Vencidas e não Pagas10

PARCELA VENCIMENTO PAGAMENTO ATUALIZAÇÃO

(a) JUROS (b) TOTAL (c) = (a+b) 1 10/07/2013 - 0,00 0,00 0,00 2 10/08/2013 - 44,13 305,23 349,36 3 10/09/2013 - 80,65 458,94 539,59 4 10/10/2013 - 133,91 614,05 747,96 5 10/11/2013 - 222,17 771,97 994,14 6 10/12/2013 - 305,87 931,39 1.237,26 TOTAL GERAL 3.868,31

I.3 – do Senhor LUIZ ADEMIR SCHOCK, ex-Prefeito Municipal:

a) pela não quitação em momento oportuno das contribuições previdenciárias devidas pelo Poder Executivo de Rolim de Moura ao ROLIM PREVI, referentes ao

10 Redação empregada nos Relatórios de Complementação da Auditoria - pág. 669 do Proc. 435/2016 (ID=321040) e

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período de 06/2015 a 10/2015, o que gerou encargos (atualização e juros) no valor de R$140.527,00; e,

Quadro 5 - Contribuições Previdenciárias Devidas e não Pagas no Momento Oportuno

ACORDO COMPETÊNCIA ATUALIZAÇÃO

(a) JUROS (b) TOTAL (c) = (a+b) 901/2015 06/2015 a 10/2015 58.815,35 81.711,65 140.527,00

b) por ter efetuado em atraso o pagamento de parcelas dos acordos de parcelamento n. 0306/2012, 1492/2013, 0895/2015 e 0901/2015, o que gerou encargos (atualização e juros) no valor de R$12.145,40;

Quadro 6 - Parcelas de Acordos Pagas em Atraso

ACORDO PARC. VENC. PAGT° ATUAL.

(a) JUROS (b) MULTA (c) TOTAL (d) = (a+b+c) 306/2012 35 10/10/2015 20/10/2015 0,00 609,21 609,21 1.218,42 37 10/12/2015 20/10/2015 0,00 629,59 629,59 1.259,18 1492/2013 28 10/10/2015 18/12/2015 0,00 229,67 0,00 229,67 895/2015 1 20/12/2015 20/01/2016 881,06 1.853,16 917,77 3.651,99 901/2015 1 20/12/2015 20/01/2016 536,94 1.129,37 559,31 2.225,62 3 20/02/2016 29/02/2016 0,00 583,28 583,28 1.166,56 4 20/03/2016 30/03/2016 0,00 594,30 594,30 1.188,60 5 20/04/2016 30/04/2016 0,00 602,68 602,68 1.205,36 TOTAL GERAL 12.145,40

I.4 – do Senhor JOÃO ROSSI JUNIOR, ex-Presidente da Câmara Municipal:

a) pela não quitação em momento oportuno das contribuições previdenciárias devidas pelo Poder Legislativo de Rolim de Moura ao ROLIM PREVI, referentes ao período de 01/2010 a 13/2010 e 01/2015 a 04/2015, o que gerou encargos (atualização e juros) no valor de R$9.954,17; e

Quadro 7 - Contribuições Previdenciárias Devidas e não Pagas no Momento Oportuno

ACORDO COMPETÊNCIA ATUALIZAÇÃO

(a) JUROS (b) TOTAL (c) = (a+b) 909/2015 01/2010 a 13/2010 2.963,82 6.519,78 9.483,6 01/2015 a 04/2015 139,30 331,27 470,57 TOTAL GERAL 9.954,17

b) por ter efetuado em atraso o pagamento de parcelas do acordo de parcelamento n. 0909/2015, o que gerou encargos (atualização e juros) no valor de R$555,58;

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Quadro 8 - Parcelas do Acordo 909/2015 Pagas em Atraso

PARCELA VENCIMENTO ATUAL.

(a) JUROS (b) MULTA (c) TOTAL (d) = (a+b+c) 1 20/12/2015 50,86 87,53 12,00 150,39 2 20/01/2016 39,75 75,78 12,23 127,76 3 20/02/2016 24,39 63,77 12,51 100,67 4 20/03/2016 13,26 51,52 12,75 77,53 5 20/04/2016 7,89 39,02 12,93 59,84 6 20/05/2016 0,00 26,26 13,13 39,39 TOTAL GERAL 555,58

I.5 – do Senhor JAIRO PRIMO BENETTI, ex-Presidente da Câmara Municipal, pela não quitação em momento oportuno das contribuições previdenciárias devidas pelo Poder Legislativo de Rolim de Moura ao ROLIM PREVI, referentes ao período de 01/2011 a 13/2014, o que gerou encargos (atualização e juros) no valor de R$16.689,98.

Quadro 9 - Contribuições Previdenciárias Devidas e não Pagas no Momento Oportuno

ACORDO COMPETÊNCIA ATUALIZAÇÃO

(a) JUROS (b) TOTAL (c) = (a+b) 909/2015 01/2011 a 13/2014 6.168,83 10.521,15 16.689,98 QUESTÕES DE MÉRITO

8. Consoante se observa na Petição de Recurso11, o Recorrente apresentou em temas as razões pelas quais deve ser reformado o acórdão recorrido, que podem ser assim aglutinados: I) Período de afastamento do cargo de Prefeito Municipal – Individualização da conduta;

II) Utilização de documentos emitidos pela Previdência Social de maneira plena e absoluta;

III) Falta de Identificação de Critério que Permita a Análise acerca de Responsabilidade;

IV) Situação Econômica do Município de Rolim de Moura;

V) Impossibilidade de reconhecimento de ato impróprio por carência de recursos para pagamento de despesas do município;

VI) Redução dos valores devidos ao RPPS.

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9. Do período de afastamento do cargo de Prefeito Municipal – Individualização da conduta. Alega o Recorrente o fato do então vice-prefeito ter ocupado, durante o ano de 2014, o cargo de prefeito por um período maior que o “Defendente”. Acrescenta que o dever de prestar Contas trata-se de um a obrigação personalíssima, sendo “revestida de indelegabilidade, ou seja, o dever de prestar contas é exclusivo do ocupante do cargo, no caso em pauta, do Prefeito Municipal em exercício ao tempo do dever de pagamento do RPPS”.

9.1. Pondera o Recorrente a respeito da parcela de responsabilidade de cada ordenador, considerando o período em que a Municipalidade foi comandada por pessoa diversa do Recorrente, pois a partir do dia 15 de janeiro de 2014, em decorrência do gozo de férias, foi dado posse ao Senhor Luiz Ademir Schock no cargo de Chefe do Poder Executivo, que exerceu o cargo com autonomia e independência durante os 30 (trinta) dias subsequentes.

9.2. E que por motivo de saúde houveram mais afastamentos, totalizando 185 (cento e oitenta e cinco) dias em que o Senhor Luiz Ademir Schock esteve à frente da Administração Municipal.

9.3. Argumenta, que o deslinde dos resultados apurados ocorreram em razão de atos administrativos praticados pelos Gestores envolvidos na questão e, por não haver a individualização da conduta na instrução do corpo técnico, atos praticados pelo Senhor Luiz Ademir Schock estão refletindo em responsabilização ao Recorrente.

10. De fato assiste razão ao Recorrente, pois como nos Autos 326/201612, há de se

reconhecer a falha cometida quando da instrução preliminar da Auditoria13, base para a emissão do acórdão objeto do presente recurso, por não atentar que estiveram à frente da Prefeitura do Município de Rolim de Moura os Senhores César Cassol e Luiz Ademir Schock, como faz prova da alteração no comando da Administração Municipal os inúmeros documentos ao longo dos Autos de Prestação de Contas do exercício de 2014 (Leis e Decretos de Abertura de Créditos14): Figura 1 - Fragmentos de Lei e Decretos de Abertura de Créditos

12 Recurso de Reconsideração ao Acórdão 203/2015-PLENO, proferido nos autos de Prestação de Contas de Governo

do Município de Rolim de Moura, exercício de 2014, o qual foi provido, modificando o PP 53/2015.

13 Proc. 435/2016.

14 César Cassol – págs. 375 a 379; 426 a 543; 781 a 892; 910 a 912; 917 a 924; 1158 a 1170; 1176 a 1184; 1198 a

1211; 1219 a 1255 – Proc. 1877/2015.

Luiz Ademir Schock – págs. 380 a 425; 544 a 780; 893 a 909; 913 a 915; 925 a 934; 1155 a 1157; 1171 a 1175; 1185 a 1197; 1212 a 1218 1255 – Proc. 1877/2015.

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Fonte: Proc.1877/2015, págs.382, 544 e 778 - ID=175411.

10.1. Assim como se constata na documentação integrante dos Autos de Gestão Fiscal - 2014 (relatório técnico):

Figura 2 - Fragmento do Relatório Técnico de Gestão Fiscal - 2014

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10.2. E peças dos Autos do Relatório do Controle Interno (Declaração do Chefe do Executivo informando ter tomado ciência do Relatório de Controle Interno referentes aos 1º e 2º quadrimestres de 201415):

Figura 3 - Fragmentos dos Relatórios do Controle Interno – 1º e 2º quadrimestres de 2014

Fonte: Proc. 1014/2014, págs. 05 (1º quadrimestre/14) e 18 (2º quadrimestre/14) – ID=56738.

15 Proc. 1014/2014, págs. 05 (1º quadrimestre/14) e 18 (2º quadrimestre/14) - Luiz Ademir Schock; e pág. 34 (3º

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10.3. A fim de que não subsistam dúvidas sobre o desempenho das atividades do Senhor Luiz Ademir Schock no cargo de Prefeito do Município de Rolim de Moura durante o exercício de 2014, registro, na busca da verdade material, os Termos de Posse juntados às págs. 55 e 56 do Proc. 326/201616.

Figura 4 - Fragmentos dos Termos de Posse

16 Recurso de Reconsideração ao Acórdão 203/2015-PLENO, proferido nos autos de Prestação de Contas de Governo

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Fonte: Proc. 326/2016, págs. 55 e 56 – ID=259071.

10.4. Como se observa, este Tribunal durante todo o exercício de 2014 já tinha pleno conhecimento dessa situação, sendo, portanto, diante da exigência de nexo causal, dever da Corte a individualização da conduta, considerando os seguintes períodos de gestão do Recorrente: a) 2013 – 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2013;

b) 2014 – 1º de janeiro a 14 de janeiro de 2014;

14 de fevereiro a 27 de abril de 2014; 1º de outubro a 31 de dezembro de 2014; c) 2015 – 1º de janeiro a 23 de junho de 2015.

11. Da utilização de documentos emitidos pela Previdência Social de maneira plena e absoluta. Observa o Recorrente que o Corpo Técnico se equivocou ao considerar a Notificação exarada pelo Ministério da Previdência de maneira plena e absoluta, bem como utilizar do relatório do referido órgão como subsídio para imputação de conduta imprópria, sem delimitação dos atos de cada envolvido.

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12. Quanto à utilização de documentos emitidos pela Previdência Social de maneira plena e absoluta para a responsabilização do Recorrente, impõe-se reconhecer, também, a procedência das razões recursais, contudo, somente, em relação ao Acordo de Parcelamento 1492/2013.

12.1. De acordo com a instrução da Tomada de Contas Especial, o Recorrente não teria pago17 as parcelas de 1 a 6 do Acordo de Parcelamento 149218, de 19.6.2013, com arrimo no Demonstrativo de Acompanhamento de Acordo de Parcelamento, pois o Item 8 - Discriminativo de Parcelas e Valores Pagos inicia-se pela parcela 7 (vencimento 10.1.2014) e o Item 10 - Discriminativo de Parcelas em Aberto até o Próximo Vencimento relaciona as parcelas de 1 a 6 (vencimentos em 2013) como não pagas.

12.2. Pois bem. Os dados utilizados como base para a responsabilização na TCE foram extraídos do Sistema de Informações dos Regimes Próprios de Previdência Social (CadPrev) pelo endereço eletrônico www.cadprev.previdencia.gov.br.

12.3. Ocorre que o atual CadPrev só começou a operar em janeiro de 2014 e não houve integração com os dados dos exercícios passados. Contudo, o acesso as informações anteriores a janeiro de 2014 podem ser obtidas por meio do link http://www.previdencia.gov.br/regimes-proprios/demonstrativos-rpps/ em Comprovantes de Repasse (até a competência dez/2013). Figura 5 - Acesso para os Demonstrativos Anteriores a 2014

Fonte: Endereço eletrônico da Secretaria de Previdência/ME (www.previdência.gov.br) - Previdência no Serviço Público - Demonstrativos.

12.4. Portanto, pelo sítio da Previdência é possível consultar o Comprovante de Repasse e Recolhimento ao RPPS dos Valores decorrentes das Contribuições, Aportes de Recursos e Débitos de Parcelamento, exercício de 2013, por bimestre, conforme visualização a seguir:

17 Relatório de Análise de Defesa – pág. 975 do Proc. 3388/2016 (ID=591691). 18 Referente as competências 11, 12 e 13 de 2012.

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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE RONDÔNIA GABINETE DO CONSELHEIRO FRANCISCO CARVALHO DA SILVA Figura 6 - Telas de Pesquisa de Exercícios Anteriores a 2014

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12.5. Assim, em consulta ao sítio da Secretaria de Previdência/Ministério da Economia, verifica-se pelo Comprovante do Repasse e Recolhimento ao RPPS dos Valores decorrentes das Contribuições, Aportes de Recursos e Débitos de Parcelamento, Item 5 - Pagamento de Débitos de Contribuições Parceladas, que as parcelas de 1 a 6 do Acordo de 19.6.2013 foram pagas nos respectivos meses de vencimento, cabendo, por conseguinte, a exclusão da segunda parte da letra “b” do item I.2 do Acórdão APL-TC 00363/2018.

Figura 7 - Comprovante de Repasse e Recolhimento ao RPPS dos Valores decorrentes das Contribuições, Aportes de Recursos e Débitos de Parcelamento

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13. Dessa forma, aplicando-se: i) a individualização da conduta para a delimitação do nexo causal; e ii) a exclusão da segunda parte da letra “b” do item I.2 do Acórdão APL-TC 00363/2018, remanesceriam de responsabilidade do Senhor César Cassol como despesas impróprias, desnecessárias, antieconômicas e atentatórias ao princípio da eficiência e, igualmente, do equilíbrio financeiro e atuarial do RPPS as elencadas a seguir:

a) pela não quitação em momento oportuno das contribuições previdenciárias devidas pelo Poder Executivo de Rolim de Moura ao Rolim Previ, referentes ao período de 01/2013 a 05/2015, o que gerou encargos (atualização e juros) no valor de R$875.220,46;

Quadro 10 - Contribuições Previdenciárias Devidas e não Pagas no Momento Oportuno

ACORDO COMPETÊNCIA ATUALIZAÇÃO

(a) JUROS (b) TOTAL (c) = (a+b) 895/2015 01 a 13/2013 313.758,82 538.906,44 852.665,26 895/2015 02 a 04/2014 e 10 a 04/2015 678,61 (33.829,07) (33.150,46) 901/2015 05/2015 21.981,54 33.724,12 55.705,66 TOTAL GERAL 875.220,46

Fonte: Demonstrativos Consolidados de Parcelamento 895/2015 (págs. 633/634 do Proc. 435/2016 - ID=321023) e 901/2015 (pág. 641 do Proc. 435/2016 - ID=321026).

b) por ter efetuado em atraso o pagamento de parcelas do acordo de parcelamento 1492/2013, o que gerou encargos (atualização e juros) no valor de R$1.243,43;

Quadro 11 - Parcelas do Acordo 1492/2013 Pagas em Atraso

PARCELA VENCIMENTO PAGAMENTO ATUALIZAÇÃO

(a) JUROS19 (b) TOTAL (c) = (a+b) 7 10/01/2014 15/01/2014 0,00 167,61 167,61 17 10/11/2014 10/12/2014 98,19 387,03 485,22 23 10/05/2015 10/06/2015 158,65 431,95 590,60 TOTAL GERAL 1.243,43

Fonte: Acompanhamento de Acordo de Parcelamento 1492/2013 (pág. 744 do Proc. 3388/2016 - ID=409446).

14. As questões relativas as razões do recurso identificadas acima pelos itens “III”, “IV”, “V” e “VI” tratam, essencialmente, da conduta do Recorrente frente a realidade financeira do Ente, razão pela qual serão apreciadas, a seguir, de forma conjunta.

15. Falta de Identificação de Critério que Permita a Análise acerca de Responsabilidade. Segundo o Recorrente a instrução da Tomada de Contas Especial que resultou na decisão recorrida não atendeu aos ditames específicos prescritos no Regimento Interno do Tribunal de Contas do Estado de Rondônia e na Lei Complementar 154/96:

Regimento Interno

Art. 17. Os processos de tomadas de contas especiais instauradas por determinação da autoridade administrativa ou do Tribunal deverão conter, além dos elementos indicados

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no art. 15 deste Regimento, e de outros especificados em instrução normativa, cópia do relatório da comissão de sindicância ou de inquérito, quando for o caso, sem prejuízo de outras peças que permitam ajuizamento acerca da responsabilidade ou não pelo prejuízo verificado.

15.1. Sustenta que a decisão de responsabilidade do Recorrente foi proferida com base no relatório técnico20 e que as imputações decorrem do não pagamento em momento oportuno, o que não foi alcançado na instrução processual, pois não foi considerada a realidade financeira no dito “momento oportuno” do cumprimento da obrigação para concluir que o Ordenador de Despesa, seja por ação ou omissão, tenha gerado despesas impróprias, desnecessárias, antieconômicas e atentatórias ao princípio da eficiência e, igualmente, do equilíbrio financeiro, orçamentário e atuarial do instituto de previdência, sendo imprescindível considerar (e provar) a viabilidade da prática do ato havido como impróprio.

15.2. Argumenta que a conduta do Recorrente não poderia ser analisada pelo Corpo Técnico como apenas pelo "não pagamento no prazo de vencimento" e sim, deveria adentrar no mérito da realidade/disponibilidade financeira, ou mesmo, se o Gestor preteriu despesas de menor relevância e - nesse aspecto sim – geraria despesas em desfavor do Ente Público.

15.3. Enfatiza que admitir apenas a inadimplência das parcelas seria imputar ao Gestor a responsabilidade e os resultados da saúde financeira do Município, malgrado a realidade da situação econômica do País.

15.4. Ressalta que a situação representa enriquecimento ilícito do Estado, na medida em que livra o Erário de um ônus e transfere ao Administrador as consequências naturais em razão de crise financeira vivenciada por todos.

15.5. Aduz que a análise técnica acostada nos autos não contempla o conjunto de fatores necessários à conclusão de que o Recorrente, ainda que em sede de omissão, teria contribuído para a ocorrência da despesa em questão.

15.6. Entende que os relatórios técnicos não consideraram/analisaram o contexto financeiro do Município, restando impossível a subsistência do reconhecimento proferido pela Corte (declaração de ato atentatório ao princípio da eficiência) e, por conseguinte, a possibilidade da manutenção da penalidade imposta.

15.7. Requer, seja dado provimento ao presente apelo para, em sede de nova decisão, declarar prejudicada a análise da Tomada de Contas Especial por ausência dos requisitos necessários a formação do juízo acerca da responsabilidade.

16. Situação Econômica do Município de Rolim de Moura. Ressalta o Recorrente que não se pode afastar a realidade econômica vivida pelo Município de Rolim de Moura quando de sua posse no cargo de Prefeito Municipal.

16.1. Informa que em 1°.1.2013 o município apresentava a seguinte situação:  3 folhas de pagamento em atraso;

 a dívida com fornecedores alcançava o montante de 10 (dez) milhões de reais;

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 a população carecia de coleta de lixo (serviço suspenso por falta de contrato/pagamento);

 o hospital municipal não tinha estoque dos medicamentos básicos para o funcionamento da unidade hospitalar.

16.2. Destaca que o parcelamento das dívidas do município (entre as quais os salários em atraso dos servidores municipais) foi medida imposta para garantir a retomada da governabilidade. E se os salários estavam atrasados, que dirá a contribuição previdenciária devida ao RPPS.

16.3. Argumenta que a realidade do município implicou em recortes orçamentários e redirecionamento de recursos para garantir o pagamento da dívida, sem que houvessem novos atrasos no pagamento dos salários dos servidores.

17. Impossibilidade de reconhecimento de ato impróprio por carência de recursos para pagamento de despesas do município. Aduz o Recorrente que a decisão proferida está baseada, exclusivamente, nas parcelas vencidas e atrasos ocorridos em razão do não pagamento no prazo de vencimento das obrigações previdenciárias.

17.1. Salienta que imputar ao Ordenador de Despesas o ônus de não efetuar o pagamento dos valores devidos a título de RPPS sem analisar o contexto financeiro e orçamentário da Unidade Jurisdicionada, é fechar os olhos a realidade.

17.2. Sustenta que a análise da mora no pagamento das obrigações previdenciárias alcança o mérito do ato administrativo, uma vez que o atraso na quitação é reflexo da falta de disposição financeira para suportar todas as obrigações do Ente Público, levando o Gestor a tomada de decisões da reserva do possível.

17.3. Acresce que entre as diversas situações que abarca o interesse público, é dever do Gestor decidir à luz da realidade financeira do município, qual despesa deverá ser priorizada e que gerenciar e controlar as finanças públicas é tarefa árdua para qualquer Gestor, em especial em um Município como Rolim de Moura, cuja despesa operacional exorbita a normalidade, posto que constitui verdadeiro polo regional para subsidiar Saúde, Educação e Segurança à população da Região da Zona da Mata.

17.4. Justifica que inúmeros podem ser os motivos para o não pagamento da despesa no prazo anotado e que no presente caso não é outro senão a insuficiência de recursos e baixa arrecadação.

17.5. Argumenta que a realização da análise de forma eficiência, condizente com os princípios esboçados na melhor prática comprovariam a boa-fé do Gestor em aplicar os recursos do município, sem se afastar do dever de pagamento do RPPS e que o processo administrativo de apuração deveria ter verificado o aspecto da boa-fé do ordenador de despesas, sob pena de praticar injustiça e ser objeto de modificação no Poder Judiciário.

17.6. Reforça a necessidade do exame da conduta do Gestor para a determinação de sua responsabilidade, trazendo lição da Professora Patrícia Veronica Nunes Carvalho Sobral de Souza, para quem “a partir do exame da conduta do agente público e de sua consciência de que é a ilicitude e quais as suas consequências, é que se pode pensar nas questões de dolo e culpa” (Corrupção & Improbidade: Críticas e Controle, pág.90).

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18. Redução dos valores devidos ao RPPS. Alega o Recorrente que o dever de pagamento das parcelas negociadas, bem como da quitação da parcela devida mês a mês exigiu um esforço hercúleo do Gestor Municipal, reproduzindo em situação positiva, uma vez que os anos de 2013, 2014 e parte de 2015, houve a redução dos valores devidos ao RPPS.

18.1. Cita o Recorrente, que no ano de 2014 a contribuição devida somou o importe de R$2.516.642,49, sendo que foram efetuados repasses no importe de R$3.073.113,76, ou seja, além dos valores devidos, refletindo na baixa da dívida acumulada pelos Gestores anteriores.

18.2. Enfatiza, que nas análises das Contas dos exercícios em questão, o tema previdenciário foi abordado, em especial nas Contas de 2014, que tiveram detidamente a análise dos débitos e pagamentos e concluíram – em sede de recurso – que o Recorrente, ao longo do exercício contribuiu para o decréscimo da dívida.

19. Pois bem. No que tange à realidade financeira do município, a Corte tem como subsídio os autos das Prestações de Contas de Governo cujos registros confirmam as condições que se encontrava o ente quando da posse do Recorrente no cargo eletivo de Prefeito Municipal: I. Folhas de pagamento em atraso

a) ID=85552 – Relatório Anual de 2012 da Controladoria Interna, de 29 de março de 2013, no item 6 - Recomendações e Providências quanto às Falhas Detectadas traz a seguinte orientação:

 Efetuar o pagamento dos servidores até o 5º dia útil do mês subsequente para evitar transtornos no desenvolvimento das atividades, como ocorreu na gestão anterior. b) ID=57475 – Anexo 2 da Lei 4.320/196421 - consigna Despesa de Pessoal de Exercícios Anteriores (Elemento de Despesa 92) no montante de R$1.299.428,1522.

c) ID=49748 – Relatório e Voto do Relator das Contas de 2012 - registra a realização de despesas de pessoal sem o devido empenhamento:

Figura 8 - Fragmento do Voto das Contas de Rolim de Moura - 2012

Fonte: RVR das Contas de 2012, pág. 44 (ID=49748 - Proc. 1603/2013).

21 Demonstrativo da Despesa por Elemento, fls. 67 do Proc. 1177/2014.

22 Montante exclusivo do Poder Executivo, uma vez que no Anexo 11 da Lei 4.320/64 (ID=57468) não há registro do

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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE RONDÔNIA GABINETE DO CONSELHEIRO FRANCISCO CARVALHO DA SILVA II. Dívida com fornecedores

a) O déficit financeiro, do exercício de 2012, no valor de R$2.364.030,00 foi justificado pelo montante de recursos financeiros de convênios que não foram repassados no referido exercício da ordem de R$4.860.534,87, que em uma análise superficial suplantaria o argumento apresentado de que foram herdadas dívidas sem o correspondente respaldo financeiro. Quadro 12 - Apuração do Superávit/Déficit Financeiro em 31.12.2012

DISCRIMINAÇÃO ATIVO FINANCEIRO PASSIVO FINANCEIRO SUPERÁVIT/DÉFICIT

FINANCEIRO

Consolidado 46.113.566,57 9.658.874,83 36.454.691,74

RPPS 38.831.964,04 13.242,30 38.818.721,74

CONSOLIDADO LÍQUIDO 7.281.602,53 9.645.632,53 (2.364.030,00)

Recursos de Convênio não repassados TC-38 4.860.534,87

Fonte: Documento 9777/2013 - constante da Aba Juntados/Apensados do Proc. 1603/2013 (IDs=84210 e 84211) e Acórdão AC2-TC 525/2017 (ID=468437 – Proc. 1449/2013).

a.1) Todavia, os Demonstrativos da Disponibilidade de Caixa e de Restos a Pagar extraídos dos autos de gestão fiscal 919/2012 exibem outras fontes de recursos deficitárias além das relacionadas a convênios.

Tabela 1 - Demonstrativo Simplificado da Disponibilidade de Caixa e dos Restos a Pagar

Fonte DISPONIBILIDADE DE CAIXA LÍQUIDA (ANTES DA INSCRIÇÃO EM RPNP) RESTOS A PAGAR EMPENHADOS E NÃO LIQUIDADOS DO EXERCÍCIO (RPNP) DISPONIBILIDADE DE CAIXA APÓS A INSCRIÇÃO EM RPNP 10146 - Rec. Educação 5% e 25% - 626.449,81 18.133,58 - 644.583,39 10247 - Rec. ASPS 15% - 782.199,48 83.386,87 - 865.586,35 10707 - PAB Piso de Atenção Básica 275.287,30 200.000,00 75.287,30 10711 - Prog. Ag. Comunit. Saúde - 27.166,11 509,55 - 27.675,66 10712 - Farmácia Básica 78.639,85 33.641,65 44.998,20 10714 - Vigilância Sanitária 248.077,37 0,00 248.077,37 10716 - MAC 16.962,36 6.617,80 10.344,56 10831 - Salário Educação 103.631,42 5.354,50 98.276,92 10833 - PNAE 84.994,80 0,00 84.994,80 10834 - PNATE 24,92 0,00 24,92 10900 - CIDE - 8.831,73 0,00 - 8.831,73 11142 - Fundeb 60% - 179.020,41 135.459,05 - 314.479,46 11143 - Fundeb 40% - 64.762,88 58.390,08 - 123.152,96 11503 - Prog. Atenção a Criança 83.266,98 0,00 83.266,98

11505 - PETI 60.847,97 1.379,80 59.468,17

11538 - Bolsa Família 177.585,73 7.418,30 170.167,43

115xx - Rec. FNAS 591.516,99 15.761,76 575.755,23

21236 - Conv. União Educação 0,00 2.722.832,17 - 2.722.832,17 21237 - Conv. Est. Educação 181.435,13 52.880,00 128.555,13 21336 - Conv. União Saúde 292.900,46 0,00 292.900,46 21337 - Conv. Est. Saúde - 38.204,44 28.624,13 - 66.828,57

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21436 - Outros Conv. União 828.751,13 1.601.408,92 - 772.657,79 21437 - Outros Conv. Est. 797.585,35 366.550,28 431.035,07

Total Recursos Vinculados (I) 2.094.872,90 5.338.348,44 - 3.243.475,54

10000 - Recursos Livres 1.137.645,60 255.065,06 882.580,54 10044 -Contrapartida de Convênios 0,00 3.135,00 - 3.135,00

Total Recursos Não Vinculados (II) 1.137.645,60 258.200,06 879.445,54

Total (III)=(I + II) 3.232.518,50 5.596.548,50 - 2.364.030,00

RPPS 38.828.521,74 9.800,00 38.818.721,74

Fonte: Proc. 919/2012 - Gestão Fiscal.

20. Portanto, não há como não considerar o estado em que se encontrava o município em janeiro de 2013, restando evidente que para que o município não entrasse em colapso o Gestor teve que fazer “recortes orçamentários e redirecionamento de recursos”, que possibilitaram manter os serviços ofertados à sociedade e, concomitantemente, regularizar os salários atrasados e reduzir o montante da Dívida Fundada em R$1.248.200,2523 e os Restos a Pagar de Exercícios Anteriores, com o pagamento de processados na ordem de R$1.844.041,49 e de não processados na quantia de R$2.203.752,82 (dois milhões, duzentos e três mil, setecentos e cinquenta e dois reais e oitenta e dois centavos).

Figura 9 - Fragmento da Demonstração da Dívida Flutuante em 31 de dezembro de 2013

Fonte: Anexo 17 da Lei 4.320/1964 (ID=57474 - Proc. 1177/2014).

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21. De outra banda, com base no Demonstrativo Consolidado de Parcelamento 895/201524, a diferença apurada pela Auditoria do então Ministério da Previdência Social entre o

valor pago25 de contribuição patronal e o valor devido ao RPPS, no exercício de 2013, soma a importância de R$1.666.402,61 (um milhão, seiscentos e sessenta e seis mil, quatrocentos e dois reais e sessenta e um centavos:

Figura 10 - Fragmentos do Demonstrativo Consolidado de Parcelamento 895/2015

Fonte: DCP 895/2015, págs. 633/634 do Proc. 435/2016 - ID=321023.

22. Assim, como recursos do exercício foram comprometidos com as obrigações herdadas da gestão anterior, evidente que, a geração de encargos (juros) para a Administração Pública decorrentes da não quitação até o vencimento das contribuições previdenciárias, relativas as competências 01 a 13 de 2013, ocorreu inegavelmente por motivo alheio à vontade do Recorrente.

24 Págs. 633/634 do Proc. 435/2016 - ID=321023.

25 A partir de 2006, a contribuição patronal ao RPPS, passou a ser feita na forma de receita orçamentária, e não mais

como repasse financeiro do ente à referida entidade. Os repasses financeiros continuam ocorrendo para cobertura de insuficiências financeiras de responsabilidade do ente, bem como para outros aportes espontâneos, incluindo repasses para amortização do déficit atuarial. Quando se tratar de contribuição suplementar, definida em lei, para cobertura do déficit atuarial, não haverá repasses financeiros, mas sim receita e despesa de natureza tributária (Manual de Demonstrativos Fiscais/STN).

(26)

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23. Quanto as demais competências de responsabilidade do Senhor César Cassol26, incontestável o esforço empreendido para a diminuição da dívida previdenciária, que a propósito foi reconhecido pela Corte quando da apreciação do Recurso de Reconsideração objeto do Processo 326/2016, tendo gerado inclusive juros negativos de R$104,95. Veja-se:

Quadro 13 - Demais Contribuições Previdenciárias Devidas e não Pagas no Momento Oportuno

ACORDO COMPETÊNCIA JUROS

895/2015 02 a 04/2014 e 10 a 04/2015 (33.829,07)

901/2015 05/2015 33.724,12

TOTAL GERAL (104,95)

Fonte: Demonstrativos Consolidados de Parcelamento 895/2015 (págs. 633/634 do Proc. 435/2016 - ID=321023) e 901/2015 (pág. 641 do Proc. 435/2016 - ID=321026).

24. Entretanto, em sentido contrário, o Ministério Público de Contas, com base no relatório técnico de ID=215761, refutou a “alegação de que os relatórios técnicos não analisaram o contexto financeiro do município e que agiu nos limites reservados ao que lhe era possível”, em razão de que a execução da receita teria sido maior do que a previsão para o exercício de 2014, com o atingimento do índice de execução de 122,29% da estimativa atualizada.

Figura 11 - Execução Orçamentária da Receita – 2014 (apurada pela Unidade Técnica)

Fonte: ID=215761, pág. 4106.

25. Pois bem. Revisitando os autos de prestação de contas 1877/2015, verifica-se um descompasso em relação ao índice de execução orçamentária da receita apurado pelo Corpo Instrutivo, pois no valor pertinente a execução da receita corrente foram incluídas as receitas intraorçamentárias, que “não representam novas entradas de recursos nos cofres públicos, mas apenas movimentação de receitas”27 entre órgãos e entidades do próprio ente e não integram as

Contas Consolidadas e deveriam ter sido apresentadas apenas, caso relevante, em Notas Explicativas, nos termos das Instruções de Procedimentos Contábeis da Secretaria do Tesouro Nacional/ME28.

26 02 a 04/2014 e 10/2014 a 05/2015.

27 In Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público, Procedimentos contábeis orçamentários.

28 IPC 04 – Metodologia para Elaboração do Balanço Patrimonial, IPC 05 – Metodologia para Elaboração da

Demonstração das Variações Patrimoniais, IPC 06 – Metodologia para Elaboração do Balanço Financeiro, IPC 07 – Metodologia para Elaboração do Balanço Orçamentário e IPC 08 – Metodologia para Elaboração da Demonstração dos Fluxos de Caixa.

(27)

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE RONDÔNIA GABINETE DO CONSELHEIRO FRANCISCO CARVALHO DA SILVA Figura 12 - Fragmento do Balanço Orçamentário

Fonte: Anexo 12 da Lei 4.320/1964 - ID=175410, pág. 202.

26. Assim, empregando a mesma metodologia da Unidade Técnica e fazendo os devidos reparos, tem-se o seguinte “índice de execução orçamentária da receita”:

Quadro 14 - Execução Orçamentária da Receita – 2014 (metodologia utilizada pela Unidade Técnica)

RECEITAS PREVISÃO INICIAL

PARA O EXERCÍCIO (a)

EXECUÇÃO DIFERENÇA (c) = (b-a) b/a.100 JAN. A DEZ. (b) Receita Corrente 88.878.046,80 93.033.527,30 4.155.480,50 - Receita de Capital 0,00 9.529.223,96 9.529.223,96 TOTAL 88.878.046,80 102.562.751,26* 13.684.704,46 115,39 Fonte: Anexo 10 da Lei 4.320/1964 - ID=175410.

* O valor de R$102.562.751,26 somado as receitas intraorçamentárias de R$6.130.593,4629 totaliza R$108.693.344,72.

27. A análise isolada do índice apurado (115,39%) levaria a conclusão de que diante da execução da receita ter sido superior à previsão inicial, como de fato foi em mais de 13 milhões de reais, não teria como acatar a tese da reserva do possível apresentada pelo Recorrente.

28. Entretanto, os dados apresentados no Balanço Orçamentário revelam, também, receitas de transferência de convênios na ordem de R$14.581.411,3230, que suplanta o suposto “excesso de arrecadação” que poderia ter sido empregado para o pagamento de contribuições previdenciárias, pois recursos vinculados são utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculação.

29. Ademais, como a análise da receita orçamentária consiste em relacionar a coluna da RECEITA REALIZADA com a coluna da PREVISÃO ATUALIZADA, na realidade, o município apresentou, no exercício em questão, insuficiência de arrecadação tanto em relação à receita corrente quanto à de capital. Veja-se:

Quadro 15 - Receita Orçamentária – 2014

RECEITAS PREVISÃO INICIAL PREVISÃO ATUALIZADA (a) RECEITAS REALIZADAS (b) SALDO (c) = (b - a) b/a.100 Receita Corrente 88.878.046,80 100.615.524,39 93.033.527,30 -7.581.997,09 - Receita de Capital 0,00 17.330.365,40 9.529.223,96 -7.801.141,44 TOTAL 88.878.046,80 117.945.889,79 102.562.751,26 -15.383.138,53 86,96 Fonte: Anexo 12 da Lei 4.320/1964 - ID=175410, págs. 202/207.

29 Corresponde ao pagamento de contribuição patronal e parcelamento de débito para o RPPS (Anexo 2 da Lei

4.320/64 da PC 2014 do Rolim Previ, pág. 15 do Proc. 01613/2015 - ID=164840).

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30. Além disso, extrai-se dos autos 1877/201531 que a situação financeira deficitária recebida de seu antecessor comprometeu, também, os recursos do exercício de 2014 em quase 2 milhões de reais, uma vez que foram pagos Restos a Pagar dos exercícios de 2011 e 2012 na importância de R$1.984.754,74, consoante Anexo 17 da Lei 4.320/196432.

31. É pertinente salientar que a combinação das variáveis equilíbrio financeiro e excesso de arrecadação possibilita que as prioridades, objetivos e ações definidas nos instrumentos de planejamento e orçamento (PPA/LDO/LOA) resultem em escolhas que atendam aos anseios da sociedade, sem exigir do Governante a adoção de ajustes e revisão de rumos drásticos.

32. Indubitável, que no presente caso, ocorreu justamente o contrário, ou seja, desequilíbrio financeiro e insuficiência de arrecadação, o que exigiu do Gestor redefinir a alocação dos parcos recursos e agir na reserva do possível.

33. Dessa forma, os argumentos apresentados são mais que suficientes para convencer este Relator de que assiste razão ao Senhor César Cassol, impondo que seja dado provimento ao recurso interposto de forma a afastar sua responsabilidade e excluir a multa aplicada.

34. Por fim, entende esta Relatoria que o critério objetivo de geração de encargos (juros e multa) não é fator determinante para condenação de ressarcimento ao erário, preponderante que a Corte de Contas faça uma análise dos elementos subjetivos, ou seja, de conduta dolosa ou culposa quer seja por ação quer seja por omissão para fins de responsabilização.

QUESTÃO DE ORDEM

35. Caso os pares não acompanhem o entendimento acima exposto, verifico que ao Recorrente foi atribuída a responsabilização por despesas impróprias, desnecessárias, antieconômicas e atentatórias ao princípio da eficiência e, igualmente, do equilíbrio financeiro, orçamentário e atuarial do RPPS geradas por encargos (atualização e juros) decorrentes de: a) não quitação em momento oportuno das contribuições previdenciárias devidas pelo Poder Executivo de Rolim de Moura ao Rolim Previ, referentes ao período de 01/2013 a 05/2015; e

b) atraso no pagamento de parcelas do Acordo de Parcelamento 1492/2013.

36. Por uma questão de ordem, impõe-se que se transcreva neste momento parte do Acórdão APL-TC 00313/2018 que versa sobre a evolução jurisprudencial desta Corte ao fixar precedente quanto ao dever de ressarcimento ao erário dos recursos utilizados para pagamentos de encargos por atraso na quitação de contribuições previdenciárias e/ou parcelamentos:

Acórdão APL-TC 00313/2018

I – Em prejudicial, fixar precedente no sentido de que, caracterizada ação ou omissão dolosa ou culposa, deve-se imputar aos responsáveis dever de ressarcimento de recursos utilizados para pagamento de encargos (juros e multa) por atrasos nos repasses aos

31 Prestação de Contas, exercício 2014. 32 Pág. 216 do Proc. 1877/2015 - ID=175410.

(29)

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institutos previdenciários das contribuições e/ou parcelamentos, por se configurar como despesa imprópria, desnecessária, antieconômica e, ainda, atentatória aos princípios constitucionais da eficiência e, igualmente, do equilíbrio financeiro, orçamentário e atuarial dos institutos de previdência; (grifo nosso)

37. Pois bem. Da leitura do item I do Acórdão APL-TC 00313/2018, verifica-se que o precedente fixado não foi observado quando da prolação do acordão recorrido, muito menos considerado quando da análise do presente recurso, uma vez que os montantes apurados foram além dos valores pertinentes a juros e multa, abarcando, também, os decorrentes de atualização monetária, o que forçosamente conduzirá, ex officio, a aplicação de ajustes, na forma do precedente e, por consequência, a adequação do valor da multa aplicada ao Recorrente por medida de razoabilidade.

37.1. Por acréscimo, ainda que não sob a forma de extensão dos efeitos do recurso, é impositivo reconhecer, também, de ofício, os erros na definição do valor dos encargos de responsabilidade dos demais gestores. Assim, não seria justo responsabilizá-los por montantes patentemente equivocados e, por consequência, manter as multas nos valores imputados, em atendimento aos critérios de razoabilidade e proporcionalidade.

PARTE DISPOSITIVA

38. Por todo o exposto, divergindo do entendimento do Ministério Público de Contas, manifestado no Parecer 296/2019, da lavra da Procuradora Drª. Yvonte Fontinelle de Melo, então Procuradora-Geral, e do Relatório e Voto proferido pelo eminente Relator, Conselheiro José Euler Potyguara Pereira de Mello, submeto a este egrégio Plenário o seguinte VOTO VISTA:

I – Conceder, com base nos fundamentos que antecedem a parte dispositiva deste voto, PROVIMENTO ao Recurso de Reconsideração, interposto pelo Senhor CÉSAR CASSOL, CPF nº 107.345.972-15, em razão de que não é possível colher da instrução dos autos que os pagamentos atrasados das contribuições previdências ocorreram por conduta dolosa ou culposa do Recorrente, pelo contrário, é possível verificar que o gestor herdou um volume de obrigações da gestão anterior, sem o devido lastro financeiro, e, portanto, verifica-se o comprometimento da execução orçamentária, sendo este fato alheio à vontade do Recorrente, e suficiente para afastar sua responsabilidade pela geração de encargos (juros e multa) na forma imposta pelo Acórdão APL-TC 363/2018, proferido nos autos de Tomada de Contas Especial 3388/2016, devendo os itens I.2 e III.2 serem excluídos, além do que não houve a individualização da conduta, dificultando a apuração do que é de responsabilidade do Recorrente;

II – Apreciar de ofício a ocorrência de erro no valor dos encargos atribuídos aos Senhores Sebastião Dias Ferraz, César Cassol, Luiz Ademir Schock, João Rossi Júnior e Jairo Primo Benetti no Acórdão APL-TC 363/2018, reformando os itens I.1, I.2, I.3, I.4, I.5, III.1, III.2, III.3, III.4 e III.5, que passam a ter a seguinte redação:

(30)

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I.1 – do Senhor SEBASTIÃO DIAS FERRAZ, ex-Prefeito Municipal, pela não quitação em momento oportuno das contribuições previdenciárias devidas pelo Poder Executivo de Rolim de Moura ao ROLIM PREVI, referentes ao período de 01/2010 a 13/2012, o que gerou encargos (juros) no valor de R$489.251,65; Contribuições Previdenciárias Devidas e não Pagas no Momento Oportuno

ACORDO COMPETÊNCIA JUROS

1492/2013 11/2012 a 13/2012 45.645,97

895/2015 01/2010 a 13/2012 443.605,68

TOTAL 489.251,65

I.3 – do Senhor LUIZ ADEMIR SCHOCK, ex-Prefeito Municipal:

a) pela não quitação em momento oportuno das contribuições previdenciárias devidas pelo Poder Executivo de Rolim de Moura ao ROLIM PREVI, referentes ao período de 06/2015 a 10/2015, o que gerou encargos (juros) no valor de R$81.711,65; e,

Contribuições Previdenciárias Devidas e não Pagas no Momento Oportuno

ACORDO COMPETÊNCIA JUROS

901/2015 06/2015 a 10/2015 81.711,65

b) por ter efetuado em atraso o pagamento de parcelas dos acordos de parcelamento n. 0306/2012, 1492/2013, 0895/2015 e 0901/2015, o que gerou encargos (juros e multa) no valor de R$10.727,40;

Parcelas do Acordo 909/2015 não Pagas no Momento Oportuno

ACORDO PARCELA VENCIMENTO PAGAMENTO JUROS

(a) MULTA (b) TOTAL (c) = (a+b) 306/2012 35 10/10/2015 20/10/2015 609,21 609,21 1.218,42 37 10/12/2015 20/10/2015 629,59 629,59 1.259,18 1492/2013 28 10/10/2015 18/12/2015 229,67 - 229,67 895/2015 1 20/12/2015 20/01/2016 1.853,16 917,77 2.770,93 901/2015 1 20/12/2015 20/01/2016 1.129,37 559,31 1.688,68 3 20/02/2016 29/02/2016 583,28 583,28 1.166,56 4 20/03/2016 30/03/2016 594,30 594,30 1.188,60 5 20/04/2016 30/04/2016 602,68 602,68 1.205,36 TOTAL GERAL 10.727,40

I.4 – do Senhor JOÃO ROSSI JUNIOR, ex-Presidente da Câmara Municipal: a) pela não quitação em momento oportuno das contribuições previdenciárias devidas pelo Poder Legislativo de Rolim de Moura ao ROLIM PREVI, referentes

(31)

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ao período de 01/2010 a 13/2010 e 01/2015 a 04/2015, o que gerou encargos (juros) no valor de R$6.851,05; e,

Contribuições Previdenciárias Devidas e não Pagas no Momento Oportuno

ACORDO COMPETÊNCIA JUROS

909/2015 01/2010 a 13/2010 6.519,78

909/2015 01/2015 a 04/2015 331,27

TOTAL 6.851,05

b) por ter efetuado em atraso o pagamento de parcelas do acordo de parcelamento n. 0909/2015, o que gerou encargos (juros e multa) no valor de R$419,43;

Parcelas do Acordo 909/2015 não Pagas no Momento Oportuno

PARCELA VENCIMENTO JUROS

(a) MULTA (b) TOTAL (c) = (a+b) 1 20/12/2015 87,53 12,00 99,53 2 20/01/2016 75,78 12,23 88,01 3 20/02/2016 63,77 12,51 76,28 4 20/03/2016 51,52 12,75 64,27 5 20/04/2016 39,02 12,93 51,95 6 20/05/2016 26,26 13,13 39,39 TOTAL GERAL 419,43

I.5 – do Senhor JAIRO PRIMO BENETTI, ex-Presidente da Câmara Municipal, pela não quitação em momento oportuno das contribuições previdenciárias devidas pelo Poder Legislativo de Rolim de Moura ao ROLIM PREVI, referentes ao período de 01/2011 a 13/2014, o que gerou encargos (juros) no valor de R$10.521,15.

Contribuições Previdenciárias Devidas e não Pagas no Momento Oportuno

ACORDO COMPETÊNCIA JUROS

909/2015 01/2011 a 13/2014 10.521,15

III – Aplicar multa individual:

III.1 – ao Senhor SEBASTIÃO DIAS FERRAZ, ex-Prefeito Municipal, no valor de R$10.000,00 (dez mil reais), com fundamento no art. 55, incisos II e III, da Lei Complementar Estadual nº 154/96, em razão do fato descrito no item I.1;

III.3 – ao Senhor LUIZ ADEMIR SCHOCK, ex-Prefeito Municipal, no valor total de R$2.000,00 (dois mil reais), com fundamento no art. 55, incisos II e III, da Lei Complementar Estadual nº 154/96, em razão dos fatos descritos nos itens I.3, “a” e “b”;

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III.4 – ao Senhor JOÃO ROSSI JUNIOR, ex-Presidente da Câmara Municipal, no valor total de R$1.650,00 (mil, seiscentos e cinquenta reais), com fundamento no art. 55, incisos II e III, da Lei Complementar Estadual nº 154/96, em razão dos fatos descritos nos itens I.4, “a” e “b”; e,

III.5 – ao Senhor JAIRO PRIMO BENETTI, ex-Presidente da Câmara Municipal, no valor de R$1.650,00 (mil, seiscentos e cinquenta reais), com fundamento no art. 55, incisos II e III, da Lei Complementar Estadual nº 154/96, em razão do fato descrito no item I.5;

III – Dar conhecimento do teor da Decisão ao Recorrente, bem como aos demais responsáveis identificados no cabeçalho do Acórdão APL-TC 363/2018, informando-lhes que o seu inteiro teor e o opinativo do MPC, estão disponíveis no sítio eletrônico deste Tribunal (www.tce.ro.gov.br);

IV- Arquivar os presentes autos após os trâmites regimentais.

Sala das Sessões - Pleno, 4 de maio de 2020.

FRANCISCO CARVALHO DA SILVA Conselheiro Revisor

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