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2ª Fase Civil XXXIII Exame de Ordem. Processo Civil Prof. Tatiane Kipper 2ª FASE CIVIL XXXIII EXAME. Processo Civil. Prof.

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(1)

Processo Civil

Prof.ª Tatiane Kipper

2ª FASE CIVIL XXXIII EXAME

(2)

01. Observações gerais ... 3

02. Teoria geral dos recursos ... 5

03. Recursos cabíveis no novo código de processo civil ... 31

04. Do recurso adesivo ... 31

05. Apelação ... 38

06. Modelo: recurso de apelação ... 68

07. Agravo de instrumento ... 77

08. AGRAVO INTERNO ... 115

09. Embargos de declaração ... 125

10. Recurso ordinário ... 140

11. Recurso especial ... 151

12. Recurso extraordinário ... 175

13. Agravo em Recurso Especial e Extraordinário ... 188

14. Embargos de divergência ... 195

15. Repercussão geral e suspensão de todos os processos pendentes ... 206

16. Da reclamação ... 216

17. Incidente de assunção de competência/IAC ... 221

18. Procedimentos especiais - introdução ... 222

19. Da ação de consignação em pagamento ... 223

20. AÇÃO MONITÓRIA ... 243

21. Dissolução parcial da sociedade ... 263

22. Embargos de terceiro ... 274

23. Ações possessórias ... 290

24. Ação de exigir contas ... 317 2ª FASE CIVIL XXXIII EXAME

Processo Civil

Prof.ª Tatiane Kipper

(3)

01. Observações gerais

Prof.ª Tatiane Kipper

@profa_tatianekipper

1ª parte: Redação de peça profissional, valendo 5,00 (cinco) pontos, acerca de tema da área jurídica de opção do examinando e do seu correspondente direito processual. A peça será desenvolvida em, no máximo, cinco páginas sinalizadas, sendo o total de 150 linhas.

O caderno de textos definitivos da prova prático-profissional NÃO PODERÁ SER ASSINADO, RUBRICADO E/OU CONTER QUALQUER PALAVRA E/OU MARCA que o identifique em outro local que não o apropriado (capa do caderno), sob pena de ser anulado. Assim, a detecção de qualquer marca identificadora no espaço destinado à transcrição dos textos definitivos acarretará a anulação da prova prático-profissional e a eliminação do examinando.

Você não pode escrever fora das linhas de demarcação, sob pena de não ter

corrigido tudo o que estiver fora da área delimitada e se você errar alguma palavra, apenas faça um traço simples e siga escrevendo ao lado. Confira o exemplo:

ATENÇÃO

(4)

Para a redação da peça profissional, o examinando deverá formular texto com a extensão máxima definida na capa do caderno de textos definitivos; para a redação das respostas às questões discursivas, a extensão máxima do texto será de 30 (trinta) linhas para cada questão. Será desconsiderado, para efeito de avaliação, qualquer fragmento de texto que for escrito fora do local apropriado ou que ultrapassar a extensão máxima permitida.

Quando da realização das provas prático-profissionais, caso a peça profissional e/ou as respostas das questões discursivas exijam assinatura, o examinando deverá utilizar apenas a palavra “ADVOGADO...”. Ao texto que contenha outra assinatura, será atribuída NOTA ZERO, por se tratar de identificação do examinando em local indevido.

o texto da peça profissional e as respostas às questões discursivas serão avaliados quanto à adequação ao problema apresentado, ao domínio do raciocínio jurídico, à fundamentação e sua consistência, à capacidade de interpretação e exposição e à técnica profissional demonstrada, sendo que a mera transcrição de dispositivos legais, desprovida do raciocínio jurídico, NÃO ENSEJARÁ PONTUAÇÃO. Ou seja, você deve explicar a sua resposta, jamais meramente transcrever o artigo, súmula ou OJ.

(5)

02. Teoria geral dos recursos

02.1 Cabimento

Os recursos são cabíveis quando uma decisão judicial, seja ela interlocutória, seja ela definitiva, resolve o mérito ou não, bem como uma decisão oriunda de um acórdão ou monocrática não agradar a uma ou a ambas as partes (CHACON, 2020). Ou seja, a parte que sucumbiu (perdeu) não satisfeita com o resultado que lhe foi desfavorável poderá tentar rever a decisão por meio de um recurso.

Pode-se concluir que o pressuposto básico para interpor o recurso é a sucumbência, que nada mais é do que a desconformidade entre o que foi pedido e o que foi concedido pelo Estado-juiz. (ARAUJO JUNIOR, 2016)

Assim, querendo que a decisão seja revisada, modificada, tanto as partes, o Ministério Público, bem como eventuais terceiros poderão submeter a decisão a uma nova apreciação.

Nesse sentido, entende Medina (2016, p. 1.258): “Consideramos recursos os meios de impugnação às decisões judiciais provocados no mesmo processo. Distinguem-se, pois, das ações autônomas de impugnação, que constituem nova relação processual”.

Recurso então é o “meio ou instrumento destinado a provocar o reexame da decisão judicial, no mesmo processo em que proferida, com a finalidade de obter-lhe a invalidação, a reforma, o esclarecimento ou a integração”. (DIDIER JR.; CUNHA, 2018, p. 111)

EXEMPLO: parte ingressa com ação pedindo danos morais e materiais, e o juiz condena o Réu em danos materiais, somente. Neste caso há sucumbência reciproca e parcial de ambas as partes, pois o Autor ganhou os danos materiais e perdeu os danos morais. Já o Réu ganhou a parte dos danos morais, mas perdeu os danos materiais.

2.2 Características dos recursos

a. Os recursos não possuem natureza jurídica de ação. Segundo Lourenço (2017, p.

443) o recurso surge dentro do mesmo processo em que foi proferida a decisão impugnada.

O recurso é um meio de impugnação que NÃO instaura processo novo: pelo contrário, o recurso prolonga o estado de litispendência, produzindo o chamado efeito obstativo, por formar um obstáculo à coisa julgada. Aquele que recorre busca impugnar uma decisão no

ATENÇÃO! Lembre-se que o recurso é voluntário e não é de ofício.

(6)

mesmo processo em que ela foi proferida, sendo essa uma das suas características essenciais, capaz de distingui-lo das ações autônomas de impugnação. OBSERVAÇÃO:

Ação rescisória, que não é recurso, é na verdade uma verdadeira ação.

b. O recurso é remédio voluntário, pois depende da manifestação de vontade das partes, tratando-se de ônus processual, uma vez que não se dirige ao benefício de outrem, mas, sim, ao próprio interesse da parte satisfeita. O recurso é uma manifestação de insatisfação. Ainda, não se deve confundir recurso com a remessa necessária, também denominada de reexame necessário (art. 496 do CPC), justamente pelo fato de que no reexame necessário inexiste voluntariedade, tempestividade características presentes nos recursos. (LOURENÇO, 2017, p. 442)

c. Além disso, os recursos se diferem das ações autônomas de impugnação de decisões judiciais, nas quais se busca a alteração de uma decisão por meio de uma nova relação processual, seja porque não existem recursos previstos para a decisão que quer se alterar, seja porque a decisão já transitou em julgado, e, assim, não é mais possível recorrer.

Como exemplos de ações autônomas de impugnação podem ser citados o mandado de segurança e a ação rescisória.

d. Mesmo que haja sentença, se for interposto Recurso não se fala em coisa julgada.

Somente ocorre coisa julgada quando houver o trânsito em julgado da decisão, ou seja, não for mais possível recorrer, não sendo possível mais nenhum recurso ou porque perdeu o prazo para recorrer.

e. De acordo com o NOVO CPC, via de regra, os recursos possuem efeito suspensivo automático, ou seja, não suspendem o andamento e os efeitos da decisão recorrida (a apelação conforme artigo 1.012 caput terá efeito suspensivo), permitindo a execução fundada em título provisório, salvo se a parte requerer que o recurso tenha efeito suspensivo, conforme artigo 995 e parágrafo único do CPC.

2.3 Da classificação dos recursos

a) Quanto à extensão da matéria: recurso parcial e recurso total

Conforme o artigo 1.002 do CPC, a decisão poderá ser impugnada no todo ou em parte.

Segundo Didier Junior e Cunha (2018, p. 119) recurso parcial é aquele que, em virtude de limitação voluntária, não compreende a totalidade do conteúdo impugnável da decisão.

Ou seja, o recorrente impugna apenas uma parcela ou um capítulo da decisão. Já o recurso total seria aquele que abrange todo o conteúdo impugnável da decisão recorrida.

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b) Quanto à fundamentação: fundamentação livre e fundamentação vinculada:

O recurso de fundamentação livre seria aquele em que o recorrente está livre para nas razões recursais fazer qualquer tipo de crítica em relação à decisão que está recorrendo, sem que isso tenha qualquer influência na sua admissibilidade. Assim, a causa de pedir do recurso não estaria delimitada pela lei, podendo o recorrente impugnar a decisão alegando qualquer vício. Ex: apelação, agravo de instrumento, recurso ordinário, são exemplos. Já o recurso de fundamentação vinculada teria limitação pela lei quanto ao tipo de crítica que se pode fazer contra a decisão impugnada. O recurso se caracteriza por ter fundamentação típica. O recurso não pode ser utilizado para veicular qualquer espécie de crítica à decisão recorrida. Exemplo: embargos de declaração, recurso especial, recurso extraordinário são exemplos. (DIDIER JUNIOR; CUNHA, 2018, p. 122)

2.4 Das decisões recorríveis

As decisões recorríveis são as que possuem algum conteúdo decisório, excetuando- se, assim, os despachos e os atos meramente ordinatórios.

Os despachos são irrecorríveis conforme previsão do artigo 1.001 do CPC: “Art. 1.001.

Dos despachos não cabe recurso”. (BRASIL, 2015)

Observar nesse sentido o conceito trazido pelo artigo 203 do CPC/15, que estabelece quais são os pronunciamentos do juiz:

Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.

§ 1º Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução.

§ 2º Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não se enquadre no § 1o.

§ 3º São despachos todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte.

§ 4º Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessário. (BRASIL, 2015)

Art. 203

(8)

Portanto, a sentença hoje possui esse novo conceito no CPC em seu artigo 203, §1º:

“Pronunciamento do juiz por meio do qual coloca fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução”.

O fim do processo pode ser com resolução de mérito (art. 487) ou sem resolução de mérito (art. 485).

Já as decisões interlocutórias são decisões no curso do processo por meio das quais o juiz resolve questões incidentes, como por exemplo: conceder ou não uma tutela provisória de urgência.

Segundo Didier Junior e Cunha (2018, p. 123) as decisões que podem ser proferidas pelo juízo singular são a decisão interlocutória e a sentença. Interlocutória é a decisão que não encerra o procedimento em primeira instancia, por sua vez, sentença é a decisão judicial que, enquadrando-se em uma das hipóteses do artigo 485 ou 487 do CPC, encerra o procedimento na primeira instancia, ultimando a fase de conhecimento ou de execução.

Em sede de Tribunal, as decisões podem ser classificadas a partir do órgão prolator.

Podem ser UNIPESSOAIS (monocráticas) ou acórdãos (colegiadas). Ambas as decisões podem ou não encerrar o procedimento, não sendo este aspecto que as diferencia;

acórdãos e decisões unipessoais podem ser interlocutórias e finais. AS DECISÕES UNIPESSOAIS PODEM SER PROFERIDAS PELO RELATOR OU PELO PRESIDENTE OU VICE- PRESIDENTE DO TRIBUNAL. (DIDIER JUNIOR; CUNHA, 2018, p. 123).

O artigo 204 do CPC traz o conceito de acórdão:

Constitui o acórdão, portanto, no extrato do julgamento proferido por um órgão colegiado dos Tribunais, como por exemplo, uma turma, uma câmara, ETC.

Acórdão é o julgamento colegiado proferido pelos tribunais. (BRASIL, 2015) Art. 204

(9)

* Para todos verem: esquema

2.5 Dos objetivos dos recursos

Os recursos podem ser definidos como o meio processual com o objetivo de ANULAR, REFORMAR, INTEGRAR ou ACLARAR uma decisão judicial dentro de um mesmo processo, evitando que essa decisão seja acobertada pela preclusão ou coisa julgada. (DONOSO;

SERAU JUNIOR, 2017, p. 33)

No caso de recorrer com o fim de invalidar uma decisão, o recorrente deve justamente apontar um erro procedimental, ou seja, um defeito que ocorreu e que afete a validade da decisão. Exemplo: decisão não fundamentada.

Já quando se requerer a reforma da decisão, neste caso, deverá ser apontado um erro no julgamento, ou seja, apontando que não foi dado o melhor julgamento acerca do dispositivo legal apontado.

Porém, o recurso poderá requerer tanto a invalidação da decisão (erros no procedimento, por exemplo), bem como a reforma da decisão por erro no julgamento.

É de se apontar ainda a possibilidade do Recorrente requerer que a decisão omissa, contraditória ou obscura tenha o vício sanado. Neste caso, trata-se dos Embargos de declaração.

Viana (2018, p. 331) apresenta o seguinte resumo:

a) REFORMA DA DECISÃO: o recurso interposto pela parte vencida tem o objetivo de reformar a decisão que considera injusta, por isso pleiteia ao órgão superior que reveja a decisão para posterior reforma.

Decisões recorríveis

Sentença

Decisão interlocutória

Decisão monocrática (Unipessoal do relator

ou Presidente-Vice Presidente do Tribunal)

Acórdão

(10)

b) INVALIDAÇÃO DA DECISÃO: neste caso, requer-se ao órgão julgador que a decisão seja considerada inválida, pois ela não teria preenchidos os requisitos legais. Trata- se de um ataque contra a própria decisão judicial em razão de um vício processual. Se um ato no processo foi considerado nulo todos os demais serão, inclusive a sentença que se originou de atos processuais nulos.

Especificando mais, DONOSO e SERAU JUNIOR (2017, p. 70) colocam que quando o recurso tem por objetivo a reforma da decisão é porque se está diante de um vício de juízo, denominado de ERROR IN JUDICANDO, de natureza substancial e que leva à injustiça do ato judicial. Assim, no ERROR IN JUDICANDO teria-se um vício de fundo e não de forma.

Exemplo: em uma ação de usucapião o pedido é julgado improcedente, embora estejam suficientemente provados os requisitos que autorizam o reconhecimento do domínio.

Dessa forma, inconformado, o autor pode apelar justamente pedindo a reforma da sentença, para que se troque a decisão de desacolhimento por outra de acolhimento da pretensão.

Por sua vez, o pedido de anulação ou invalidação tem cabimento sempre que o ato judicial haja incorrido em algum vício de atividade, ao que se chama ERROR IN PROCEDENDO. Neste caso, a decisão foi prolatada em desconformidade com as normas processuais, devendo ser anulada. (ARAUJO JUNIOR, 2016)

No que tange à integração da decisão é o pedido nos casos para sanar a obscuridade, contradição, omissão e erro material. (ARAUJO JUNIOR, 2016)

2.6 Dos requisitos de admissibilidade dos recursos

Os recursos devem preencher alguns requisitos/exigências para que sejam conhecidos e possam assim ser julgados.

Há alguns requisitos que são genéricos, ou seja, aplicáveis a todos os recursos, e há alguns requisitos que são específicos, somente atingindo determinado recurso.

Nesse sentido CHACON (2020, p. 217) esclarece que todo recurso precisa ser admitido antes de ter seu mérito apreciado. Os requisitos de admissibilidade são definidos pela legislação e pelas normativas dos Tribunais. A verificação do prazo de interposição, o recolhimento de custas e do porte de remessa e de retorno, a juntada de peças obrigatórias no agravo de instrumento, o apontamento do prequestionamento em recursos perante os Tribunais Superiores, etc, são exemplos de pontos que vão ser avaliados antes de o recurso ser admitido. É matéria de ordem pública e pode realmente impedir o prosseguimento e análise do recurso.

(11)

julgadores, sendo que não estão sujeitas à preclusão. Há na doutrina uma certa divergência sobre quais são os requisitos de admissibilidade dos recursos. Como regra, são apontados os seguintes:

* Para todos verem: esquema

Há justamente quem faça a divisão em requisitos subjetivos ou objetivos. Os subjetivos estariam relacionados ao sujeito que recorre e os objetivos ao recurso em si mesmo.

(VIANA, 2018).

Diante disso, passa-se à análise de alguns dos requisitos de admissibilidade.

A. Legitimidade para recorrer

De acordo com o artigo 996 do CPC/15, possuem legitimidade para recorrer: as partes (vencido, mesmo que parcial), o terceiro prejudicado e o Ministério Público.

Quando o artigo 996 do CPC/15 se refere à legitimidade da parte, deve-se entender não só o autor ou réu quando saíram vencidos da relação, ou seja, quando não tiveram

Pressupostos objetivos (extrínsecos)

• Recorribilidade da decisão

• Adequação do recurso

• Adequação do recurso

• Tempestividade

• Preparo

• Forma

• Motivação

Pressupostos subjetivos (intrínsecos)

• Legitimidade

• Interesse

• Inexistência de fato impeditivo

O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica.

Parágrafo único. Cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade de a decisão sobre a relação jurídica submetida à apreciação judicial atingir direito de que se afirme titular ou que possa discutir em juízo como substituto processual. (BRASIL, 2015)

Art. 996.

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atendidos os seus pedidos, seja total ou parcialmente, mas também os assistentes, denunciados, chamados, o litisconsorte, ou seja, aqueles que integraram a relação processual. (ARAUJO JUNIOR, 2016)

Da mesma forma menciona Viana (2018) que quem participou da relação processual tem legitimidade para recorrer, isto é, as partes, bem como os intervenientes e o Ministério Público. O terceiro prejudicado também possui legitimidade para recorrer, quando os efeitos da sentença vierem a atingi-lo.

Assim, terceiro prejudicado é uma pessoa estranha ao processo, isto é, que não fazia parte da relação processual, mas que de alguma forma é atingida pela decisão judicial.

EXEMPLO: (adquirente de direito material litigioso, fiador, avalista, etc). (ARAUJO JUNIOR, 2016)

O terceiro para recorrer deve demonstrar o nexo entre o seu interesse de recorrer e a decisão, ou seja, sobre a possibilidade de a decisão atingir direito que afirma ser titular ou que possa discutir em juízo como substituto processual.

É de se destacar, ainda, que conforme DIDIER JUNIOR e CUNHA (2018, p. 137) no conceito de parte vencida também se inclui o sujeito processual que é parte em apenas de alguns incidentes, como exemplo: o juiz no caso da arguição de impedimento e suspeição, o terceiro desobediente, no caso da multa do artigo 77, §2º do CPC.

E se o recurso for interposto por uma pessoa fora das hipóteses do artigo 996 do CPC?

O recurso não será conhecido, diante da falta de legitimidade.

Então, possuem legitimidade para recorrer:

* Para todos verem: esquema

B. Interesse recursal

Tem interesse recursal a pessoa legitimada que precisa alterar/invalidar a decisão impugnada.

Podem recorrer

Parte vencida Ministério

Público

Parte

Fiscal Terceiro

prejudicado

(13)

totalmente improcedente a ação. Neste caso o autor foi sucumbente de forma total, pois perdeu ambos os pedidos, seja de dano moral, seja de dano material. Agora, caso o juiz julgasse parcialmente procedente a ação, condenando em danos materiais, mas não em morais, há uma sucumbência parcial, pois, o autor ganhou os danos materiais, mas perdeu os danos morais.

Seria, portanto, o prejuízo sofrido pela parte com a decisão, nascendo daí a necessidade de recorrer. Por isso que o terceiro prejudicado deve demonstrar que seu direito foi atingido ou que pode recorrer como substituto processual, conforme o parágrafo único do artigo 996 do CPC.

Nesse sentido, estabelece ARAUJO JUNIOR (2016, p. 22) que independente de quem seja o recorrente, deve ser demonstrado o seu interesse recursal, devendo demonstrar a ocorrência do binômio utilidade e necessidade: utilidade da providencia judicial pleiteada e necessidade da via que se escolhe para obter essa providencia.

Haveria, assim, interesse em recorrer quando o recorrente puder esperar, em tese, do julgamento do recurso situação jurídica e pragmaticamente mais vantajosa que aquela conferida na decisão que está recorrendo, quando seja necessário utilizar do recurso para alcançar esse objetivo. Essa concepcção abrangente tem a vantagem de considerar interesse recursal não apenas quando o que se pediu não foi concedido, mas também quando embora vencedora a parte tem perspectiva de melhorar sua situação jurídica.

(MEDINA, 2016)

Dessa forma, a sucumbência é vista como a desconformidade entre aquilo que foi pedido e aquilo que foi concedido na decisão judicial.

* Para todos verem: esquema

C. Inexistência de fato impeditivo

A inexistência de fato impeditivo significa que não pode o interessado em recorrer praticar qualquer ato incompatível com a vontade de recorrer, tal como a renúncia ao direito de recorrer, a aceitação da decisão ou a desistência.

Diz-se, portanto, que se trata de um requisito negativo, pois não podem estar presentes.

Sucumbência Pedido Do que foi

concedido Algum

prejuízo

(14)

* Para todos verem: esquema

Renúncia ao direito de recorrer deve ser expressa e somente poderá ocorrer antes de interposto o recurso. Além disso, é considerada negócio jurídico unilateral e não depende da aceitação da outra parte, conforme dispõe o artigo 999 do CPC/15:

Viana (2018, p. 336) considera que pode haver duas espécies de renuncia: a tácita e a expressa. A expressa quando a parte peticiona, consignando seu desejo que não irá recorrer. Já a tácita decorreria da simples decadência do prazo recursal, ou seja, a parte deixa fluir o prazo do recurso sem interpor;

A desistência ocorre quando a parte recorreu, mas posteriormente decide desistir, ou seja, não continuar mais com o recurso interposto.

A desistência pode ocorrer a qualquer momento do processo, mas a desistência não impede a análise da questão quando se trata de repercussão geral e julgamento de recursos especiais ou extraordinários repetitivos (Führer e Führer, 2016, p. 194).

Para desistir do recurso não há necessidade de concordância da parte contrária, conforme previsão do artigo 998 do CPC/15:

Há existência de fato impeditivo em três situações

• Renúncia do direito de recorrer

• Desistência do recurso

• Concordância com a decisão

A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte. (BRASIL, 2015)

O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos Art. 999.

Art. 998.

(15)

Observar ainda, que a desistência do recurso não impede a análise de questão, cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida, bem como, daquela objeto de julgamento de recursos (extraordinário ou especial) repetitivos, consoante prevê o parágrafo único do artigo 998 do CPC.

Conforme destacam DIDIER JUNIOR e CUNHA (2018, p. 125): “A desistência pressupõe recurso já interposto; se o recurso ainda não foi interposto, e o interessado manifesta vontade de o não interpor, o caso é de renúncia”.

A concordância com a decisão significa que a parte aceitou a decisão, sendo que essa aceitação pode ser expressa (por meio de uma petição) ou tácita, por meio de ato incompatível com a vontade de recorrer. Neste caso, cabe verificar a previsão do artigo 1.000 do CPC/15:

* Para todos verem: esquema

D. Recorribilidade da decisão

Como dito anteriormente, nem todo pronunciamento do juiz vai ser passível de recurso. Consoante previsão do CPC, em seu artigo 1.001, dos despachos não cabe recurso.

Desistência Quando recurso já foi interposto

Renúncia Antes de recorrer

Aceitação

Tácita: ato incompatível com a vontade de recorrer;

Expressa

A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer. Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem nenhuma reserva, de ato incompatível com a vontade de recorrer. (BRASIL, 2015)

Art. 1.000.

(16)

Observar ainda que nem toda decisão interlocutória será passível de impugnação por meio de Agravo de instrumento.

Para o recurso ser admitido, portanto, a decisão deve ser passível de recurso. Podem ser apontadas as seguintes decisões recorríveis:

* Para todos verem: esquema

E. Adequação

O recurso interposto deve ser o adequado. A adequação significa que o recurso interposto deve ser aquele previsto na lei para a decisão atacada. EXEMPLO: da sentença cabe apelação e não Agravo de Instrumento.

Da mesma forma, no âmbito dos tribunais, se diferencia o recurso se a decisão é monocrática, ou seja, proferida por apenas um relator, ou se a decisão é proferida por um órgão colegiado. Caso haja situação que justifica a dúvida sobre a natureza do provimento jurisdicional, se admite a fungibilidade dos recursos, permitindo que o juiz receba um recurso por outro, a depender do caso.

Segundo Medina (2016) não cabe recurso quando o pronunciamento é irrecorrível e também no caso de embora ser recorrível a parte interpõe recurso inadequado contra a decisão.

F. Tempestividade

Decisões recorríveis

Sentença

Decisão interlocutória

Decisão monocrática (Unipessoal do relator

ou Presidente-Vice Presidente do Tribunal)

Acórdão

(17)

intempestivo, não sendo conhecido. No CPC/15, QUASE TODOS os recursos possuem prazo de 15 dias para serem protocolados, conforme previsão do §5º do artigo 1.003 do CPC:

Ou seja, a EXCEÇÃO é no caso dos Embargos de Declaração, cujo o prazo para o recurso é de 05 dias. Cuidar também o prazo do Recurso Inominado no JEC que é 10 dias.

O prazo é fatal e peremptório. Tratando-se de prazos fixados em dias, contam-se apenas os dias úteis, de acordo com o CPC/15.

PRAZO DOS RECURSOS:

* Para todos verem: esquema

Regra 15 dias

Exceção Embargos de

declaração: 05 dias

O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão.

§ 1º Os sujeitos previstos no caput considerar-se-ão intimados em audiência quando nesta for proferida a decisão.

§ 2º Aplica-se o disposto no art. 231, incisos I a VI, ao prazo de interposição de recurso pelo réu contra decisão proferida anteriormente à citação.

§ 3º No prazo para interposição de recurso, a petição será protocolada em cartório ou conforme as normas de organização judiciária, ressalvado o disposto em regra especial.

§ 4º Para aferição da tempestividade do recurso remetido pelo correio, será considerada como data de interposição a data de postagem.

§ 5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias.

§ 6º O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no ato de interposição do recurso. (BRASIL, 2015)

Art. 1.003.

(18)

Caso seja hipótese de feriado local o que acaba por modificar o prazo final do recurso, o recorrente deverá comprovar a sua ocorrência, através de lei ou portaria do Tribunal sobre o referido feriado, quando da interposição do recurso.

De acordo com o caput do artigo 1.003 do CPC/15, o início do prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão. Ou seja, a intimação será do advogado e não da parte, isso porque é o advogado quem deverá praticar o ato em nome da parte, ou seja, interpor o recurso.

Conforme aduz Medina (2016, p. 1284) os critérios devem ser levados em consideração para se contar o final do prazo para a interposição do recurso, nada impedindo que, tendo a parte ciência da decisão, interponha o recurso antes de publicada a decisão.

O §1º do artigo 1.003 por sua vez, estabelece que as partes serão intimadas no próprio ato quando a decisão for proferida em audiência.

É de se apontar ainda a questão do prazo em dobro:

* Para todos verem: esquema

PRAZOS EM DOBRO

• Ministério Público (art. 180 do CPC)

• Fazenda Pública (art. 183 do CPC)

• Defensoria Pública (art. 186 do CPC)

• Escritórios de Prática Jurídica das Faculdades de Direito (art. 186, §3º do CPC)

• Litisconsortes com diferentes advogados pertencentes a escritórios de advocacia diferentes na forma do art. 229 do CPC

O prazo do §5º do art. 1003 do CPC é prazo para interposição dos recursos segundo o CPC. Uma lei específica poderia prever um prazo específico. Ex: 10 dias para o recurso inominado – art. 42 da Lei 9099/05: “Art. 42. O recurso será interposto no prazo de dez dias, contados da ciência da sentença, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente”. (Brasil, 1995)

OBSERVAÇÃO

(19)

Da mesma forma, consoante previsão do §3º do artigo 186, os escritórios de prática jurídica, bem como as entidades que prestam assistência jurídica gratuita em razão de convênios com a Defensoria Pública também possuem prazo em dobro.

Por fim, de acordo com o artigo 229 do CPC/15, há prazo em dobro também na hipótese de litisconsorte com advogados pertencentes a escritório de advocacia diferentes, desde que não sejam autos eletrônicos nesta situação:

Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento.

§ 1º Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2 (dois) réus, é oferecida defesa por apenas um deles.

§ 2º Não se aplica o disposto no caput aos processos em autos eletrônicos. (BRASIL, 2015)

O terceiro prejudicado possui o mesmo prazo para recorrer que a parte.

Além disso, de acordo com a previsão do § 2º do artigo 1.003 que diz que “aplica-se o disposto no art. 231, incisos I a VI, ao prazo de interposição de recurso pelo réu contra decisão proferida anteriormente à citação”, deve ser observado o seguinte: o prazo para interposição do recurso pelo réu contra uma decisão que foi proferida antes mesmo da sua citação deve observar a previsão dos incisos I a VI do artigo 231 do CPC, tendo, portanto, como marco inicial o seguinte:

Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo do prazo:

Art. 180. O Ministério Público gozará de prazo em dobro para manifestar-se nos autos, que terá início a partir de sua intimação pessoal, nos termos do art. 183, § 1o. (BRASIL, 2015)

Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas

autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal.

(BRASIL, 2015)

Art. 186. A Defensoria Pública gozará de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais.

§ 3o O disposto no caput aplica-se aos escritórios de prática jurídica das faculdades de Direito reconhecidas na forma da lei e às entidades que prestam assistência jurídica gratuita em razão de convênios firmados com a Defensoria Pública. (BRASIL, 2015)

Artigos

(20)

I - a data de juntada aos autos do aviso de recebimento, quando a citação ou a intimação for pelo correio;

II - a data de juntada aos autos do mandado cumprido, quando a citação ou a intimação for por oficial de justiça;

III - a data de ocorrência da citação ou da intimação, quando ela se der por ato do escrivão ou do chefe de secretaria;

IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz, quando a citação ou a intimação for por edital;

V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da intimação ou ao término do prazo para que a consulta se dê, quando a citação ou a intimação for eletrônica;

VI - a data de juntada do comunicado de que trata o art. 232 ou, não havendo esse, a data de juntada da carta aos autos de origem devidamente cumprida, quando a citação ou a intimação se realizar em cumprimento de carta; (BRASIL, 2015)

O artigo 1.004 do CPC estabelece que:

Se, durante o prazo para a interposição do recurso, sobrevier o falecimento da parte ou de seu advogado ou ocorrer motivo de força maior que suspenda o curso do processo, será tal prazo restituído em proveito da parte, do herdeiro ou do sucessor, contra quem começará a correr novamente depois da intimação. (BRASIL, 2015)

G. Custas (preparo e porte de remessa e de retorno)

O preparo recursal significa o recolhimento das custas e despesas processuais referentes ao processamento do recurso, consistindo, ainda, no pagamento de taxa pela prestação do serviço jurisdicional.

No caso do porte de remessa e de retorno é o pagamento referente à despesa de encaminhamento do recurso aos órgãos julgadores, sendo que se o processo for eletrônico é dispensado o recolhimento, conforme previsão do §3º do artigo 1.007 do CPC/15.

Assim, cabe ao recorrente quando da interposição do recurso comprovar o recolhimento do preparo recursal, juntado as guias de recolhimento. Caso haja o

Observar que aplica-se o marco inicial do art. 231 do Código de Processo Civil no caso dos recursos quando o Réu recorrer da decisão proferida antes da sua citação.

ATENÇÃO

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Caso não tenha recolhido nada, a parte será intimada, também na pessoa do seu advogado para o recolhimento em dobro.

Observar que existem aqueles que estão isentos, tais como a Fazenda Pública, as partes assistidas pela Defensoria Pública, bem como os beneficiários da Justiça Gratuita, pelo Ministério Público. Previsão do artigo 1.007 do CPC/15:

Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção.

§ 1º São dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados, pelos Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal.

§ 2º A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, implicará deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias.

§ 3º É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno no processo em autos eletrônicos.

§ 4º O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o recolhimento do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção.

§ 5º É vedada a complementação se houver insuficiência parcial do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, no recolhimento realizado na forma do § 4o .

§ 6º Provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará a pena de deserção, por decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo de 5 (cinco) dias para efetuar o preparo.

§ 7º O equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena de deserção, cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o recorrente para sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dias.

(BRASIL, 2015)

ATENÇÃO: O não pagamento do preparo recursal trará como consequência o não conhecimento do recurso, ou seja, a deserção.

(22)

OBSERVAR:

* Para todos verem: quadro esquemático

No ato de interposição Comprovar o preparo, inclusive de porte de remessa e retorno Insuficiência do valor do preparo,

inclusive de ponte de remessa e retorno

Deserção: se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não surprir no prazo de

05 dias Se não houver a comprovação do

recolhimento do preparo, inclusive de porte de remessa e retorno

Será intimado, na pessoa de seu advogado, para recolher em dobro

sob pena de deserção, - caso não recolha em dobro, poderá suprir;

H. Forma

Os recursos devem ser interpostos de acordo com a forma prevista em lei. EXEMPLO:

no caso da Apelação, deve haver a petição de interposição ao juiz de primeiro grau que proferiu a sentença já acompanhada com as razões dirigida ao Tribunal. Outro EXEMPLO, é no que se refere ao Agravo de Instrumento que exige a juntada de certas cópias obrigatórias.

Conforme aduzem Donoso e Serau Junior (2017, p. 108) a regularidade formal significa que o recurso interposto deve obedecer às regras formais de imposição exigidas pela legislação especificamente para cada recurso.

Algumas regras formais são comuns a todos recursos. Como exemplo, a exigência de que o recurso seja interposto na forma escrita, utilizando-se a língua portuguesa. (DONOSO;

SERAU JUNIOR, 2017, p. 108)

I. Motivação

A motivação é a exposição das razões ao qual o Recorrente deve trazer em sede recursal com o fim de modificar a decisão recorrida, sendo pressuposto de admissibilidade e deve ser apresentada junto com a petição de interposição.

O recorrente deve trazer os motivos pelos quais entende que a decisão está errada e merece ser alterada/invalidada. (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 108)

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J. Do juízo de admissibilidade dos recursos

O juízo de admissibilidade significa que o recurso precisa ser admitido antes de ter o seu mérito analisado pelo Tribunal ad quem.

Portanto, seria um controle exercido pelo órgão jurisdicional a fim de verificar se o recurso preenche os requisitos de admissibilidade.

Se não forem preenchidos os requisitos de admissibilidade, o recurso pode não ser admitido, ou seja, não ter o seu seguimento e não haver a análise do mérito do recurso.

Fala-se assim nas seguintes expressões:

a) Caso o recurso não preencha os requisitos/pressupostos de admissibilidade ele não será conhecido, não será admitido, negado o seu seguimento.

b) Caso o recurso preencha os requisitos ele vai ser conhecido (admitido, recebido), para então analisar o mérito recursal sendo provido ou improvido.

* Para todos verem: esquema

O recorrido poderá na resposta ao recurso manifestar-se acerca dos pressupostos recursais, justamente para que o recurso interposto não seja conhecido.

2.7 Dos princípios dos recursos

Os recursos são orientados por alguns princípios específicos. O que não afasta a incidência de outros princípios processuais gerais como o da isonomia, contraditório, etc.

(DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 41)

Exemplos de resquisitos de admissibilidade

• Interpor o recurso no prazo

• Comprovante de recolhimento das custas e de porte de remessa e de retorno quando a parte não litigar sob os benefícios da gratuidade de justiça ou o recorrente não for aquele dispensado pela lei;

• Em casos específicos, como no caso dos recursos aos tribunais superiores, o apontamento do pré-quesitonamento;

• Ser parte legítima;

• Utilizar o recurso adequado;

• A decisão deve ser passível de recurso;

• Motivação e forma respeitadas.

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A. Princípio do Duplo Grau de Jurisdição:

O princípio do duplo grau de jurisdição confere a possibilidade de uma causa ser decidida ao menos por dois órgãos diferentes do Poder Judiciário. Com isso, tem-se a concepção de que uma decisão que foi proferida pelo órgão a quo (ou seja, o juízo inferior) seja revista pelo órgão ad quem (juízo superior), de forma a evitar o abuso de poder por parte do julgador, bem como em razão da falibilidade humana (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 42)

Porém, “não se trata de princípio absoluto, todavia. De fato, não só há decisões irrecorríveis no nosso sistema, como também, em algum momento, determinada decisão judicial deve ser a última do processo, pois, do contrário, esse jamais teria fim, rompendo com o próprio objetivo da jurisdição”. (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 42)

Ensinam Donoso e Serau Junior (2017, p. 43) que em alguns casos o duplo grau acaba sendo mitigado, como naquelas situações em que se permite expressamente a chamada supressão de instancia, ou seja, situações em que o próprio Tribunal aprecia de forma imediata determinada matéria que não foi apreciada pela instância inferior, como por exemplo no caso dos §§3º e 4º do art. 1.013 do CPC:

B. Princípio da Taxatividade:

Somente seriam recursos aqueles previstos na lei. As partes não poderiam criar algum recurso.

Assim, o ordenamento jurídico não deixa para as partes a autonomia de criarem os meios para impugnar as decisões que forem proferidas, nem mesmo decorrente do negócio

§ 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando:

I - reformar sentença fundada no art. 485 ;

II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir;

III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo;

IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.

§ 4º Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, o tribunal, se possível, julgará o mérito, examinando as demais questões, sem determinar o retorno do processo ao juízo de primeiro grau. (BRASIL, 2015)

Artigos

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C. Princípio da Unirrecorribilidade ou Singularidade:

Pelo princípio da singularidade ou unirrecorribilidade caberá por cada parte que recorrer um recurso, o adequado. Isso não impede que ambas as partes recorram da mesma decisão caso ambas estejam insatisfeitas com a decisão e tenham o respectivo interesse recursal.

Nesse sentido, DIDIER JUNIOR e CUNHA (2018, p. 135) de acordo com a regra da unicidade, unirrecorribilidade ou singularidade não seria possível a interposição simultânea de dois recursos contra a mesma decisão, pois para cada caso há um recurso adequado.

Logo, ressalvadas as exceções, a interposição de mais de um recurso pela mesma parte contra uma mesma decisão implica inadmissibilidade do recurso interposto por último.

Destaca situações dignas de nota, sendo que uma delas é justamente que contra acórdão objetivamente complexo (mais de um capítulo) é possível imaginar o cabimento simultâneo do recurso especial e do recurso extraordinário.

Ou seja, neste caso, por exemplo, se o acórdão proferido pelo TJ ferisse tanto lei federal quanto norma constitucional teriam que ser interposto o recurso especial para a parte que fere a lei federal e o recurso extraordinário para a parte que fere a norma constitucional, constituindo, portanto, um exemplo de exceção à regra.

D. Princípio da Proibição da Reformatio In Pejus:

Se somente uma parte recorrer não pode no recurso ser piorada sua situação. Pode melhorar ou simplesmente não mudar nada, mas piorar não pode.

Ex: Autor ingressa com a ação pleiteando 50 mil reais a título de danos materiais. Após o transcurso do processo, o juiz julga parcialmente procedente o pedido do Autor, condenando o Réu em 30 mil reais. Se apenas o Autor apelar para majorar a condenação de R$ 30 mil reais para R$ 50 mil reais conforme requerido na Inicial, o Tribunal pode não majorar para o valor de R$ 50 mil reais, pode não alterar nada, mas não pode piorar a situação do Autor se somente ele recorreu, afastando os danos materiais que já teriam sido concedidos pelo juiz de primeiro grau.

Um exemplo também é apontado por DONOSO E SERAU JUNIOR (2017, p. 48): “A promove ação judicial em face de B, do qual busca indenização equivalente a R$

100.000,00 (cem mil reais). Em sentença, há parcial procedência do pedido, condenando o réu B ao pagamento de indenização de R$ 65.000,00 (sessenta e cinco mil reais).

Inconformado com a condenação, mesmo que parcial, o réu B interpõe recurso de apelação. Ao julgar tal recurso, no entanto, o tribunal terá dois caminhos apenas. O primeiro deles é acolher o recurso do réu (apelante) para reduzir ou afastar completamente a condenação. O segundo é manter a decisão, que condenou ao pagamento de indenização

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de R$ 65.000,00 (sessenta e cinco mil reais). Não poderá, em hipótese alguma, majorar a indenização, ainda que entenda que sua fixação ficou aquém do adequado.

Nesse sentido explicam DIDIER JUNIOR E CUNHA (2018, p. 169) que se somente um litigante parcialmente vencido interpor recurso da decisão, a parte dessa que lhe foi favorável transitará normalmente em julgado, não sendo lícita ao órgão ad quem exercer sobre ela atividade cognitiva, muito menos retirar, no todo ou em parte a vantagem que foi obtida anteriormente com o julgamento pelo grau inferior.

Destaca-se, ainda, que conforme DONOSO E SERAU JUNIOR (2017, p. 49) uma exceção que a doutrina costuma apontar ao princípio da proibição da reformatio in pejus é aquela ligada às matérias que devem ser conhecidas de ofício pelo órgão julgador, como é o caso, por exemplo, das condições da ação e da prescrição, dentre outros. Mas, segundo os autores, é de se reconhecer que o que se opera aqui não é efetivamente o efeito devolutivo, mas sim o efeito translativo dos recursos.

E. Princípio da Fungibilidade:

A regra nos recursos é de que tem que ser interposto o recurso adequado, sob pena do recurso que foi interposto de forma errada não ser admitido, não ser julgado. Porém, pelo princípio da fungibilidade um recurso poderia ser recebido como outro. No entanto, isso é exceção.

Conforme DONOSO e SERAU JUNIOR (2017, p. 46) tal princípio, em determinadas condições, permite que um recurso possa ser recebido como se fosse outro, sem que isso acarrete julgamento extra ou ultra petita. A fungibilidade seria exceção ao cabimento recursal, afastando, assim, a correspondência. Partiria da premissa que podem existir dúvidas sobre qual o recurso cabível, apesar de o legislador tentar deixar claro.

Sobre o referido princípio destacam DONOSO E SERAU JUNIOR (2017, p. 46):

Fundada em outro princípio – o da instrumentalidade das formas (art. 283 do CPC), ligado à teoria geral do processo – a fungibilidade era expressamente prevista no CPC de 1939 (art. 810), mas não no CPC de 1973, embora não houvesse dúvidas de sua aplicação, desde que atendidos certos requisitos. No CPC de 2015, pode-se dizer que existem previsões específicas de aplicação da fungibilidade recursal, o que não afasta a sua incidência em casos não específicos, mas desde que os tais requisitos estejam presentes. (...)

Exemplos de previsões do princípio da fungibilidade segundo DONOSO E SERAU JUNIOR (2017, p. 46-47):

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interno se entender ser este o recurso cabível, desde que determine previamente a intimação do recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1º do CPC”. (BRASIL, 2015)

Ainda, segundo DONOSO e SERAU JUNIOR (2017, p. 47) ainda que fora destas hipóteses legalmente previstas, se preenchidos determinados requisitos, pode haver a aplicação da fungibilidade. Estes requisitos seriam basicamente, DÚVIDA OBJETIVA SOBRE QUAL O RECURSO CABÍVEL, de modo que não será aplicada a fungibilidade se houver erro grosseiro do recorrente.

2.8 Dos efeitos dos recursos

Os efeitos gerados pelos Recursos são determinados pela Lei e não pelo julgador.

Um dos primeiros efeitos que se pode apontar dos recursos é o adiamento da coisa julgada. Ou seja, quando o recurso for interposto, tal interposição impossibilita o transito em julgado da decisão, conforme previsão do artigo 502 do CPC:

A) Efeito devolutivo

Significa a devolução da matéria impugnada ao Tribunal ad quem. Assim, via de regra, os recursos consistem no encaminhamento do conhecimento da matéria impugnada ao Tribunal ad quem.

Além disso, de acordo com o princípio da proibição da reformatio in pejus não poderá o tribunal piorar a situação do recorrente, de forma que somente poderá conhecer a matéria que foi impugnada.

No que tange ao referido efeito (MEDINA, 2016, p. 1299) menciona que se usa a

“expressão ‘efeito devolutivo’ para designar esse efeito do recurso, consistente em submeter ao órgão que o julgará o conhecimento da matéria impugnada”.

Sobre o efeito devolutivo ARAÚJO JUNIOR estabelece que:

Comum a todos os recursos, o “efeito devolutivo” consiste na transferência para o juízo ad quem do conhecimento de toda a matéria impugnada e, por óbvio, no limite da impugnação (tantum devolutum quantum apellatum), consoante norma do art.

Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso. (BRASIL, 2015)

Art. 502.

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1002 do CPC, que declara que “a decisão pode ser impugnada no todo ou em parte”.

Destarte, o juízo ad quem não pode piorar a situação do recorrente, princípio da proibição da reformatio in pejus, dado que só pode conhecer a matéria efetivamente impugnada, dando ou negando provimento à pretensão. (ARAUJO JUNIOR, 2016, p.

27)

Como um dos exemplos de exceção à regra geral, aponta-se um dado por ARAUJO JUNIOR (2016, p. 27) como os embargos de declaração, pois estes DEVOLVEM O CONHECIMENTO DA MATÉRIA PARA O PRÓPRIO JUÍZO PROLATOR DA DECISÃO IMPUGNADA (art. 1.023 do CPC).

Assim, via de regra, os recursos possuem o efeito devolutivo de forma que o conhecimento da matéria é devolvido novamente ao Judiciário com o fim de confirmar ou reformar a decisão impugnada. Führer e Führer apontam ainda que de regra a devolução é ampla possibilitando o juízo ad quem o conhecimento de toda matéria impugnada (2016, p.

192).

Observar que os Embargos de declaração não possuem o efeito de transferir o conhecimento da matéria ao Tribunal ad quem, pois devolvem o conhecimento da matéria impugnada para o próprio órgão que proferiu a decisão.

O Agravo de Instrumento também merece observação especial, pois permite o juízo de retratação pelo órgão julgador, e caso haja essa retratação, vai impedir o exame da matéria pelo tribunal ad quem.

B) Efeito suspensivo

Significa que a decisão seja cumprida enquanto o recurso não for julgado. No novo CPC, com exceção da Apelação, os demais recursos como regra NÃO POSSUEM O EFEITO SUSPENSIVO. Verificar a previsão do artigo 987, §1º quando o recurso especial e extraordinário terão efeito suspensivo do julgamento do incidente de resolução de demandas repetitivas.

Porém, poderá ser requerido o efeito suspensivo com base no parágrafo único do art. 995 do CPC.

Segundo Medina (2016, p. 1307) o efeito suspensivo impede a produção de forma imediata dos efeitos da decisão, situação que, em princípio perduraria até o julgamento do recurso interposto, de forma que com o efeito suspensivo, ocorre a inexequibilidade imediata da decisão.

Portanto, alteração em relação ao CPC antigo, pois no novo CPC, a regra é que os

(29)

 Quais os requisitos para ser atribuído o efeito suspensivo aos recursos, conforme o parágrafo único do artigo 995 do CPC?

* Para todos verem: esquema

C) Efeito translativo

Significa a possibilidade do Tribunal ad quem reavaliar questões de ordem pública, de ofício.

D) Efeito expansivo

Significa a possibilidade de em alguns casos o Tribunal ad quem determinar que a decisão do recurso atinja partes que não recorreram da decisão. Da mesma forma, o efeito expansivo permite que o julgamento do recurso abranja outros pedidos do processo que não foram objeto de impugnação, mas que guardam alguma relação, tais como os pedidos subsidiários ou alternativos.

Requisitos para ser requerido o efeito suspensivo (parágrafo único do art. 995 do CPC)

Risco de Dano Grave, de difícil ou Impossível reparação;

Ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso;

Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso.

Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso.

(BRASIL, 2015) Art. 995.

(30)

Nesse sentido, Medina (2016, p. 1305) coloca que o efeito expansivo pode ser objetivo (interno ou externo) ou subjetivo. Ocorre o “efeito expansivo subjetivo quando o recurso interposto por apenas um dos litisconsortes é provido e, no caso, aplica-se o regime da unitariedade, ainda que apenas em relação a uma determinada questão ou fundamento (cf.

art. 1.005 do CPC/2015)”.

A previsão do art. 1.005 do CPC é a seguinte:

E) Efeito regressivo

Significa a possibilidade de o próprio juízo a quo reconsidere a decisão impugnada.

EXEMPLO: juízo de retratação no Agravo de Instrumento.

A apelação de regra não terá o efeito regressivo, salvo nas hipóteses dos artigos 331 do CPC (Indeferimento da Petição Inicial), Improcedência liminar do pedido (artigo 332 do CPC) e quando houver extinção do processo sem resolução de mérito (art. 485, §7º do CPC).

A) Efeito substitutivo:

Uma vez julgado o mérito do recurso, a decisão recorrida é substituída na sua extensão de acordo com o que foi modificado pelo Tribunal. (MEDINA, 2016, p. 1304)

Na concepção de LOURENÇO (2017, p. 474) o artigo 1.008 do CPC estabelece que o julgamento do recurso substitui a decisão recorrida naquilo que tiver sido objeto do recurso. Porém, conforme o referido doutrinador não se deve prestigiar uma interpretação literal, uma vez que a substituição ocorre somente na hipótese de julgamento do mérito dos recursos.

O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus interesses.

Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor aproveitará aos outros quando as defesas opostas ao credor lhes forem comuns. (BRASIL, 2015)

Art. 1.005.

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03. Recursos cabíveis no novo código de processo civil

Os recursos cabíveis no CPC/15 estão elencados no artigo 994:

Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos:

I - apelação;

II - agravo de instrumento;

III - agravo interno;

IV - embargos de declaração;

V - recurso ordinário;

VI - recurso especial;

VII - recurso extraordinário;

VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário;

IX - embargos de divergência. (BRASIL, 2015)

Observar o princípio da taxatividade, de forma que foram apontados os recursos cabíveis no processo civil.

Isso não inibe que haja recurso previsto em lei específica. Ex: recurso inominado do juizado especial.

04. Do recurso adesivo

Segundo o CPC, o recurso poderá ser interposto de forma independente ou de forma adesiva. Ou seja, o recurso poderá ser principal ou adesivo.

O recurso será interposto de forma independente quando a parte fizer uso do recurso adequado no prazo previsto para impugnar a referida decisão. Nos casos em que há sucumbência recíproca, ou seja, trazer a ambas as partes alguma inconformidade com a decisão, qualquer uma delas poderá recorrer no prazo em comum. Se ambas as partes recorrerem no prazo comum, os recursos serão considerados de forma individual, ou seja, independentes.

Porém, caso somente uma das partes recorra no prazo estabelecido e a outra não, haverá uma segunda oportunidade para a parte que não recorreu. Ou seja, a parte que não recorreu poderá aderir ao recurso da parte que interpôs no prazo estabelecido pela lei.

Dessa forma Lourenço (2017, p. 479) justamente ensina que pelo CPC se verificam duas formas de interposição de um recurso: independente ou adesiva. Na forma independente,

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o recurso é interposto de forma autônoma pela parte, e na segunda, tem-se o recurso subordinado ao da parte adversa, interposto por quem não se dispôs a impugnar a decisão, mas veio a ataca-la porque o outro litigante veio fazê-la.

O artigo 997 estabelece que cabe o recurso adesivo na situação de sucumbência recíproca:

Como exemplo pode-se citar o caso de o Autor ingressar com uma ação de Reparação de danos materiais e morais. No entanto, o juiz condena apenas em danos materiais. Porém, o autor decide não recorrer para pleitear os danos morais. Por sua vez, o Réu sucumbente nos danos materiais decide apelar. Como o Autor não apelou para pedir os danos morais, mas o Réu Apelou, o Autor poderá no prazo das contrarrazões aderir ao recurso interposto pelo Réu para pleitear os danos morais.

O recurso adesivo se reveste de importância, pois no caso do exemplo, caso o Autor não aderisse ao Recurso interposto pelo Réu, em razão do princípio da proibição da reformatio in pejus, não poderia o Tribunal condenar o Réu nos danos morais.

Outro exemplo fornecido por Viana (2018, p. 337): “O recurso adesivo pode ser interposto pela parte sucumbente que havia se conformado com a condenação, no entanto, foi surpreendida com o recurso da outra parte também sucumbente que não concorda com a condenação”.

E mais: “Imagine-se que o autor proponha ação indenizatória por danos morais pleiteando R$ 20.000,00, e o juiz de direito condena o Réu em R$ 10.000,00. Embora o autor não tenha concordado com o valor da condenação, não interpôs o recurso de apelação, porque entendeu que o recurso de apelação poderia estender o prazo do transito em julgado da sentença. Nesse ínterim, é surpreendido com o recurso de apelação da parte contrária que visa reformar a decisão. Ao ser intimado para apresentar contrarrazões recursais, é lícito ao autor interpor também recurso adesivo”. (VIANA, 2018, p. 337-338).

Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com observância das exigências legais.

§ 1o Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir o outro. (BRASIL, 2015)

Art. 997.

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Nesse sentido explanam DIDIER JUNIOR e CUNHA (2018, p. 180): “O recurso adesivo não é espécie de recurso, mas sim forma de interposição, já que o recurso pode ser interposto de forma independente e de forma adesiva. Dessa forma, o recurso adesivo é exatamente o mesmo recurso que poderia ter sido interposto de forma principal”.

Ainda, é de se destacar que nem todos os recursos permitem a interposição de forma adesiva. É permitido o recurso adesivo nos seguintes recursos, conforme o artigo 997, §2º, II do CPC: no recurso de apelação, no recurso especial e no recurso extraordinário.

* Para todos verem: esquema

§ 2º O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte:

I - será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora interposto, no prazo de que a parte dispõe para responder;

II - será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso especial;

III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele considerado inadmissível. (BRASIL, 2015)

Além disso, o inciso I do §2º do artigo 997 do CPC/15 estabelece que o Recurso Adesivo será interposto no prazo para resposta do recurso principal.

A interposição do recurso adesivo não substitui as contrarrazões, ou seja, a resposta do recurso principal.

O recurso adesivo somente será conhecido se o recurso principal também o for. Assim, caso haja desistência, ou inadmissão do recurso principal, o recurso adesivo também estará prejudicado.

A forma do recurso adesivo é a mesma do recurso principal. Ou seja, será endereçado ao juiz que proferiu a decisão, caso seja Apelação, por exemplo. Da mesma forma, o recurso adesivo deverá ter preparo próprio.

Importante mencionar na petição de interposição que se trata de recurso adesivo para deixar claro que ainda é tempestivo (pois não foi interposto no prazo do recurso, e sim no da resposta ao recurso principal interposto pela outra parte). EXEMPLO: Recurso Adesivo ao recurso de Apelação; Apelação adesiva; Apelação na modalidade adesiva.

É admssível o reucrso adesivo (art. 997, §2º, CPC)

• Apelação

• Recurso Especial

• Recurso Extraordinário

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A parte recorrente deverá fazer a petição de juntada (interposição) requerendo o acostamento das razões recursais. A petição do recurso adesivo tem os mesmos requisitos formais do recurso de apelação, especial ou extraordinário.

Quanto aos efeitos: o recurso adesivo acompanha o mesmo efeito do recurso principal. O recurso de apelação possui dois efeitos: devolutivo e suspensivo. Os recursos especial e extraordinário possuem de regra somente efeito devolutivo.

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MODELO DE RECURSO ADESIVO

DOUTO JUÍZO DA 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE SANTA CRUZ DO SUL ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (Conforme enunciado da FGV)

Processo...

NOME DE QUEM ESTÁ RECORRENDO, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portador da Cédula de Identidade..., CPF..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., número..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., por intermédio de seu procurador constituído (procuração em anexo) OAB..., endereço eletrônico..., com escritório profissional na Rua..., número..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., onde recebe intimações, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 997, §1º e 2º do Código de Processo Civil, interpor o presente

RECURSO ADESIVO AO RECURSO DE APELAÇÃO

Que fora interposto pelo NOME DA PARTE CONTRÁRIA, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portador da Cédula de Identidade..., CPF..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na Rua..., número..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP..., pelas razões que segue em anexo.

Requer, inicialmente, a intimação do Apelante para oferecer contrarrazões ao recurso interposto de forma adesica, conforme artigo 1.010, §2º do Código de Processo Civil.

Requer, também, que após o prazo das contrarrazões do Apelante, os autos sejam encaminhados ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, na forma do §3º do artigo 1.010 do Código de Processo Civil.

Requer o Apelado o benefício da gratuidade da justiça, nos termos dos artigos 98 e 99 do Código de Processo Civil.

Termos em que, Pede deferimento.

Local..., data...

Advogado...

OAB...

(36)

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL RAZÕES DO RECURSO ADESIVO

Processo...

EGRÉGIO TRIBUNAL, COLENDA CÂMARA, NOBRES JULGADORES

I – DO CABIMENTO DO PRESENTE RECURSO ADESIVO:O presente recurso adesivo tem cabimento, conforme previsão dos parágrafos 1º e 2º do artigo 997 do Código de Processo Civil. Isso porque, apesar de ter havido sucumbência recíproca, haja vista o Recorrente ter sido sucumbente quanto aos danos morais, não interpôs a Apelação de forma independente no prazo legal de 15 dias a contar da intimação da sentença, conforme preceitua o caput do artigo 997 do Código de Processo Civil. Porém, quando intimado para oferecimento das contrarrazões ao recurso de Apelação interposto pelo Apelante, ora Recorrido, aderiu ao recurso do mesmo, cabendo o recurso adesivo do recurso de Apelação, consoante disposição do artigo 997, §2º, inciso II do Código de Processo Civil.

II – DA TEMPESTIVIDADE:

O presente recurso adesivo é tempestivo, eis que interposto dentro do prazo legal de 15 dias para oferecimento das contrarrazões ao recurso de apelação, eis que o §2º, inciso I do artigo 997 do Código de Processo Civil preconiza que o recurso adesivo será interposto no prazo para oferecimento das contrarrazões, sendo este de 15 dias, conforme o artigo 1.010, §1º e 1.003, §5º, ambos do Código de Processo Civil, computados somente os dias úteis, na forma do artigo 219 do Código de Processo Civil, excluindo o dia do início e incluindo o dia do vencimento, consoante o caput do artigo 224 do Código de Processo Civil.

(37)

Fazer uma síntese da demanda, conforme o enunciado da FGV.

IV – RAZÕES RECURSAIS:

Atacar a sentença na parte que foi sucumbente. Apresentar as teses em tópicos.

V – DOS PEDIDOS:

Diante do exposto, requer o Recorrente:

a) A admissibilidade, conhecimento e processamento do presente recurso na forma adesiva ao recurso de apelação, uma vez que preenchidos os pressupostos de admissibilidade;

b) O recebimento do presente recurso no seu efeito suspensivo e devolutivo (ver sempre);

c) O total provimento do recurso adesivo para o fim de reformar a sentença de primeiro grau na parte que deixou de condenar o Recorrido ao danos morais, para o fim de condenar o mesmo no valor de R$ 50.000,00 a títulos de danos morais;

d) A inversão do ônus de sucumbência, condenado o Recorrido Recorrido em custas e honorários advocatícios;

e) A juntada do comprovante de recolhimento do preparo recursal, inclusive porte de remessa e de retorno OU a concessão do benefício da gratuidade da justiça;

Termos em que, Pede deferimento.

Local..., data...

Advogado...

OAB...

Referências

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